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APELAÇÃO 2

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 41ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO
Autos nº xx.xxx-xx.xxx
POLUX ENGENHARIA E COMÉRCIO LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob nº xx.xxx-xxx, com sede na rua xxxxxxx, nº xxx, bairro xxx, na cidade de São Paulo - SP, neste ato representado por seu procurador judicial adiante assinado, nos autos de AÇÃO DE RESCISÃO CONTRATUAL em face de CAIO, brasileiro, solteiro, portador do rg nº xx.xxx e inscrito no CPF sob nº xx.xxx, residente e domiciliado a rua xxx, na cidade de São Paulo - SP, com endereço eletrônico xxxx, vem respeitosamente a presença de Vossa Excelência não se conformando com a decisão de folhas xx, interpor com fundamento nos arts. 1009 e ss do CPC,
APELAÇÃO
Pelas razões anexas.
- Requer seja a Apelação recebida em seus regulares efeitos devolutivo e suspensivo;
- Requer, ainda, a intimação do Apelado para apresentar suas contrarrazões no prazo legal, com posterior remessa do referido Recurso para Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo;
- Requer a juntada da inclusa guia de preparo, devidamente recolhida.
Termos em que,
Pede e espera deferimento.
Maringá, 03 de setembro de 2018.
Ana Clara da Silva Cohn
OAB/PR xx.xxx
Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
Razões de Apelação
Apelante: POLUX ENGENHARIA E COMÉRCIO LTDA 
Apelado: CAIO
I- DA TEMPESTIVIDADE E DO CABIMENTO
Consoante se depreende de fls. X, o apelante fora intimado em xx/xx/xx, estando o presente recurso dentro do prazo legalmente estabelecido, previsto no art. 1.003, §5º do CPC.
Ademais, no que tange ao cabimento, trata-se de sentença de extinção com resolução de mérito, com fundamento no art. 487, I do CPC, tendo colocado fim ao processo, de modo que é cabível o presente recurso interposto.
Aliás, é o que preconiza o art. 1.009 do CPC: 
Art. 1.009. Da sentença cabe apelação.
§ 1º As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumento, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões.
§ 2º Se as questões referidas no § 1º forem suscitadas em contrarrazões, o recorrente será intimado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se a respeito delas.
§ 3º O disposto no caput deste artigo aplica-se mesmo quando as questões mencionadas no art. 1.015 integrarem capítulo da sentença.
II- DAS RAZÕES RECURSAIS 
Trata-se de Ação de rescisão contratual visando a rescisão do contrato e devolução de 80% da quantia paga com a retenção de 20% a título de multa penal, ajuizada pelo apelante visto que este celebrara contrato de compromisso de compra e venda de um apartamento com o apelado, o qual inadimpliu as parcelas do preço ajustado, tendo o apelante notificado o apelado para a constituição da mora, transcorrendo o prazo da notificação in albis.
Apresentada a contestação mediante a confissão do inadimplemento e alegação de cláusula abusiva, sobreveio sentença, sendo que o MM Juiz “a quo” decidiu pela procedência parcial da demanda, declarando a rescisão do contrato e a condenação da apelante a devolver integralmente a quantia paga pelo apelado ao argumento de tratar-se de cláusula abusiva, ressaltando o art. 51, II do CDC.
II – DO MÉRITO RECURSAL
Em que pese o MM Juiz tenha proferido sentença julgando parcialmente procedente a ação a fim de declarar a rescisão do contrato e a condenação da parte Autora a devolução integral das quantias pagas por se tratar de cláusula abusiva, conforme disposto no art. 51, II do CDC, verifica-se que tal decisão não fora proferida de modo a respeitar o que declara o dispositivo legal e o entendimento da Jurisprudência, sendo que no presente caso ocorre a existência de cláusula livremente estabelecida pelas partes, de modo que não se trata de cláusula abusiva e onerosamente excessiva, sendo seu cumprimento medida que se impõe, vejamos.
