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Unidade II 26D ia gr am aç ão : L éo 2 6/ 05 /0 8 -| |- R ev is ão 2 00 9: M ar in a - Co rr eç ão : F ab io 1 3/ 05 /0 9 // N ov a Re vi sã o: A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o 4 A FORMAÇÃO DA SOCIEDADE CAPITALISTA NO BRASIL Até agora discutimos as bases do capitalismo mundial. Nesta unidade vamos falar um pouco das particularidades do capitalismo no Brasil. A sociedade brasileira se constituiu em consequência do processo de expansão do capitalismo europeu, a partir do século XV. No início, todas as relações comerciais eram voltadas para a metrópole, enquanto aqui se mantinham relações sociais baseadas na escravidão. Somente no século XIX, com a abolição da escravidão e a chegada de um grande contingente de imigrantes, é que se introduziu o trabalho livre. No ciclo do café, outras atividades econômicas se desenvolveram, como o transporte ferroviário, o sistema bancário, pequenas indústrias de alimentos e têxteis, que dinamizaram a vida nas áreas urbanas 4.1 Industrialização e formação da sociedade de classes Vários estudos indicam que o processo de industrialização do Brasil esteve ligado ao desenvolvimento da economia cafeeira no Estado de São Paulo. Uma das razões da industrialização foi a introdução do trabalho livre, com o grande surto migratório que o país viveu 5 10 15 Unidade II CIÊNCIAS SOCIAIS 27 D ia gr am aç ão : L éo 2 6/ 05 /0 8 -| |- R ev is ão 2 00 9: M ar in a - Co rr eç ão : F ab io 1 3/ 05 /0 9 // N ov a Re vi sã o: A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o GRADUAÇÃO-2sem-1mod no século XIX, o que gerou um mercado consumidor de produtos industriais. Segundo Vita (1989, p. 137), a forma como se organizaram os negócios do café permitiu a formação de uma ‘consciência burguesa’ entre os fazendeiros, pois o capital acumulado com o café era utilizado na diversificação das atividades econômicas. Assim, o capital acumulado com a venda do café era investido em outra atividade que possibilitasse a obtenção de lucro. No início dos anos 1920, grandes empresas norte-americanas instalaram filiais no Brasil: Ford, Firestone, Armour, IBM etc. (Novaes, 1984, p. 117). Com a crise mundial do início dos anos 1930, a economia brasileira deixa de voltar-se para a exportação e se apoia na interiorização e na industrialização. A partir dos anos 1950, porém, com a chegada de um grande número de empresas estrangeiras a economia industrial brasileira se volta novamente para o mercado externo. 4.2 O capitalismo dependente O grau de dependência da economia brasileira em relação às potências estrangeiras pode ser entendido a partir da compreensão do modelo de desenvolvimento industrial que o país adotou e que privilegia a indústria de bens de consumo em detrimento da indústria de bens de capital. Outro aspecto que merece ser mencionado a respeito da dependência estrangeira diz respeito à ausência de produção de tecnologia no país, que optou por um modelo de desenvolvimento industrial marcado tanto pela dependência tecnológica como pela de capital estrangeiro.10 10 Não é possível pensar no processo de industrialização brasileiro sem levar em conta o processo de expansão das empresas européias e norte-americanas no pós-guerra. 5 10 15 20 25 Unidade II 28D ia gr am aç ão : L éo 2 6/ 05 /0 8 -| |- R ev is ão 2 00 9: M ar in a - Co rr eç ão : F ab io 1 3/ 05 /0 9 // N ov a Re vi sã o: A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o 5 GLOBALIZAÇÃO E SUAS CONSEQUÊNCIAS O que denominamos contemporaneamente de globalização é um processo de mundialização do capitalismo que envolve uma grande diversidade de aspectos de natureza cultural, social, econômica e política. O capitalismo passa por uma série de transformações no final do século XX, por um processo de liberalização comercial que provocou uma maior abertura das economias nacionais, resultando em mudanças nos processos de trabalho, nos hábitos de consumo, nas configurações geográficas e geopolíticas e nos poderes e práticas do Estado. A globalização do mundo expressa um novo ciclo de expansão do capitalismo como modo de produção e processo civilizatório de alcance mundial. No cotidiano, a globalização se manifesta, de maneira mais visível, nas mudanças tecnológicas e nas alterações nos processos de trabalho e produção. Nesse surto de universalização do capitalismo, o desenvolvimento adquire novo impulso, com base nas novas tecnologias, na criação de novos produtos e na mundialização de mercados. 