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© Hexag Editora, 2017 Direitos desta edição: Hexag Editora Ltda. São Paulo, 2016 Todos os direitos reservados. Autores Alessandra Alves Alexandre Jabur Maluf Eduardo Antônio Dimas Rodrigo S.Alves Tiago Rozante Vinicius Gruppo Hilário Diretor geral Herlan Fellini Coordenador geral Raphael de Souza Motta Responsabilidade editorial Hexag Editora Diretor editorial Pedro Tadeu Batista Revisora Maria Cristina Lopes Araujo Programação visual Hexag Editora Editoração eletrônica Claudio Guilherme da Silva Eder Carlos Bastos de Lima Fernando Cruz Botelho de Souza Raphael de Souza Motta Raphael Campos Silva Stephanie Lippi Antonio Capa Hexag Editora Fotos da capa (de cima para baixo) http://www.fcm.unicamp.br Acervo digital da USP (versão beta) http://www.baia-turismo.com Impressão e acabamento Meta Solutions Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusivo o ensino. Caso exista algum texto, a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à disposição para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições. O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra está sendo usado apenas para fins didáticos, não represen- tando qualquer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora. 2017 Todos os direitos reservados por Hexag Editora Ltda. Rua da Consolação, 954 – Higienópolis – São Paulo – SP CEP: 01302-000 Telefone: (11) 3259-5005 www.hexag.com.br contato@hexag.com.br Desde de 2010, o Hexag Medicina é referência em preparação pré-vestibular de candidatos à carreira de Medicina. Você está recebendo o primeiro caderno R.P.A. (Revisão Programada Anual) - ENEM do Hexag Vestibu- lares. Este material tem o objetivo de verificar se você apreendeu os conteúdos estudados, oferecendo-lhe uma seleção de questões ideais para exercitar sua memória, já que é fundamental estar pronto para realizar o Exame Nacional do Ensino Médio. Além disso, este material também traz sínteses do que você observou em sala de aula, ajudando-lhe ainda mais a compreender os itens que, possivelmente, não tenham ficado claros e a relembrar os pontos que foram esquecidos. Aproveite para aprimorar seus conhecimentos. Bons estudos! Herlan Fellini CARO ALUNO ÍNDICE HISTÓRIA 5 FILOSOFIA E SOCIOLOGIA 95 GEOGRAFIA 127 ÍNDICE HISTÓRIA 5 FILOSOFIA E SOCIOLOGIA 95 GEOGRAFIA 127 R.P.A. ENEM História Competência 1 – Compreender os elementos culturais que constituem as identidades. H1 Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura. H2 Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas. H3 Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos H4 Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura. H5 Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades. Competência 2 – Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder. H6 Interpretar diferentes representações gráficas e cartográficas dos espaços geográficos. H7 Identificar os significados histórico-geográficos das relações de poder entre as nações. H8 Analisar a ação dos estados nacionais no que se refere à dinâmica dos fluxos populacionais e no enfrentamento de problemas de ordem econômico- -social. H9 Comparar o significado histórico-geográfico das organizações políticas e socioeconômicas em escala local, regional ou mundial H10 Reconhecer a dinâmica da organização dos movimentos sociais e a importância da participação da coletividade na transformação da realidade histórico-geográfica. Competência 3 – Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferen- tes grupos, conflitos e movimentos sociais. H11 Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço. H12 Analisar o papel da justiça como instituição na organização das sociedades. H13 Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder. H14 Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca das instituições sociais, políticas e econômicas. H15 Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história. Competência 4 – Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na vida social. H16 Identificar registros sobre o papel das técnicas e tecnologias na organização do trabalho e/ou da vida social. H17 Analisar fatores que explicam o impacto das novas tecnologias no processo de territorialização da produção. H18 Analisar diferentes processos de produção ou circulação de riquezas e suas implicações sócio-espaciais. H19 Reconhecer as transformações técnicas e tecnológicas que determinam as várias formas de uso e apropriação dos espaços rural e urbano. H20 Selecionar argumentos favoráveis ou contrários às modificações impostas pelas novas tecnologias à vida social e ao mundo do trabalho. Competência 5 – Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favo- recendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade. H21 Identificar o papel dos meios de comunicação na construção da vida social. H22 Analisar as lutas sociais e conquistas obtidas no que se refere às mudanças nas legislações ou nas políticas públicas. H23 Analisar a importância dos valores éticos na estruturação política das sociedades. H24 Relacionar cidadania e democracia na organização das sociedades. H25 Identificar estratégias que promovam formas de inclusão social. Competência 6 – Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e geográficos. H26 Identificar em fontes diversas o processo de ocupação dos meios físicos e as relações da vida humana com a paisagem. H27 Analisar de maneira crítica as interações da sociedade com o meio físico, levando em consideração aspectos históricos e (ou) geográficos. H28 Relacionar o uso das tecnologias com os impactos sócio-ambientais em diferentes contextos histórico-geográficos. H29 Reconhecer a função dos recursos naturais na produção do espaço geográfico, relacionando-os com as mudanças provocadas pelas ações humanas. H30 Avaliar as relações entre preservação e degradação da vida no planeta nas diferentes escalas. 7 BREVIÁRIO Grécia antiGa Atenas foi fundada na Ática, uma península do mar Egeu, numa planície, a poucos quilômetros do mar e protegida de invasores por colinas, como sempre foi, notadamente dos dórios. Povoaram-na aqueus, eólios e jônios, de quem os atenienses se consideravam originários. A colonização resultante da Primeira Diáspora havia ampliado os horizontes do mundo grego. Comerciantes e artesãos tornaram-se cada vez mais numerosos e ascendiam na escala social. Passaram a fazer oposição à oligarquia dos eupátridas que a atacava em dois flancos: pelos comerciantes enriquecidos ávidos pela participação do governo e pelos pobres que reivindicavam a abolição da escravidão por dívida e a repartição das grandes propriedades. Os séculos VII e VI a.C. mostravam uma Atenas em constante ebulição social. Parte da aristocracia eupátrida, temerosa de perder seus privilégios, propôs uma reforma social planejada por dois eminentes legisladores: Drácon e Sólon. Em 621 a.C., Drácon foi encarregado de preparar uma legislação escrita em substituição à oral.Contudo, tal legislação teve a importância de passar a administração da justiça das mãos dos eupátridas para o Estado, que se fortaleceu. No plano político, no entanto, nada mudou. Os eupátridas mantiveram o monopólio do poder, uma vez apoiados agora na lei escrita. Como a legislação de Drácon não resolveu a crise, em 594 a.C., foi indicado um novo legislador: Sólon. Suas reformas abrangeram aspectos fundamentais da vida ateniense. A nova legislação concedeu anistia geral; limitou os excessos da legislação de Drácon; regulamentou a lei de herança, restringindo os direitos dos primogênitos; e, o mais importante, decretou a seisachteia, que consistia na proibição da escravidão por dívida. Foi abolido o monopólio do poder pela aristocracia eupátrida e instituído um sistema de participação baseado na riqueza dos cidadãos (regime censitário). O objetivo principal da nova legisla- ção foi estabelecer uma justiça correta para todos, isto é, uma justiça baseada na igualdade de todos perante a lei. As reformas de Sólon lançaram os fundamentos do futuro regime democrático de Atenas implantado por Clístenes, em 507 a.C. Apesar da origem aristocrática, Clístenes não pretendeu restabelecer a velha ordem da nobreza. Traçou um projeto que estabelecesse sim um governo baseado na isonomia, isto é, baseado na igualdade dos cidadãos peran- te a lei. Os princípios básicos da reforma de Clístenes rezavam: direitos políticos para todos os cidadãos; participa- ção direta dos cidadãos no governo por comparecimento à assembleia ou por sorteio, caso se tratasse da escolha do ocupante de algum cargo. No entanto, despossuídos de cidadania, os estrangeiros (metecos), as mulheres e os escravos foram proibidos de participar do regime democrático. A reforma de Clístenes trouxe um período de esta- bilidade a Atenas e permitiu a formação de um sistema coeso, capaz de enfrentar com sucesso um longo período de perturbações externas, como as guerras pérsicas, que auxiliaram a consolidação das instituições atenienses. Competências 1, 2 e 3 Habilidades 1, 2, 3, 4, 5,11, 12, 13, 14 e 15 Aulas 1 e 2 8 “A morte de Sócrates”, de Jacques-Louis David, 1787 Helenismo Alexandre, o Grande, recebeu poderosa influência de Aristóteles, escolhido por Filipe para seu preceptor. O filósofo incutiu-lhe o gosto pela cultura grega, pela Ilíada e a Odisseia, por Ésquilo e Eurípedes; e aversão pelos persas – Aristóteles os vira torturar um amigo até a morte, na Ásia Menor. Alexandre assumiu o trono com uma Macedônia organizada e bem armada pelo exército. Restavam dois problemas: a revolta das cidades gregas após a morte de Filipe e os numerosos herdeiros deixados pelo pai. Ale- xandre usou de violência. Arrasou as cidades gregas, exceto Atenas. Ruínas da Biblioteca de Alexandria 9 Precedido por Parmênion, que havia