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Ciencias_Sociais_Unidade_II

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4 A FORMAÇÃO DA SOCIEDADE CAPITALISTA 
NO BRASIL
Até agora discutimos as bases do capitalismo mundial. 
Nesta unidade vamos falar um pouco das particularidades do 
capitalismo no Brasil.
A sociedade brasileira se constituiu em consequência do 
processo de expansão do capitalismo europeu, a partir do século 
XV. No início, todas as relações comerciais eram voltadas para 
a metrópole, enquanto aqui se mantinham relações sociais 
baseadas na escravidão.
Somente no século XIX, com a abolição da escravidão e a 
chegada de um grande contingente de imigrantes, é que se 
introduziu o trabalho livre. No ciclo do café, outras atividades 
econômicas se desenvolveram, como o transporte ferroviário, 
o sistema bancário, pequenas indústrias de alimentos e têxteis, 
que dinamizaram a vida nas áreas urbanas
4.1 Industrialização e formação da sociedade 
de classes
Vários estudos indicam que o processo de industrialização do 
Brasil esteve ligado ao desenvolvimento da economia cafeeira 
no Estado de São Paulo.
Uma das razões da industrialização foi a introdução do 
trabalho livre, com o grande surto migratório que o país viveu 
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no século XIX, o que gerou um mercado consumidor de produtos 
industriais.
Segundo Vita (1989, p. 137), a forma como se organizaram 
os negócios do café permitiu a formação de uma ‘consciência 
burguesa’ entre os fazendeiros, pois o capital acumulado 
com o café era utilizado na diversificação das atividades 
econômicas. Assim, o capital acumulado com a venda do 
café era investido em outra atividade que possibilitasse a 
obtenção de lucro.
No início dos anos 1920, grandes empresas norte-americanas 
instalaram filiais no Brasil: Ford, Firestone, Armour, IBM etc. 
(Novaes, 1984, p. 117). Com a crise mundial do início dos anos 
1930, a economia brasileira deixa de voltar-se para a exportação 
e se apoia na interiorização e na industrialização. A partir dos 
anos 1950, porém, com a chegada de um grande número de 
empresas estrangeiras a economia industrial brasileira se volta 
novamente para o mercado externo.
4.2 O capitalismo dependente
O grau de dependência da economia brasileira em relação 
às potências estrangeiras pode ser entendido a partir da 
compreensão do modelo de desenvolvimento industrial 
que o país adotou e que privilegia a indústria de bens de 
consumo em detrimento da indústria de bens de capital.
Outro aspecto que merece ser mencionado a respeito da 
dependência estrangeira diz respeito à ausência de produção de 
tecnologia no país, que optou por um modelo de desenvolvimento 
industrial marcado tanto pela dependência tecnológica como 
pela de capital estrangeiro.10
10 Não é possível pensar no processo de industrialização brasileiro 
sem levar em conta o processo de expansão das empresas européias e 
norte-americanas no pós-guerra.
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5 GLOBALIZAÇÃO E SUAS CONSEQUÊNCIAS
O que denominamos contemporaneamente de globalização 
é um processo de mundialização do capitalismo que envolve 
uma grande diversidade de aspectos de natureza cultural, social, 
econômica e política.
O capitalismo passa por uma série de transformações no 
final do século XX, por um processo de liberalização comercial 
que provocou uma maior abertura das economias nacionais, 
resultando em mudanças nos processos de trabalho, nos hábitos 
de consumo, nas configurações geográficas e geopolíticas e nos 
poderes e práticas do Estado.
A globalização do mundo expressa um novo ciclo de 
expansão do capitalismo como modo de produção e processo 
civilizatório de alcance mundial. No cotidiano, a globalização 
se manifesta, de maneira mais visível, nas mudanças 
tecnológicas e nas alterações nos processos de trabalho e 
produção.
Nesse surto de universalização do capitalismo, o 
desenvolvimento adquire novo impulso, com base nas novas 
tecnologias, na criação de novos produtos e na mundialização 
de mercados.
5.1 A globalização comercial e financeira
A globalização é marcada pela transição de um modelo de 
organização fordista11 para um modelo toyotista, que Harvey 
(1992) denomina passagem para um regime de acumulação 
flexível.
11 Fordismo: produção padronizada de bens de consumo. O 
toyotismo refere-se à produção especializada a ser consumida por um 
público segmentado.
