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TIPOS DE CELULAS MUSCULARES, ESTRUTURA DO MUSCULO, JUNÇÃO NEUROMUSCULAR E CONTRAÇÃO MUSCULAR No nosso corpo existe três tipos de células musculares, com características e funções diferentes, temos o que é chamado de miocárdio, mio = musculo, cárdio = coração, musculo cardíaco, ele só é encontrado no coração, é estriado assim como o musculo esquelético, e sua estrutura é ramificada, esse musculo tem ação involuntária, não podemos controlar nosso coração, o máximo que podemos fazer é modular a intensidade ou a frequência com que o mesmo trabalha, por exemplo, podemos fazer uma caminha com a certeza (caso não tenha nenhuma patologia) que nossa frequência não vai se elevar tanto quando fizermos uma corrida, as frequências e a intensidade com que o coração trabalha nas duas atividades é diferente, é importante destacar também que a musculatura cardíaca normalmente só tem um núcleo central. O tecido muscular liso é encontrado nos órgãos internos, nas vísceras, como intestino, bexiga e útero, sendo responsável pelos movimentos realizados pelos mesmos, como o peristáltico, quando começamos o processo digestório, também a expulsão de urina e as contrações do parto, respectivamente. Também é encontrado na parede dos vasos sanguíneos, onde ajudam a regular a pressão sanguínea. As células do músculo liso são fusiformes (isto é, espessas no centro e afiladas nas extremidades) e possuem apenas um núcleo central (mononucleadas). Ele também não possui as estrias transversais e suas células se organizam em aglomerados. A contração é lenta, fraca e involuntária. O terceiro tipo de célula muscular e no nosso caso o mais importante é o musculo esquelético, que tem esse nome por estar presa aos ossos através de tendões, corresponde a cerca de 55% da massa total e desempenha um papel vital na locomoção, na produção de calor e no metabolismo energético como um todo, é estriado, possui estrias transversais na sua estrutura, é a única célula muscular que tem ação voluntaria, podemos realizar nossas ações do dia a dia, porque com contrações de grupos musculares específicos podemos nos mover. Essa célula é multinucleada, possui células ou fibras alongadas e na sua composição estrias visíveis. O musculo como um todo é formado por várias camadas, essas camadas são denominadas membranas, e cada membrana dessa é responsável por revestir alguma estrutura, temos por exemplo o EPIMISIO, é responsável por revestir o musculo por inteiro, como se fosse a casca de uma melancia, toda a parte verde da melancia chamaríamos de epimísio. Debaixo dessa camada temos vários feixes de fibras musculares, esses feixes são denominados FASCICULOS, um fascículo é formado por inúmeras fibras musculares, mas ele não fica descoberto e sem revestimento, o PERIMISIO é a estrutura que reveste cada fascículo. Como foi dito acima um grupo de fibras musculares compõe a estrutura do fascículo, essas fibras musculares também tem alguém para abraça-las, esse alguém se chama ENDOMISIO, esse agente reveste e separa as fibras musculares as isolando uma das outras. Já desvendamos as membranas musculares, agora vamos para a estrutura interna, ela é composta por vários mecanismos que juntos fazem com que o musculo possa trabalhar de maneira eficaz e coesa. Partindo de dentro pra fora, temos o NUCLEO, é responsável por armazenar nosso material genético, ou o material genético da célula, se uma pessoa tem facilidade com a capacidade física velocidade, ou se consegue se adaptar melhor à atividades que exigem força, essas informações estão guardadas no nosso núcleo. As células em geral são constituídas pelo núcleo e pelo citoplasma, o citoplasma é a parte aquosa da célula, onde ficam as organelas, o citoplasma da musculatura é chamado SARCOPLASMA. Quando você acorda de manhã pega o seu carro e vai para o trabalho, é impossível que você faça isso sem uma rua, uma estrada ou uma rodovia, são caminhos que percorremos pra podermos cumprir nossas obrigações. O oxigênio, o sangue, os substratos energéticos, potencial de ação e estímulos gerais também tem obrigações com nossos músculos, eles precisam ir até a musculatura e desempenhar suas funções, e assim como você todos esses componentes tem um caminho para poder