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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ESTRUTURAS E CONSTRUÇÃO CIVIL NORMA DE DESEMPENHO E SUAS APLICAÇÕES: REQUISITOS ARQUITETÔNICOS, LUMÍNICOS, TÉRMICOS E ACÚSTICOS TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO Fernanda Saidelles Bataglin Santa Maria, RS, Brasil 2014 2 NORMA DE DESEMPENHO E SUAS APLICAÇÕES: REQUISITOS ARQUITETÔNICOS, LUMÍNICOS, TÉRMICOS E ACÚSTICOS por Fernanda Saidelles Bataglin Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de Engenharia Civil, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Civil. Orientador: Prof. Dr. Antônio L. Guerra Gastaldini Santa Maria, RS, Brasil 2014 3 Universidade Federal de Santa Maria Centro de Tecnologia Departamento de Estruturas e Construção Civil A comissão examinadora, abaixo assinada, aprova o Trabalho de Conclusão de Curso NORMA DE DESEMPENHO E SUAS APLICAÇÕES: REQUISITOS ARQUITETÔNICOS, LUMÍNICOS, TÉRMICOS E ACÚSTICOS elaborado por Fernanda Saidelles Bataglin como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Civil COMISSÃO EXAMINADORA: _______________________________ Antônio L. Guerra Gastaldini, Dr. (Presidente/Orientador) ______________________________ Joaquim Pizzutti dos Santos, Dr. (UFSM) (1º membro) ______________________________ Larissa Kirchhof, Dr. (UFSM) (2º membro) Santa Maria, 11 de julho de 2014 4 AGRADECIMENTOS Agradecer é um gesto muito importante. De alguma maneira tudo o que se é conquistado depende de todo o esforço e dedicação, ora de nós mesmos e outras vezes de pessoas que cruzam o nosso caminho para nos auxiliar. Agradeço a minha família por sempre me incentivarem com todo carinho e apoio incondicional. Em especial a minha Avó Leda, que durante toda a vida sempre me amparou e participou da minha caminhada até aqui. Ao meu namorado Macklini, que desde o início da minha faculdade me acompanhou e me auxiliou sempre. Agradeço ao professor Antônio Gastaldini, meu orientador, que com sua experiência e seu conhecimento participou deste trabalho. A todos os demais professores do Curso que de alguma maneira transmitiram seu conhecimento e contribuíram para a minha formação. Aos colegas e amigos que fizeram e com certeza farão parte da minha vida por longos anos. Agradecer ao Alexandre Reis, membro da Gerencia de Desenvolvimento Urbano de Santa Maria (GIDUR/SM) pelo auxílio prestado ao colaborar com informações a respeito dos programas da Caixa Econômica Federal. 5 RESUMO Trabalho de conclusão de curso Departamento de Estruturas e Construção Civil Universidade Federal de Santa Maria NORMA DE DESEMPENHO E SUAS APLICAÇÕES: REQUISITOS ARQUITETÔNICOS, LUMÍNICOS, TÉRMICOS E ACÚSTICOS AUTORA: Fernanda Saidelles Bataglin ORIENTADOR: Prof. Dr. Antônio L. Guerra Gastaldini DATA E LOCAL DA DEFESA: Santa Maria, 11 de julho de 2014. A abordagem do desempenho na construção civil é o início de uma mudança que orienta para o desenvolvimento de tecnologias e práticas construtivas inovadoras. A situação corrente do Brasil, com incentivos ao crédito imobiliário para a parcela da população menos favorecida através de programas como o “Minha Casa, Minha Vida (PMCMV)” desenvolvidos pelo Governo Federal, fazendo crescer a demanda no setor da construção civil, faz necessária a existência de padrões de exigências para um desempenho mínimo nas edificações. O conjunto normativo NBR 15.575 – Edificações Habitacionais – Desempenho (2013) surge com este desafio e traz o conceito de comportamento em uso de componentes e sistemas das edificações, sendo que a construção habitacional deve atender e cumprir exigências dos usuários ao longo dos anos, promovendo uma melhoria na qualidade da produção das edificações. O objetivo principal deste trabalho consiste de um estudo comparativo entre as especificações exigidas pela norma de Desempenho (2013), pelo PMCMV e pelo Código de Obras e Edificações da cidade de Santa Maria (COESM). A análise das características se deu com o estudo da NBR 15.575 (2013) e os mais importantes tópicos abordados nesta com relação a requisitos arquitetônicos, lumínicos, térmicos e acústicos juntamente com a análise das características do PMCMV e do COESM voltadas para o desempenho das unidades habitacionais. Concluído o estudo comparativo é perceptível que a Norma de desempenho (2013) surge para representar um grande avanço na construção civil tratando de questões importantes, que muitas vezes são esquecidas na idealização de um projeto. O PMCMV e suas especificações percebe-se uma grande semelhança com a norma. Já o COESM necessita de uma atualização de suas informações para que possa exigir suas especificações. Palavras-chave: desempenho; NBR 15.575; usuários. 6 LISTA DE TABELAS TABELA 1 – Requisitos de usuários ISO 6241 .............................................................19 TABELA 2 – Vida útil de projeto mínima e superior ....................................................21 TABELA 3 – Critério de avaliação de desempenho térmico para condições de verão ..23 TABELA 4 – Critério de avaliação de desempenho mínimo para condições de inverno .........................................................................................................................................23 TABELA 5 – Níveis de iluminamento natural ...............................................................24 TABELA 6 – Fator de luz diurna para os diferentes ambientes da habitação ................24 TABELA 7 – Níveis de iluminamento geral para iluminamento artificial ....................24 TABELA 8 – Valores máximos do nível de pressão sonora contínuo equivalente, LAeq,nT, medido em dormitórios ......................................................................................25 TABELA 9 – Valores máximos do nível de pressão sonora máximo, LASmáx.,nT, medido em dormitórios ................................................................................................................26 TABELA 10 – Móveis e equipamentos-padrão a serem acomodados nos diferentes ambientes ........................................................................................................................26 TABELA 11 – Dimensões mínimas de mobiliário e circulação ....................................27 TABELA 12 – Deslocamentos-limites para cargas permanentes e cargas acidentais em geral ................................................................................................................................30 TABELA 13 – Flechas máximas para vigas e lajes (cargas gravitacionais permanentes e acidentais) .......................................................................................................................31 TABELA 14 – Critério e nível de pressão sonora de impacto-padrão ponderado, L’nT,w .........................................................................................................................................33TABELA 15 – Critérios de diferença padronizada de nível ponderada, DnT,w ...............33 TABELA 16 – Transmitância térmica de paredes externas ...........................................35 TABELA 17 – Capacidade térmica de paredes externas ...............................................35 TABELA 18 – Área mínima de ventilação em dormitórios e sala de estar ...................36 7 TABELA 19 – Valores mínimos da diferença padronizada de nível ponderada, D2m, nT,w, da vedação externa de dormitório ...................................................................................37 TABELA 20 – Valores mínimos da diferença padronizada de nível ponderada, DnT,w, entre ambientes ...............................................................................................................37 TABELA 21 – Índice de redução sonora ponderado, Rw, de componentes construtivos utilizados nas vedações entre ambientes ........................................................................38 TABELA 22 – Critérios de coberturas quanto a transmitância térmica – M .................39 TABELA 23 – Especificações mínimas Apartamento* / Casa sobreposta* / Village* / Sobrado ** para item 7.1 do Anexo I da Portaria 465 de 03 de outubro de 2011 ..........44 TABELA 24 – Especificações mínimas Casa * para item 7.1 do Anexo I da Portaria 465 de 03 de outubro de 2011 ...............................................................................................46 TABELA 25 – Especificações mínimas Apartamento* / Casa sobreposta* / Village* / Sobrado ** para item 7.2.1 do Anexo I da Portaria 465 de 03 de outubro de 2011 .........................................................................................................................................49 TABELA 26 – Especificações mínimas Casa * para item 7.2.1 do Anexo I da Portaria 465 de 03 de outubro de 2011 ........................................................................................51 TABELA 27 – Exigências do COESM ..........................................................................53 TABELA 28 – Resultados de Rw para paredes e divisórias pesadas usuais ...................63 