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Eis algumas características do regime de acumulação 
flexível:
1. flexibilidade dos processos de trabalho, dos produtos e 
dos padrões de consumo;
2. ampliação do setor de serviços;
3. níveis relativamente altos de desemprego estrutural;
4. rápida destruição e reconstrução de habilidades e ganhos 
modestos.
5.2 Retrocesso do poder sindical
A mundialização dos mercados envolve um amplo processo 
de redistribuição das empresas por todo o mundo. As empresas 
passam por processos de reestruturação para adaptar-se às 
novas exigências de produtividade, agilidade, capacidade de 
inovação e competitividade.
A globalização envolve ampla transformação na esfera do 
trabalho: modificam-se as técnicas produtivas, as condições 
jurídicas, políticas e sociais. A procura de mão-de-obra barata 
faz com que as grandes companhias busquem força de trabalho 
em todos os cantos do mundo, levando o desemprego à escala 
global.
As grandes empresas transnacionais operam em todo o 
planeta. Elas vendem as mesmas coisas em todos os lugares 
através da criação de produtos universais.
Para os executivos das grandes companhias há necessidade 
de distanciamento de suas culturas particulares e seu 
comprometimento se volta para a competição global. A busca 
por eficiência e produtividade se torna uma obsessão social (cf. 
Ortiz, 1994, p. 153).
Ponto de reflexão:
A globalização tem provocado 
um processo de concentração de 
empresas ou tem possibilitado o 
empreendedorismo?
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O sistema financeiro global passa por um processo de 
reorganização. O mercado de ações, os mercados futuros, de 
acordos de compensação recíproca de taxas de juros e moedas, 
ao lado da acelerada mobilidade geográfica de fundos, resultam 
na criação de um único mercado mundial de dinheiro e crédito. 
(Harvey, 1992, p. 152). Isso levou o sistema financeiro mundiala fugir do controle coletivo, o que permitiu o fortalecimento do 
capital financeiro.
Por ser um processo ainda não concluso, há dificuldade de 
captar a natureza das mudanças que estamos vivenciando. Há 
análises que enfatizam os elementos positivos e outros que se 
voltam para os aspectos negativos.
5.3 As novas tecnologias
No final do século passado vivenciamos uma verdadeira 
revolução tecnológica em diversas áreas: microeletrônica, 
microbiologia e engenharia genética.
A utilização das modernas tecnologias tem contribuído para 
o aumento da produtividade e tem possibilitado mudanças com 
gigantesca velocidade. Antes de cair no domínio público, as 
tecnologias já são superadas
As novas tecnologias possibilitaram a estruturação de 
todo o processo produtivo. O trabalho, em consequência 
da revolução técnico-científica, exige níveis cada vez mais 
elevados de instrução, maior emprego da inteligência e do 
esforço mental.
5.4 A globalização cultural
As novas tecnologias têm contribuído para que as fronteiras 
culturais e linguísticas deixam de ter sentido e para que se 
adote o inglês como língua oficial dos negócios internacionais.
Os meios de comunicação baseados na eletrônica têm 
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contribuído para agilizar o mundo dos negócios em escala 
jamais conhecida.
A cultura encontra horizontes de universalização – o que era 
local e nacional pode tornar-se mundial.
A cultura global conduz a um processo de homogeneização 
dos hábitos de consumo, à medida que os meios de 
comunicação difundem um número cada vez mais restrito de 
modelos de organização do modo de vida. Veja o que afirma 
Ortiz (1994, p. 173):
A convergência de comportamento de consumidores 
é uma tendência dominante dos últimos trinta anos. 
Chocava a Europa do pós-guerra a grande diversidade 
de comportamentos e a abundância de pluralismos 
locais e regionais. Mas, em trinta anos, em todos os 
lugares, uma parcela cada vez maior da população 
distanciou-se da sociedade tradicional, de seus 
valores, para entrar na modernidade, criadora de novos 
valores. Essa evolução aproximou os comportamentos, 
sobretudo de consumo.
Eis algumas características culturais de nossa época:
•-forte presença da moda, do efêmero, do espetáculo e da 
mercadificação;
•-a publicidade assume papel maior nas práticas culturais;
•-a publicidade manipula desejos sem relação com os 
produtos.
Nesse novo contexto, a produção e a difusão de bens culturais 
ocupam um lugar central, que no passado pertenceu aos bens 
industriais, haja vista a presença significativa de empresas 
ligadas à comunicação e ao entretenimento entre as maiores do 
mundo contemporâneo.