partido antes de Filipe morrer, Alexandre rumou para a Ásia com 40 mil homens, 12 mil dos quais na infantaria, o forte de seu exército. Como líder supremo do helenismo, deveria libertar as cidades da Ásia e levar os gregos à vingança contra os persas. Recusando o acordo de paz oferecido por Dário III, derrotou-o em pleno centro do Império Persa em 331 a.C. Proclamado imperador persa, avançou para a Índia, percorreu a região do rio Indo e só não chegou ao Ganges, porque os soldados recusaram-se a segui-lo. Morreu na Babilônia aos 33 anos, em 323 a.C, deixando um dos mais vastos impérios já criados até então, ao qual imprimiu um caráter universal, de acordo com a concepção divina que tinha de si, contra o que egípcios e persas não se opuseram, uma vez que também encaravam o poder político como divino. Alexandre abriu o caminho para a integração cultural do mundo persa e egípcio. Como resultado da polí- tica de integração cultural, criou-se a cultura helenística, fruto da fusão da cultura grega (helênica) com a cultura oriental (egípcia e da persa). Queda da república e ascensão do império romano A vitória de Otávio sobre Marco Antônio na batalha de Ácio, em 31 a.C., representou a passagem da República para o Império Romano, cuja evolução histórica se dividiu em duas fases: o Alto Império e o Baixo Império. A pri- meira fase assinalou o apogeu do Império Romano. Durante seu governo, Otávio Augusto assumiu o controle das principais magistraturas, concentrando ainda mais poderes em suas mãos. Foi reconhecido como Princips Senatus, ou seja, o líder do Senado (razão pela qual seu governo também ficou conhecido como principado). Augusto apaziguou a plebe romana com a célebre política do “pão e circo”, que consistia na distribuição gratuita de alimentos e na realização de monumentais espetáculos públicos para a plebe romana. Essa política contribuiu para pôr fim às agitações sociais que marcaram a fase final da República. Auge do Império Romano O período de Otávio Augusto inaugurou o que os romanos chamavam de pax romana, período no qual as províncias romanas foram pacificadas (as tropas imperiais impediam as guerras civis), estradas foram construídas, portos foram reformados e pântanos foram drenados. Os aquedutos levavam água fresca para grandes parcelas da população romana e o sistema de esgoto eficaz melhorou a qualidade de vida deles. Na política externa, as guerras de conquista foram substituídas pela política de consolidação das fronteiras. 10 o sistema feudal O feudalismo foi um sistema econômico, político e social que se desenvolveu na Europa durante a Idade Média. Esse sistema começou a se estruturar ao final do Império Romano do Ocidente, no século V, atingiu seu apogeu no século X e praticamente desapareceu ao final do século XV. Desde o final do século IV, o Império Romano já demonstrava sinais de decadência e desagregação, mas a penetração e os seguidos ataques dos povos germânicos, a partir do século V, desorganizaram a vida do Império, acelerando a crise econômica. Formalmente, costuma-se considerar o ano de 476, data em que os hérulos invadiram Roma, como o fim do Império Romano do Ocidente e o início da chamada Idade Média. Da mesma forma, é aceito o ano de 1453, quando os turcos otomanos conquistam Constantinopla, pondo fim ao Império Bizantino, como o término da Idade Média. A Idade Média, na Europa, caracterizou-se pelo aparecimento de um sistema econômico, político e social denominado feudalismo. Esse sistema foi fruto de uma lenta integração entre algumas características de duas estruturas sociais: a romana e a germânica. Esse processo de integração, que resultou na formação do feudalismo, ocorreu no período histórico compreendido entre os séculos V e IX. Próximo ao fim do Império Romano do Ociden- te, os grandes senhores romanos começaram a abandonar as cidades, fugindo da crise econômica e das invasões germânicas. Iam para seus latifúndios no campo, onde passavam a desenvolver uma economia agrária voltada para a subsistência. Uma população de romanos de menos posses, por sua vez, começou a buscar proteção e trabalho nas terras desses grandes senhores. Para utilizar as terras, eram obrigados a ceder ao proprietário parte do que produziam. Essa relação entre o senhor das terras e os que produziam ficou conhecida por colonato. O grande nú- mero de escravos da época também foi utilizado nas vilas romanas. Com o tempo, tornou-se mais rentável libertar os escravos e aproveitá-los sob regime de colonato. Assim, nesses centros rurais conhecidos por vilas romanas, começava a ter origem os feudos medievais. Com algumas alterações futuras, esse sistema de trabalho resultou nas relações servis de produção, um dos traços fundamentais do feudalismo. Com a ininterrupta ruralização do Império Romano, o poder central foi perdendo controle sobre os grandes senhores agrários. Aos poucos, as vilas romanas tornaram-se cada vez mais autônomas, à medida que o poder político descentralizava-se, permitindo ao proprietário de terras administrar de forma independente sua vila. A sociedade feudal era estamental,isto é, os indivíduos nasciam num determinado estamento e dificilmente poderiam ascender a outro; tendiam a permanecer sob a própria condição de nascimento, pois a mobilidade social vertical era quase impossível; mais fácil seria a mobilidade no interior do próprio estamento. A sociedade medieval, segundo a divisão clássica, compunha-se dos seguintes estamentos: clero, nobreza e servos. No entanto, cada uma dessas categorias comportava uma série de diferenciações e gradações. De modo geral, o acesso ou não à proprie- dade ou posse da terra dividia a sociedade feudal em dois estamentos: os senhores e os dependentes. iGreja católica no medievo A Igreja católica foi a grande catalisadora dos acontecimentos e da vida medieval; ao mesmo tempo, durante esse período, sua trajetória foi marcada pelo crescimento e desenvolvimento e pelo grande poder que conquistou. A Igreja passou a exercer importante papel em diversos setores da vida medieval, servindo como instrumento de unidade, em virtude das invasões germânicas e da destruição do Império Romano e, mais tarde, diante da fragmen- tação político-administrativa da sociedade feudal. O crescente poder da Igreja católica na Europa ocidental durante a Idade Média pode ser explicado pelo acúmulo dos poderes espiritual e temporal. O poder espiritual corresponde ao controle sobre a religião e o mo- nopólio da interpretação das Escrituras Sagradas, permitindo o controle ideológico e a interpretação da realidade vigente. 11 Catedral de Notre Dame, Paris, França. O poder temporal era exercido politicamente como resultado do controle da Igreja sobre um número cres- cente de populações que a alimentavam mediante pagamento dos dízimos, de doações e outras ações de fiéis que acreditavam poder obter a salvação abrindo mão de recursos materiais. A Igreja concentrava, ainda, uma grande quantidade de terras em suas mãos, resultando na acumulação de um montante significativo de riquezas materiais. Detinha, também, o controle da vida dos homens, regulando casamentos, normatizando as obrigações matrimoniais; os divórcios, os casos de bigamia, adultério, incesto, entre outros; arbitrava os casos de divisão de heranças; monopolizava os registros paroquiais de batismo, casamentos, falecimentos, enfim, a vida social era normatizada e regrada pela Igreja. Sua atuação dava-se, também, mediante uma série de ações filantrópicas, como a construção e a manuten- ção de asilos, hospitais, orfanatos e leprosários. A Igreja era responsável pela educação, mantendo uma série de escolas nos mosteiros, conventos e, mais tarde, nas paróquias. No século XIII, começou a organizar as universidades. Enfim, o poder da Igreja sobre os fiéis era incontestável. declínio da sociedade feudal Na Baixa Idade Média, paralelamente à crise do feudalismo e à decadência da nobreza senhorial, ocorreu o renas- cimento do comércio urbano e a formação da burguesia nos países do Ocidente europeu. As cidades, entretanto, eram controladas pelos feudos; os burgueses, dominados pelos nobres; e o comércio à longa distância, prejudicado pela estreiteza dos mercados locais. 12 O particularismo feudal e os privilégios da nobreza tornavam-se um entrave ao crescimento das cidades, à expansão dos negócios e ao enriquecimento da burguesia. Só a força e a autoridade de uma monarquia centrali- zada poderiam, suprimindo a independência dos feudos e submetendo a nobreza, promover a unificação territorial do país, impor a obediência à sua população e dar proteção à burguesia. No final da Idade Média, essa situação levou à formação de uma aliança entre a burguesia e a realeza, que, em vários países da Europa ocidental, substituiu a descentralização feudal pelo centralismo monárquico. Na transição da Idade Média para a Idade Moderna, ocorreu o processo de formação dos Estados modernos, em contraposição aos estados feudais, marcados pelo predomínio político do poder local e diretamente ligado à posse da terra. Os Estados modernos mantiveram as velhas estruturas feudais, como o predomínio político e social da nobreza e do clero, que obtiveram privilégios fiscais e jurídicos, associadas a novos elementos, como a centralização do poder político e práticas econômicas intervencionistas, que revelam o fortalecimento das monarquias nacionais. A montagem da estrutura burocrática dos Estados modernos exigia vultosas quantias financeiras, o que incentivava uma crescente necessidade de tributos diretamente arrecadados e administrados pelo governo central, que controlava as atividades comercias mediante práticas intervencionistas, fundamentais para impulsionar o de- senvolvimento da acumulação primitiva do capital por meio do comércio e das atividades artesanais. Eram características do Estado moderno: território definido, moeda nacional, idioma comum, centralização política, organização da burocracia estatal e exército nacional. renascimento comercial e urbano As transformações culturais que caracterizam o Renascimento foram causadas por vários fatores, notadamente as transformações econômicas e sociais, resultado do Renascimento comercial e urbano desencadeado pelas Cru- zadas. O desenvolvimento das atividades comerciais permitiu a abertura e a consolidação de rotas comerciais e feiras. Com elas, a distribuição de produtos na Europa foi dinamizada e estimularam-se a fundação e a evolução de centros comerciais que se tornaram grandes e importantes cidades. Especificamente, o café foi introduzido na Europa, no século XVII, primeiramente na Itália e na Inglaterra. O café era consumido por diversas classes sociais, inclusive por intelectuais. Logo depois, passou a ser consumido em vários outros países europeus, chegando à França, Alemanha, Suíça, Dinamarca e Holanda. 