TABELA 29 – Resultados de Rw para paredes e divisórias leves usuais com material absorvente .......................................................................................................................64 TABELA 30 – Valores do nível de pressão sonora de impacto padrão ponderado, L’nT,w, para diferentes composições ...........................................................................................65 8 LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – Estrutura da Norma de Desempenho ........................................................17 FIGURA 2 – Desempenho ao longo do tempo ...............................................................21 FIGURA 3 – Zoneamento bioclimático brasileiro ........................................................22 FIGURA 4 – Fluxo operacional de aprovação de projetos ............................................41 FIGURA 5 – Modelo da planilha de medições ..............................................................43 FIGURA 6 – Comparativo NBR 15.575 x PMCMV x COESM ....................................57 FIGURA 7 – Áreas de dormitórios e salas de estar conforme as especificações mínimas .........................................................................................................................................59 FIGURA 8 – Métodos alternativos de avaliação do desempenho térmico .....................61 FIGURA 9 – Layout apartamento de dois dormitórios ..................................................67 FIGURA 10 – Layout apartamento de três dormitórios .................................................68 FIGURA 11 – Disposição estrutural da edificação ........................................................68 FIGURA 12 – Vedações verticais ..................................................................................69 FIGURA 13 – Elevações da alvenaria esttrutural ..........................................................69 9 LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS PMCMV – Programa Minha Casa, Minha Vida COESM – Código de obras e edificações de Santa Maria GIDUR – Gerência de Filial de Desenvolvimento Urbano e Rural FINEP – Fundo de Financiamento de Estudos de Projetos e Programas CEF – Caixa Econômica Federal ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas COBRACON – Comitê Brasileiro de Construção Civil SINDUSCON – Sindicato da Indústria da Construção Civil SECOVI – Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas ISO – International Organization for Standardization VU – Vida útil VUP – Vida útil de projeto LAeq,nT – Nível de pressão sonora contínuo equivalente LASmáx.,nT – Nível de pressão sonora máximo Sgk – Flecha característica para carga gravitacional Sqk – Flecha característica para carga permanente SVVIE – Sistemas de vedações verticais internas e externas ELU – Estado limite último ELS – Estado limite de serviço L’nT,w – Nível de pressão sonora de impacto-padrão ponderado U – Transmitância térmica CT – Capacidade térmica 10 D2m, nT,w – Diferença padronizada de nível ponderada da vedação externa de dormitório DnT,w – Diferença padronizada de nível ponderada entre ambientes Rw – Índice de redução sonora ponderada CEF – Caixa Econômica Federal PNHU – Programa Nacional de Habitação Urbana PNHR – Programa Nacional de Habitação Rural FAR – Fundo de Arrendamento Residencial CBIC – Comitê Brasileiro da Indústria da Construção 11 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .....................................................................................................13 1.1 Justificativa para escolha do tema ............................................................................14 1.2 Objetivos .....................................................................................................................14 1.2.1 Objetivo geral .............................................................................................................. .14 1.2.2 Objetivo específico .......................................................................................................14 1.3 Metodologia .................................................................................................................15 1.4 Estrutura do trabalho ................................................................................................15 2. A NORMA ABNT NBR 15.575 ........................................................................16 2.1 Histórico da NBR 15.575 “Edificações habitacionais – Desempenho” ..................17 2.2 Parte 1 – Requisitos Gerais .......................................................................................18 2.3 Parte 2 – Requisitos para os sistemas estruturais ...................................................29 2.4 Parte 3 – Requisitos para os sistemas de piso ..........................................................32 2.5 Parte 4 – Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas..34 2.6 Parte 5 – Requisitos para os sistemas de coberturas ...............................................382.7 Parte 6 – Requisitos para os sistemas hidrossanitários ..........................................39 3. PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA ...........................................40 3.1 Histórico ......................................................................................................................40 3.2 Particularidades do PMCMV ...................................................................................41 3.3 Especificações mínimas do PMCMV ........................................................................44 4. CÓDIGO DE OBRAS E EDIFICAÇÕES ....................................................53 4.1 Exigências do Código de Obras e Edificações de Santa Maria ..............................53 5. RELAÇÃO ENTRE A NORMA, O PMCMV E O COESM ................55 12 5.1 Especificações mínimas quanto ao projeto arquitetônico ......................................55 5.2 Especificações mínimas quanto ao desempenho lumínico ......................................57 5.3 Especificações mínimas quanto ao desempenho térmico ........................................58 5.4 Especificações mínimas quanto ao desempenho acústico .......................................61 6. ACOMPANHAMENTO DAS VISTORIAS REALIZADAS POR TÉCNICOS REPRESENTANTES DA CAIXA ECONÔMICA FEDERAL ...................................................................................................................................................65 6.1 Características do empreendimento: Edifício Residencial Solar Solamanca .......65 6.2 Etapa da obra analisada ............................................................................................65 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................69 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................71 13 1. INTRODUÇÃO A construção civil brasileira passa por um período de grande desenvolvimento deixando os profissionais desta área animados. Com isso grandes desafios para o ramo começam a surgir e a maior demanda por atividades do setor faz com que as construtoras e incorporadoras tenham que se adaptarem as exigências do mercado atual. A política desenvolvida pelo governo federal, através de projetos como o Minha Casa Minha Vida, em parceria com estados, municípios e empresas tornou possível que famílias brasileiras sem condições de adquirir a casa própria, pudessem, através da Caixa Econômica Federal, financiar seu imóvel. Essa estratégia governamental faz com que a parcela emergente da classe C aqueça o mercado imobiliário nacional. Grandes incorporadoras e construtoras brasileiras e até mesmo estrangeiras começam um processo para adquirir grandes áreas para a construção de habitações populares, e assim é relevante a expectativa de uma larga escala de produção de habitações populares. Tendo em vista que esse desenvolvimento da construção civil voltado para habitações populares é necessário a existência de padrões mínimos técnicos para esses empreendimentos e que devem obrigatoriamente ser atendidos pelas construtoras. Diversas questões como: qual a vida útil para essa habitação, qual o desempenho acústico mínimo para um determinado ambiente, quais as dimensões mínimas de cada compartimento; precisam ser estudadas e respondidas. Uma construção pode ser considerada como um produto, devendo apresentar determinadas características que o capacitem cumprir objetivos e funções, para os quais foi projetado, no momento que submetido a determinadas condições de exposição e de uso. O conceito de desempenho de edifícios e seus sistemas vêm sendo estudados há mais de 40 anos no mundo todo, e hoje o tema está consolidado no meio acadêmico na maioria dos países desenvolvidos e em desenvolvimento. A busca pela racionalização e industrialização dos sistemas construtivos, pela redução de custos e inovação tecnológica, associadas à necessidade de muitos países de construir em larga escala para suprir déficits habitacionais crescentes, passa pela discussão de qual desempenho se pretende obter para as edificações ao longo de uma vida útil desejada (BORGES, 2008). O desempenho de uma edificação pode ser entendido como o seu comportamento ao longo de sua vida útil (BLACHERE, 1974 apud BORGES, 2008). Baseado no conceito de desempenho voltado para as necessidades dos usuários e para o uso e operação das edificações é que o conjunto normativo ABNT NBR 15.575 “Edificações Habitacionais – Desempenho” surge para auxiliar no controle de diversos 14 requisitos das unidades habitacionais. Através da determinação de responsabilidades e da exigência de regras que são fundamentais para a garantia da qualidade de vida da população e da segurança estrutural do imóvel é que a Norma institui critérios de qualidade para a construção de um empreendimento. 