chegar ao seu destino, no nosso musculo esse caminho é chamado TUBULO T, tem esse nome porque na sua forma lembra a letra T e é o canal dos nutrientes em geral que a musculatura precisa que transitem em seu meio. Mas o túbulo T nunca está sozinho, consigo ele traz duas companheiras fieis, duas CISTERNAS TERMINAIS, são reservatórios pequenos de cálcio, e estão situados nas extremidades do túbulo T, essa estrutura é denominada TRIADE, são três peças, 1 túbulo T e 2 cisternas terminais. Não existe só um reservatório de cálcio, destacamos que o cálcio tem um reservatório pequeno, que é denominado cisterna terminal, mas essas cisternas ficam dentro de um reservatório grande, é chamado RETICULO SARCOPLASMATICO, pra que fique claro, vamos dar de novo o exemplo da melancia, suponhamos que a melancia seja o reticulo sarcoplasmático, dentro desse reticulo temos muito cálcio armazenado, e vamos pensar que suas sementes são pequenas cisternas terminais que também armazenam cálcio, porem são reservatórios menores. Assim como todas as grandes fabricas e empresas do mundo, nosso corpo precisa de alguém que nos forneça combustível, precisamos de uma usina de energia, alguém pra poder produzir nossa moeda energética, o ATP, a organela sarcoplasmática responsável por produzir energia para a célula é a MITOCONDRIA, dentro da mitocôndria acontecem inúmeras reações químicas que tem como produto final a energia que precisamos para qualquer atividade do nosso corpo. O musculo num geral é formado de proteínas, todas as fibras musculares são proteínas, essa proteínas são denominadas MIOFIBRILAS ou MIOFILAMENTOS, temos vários, entre eles, ACTINA, TROPONINA E TROPOMIOSINA que formam o complexo proteico FINO, e temos a MIOSINA que é um filamento GROSSO, essas miofibrilas são agentes que participam da contração muscular. E para que aconteça a contração muscular precisamos da interação de alguns agentes, é o que chamamos de junção neuromuscular. Quando falamos a palavra junção, logo nos vem à cabeça a palavra união, talvez encontro, vários sinônimos para uma algo que é nada mais do que o ato de juntar, nesse caso estamos fazendo a ligação entre o sistema nervoso e o musculo esquelético. Quais as estruturas envolvidas nesse encontro? Quais processos acontecem para que essa junção seja concluída? Qual o real sentido desse encaixe? São questões que ajudaram entender o processo como um todo, mas antes de desvendar os mecanismos, vamos conhecer as estruturas. Quando pensamos em realizar algum movimento, nosso córtex motor começa a trabalhar, entende e processa a informação e manda o estimulo nervoso para que o musculo possa contrair, na literatura atual esse estimulo nervoso é chamado de potencial de ação, o mesmo é o estimulo que se propaga pela célula neuronal e na célula muscular, para que como evento final tenhamos a contração muscular. É fato que no meio intracelular, ou seja, do lado de dentro da célula, temos mais íons Potássio (K+) e no meio e extracelular, fora da célula, temos mais íons Sódio (NA+), também é fato que dentro da célula a carga elétrica predominante é a negativa, e fora da célula tenhamos uma carga elétrica positiva. na célula neural ou neurônio motor não é diferente, precisamos dessa inversão de cargas, simultaneamente acontece o fenômeno de DESPOLARIZAÇÃO que nada mais é do que aberturas dos canais de Sódio, logo em seguida temos a abertura dos canais de Potássio, isso é chamado REPOLARIZAÇÃO, esses dois processos desencadeiama abertura do canal de CALCIO, e assim que esse canal é aberto o cálcio pode entrar no axônio e desempenhar a sua função na JUNÇÃO NEUROMUSCULAR, mas qual é a função do cálcio na junção neuromuscular? Essa pergunta é interessante porque é diferente do papel do cálcio na contração muscular. O cálcio da junção neuromuscular entra no axônio e sinaliza que as VESICULAS SINAPTICAS tem que se locomover para a extremidade do axônio terminal, as vesículas são reservatórios de ACETILCOLINA, um neurotransmissor, e quando essas vesículas se locomovem para a parte terminal do axônio e entram em contato com essa região, elas liberam esse mensageiro químico, a acetilcolina, esse neurotransmissor sai da vesícula e entra no musculo, a região da musculatura que recebe e acomoda a acetilcolina