13 Os maiores consumidores de café do mundo País Consumo individual por ano em quilos Fínlândia 11,6 Suécia 11,1 Dinamarca 10,6 Noruega 10,3 Áustria 10,0 Países Baixos 9,9 Suiça 8,4 Alemanha 7,8 França 5,9 Estados Unidos 4,5 Seguindo sua marcha de expansão pelo mundo, o café chegou às Américas e nos Estados Unidos, atualmente o maior consumidor e importador mundial de café. Foram os holandeses que disseminaram o café pelo mundo. Ini- cialmente, transformaram suas colônias nas Índias Orientais em grandes plantações de café e junto com franceses e portugueses transportaram o café para a América. renascimento cultural “A escola de Atenas”, de Rafael, 1511 O Renascimento é uma verdadeira revolução cultural que marcou e definiu o final da Idade Média e os primeiros séculos da Idade Moderna. Expressa os ideais e a visão de mundo da nova sociedade emergente com o desenvol- vimento da economia mercantil e do capitalismo. Em vários aspectos, no entanto, esse movimento cultural representou mais uma continuidade do que uma ruptura em relação ao mundo da Baixa Idade Média. Sua origem data do século XIV e sua máxima plenitude, dos séculos XV e XVI. As atividades bancárias e financeiras foram estimuladas e a burguesia enriqueceu, ocupando posição de prestígio e destaque na sociedade europeia. 14 “O Nascimento de Vênus”, de Sandro Botticelli, 1483 Os homens do Renascimento, ao contrário do que se pensa, não nutriam desprezo pelas ideias ou pelo período medieval nem eram desligados da religiosidade, apenas separaram o mundo da religião do centro das suas preocupações a ponto de abraçarem o humanismo sem abandonar a crença em Deus. transição ao modo de produção capitalista As características do sistema feudal não se mantiveram iguais durante toda a Idade Média. Aos poucos, o que era próprio do feudalismo foi sofrendo modificações e criando um novo sistema, novos modos de vida. Estava sendo gerada uma nova sociedade diferente da feudal. Os conflitos entre a Igreja e o poder temporal cresceram. Ocorreram as Cruzadas. As cidades e o comércio renasceram. O poder político foi gradualmente sendo centraliza- do na pessoa dos reis, constituindo-se as monarquiasnacionais. No século XIV, fome, pestes, guerras e rebeliões camponesas abalaram ainda mais as já combalidas instituições feudais profundas transformações, tais como as revoluções na economia, na política e nos costumes, inauguraram um período que viria a ser chamado de Idade Moderna (séculos XV, XVI, XVII e XVIII), marcada pelo capitalismo comercial, que, de fato, foi inaugurada pelo que se denominou de Revolução Comercial. Fatores que levaram as Cruzadas ao fracasso: caráter superficial da conquista; falta de enraizamento dos conquistadores no seio da população local; disputas entre cruzados; rivali- dades nacionais; e incapacidade da Igreja em superá-las. As Cruzadas não cumpriram seus objetivos, uma vez que a Europa ocidental continuou superpovoada e sem condições de absorver essa mão de obra; os salários que não baixaram ficaram estagnados enquanto os preços dos cereais entraram em alta. Sob o ponto de vista econômico, a maior conquista das Cruzadas foi a reabertura do Mediterrâneo à navegação e ao comércio da Europa, que per- mitiu o reatamento das relações entre Ocidente e Oriente, interrompidas pela expansão muçulmana, e contribuiu para acelerar o Renascimento comercial no ocidente da Europa. Houve enfraquecimento da aristocracia feudal e da servidão como forma de trabalho, de um lado, e fortalecimento da burguesia comercial, de outro, bem como o reaparecimento do comércio que se intensificou com a reabertura do Mediterrâneo, propiciou o renascimento das cidades e com ela o crescimento da burguesia mercantil. Em síntese, o Renascimento comercial e urbano do ocidente da Europa, a decadência do feudalismo, o declínio do poder da nobreza e o fortalecimento da burguesia foram, direta ou indiretamente, consequências das Cruzadas. A reativação da atividade mercantil na Europa ocidental a partir do século XI ficou conhecida por Renascimento Comercial. Esse processo não foi linear, sofreu avanços e recuos, mas sua tendência foi a expansão mercantil até a crise geral da sociedade feudal nos séculos XIV e XV. Ao propiciarem as condições para o desenvol- vimento incipiente da atividade mercantil, as Cruzadas, conjugadas às condições intrínsecas ao modo de produção feudal, impulsionaram o que se transformou em Renascimento. A abertura do mar Mediterrâneo pelos cruzados aos mercados da Europa ocidental restabeleceu as relações entre Ocidente e Oriente e dinamizou as atividades comerciais. 15 Essas mudanças, ocorridas desde o final da Baixa Idade Média, proporcionaram o Renascimento urbano, cujo elemento propulsor foi o comércio, que trouxe consigo o aparecimento e o crescimento de uma nova classe social: a burguesia mercantil. Coube a ela o importante papel de, na política, consolidar os territórios e as monar- quias nacionais modernas e financiar a técnica, a ciência e a arte. Ludistas destruindo uma máquina de tear em 1812. nicolau maQuiavel e o absolutismo Nicolau Maquiavel é autor de O príncipe e considerado precursor do pensamento político moderno. O príncipe é uma espécie de manual de política destinado a ensinar aos príncipes a forma de conquistar o poder e mantê-lo, mesmo contra todos os preceitos da moral cristã. Maquiavel não pretendeu retratar um ideal que levasse em con- sideração as ideias de justiça e perfeição; apenas determinou os meios pelos quais os homens de Estado de sua época alcançariam os fins a que se propunham. Homenagem a Nicolau Maquiavel A citação a seguir exemplifica o modo de pensar político de Maquiavel e como ele aconselhou os soberanos a agir com seus súditos: “Daí se origina esta questão discutida: se melhor é [ao príncipe] ser amado que temido, e vice-versa. Res- ponder-se-á que se queria ser uma e outra coisa; como, entretanto, é difícil reunir, ao mesmo tempo, as qualidades que levam àqueles resultados, muito mais seguro é ser temido que amado, quando seja obrigado a falhar numa das duas. Porque os homens são, em geral, ingratos, volúveis, dissimulados, covardes e ambiciosos de dinheiro, e, en- quanto lhes fizeres benefícios, estão todos contigo, oferecem-te sangue, bens, vida, filhos, como antes disse, desde que estejas longe de necessitares de tudo isto. Quando, porém, a necessidade se aproxima, voltam-se para outra parte. E o príncipe, se apenas confiou inteiramente em palavras e não tomou outras precauções, está arruinado. 16 Porque as amizades que se conseguem por interesse e não por nobreza ou grandeza de caráter são compra- das, não se podendo contar com as mesmas no momento preciso. E os homens hesitam menos em ofender aos que se fazem amar, do que àqueles que se tornam temidos, por ser o amor conservado por laço de obrigação, o qual é rompido por serem os homens pérfidos sempre que lhes aprouver, enquanto o medo que se infunde é alimentado pelo temor do castigo, que é sentimento que jamais se deixa. Deve, pois, o príncipe fazer-se temido de modo que, se não for amado, ao menos evite o ódio...” ( MAQUIAVEL, N. “O Príncipe.” Disponível em: <http://www.fae.edu/pdf/biblioteca/O%20Principe.pdf>.) formação dos estados nacionais Havia uma conhecida frase, criada por um militar prusso, que dizia que “a guerra é a continuação da política por outros meios”. Michel Foucault inverte a perspectiva e afirma que “a política é a continuação da guerra por outros meios”. Sendo a Constituição o conjunto de regras políticas e civis de um povo, ela expressaria, segundo o autor, a opressão e o poder de seus heróis de terror. Ao se colocar em perspectiva histórica, os Estados nacionais modernos surgiram a partir da formação das monarquias nacionais, que teve no processo de centralização do poder político nas mãos do rei o seu elemento fundamental. De início, os soberanos estabeleceram a delimitação do território, no qual exerceriam sua autoridade e in- fluência. Os poderes locais da nobreza seriam submetidos à autoridade do monarca, que passou a impor tributos e regras nacionais. Outro instrumento de consolidação dos Estados modernos foi a imposição de um idioma nacional, que de- veria ser usado nos limites do território, onde o monarca mantinha sua autoridade, associado a origens, tradições e costumes comuns. Os monarcas impuseram ainda moedas nacionais, fundamentais nas trocas comerciais e na arrecadação tributária. Para garantir a manutenção da autoridade real, foram constituídos os exércitos nacionais, que simboli- zavam o poder dos reis expresso no monopólio da força pelos Estados nacionais. Esses exércitos nacionais eram disciplinados, remunerados e diretamente controlados pelos reis, que os usavam para impor sua autoridade e garantir