1.1 Justificativa para escolha do tema A existência de uma norma que avalie o desempenho de uma edificação e trate a edificação como um produto depois de pronta é vantajosa tanto para as construtoras e incorporadoras como para os usuários. A exigência de padrões mínimos de qualidade para fatores como acústico, térmico, de segurança contra incêndio entre outros, trará maior confiança para os ocupantes da habitação. A situação atual do nosso país, com a criação de programas de incentivo ao crédito imobiliário para a parcela da população menos favorecida, também faz com que existam critérios de qualidade para estas habitações e, assim, o atendimento ao desempenho mínimo obrigatório que é exigido pela Norma. Por isso, o conhecimento dos requisitos e critérios da Norma de Desempenho e suas principais características são de suma importância para quem atua na área de construção civil. Neste contexto é que este trabalho se torna oportuno, tendo como foco principal a Norma de Desempenho de Edificações (2013). 1.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo geral O objetivo geral deste trabalho consiste na análise dos mais importantes tópicos abordados na Norma de Desempenho (2013). Uma análise das características do Programa “Minha Casa, Minha Vida” voltadas para o desempenho das unidades habitacionais foi feita. O Código de Obras e Edificações da Cidade de Santa Maria também foi analisado no que diz respeito a especificações mínimas garantidas pela Norma. 1.2.2 Objetivo específico O objetivo específico deste trabalho consiste de um estudo comparativo entre as especificações exigidas pela norma de Desempenho (2013), pelo Programa Minha Casa 15 Minha Vida (PMCMV) e pelo Código de Obras e Edificações da cidade de Santa Maria (COESM). 1.3 Metodologia Inicialmente, a leitura da NBR ABNT 15575 “Edificações habitacionais – Desempenho” e pesquisas bibliográficas em dissertações, teses, reportagens, entre outros para um aprofundamento na questão da história do desempenho e suas principais ações na construção civil. No que diz respeito ao Programa Minha Casa, Minha Vida, foi buscado um embasamento teórico através de pesquisas no site do Ministério das Cidades, da Caixa Econômica Federal e alguns trabalhos relacionados a esse assunto. Foi realizado um contato com a Gerência de Filial de Desenvolvimento Urbano e Rural (GIDUR) da Caixa Econômica Federal de Santa Maria para maiores esclarecimentos sobre o programa, aprovação de projetos e a utilização da Norma de Desempenho. Após, foi feita uma análise das principais especificações exigidas pelo programa e aspectos da Norma de Desempenho. O Código deObras e Edificações de Santa Maria também foi estudado para obtenção de informações com relação as suas particularidades e a relação do mesmo com a Norma de Desempenho NBR 15.575 (2013). 1.4 Estrutura do trabalho O trabalho se divide em sete capítulos. O primeiro capítulo faz-se uma breve introdução a respeito do assunto que será discutido neste trabalho. No segundo capítulo são apresentados aspectos em relação à norma de desempenho (2013) com um resumo de cada uma das partes constituintes desta. O terceiro capítulo trata de informações relacionadas ao Programa Minha Casa Minha Vida e sua forma de estruturação. O quarto capítulo discorre sobre as especificações do Código de Obras e Edificações de Santa Maria relacionados a projetos de edificações. No quinto capítulo tem-se o estudo comparativo entre a Norma de Desempenho (2013), o Programa Minha Casa Minha Vida e o Código de Obras e Edificações da cidade de Santa Maria abrangendo questões relacionadas ao projeto arquitetônico e aos desempenhos lumínico, térmico e acústico. 16 2. A NORMA ABNT NBR 15.575 O objetivo da nova Norma de Desempenho (2013) é o cumprimento de requisitos de qualidade e a instituição de um nível mínimo de desempenho ao longo da vida útil dos principais elementos que compõem uma edificação habitacional. Ela não tem função de orientar a escolha do sistema construtivo por parte do projetista, mas ele deverá atender a condições pré-estabelecidas independentemente do método adotado. O estabelecimento de padrões mínimos de qualidade, baseando-se no desempenho e na durabilidade dos sistemas, convém para balizar o mercado da construção civil, que atua tornando o mercado mais regulado e dá segurança jurídica para os consumidores. Todas as normas brasileiras em vigor até o momento são denominadas prescritivas, ou seja, é uma série de requisitos e critérios exigidos para um produto ou procedimento específico, estabelecidos pelo seu uso consagrado ao longo do tempo, buscando atender aos requisitos dos usuários de maneira indireta. As normas prescritivas são quantitativas e referentes aos produtos. A norma de desempenho (2013), ao contrário das demais, determina as necessidades dos usuários que a construção como um todo deve atender, sendo um complemento às normas prescritivas, sem claro substituí-las. A norma de desempenho (2013) é tanto quantitativa como qualitativa e diz respeito ao funcionamento de sistemas inteiros. Segundo o Engenheiro Ércio Thomaz, pesquisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), em entrevista a Revista Techne (NAKAMURA, 2013), essa norma não é de entrada, que trata de como o produto deve ser quando vai à obra, mas de saída, regulamentando a forma como a edificação deve se comportar depois de entregue. A norma NBR 15575 (2013) segue uma estrutura que para cada necessidade do usuário e condição de exposição da edificação aparece uma sequência de requisitos de desempenho (qualitativos), critérios de desempenho (quantitativos) e respectivos métodos de avaliação. A figura 1 representa um esquema desta estrutura. Para o melhor entendimento, definem-se requisitos de desempenho como condições que expressam qualitativamente os atributos que a edificação habitacional e seus sistemas devem possuir, a fim de que possam atender aos requisitos do usuário. E critérios de desempenho podem ser entendidos como especificações quantitativas dos requisitos de desempenho, expressos em termos de quantidades mensuráveis, a fim de que possam ser objetivamente determinados. 17 Figura 1 – Estrutura da Norma de Desempenho 2.1 Histórico da NBR 15.575 (2013) “Edificações habitacionais – Desempenho” No ano de 1999, através do Fundo de Financiamento de Estudos de Projetos e Programas (FINEP), a Caixa Econômica Federal (CEF) patrocinou a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e o Comitê Brasileiro de Construção Civil (COBRACON) para o início dos estudos de formulação de uma norma que avaliasse a edificação como um produto final independentemente do sistema construtivo e materiais empregados, ou seja, avaliação do comportamento da edificação depois de entregue ao usuário. Especialistas foram contratados para redigir os textos-base em cada área. Neste momento inicia-se uma longa trajetória para a concepção final da então denominada Norma de Desempenho. Em 2004, o Sindicato da Indústria da Construção Civil de São Paulo (SINDUSCON- SP), o Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP) e especialistas atuantes no mercado da construção tomaram conhecimento da norma, em fase de preparação, e começaram a participar das comissões e grupos de trabalho. Em 2008, foi realizada a primeira publicação da norma que teria previsão de até 12 de maio de 2010 para entrar em vigor e um prazo de seis meses a partir desta data para ser exigida. Entretanto, muitos setores da construção não tinham tomado conhecimento a respeito da aplicabilidade desta norma e esta apresentava algumas exigências aquém das expectativas da sociedade, sendo assim motivo de muitas contestações. Diante disso, a norma entrou em 18 vigor em 2008, mas sua exigibilidade foi postergada pela ABNT de modo que ainda não se aplicava aos empreendimentos residenciais que estavam sendo projetados e construídos neste período e então a comissão de estudos retomou os trabalhos com uma revisão do texto já publicado. Assim sendo, os trabalhos foram concluídos em março de 2012 e em novembro foi encerrada a análise da consulta nacional sobre os textos. Finalmente a norma ABNT NBR 15575:2013 “Edificações Habitacionais – Desempenho” entrou oficialmente em vigor a partir de julho de 2013, sendo um conjunto normativo que constitui um importante marco para a modernização tecnológica das construções brasileiras e trará uma melhoria na qualidade das habitações. Então, tem-se o grande desafio no momento da abordagem de desempenho na construção civil, que é a tradução das necessidades dos usuários em requisitos e critérios que possam ser mensurados de maneira objetiva, dentro de determinadas condições de exposição e uso, e que sejam viável técnica e economicamente dentro da realidade de cada região. A Norma de Desempenho é composta de seis partes: requisitos gerais, requisitos para os sistemas estruturais, requisitos para os sistemas de pisos, requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas, requisitos para os sistemas de coberturas e por último, requisitos para os sistemas hidrossanitários, que assim como qualquer novidade traz muitas dúvidas e críticas por parte de construtores e consumidores. 