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Resumo Direito Penal III (90% Parte Especial)

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Resumo Penal III – AV2 
CRIMES CONTRA A VIDA
Homicídio (art. 121, CP) 
Caracterizado quando um homem mata outro homem DOLOSA ou CULPOSAMENTE; 
Crime MATERIAL, pois possui um resultado previsto no tipo; É considerado consumado quando a vítima tem MORTE CEREBRAL (art. 3º da Lei 9.434/97); Tem que estar presente o ANIMUS NECANDI (dolo de matar); 
Crime COMUM, pois qualquer pessoa pode praticá-lo. 
Homicídio Tentado (art. 121 c/c art. 14, II, CP) 
O agente inicia a execução do crime querendo o resultado morte, mas não atinge a consumação por circunstâncias alheias a sua vontade. 
Homicídio privilegiado (art. 121, §1, CP) 
Tem natureza jurídica de causa de diminuição de pena; 
RELEVANTE VALOR SOCIAL: matar alguém por interesse público, sem qualquer motivação pessoal; 
RELEVANTE VALOR MORAL: matar alguém por um forte motivo particular, de natureza moral; (ex: matar estuprador da própria filha) 
MATAR POR VIOLENTA EMOÇÃO, logo em seguida a injusta provocação da vítima. 
Homicídio Qualificado (art. 121, §2, CP) 
I – MATAR POR MOTIVO TORPE: por um motivo moralmente repugnante, mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe (ex: herança, inveja, prémio de seguro de vida, etc.); 
II- MATAR POR MOTIVO FÚTIL: por motivo insignificante (ex: discussão de futebol, jantar atrasou, dívida de 50 reais, etc); 
III- MATAR POR MEIO CRUEL: quando o agente faz a vítima sofrer desnecessariamente até sua morte, com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; 
OBS 1: De acordo com a Jurisprudência se o veneno é empregado em eutanásia com o conhecimento da vítima e de forma indolor, não qualifica o crime, por não ser uma crueldade. 
OBS 2: No crime de HOMICÍDIO QUALIFICADO MEDIANTE TORTURA o agente atua com dolo de matar e usa de tortura como meio de execução; no crime de TORTURA COM RESULTADO MORTE, o dolo do agente é torturar, mas ele acaba culposamente matando a vítima. 
IV- SURPRESA: o agente mata a vítima à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido (ex: tocaia, emboscada, traição, etc.); 
V- PARA ASSEGURAR A EXECUÇÃO, A OCULTAÇÃO, A IMPUNIDADE OU VANTAGEM DE OUTRO CRIME (ex: matar pessoa que ia testemunhar em processo por outro delito cometido pelo autor no crime); 
VI – FEMINICÍDIO: quando o homicídio está relacionado com a chamada violência de gênero, ou seja, violência doméstica contra mulher; 
A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado: 
 durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto; 
 contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos ou com deficiência; 
 na presença de descendente ou de ascendente da vítima.
VII – CONTRA AGENTES DA LEI : quando praticado contra agentes da lei ou parentes destes até o 3º grau por razão desta condição, no exercício da profissão ou fora dela. 
* Grande controvérsia existe quanto a aplicação da qualificadora do motivo torpe àquele que paga outrem para praticar homicídio. O STF, no informativo 475, entendeu que a qualificadora deve se aplicar tanto para o mandante quanto para o executor, em razão da Teoria do Domínio do Fato.
A doutrina majoritária critica tal entendimento, sustentando que a qualificadora é dirigida apenas ao executor, tendo em vista a literalidade do próprio artigo, além da previsão do art. 30 do CP.
Homicídio Híbrido (art. 121, §1 e §2, III, CP) 
É aquele que ao mesmo tempo é privilegiado pelo §1º e qualificado pelo §2º . Neste caso sofre o réu a pena de 12 a 30 anos com redução de 1/6 a 1/3 . Não é considerado crime hediondo.
*De acordo com o STF, um homicídio pode ser, ao mesmo tempo, qualificado e privilegiado, desde que cumule-se um privilégio “subjetivo” e uma qualificador objetiva, quais sejam as de meio e forma de execução previstas no art. 121, §2º, III, IV. Alguns doutrinadores dizem ser possível também o feminicídio.
* De acordo com a Lei 8.072/90, o homicídio qualificado e o homicídio simples, se praticado em atividade de extermínio, mesmo por uma só pessoa, são considerados hediondos. De acordo com o STF, o homicídio qualificado e privilegiado ao mesmo tempo não é considerado hediondo.
Homicídio Culposo (art. 121, §3, CP) O agente mata por inobservância, negligência, imperícia ou imprudência. 
OBS: Sendo a morte por condução de veículo automotor então o crime será o da Lei 9.503/97, art. 302. 
*Se comprovado que o autor do crime sofreu tanto com o fato que a pena se mostra desnecessária, de acordo com o § 5º, deve o j uiz aplicar o PERDÃO JUDICIAL, extinguindo a punibilidade. Causas de aumento de pena (art. 121, §6 e §7, CP)  A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o c rime for praticado por milícia priv ada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
* No crime culposo o agente responderá pelo resultado produzido se tiver previsão legal expressa. No crime doloso, por sua vez, o agente responderá pela intenção, podendo o delito ser consumado ou tentado, quando a intenção não é atingida pelas circunstâncias alheias à sua vontade. Entretanto, nos casos de desistência voluntária e arrependimento eficaz (art.15), o agente não atinge o resultado por circunstâncias inerentes à sua própria vontade, respondendo pelo resultado produzido (atos praticados).