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6 TRANSFORMAÇÕES DO TRABALHO
As mudanças na organização dos processos de trabalho, já 
mencionadas na unidade anterior, conduziram à flexibilidade 
desses processos (just in time), aos contratos de trabalho 
(terceirização) e à descentralização do processo produtivo. 
As empresas investem em automação, reduzem as chefias 
intermediárias e o resultado é a diminuição de pessoal. Desse 
modo, o regime de trabalho é marcado pela instabilidade 
no emprego, por baixos níveis salariais e por desemprego 
estrutural, considerado, hoje, um dos principais problemas 
sociais.
Diante desse contexto, as empresas mudam o perfil do 
trabalhador desejado. O novo quadro do mercado de trabalho 
vai requerer um perfil de trabalhador polivalente, altamente 
qualificado, com maior grau de responsabilidade e de autonomia. 
O trabalhador necessário no mercado deve desenvolver sua 
criatividade, reciclar-se permanentemente, possuir flexibilidade 
intelectual nas situações de constante mudança e ter capacidade 
de análise e comunicação. Deve ter atitudes de participação, 
cooperação e multifuncionalidade.
6.1 O processo de precarização do trabalho
Entre as ocupações não organizadas, destaca-se a crescente 
quantidade de trabalhadores temporários, de meio período, 
freelancers, autônomos, via correio eletrônico (e-mails), 
contratados e representantes independentes, além daquelas 
ocupações com ganhos flutuantes atrelados aos índices de 
desempenho, enterrando de vez a ideia de um futuro previsível 
assentado no emprego estável.
Antunes (2002) considera que a precarização do 
trabalho levou a uma situação de mutações onde poucos 
se especializaram e muitos ficaram sem qualificação 
suficiente para introduzir-se nesse mercado de trabalho, 
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engrossando a fila dos desempregados, gerando uma classe 
de trabalhadores fragmentada e dividida em trabalhadores 
qualificados e desqualificados, composta de jovens e 
velhos, homens e mulheres, estáveis e precários, imigrantes 
e nacionais etc., disputando um mercado formal e outro 
informal, sem falar nas divisões que decorrem da inserção 
diferenciada dos países e de seus trabalhadores na nova 
divisão internacional do trabalho. Esse processo conduziu 
à destruição e/ou precarização sem paralelo em toda a era 
moderna.
6.2 Desemprego estrutural e informalidade
O que caracteriza o setor informal é o trabalho isolado; muitas 
vezes inventa-se o próprio trabalho, com grande mobilidade de 
atividades e horários flexíveis.
O setor informal, segundo a OIT, já atinge cerca de 40% do 
mercado de trabalho na América Latina. A taxa de informalidade 
tem tido um crescimento superior ao setor formal.
Os processos de terceirização e informalidade, que se 
expandem sob a forma de trabalho por conta própria em 
microempresas ou através do trabalho em domicílio, obscurecem 
o desemprego.
A economia informal é o destino de um grande contingente 
de trabalhadores que não consegue inserção na pirâmide 
do mercado de trabalho formal12. Ela coloca em evidência a 
tendência geral de hierarquização do trabalho, a fragilização 
dos vínculos e a crescente desigualdade remuneratória, 
aprofundando a fratura social, trazendo insegurança, tornando 
a economia ineficiente, transformando-a num ciclo vicioso de 
desorganização social.
12 No topo da pirâmide do mercado de trabalho se coloca o emprego 
nobre no setor formal. Na parte intermediária ficam os trabalhadores que 
atuam em atividades terceirizadas, mais ou menos instáveis, e na base está 
a massa de mão-de-obra que cai na economia ilegal ou subterrânea.
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7 POLÍTICA E RELAÇÕES DE PODER: 
PARTICIPAÇÃO POLÍTICA E DIREITOS DO 
CIDADÃO
Nesta unidade vamos discutir política, pois o Estado é uma 
instituição que tem forte presençana vida do cidadão comum 
e é para onde, de um modo geral, são dirigidas as críticas das 
mazelas produzidas pela sociedade.
7.1 Política, poder e Estado
A palavra política entrou para o vocabulário do homem 
comum designando a atividade de um grupo social pouco 
confiável: os políticos profissionais. É preciso esclarecer, porém, 
que todos nós somos seres políticos e que política diz respeito a 
uma comunidade organizada, formada por cidadãos.