o respeito às suas ordens em todo o país, além de garantir a defesa do território contra inimigos externos. o império inca A região ocupada pelos incas se estendia ao longo da cordilheira dos Andes e ocupava partes dos atuais territórios da Colômbia, Equador, Peru, Bolívia, Chile e Argentina. Originariamente nômades, os incas faziam parte do grupo quéchua. Entre os incas, a propriedade era divida em terras do Estado, terras dos sacerdotes e terras comunitárias, na qual cada família possuía um lote para cultivo próprio depois de cultivar as terras do imperador e dos sacerdotes. Havia ainda o ayllu, organização social formada por laços de parentesco entre os membros da comunidade e liderada pelo curaca, cujo poder era transmitido hereditariamente. À medida que líderes locais e sacerdotes se fortaleceram, essa sociedade experimentou a formação de clas- ses sociais, rigidamente estratificadas, tornando-se estamental. Abaixo do imperador, havia uma elite de sacerdotes e militares (nobreza); artífices do Estado, médicos e contabilistas compunham o grupo intermediário; e, na base da pirâmide social, havia uma grande massa de camponeses e escravos responsáveis pela produção de excedentes, que se concentravam nas mãos da elite. Quanto às relações de trabalho, havia entre os incas uma forma de trabalho compulsório chamada mita. Tratava-se da exploraçãoobrigatória da mão de obra camponesa pelo Estado, empregada em obras públicas e nas minas. A principal atividade econômica inca era a agricultura, da qual o milho, a batata, o feijão, o algodão e a pimenta eram os principais produtos. Também criavam animais, lhamas e alpacas, que forneciam leite, lã e carne e serviam como meio de locomoção. Para melhor aproveitamento das terras em relevo montanhoso, os incas desen- volveram terraços para conter a erosão e ampliar a área de plantio. Extensão do império inca Os incas desenvolveram um império centralizado e teocrático, do qual o imperador era considerado um deus (sapa inca), descendente direto do Sol, supremo legislador e comandante do exército com poder vitalício e hereditário, suplantando a antiga unidade social. Para facilitar o domínio das áreas afastadas da capital Cuzco e integrar as diversas regiões do império, os incas construíram várias estradas que permitiam tanto o serviço de correios quanto o deslocamento do exército para o controle de áreas rebeladas. A religiosidade caracterizava-se pela crença em vários deuses vinculados a elementos da natureza: Sol (Inti), chuva, fertilidade, que influenciavam suas manifestações artísticas, notadamente a construção de grandes templos. Faziam também sacrifícios humanos e de lhamas. absolutismo francês Com a morte de Luís XIII, em 1643, subiu ao trono Luís XIV, sob a regência da rainha-mãe Ana d’Áustria e do carde- al Mazzarino, que governou até 1661. Os aumentos dos impostos decretados pela regência revoltaram a burguesia e a nobreza, que se uniram nas chamadas frondas. A morte de Mazzarino precipitou o governo de Luís XIV (1661-1715), que se caracterizaria o mais emble- mático governo absolutista, o que levou ao extremo a ideia de completa identificação entre o soberano e o Estado. Preparado desde a infância por Mazzarino para o exercício do poder real, Luís XIV sintetizou suas convições abso- lutistas na frase: L’État c’est moi (O Estado sou eu). Logo que assumiu o governo, afastou os ministros permanentes, esvaziou o Conselho – base do governo no período anterior – e acumulou as funções deles. Nas províncias foram confirmadas as intendências, ligadas direta- mente ao poder central, que também exerciam sua autoridade em matéria de justiça, finanças e política, além de fiscalizar os oficiais detentores dos cargos públicos locais e supervisionar a arrecadação tributária. 17 18 “Luís XIV” (1701), de Hyacinthe Rigaud No plano social, Luís XIV acabou por atrair a burguesia, da qual recrutou alguns de seus ministros, como Colbert, das finanças. Para controlar a nobreza, atraiu-a para a corte e ofereceu-lhe luxo, festas e pensões. O Palá- cio de Versalhes, residência do rei, era cercado de 10 mil pessoas, entre cortesãos, soldados, lacaios etc. Tornou-se símbolo do absolutismo francês, cujo grande ideólogo foi Jacques Bossuet. revoluções inGlesas no século Xvii Sem derramamento de sangue e representando um compromisso de classe entre os grandes proprietários rurais e a burguesia, a Revolução Gloriosa, na Inglaterra, marginalizava o povo, além de mostrar que, para acabar com o absolutismo, não era necessária a eliminação da figura do rei, desde que ele aceitasse submeter-se às decisões do Parlamento. Representando uma monarquia, cujo poder real ficaria submetido ao Parlamento. A partir de então, passou a prevalecer na Inglaterra o princípio de que “o rei reina, mas não governa”. Parlamento britânico Preocupado com qualquer possibilidade de ser restaurada a autoridade absoluta do rei, o Parlamento bri- tânico promulgou, em 1689, a Declaração de Direitos (Bill of Rights), que foi aceita pelo rei, em 1689, e marcou o fim do choque entre rei e Parlamento. Essa declaração eliminava a censura política e reafirmava o direito exclusivo do Parlamento de estabelecer impostos e de apresentar livremente petições. revolução francesa No final do século XVIII, as restrições e regulamentações mercantilistas eram sentidas pela burguesia enriquecida e ávida pelo estabelecimento das condições para o desenvolvimento do capitalismo na França. Mas para isso era necessário derrubar o absolutismo e as restrições mercantilistas, criando condições para uma igualdade social jurídica. Uma parte da nobreza, desejosa de reaver seus antigos direitos feudais em plenitude, e outra parte, par- ticularmente parentes, próxima ao rei como seu primo, o duque de Orleans, pleiteavam seu direito ao trono com base em questões de linhagem familiar, além de outros nobres que estavam descontentes por considerarem seus privilégios insuficientes ou desejarem cargos palacianos. Essa nobreza conspirava secreta ou abertamente contra o rei, utilizando-se, muitas vezes com demagogia, de legítimos direitos e necessidades burguesas ou populares. En- tres esses burgueses, havia membros de classe média urbana, profissionais liberais e intelectuais, ressentidos com o absolutismo, por haverem tentado fazer parte da estrutura de poder e terem tidos frustradas suas pretensões. Esse foi o caso, por exemplo, do advogado Maxime Robespierre, do aventureiro Georges Danton ou do médico Jean Paul Marat. Mais tarde, eles e muitos outros desses ressentidos se tornariam os participantes e líderes mais radicais do processo revolucionário. A arma ideológica da Revolução Francesa, mediante a qual a burguesia conseguiu a hegemonia de pensa- mento e garantiu o apoio do terceiro estado, foi a filosofia iluminista. O contato direto com os filósofos da ilustração e com suas ideias permitiu à classe burguesa transformar seus interesses particulares em interesses gerais de toda a sociedade francesa. A luta contra o absolutismo, o mercantilismo e os privilégios sociais do clero e da nobreza também interessavam aos camponeses, artesãos e outras camadas sociais. A guerra da França liberal contra a Áustria e a Prússia defensoras do absolutismo, a tentativa de fuga do rei Luis XVI, a indefinição do governo burguês e a vitória do exército popular dos sans-culottes sobre as forças do antigo regime provocaram a radicalização popular capitaneada pelos jacobinos. Nesse ambiente de extremos foi realizada uma eleição nacional em que as forças de esquerda venceram com o voto universal masculino. Con- sequência: propagação das ideias de Rousseau, disseminação da agitação popular em todo território francês, o que tornou peculiar a história das revoluções europeias burguesas, uma vez que as revoluções inglesas, Puritana e Gloriosa, não foram populares. De maioria jacobina, o novo parlamento implantou na França a República, em 22 de setembro de 1792, cujos novos mandatários foram os radicais Danton, Marat, Saint-Just, sob a liderança de Robespierre, o “incorruptível”. Nem de longe, a radicalização que caracterizou a Revolução Francesa assemelhou-se à Revolução Gloriosa de 1688, na Inglaterra, e à Independência dos EUA. A participação popular dos sans-culottes, nas ruas de Paris, e a luta dos camponeses no Grande Medo, no campo, criaram situações em que as propostas da esquerda jacobina puseram em risco tanto a continuidade do antigo regime quanto a vitória da burguesia. Ela serviu sim de inspiração para que os ideais democráticos, na concepção liberal ou popular e adequados aos avanços e à continuidade ex- pansionista do capitalismo, fossem desejados e reivindicados pelas populações dos países como uma possibilidade. Em termos políticos e sociais, a Revolução Francesa vai criar um paradoxo que vai se repetir em outros movimen- tos diretamente por ela inspirados, como as Revoluções Liberais de 1830 e 1848, a Comuna de Paris de 1871, a Revolução Russa de 1917. Esse paradoxo está ligado aos próprios ideias de democracia, liberdade e participação 19 20 social popular. Quando setores da sociedade concordam plenamente com o “grupo revolucionário” que assume o poder desse processo de mudança e se submetem a ele irrestritamente, são duramente reprimidos e massacradosem nome da mesma liberdade que estão tentando utilizar. “A queda de Robespierre”, de Max Adamo, 1870 a formação dos estados unidos Tocqueville, em sua obra Democracia na América, percebe o caráter moralmente rígido da sociedade estaduniden- se, que se fundou nas bases conservadoras do calvinismo puritano. Teria contribuído para a formação política do povo dos EUA, o passado de agitação inglesa, no qual as lutas entre partidos e facções forjaram as relações de conhecimento das leis, a educação política, as noções