Induzimento ou Instigação ao Suicídio (art. 122, CP) 
o agente, dolosamente, induz, instiga ou auxilia a vítima a praticar suicídio; 
crime MATERIAL, necessário a ocorrência do resultado no tipo (morte ou lesões graves) para que o delito seja consumado; 
trata-se de crime condicionado ao resultado, e, portanto, não admite forma tentada; 
se a vítima desiste do suicídio ou não sofre qualquer lesão, ou só lesões leves o crime não se configura; 
é necessário que a vítima não esteja com a sua capacidade psicológica completamente anulada, ou então, estará caracterizado o crime de HOMICÍDIO (ex: induzir alguém totalmente bêbado, um doente mental, uma criança, etc.).
Se induz ou instiga menor de 14 anos comete HOMICÍDIO
Se induz ou instiga >14 anos ou <18 anos ou diminuída a capacidade de resistência tem a pena dobrada
* A doutrina entende que só pode ser vítima do art. 122 quem tem capacidade de discernimento ou que ocorre a partir dos 14 anos. De acordo com a doutrina majoritária, o crime não admite tentativa, sendo CONSUMADO se ocorrer a morte ou lesão corporal grave, sendo FATO ATÍPICO caso tais resultados não ocorram.
* Em caso de PACTO DE SUICÍDIO deve-se separar as condutas, de modo que o executor (Ex: abre a torneira) deve responder pelo crime de homicídio consumado ou tentado. Entretanto, aquele que meramente instiga responderá pelo crime do art.122 CP na forma consumada, se houver lesão grave ou morte no outro.
Infanticídio (art. 123, CP) 
A mulher sofrendo de estado PUERPERAL mata o próprio filho DOLOSAMENTE durante o parto, com o rompimento da bolsa e o vazamento do liquido aminiótico, ou logo após. 
Crime MATERIAL, é necessário a morte da criança para a consumação. 
Crime PRÓPRIO, uma vez que o sujeito ativo tem que ser mulher em estado puerperal. 
Admite a forma TENTADA. 
Se a mulher mata o filho sem estar em estado puerperal o crime será de homicídio (art 121). 
Se a mulher mata o filho antes do inicio do parto o crime será de aborto (art. 124). 
Ação Penal Incondicionada.
* De acordo com o art.30 CP, se o terceiro adere ao comportamento da mãe em estado puerperal e mata conjuntamente com esta a criança, ambas responderão por infanticídio. Cabe tentativa de Infanticídio.
ABORTO (arts. 124, 125, 126, 127 e 128, CP) 
Interrupção da vida intrauterina. 
Crime DOLOSO, MATERIAL e admite TENTATIVA. 
Ação Penal Incondicionada. 
O STF autoriza por jurisprudência o aborto de feto ANENCÉFALO, por entender que nesta hipótese não há crime já que o feto apresentauma intensa deformidade cerebral, que equivale ao feto morto que apenas precisa ser extraído do útero materno.
* O art.124 CP pune a gestante que pratica o aborto em si (auto-aborto) ou consente que outrem provoque (aborto consentido). O Terceiro que pratica o aborto com o consentimento da gestante deve responder pelo art.126 CP, quebrando a Teoria Monista. No caso de o Terceiro agir sem o consentimento da gestante, se ela for menor de 14 anos, se existir violência, grave ameaça ou fraude, haverá o crime previsto no art.125 CP.
Lesão Corporal (art. 129, CP) 
O agente dolosa ou culposamente produz ofensa a integridade física ou a saúde da vítima sem intenção de matar. 
Crime COMUM, qualquer pessoa pode praticar. 
Crime MATERIAL, se consuma com o resultado previsto no tipo. 
OBS: A contravenção de vias de fato prevista no art. 21 da Lei 3.688/41, constitui um comportamento agressivo que não produz lesão a integridade física ou a saúde da vítima. (ex: puxão de cabelo, tapa na cara, empurrão, etc.). 
As LESÕES GRAVES E GRAVISSÍMAS são sempre dolosas. 
OBS: No crime de LESÃO GRAVISSÍMA COM RESULTADO ABORTO (art. 129, §2º, V, CP), temos delito preterdoloso, onde há dolo na lesão corporal e culpa no aborto, que não era pretendido pelo agente. Mas se o agente praticar a agressão com intenção de lesionar a vítima para produzir o aborto, o crime será do art. 125, CP.
* Se o indivíduo, através de uma lesão corporal, acaba por perder um dos membros, a lesão será gravíssima por expressa previsão do art.129, §2º, III CP. Mas, em caso de lesão a um dos órgãos duplos, a lesão será grave, pois há debilidade (Ex: facada faz perder um dos olhos, mas preserva o outro por ser órgão duplo).
-NÃO EXISTE LESÃO CORPORAL CONTRA O FETO
Lesão seguida de morte (art. 129, §3, CP) 
É crime preterdoloso, onde o agente atua com dolo de lesionar e acaba obtendo o resultado morte culposamente, sendo a morte um resultado além do pretendido.
NÃO se admite forma tentada. 
Não vai a júri.
Lesão Corporal Privilegiada (art. 129, §4, CP) 
Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de 1/6 a 1/3. Lesão Culposa (art. 129, §6, CP) 
O agente ofende a integridade física da vítima por negligência, imprudência ou imperícia. OBS: Se a lesão culposa é derivada de acidente de trânsito, aplica-se a Lei 9.503/97, art. 303 CTB. 
A lesão culposa, pelo disposto no § 8º, também admite, como no homicídio culposos, o perdão judicial.
Ação Penal Pública Condicionada a Representação do Ofendido (art. 88 da Lei 9.099) 
Lesão em Violência Doméstica (art. 129, §§9º , 10º e 11º, CP) 
Se a lesão corporal leve é praticada em violência domestica contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade. 
OBS: Se a vítima desta violência doméstica é mulher e o agressor homem o caso passa a ser de incidência da Lei Mª da Penha (art. 41 da Lei 11.340/06).