Segundo Arendt (2003, p. 21), “a política trata da convivência 
entre diferentes.” Desse modo, todos estão envolvidos na política, 
mesmo aqueles que não querem saber e viram as costas para as 
decisões que interferem em suas vidas.
O exercício do poder implica uma relação de mando e 
obediência e se fundamenta na imposição de uma vontade 
sobre as outras vontades. O poder não está circunscrito somente 
ao âmbito do Estado. As relações de poder estão presentes em 
todas as relações sociais. Por exemplo, na família sempre existe 
a figura de alguém que exerce o poder. Nas empresas, todas as 
relações são marcadas por hierarquia.
O Estado é uma instituição criada pelo homem com o intuito 
de proteger os homens uns dos outros. O Estado exerce seu 
poder através do uso das armas e das leis.
Max Weber define o Estado como uma estrutura política 
que tem o monopólio do uso legítimo da força física em 
determinado território. O Estado é visto como uma relação 
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de homens dominando homens por meio da violência 
considerada legítima.
Para que o Estado cumpra suas funções de garantir a ordem, 
proteger a sociedade para que ela não se desfaça, é necessário 
não apenas o exercício do poder, mas a legitimidade, que provém 
da aceitação da sociedade.
7.2 Democracia e cidadania
O conceito de democracia surgiu na Grécia antiga e significa 
que todo o poder deve emanar do cidadão, ou seja, é um tipo 
de governo que nasce do povo e tem como objetivo atender aos 
interesses do povo.
De uma forma mais específica, em nossa sociedade a 
democracia se manifesta através de um sistema eleitoral 
em que o povo escolhe seus representantes. Outro elemento 
fundamental do regime democrático é a liberdade de ir e vir, a 
liberdade de expressão e de organização.
Por cidadania entende-se o direito de qualquer membro da 
sociedade de participar da vida pública. Segundo o artigo 5º. da 
Constituição Brasileira, somos todos iguais perante a lei, sem 
distinção de qualquer natureza, garantindo-se a todos o direito 
à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
7.3 Participação política
Ninguém escapa da política. Quem não se envolve 
diretamente nos acontecimentos é envolvido indiretamente 
nas suas consequências, pois todo ato humano em sociedade é 
político, inclusive o ato de omissão.
A participação política não se restringe ao voto em período 
eleitoral. Existem outras formas de exercício político, como 
tomar parte em sindicatos e movimentos sociais.
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8 QUESTÕES URBANAS
A cidade é considerada um espaço privilegiado para análise 
da mudança social. A formação da multidão é um fenômeno 
das áreas urbanas, o que gera a exposição das necessidades das 
massas despossuídas.
A concentração de pessoas nas áreas urbanas produz efeitos 
devastadores, como a formação de bairros periféricos, mostrando 
as duas faces do desenvolvimento econômico: a opulência e a 
miséria.
Segundo a ONU, em 2007 a população urbana se igualou à 
população rural no mundo. O processo de urbanização é visto 
por especialistas como inevitável, e cabe às cidades preparar-se 
para receber a população rural que cada vez mais tende a deixar 
o campo.13
O processo de urbanização é uma manifestação da 
modernização da sociedade, que passa por uma transição do 
rural para o urbano-industrial. Os migrantes, de um modo geral, 
buscam progresso através da mobilidade social oferecida pela 
urbanização.
8.1 A cidade e seus problemas
Os problemas nas áreas urbanas são inúmeros, como a 
falta de um planejamento urbano que permita receber os 
contingentes populacionais, o que leva à formação de bairros 
periféricos onde os serviços públicos estão ausentes. As 
condições de moradia são precárias e as distâncias dos bairros 
centrais são grandes.14
13 “População das cidades se iguala à rural no planeta.”, Folha de 
São Paulo, 28 de junho de 2007, pág. A14
14 É usual encontrar na cidade de São Paulo pessoas que gastam, em 
média, 6 h por dia em locomoção para o trabalho.
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8.2 Violência urbana
A violência tem-se constituído em um dos principais 
problemas das áreas urbanas. Assaltos e crimes, que apontam 
para condições degradantes da vida urbana, são frequentes 
em muitas cidades. Essa situação provoca insegurança social, 
destruição, depredação física e profundos abalos morais, além 
de custos elevados com serviços policiais e equipamentos de 
segurança.