dos direitos, os princípios do conceito de liberdade, de uma forma superior à maioria das nações europeias. Além desses elementos, o governo comunal, importante prática para o desenho de instituições livres, à medida que permite introduzir o “dogma da soberania do povo”, já estaria arraigado aos hábitos ingleses à época das primeiras imigrações. Apesar da contribuição da “formação inglesa” para a gênese da sociedade democrática estadunidense, Tocqueville reconhece que o restante da imigração europeia também contribuiu para a determinação do caráter democrático desta sociedade. E isto por dois motivos: a ausência de sentimento de superioridade do imigrante e as características de ocupação e desbravamento do solo dos EUA. A primeira causa do “germe da democracia”, ou seja, a ausência de sentimento de superioridade se deu pelas características de imigração. A massa que emigrava era, via de regra, composta de indivíduos que não tinham grandes recursos econômicos pois não são os felizes e os poderosos que se exilam, e a pobreza, assim como a infelicidade, são as melhores garantias de igualdade que se conhecem entre os homens. Mesmo no caso da transferência de grandes senhores para o solo estadunidense (por motivos políticos ou religiosos), ainda assim não se instituiu a aristocracia territorial, mesmo com as tentativas de estabelecimento de leis que procuravam criar graduações hierárquicas. Isto foi devido à segunda causa ou motivo exposto por Tocqueville, ou seja, as características de ocupação e desbravamento do território dos EUA. Tocqueville na Comissão de revisão da Constituição na Assembleia Nacional de 1851 neocolonialismo e revoluções industriais No século XIX, ocorreu na Europa a Segunda Revolução Industrial, de início na Inglaterra, França, Bélgica e Holan- da; em seguida, expandiu-se por outros países da Europa, Estados Unidos e Japão. Em virtude das inovações e do incremento da produção dos produtos industrializados, ocorreu uma superprodução, e as burguesias monopolistas passaram a buscar novos mercados consumidores na África e na Ásia, mediante um novo movimento expansionista europeu denominado neocolonialismo. Paralelamente, havia a necessidade de encontrar novas fontes de matéria- -prima e de energia, como carvão mineral, minério de ferro, petróleo e algodão. Como os lucros eram vultosos e havia excedente de capital, o capitalismo passou a investir capitais em novas regiões conquistadas na África e na Ásia, processo denominado imperialismo. A partir da Segunda Revolução Industrial, o capitalismo industrial foi gradualmente cedendo lugar ao capitalismo financeiro e passando para os grandes bancos o controle das empresas industriais e comerciais. As finanças conquistaram a supremacia sobre a produção e a circulação de mercadorias. Nessa etapa, os grandes bancos investiram na compra de ações e foram assumindo o controle acionário das empresas. Por outro lado, os empréstimos e financiamentos também contribuíram para submeter as empresas à inteira dependência das instituições financeiras. Na Primeira Revolução Industrial, ocorreu o desenvolvimento do liberalismo econômico, que se baseava na livre concorrência, sistema esse que criou condições para que as grandes empresas eliminassem ou absorvessem as pe- quenas mediante processo cujo resultado foi a substituição da livre concorrência pelo monopolismo. Com a Segunda Revolução Industrial no final do século XIX, surgiram grandes conglomerados econômicos e subprodutos típicos desse novo sistema: trustes, cartéis e holdings. As mercadorias passaram a ser produzidas uniforme e padronizadamente e em quantidades até então desconhecidas, o que causou o fenômeno da superprodução. Outra consequência impor- tante da Segunda Revolução Industrial e da era do capitalismo financeiro ou monopolista foi o desenvolvimento do imperialismo. O processo de industrialização criou para os países capitalistas uma série de problemas, de cuja solução dependia a manutenção do ritmo de desenvolvimento industrial. As potências capitalistas necessitavam de mercados externos que servissem de escoadouro para o excedente de mercadorias. Precisavam também de minérios e matérias- -primas, essenciais à produção dos produtos industriais, que muitas vezes não existiam em seu próprio território e necessitavam de mão de obra barata e áreas favoráveis ao investimento seguro e lucrativo de seus capitais. A Revolução Industrial introduziu o conceito de progresso, inúmeros benefícios materiais e conforto às pessoas. A máquina diminuiu o esforço físico dos homens, bem como lhes provocou novos transtornos físicos. No século XIX, a burguesia inglesa já contava com iluminação a gás, cortinas e tapetes adquiridos nos grandes magazines que surgiram em Londres e em Paris a partir de 1840. As percepções e os hábitos da vida cotidiana foram afetados pela máquina fotográfica, o gramofone, a máquina de escrever, as porcelanas inglesas, entre outros. 21 22 Mas os benefícios do progresso não eram para todos. As cidades do século XIX, como Londres e Paris, cres- ceram sem planejamento. Operários e burgueses já não dividiam a mesma vizinhança; aqueles moravam perto das fábricas, enquanto os patrões, nos subúrbios mais distantes e arborizados. As cidades foram surgindo em torno das fábricas com ruas estreitas e labirintos; as casas dos operários eram pequenas e miseráveis, grudadas umas às outras, cujos cômodos nem sempre tinham janelas. O ar era impregnado dos gases das chaminés. Não havia serviços públicos básicos, como água limpa e rede de esgotos. Essas cidades industriais eram feias, sujas e tristes; os rios, imundos. Essa situação favorecia a disseminação de epidemias e doenças; cólera, varíola, escarlatina e tifo eram frequentes entre os trabalhadores. O trabalho nas fábricas consumia cerca de 15 horas por dia. Os salários eram baixíssimos e não permitiam aos trabalhadores usufruírem as maravilhas da sociedade industrial. As aldeias transformaram-se em grandes cidades e parte da população rural foi obrigada a se deslocar para os centros urbanos em busca de trabalho nas fábricas. Aliado ao aumento da produção e da produtividade, houve sensível aumento populacional, entre 1750 e 1850. Na Inglaterra, a população urbana quase triplicou. Graças ao progresso nos métodos agrícolas – caso da máquina semeadora –, o preço dos alimentos foi re- duzido, e graças também às importações de mercadorias estadunidenses e ao barateamento nos transportes pelas estradas de ferro. A invenção da comida enlatada mudou hábitos alimentares. Se até o século XIX o alimento sempre vinha das hortas e plantações locais, passou a vir também de qualquer canto do mundo. Com a introdução das máquinas, a força muscular deixou de ser necessária ao trabalhador das indústrias têxteis. Aproveitou-se com isso o trabalho de mulheres e crianças, cujos salários não chegavam à metade do que se pagava a um homem adulto. Os dedos finos das crianças eram úteis na manutenção das máquinas e seu porte físico adequado ao espaço apertado entre as instalações. A disciplina era rigorosa e os acidentes de trabalho, muito frequente eram reflexos de má alimentação e da fadiga. Crianças trabalhavam sobre pernas de pau para alcançarem os teares. Se adormecessem, podiam ter seus dedos quebrados nas engrenagens. A literatura dessa época registra personagens pálidos, quase sem vida. A partir de meados do século XIX, houve melhoras nas condições de trabalho graças às reaçõese pressões dos próprios trabalhadores organizados em associações e sindicatos. a doutrina monroe estadunidense e o imperialismo japonês A política isolacionista norte-americana tinha por objetivo evitar o envolvimento e a participação dos Estados Unidos nas guerras e conflitos travados na Europa. O suporte teórico desse isolacionismo foi a Doutrina Monroe, formulada, em 1823, pelo presidente James Monroe, cujo princípio básico era a oposição dos Estados Unidos a qualquer intervenção política ou militar dos países europeus nos assuntos internos do continente americano, sinte- tizado no lema “a América para os americanos”. Já na Ásia, a industrialização mais importante foi a do Japão, cujo ponto de partida foi com a Revolução Meiji (luzes), em 1868. A necessidade de matérias-primas e de mercados externos levou o Japão a praticar uma política de expansão imperialista na região, que provocou, em 1894, a Guerra Sino-japonesa, assim como a Guerra Russo-japonesa, em 1904, ambas vencidas pelo Japão, o que o transformou na grande potência do Extremo Oriente. o neocolonialismo A segunda metade do século XIX foi marcada por um novo e vigoroso movimento do capitalismo, caracterizado pelo imperialismo, que submeteu a maior parte dos territórios da África e da Ásia à condição de colônia das potên- cias europeias, notadamente as que passaram pela transformação industrial. Deram início a uma verdadeira corrida colonial: Inglaterra, Bélgica, França, Alemanha e Itália. O neocolonialismo pode ser entendido como filho da política industrialista e da expansão do capital financeiro, sem desprezar, contudo, as rivalidades políticas europeias, que aguçaram o nacionalismo e transformaram a conquista colonial em prestígio político. As nações industrializadas precisavam encontrar uma fonte de matéria-prima industrial – carvão, ferro, petróleo – e produtos alimentícios de que não dispunham. Precisavam também de mercados consumidores para os excedentes industriais, além de novas regiões onde pudessem investir com lucros significativos seus capitais disponíveis, como a construção de ferrovias e a exploração de minas, por exemplo. Divisão do território africano pelos países europeus Esse mecanismo era indispensável para aliviar a Europa dos capitais excedentes, capitais esses que, se fossem investidos na Europa, agravariam a Grande Depressão e intensificariam a tendência de os países industria- lizados na Europa continental adotarem medidas protecionistas, fechando seus mercados e tornando a situação ainda pior. Outro fator tornava a política colonialista atraente para os governos europeus: a possibilidade de transferir um número significativo de sua população como colonos para as novas regiões conquistadas, resolvendo, assim, o problema do excedente populacional europeu, que crescia em ritmo acelerado. Além disso, o operariado europeu, insatisfeito com suas precárias condições de vida e de trabalho, agitava a Europa, comandando inúmeros movimen- tos sociais. Os governos europeus perceberam que a exploração colonial poderia possibilitar melhoria no padrão de vida da classe operária do velho continente, enfraquecendo, assim, os levantes populares. No plano político, os Estados europeus estavam preocupados em aumentar seus contingentes militares, a fim de fortalecerem suas respectivas posições frente às demais potências. Com as colônias, contariam com maior disponibilidade de recursos e aumento dos contingentes militares. 