5.1 A globalização comercial e financeira A globalização é marcada pela transição de um modelo de organização fordista11 para um modelo toyotista, que Harvey (1992) denomina passagem para um regime de acumulação flexível. 11 Fordismo: produção padronizada de bens de consumo. O toyotismo refere-se à produção especializada a ser consumida por um público segmentado. 5 10 15 20 CIÊNCIAS SOCIAIS 29 D ia gr am aç ão : L éo 2 6/ 05 /0 8 -| |- R ev is ão 2 00 9: M ar in a - Co rr eç ão : F ab io 1 3/ 05 /0 9 // N ov a Re vi sã o: A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o GRADUAÇÃO-2sem-1mod Eis algumas características do regime de acumulação flexível: 1. flexibilidade dos processos de trabalho, dos produtos e dos padrões de consumo; 2. ampliação do setor de serviços; 3. níveis relativamente altos de desemprego estrutural; 4. rápida destruição e reconstrução de habilidades e ganhos modestos. 5.2 Retrocesso do poder sindical A mundialização dos mercados envolve um amplo processo de redistribuição das empresas por todo o mundo. As empresas passam por processos de reestruturação para adaptar-se às novas exigências de produtividade, agilidade, capacidade de inovação e competitividade. A globalização envolve ampla transformação na esfera do trabalho: modificam-se as técnicas produtivas, as condições jurídicas, políticas e sociais. A procura de mão-de-obra barata faz com que as grandes companhias busquem força de trabalho em todos os cantos do mundo, levando o desemprego à escala global. As grandes empresas transnacionais operam em todo o planeta. Elas vendem as mesmas coisas em todos os lugares através da criação de produtos universais. Para os executivos das grandes companhias há necessidade de distanciamento de suas culturas particulares e seu comprometimento se volta para a competição global. A busca por eficiência e produtividade se torna uma obsessão social (cf. Ortiz, 1994, p. 153). Ponto de reflexão: A globalização tem provocado um processo de concentração de empresas ou tem possibilitado o empreendedorismo? 5 10 15 20 25 Unidade II 30D ia gr am aç ão : L éo 2 6/ 05 /0 8 -| |- R ev is ão 2 00 9: M ar in a - Co rr eç ão : F ab io 1 3/ 05 /0 9 // N ov a Re vi sã o: A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o O sistema financeiro global passa por um processo de reorganização. O mercado de ações, os mercados futuros, de acordos de compensação recíproca de taxas de juros e moedas, ao lado da acelerada mobilidade geográfica de fundos, resultam na criação de um único mercado mundial de dinheiro e crédito. (Harvey, 1992, p. 152). Isso levou o sistema financeiro mundiala fugir do controle coletivo, o que permitiu o fortalecimento do capital financeiro. Por ser um processo ainda não concluso, há dificuldade de captar a natureza das mudanças que estamos vivenciando. Há análises que enfatizam os elementos positivos e outros que se voltam para os aspectos negativos. 5.3 As novas tecnologias No final do século passado vivenciamos uma verdadeira revolução tecnológica em diversas áreas: microeletrônica, microbiologia e engenharia genética. A utilização das modernas tecnologias tem contribuído para o aumento da produtividade e tem possibilitado mudanças com gigantesca velocidade. Antes de cair no domínio público, as tecnologias já são superadas As novas tecnologias possibilitaram a estruturação de todo o processo produtivo. O trabalho, em consequência da revolução técnico-científica, exige níveis cada vez mais elevados de instrução, maior emprego da inteligência e do esforço mental. 