9 MOVIMENTOS SOCIAIS
Aproximamo-nos do final do curso e já pudemos perceber 
que a sociedade capitalista é complexa, marcada por jogos de 
interesses, classes sociais com interesses distintos, crise moral, 
crescimento da burocracia, lutas pelo poder etc.
Por movimentos sociais entende-se as “ações de grupos 
sociais organizados que buscam determinados fins estabelecidos 
coletivamente e têm como objetivo mudar ou manter as relações 
sociais.” (Ferreira, 2001, p. 146)
Há uma tendência em nossa sociedade de criminalizar, 
em termos éticos ou políticos, os grupos que se organizam 
em defesa de seus interesses. É preciso considerar, porém, que 
os movimentos sociais procuram interferir na elaboração das 
políticas públicas econômicas, sociais etc, algo que o indivíduo, 
isoladamente, não conseguiria.
A seguir, veremos como a sociedade se organiza em 
movimentos coletivos com o intuito de promover ou resistir à 
mudança.
9.1 A sociedade em movimento
Há uma diversidade de movimentos que atuam na sociedade, 
como os ecológicos, feministas, pacifistas e antirracistas, que 
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surgiram na Europa e ganham cada vez mais espaço na América 
Latina.
Os movimentos sociais podem ser divididos em dois tipos: os 
que buscam a emancipação e os que buscam a manutenção da 
ordem existente.
Exercem maior influência na sociedade os movimentos que se 
organizam em busca da emancipação. Como exemplos citamos 
o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, o Comitê 
em Defesa dos Direitos Humanos, o Fórum Social Mundial, o 
movimento hippie, o movimento estudantil.Santos (2001) chama a atenção para o que denomina “os 
novos movimentos sociais”, que identificam novas formas de 
opressão não baseadas exclusivamente nas relações econômicas, 
na busca do bem-estar material, como os movimentos pacifistas, 
contra o machismo, o racismo.
Os movimentos sociais contemporâneos podem ser 
divididos em dois tipos. O de interesses específicos de um 
grupo social, como o de mulheres, negros etc., e o de interesses 
difusos, como a ecologia e o pacifismo. Lutando por causas 
subjetivas, buscam a emancipação pessoal e não social, por 
isso existe um certo distanciamento do Estado, dos partidos 
e sindicatos.
Santos (2001) analisa que os novos movimentos sociais 
atuam em estruturas descentralizadas, não hierárquicas e 
fluidas. Daí uma preferência pela ação política não institucional, 
dirigida à opinião pública, com vigorosa utilização dos meios de 
comunicação de massa.
Temos exemplos recentes de movimentos que agem em busca 
da emancipação pessoal. É só recordar a recente mobilização de 
homossexuais na cidade de São Paulo.
Ponto de reflexão:
O uso de novas tecnologias de 
informação pode fortalecer o potencial 
de globalização dos movimentos 
sociais?
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9.2 Movimentos da sociedade em rede
Com o advento da Internet, surge a possibilidade concreta de 
articulação de grupos sociais em defesa de interesses comuns. A 
Internet possibilitou a criação de movimentos em âmbito global, o 
contato de pessoas de regiões diferentes e com objetivos comuns.
A Internet tem permitido a desterritorialização do espaço 
público. O surgimento de comunidades virtuais rompe as 
fronteiras físicas e morais e coloca temas de alta relevância 
social em evidência, como a questão ambiental, a de identidade, 
de ideologias políticas etc. As comunidades crescem velozmente 
e torna-se difícil acompanhar e mapear esse processo.
É comum encontrarmos na Internet grupos que denunciam 
interesses escusos de partidos políticos, o que se tem constituído 
em um meio de pressão governamental.
Como afirma Consolo (2008):
O uso e a apropriação da Internet, para fins sociais, tem 
trazido grandes benefícios aos movimentos sociais, 
tais como: quebra do isolamento, propagação de lutas 
particulares, maior presença através da rede, como 
também maior interação e coordenação, tanto entre 
os membros quanto com outras redes e movimentos 
sociais, o que gerou também a universalização 
de singularidades. Podemos dizer que a Internet 
converteu-se em um espaço público fundamental para 
uma nova sociabilização. Espaço esse que possibilita 
novos caminhos para as interações, especialmente 
entre os membros dos grupos sociais.
Os movimentos captaram rapidamente a importância da 
Internet para a mobilização. Os movimentos antiglobalização, que 
realizam protestos contra instituições como o Banco Mundial, o 
FMI ou a OMC, articulam-se mundialmente pela Internet.
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