23 24 aplicação dos conHecimentos - sala 1. A figura apresentada é de um mosaico, pro- duzido por volta do ano 300 d.C., encontra- do na cidade de Lod, atual Estado de Israel. Nela, encontram-se elementos que represen- tam uma característica política dos romanos no período, indicada em: a) Cruzadismo – conquista da terra santa. b) Patriotismo – exaltação da cultura local. c) Helenismo – apropriação da estética grega. d) Imperialismo – selvageria dos povos dominados. e) Expansionismo – diversidade dos territórios conquistados. 2. Alexandria começou a ser construída em 332 a.C., por Alexandre, o Grande, e, em poucos anos, tornou-se gregas. Meio século mais tarde, Ptolomeu II ergueu uma enor- me biblioteca e um museu – que funcionou como centro de pesquisa. A biblioteca reuniu entre 200 mil e 500 mil papiros e, com o mu- seu, transformou a cidade no maior núcleo intelectual da época, especialmente entre os anos 290 e 88 a.C. A partir de então, sofreu sucessivos ataques de romanos, cristãos e árabes, o que resultou na destruição ou per- da de quase todo o seu acervo. RIBEIRO, F. “Filósofa e mártir”. Aventuras na história. São Paulo: Abril. ed. 81, abr. 2010 (adaptado). A biblioteca de Alexandria exerceu durante certo tempo um papel fundamental para a produção do conhecimento e memória das civilizações antigas, porque: a) eternizou o nome de Alexandre, o Grande, e zelou pelas narrativas dos seus grandes feitos. b) funcionou como um centro de pesquisa aca- dêmica e deu origem às universidades mo- dernas. c) preservou o legado da cultura grega em dife- rentes áreas do conhecimento e permitiu sua transmissão a outros povos. d) transformou a cidade de Alexandria no cen- tro urbano mais importante da Antiguidade. e) reuniu os principais registros arqueológicos até então existentes e fez avançar a museo- logia antiga. 3. Na França, o rei Luís XIV teve sua imagem fabricada por um conjunto de estratégias que visavam sedimentar uma determinada noção de soberania. Neste sentido, a charge apresentada demonstra: a) a humanidade do rei, pois retrata um ho- mem comum, sem os adornos próprios à ves- timenta real. b) a unidade entre o público e o privado, pois a figura do rei com a vestimenta real repre- senta o público e sem a vestimenta real, o privado. c) o vínculo entre monarquia e povo, pois leva ao conhecimento do público a figura de um rei despretensioso e distante do poder político. d) o gosto estético refinado do rei, pois eviden- cia a elegância dos trajes reais em relação aos de outros membros da corte. e) a importância da vestimenta para a constitui- ção simbólica do rei, pois o corpo político ador- nado esconde os defeitos do corpo pessoal. 4. O ataque japonês a Pearl Harbor e a conse- quente guerra entre americanos e japoneses no Pacífico foi resultado de um processo de desgaste das relações entre ambos. Depois de 1934, os japoneses passaram a falar mais desinibidamente da “Esfera de coprosperi- dade da Grande Ásia Oriental”, considerada como a “Doutrina Monroe Japonesa”. A expansão japonesa havia começado em 1895, quando venceu a China, impôs-lhe o Tratado de Shimonoseki passando a exercer tutela sobre a Coreia. Definida sua área de projeção, o Japão passou a ter atritos cons- tantes com a China e a Rússia. A área de atri- to passou a incluir os Estados Unidos quan- do os japoneses ocuparam a Manchúria, em 1931, e a seguir, a China, em 1937. REIS FILHO, D. A. (Org.). O século XX, o tempo das crises. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008. 25 Sobre a expansão japonesa, infere-se que: a) o Japão tinha uma política expansionista, na Ásia, de natureza bélica, diferente da doutrina Monroe. b) o Japão buscou promover a prosperidade da Coreia, tutelando-a à semelhança do que os EUA faziam. c) o povo japonês propôs cooperação aos Esta- dos Unidos ao copiarem a Doutrina Monroe e proporem o desenvolvimento da Ásia. d) a China aliou-se à Rússia contra o Japão, sendo que a doutrina Monroe previa a parce- ria entre os dois. e) a Manchúria era território norte-americano e foi ocupado pelo Japão, originando a guerra entre os dois países. raio X 1. O período destacado foi marcado pelo apogeu do expansionismo romano, época do Impé- rio, quando Roma dominava todos os terri- tórios ao redor do Mediterrâneo, incluindo a Palestina. O mosaico de animais demonstra a quantidade e diversidade desses territórios. 2. Apesar de situada no Egito, não teve a fun- ção de preservar acervo arqueológico,mas principalmente documentos escritos. Mesmo após a morte de Alexandre e a fragmentação do Império Macedônico, os sucessores da di- nastia ptolomaica preservaram a influência que a cultura grega havia produzida nos po- vos dominados pelos macedônicos. 3. Questão mais abstrata e que exige maior co- nhecimento geral, pois a imagem individu- almente é de difícil interpretação. A ideia de “construir uma imagem” implica em perceber que a imagem natural não serve para que se estabeleça uma relação entre governantes e governados. O governante deve ser apresenta- do como superior e mais capacitado, diferen- ciando-se dos governados. Segundo a lingua- gem usada na questão, a figura do rei como indivíduo (privada) deve ser substituída pela figura do rei como símbolo de poder (pública). 4. A Doutrina Monroe, proferida pelo presiden- te James Monroe em 1823, estabelecia que o continente americano não devesse aceitar nenhum tipo de intromissão europeia sobre quaisquer aspectos, caracterizando-se como uma reação à proposta de recolonização da América por parte da Santa Aliança forma- da por países europeus como Áustria, Rús- sia, e França durante o Congresso de Viena de 1815. Tinha por lema “A América para os americanos” e evidenciava pretensões impe- rialistas dos Estados Unidos em relação ao continente americano. Já a defesa da “Esfera de coprosperidade da Grande Ásia Oriental” por parte do Japão ca- racterizou-se como uma política imperialista apoiada na expansão militar sobre territó- rios vizinhos na Ásia Oriental. Gabarito 1. E 2. C 3. E 4. A 26 Prescrição: Para resolver as questões abaixo, atente-se aos principais tópicos da Antiguidade Ocidental greco-romana. Há a necessidade de compreender as principais características econômicas e políticas do período feudal, além da transição desse modo de produção rumo à modernidade capitalista. prática dos conHecimentos - e.o. 1. (ENEM) Segundo Aristóteles, “na cidade com o melhor conjunto de normas e naquela do- tada de homens absolutamente justos, os cidadãos não devem viver uma vida de tra- balho trivial ou de negócios – esses tipos de vida são desprezíveis e incompatíveis com as qualidades morais –, tampouco devem ser agricultores os aspirantes à cidadania, pois o lazer é indispensável ao desenvolvimento das qualidades morais e à prática das ativi- dades políticas”. VAN ACKER, T. Grécia. A vida cotidiana na cidade-Estado. São Paulo: Atual, 1994. O trecho, retirado da obra Política, de Aristó- teles, permite compreender que a cidadania: a) possui uma dimensão histórica que deve ser criticada, pois é condenável que os políticos de qualquer época fiquem entregues à ocio- sidade, enquanto o resto dos cidadãos tem de trabalhar. b) era entendida como uma dignidade própria dos grupos sociais superiores, fruto de uma concepção política profundamente hierar- quizada da sociedade. c) estava vinculada, na Grécia Antiga, a uma percepção política democrática, que levava todos os habitantes da pólis a participarem da vida cívica. d) tinha profundas conexões com a justiça, ra- zão pela qual o tempo livre dos cidadãos de- veria ser dedicado às atividades vinculadas aos tribunais. e) vivida pelos atenienses era, de fato, restrita àque- les que se dedicavam à política e que tinham tem- po para resolver os problemas da cidade. 2. (ENEM) O que implica o sistema da pólis é uma extraordinária preeminência da palavra sobre todos os outros instrumentos do poder. A palavra constitui o debate contraditório, a discussão, a argumentação e a polêmica. Torna-se a regra do jogo intelectual, assim como do jogo político. VERNANT, J. P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Bertrand, 1992 (adaptado). Na configuração política da democracia gre- ga, em especial a ateniense, a ágora tinha por função: a) agregar os cidadãos em torno de reis que go- vernavam em prol da cidade. b) permitir aos homens livres o acesso às deci- sões do Estado expostas por seus magistrados. c) constituir o lugar onde o corpo de cidadãos se reunia para deliberar sobre as questões da comunidade. d) reunir os exercícios para decidir em assem- bleias fechadas os rumos a serem tomados em caso de guerra. e) congregar a comunidade para eleger repre- sentantes com direito a pronunciar-se em assembleias. 