5.4 A globalização cultural As novas tecnologias têm contribuído para que as fronteiras culturais e linguísticas deixam de ter sentido e para que se adote o inglês como língua oficial dos negócios internacionais. Os meios de comunicação baseados na eletrônica têm 5 10 15 20 25 CIÊNCIAS SOCIAIS 31 D ia gr am aç ão : L éo 2 6/ 05 /0 8 -| |- R ev is ão 2 00 9: M ar in a - Co rr eç ão : F ab io 1 3/ 05 /0 9 // N ov a Re vi sã o: A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o GRADUAÇÃO-2sem-1mod contribuído para agilizar o mundo dos negócios em escala jamais conhecida. A cultura encontra horizontes de universalização – o que era local e nacional pode tornar-se mundial. A cultura global conduz a um processo de homogeneização dos hábitos de consumo, à medida que os meios de comunicação difundem um número cada vez mais restrito de modelos de organização do modo de vida. Veja o que afirma Ortiz (1994, p. 173): A convergência de comportamento de consumidores é uma tendência dominante dos últimos trinta anos. Chocava a Europa do pós-guerra a grande diversidade de comportamentos e a abundância de pluralismos locais e regionais. Mas, em trinta anos, em todos os lugares, uma parcela cada vez maior da população distanciou-se da sociedade tradicional, de seus valores, para entrar na modernidade, criadora de novos valores. Essa evolução aproximou os comportamentos, sobretudo de consumo. Eis algumas características culturais de nossa época: •-forte presença da moda, do efêmero, do espetáculo e da mercadificação; •-a publicidade assume papel maior nas práticas culturais; •-a publicidade manipula desejos sem relação com os produtos. Nesse novo contexto, a produção e a difusão de bens culturais ocupam um lugar central, que no passado pertenceu aos bens industriais, haja vista a presença significativa de empresas ligadas à comunicação e ao entretenimento entre as maiores do mundo contemporâneo. 5 10 15 20 25 30 Unidade II 32D ia gr am aç ão : L éo 2 6/ 05 /0 8 -| |- R ev is ão 2 00 9: M ar in a - Co rr eç ão : F ab io 1 3/ 05 /0 9 // N ov a Re vi sã o: A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o 6 TRANSFORMAÇÕES DO TRABALHO As mudanças na organização dos processos de trabalho, já mencionadas na unidade anterior, conduziram à flexibilidade desses processos (just in time), aos contratos de trabalho (terceirização) e à descentralização do processo produtivo. As empresas investem em automação, reduzem as chefias intermediárias e o resultado é a diminuição de pessoal. Desse modo, o regime de trabalho é marcado pela instabilidade no emprego, por baixos níveis salariais e por desemprego estrutural, considerado, hoje, um dos principais problemas sociais. Diante desse contexto, as empresas mudam o perfil do trabalhador desejado. O novo quadro do mercado de trabalho vai requerer um perfil de trabalhador polivalente, altamente qualificado, com maior grau de responsabilidade e de autonomia. O trabalhador necessário no mercado deve desenvolver sua criatividade, reciclar-se permanentemente, possuir flexibilidade intelectual nas situações de constante mudança e ter capacidade de análise e comunicação. Deve ter atitudes de participação, cooperação e multifuncionalidade. 6.1 O processo de precarização do trabalho Entre as ocupações não organizadas, destaca-se a crescente quantidade de trabalhadores temporários, de meio período, freelancers, autônomos, via correio eletrônico (e-mails), contratados e representantes independentes, além daquelas ocupações com ganhos flutuantes atrelados aos índices de desempenho, enterrando de vez a ideia de um futuro previsível assentado no emprego estável. Antunes (2002) considera que a precarização do trabalho levou a uma situação de mutações onde poucos se especializaram e muitos ficaram sem qualificação suficiente para introduzir-se nesse mercado de trabalho, 5 10 15 20 25 30 CIÊNCIAS SOCIAIS 33 D ia gr am aç ão : L éo 2 6/ 05 /0 8 -| |- R ev is ão 2 00 9: M ar in a - Co rr eç ão : F ab io 1 3/ 05 /0 9 // N ov a Re vi sã o: A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o GRADUAÇÃO-2sem-1mod engrossando a fila dos desempregados, gerando uma classe de trabalhadores fragmentada e dividida em trabalhadores qualificados e desqualificados, composta de jovens e velhos, homens e mulheres, estáveis e precários, imigrantes e nacionais etc., disputando um mercado formal e outro informal, sem falar nas divisões que decorrem da inserção diferenciada dos países e de seus trabalhadores na nova divisão internacional do trabalho. Esse processo conduziu à destruição e/ou precarização sem paralelo em toda a era moderna. 