* Como regra, a Ação Penal, no crime de lesão corporal, será pública incondicionada, mas se a lesão for leve ou culposa a ação será pública condicionada à representação da vítima. Nos casos da Lei Maria da Penha em que haja o crime de Lesão Corporal, a Ação Penal será pública incondicionada, independentemente da extensão da lesão (Súmula 542 STJ). Nos demais crimes, entretanto, a Ação Penal será a mesma, independetemente da Lei Maria da Penha (11.343).
“DEU MOLE, DEU AZAR, TAVA NA LEI.”
Crimes de Perigo (art. 130 a 136, CP) 
Art.130: Neste crime o agente dolosamente através de contato sexual expõe alguém ao risco de CONTAMINAÇÃO POR DOENÇA VENÉREA que o agente sabe possuir. 
Crime FORMAL, que não depende de resultado, basta o risco do contágio pelo contato sexual e o crime já está consumado. 
OBS: A doutrina entende que se há contaminação da vítima pela doença venérea, então o crime será de lesão corporal tendo em vista a ofensa à integridade física. 
Trata-se de norma penal em branco, uma vez que para aplicação é necessário a complementação de outra norma jurídica. 
* Se o agente possui uma DST (Doença Sexualmente Transmissível), que sabe ou deveria saber ser portador e pratica ato sexual com outrem, responderá pelo art.130 CP mesmo se a doença não for transmitida. Contudo, se a doença é transmitida deve se verificar a extensão do dano, de modo que se enquadre a uma lesão leve haverá o crime do art.130 CP, mas se a lesão for maior responderá pelo resultado causado.
Art. 131: Praticar, com o fim de TRANSMITIR A OUTREM MOLÉSTIA GRAVE de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio. Apresenta semelhanças ao art. 130, crime FORMAL, DOLOSO, etc. 
Art. 133: No ABANDONO DE INCAPAZ o agente que tem responsabilidade de cuidado e vigilância abandona o incapaz causando perigo a sua vida e saúde. 
Trata-se de crime FORMAL, pois pelo simples abandono o crime já se configura. 
Se do abandono resulta lesão grave ou morte se aplicam os §1º e 2º do art. 133. (preterdolosos) 
* No crime do art.133 CP existe um dolo de abandonar (não é esquecimento, caso em que poderá acontecer homicídio culposo), e não de matar, caso em que haverá homicídio (Ex: jogar criança na lata de lixo). Se o abandono é de recém-nascido para ocultar a desonra haverá o art.134 CP.
Art. 134: ABANDONO DE RECÉM NASCIDO, o agente dolosamente expondo a risco a vida e a saúde da vítima abandona o recém nascido com finalidade de ocultar desonra própria. 
Trata-se de crime FORMAL, pois para se consumar independe de qualquer resultado lesivo. 
Exige dolo específico, de ocultar desonra própria, portanto se o recém nascido é abandonado por outro motivo o crime será do art. 133.
Omissão de Socorro (art. 135)
O agente dolosamente deixa de prestar socorro a uma pessoa, mesmo podendo fazê-lo sem risco pessoal.
Trata-se de crime OMISSIVO e de MERA CONDUTA, pois ao deixar de prestar o socorro o agente consuma o delito, independente do resultado. 
Não admite a forma tentata. 
Este crime não se configura se o agente é garantidor da vítima, pois nesse caso o crime será omissivo impróprio ou comissivo por omissão e o agente responderá pelo resultado criminoso a que sua omissão deu causa.
Maus tratos (art. 136)
O agente dolosamente expõe a risco a saúde ou vida da vítima, deixando de prestar cuidados indispensáveis, exigindo trabalho excessivo ou inadequado ou abusando dos métodos de correção contra pessoa incapaz que está sob sua responsabilidade. 
Trata-se de crime FORMAL, pois independe de qualquer resultado. 
Se em razão dos maus tratos a vítima sofre lesão grave ou morte, aplica-se respectivamente os §§1º e 2º do art. 136. (preterdolosos) 
OBS: Para diferenciar o crime de tortura do crime de maus tratos a doutrina determina que seja observada a intensidade do sofrimento físico ou moral imposto à vítima.
* Responderá por omissão de socorro aquele que tem o dever legal genérico de solidadriedade e, podendo, não presta socorro direto nem indireto. Se o agente for o Garantidor, ele responderá pelo resultado que não impediu conforme art. 13, §2º.
CRIMES CONTRA A HONRA
Calúnia (art. 138, CP): 
O agente, dolosamente, imputa à vítima a prática de um fato falso que é definido como crime pela legislação. 
É necessário que o agente atue com ANINUS CALUNIANDI, com consciência de que o fato atribuído a vítima é falso. 
Se o agente imputa um fato que acredita ser verdadeiro não constitui calúnia.
Para consumar a calúnia um Terceiro precisa saber 
Quem propaga a calúnia também comete crime (§1º) 
Constitui calúnia a ofensa a honra dos mortos (§2º) 
Há controvérsia na doutrina sobre a possibilidade de menor de 18 anos ser caluniado, no entanto o melhor entendimento é que há possibilidade, pois de acordo com a tipicidade do artigo, basta queseja imputado um fato falso, classificado como crime, ao menor. 
Imputar falsamente um crime ambiental a uma empresa também constitui calúnia. 
É admitida a EXCEÇÃO DA VERDADE que é a possibilidade de quem é acusado provar nos autos que declarou fato verdadeiro e que não caluniou ninguém.
Bem jurídico: Honra objetiva
Consumação: Terceiro sabe ou viu
CABE Retratação
Difamação (art. 139, CP) 
o agente, dolosamente, atribui a vítima a pr ática de uma conduta desonrosa, ofensiva a reputação, seja o fato verdadeiro ou falso.
É necessário o ANIMUS DIFAMANDI, OU SEJA, evidencie que a i ntenção do agente é atingir a reputação da vítima.  Trata-se de crime de MERA CONDUTA, a si mples difamação já consuma o crime.  Não é admitida a exceção da verdade, salvo a difamação contra funcionário público no exercício de suas funções.