2.2 Parte 1 – Requisitos Gerais A parte 1 da ABNT NBR 15575 (2013), denominada Requisitos Gerais, estabelece os requisitos e critérios de desempenho aplicáveis às edificações habitacionais, como um todo integrado, bem como a serem avaliados de forma isolada para um ou mais sistemas específicos. Os sistemas foram analisados em termos de desempenho mínimo obrigatório para os requisitos citados abaixo, seguindo as diretrizes da Norma ISO 6241 (BORGES, 2010) que são mencionados na tabela 1: Segurança estrutural; Segurança contra fogo; Segurança no uso e operação; Estanqueidade; Desempenho térmico; Desempenho acústico; Desempenho lumínico; 19 Saúde, higiene e qualidade do ar; Funcionalidade e acessibilidade; Conforto tátil e antropodinâmico; Durabilidade; Manutenibilidade; Impacto ambiental. Tabela1 – Requisitos de usuários ISO 6241 CATEGORIA EXEMPLOS 1. Requisitos de estabilidade. Resistência mecânica a ações estáticas e dinâmicas, tanto individualmente quanto em combinação. Resistência a impactos, ações abusivas intencionais ou não, ações acidentais, efeitos cíclicos. 2. Requisitos de segurança contra incêndio. Riscos de propagação de incêndio. Efeitos psicológicos de fumaça e calor. Tempo de acionamento de alarme (sistemas de detecção e de alarme). Tempo de evacuação da edificação (rotas de saída). Tempo de sobrevivência (compartimentalização do fogo). 3. Requisitos de segurança em uso. Segurança relativa a agentes agressivos (proteção contra explosões, queimaduras, pontos e bordas cortantes, mecanismos móveis, descargas elétricas, radioatividade, contato ou inalação de substâncias venenosas, infecção). Segurança durante movimentação e circulação (limitação de escorregamentos nos pisos, vias não obstruídas, corrimões, etc.). Segurança contra a entrada indevida de pessoas e/ou animais. 4. Requisitos de vedação. Vedação contra a água (de chuva, de subsolo, de água potável, de águas servidas, etc.). Vedação de água e de gás. Vedação de poeira e de neve. 5. Requisitos térmicos e de umidade. Controle da temperatura do ar, da radiação térmica, da velocidade do ar e da umidade relativa (limitação de variação em tempo e no espaço, resposta de controles). Controles de condensação. 6. Requisitos de pureza do ar. Ventilação. Controle de odores 7. Requisitos acústicos. Controle de ruídos internos e externos (contínuos e /ou intermitentes). Inteligibilidade sonora. Tempo de reverberação. 8. Requisitos visuais. Iluminação natural e artificial (iluminação necessária, estabilidade, contraste luminoso e proteção contra luz muito forte). Luz solar (insolação). Possibilidade de escuridão. Aspectos de espaço e de superfícies (cor, textura, regularidade, nivelamento, verticalidade, horizontalidade, perpendicularidade, etc.). Contato visual, internamente e com o mundo exterior (encadeamentos e barreiras referentes à privacidade, proteção contra distorção ótica). 9. Requisitos táteis. Propriedades das superfícies, aspereza, secura, calor, elasticidade. Proteção contra descargas de elasticidade estática. 10. Requisitos dinâmicos. Limitação de vibrações e acelerações de todo o conjunto (transientes e contínuas). Comodidade dos pedestres nas áreas expostas ao vento. Facilidades de movimentação (inclinação das rampas, disposição dos degraus de escadas). Margem de manobras (manipulação de portas, janelas, controle sobre equipamentos, etc.). 11. Requisitos de higiene. Instalação para cuidados e higiene do corpo humano. Suprimento de água. Condições de feitura de limpeza. Liberação de águas servidas, materiais servidos e fumaça. Limitação de emissão de contaminantes. 12. Requisitos para a conveniência de Quantidade, tamanho, geometria, subdivisão e inter-relação de espaços. Serviços e equipamentos. Condições (capacidade) de mobiliamento e flexibilidade. 20 espaços destinados a usos específicos. 13. Requisitos de durabilidade. Conservação (permanência) de desempenho em relação à necessária vida útil de serviços sujeitos a manutenção regular. 14. Requisitos econômicos. Custos de manutenção, operacionais e de capital. Custos de demolição. Fonte: BORGES, 2010 Termos como vida útil (VU), vida útil de projeto (VUP), prazo de garantia contratual e prazo de garantia legal devem ser conceituados e esclarecidos, de modo que, geralmente, são motivos de confusão e causam atrito entre construtores e usuários. Pela Norma de desempenho, construtor, incorporador e projetista, indubitavelmente, responsabilizam-se pelo prazo de garantia oferecido, já que a norma indica o tempo de vida útil para cada elemento, desde que o programa de manutenção seja seguido. A vida útil de projeto é definida pelo incorporador e projetista e segundo a Norma pode ser entendida como uma definição prévia da opção do usuário pela melhor relação custo global versus tempo de usufruto do bem (o benefício). Vida útil: período de tempo em que um edifício e/ou seus sistemas se prestam às atividades para os quais foram projetados e construídos, com atendimento dos níveis de desempenho previstos pela Norma, considerando a periodicidade e a correta execução dos processos de manutenção especificados no respectivo manual de uso, operação e manutenção (NBR 15.575 – Requisitos Gerais, 2013 p. 10). Vida útil de projeto: período estimado de tempo para o qual um sistema é projetado, a fim de atender aos requisitos de desempenho estabelecidos pela Norma, considerando o atendimento aos requisitos das normas aplicáveis, o estágio de conhecimento no momento do projeto e supondo o atendimento da periodicidade e correta execução dos processos de manutenção especificados no respectivo manual de uso, operação e manutenção (NBR 15.575 – Requisitos Gerais, 2013 p. 10). Prazo de garantia contratual: período de tempo, igual ou superior ao prazo de garantia legal, oferecido voluntariamente pelo fornecedor (incorporador, construtor ou fabricante) na forma de certificado ou termo de garantia ou contrato, para que o consumidor possa reclamar dos vícios aparentes ou defeitos verificados na entrega de seu produto. Este prazo pode ser diferenciado para cada um dos componentes do produto, a critério do fornecedor (NBR 15.575 – Requisitos Gerais, 2013 p. 9). Prazo de garantia legal: período de tempo previsto em lei que o comprador dispõe para reclamar dos vícios (defeitos) verificados na compra de produtos duráveis (NBR 15.575 – Requisitos Gerais, 2013 p. 9). A figura 2, extraída do anexo C, parte 1, da Norma Brasileira de Desempenho de Edificações, mostra que a vida útil pode ser prolongada se realizadas ações de manutenção corretamente. Dessa maneira, há garantia de atingir a vida útil de projeto. 21 Figura 2 – Desempenho ao longo do tempo Para cada sistema da edificação foi definida uma vida útil que deve ser adotada visando o padrão construtivo da edificação. A tabela 2 extraída do Anexo C, parte 1, da Norma mostra a vida útil de projeto mínima e superior (VUP) para estes sistemas. Tabela 2 – Vida útil de projeto mínima e superior (VUP) Sistemas VUP (anos) Mínimo Intermediário Superior Estrutura ≥50 ≥63 ≥75 Pisos internos ≥13 ≥17 ≥20 Vedação vertical externa ≥40 ≥50 ≥60 Vedação vertical interna ≥20 ≥25 ≥30 Cobertura ≥20 ≥25 ≥30 Hidrossanitário ≥20 ≥25 ≥30 No Anexo E (informativo) da Norma são estabelecidos níveis de desempenho intermediário (I) e superior (S) para o desempenho térmico, lumínico e acústico. Os níveis mínimos (M) que são esclarecidos nas partes 1 a 6 da NBR 15575 são repetidos para cada requisito para uma melhor análise comparativa. 22 a) Desempenho térmico: Para a verificação nas tabelas para a avaliação do desempenho térmico das edificações é necessário o conhecimento da zona bioclimática em que se localiza a mesma, sendo que o Brasil, por ter uma grande extensão territorial, foi dividido em 8 zonas, conforme figura 3. Figura 3 – Zoneamento bioclimático brasileiro (fonte: Guia CBIC, p.137) Os valores máximos de temperatura que representam condição de verão são apresentados na tabela 3 e os valores mínimos que representam condições de inverno são demonstrados na tabela 4. 