Em primeiro lugar, cumpre ressaltar que a rescisão do contrato firmado pelas partes se deu por culpa única e exclusiva do apelado, sendo que este deixou de pagar as parcelas referentes ao preço ajustado, de modo que munido pela boa-fé o apelante realizou a notificação do apelado para constituição da mora, conforme os ditames legais.
Ademais, verifica-se que as partes firmaram contrato de compromisso de compra e venda de forma livre, havendo previsão expressa acerca da multa penal em caso de inadimplemento do contrato, de modo que o apelado possuía ampla ciência do que fora acordado.
Sobre a cláusula penal, dispõe o art. 409 do Código Civil:
Art. 409. A cláusula penal estipulada conjuntamente com a obrigação, ou em ato posterior, pode referir-se à inexecução completa da obrigação, à de alguma cláusula especial ou simplesmente à mora.
Desse modo, verifica-se que prevista a cláusula de multa contratual de 20% sobre a quantia paga, esta não se mostra abusiva, à medida que não causa onerosidade excessiva ao consumidor, sendo medida que se impõe para o ressarcimento das despesas realizadas com o compromisso pactuado, bem como as efetuadas pela rescisão.
Neste sentido, é entendimento da Jurisprudência:
APELAÇÕES CÍVEIS. DIREITO DO CONSUMIDOR, CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. CONTRATO DE PROMESSA DE COMPRA E VENDA. RESCISÃO MOTIVADA PELA INADIMPLÊNCIA DO PROMISSÁRIO COMPRADOR. CLÁUSULA PENAL. RETENÇÃO DE 20% DOS VALORES PAGOS. JUROS DE MORA. TERMO INICIAL. TRÂNSITO EM JULGADO.
1. A relação jurídica estabelecida entre as partes no contrato de promessa de compra e venda de imóvel constitui relação de consumo, pois as partes emolduram-se nos conceitos de consumidor e fornecedor previstos nos artigos 2º e 3º do Código de Defesa do Consumidor. 2. Ocorrendo a resilição do contrato de promessa de compra e venda por culpa exclusiva do promissário comprador, tem o promitente vendedor direito de reter parte do valor pago, desde que haja previsão contratual, a título de cláusula penal. 3. Havendo adimplemento parcial do contrato (artigo 413 do Código Civil), é possível a retenção de 20% (vinte por cento) sobre o total das parcelas vertidas pelo promissário comprador, a se considerar a suficiência desse valor para fazer frente às intercorrências advindas do distrato. Precedentes.4. Em se tratando de rescisão contratual por iniciativa do promissário comprador, o termo inicial dos juros de mora, incidentes sobre o montante a ser restituído, deve ser a data do trânsito em julgado da sentença. Precedentes do STJ. 5. Apelações conhecidas, provida a da ré e não provida a do autor. (Acórdão n.1119469, 20160310090960APC, Relator: HECTOR VALVERDE, Relator Designado:SIMONE LUCINDO 1ª TURMA CÍVEL, Data de Julgamento: 01/08/2018, Publicado no DJE: 28/08/2018. Pág.: 256-275)
Diante disso, deve ser reformada a sentença, a fim de ser aplicada a cláusula penal livremente ajustada pelas partes, que prevê a retenção de 20% do valor pago pelo apelado além da rescisão do contrato firmado pelas partes.
III – DO PEDIDO
a) Seja conhecido o presente recurso tendo em vista o preenchimento de todos os requisitos;
b) Seja recebido nos efeitos devolutivo e suspensivo;
c) Seja dado provimento para o fim de reformar a decisão proferida, no sentido de que seja determinada a retenção de 20% dos valores pagos pelo apelado, conforme previsto em cláusula contratual firmada pelas partes;
d) A inversão das custas processuais e honorários advocatícios para o encargo do Apelado;
Termos em que,
Pede e espera deferimento.
Maringá, 03 de setembro de 2018.
Ana Clara da Silva Cohn
OAB/PR xx.xxx

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