6.2 Desemprego estrutural e informalidade O que caracteriza o setor informal é o trabalho isolado; muitas vezes inventa-se o próprio trabalho, com grande mobilidade de atividades e horários flexíveis. O setor informal, segundo a OIT, já atinge cerca de 40% do mercado de trabalho na América Latina. A taxa de informalidade tem tido um crescimento superior ao setor formal. Os processos de terceirização e informalidade, que se expandem sob a forma de trabalho por conta própria em microempresas ou através do trabalho em domicílio, obscurecem o desemprego. A economia informal é o destino de um grande contingente de trabalhadores que não consegue inserção na pirâmide do mercado de trabalho formal12. Ela coloca em evidência a tendência geral de hierarquização do trabalho, a fragilização dos vínculos e a crescente desigualdade remuneratória, aprofundando a fratura social, trazendo insegurança, tornando a economia ineficiente, transformando-a num ciclo vicioso de desorganização social. 12 No topo da pirâmide do mercado de trabalho se coloca o emprego nobre no setor formal. Na parte intermediária ficam os trabalhadores que atuam em atividades terceirizadas, mais ou menos instáveis, e na base está a massa de mão-de-obra que cai na economia ilegal ou subterrânea. 5 10 15 20 25 Unidade II 34D ia gr am aç ão : L éo 2 6/ 05 /0 8 -| |- R ev is ão 2 00 9: M ar in a - Co rr eç ão : F ab io 1 3/ 05 /0 9 // N ov a Re vi sã o: A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o 7 POLÍTICA E RELAÇÕES DE PODER: PARTICIPAÇÃO POLÍTICA E DIREITOS DO CIDADÃO Nesta unidade vamos discutir política, pois o Estado é uma instituição que tem forte presençana vida do cidadão comum e é para onde, de um modo geral, são dirigidas as críticas das mazelas produzidas pela sociedade. 7.1 Política, poder e Estado A palavra política entrou para o vocabulário do homem comum designando a atividade de um grupo social pouco confiável: os políticos profissionais. É preciso esclarecer, porém, que todos nós somos seres políticos e que política diz respeito a uma comunidade organizada, formada por cidadãos. Segundo Arendt (2003, p. 21), “a política trata da convivência entre diferentes.” Desse modo, todos estão envolvidos na política, mesmo aqueles que não querem saber e viram as costas para as decisões que interferem em suas vidas. O exercício do poder implica uma relação de mando e obediência e se fundamenta na imposição de uma vontade sobre as outras vontades. O poder não está circunscrito somente ao âmbito do Estado. As relações de poder estão presentes em todas as relações sociais. Por exemplo, na família sempre existe a figura de alguém que exerce o poder. Nas empresas, todas as relações são marcadas por hierarquia. O Estado é uma instituição criada pelo homem com o intuito de proteger os homens uns dos outros. O Estado exerce seu poder através do uso das armas e das leis. Max Weber define o Estado como uma estrutura política que tem o monopólio do uso legítimo da força física em determinado território. O Estado é visto como uma relação 5 10 15 20 25 CIÊNCIAS SOCIAIS 35 D ia gr am aç ão : L éo 2 6/ 05 /0 8 -| |- R ev is ão 2 00 9: M ar in a - Co rr eç ão : F ab io 1 3/ 05 /0 9 // N ov a Re vi sã o: A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o GRADUAÇÃO-2sem-1mod de homens dominando homens por meio da violência considerada legítima. Para que o Estado cumpra suas funções de garantir a ordem, proteger a sociedade para que ela não se desfaça, é necessário não apenas o exercício do poder, mas a legitimidade, que provém da aceitação da sociedade. 7.2 Democracia e cidadania O conceito de democracia surgiu na Grécia antiga e significa que todo o poder deve emanar do cidadão, ou seja, é um tipo de governo que nasce do povo e tem como objetivo atender aos interesses do povo. De uma forma mais específica, em nossa sociedade a democracia se manifesta através de um sistema eleitoral em que o povo escolhe seus representantes. Outro elemento fundamental do regime democrático é a liberdade de ir e vir, a liberdade de expressão e de organização. Por cidadania entende-se o direito de qualquer membro da sociedade de participar da vida pública. Segundo o artigo 5º. da Constituição Brasileira, somos todos iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se a todos o direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. 