Bem jurídico: Honra objetiva
Consumação: Terceiro sabe ou viu
Crime subsidiário: Só analisa a difamação após a calúnia
CABE Retratação
Injúria (art. 140, CP) 
O agente, dolosamente, ofende a outrem através de palavras, xingamentos, gestos ou escritos, o sentimento de dignidade ou decoro da vítima. 
Trata-se de crime de MERA CONDUTA, que se consuma quando a vítima toma conhecimento da ofensa. 
PROVOCAÇÃO E RETORSÃO IMEDIATA: no §1º do art. 140, temos 2 hipóteses de perdão judicial: 
1ª - O réu que injuriou a vítima por ter sido injustamente provocado 
2º - O réu que injuriou a vítima em retorsão imediata, logo após ter sido injuriado.
Bem jurídico: Honra Subjetiva
NÃO CABE Retratação
Injúria Real (art. 140, §2, CP) 
Ocorre através de vias de fato aviltantes, ou seja, hipóteses de pequenas agressões praticadas com a finalidade de humilhar a vítima. 
Injúria qualificada (art. 140, §3º, CP) 
Se as expressões utilizadas na injúria estão relacionadas com preconceito de raça, cor, etnia, origem, religião, condição de idoso e deficiente.
* Na injúria preconceituosa, o agente dirige a sua conduta a um indivíduo determinado, ao passo em que no crime de preconceito (racismo), previsto na Lei 7716/89 a ofensa é dirigida ao grupo (racismo ofensivo) ou limita-se o direito de alguém em razão de tal preconceito (racismo segregador).
Segundo entendimento dos Tribunais Superiores, a injúria racial, assim como o racismo, é um crime imprescritível.
Denunciação caluniosa (art. 339, CP) 
O agente atribui um falso crime a alguém fazendo com que essa pessoa responda a um inquérito, um procedimento administrativo ou a um processo judicial.
Causas de Aumento de Pena (art. 141, CP) 
As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: 
 I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;  II - contra funcionário público, em razão de suas funções;
 III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria. 
 IV - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. (Incluído pela Lei nº 10.741, de 2003) 
 Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.
Exclusão do crime (IMUNIDADE) (art. 142, CP) 
Hipóteses que excluem a criminalidade ou a ilicitude nos crimes contra honra: 
I. A ofensa irrogada em juízo pelo operador do direito no debate da causa, salvo em excessos e ofensas não relacionadas ao debate. 
II. Os críticos que no exercício da função de uma opinião desfavorável sobre alguém. 
III. Os funcionários públicos que no exercício de suas funções sejam intimados a prestar informações.
Retratação (art. 143, CP) 
É causa de extinção da punibilidade nos crimes de calúnia e difamação, independente da concordância do ofendido, quando o querelado, antes da sentença, pede desculpas pela ofensa. 
Ação Penal (art. 145, CP) 
Em regra, os crimes contra honra são de ação penal privada. 
Se o crime é de INJÚRIA REAL e resulta lesão corporal leve na vítima, a ação será pública condicionada a representação. 
No caso de ofensa contra a honra a presidente da República ou Chefe do Governo estrangeiro, a ação penal é pública condicionada a requisição do Ministério da Justiça. 
No caso de ofensa contra a honra de funcionário público no exercício de suas funções e nos casos de ofensas preconceituosas, a ação é pública condicionada a representação do ofendido.
Súmula 714, STF: 
Nos crimes contra honra de funcionário público no exercício de suas funções, a jurisprudência entende que pode o ofendido entrar com ação privada ou representar ao MP para que se promova ação pública.
* Nos crimes contra a honra, como regra, a ação será Privada. No caso da injúria real (art.140, §2º) que resulta lesão corporal, a Ação Penal será definida pelo nível da lesão causada (art.129 CP). No caso de ofensa a Presidente da República ou representante do Governo estrangeiro, a Ação Penal será Pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça (art.141, I CP). Em caso de injúria preconceituosa (art.140, §3º) a Ação Penal será condicionada à representação da vítima.
De acordo com a Súmula 714 do STF, no caso de ofensa a funcionário em razão da função, a Ação Penal será Concorrente/Alternativa, podendo ser Privada ou Pública condicionada à representação da vítima (art.145, p.u).
* Como regra, cabe a Exceção da verdade no crime de Calúnia , pois existe interesse em saber se o fato é falso ou verdadeiro. Na Difamação, entretanto, não cabe exceção da verdade, salvo se a ofensa for contra funcionário público em razão da sua função. Na Injúria não há exceção da verdade. 
Não será admitida a exceção da verdade no crime de calúnia se a ofensa é contra as autoridades previstas no art.141, I CP, e se o crime imputado de Ação Pública já foi objeto de absolvição por sentença irrecorrível, e, se o fato imputado é de ação privada e o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível.
CRIMES CONTRA A LIBERDADE 
Constrangimento Ilegal (art. 146, CP) 
O agente usa de violência ou grave ameaça, com fim de obrigar a vítima a fazer algo que não quer e que não é obrigada por lei. 
Crime FORMAL, que se configura com o simples uso da violência ou ameaça, com tal finalidade já mencionada acima, mesmo que o resultado não seja obtido. 
Este crime é classificado como SUBSIDIÁRIO, pois é meio de execução de outros crimes mais graves, neste caso O CRIME FIM ABSORVE O CRIME MEIO (Consunção). 
O uso de coação pelo médico, para intervenções emergenciais e suicidas, não configuram crime de constrangimento ilegal. 
Este crime tem semelhança com o crime de tortura, no entanto, o crime de TORTURA tem uma finalidade específica, que é forçar da vítima uma confissão, ou a prestar uma informação, e envolve o emprego de intensa violência física ou moral.
Ameaça (art. 147, CP) 
Significa promessa de um mal injusto e grave, através de palavras, escritos ou gestos, ou qualquer outro meio simbólico. 