3. (ENEM) Os calendários são fontes históricas im- portantes, na medida em que expressam a concepção de tempo das sociedades. Essas imagens compõem um calendário medieval (1460-1475) e cada uma delas representa um mês, de janeiro a dezembro. Com base na análise do calendário, apreende-se uma concepção de tempo: a) cíclica, marcada pelo mito arcaico do eterno retorno. b) humanista, identificada pelo controle das horas de atividade por parte do trabalhador. 27 c) escatológica, associada a uma visão religiosa sobre o trabalho. d) natural, expressa pelo trabalho realizado de acordo com as estações do ano. e) romântica, definida por uma visão bucólica da sociedade. 4. (ENEM) Se a mania de fechar, verdadeiro ha- bitus da mentalidade medieval nascido talvez de um profundo sentimento de insegurança, estava difundida no mundo rural, estava do mesmo modo no meio urbano, pois que uma das características da cidade era de ser limi- tada por portas e por uma muralha. DUBY, G. et al. “Séculos XIV-XV”. In: ARIÈS, P.; DUBY, G. História da vida privada da Europa Feudal à Renascença. São Paulo: Cia. das Letras, 1990 (adaptado). As práticas e os usos das muralhas sofreram importantes mudanças no final da Idade Média, quando elas assumiram a função de pontos de passagem ou pórticos. Este proces- so está diretamente relacionado com: a) o crescimento das atividades comerciais e urbanas. b) a migração de camponeses e artesãos. c) a expansão dos parques industriais e fabris. d) o aumento do número de castelos e feudos. e) a contenção das epidemias e doenças. 5. Sou uma pobre e velha mulher, Muito ignorante, que nem sabe ler. Mostraram-me na igreja da minha terra Um Paraíso com harpas pintado E o Inferno onde fervem almas danadas, Um enche-me de júbilo, o outro me aterra. VILLON. F. In: GOMBRICH, E. História da arte. Lisboa: LTC. 1999. Os versos do poeta francês François Villon fazem referência às imagens presentes nos templos católicos medievais. Nesse contexto, as imagens eram usadas com o objetivo de: a) refinar o gosto dos cristãos. b) incorporar ideais heréticos. c) educar os fiéis através do olhar. d) divulgar a genialidade dos artistas católicos. e) valorizar esteticamente os templos religiosos. 6. O café tem origem na região onde hoje se encontra a Etiópia, mas seu cultivo e consu- mo se disseminaram a partir da Península Árabe. Aportou à Europa por Constantinopla e, finalmente, em 1615, ganhou a cidade de Veneza. Quando o café chegou à região euro- peia, alguns clérigos sugeriram que o produ- to deveria ser excomungado, por ser obra do diabo. O papa Clemente VIII (1592-1605), contudo, resolveu provar a bebida. Tendo gostado do sabor, decidiu que ela deveria ser batizada para que se tornasse uma “bebida verdadeiramente cristã”. THORN, J. Guia do café. Lisboa: Livros e livros, 1998 (adaptado). A postura dos clérigos e do papa Clemente VIII diante da introdução do café na Europa Ocidental pode ser explicada pela associação dessa bebida ao: a) ateísmo. b) judaísmo. c) hinduísmo. d) islamismo. e) protestantismo. 7. Para uns, a Idade Média foi uma época de trevas, pestes, fome, guerras sanguinárias, superstições, crueldade. Para outros, uma época de bons cavaleiros, damas corteses, fadas, guerras honradas, torneios, grandes ideais. Ou seja, uma Idade Média “má” e uma Idade Média “boa”. Tal disparidade de apreciações com relação a esse período da História se deve: a) ao Renascimento, que começou a valorizar a comprovação documental do passado, for- mando acervos documentais que mostram tanto a realidade “boa” quanto a “má”. b) à tradição iluminista, que usou a Idade Mé- diacomo contraponto a seus valores racio- nalistas, e ao Romantismo, que pretendia ressaltar as “boas” origens das nações. c) à indústria de videojogos e cinema, que encontrou uma fonte de inspiração nessa mistura de fantasia e realidade, construindo uma visão falseada do real. d) ao Positivismo, que realçou os aspectos po- sitivos da Idade Média, e ao marxismo, que denunciou o lado negativo do modo de pro- dução feudal. e) à religião, que com sua visão dualista e ma- niqueísta do mundo, alimentou tais inter- pretações sobre a Idade Média. 8. A Praça da Concórdia, antiga Praça Luís XV, é a maior praça pública de Paris. Inaugurada em 1763, tinha em seu centro uma estátua do rei. Situada ao longo do Sena, ela é a in- tersecção de dois eixos monumentais. Bem nesse cruzamento está o Obelisco de Luxor, decorado com hieróglifos que contam os rei- nados dos faraós Ramsés II e Ramsés III. Em 1829, foi oferecido pelo vice-rei do Egito ao povo francês e, em 1836, instalado na praça diante de mais de 200 mil espectadores e da família real. NOBLAT, R. Disponível em: www.oglobo. com Acesso em: 12 dez. 2012. A constituição do espaço público da Praça da Concórdia ao longo dos anos manifesta o(a): a) lugar da memória na história nacional. b) caráter espontâneo das festas populares. c) lembrança da antiguidade da cultura local. d) triunfo da nação sobre os países africanos. e) declínio do regime de monarquia absolutista. 28 9. Durante a realeza, e nos primeiros anos repu- blicanos, as leis eram transmitidas oralmen- te de uma geração para outra. A ausência de uma legislação escrita permitia aos patrícios manipular a justiça conforme seus interes- ses. Em 451 a.C., porém, os plebeus conse- guiram eleger uma comissão de dez pessoas – os decênviros – para escrever as leis. Dois deles viajaram a Atenas, na Grécia, para es- tudar a legislação de Sólon. COULANGES, F. A cidade antiga. São Paulo: Martins Fontes, 2000. A superação da tradição jurídica oral no mundo antigo, descrita no texto, esteve re- lacionada à: a) adoção do sufrágio universal masculino. b) extensão da cidadania aos homens livres. c) afirmação de instituições democráticas. d) implantação de direitos sociais. e) tripartição dos poderes políticos. 10. Texto I Olhamos o homem alheio às atividades pú- blicas não como alguém que cuida apenas de seus próprios interesses, mas como um inú- til; nós, cidadãos atenienses, decidimos as questões públicas por nós mesmos na cren- ça de que não é o debate que é empecilho à ação, e sim o fato de não se estar esclarecido pelo debate antes de chegar a hora da ação. TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso. Brasília: UnB, 1987 (adaptado). Texto II Um cidadão integral pode ser definido por nada mais nada menos que pelo direito de administrar justiça e exercer funções públi- cas; algumas destas, todavia, são limitadas quanto ao tempo de exercício, de tal modo que não podem de forma alguma ser exer- cidas duas vezes pela mesma pessoa, ou so- mente podem sê-lo depois de certos interva- los de tempo prefixados. ARISTÓTELES. Política. Brasília: UnB, 1985. Comparando os textos I e II, tanto para Tu- cídides (no século V a.C.) quanto para Aris- tóteles (no século IV a.C.), a cidadania era definida pelo(a): a) prestígio social. b) acúmulo de riqueza. c) participação política. d) local de nascimento. e) grupo de parentesco. 11. No início foram as cidades. O intelectual da Idade Média – no Ocidente – nasceu com elas. Foi com o desenvolvimento urbano ligado às funções comercial e industrial – digamos modestamente artesanal – que ele apareceu, como um desses homens de ofício que se instalavam nas cidades nas quais se impôs a divisão do trabalho. Um homem cujo ofício é escrever ou ensinar, e de preferência as duas coisas a um só tempo, um homem que, profis- sionalmente, tem uma atividade de professor e erudito, em resumo, um intelectual – esse homem só aparecerá com as cidades. LE GOFF, J. Os intelectuais na Idade Média. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010 O surgimento da categoria mencionada no período em destaque no texto evidencia o(a): a) apoio dado pela Igreja ao trabalho abstrato. b) relação entre desenvolvimento urbano e di- visão de trabalho. c) importância organizacional das corporações de ofício. d) progressiva expansão da educação escolar. e) acúmulo de trabalho dos professores e eruditos. 12. A casa de Deus, que acreditam una, está, portanto, dividida em três: uns oram, outros combatem, outros, enfim, trabalham. Essas três partes que coexistem não suportam ser separadas; os serviços prestados por uma são a condição das obras das outras duas; cada uma por sua vez encarrega-se de aliviar o conjunto... Assim a lei pode triunfar e o mundo gozar da paz. ALDALBERON DE LAON. In: SPINOSA, F. Antologia de textos históricos medievais. Lisboa: Sá da Costa, 1981. A ideologia apresentada por Aldalberon de Laon foi produzida durante a Idade Média. Um objetivo de tal ideologia e um processo que a ela se opôs estão indicados, respecti- vamente, em: a) justificar a dominação estamental / revoltas camponesas. b) subverter a hierarquia social / centralização monárquica. c) impedir a igualdade jurídica / revoluções burguesas. d) controlar a exploração econômica / unifica- ção monetária. e) questionar a ordem divina / Reforma católica 13. (ENEM) O canto triste dos conquistados: os últimos dias de Tenochtitlán Nos caminhos jazem dardos quebrados; os cabelos estão espalhados. Destelhadas estão as casas, Vermelhas estão as águas, os rios, como se alguém as tivesse tingido, Nos escudos esteve nosso resguardo, mas os escudos não detêm a desolação… PINSKY, J. et al. História da América através de textos. São Paulo: Contexto, 2007 (fragmento). 29 O texto é um registro asteca, cujo sentido está relacionado ao(à): a) tragédia causada pela destruição da cultura desse povo. b) tentativa frustrada de resistência a um po- der considerado superior. c) extermínio das populações indígenas pelo Exército espanhol. d) dissolução da memória sobre os feitos de seus antepassados. e) profetização das consequências da coloniza- ção da América. 