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Direito Administrativo Intervenção Estado Dir Propriedade

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DESAPROPRIAÇÃO
É a única modalidade supressiva de intervenção do Estado na propriedade privada.
É o procedimento de direito público pelo qual o Poder Público, pelo qual o Estado transfere para si propriedade de terceiro, por razões de utilidade pública, necessidade pública ou interesse social.
Natureza jurídica
Trata-se de um procedimento híbrido, eis que começa administrativamente e, quase sempre, desemboca na esfera judicial.
Tem duas fases: uma administrativa e outra judicial.
b) Pressupostos
b.1) utilidade pública
Quando a transferência do bem se afigura conveniente para a Administração. 
Ex: desapropriação para construir um viaduto, ampliar uma via, etc.
b.2) Necessidade pública
Quando a transferência da propriedade para o Estado ocorre em situações de emergência, cuja solução exija a desapropriação. Ex: possibilidade de desabamento de um prédio e consequente desapropriação de prédios vizinhos, para realização de obras emergenciais de infraestrutura.
b.3) Interesse Social 
Consiste nas hipóteses em que mais se realça a função social da propriedade. O interesse social, normalmente, pressupõe ação ou omissão por parte do proprietário, no sentido de promover desigualdades sociais ou afronta ao meio ambiente.
c) Espécies de Desapropriação
c.1) Desapropriação Ordinária – art. 5º, XXIV, CF:
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
Seus fundamentos são utilidade pública, necessidade pública ou interesse social, sendo certo que, no caso de utilidade e necessidade pública, o diploma que regula a matéria é o Dec. Lei 3.365/41.
Já no caso de interesse social, a Lei 4.132/62 regula a matéria.
c.2) Desapropriação Urbanística Sancionatória – art. 182, § 4°, III da CF:
§ 4º - É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:
I - parcelamento ou edificação compulsórios;
II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;
III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.
c.3) Desapropriação rural para fins de Reforma Agrária – art. 184, CF – incide sobre bens imóveis rurais para fins de reforma agrária. Trata-se de modalidade específica de desapropriação por interesse social e permite a perda da propriedade quando esta não esteja cumprindo a sua função social:
Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.
c.4) Desapropriação Confiscatória art. 243, CF – Não confere direito indenizatório ao proprietário:
Art. 243. As glebas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas serão imediatamente expropriadas e especificamente destinadas ao assentamento de colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.
d) Objeto 
 art. 2º Decreto Lei 3.365/41: “todos os bens podem ser desapropriados”.
Assim, podem ser desapropriados bens imóveis, móveis, corpóreos ou incorpóreos. Ex: ações, cotas ou direitos relativos ao capital de pessoas.
e) Desapropriação de Bens Públicos
Pressupõe a direção vertical das entidades federativas. Assim, a União pode desapropriar bens do Estado, que pode desapropriar bens do Município.
Embora não haja hierarquia entre os entes federativos, a doutrina admite a possibilidade de desapropriação pelos entes maiores pelo fundamento da preponderância do interesse.
O mesmo raciocínio pode ser empregado para desapropriação de bens de Entidades da Administração
F) Competências
f.1) Competência para legislar sobre desapropriação
É da união federal, de acordo com o art. 22, II, CF:
Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
...
II – desapropriação
f.2) Competência Declaratória
É a competência para declarar utilidade pública, necessidade pública ou interesse social do bem com vistas à futura desapropriação.
È concorrente da União, dos Estados, do DF e dos Municípios (art. 2º Dec Lei 3.365/41). Exceções: DNIT e ANEEL.
Entretanto, a competência declaratória para desapropriar para fins de reforma agrária é exclusiva da união (art. 184, §3º, CF).
f.3) Competência Executória
É a competência para promover a desapropriação. Vai desde a negociação com o proprietário até a finalização do processo judicial de desapropriação.
É a mais abrangente de todas as competências, eis que amplia a legitimidade para as concessionárias e delegatórios de serviços públicos, mediante autorização expressa, constante de lei ou contrato.
g) Fases de uma Desapropriação
g.1) Fase Declaratória
É feita mediante declaração expropriatória. Define-se declaração expropriatória como a manifestação emitida pelas pessoas federativas no sentido de expressar a vontade para transferir determinado bem para seu patrimônio ou para o patrimônio de pessoa delegada, com o objetivo de executar atividade de interesse público, prevista em lei. Formaliza-se por meio de Decreto do chefe do Executivo. 
g.1.1) Efeitos da declaração expropriatória
Permissão às autoridades competentes, no sentido de penetrar no prédio objeto da desapropriação, sendo possível o recurso a força policial;
Início de contagem do prazo de para ocorrência da caducidade do ato;
Indicação do estado do bem objeto da desapropriação, para fins de indenização;
Assim, se o proprietário, após o Decreto expropriatório promover benfeitorias necessárias, será, por elas, também indenizado. As úteis, somente serão indenizadas se feitas mediante autorização do Poder Público. Já as voluptuárias não serão indenizadas.
g.1.2) Caducidade do decreto expropriatório
O Decreto expropriatório caduca em 5 anos se o fundamento da desapropriação for utilidade pública. Caduca em 2 anos se o fundamento da desapropriação for o interesse social.
Em caso de caducidade, somente poderá ser exarado um novo decreto, após um ano 9art. 10, (Decreto Lei 3365/41).
h) Fase Executória
Inicia-se administrativamente com tentativa de acordo entre o Estado e o proprietário. Quando se logra êxito, diz-se que a desapropriação foi amigável.
Trata-se de negócio jurídico bilateral que deve ser formalizado por meio de escritura pública.
Não obtida a negociação extrajudicial, passa-se à fase judicial, em que, diante da ausência de acordo, o Estado ajuíza ação de desapropriação em face do proprietário.
Nessa fase não se discutem os motivos da desapropriação. A discussão adstringe-se ao quantum indenizatório.
Por isso mesmo, a contestação deve estar voltada para a discussão do valor da indenização.
Caso o proprietário queira discutir os motivos ou fundamentos da desapropriação, deve fazê-lo logo após o Decreto expropriatório, por meio de ação própria que a Dec. Lei 3365/45, art. 20, chamou de ação direta.
h.1) Imissão Provisória na posse
Admite-se, no curso da fase executória, a figura da imissão provisória na posse, que é a situação jurídica em que o expropriante passa a ter a posse provisória do bem antes da finalização da ação expropriatória.
Dois são os pressupostos da imissão provisória na posse: urgência e depósito do valor de acordo com o que a lei estabelecer. Esse valor será arbitrado pelo juiz.
h.2)Levantamento parcial do depósito
A lei permite que o proprietário levante o equivalente até 80% da importância depositada (art.33, § 2°, Dec. Lei 3365/41).
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