Para se caracterizar deve ter idoneidade, seriedade. 
No que tange ameaça por pessoa EMBRIAGADA, há divergência na jurisprudência, sendo certo que o melhor entendimento é o que NÃO HÁ CRIME quando o autor da ameaça se apresentava tão embriagado a ponto de não ter nenhuma consciência do que estava fazendo. 
A promessa de mal justo, não é crime (ex: vou te processar). 
É crime de MERA CONDUTA, pois uma vez feita a promessa o crime estará consumado. 
Trata-se de ação penal pública condicionada à representação do ofendido. 
OBS: Ameaça é diferente de Coação no curso do processo, que é crime contra administração da justiça, previsto no art. 344, sendo que neste delito, a ameaça é feita com fim de favorecer alguém em inquérito, procedimento ou processo judicial e é dirigida contra pessoa que funciona ou é chamada a intervir nos autos.
Sequestro e Cárcere Privado (art. 148, CP) 
Trata-se de crime doloso, em que o agente priva a liberdade da vítima mediante sequestro ou cárcere privado. 
OBS: Quando oagente priva a liberdade da vítima com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate, configura crime do art.159, CP. 
É crime permanente e material, que, para se consumar exige a efetiva privação da liberdade da vítima.
CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
Furto (art. 155, CP) 
O agente dolosamente subtrai coisa alheia móvel, para si ou para outrem, com a intenção de apoderamento, sem o uso de violência ou grave ameaça, mesmo que a posse da coisa seja clandestina. 
Deve estar presente o ANIMUS FURANDI (dolo de furto). 
OBS: A hipótese classificada como FURTO DE USO pela doutrina, não caracteriza crime, tendo em vista a ausência do dolo de apoderamento. Nesta situação, o agente subtrai coisa alheia para uso momentâneo e posterior devolução. 
O crime só se caracteriza se a coisa tiver um valor econômico significativo, até mesmo pelo princípio da bagatela. 
É crime MATERIAL, que se consuma no momento em que o agente assume a posse da coisa furtada, mesmo que por poucos instantes. 
Admite-se a TENTATIVA. 
A restituição voluntária da coisa pode caracterizar o ARREPENDIMENTO POSTERIOR, que é causa de diminuição de pena (art. 16, CP).
Sujeito Ativo: qualquer pessoa
Sujeito passivo: Pessoa física ou jurídica
CONSUMAÇÃO: momento da subtração
Teoria Amotio (MAJORITÁRIA): Posse do bem em qualquer tempo
Teoria Ablatio: Posse mansa, pacífica do bem (em qualquer tempo)
* O crime de Furto consiste em subtrair (tomar para si, com animus definitivo – ANIMUS FURANDI) coisa (aquilo que não é pessoa, englobando o De Cujus “pessoa morta” e os Semoventes “animais”) alheia (aquilo que é de outrem, não englobando a coisa abandonada) móvel.
Aquele que toma a posse de coisa alheia móvel, com mero intuito de uso, e a devolve nas mesmas condições e em curto espaço de tempo não comete crime (furto de uso).
Aquele que acha coisa perdida deve restituí-la no prazo de 15 dias, sob pena de responder pelo delito do art.169, II CP.
* Se a coisa é comum a mais de uma pessoa, aquele que subtrai valor que ultrapassa sua cota responderá por furto de coisa comum (art.156 CP), cuja Ação Penal é pública condicionada à representação da vítima.
Furto em Repouso Noturno (art. 148, §1, CP) 
Temos causa de aumento de pena, quando o agente pratica subtração, em momento de repouso do meio social em que o fato foi praticado. 
O horário de repouso depende dos costumes da região
Furto Privilegiado (art.148, §2, CP) 
Temos uma causa de diminuição de pena quando o agente é primário e subtrai coisa de pequeno valor, que, de acordo com a jurisprudência, é até de um salário mínimo aproximadamente.
Furto de Energia (art. 148, §3, CP) 
Neste crime o código equipara a energia elétrica, e outras similares, a coisa móvel. O que significa que o “gato” configura furto. 
A jurisprudência atual vem entendendo que o pagamento do prejuízo junto à empresa fornecedora extingue a punibilidade do crime. 
Tal entendimento está relacionado com o crime de sonegação fiscal, porque a jurisprudência também entende que o pagamento do imposto sonegado extingue a punibilidade dos crimes.
Furto Qualificado (art. 148, §4 e 5, CP) 
§4º, I - Qualifica o furto a execução mediante o ARROMBAMENTO, ou seja, com a destruição ou rompimento de um anteparo que protege a coisa. 
II – Qualificado por ABUSO DE CONFIANÇA, é necessário que além da relação de lealdade entre as partes, fique demonstrado que o autor do crime se aproveitou da confiança da vítima na execução do crime. 
OBS: Sendo certo, que a jurisprudência entende que o simples vínculo empregatício não é suficiente para a caracterização da qualificadora, tem que estar provado que o agente era funcionário de confiança. 
II – Qualificado por FRAUDE, o agente utiliza de meio fraudulento para fazer com que a vítima reduza a vigilância sobre seu patrimônio facilitando a subtração. 
OBS 1: Diferente de ESTELIONATO, em que o agente usa de meio fraudulento enganando a vítima e a convencendo a entregar o seu patrimônio. 
OBS 2: Se alguém se apropria de coisa que chegou ao seu poder por erro, ou de coisa perdida comete o crime do art. 169 do CP. “Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza: Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.” 
II - Qualificado por DESTREZA, quando o agente se utiliza de esperteza na subtração de maneira que a vítima nem percebe que está sendo furtada (ex: batedor de carteira). 
II – Qualificado por ESCALADA, quando o agente acessa o local da subtração através de uma via anormal, escalando um muro alto, entrando por um túnel, etc. 