é a FENDA SINAPTICA. O que determina a quantidade de cálcio e a quantidade de acetilcolina liberados é a intensidade do exercício. Quando a acetilcolina chega na fenda ela sinaliza que precisa ocorrer despolarização e repolarização nessa região, para que o potencial de ação continue se propagando, agora pela musculatura, e isso acontece, temos abertura de canal de Sódio e logo em seguida canal de Potássio na fenda, isso faz com que o potencial de ação consiga seguir livremente pelo musculo. Depois que a acetilcolina faz o seu papel, sinaliza para que ocorra a despolarização da fenda, ela pode e precisa ir embora da fenda, porem a acetilcolina tem uma estrutura grande e precisa ser hidrolisada, quebrada para que ela consiga sair da fenda e ir para o plasma, quem promove a quebra da acetilcolina é uma enzima chamada ACETILCOLINESTERASE. Após a comunicação do neurônio com o musculo ser finalizada o potencial de ação percorre os caminhos do musculo, os chamados túbulos T, quando o potencial de ação chega ao túbulo T, as cisternas terminais automaticamente liberam o cálcio, esse é o cálcio da contração muscular, que não tem nada a ver com o cálcio da junção neuromuscular. Esse cálcio sai da cisterna terminal e se liga a uma proteína do complexo proteico fino, a TROPONINA, quando o cálcio se liga à troponina ela muda a angulação da TROPOMIOSINA e com isso ela libera o sitio ativo da ACTINA, quando o sitio ativo da actina exposto acontece a ligação de actina com MIOSINA, é sempre importante lembrar que a parte da miosina que se liga na actina é a CABEÇA PESADA DA MIOSINA e a parte da actina que participa da ligação é o sitio ativo, essa ligação, essa união é chamada de PONTE CRUZADA. Simultaneamente a essa ligação um ATP chega até a cabeça pesada da miosina, ele é hidrolisado pela enzima ATPase e promove o deslizamento de actina e miosina. Um segundo ATP chega a cabeça pesada da miosina e promove o desligamento da ponte cruzada, fazendo com que o sitio ativo da actina seja encoberto novamente, e o cálcio se desligue da troponina e volte para a cisterna terminal, quando o cálcio chega na cisterna terminal ele não consegue entrar por conta própria, é preciso que se gaste energia para que isso aconteça, existe o gasto de um ATP para que as bombas de cálcio coloquem esse íon dentro da cisterna terminal, a enzima que auxilia nesse processo é a CALCIOATPASE. Temos então um gasto de três ATPs na contração muscular certo? Sim e não, porque até agora descrevemos a ação muscular CONCENTRICA, e temos também a ação muscular EXCENTRICA, que é um pouco diferente em relação a gasto energético e em outros fatores, lembrando que a fase excêntrica não é a mesma coisa que relaxamento, ela é uma contração. Quando falamos em ação excêntrica o cálcio chega a troponina normalmente, ela por sua vez faz com que a tropomiosina libere o sitio ativo da actina, acontece a ponte cruzada entre miosina e actina normalmente, um ATP é hidrolisado e faz com que ocorra deslizamento de actina e miosina, e até ai tudo exatamente igual à ação concêntrica, porem o desligamento de actina e miosina não é feito por um segundo ATP que chega, esse desligamento é feito de uma forma mecânica, isso faz com que o estresse da musculatura seja maior, tendo assim um maior dano tecidual na fase excêntrica, e um menor gasto de ATP, tendo em vista que são só dois e na fase concêntrica três. E quando temos aquela famosa contração involuntária mais conhecida como câimbra? Quais são os mecanismos fisiológicos e os fatores externos para que ela aconteça? O mecanismo fisiológico da Câimbra é a não chegada do segundo ATP, a ponte cruzada é feita, actina e miosina estão ligadas, mas na hora delas serem desconectadas o segundo ATP não chega, esse processo gera uma série de eventos, como chegada desenfreada de potencial de ação, de cálcio, de acetilcolina, todos esses processos desencadeados pela não chegada do segundo ATP. Não podemos de forma alguma apontar um evento especifico e único para fator de promoção da câimbra, temos que pensar que ela é multifatorial, várias coisas podem desencadeá-la, como má alimentação, desidratação, estresse, falta ou excesso e exercício, descanso, entre outros fatores.
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