7.3 Participação política Ninguém escapa da política. Quem não se envolve diretamente nos acontecimentos é envolvido indiretamente nas suas consequências, pois todo ato humano em sociedade é político, inclusive o ato de omissão. A participação política não se restringe ao voto em período eleitoral. Existem outras formas de exercício político, como tomar parte em sindicatos e movimentos sociais. 5 10 15 20 25 Unidade II 36D ia gr am aç ão : L éo 2 6/ 05 /0 8 -| |- R ev is ão 2 00 9: M ar in a - Co rr eç ão : F ab io 1 3/ 05 /0 9 // N ov a Re vi sã o: A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o 8 QUESTÕES URBANAS A cidade é considerada um espaço privilegiado para análise da mudança social. A formação da multidão é um fenômeno das áreas urbanas, o que gera a exposição das necessidades das massas despossuídas. A concentração de pessoas nas áreas urbanas produz efeitos devastadores, como a formação de bairros periféricos, mostrando as duas faces do desenvolvimento econômico: a opulência e a miséria. Segundo a ONU, em 2007 a população urbana se igualou à população rural no mundo. O processo de urbanização é visto por especialistas como inevitável, e cabe às cidades preparar-se para receber a população rural que cada vez mais tende a deixar o campo.13 O processo de urbanização é uma manifestação da modernização da sociedade, que passa por uma transição do rural para o urbano-industrial. Os migrantes, de um modo geral, buscam progresso através da mobilidade social oferecida pela urbanização. 8.1 A cidade e seus problemas Os problemas nas áreas urbanas são inúmeros, como a falta de um planejamento urbano que permita receber os contingentes populacionais, o que leva à formação de bairros periféricos onde os serviços públicos estão ausentes. As condições de moradia são precárias e as distâncias dos bairros centrais são grandes.14 13 “População das cidades se iguala à rural no planeta.”, Folha de São Paulo, 28 de junho de 2007, pág. A14 14 É usual encontrar na cidade de São Paulo pessoas que gastam, em média, 6 h por dia em locomoção para o trabalho. 5 10 15 20 CIÊNCIAS SOCIAIS 37 D ia gr am aç ão : L éo 2 6/ 05 /0 8 -| |- R ev is ão 2 00 9: M ar in a - Co rr eç ão : F ab io 1 3/ 05 /0 9 // N ov a Re vi sã o: A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o GRADUAÇÃO-2sem-1mod 8.2 Violência urbana A violência tem-se constituído em um dos principais problemas das áreas urbanas. Assaltos e crimes, que apontam para condições degradantes da vida urbana, são frequentes em muitas cidades. Essa situação provoca insegurança social, destruição, depredação física e profundos abalos morais, além de custos elevados com serviços policiais e equipamentos de segurança. 9 MOVIMENTOS SOCIAIS Aproximamo-nos do final do curso e já pudemos perceber que a sociedade capitalista é complexa, marcada por jogos de interesses, classes sociais com interesses distintos, crise moral, crescimento da burocracia, lutas pelo poder etc. Por movimentos sociais entende-se as “ações de grupos sociais organizados que buscam determinados fins estabelecidos coletivamente e têm como objetivo mudar ou manter as relações sociais.” (Ferreira, 2001, p. 146) Há uma tendência em nossa sociedade de criminalizar, em termos éticos ou políticos, os grupos que se organizam em defesa de seus interesses. É preciso considerar, porém, que os movimentos sociais procuram interferir na elaboração das políticas públicas econômicas, sociais etc, algo que o indivíduo, isoladamente, não conseguiria. A seguir, veremos como a sociedade se organiza em movimentos coletivos com o intuito de promover ou resistir à mudança. 