III – Qualificado por EMPREGO DE CHAVE FALSA, não necessariamente tem que ser chave, pode ser, por exemplo, um grampo. 
IV – Qualificado por CONCURSO DE PESSOAS, caracterizado sempre que 2 ou mais pessoas, juntas, praticarem a subtração. 
§5º - Qualificado se for furto de VEÍCULO AUTOMOTOR que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. 
§6º - Qualificado por SEMOVENTES DE PRODUÇÃO, animais que tenham finalidade econômica.
* Recentemente o Legislador inseriu novas qualificadoras no crime de Furto, tornando mais grave o furto de semoventes domesticáveis de produção, ainda que abatido ou dividido em partes, bem como o furto de explosivos ou com emprego de explosivos (Lei 3.654/2018).
Roubo (art. 157, CP) 
O agente subtrai coisa alheia móvel, para si ou para outrem, mediante violência ou grave ameaça, ou após anular capacidade de resistência da vítima. 
É crime MATERIAL, se consuma no momento em que o criminoso assume a posse da coisa, mesmo que por poucos instantes. 
Bem jurídico: Propriedade e Posse, Integridade física e psicológica (vida)
É um crime COMPLEXO
Sujeito ativo ou passivo: qualquer pessoa
O roubo pode ser praticado por violência física (vis corporalis), grave ameaça (vis compulsiva) ou reduzindo a vítima à impossibilidade de resistência (Ex: boa noite cinderela) – violência presumida/imprópria.
Roubo Impróprio (art. 157, §1, CP) 
O agente realiza a subtração e depois utiliza de violência ou grave ameaça para garantir a posse da coisa roubada.
Roubo impróprio NÃO admite tentativa
Causas de Aumento de Pena (art. 158, §2, CP) 
I – Emprego de ARMA DE FOGO OU BRANCA: aumento de 1/3 a ½. 
OBS: Se a arma que for usada for de brinquedo a jurisprudência entende que se caracteriza o crime de roubo, mas não o aumento de pena.
 
Também aumenta na pena do delito a RESTRIÇÃO DA LIBERDADE da vítima durante a execução do crime, não se confundindo com o crime de sequestro.
* (AUMENTO) §2º > A Lei 13.654/2018 definiu que a pena será aumentada em 2/3 se existir emprego de arma de fogo, contrariamente ao disposto anteriormente quando a pena era aumentada com o emprego de qualquer arma. Assim, aqueles que foram condenados anteriormente com o emprego de arma branca deverão ser beneficiadas com a retroatividade da lei.
Foi criado também o aumento, se existir rompimento do obstáculo mediante o emprego de explosivo.
Roubo com Lesão (art. 157, §3, CP) 
Caracteriza-se quando em razão da execução do roubo, o autor do crime, com a violência empregada, produz lesões graves na vítima. 
OBS: Se as lesões graves são praticadas por uma violência com intenção de matar, e, a vítima não morre por circunstâncias alheias a vontade do assaltante, então o crime será de tentativa de latrocínio (art. 157, §3º, parte final c/c art. 14, II, CP). 
OBS 2: Se a violência empregada na execução do roubo produzir lesões leves na vítima, o crime fim absorve o crime meio, havendo apenas o crime de roubo.
Latrocínio (art. 157,§3, parte final, CP) 
Temos o roubo com resultado morte, onde o agente mata durante a execução do roubo, sendo o seu dolo principal de subtração patrimonial. 
OBS: Não é competência do tribunal do júri e sim de um juiz singular de direito, por ser considerado um crime contra o patrimônio (Súmula 603 STF). 
Súmula610 do STF: 
Se a subtração é tentada, mas a morte consumada, temos latrocínio CONSUMADO. 
OBS: Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de bens da vítima (Súmula 610 STF). 
Se a subtração é consumada, mas a morte tentada, temos latrocínio TENTADO.
* O crime de Roubo será qualificado se da violência (e não de grave ameaça) resultar lesão corporal grave ou morte (de forma dolosa ou culposa).
No Latrocínio, o agente tem a intenção de subtrair e acaba matando de forma dolosa ou culposa, de modo que, se o agente tem a intenção de matar (dolo 1) e após a morte resolve subtrair (dolo 2), responderá por homicídio em concurso com furto.
* De acordo com a Súmula 603 do STF, latrocínio é julgado no juiz singular por se tratar de um crime contra o patrimônio. Segundo a Súmula 610 do STF, o latrocínio se consuma com com a morte, ainda que o agente não realize a subtração. Tais entendimentos são criticados, pois são contraditórios, de modo que, ao definir a competência utiliza por parâmetro o bem jurídico patrimônio, mas, ao definir a consumação, fundamentando-se no bem jurídico “vida”. Além disso, a Súmula 610 do STF ofende o art.14, I do CP, o qual determina que o crime só será consumado se presentes todos os elementos, no caso, com a morte e também subtração.
Extorsão e Sequestro (art. 158, CP) 
O agente constrange a vítima, mediante violência ou grave ameaça, a fazer, deixar de fazer ou tolerar que se faça, com a intenção de obter uma vantagem econômica indevida. 
É crime FORMAL, pois, mesmo se não houver o pagamento da vantagem o crime se consuma. 
Sequestro Relâmpago (art. 158, §3, CP) 
A vítima é extorquida e os criminosos usam como meio de execução a privação da liberdade. 
* Segundo doutrina majoritária, a diferença principal entre o roubo e a extorsão é a necessidade de colaboração da vítima, de modo que, na extorsão, a colaboração da vítima é imprescindível para a obtenção de vantagem, enquanto no roubo ela é dispensável.
* No sequestro ou cárcere, o agente não possui finalidade econômica, de modo que, se o autor exigir uma recompensa econômica como condição ou preço de um resgate, haverá o crime de extorsão mediante sequestro (art.159). Se a privação da liberdade é um mero meio para garantir o roubo ou a extorsão, haverá um roubo com causa de aumento de pena (art.157, §2º, V) caso o comportamento da vítima seja dispensável (ex: saidinha bancária), mas se a colaboração da vítima for imprescindível ocorrerá uma extorsão qualificada (art.158, §2º).