23 Tabela 3 – Critériode avaliação de desempenho térmico para condições de verão Nível de desempenho Critério Zonas 1 a 7 Zona 8 M Ti,máx. ≤ Te,máx. Ti,máx. ≤ Te,máx. I Ti,máx. ≤ Te,máx. – 2 C Ti,máx. ≤ Te,máx. – 1 C S Ti,máx. ≤ Te,máx. – 4 C Ti,máx. ≤ Te,máx. – 2 C Ti,máx. é o valor máximo diário da temperatura do ar no interior da edificação. Em graus Celsius. Te,máx. é o valor máximo diário da temperatura do ar exterior à edificação. Em graus Celsius. Ti,mín. é o valor mínimo diário da temperatura do ar no interior da edificação. Em graus Celsius. Te,mín. é o valor mínimo diário da temperatura do ar interior à edificação. Em graus Celsius. Fonte: NBR 15575-1, 2013, p.62 Tabela 4 – Critério de avaliação de desempenho térmico para condições de inverno Nível de desempenho Critério Zonas 1 a 5 Zona 6,7 e 8 M Ti,m n. ≥ Te,m n. 3 C Nestas zonas, este critério não precisa ser verificado. I Ti,m n. ≥ Te,m n. 5 C S Ti,m n. ≥ Te,m n. 7 C Ti,mín. é o valor mínimo diário da temperatura do ar no interior da edificação. Em graus Celsius. Te,mín. é o valor mínimo diário da temperatura do ar interior à edificação. Em graus Celsius. Fonte: NBR 15575-1, 2013, p.63 b) Desempenho lumínico: existe uma subdivisão entre iluminação natural e artificial. Contando apenas com a iluminação natural, os níveis de iluminamento nas diferentes dependências da habitação são apresentados na tabela 5. Na tabela 6 são especificados fatores de luz diurna para os diferentes ambientes da habitação. Esse fator é a parcela da luz difusa proveniente do exterior que atinge o ponto interno de medida, é a razão percentual entre a iluminância interna no ponto de referência (centro do cômodo, a 0,75m de altura) e a iluminância externa disponível, sem incidência da radiação direta do sol. Para a iluminação artificial a tabela 7 determina os níveis de iluminamento geral para iluminação artificial. 24 Tabela 5 – Níveis de iluminamento natural Dependência Iluminamento geral para os níveis de desempenho lux M I S Sala de estar, dormitório, copa/cozinha e área de serviço. ≥ 60 ≥ 90 ≥ 120 Banheiro, corredor ou escada interna à unidade, corredor de uso comum (prédios), escadaria de uso comum (prédios), garagens/estacionamentos. Não requerido ≥ 30 ≥ 45 NOTA 1 Para os edifícios multipiso, são permitidos, para as dependências situadas no pavimento térreo ou em pavimentos abaixo da cota da rua, níveis de iluminância ligeiramente inferiores aos valores especificados nesta Tabela (diferença máxima de 20% em qualquer dependência). NOTA 2 Os critérios desta Tabela não se aplicam às áreas confinadas ou que não tenham iluminação natural. NOTA 3 Deve-se verificar e atender às condições mínimas requeridas pela legislação local. Fonte: NBR 15575-1, 2013, p.63 Tabela 6 – Fator de luz diurna para os diferentes ambientes da habitação Dependência FLD (%) para os níveis de desempenho M I S Sala de estar, dormitório, copa/cozinha e área de serviço. ≥ 0,50 % ≥ 0,65 % ≥ 0,75% Banheiro, corredor ou escada interna à unidade, corredor de uso comum (prédios), escadaria de uso comum (prédios), garagens/estacionamentos. Não requerido ≥ 0,25 % ≥ 0,35 % NOTA 1 Para os edifícios multipiso, são permitidos, para as dependências situadas no pavimento térreo ou em pavimentos abaixo da cota da rua, níveis de iluminância ligeiramente inferiores aos valores especificados nesta Tabela (diferença máxima de 20% em qualquer dependência). NOTA 2 Os critérios desta Tabela não se aplicam às áreas confinadas ou que não tenham iluminação natural. Fonte: NBR 15575-1, 2013, p.64 Tabela 7 – Níveis de iluminamento geral para iluminação artificial Dependência Iluminamento geral para os níveis de desempenho lux M I S Sala de estar, dormitório, banheiro, área de serviço, ≥ 100 ≥ 150 ≥ 200 25 garagens/estacionamentos internos e cobertos. Copa/cozinha ≥ 200 ≥ 300 ≥ 400 Corredor ou escada interna à unidade, corredor de uso comum (prédios), escadaria de uso comum (prédios). ≥ 100 ≥ 150 ≥ 200 Garagens/estacionamentos descobertos ≥ 20 ≥ 30 ≥ 40 Fonte: NBR 15575-1, 2013, p.64 c) Desempenho acústico: a medição do desempenho acústico é realizada nos dormitórios das unidades habitacionais autônomas ao lado, acima ou abaixo do local onde o equipamento em estudo instalado (ruído percebido) quando há o acionamento do equipamento (ruído emitido), sendo que as portas e janela devem estar fechadas durante as medições. Os métodos utilizados podem ser Método de Engenharia, descrito pela ISO 16032 (2004), que determina em campo, de forma rigorosa, os níveis de pressão sonora de equipamento predial em operação, e o Método Simplificado de campo, descrito pela ISO 10052 (2004), que permite a obtenção de uma estimativa dos níveis de pressão sonora de equipamento predial em operação, onde não se dispõe de instrumentação necessária para medir o tempo de reverberação (é o tempo em que o som se apresenta audível em um determinado local) no ambiente de medição ou quando as condições de ruído ambiente não permitem obter este parâmetro. Na tabela 8 são apresentados os níveis de pressão sonora contínuo equivalente padronizado (LAeq,nT) de um ciclo de operação do equipamento predial e na tabela 9 os níveis de pressão sonora máximo (LASmáx.,nT) do ruído gerado pela operação do equipamento. Tabela 8 – Valores máximos do nível de pressão sonora contínuo equivalente, LAeq,nT, medido em dormitórios LAeq,nT dB(A) Nível de desempenho ≤ 30 S ≤ 34 I ≤ 37 M Fonte: Tabela E.7, p. 66 da NBR 15575 – parte 1 26 Tabela 9 – Valores máximos do nível de pressão sonora máximo, LASmáx.,nT, medido em dormitórios LASmáx.,nT dB(A) Nível de desempenho ≤ 36 S ≤ 39 I ≤ 42 M Fonte: Tabela E.8, p. 66 da NBR 15575 – parte 1 d) Desempenho arquitetônico: O anexo F (informativo) apresenta recomendações para que os projetos de arquitetura das unidades habitacionais mantenham dimensões compatíveis com as necessidades humanas e a disponibilidade de espaço suficiente para colocação de móveis e equipamentos-padrão. Seguem na tabela 10 quais os móveis e equipamentos que cada cômodo deve conter para a realização das atividades essenciais do mesmo e na tabela 11 as dimensões mínimas de mobiliário e circulação. Tabela 10 – Móveis e equipamentos-padrão Atividades essenciais/Cômodo Móveis e equipamentos-padrão Dormir/Dormitório de casal Cama de casal + guarda-roupa + criado-mudo (mínimo 1) Dormir/Dormitório para duas pessoas (2º dormitório) Duas camas de solteiro + guarda-roupa + criado-mudo ou mesa de estudo Dormir/Dormitório para uma pessoa (3º dormitório) Cama de solteiro + guarda-roupa + criado-mudo Estar Sofá de dois ou três lugares + armário/estante + poltrona Cozinhar Fogão + geladeira + pia de cozinha + armário sobre a pia + gabinete + apoio para refeição (2 pessoas) Alimentar/tomar refeições Mesa + quatro cadeiras Fazer higiene pessoal Lavatório + chuveiro (box) + vaso sanitário NOTA: no caso de lavabos, não é necessário o chuveiro Lavar, secar e passar roupas Tanque (externo para unidades habitacionais térreas) + máquina de lavar roupa Estudar, ler, escrever, costurar, reparar e guardar objetos diversos Escrivaninha ou mesa + cadeira Fonte: NBR 15575-1, 2013, p.67 27 Tabela 11 – Dimensões mínimas de mobiliário e circulação Ambiente Mobiliário Circulação M Observações Móvel ou equipamentoDimensões M L p Sala de estar Sofá de três lugares com braço 1,70 0,70 Prever espaço de 0,50m na frente do assento, para sentar, levantar e circular. A largura mínima da sala de estar deve ser de 2,40 m. Número mínimo de assentos determinado pela quantidade de habitantes da unidade, considerando o número de leitos. Sofá de dois lugares com braço 1,20 0,70 Poltrona com braço 0,80 0,70 Sofá de três lugares sem braço 1,50 0,70 Sofá de dois lugares sem braço 1,00 0,70 Poltrona sem braço 0,50 0,70 Estante/armário para TV 0,80 0,50 0,50 m Espaço para o móvel obrigatório. Mesinha de centro ou cadeira - - - Espaço para o móvel opcional. Sala de estar/jantar Sala de jantar/copa Copa/cozinha Mesa redonda para quatro lugares D=0,95 - Circulação mínima de 0,75 m a partir da borda da mesa (espaço para afastar a cadeira e levantar) A largura mínima da sala de estar/jantar e da sala de jantar isolada deve ser de 2,40. Mínimo: uma mesa para quatro pessoas. É permitido leiaute com o lado menor da mesa encostado na parede, desde que haja espaço para seu afastamento, quando da utilização. Mesa redonda para seis lugares D=1,20 - Mesa quadrada para quatro lugares 1,00 1,00 Mesa quadrada para seis lugares 1,20 1,20 Mesa retangular para quatro lugares 1,20 0,80 Mesa retangular para seis lugares 1,50 0,80 Cozinha Pia 1,20 0,50 Circulação mínima de 0,85 m frontal à pia, fogão e geladeira Largura mínima da cozinha: 1,50 m Mínimo: pia, fogão e geladeira e armário. Fogão 0,55 0,60 Geladeira 0,70 0,70 Armário sob a pia e gabinete - - - Espaço obrigatório para móvel. 