9.1 A sociedade em movimento Há uma diversidade de movimentos que atuam na sociedade, como os ecológicos, feministas, pacifistas e antirracistas, que 5 10 15 20 25 Unidade II 38D ia gr am aç ão : L éo 2 6/ 05 /0 8 -| |- R ev is ão 2 00 9: M ar in a - Co rr eç ão : F ab io 1 3/ 05 /0 9 // N ov a Re vi sã o: A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o surgiram na Europa e ganham cada vez mais espaço na América Latina. Os movimentos sociais podem ser divididos em dois tipos: os que buscam a emancipação e os que buscam a manutenção da ordem existente. Exercem maior influência na sociedade os movimentos que se organizam em busca da emancipação. Como exemplos citamos o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, o Comitê em Defesa dos Direitos Humanos, o Fórum Social Mundial, o movimento hippie, o movimento estudantil.Santos (2001) chama a atenção para o que denomina “os novos movimentos sociais”, que identificam novas formas de opressão não baseadas exclusivamente nas relações econômicas, na busca do bem-estar material, como os movimentos pacifistas, contra o machismo, o racismo. Os movimentos sociais contemporâneos podem ser divididos em dois tipos. O de interesses específicos de um grupo social, como o de mulheres, negros etc., e o de interesses difusos, como a ecologia e o pacifismo. Lutando por causas subjetivas, buscam a emancipação pessoal e não social, por isso existe um certo distanciamento do Estado, dos partidos e sindicatos. Santos (2001) analisa que os novos movimentos sociais atuam em estruturas descentralizadas, não hierárquicas e fluidas. Daí uma preferência pela ação política não institucional, dirigida à opinião pública, com vigorosa utilização dos meios de comunicação de massa. Temos exemplos recentes de movimentos que agem em busca da emancipação pessoal. É só recordar a recente mobilização de homossexuais na cidade de São Paulo. Ponto de reflexão: O uso de novas tecnologias de informação pode fortalecer o potencial de globalização dos movimentos sociais? 5 10 15 20 25 30 CIÊNCIAS SOCIAIS 39 D ia gr am aç ão : L éo 2 6/ 05 /0 8 -| |- R ev is ão 2 00 9: M ar in a - Co rr eç ão : F ab io 1 3/ 05 /0 9 // N ov a Re vi sã o: A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o GRADUAÇÃO-2sem-1mod 9.2 Movimentos da sociedade em rede Com o advento da Internet, surge a possibilidade concreta de articulação de grupos sociais em defesa de interesses comuns. A Internet possibilitou a criação de movimentos em âmbito global, o contato de pessoas de regiões diferentes e com objetivos comuns. A Internet tem permitido a desterritorialização do espaço público. O surgimento de comunidades virtuais rompe as fronteiras físicas e morais e coloca temas de alta relevância social em evidência, como a questão ambiental, a de identidade, de ideologias políticas etc. As comunidades crescem velozmente e torna-se difícil acompanhar e mapear esse processo. É comum encontrarmos na Internet grupos que denunciam interesses escusos de partidos políticos, o que se tem constituído em um meio de pressão governamental. Como afirma Consolo (2008): O uso e a apropriação da Internet, para fins sociais, tem trazido grandes benefícios aos movimentos sociais, tais como: quebra do isolamento, propagação de lutas particulares, maior presença através da rede, como também maior interação e coordenação, tanto entre os membros quanto com outras redes e movimentos sociais, o que gerou também a universalização de singularidades. Podemos dizer que a Internet converteu-se em um espaço público fundamental para uma nova sociabilização. Espaço esse que possibilita novos caminhos para as interações, especialmente entre os membros dos grupos sociais. Os movimentos captaram rapidamente a importância da Internet para a mobilização. Os movimentos antiglobalização, que realizam protestos contra instituições como o Banco Mundial, o FMI ou a OMC, articulam-se mundialmente pela Internet. 5 10 15 20 25 30 Unidade II 40D ia gr am aç ão : L éo 2 6/ 05 /0 8 -| |- R ev is ão 2 00 9: M ar in a - Co rr eç ão : F ab io 1 3/ 05 /0 9 // N ov a Re vi sã o: A na M ar ia / Co rr eç ão : M ár ci o Referências bibliográficas ANTUNES, R. Adeus ao trabalho. Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. Campinas: Cortez Editora, 2002. ARENDT, Hannah. O que é política? 4. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003. BARBOSA, Alexandre. O mundo globalizado: política, sociedade e economia. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2003. 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