Extorsão mediante Sequestro (art. 159, CP) 
O agente sequestra uma pessoa privando-a de sua liberdade com o fim de obter uma vantagem econômica indevida a título de resgate para sua consumação. 
É crime FORMAL, que não depende do pagamento do resgate para ser consumado. 
Se resultar em MORTE, caracteriza a qualificadora do §3º , ou seja sequestro com resultado morte
* De acordo com a Súmula 96 do STJ, o crime de extorsão consuma-se independetemente da obtenção da vantagem econômica. Tradicionalmente, sempre se entendeu que o crime se consuma no momento da violência ou grave ameaça, mas, recentemente, em um julgamento, o STF se manifestou, considerando que o crime se consuma na ação ou omissão da vítima.
Apropriação Indébita (art. 168, CP) 
O agente assume a posse da coisa alheia móvel de boa-fé e depois resolve dela se apropriar, passando a se comportar como se seu dono fosse. Essa posse deve ser lícita e desvigiada.
É crime doloso, que difere do furto, pois o dolo do apoderamento é posterior a posse da coisa. 
É crime MATERIAL, que depende do resultado para consumação. 
Admite o princípio da bagatela. 
Apropriação Indébita Previdenciária (art. 168-A, CP) 
Quando o empregador desconta a verba previdenciária do salário de seu empregado e não a repassa ao instituto de previdência. Outras hipóteses de apropriação (art. 169, § único, II, CP) 
Apropriação de coisa que chegou ao seu poder por erro ou força maior. 
II – Apropriação de coisa achada, caso não devolva em 15 dias ao seu dono ou autoridades.
Estelionato (art. 171, CP) 
O agente usa de meio fraudulento para enganar a vítima e, a mantendo em erro, faz com que entregue voluntariamente o seu patrimônio. 
É crime doloso e MATERIAL, que se consuma no momento em que o agente obtém a vantagem econômica indevida. 
Admite a TENTATIVA. 
É crime de AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA. 
No estelionato mediante EMISSÃO DE CHEQUE SEM FUNDO (art. 171, §2º, VI, CP), de acordo com a súmula 574 do STF, o pagamento da dívida antes do recebimento da denúncia pelo juiz, obsta a ação penal, sendo extinta a punibilidade do crime. 
Com relação ao cheque pré-datado, a jurisprudência considera não configurar o crime se na data ajustada não há previsão de fundos na conta, porque este tipo de cheque não é ordem de pagamento a vista, e sim, um contrato entre às partes.
* De acordo com a interpretação contrária da Súmula 554 do STF, o pagamento emitido sem fundos, até o recebimento da denúncia, impede o prosseguimento da ação penal, extimguindo a punibilidade.
Receptação (art. 180, CP) 
O agente adquire determinado produto que é de origem criminosa. 
Se ele possui a consciência da origem ilícita do produto, o crime é de RECEPTAÇÃO DOLOSA (art. 180, CP). 
Se ele adquirir o produto sem conhecer sua origem ilícita, tendo condições de aferir esta circunstância, o crime é de RECEPTAÇÃO CULPOSA (art. 180, §3º, CP). 
É crime AUTÔNOMO, de acordo com o §4º é punível, mesmo que desconhecido ou isento de pena, o fato anterior que originou a mercadoria ilegal.
Se a receptação é feita para o uso da mercadoria ilícita em atividades comerciais ou industriais é crime QUALIFICADO, conforme previsto no art. 180, § 1º, CP, mesmo em caso de atividade comercial clandestina ou informal. 
Na receptação culposa, de acordo com o art. 180, §5º, é possível ao juiz, dependendo das circunstâncias e se o réu for primário, conceder o PERDÃO JUDICIAL. 
É crime de AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA. 
É crime MATERIAL, porque se consuma com aquisição do produto.
Imunidades (art. 181 a 183, CP)
ABSOLUTA 
Art. 181. É isento de pena quem comete qualquer dos crimes previstos neste título, em prejuízo:
I – do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; 
II – de ascendente ou descendente, seja o parentesco legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
RELATIVA
Art. 182. Somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo: 
I – do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; 
II – de irmão, legítimo ou ilegítimo; 
III – de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
Ação Penal Pública Condicionada a Representação
EXCEÇÕES
Art. 183. Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores: 
I – se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou violência à pessoa; 
II – ao estranho que participa do crime; 
III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.
CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL (LEIS 12.015/09 e 13.718/18)
Estupro (art. 213, CP) 
O agente, através de violência ou grave ameaça, pratica conjunção carnal ou atos libidinosos diversos com a vítima. 
É crime doloso e MATERIAL, que depende da ocorrência do resultado (contato sexual). 
Bem Jurídico: Dignidade sexual, liberdade sexual, autonomia
Sujeito Ativo ou Passivo: qualquer pessoa
Até o ano de 2009 era chamado de Atentado Violento ao Pudor
PROSTITUTA pode ser vítima de estupro também.
* O crime de estupro consiste em constranger (forçar) alguém (anteriormente, apenas a mulher era a vítima) a praticar ou permitir que se pratique conjunção carnal ou ato libidinoso diverso (a prática de ato libidinoso configurava Atentado Violento ao Pudor).
Em razão de tais alterações, o indivíduo que pratica, no mesmo contexto, uma conjunção carnal e um ato libidinoso responde por crimeúnico de Estupro (antes havia concurso de crimes). Em razão do ato libidinoso da conjunção carnal configurarem o mesmo crime, passou a ser possível o crime continuado. Como tais alterações são mais benéficas ao réu devem retroagir.