28 Ambiente Mobiliário Circulação M Observações Móvel ou equipamento Dimensões M L p Apoio para refeição (duas pessoas) - - - Espaço opcional para móvel. Dormitório casal (dormitório principal) Cama de casal 1,40 1,90 Circulação mínima entre o mobiliário e/ou paredes de 0,50 m Mínimo: uma cama, dois criados-mudos e um guarda- roupa. É permitido somente um criado-mudo quando o 2º interferir na abertura de portas do guarda-roupa Criado-mudo 0,50 0,50 Guarda-roupa 1,60 0,50 Dormitório para duas pessoas (2º dormitório) Camas de solteiro 0,80 1,90 Circulação mínima entre as camas de 0,60 m. Demais circulações mínimo de 0,50 m Mínimo: duas camas, um criado-mudo e um guarda- roupa. Criado-mudo 0,50 0,50 Guarda-roupa 1,50 0,50 Mesa de estudo 0,80 0,60 - Espaço para o móvel opcional Dormitório para uma pessoa (3º dormitório) Camas de solteiro 0,80 1,90 Circulação mínima entre o mobiliário e/ou paredes de 0,50 m Mínimo: uma cama, um guarda-roupa e um criado- mudo. Criado-mudo 0,50 0,50 Armário 1,20 0,50 Mesa de estudo 0,80 0,60 - Espaço para o móvel opcional Banheiro Lavatório 0,39 0,29 Circulação mínima de 0,40 m frontal ao lavatório, vaso e bidê. Largura mínima do banheiro: 1,10 m, exceto no box. Mínimo: um lavatório, um vaso e um box. Lavatório com bancada 0,80 0,55 Vaso sanitário (caixa acoplada) 0,60 0,70 Vaso sanitário 0,60 0,60 Box quadrado 0,80 0,80 Box retangular 0,70 0,90 Bidê 0,60 0,60 - Peça opcional Área de serviço Tanque 0,52 0,53 Circulação mínima de 0,50 m frontal ao tanque e a máquina de Mínimo: um tanque e uma máquina (tanque de no mínimo 20 L). Máquina de lavar roupa 0,60 0,65 29 Ambiente Mobiliário Circulação M Observações Móvel ou equipamento Dimensões M L p lavar NOTA 1 Esta norma não estabelece dimensões mínimas de cômodos, deixando aos projetistas a competência de formatar os ambientes da habitação segundo o mobiliário previsto, evitando conflitos com legislações estaduais ou municipais que versem sobre dimensões mínimas dos ambientes. NOTA 2 Em caso de adoção em projeto de móveis opcionais, as dimensões mínimas devem ser obedecidas. Fonte: NBR 15575-1, 2013, p. 68 2.3 Parte 2 – Requisitos para os sistemas estruturais Na parte 2 da ABNT NBR 15575 (2013), denominada Requisitos para os sistemas estruturais, são estabelecidos limites de estabilidade, resistência, deformações e fissuração do sistema estrutural das edificações habitacionais bem como são indicados métodos para mensurar os impactos que a estrutura deve suportar. A forma de projetar e construir convencional continuará seguindo as prescrições das normas específicas já existentes, porém para novos materiais e sistemas construtivos a norma permitirá que sejam adotados critérios de estabilidade e segurança estrutural por meio dos métodos indicados na mesma. Em entrevista a Revista Techne (NAKAMURA, 2013) o engenheiro Jorge Batlouni Neto, relator dessa parte da norma afirma que isso facilitará a entrada de novas tecnologias, desde que sejam implantadas com critérios rigorosos e para construções de pequeno porte. Ele destaca também que requisitos como os de estabilidade e resistência do sistema estrutural relacionados ao estado limite último (ELU), e os de deformações ou estados de fissuração do sistema estrutural relacionados ao estado limite de serviço (ELS) são os mais importantes. O estado limite último envolve a paralisação do uso da construção por ruína, deformação plástica excessiva, instabilização ou transformação da estrutura, no todo ou em parte, em sistema hipostático. Enquanto que os estados limites de serviço implicam o prejuízo ou comprometimento da utilização da obra por fissuração ou deformações excessivas, comprometimento da durabilidade da estrutura ou ocorrência de falhas localizadas que possam prejudicar os níveis de desempenho previstos para a estrutura e os demais elementos e 30 componentes da edificação, incluindo as instalações hidrossanitárias e demais sistemas prediais. Sob a ação de cargas gravitacionais, de temperatura, de vento (NBR 6123), recalques diferenciais das fundações (NBR 6122) ou quaisquer outras solicitações passíveis de atuarem sobre a construção, conforme NBR 8681, os componentes estruturais não podem apresentar: Deslocamentos maiores que os estabelecidos nas Normas de projeto estrutural (NBR 6118 (2007), NBR 7190 (1997), NBR 8800 (2008), NBR 9062 (2006), NBR 15961 (2011) e NBR 14762 (2010)), ou na falta de Norma Brasileira específica podem ser usados as tabelas 12 e 13. Fissuras com aberturas maiores que os limites indicados nas NBR 6110 (1993) e NBR 9062 (2006), ou outra norma específica para o método construtivo adotado ou abertura superior a 0,6 mm em qualquer situação. Tabela 12 – Deslocamentos-limites para cargas permanentes e cargas acidentais em geral Razão da limitação Elemento Deslocamento- limite Tipo de deslocamento Visual/insegurança psicológica Pilares, paredes, vigas, lajes (componentes visíveis) L/250 ou H/300a Deslocamento final incluindo fluência (carga total) Destacamentos, fissuras em vedações ou acabamentos, falhas na operação de caixilhos e instalações Caixilhos, instalações, vedações e acabamentos rígidos (pisos, forros, etc.) L/800 Parcela da flecha ocorrida após a instalação da carga correspondente ao elemento em analise (parede, piso, etc.) Divisórias leves, acabamentos flexíveis (pisos, forros, etc.) L/600Destacamentos e fissuras em vedações Paredes e/ou acabamentos rígidos L/500 ou H/500a Distorção horizontal ou vertical provocada por variações de temperatura ou ação do vento, distorção angular devida ao recalque de fundações (deslocamentos totais) Paredes e acabamentos flexíveis L/400 ou H/400a H – é a altura do elemento estrutural e L – é o vão teórico do elemento estrutural. a Para qualquer tipo de solicitação, o deslocamento horizontal máximo no topo do edifício deve ser limitado a Htotal/500 ou 3 cm, respeitando-se o menor dos dois limites. NOTA. Não podem ser aceitas falhas, a menos aquelas que estejam dentro dos limites previstos nas normas prescritivas específicas. Fonte: NBR 15575-2, 2013, p. 7 31 Tabela 13 – Flechas máximas para vigas e lajes (cargas gravitacionais permanentes e acidentais) Parcela de carga permanente sobre vigas e lajes Flecha imediata a Flecha final (total)c Sgk Sqk Sgk + 0,7 Sqk Sgk + 0,7 Sqk Paredes monolíticas, em alvenaria ou painéis unidos ou rejuntados com material rígido Com aberturas b L/1000 L/2800 L/800 L/400 Sem aberturas L/750 L/2100 L/600 L/340 Paredes em painéis com juntas flexíveis, divisórias leves, gesso acartonado Com aberturas b L/1050 L/1700 L/730 L/330 Sem aberturas L/850 L/1400 L/600 L/300 Pisos Constituídos e/ou revestidos com material rígido L/700 L/1500 L/530 L/320 Constituídos e/ou revestidos com material flexível L/750 L/1200 L/520 L/280 Forros Constituídos e/ou revestidos com material rígido L/600 L/1700 L/480 L/300 Forros falsos e/ou revestidos com material flexível L/560 L/1600 L/450 L/260 Laje de cobertura impermeabilizada, com inclinação i ≥ 2 % L/850 L/1400 L/600 L/320 Vigas calha com inclinação i ≥ 2 % L/750 - - L/300 L é o vão teórico a Para vigas e lajes em balanço, são permitidos deslocamentos correspondentes a 1,5 vez os respectivos valores indicados. b No caso do emprego de dispositivos e detalhes construtivos que absorvam as tensões concentradas no contorno das aberturas das portas e janelas, as paredes podem ser consideradas “sem aberturas”. c Para a verificação dos deslocamentos na flecha final, reduzir a rigidez dos elementos analisados pela metade. Fonte: NBR 15575-2, 2013, p.8 32 2.4 Parte 3 – Requisitos para os sistemas de piso Na parte 3 da ABNT NBR 15575 (2013), denominada Requisitos para os sistemas de pisos, são estabelecidos requisitos técnicos de segurança para o usuário, resistência ao fogo, estanqueidade e durabilidade para os sistemas de pisos, estando eles em ambientes internos ou externos. Sistema de piso: sistema horizontal ou inclinado composto por um conjunto parcial ou total de camadas (por exemplo, camada estrutural, camada de contrapiso, camada de fixação, camada de acabamento) destinado a atender à função de estrutura, vedação e tráfego (NBR 15.575 – parte 3, p. 4). O escorregamento é definido pela Norma como sendo um decréscimo intenso no valor do coeficiente de atrito entre o corpo em movimento e a superfície de apoio, ocorrido de maneira bastante rápida. A resistência ao escorregamento não é uma característica intrínseca do material da superfície, além de não ser uma constante em todas as condições de utilização, uma vez que depende de uma série de fatores relacionados entre si, como: o material empregado, tipo de solado que caminha sobre ele, meio físico entre o solado e a superfície do produto e a forma como o usuário interage com a superfície durante seu uso. Em entrevista a Revista Techne (NAKAMURA, 2013), Ana Paula Menegazzo, superintendente do comitê cerâmico brasileiro e relatora do grupo de trabalho 3 da NBR 15575 (2013), afirma não existir camada de acabamento antiderrapante, mas sim uma condição de uso com menor risco de escorregamento. Sendo assim, utilizar apenas o coeficiente de atrito da camada de acabamento como parâmetro para especificar um produto para as áreas críticas, tais como áreas molhadas, rampas, escadas em áreas de uso comum e terraços, pode não garantir a resistência ao escorregamento almejada. O projetista e o usuário devem levar em consideração outros recursos para diminuir o risco de escorregamentos tais como barras de apoio em boxe de banheiro, uso de tapetes de borracha e com “sistema antiderrapante”, etc. O desempenho quanto à estanqueidade também é um fator de extrema importância para o sistema de pisos e também é tema abordado nesta parte na Norma. Áreas molhadas, áreas molháveis e áreas secas devem ter suas definições bem claras, pois os três requisitos abrangem essas áreas. Áreas molhadas: áreas da edificação cuja condição de uso e de exposição pode resultar na formação de lamina d’água pelo uso normal a que o ambiente se destina, por exemplo, banheiro com chuveiro, área de serviço e áreas descobertas (NBR 15.575 – parte 3, p. 3). 