14. (ENEM) Na antiga Grécia, o teatro tratou de questões como destino, castigo e justiça. Muitos gregos sabiam de cor inúmeros ver- sos das peças dos seus grandes autores. Na Inglaterra dos séculos XVI e XVII, Shakes- peare produziu peças nas quais temas como o amor, o poder, o bem e o mal foram trata- dos. Nessas peças, os grandes personagens falavam em verso e os demais em prosa. No Brasil colonial, os índios aprenderam com os jesuítas a representar peças de cará- ter religioso. Esses fatos são exemplos de que, em diferen- tes tempos e situações, o teatro é uma forma: a) de manipulação do povo pelo poder, que controla o teatro. b) de diversão e de expressão dos valores e pro- blemas da sociedade. c) de entretenimento popular, que se esgota na sua função de distrair. d) de manipulação do povo pelos intelectuais que compõem as peças. e) de entretenimento, que foi superada e hoje é substituída pela televisão. 15. (ENEM) Acompanhando a intenção da bur- guesia renascentista de ampliar seu domínio sobre a natureza e sobre o espaço geográfico, através da pesquisa científica e da invenção tecnológica, os cientistas também iriam se atirar nessa aventura, tentando conquistar a forma, o movimento, o espaço, a luz, a cor e mesmo a expressão e o sentimento. SEVCENKO, N. O Renascimento. Campinas: Unicamp, 1984. O texto apresenta um espírito de época que afetou também a produção artística, marca- da pela constante relação entre: a) fé e misticismo. b) ciência e arte. c) cultura e comércio. d) política e economia. e) astronomia e religião. 16. (ENEM) Quem construiu a Tebas de sete portas? Nos livros estão nomes de reis. Arrastaram eles os blocos de pedra? E a Babilônia várias vezes destruída. Quem a reconstruiu tantas vezes? Em que casas da Lima dourada moravam os construtores? Para onde foramos pedreiros, na noite em que a Muralha da China ficou pronta? A grande Roma está cheia de arcos do triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem triunfaram os césares? BRECHT, B. Perguntas de um trabalhador que lê. Disponível em: http://recantodasletras. uol.com.br. Acesso em: 28 abr. 2010. Partindo das reflexões de um trabalhador que lê um livro de História, o autor censura a memória construída sobre determinados monumentos e acontecimentos históricos. A crítica refere-se ao fato de que: a) os agentes históricos de uma determinada sociedade deveriam ser aqueles que reali- zaram feitos heroicos ou grandiosos e, por isso, ficaram na memória. b) a História deveria se preocupar em memori- zar os nomes de reis ou dos governantes das civilizações que se desenvolveram ao longo do tempo. c) grandes monumentos históricos foram cons- truídos por trabalhadores, mas sua memória está vinculada aos governantes das socieda- des que os construíram. d) os trabalhadores consideram que a História é uma ciência de difícil compreensão, pois trata de sociedades antigas e distantes no tempo. e) as civilizações citadas no texto, embora mui- to importantes, permanecem sem terem sido alvos de pesquisas históricas. 17. Três décadas – de 1884 a 1914 – separam o século XIX – que terminou com a corrida dos países europeus para a África e com o surgi- mento dos movimentos de unificação nacio- nal na Europa – do século XX, que começou com a Primeira Guerra Mundial. É o período do Imperialismo, da quietude estagnante na Europa e dos acontecimentos empolgantes na Ásia e na África. ARENDT, H. As origens do totalitarismo. São Paulo: Cia. das Letras, 2012. O processo histórico citado contribuiu para a eclosão da Primeira Grande Guerra na me- dida em que: a) difundiu as teorias socialistas. b) acirrou as disputas territoriais. c) superou as crises econômicas. d) multiplicou os conflitos religiosos. e) conteve os sentimentos xenófobos. 30 18. Que é ilegal a faculdade que se atribui à au- toridade real para suspender as leis ou seu cumprimento. Que é ilegal toda cobrança de impostos para a Coroa sem o concurso do Parlamento, sob pre- texto de prerrogativa, ou em época e modo diferentes dos designados por ele próprio. Que é indispensável convocar com frequên- cia os Parlamentos para satisfazer os agra- vos, assim como para corrigir, afirmar e con- servar as leis. Declaração dos Direitos. Disponível em http://disciplinas stoa.usp.br. Acesso em: 20 dez. 2011 (adaptado). No documento de 1689, identifica-se uma particularidade da Inglaterra diante dos de- mais Estados europeus na Época Moderna. A peculiaridade inglesa e o regime político que predominavam na Europa continental estão indicados, respectivamente, em: a) Redução da influência do papa — Teocracia. b) Limitação do poder do soberano — Absolutismo. c) Ampliação da dominação da nobreza — Re- pública. d) Expansão da força do presidente — Parla- mentarismo. e) Restrição da competência do congresso — Presidencialismo. 19. O Império Inca, que corresponde principal- mente aos territórios da Bolívia e do Peru, chegou a englobar enorme contingente po- pulacional. Cuzco, a cidade sagrada, era o centro administrativo, com uma sociedade fortemente estratificada e composta por im- peradores, nobres, sacerdotes, funcionários do governo, artesãos, camponeses, escravos e soldados. A religião contava com vários deu- ses, e a base da economia era a agricultura. Principalmente o cultivo da batata e do milho. A principal característica da sociedade inca era a: a) ditadura teocrática, que igualava a todos. b) existência da igualdade social e da coletivi- zação da terra. c) estrutura social desigual compensada pela coletivização de todos os bens. d) existência de mobilidade social, o que levou à composição da elite pelo mérito. e) impossibilidade de se mudar de extrato social e a existência de uma aristocracia hereditária. 20. A lei não nasce da natureza, junto das fon- tes frequentadas pelos primeiros pastores: a lei nasce das batalhas reais, das vitórias, dos massacres, das conquistas que têm sua data e seus heróis de horror: a lei nasce das cidades incendiadas, das terras devastadas; ela nasce com os famosos inocentes que ago- nizam no dia que está amanhecendo. FOUCAULT. M. Aula de 14 de janeiro de 1976. In. Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes. 1999 O filósofo Michel Foucault (séc. XX) inova ao pensar a política e a lei em relação ao poder e à organização social. Com base na reflexão de Foucault, a finali- dade das leis na organização das sociedades modernas é: a) combater ações violentas na guerra entre as nações. b) coagir e servir para refrear a agressividade humana. c) criar limites entre a guerra e a paz praticadas entre os indivíduos de uma mesma nação. d) estabelecer princípios éticos que regulamen- tam as ações bélicas entre países inimigos. e) organizar as relações de poder na sociedade e entre os Estados. 21. O príncipe, portanto, não deve se incomodar com a reputação de cruel, se seu propósito é manter o povo unido e leal. De fato, com uns poucos exemplos duros poderá ser mais clemente do que outros que, por muita pie- dade, permitem os distúrbios que levem ao assassínio e ao roubo. MAQUIAVEL, N. O Príncipe, São Paulo: Martin Claret, 2009. No século XVI, Maquiavel escreveu O Prínci- pe, reflexão sobre a Monarquia e a função do governante. A manutenção da ordem social, segundo esse autor, baseava-se na: a) inércia do julgamento de crimes polêmicos. b) bondade em relação ao comportamento dos mercenários. c) compaixão quanto à condenação de trans- gressões religiosas. d) neutralidade diante da condenação dos servos. e) conveniência entre o poder tirânico e a mo- ral do príncipe. 22. Em nosso país queremos substituir o egoís- mo pela moral, a honra pela probidade, os usos pelos princípios, as conveniências pelos deveres, a tirania da moda pelo império da razão, o desprezo à desgraça pelo desprezo ao vício, a insolência pelo orgulho, a vaidade pela grandeza de alma, o amor ao dinheiro pelo amor à glória, a boa companhia pelas boas pessoas, a intriga pelo mérito, o espi- rituoso pelo gênio, o brilho pela verdade, o tédio da volúpia pelo encanto da felicidade, a mesquinharia dos grandes pela grandeza do homem. HUNT, L. Revolução Francesa e Vida Privada. In: PERROT, M. (Org.) História da Vida Privada: da Revolução Francesa à Primeira Guerra. Vol. 4. São Paulo: Companhia das Letras, 1991 (adaptado). O discurso de Robespierre, de 5 de fevereiro de 1794, do qual o trecho transcrito é parte, 31 relaciona-se a qual dos grupos político-so- ciais envolvidos na Revolução Francesa? a) À alta burguesia, que desejava participar do poder legislativo francês como força política dominante. b) Ao clero francês, que desejava justiça social e era ligado à alta burguesia. c) A militares oriundos da pequena e média burguesia, que derrotaram as potências ri- vais e queriam reorganizar a França interna- mente. d) À nobreza esclarecida, que, em função do seu contato, com os intelectuais iluministas, desejava extinguir o absolutismo francês. e) Aos representantes da pequena e média bur- guesia e das camadas populares, que deseja- vam justiça social e direitos políticos. 23. O movimento operário ofereceu uma nova resposta ao grito do homem miserável no princípio do século XIX. A resposta foi a consciência de classe e a ambição de clas- se. Os pobres então se organizavam em uma classe específica, a classe operária, diferente da classe dos patrões (ou capitalistas). A Re- volução Francesa lhes deu confiança: a Re- volução Industrial trouxe a necessidade da mobilização permanente. HOBSBAWN, E. J. A era das revoluções. São Paulo: Paz e Terra, 1977. No texto, analisa-se o impacto das Revoluções Francesa e Industrial para a organização da classe operária. Enquanto a “confiança” dada pela Revolução Francesa era originária do significado da vitória revolucionária
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