Estupro de Vulnerável (art. 217-A, CP) 
O agente mantém conjunção carnal ou pratica atos libidinosos com pessoa MENOR de 14 ANOS, ENFERMA, DEFICIENTE MENTAL ou que por qualquer circunstância esteja com sua CAPACIDADE DE RESISTÊNCIA ANULADA, presentes violência ou grave ameaça ou não. 
Estupro com Resultado Morte (art. 213,§2º e art. 217-A, §4º, CP) 
Temos o crime preterdoloso, onde o agente tem dolo de estuprar e acaba matando a vítima culposamente. 
Se após encerrado o estupro o agente resolve matar a vítima, serão 2 crimes em concurso material, estupro e homicídio qualificado.
Ação Penal (art. 225, CP) 
Em regra o crime de estupro é de AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA A REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO. 
Se a vítima é menor de 18 anos ou pessoa vulnerável, o crime é de AÇÃO PENAL PUBLICA INCONDICIONADA.
Violação Sexual Mediante Fraude (art. 215, CP) 
O agente dolosamente induz a vítima a erro fazendo com que a mesma mantenha contato sexual desconhecendo com quem está se relacionando ou desconhecendo a circunstância sexual do ato. 
Quanto à identidade: O agente passa-se por outra pessoa (Ex.: irmão gêmeo que se envolve com a cunhada, passando-se por seu irmão)
Quanto à legitimidade: Autoriza ato pensando ser uma coisa e é outra (Ex.: Médico que utiliza ‘técnica’ que o paciente desconhece para praticar a violência
Assédio Sexual (art. 216-A, CP) 
O agente se aproveita de sua condição de superior hierárquico em relação a vítima, com o fim de constrangê-la a favores sexuais. 
É crime FORMAL, não depende do efetivo contato sexual para consumação. 
Sujeito ativo: Superior hieráquico de relação de trabalho
Sujeito passivo: Inferior hieráquico de relação de trabalho 
Os sujeitos podem ser tanto mulher quanto homem.
NÃO é cantada ofensiva, inoportuna ou mesmo reiterada
Consumação: No momento da proposta, utilizando-se do cargo.
Importunação Sexual (art. 215-A)
Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro
Crime SUBSIDIÁRIO
* A Lei 13.718/2018 inseriu o art.215-A para suprir uma lacuna legislativa, revogando a contravenção penal de importunação ofensiva ao pudor. O tipo consiste em praticar contra alguém, e sem a sua anuência, um ato libidinoso. Trata-se de um crime subsidiário, que ocorrerá quando não incidir um estupro, estupro de vulnerável ou violação sexual mediante fraude.
Corrupção de Menores (art. 218)
Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem
DIVERGÊNCIAS:
Literal (NUCCI): Quem induz pratica a Corrupção de Menor. Quem pratica o ato comete Estupro de vulnerável
Sistemática (GRECO): Todos cometem Estupro de vulnerável
Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente (art. 218-A)
Praticar, na presença de alguém menor de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascívia própria ou de outrem
Sujeito passivo presencia o ato em tempo real
*LEI 13.718/2018 (ART.218-C CP):*
* Foi inserido o art.218-C no CP criminalizando a conduta de quem compartilha ou transmite vídeos, imagens de estupro, estupro de vulnerável e cenas de sexo ou nudez.
Causas de aumento (Lei 13.718/18)
II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade sobre ela; (Redação dada pela Lei nº 13.718, de 2018). 
IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado: (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018). 
Estupro coletivo (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018). a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agentes; (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018). 
Estupro corretivo (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018). b) para controlar o comportamento social ou sexual da vítima. (Incluído pela Lei nº 13.718, de 2018).
A pena será aumentada em um terço se o crime for cometido em local público, aberto ao público ou com grande aglomeração de pessoas ou em meio de transporte público, durante a noite em lugar ermo, com o emprego de arma, ou por qualquer meio que dificulte a possibilidade de defesa da vítima.
*PRESCRIÇÃO DE CRIMES CONTRA MENORES (ART.111, V, CP):*
* Crime sexual contra menores, só começa a prescrição a contar a partir dos 18 anos, salvo se houver representação antecipada (art.111, V).
CRIMES CONTRA A FAMÍLIA
Bigamia (art. 235)
Contrair alguém, sendo casado, novo casamento 
§ 1º - Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de um a três anos (BIGAMIA PRIVILEGIADA)
§ 2º - Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo que não a bigamia, considera-se inexistente o crime
A PRESCRIÇÃO só se conta após o fato ser conhecido.
Abandono material (art. 244)
Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos, não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente, gravemente enfermo: Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, de uma a dez vezes o maior salário mínimo vigente no País.
Abandono intelectual (art. 246)
Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária de filho em idade escolar
A criança deve estar cursando o Ensino Fundamental
Abandono moral (art. 247)
> Permitir alguém que menor de dezoito anos, sujeito a seu poder ou confiado à sua guarda ou vigilância: 
I - freqüente casa de jogo ou mal-afamada, ou conviva com pessoa viciosa ou de má vida; 
II - freqüente espetáculo capaz de pervertê-lo ou de ofender-lhe o pudor, ou participe de representação de igual natureza; 
III - resida ou trabalhe em casa de prostituição; 
IV - mendigue ou sirva a mendigo para excitar a comiseração pública:
Induzimento a erro (art. 236)
Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior: 
Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento (AÇÃO PERSONALÍSSIMA).
Registro inexistente (art. 241)
Promover no registro civil a inscrição de nascimento inexistente
Parto suposto. Supressão ou alteração de direito inerente ao estado civil de recém-nascido
* No art. 241, o agente registra “alguém” que não existe, enquanto que no art.242 o indivíduo registra como seu filho o de outrem. Neste último caso, se o motivo for nobre, o juiz pode reduzir a pena ou aplicar o perdão judicial. 
Em breve mais atualizações deste resumo, o qual teve 85% feito por Ray Ouverney e 25% por Alisson Jones
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