33 Áreas molháveis: áreas da edificação que recebem respingos de agua decorrentes da sua condição de uso e exposição e que não resulte na formação de lâmina d’água pelo uso normal a que o ambiente se destina por exemplo, banheiro sem chuveiro, lavabo, cozinha e sacada coberta (NBR 15.575 – parte 3, p. 4). Áreas secas: áreas onde, em condições normais de uso e exposição, a utilização direta de água, por exemplo, lavagem com mangueiras, baldes de água, etc., não está prevista nem mesmo durante a operação de limpeza (NBR 15.575 – parte 3, p. 4). Conforme a norma de Desempenho (2013) o adequado controle da umidade na edificação é a chave para o controle de muitas manifestações patológicas que podem abreviar a vida útil do mesmo. Os sistemas de pisos de áreas molhadas não podem permitir o surgimento de umidade, permanecendo a superfície inferior e os encontros de paredes e pisos adjacentes que os delimitam secos, quando submetidos a uma lâmina d’água de no m nimo 10 mm em seu ponto mais alto, durante 72 h. Quanto ao desempenho acústico a Norma estabelece níveis de desempenho mínimos para os pisos com relação ao isolamento de ruídos na habitação. É feita a avaliação do som resultante de ruídos de impacto (caminhamento, queda de objetos e outros) entre as unidades habitacionais resultando em valores de desempenho mínimo para o nível de pressão sonora de impacto-padrão ponderado L’nT,w), apresentados na tabela 14. Também é realizada a avaliação do isolamento de som aéreo de ruídos de uso normal (fala, TV, conversas, música) e uso eventual (áreas comuns, áreas de uso coletivo) que resultam valores de diferença padronizada de nível ponderada (DnT,w) e são apresentados na tabela 15. Tabela 14 – Critério do nível de pressão sonora de impacto-padrão ponderado, L’nT,w Elemento L’nT,w dB Sistema de piso separando unidades habitacionais autônomas posicionadas em pavimentos distintos. ≤ 80 Sistema de piso de áreas de uso coletivo (atividades de lazer e esportivas, como home theater, salas de ginástica, salão de festas, salão de jogos, banheiros e vestiários coletivos, cozinhas e lavanderias coletivas) sobre unidades habitacionais autônomas. ≤ 55 Fonte: NBR 15575-3, 2013, p.21 Tabela 15 – Critérios de diferença padronizada de nível ponderada, DnT,w Elemento DnT,w dB Sistema de piso entre unidades habitacionais autônomas, no caso de pelo menos um dos ≥ 45 34 Elemento DnT,w dB ambientes ser dormitório. Sistema de piso separando unidades habitacionais autônomas de áreas comuns de trânsito eventual, como corredores e escadariasnos pavimentos, bem como em pavimentos distintos. Sistema de piso entre unidades habitacionais autônomas, nas situações onde não haja ambiente dormitório. ≥ 40 Sistema de piso separando unidades habitacionais autônomas de áreas comuns de uso coletivo, para atividades de lazer e esportivas, tais como home theater, salas de ginastica, salão de festas, salão de jogos, banheiros e vestiários coletivos, cozinhas e lavanderias coletivas. ≥ 45 Fonte: NBR 15575-3, 2013, p.21 2.5 Parte 4 – Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas A parte 4 da ABNT NBR 15575 (2013), denominada Requisitos para os sistemas de vedações verticais internas e externas (SVVIE) abrange os SVVIE das edificações habitacionais que podem assumir funções estruturais ou outras funções como estanqueidade a água, isolação térmica e acústica, capacidade de fixação de peças suspensas, etc., mas integram-se de maneira muito estreita aos demais elementos da construção, recebendo influências e influenciando o desempenho da edificação. No desempenho estrutural, critérios relativos ao estado limite último (ELU) e ao estado limite de serviço (ELS) são evidenciados. O ELU é o estado crítico em que o sistema de vedação não atende mais aos critérios de desempenho relativos à segurança, ou seja, é o momento em que ocorre rebaixamento perigoso dos níveis de segurança, com risco de colapso ou ruína. A ruína do SVVIE pode ser caracterizada pela ruptura, pela perda de estabilidade, por deformações ou fissuras excessivas. O ELS é o estado de solicitação a partir do qual a funcionalidade, a utilização e/ou durabilidade do sistema começam a ser prejudicados, em geral, pela presença de deslocamentos acima de limites preestabelecidos, aparecimento de fissuras e outras falhas. Em relação à segurança contra incêndio há critérios relacionados à resistência e a reação ao fogo dos materiais. É definido que as paredes estruturais apresentam resistência ao fogo por um período mínimo de 30 minutos, garantindo condições de estabilidade, estanqueidade e isolação térmica neste período. 35 Com relação aos critérios à estanqueidade à água, a Norma de desempenho (2013) considera cinco diferentes regiões de exposição ao vento, de acordo com a localização geográfica do edifício e dessa maneira, quando incidir água da chuva ou de outras fontes, os sistemas de vedação vertical externa da edificação, incluindo a junção entre a janela e a parede, devem permanecer estanques e não apresentar infiltrações que proporcionem borrifamentos, escorrimentos ou formação de gotas de água aderentes na face interna. As paredes externas devem apresentar transmitância térmica (U) e capacidade térmica (CT) que proporcionem pelo menos o desempenho térmico mínimo para cada zona bioclimática. Os valores máximos de transmitância térmica das paredes externas são apresentados na tabela 16 e os valores mínimos admissíveis para a capacidade térmica das paredes externas são apresentados na tabela 17. Tabela 16 – Transmitância térmica de paredes externas Transmitância térmica U W/m 2 .K Zonas 1 e 2 Zonas 3, 4, 5, 6, 7 e 8 U ≤ 2,5 αa ≤ 0,6 αa > 0,6 U ≤ 3,7 U ≤ 2,5 a α é absortância à radiação solar da superf cie externa da parede Fonte: NBR 15575-4, 2013, p.27 Tabela 17 – Capacidade térmica de paredes externas Capacidade térmica (CT) kJ/m 2 .K Zonas 1, 2 , 3 , 4 , 5 , 6 e 7 Zona 8 ≥ 130 Sem requisito Fonte: NBR 15575-4, 2013, p.27 36 As fachadas das habitações devem ter aberturas com dimensões adequadas para proporcionar a ventilação interna dos ambientes, sendo este requisito aplicado em ambientes de longa permanência como salas e dormitórios e estes devem ter aberturas para ventilação com áreas que atendam a legislação especifica do local da obra, incluindo código de obras, códigos sanitários e outros. Quando não houver requisitos de ordem legal para o local de implantação da obra devem ser adotados os valores apresentados na tabela 18. Tabela 18 – Área mínima de ventilação em dormitórios e salas de estar Nível de desempenho Aberturas para ventilação (A) Zonas 1 a 7 Aberturas médias Zona 8 Aberturas grandes Mínimo A ≥ 7% da área do piso A ≥ 12% da área do piso – região norte do Brasil A ≥ 8% da área do piso – região nordeste e sudeste do Brasil Fonte: Tabela 15, p. 28 da NBR 15575 – parte 4 Para o desempenho acústico são apresentados dois critérios de suma importância. O primeiro é a diferença padronizada de nível ponderada (D2m, nT,w), onde são avaliados os dormitórios da unidade habitacional, promovida pela vedação externa (fachada e cobertura, no caso de casas térreas e sobrados, e somente fachada, nos edifícios multipiso), que através de ensaio de campo determina-se o nível de desempenho os quais são comparados com os valores mínimos e indicados na tabela 19. O segundo critério é denominado diferença padronizada de nível ponderada (DnT,w), promovida pela vedação entre ambientes, sendo também, através de ensaio de campo, determinados valores de desempenho comparados com os valores mínimos indicados na tabela 20. 37 Tabela 19 – Valores mínimos da diferença padronizada de nível ponderada, D2m, nT,w, da vedação externa de dormitório. Classe de ruído Localização da habitação D2m,nT,w dB I Habitação localizada distante de fontes de ruído intenso de quaisquer naturezas ≥ 20 II Habitação localizada em áreas sujeitas a situações de ruído não enquadráveis nas classes I e III ≥ 25 III Habitação sujeita a ruído intenso de meios de transporte e de outras naturezas, desde que esteja de acordo com a legislação. ≥ 30 Fonte: NBR 15575-4, 2013, p.30 Tabela 20 – Valores mínimos da diferença padronizada de nível ponderada, DnT,w, entre ambientes Elemento DnT,w dB Paredes entre unidades habitacionais autônomas (parede geminação), nas situações onde não haja ambiente dormitório. ≥ 40 Parede entre unidades habitacionais autônomas (parede geminação), no caso de pelo menos um dos ambientes ser dormitórios. ≥ 45 Parede cega de dormitórios entre uma unidade habitacional e áreas comuns de trânsito eventual, como corredores e escadaria nos pavimentos. ≥ 40 Parede cega de salas e cozinhas entre uma unidade habitacional e áreas comuns de trânsito eventual, como corredores e escadaria dos pavimentos. ≥ 30 Parede cega entre uma unidade habitacional e áreas comuns de permanência de pessoas, atividades de lazer e atividades esportivas, como home theater, salas de ginástica, salão de festas, salão de jogos, banheiros e vestiários coletivos, cozinhas e lavanderias coletivas. ≥ 45 Conjunto de paredes e portas de unidades distintas separadas pelo hall (DnT,w obtida entre as unidades). ≥ 40 Fonte: NBR 15575-4, 2013, p.31 Nos ensaios realizados em laboratório são obtidos valores para o índice de redução sonora ponderado (Rw) para os componentes construtivos utilizados nas vedações entre ambientes. Na tabela 21 são apresentados os valores indicativos para este índice. 38 Tabela 21 – Índice de redução sonora ponderado, Rw, de componentes construtivos utilizados nas vedações entre ambientes. Elemento Rw dB Paredes entre unidades habitacionais autônomas (parede geminação), nas situações onde não haja ambiente dormitório. ≥ 45 Parede entre unidades habitacionais autônomas (parede geminação), no caso de pelo menos um dos ambientes ser dormitório. ≥ 50 Paredecega de dormitórios entre uma unidade habitacional e áreas comuns de trânsito eventual, como corredores e escadaria nos pavimentos. ≥ 45 Parede cega de salas e cozinhas entre uma unidade habitacional e áreas comuns de trânsito eventual, como corredores e escadaria dos pavimentos. ≥ 35 Parede cega entre uma unidade habitacional e áreas comuns de permanência de pessoas, atividades de lazer e atividades esportivas, como home theater, salas de ginástica, salão de festas, salão de jogos, banheiros e vestiários coletivos, cozinhas e lavanderias coletivas. ≥ 50 Conjunto de paredes e portas de unidades distintas separadas pelo hall (DnT,w obtida entre as unidades). ≥ 45 Fonte: NBR 15575-4, 2013, p.59 2.6 Parte 5 – Requisitos para os sistemas de coberturas A parte 5 da ABNT NBR 15575 (2013), denominada Requisitos para os sistemas de coberturas abrange critérios de uma das partes mais essencial para a edificação, desde a contribuição para a preservação da saúde dos usuários até a própria proteção do corpo da construção, o que interfere diretamente na durabilidade dos demais elementos que compõem a edificação. Segundo a Norma, quando falamos em desempenho estrutural, o sistema de cobertura deve apresentar um nível satisfatório de segurança à ruína e não apresentar avarias ou deformações que prejudiquem sua funcionalidade. Deve também suportar cargas transmitidas por pessoas ou objetos nas fases de montagem ou de manutenção assim como não podem sofrer danos sob a ação de granizo e de outras pequenas cargas acidentais. No entanto, são toleradas falhas superficiais, como fissuras e lascamentos, desde que não impliquem perda de estanqueidade. Quando se fala em estanqueidade considera-se que ao longo da vida útil de projeto do sistema de cobertura, devem ser evitados a penetração ou infiltração de água que possa acarretar escorrimento ou gotejamento. 39 O sistema de coberturas é a parte da edificação mais sujeita a exposição da radiação direta do sol, exercendo influência predominante na carga térmica transmitida aos ambientes (casas térreas e último pavimento de sobrados e prédios), influenciando diretamente no conforto térmico dos usuários e no consumo de energia para acionamento de equipamentos de ventilação forçada e/ou condicionamento artificial do ar. Por isso que o sistema de coberturas deve apresentar transmitância térmica (U) e absortância à radiação solar (α) que proporcionem um desempenho térmico apropriado para cada zona bioclimática. Na tabela 22 são indicados os valores máximos admissíveis para estes índices. Tabela 22 – Critérios de coberturas quanto à transmitância térmica – M Transmitância térmica (U) W/m2K Zonas 1 e 2 Zonas 3 a 6 Zonas 7 e 8 U ≤ 2,30 α ≤ 0,6 α > 0,6 α ≤ 0,4 α > 0,4 U ≤ 2,30 U ≤ 1,5 U ≤ 2,30 FT U ≤ 1,5 FT Fonte: NBR 15575-5, 2013, p.27 2.7 Parte 6 – Requisitos para os sistemas hidrossanitários A parte 6 da ABNT NBR 15575 (2013), denominada Requisitos para os sistemas hidrossanitários, compreende os sistemas prediais de água fria e de água quente, de esgoto sanitário e ventilação e ainda os sistemas prediais de águas pluviais. Em entrevista a Revista Techne (NAKAMURA, 2013), a Engenheira Vera Fernandes Hachich, relatora desta parte da norma, afirma que o texto explora conceitos incomuns em normas prescritivas específicas, como a durabilidade dos sistemas, a previsão e antecipação de critérios para a manutenção da edificação e suas partes, bem como o funcionamento dos sistemas hidrossanitários. Os sistemas hidrossanitários devem resistir às solicitações mecânicas, dinâmicas e não devem provocar golpes e vibrações que impliquem risco à sua estabilidade estrutural. As instalações devem fornecer água na pressão, na vazão e no volume compatíveis com o uso, associado a cada ponto de utilização, considerando a possibilidade de uso simultâneo. Elas devem apresentar estanqueidade quando submetidas às pressões de projeto e devem manter a capacidade funcional durante a vida útil de projeto, desde que o sistema seja submetido à manutenção periódica. 40 3. PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA O principal objetivo da política social da habitação no Brasil é proporcionar a todas as famílias o poder de usufruir de uma moradia digna. Visando a redução do déficit habitacional é que foi lançado pelo Governo Federal o Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV) em parceria com a Caixa Econômica Federal (CEF). Numa conjuntura de elevado déficit habitacional, como se verifica no Brasil, é expectável que a resposta às carências quantitativas assuma uma grande relevância. A abordagem quantitativa tem vantagens imediatas para a economia e para a sociedade. Usualmente, após serem superadas essas necessidades quantitativas, surge maior interesse e disponibilidade por parte da sociedade para apostar numa melhoria da qualidade. Porém, segundo este processo, podem ser sacrificadas famílias que durante uma ou mais gerações ficam constrangidas a viver em áreas residenciais e habitações de baixa qualidade. É assim um desafio do PMCMV promover a construção de habitação em quantidade e garantir a sua qualidade, mantendo um custo reduzido (Pedro, 2013). 3.1 Histórico Criado pela Medida Provisória nº 459 de 25 de março de 2009, regulamentado pelo Decreto nº 6.819 de 13 de abril de 2009 e transformado na Lei nº 11.977 de 7 de julho de 2009, que sofreu alterações posteriores pela lei 12.424 de 16 de junho de 2011, o Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV) tem por finalidade criar mecanismos de incentivo à produção e aquisição de novas unidades habitacionais permitindo assim o acesso a moradia a milhares de famílias, gerando mais emprego e renda por meio do aumento dos investimentos na construção civil. O PMCMV parte da premissa que o acesso à moradia regular é condição básica para que as famílias de baixa renda possam superar suas vulnerabilidades sociais e alcançar sua efetiva inclusão na sociedade brasileira, e que o acesso ao financiamento habitacional para estas famílias que não tem capacidade de poupança exige condições especiais e subsidiadas (Shimizu, 2010). Os indicadores socioeconômicos do Ministério das cidades mostram que o PMCMV gerou emprego, renda e tributos nos últimos cinco anos, por meio do desenvolvimento da cadeia produtiva do setor da construção civil. Os números apontam que a cada R$ 1 milhão investido no PMCMV, o governo federal mantém ativos 32 postos de trabalho. Esse 41 investimento gera uma renda adicional de R$ 774 mil, de forma direta e indireta, na construção civil e nos demais setores, como agricultura, pesca, entre outros. Com investimento de R$ 193 bilhões, o PMCMV sustentou cerca de 1,3 milhão de postos de trabalho em 2013, o que representa 2,6% da força de trabalho formal da economia brasileira. 3.2 Particularidades do PMCMV A figura 4 representa o fluxo operacional de aprovação de projetos que parte desde a instância dos municípios até chegar finalmente à empresa construtora contratada para a execução do projeto já aprovado. Figura 4 – Fluxo operacional da aprovação de projetos 42 De maneira geral, para a aprovação de um projeto os critérios a serem considerados são: a. A viabilidade e adequabilidade do terreno proposto para o empreendimento (vocação, localização, características topográficas, socioeconômicas e ambientais, valor, etc.); b. A disponibilidade de infraestrutura e equipamentos públicos existentes no entorno; c. Os custos de produção, tendo como referência os índices da construção civil divulgados pelo
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