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DIREITO CIVIL - PARTE GERAL - 1ª AULA

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DIREITO CIVIL - PARTE GERAL – I
1. Introdução ao direito civil
Conceito de direito
A origem do termo “direito” está fincada no vocábulo latino “directum” cujo significado é aquilo que é reto, que está de acordo com a lei. 
O homem é um ser social e a convivência em sociedade necessita de certa ordem, imposta por determinadas regras de conduta, dirigidas a todo o grupo social de forma genérica. Pode-se dizer, então, que o direito é um conjunto de regras jurídicas gerais e positivas que visam disciplinar a vida do homem em sociedade, possibilitando as condições de equilíbrio da coexistência dos seres humanos.�
As normas de conduta encontram-se nas leis, nos costumes, na jurisprudência e nos princípios gerais de direito, constituindo o direito objetivo e positivo imposto pelo Estado. Estas regras não se confundem com as demais regras de comportamento social, como as regras morais ou religiosas.�
	Para Caio Mário o direito “é o princípio de adequação do homem à vida social. Está na lei, como exteriorização do comando do Estado; integra-se na consciência do indivíduo que pauta a sua conduta pelo espiritualismo do seu elevado grau de moralidade; está no anseio de justiça, como ideal eterno do homem; está imanente na necessidade de contenção para a coexistência”.�
Direito e moral
A vida em sociedade não se rege apenas por regras jurídicas. Existem também as regras morais. Ambas são normas de comportamento, mas se distinguem pela sanção e pelo campo de ação, maior no campo da moral. A sanção para o caso de descumprimento das normas jurídicas é imposta pelo Estado coercitivamente e visa constranger o indivíduo ao cumprimento da norma. O descumprimento da regra moral não importa em coerção, pois a sanção, neste caso, é imposta pela consciência do próprio infrator através do remorso ou arrependimento.
	As normas morais são mais amplas que as jurídicas, pois abrangem todas as regras reguladoras da vida em sociedade. A moral é o circulo maior dentro do qual se encontra o circulo menor correspondente ao direito e que abrange só as normas dotadas de força coercitiva. Geralmente a ação ou omissão juridicamente condenável também o é pela moral, mas a coincidência não é absoluta.� Há tendência das normas morais se transformarem em normas jurídicas, p. ex. o dever do pai de cuidar do filho.
1.3 Direito positivo e direito natural
Direito positivo corresponde ao ordenamento jurídico em vigor num determinado país e época. Pode ser escrito ou não escrito (costumeiro), de elaboração sistemática ou jurisprudencial. É composto por leis votadas pelo poder competente, regulamentos e outras disposições normativas de qualquer espécie. O suporte de sua existência está ligado ao conceito de vigência.�
Direito natural seria um direito ideal e eterno. Formaria uma ideia abstrata do direito, o ordenamento ideal, correspondente a uma justiça superior e suprema.� O direito natural (jusnaturalismo) é rejeitado pelas Escolas histórica e Positivista que apenas aceitam a realidade concreta do direito positivo. 
No século XIX o jusnaturalismo esteve em alta, quando se reconheceu (em razão dos movimentos neotomista e neokantiano), como inegável, a “existência de leis anteriores e inspiradoras do direito positivo, as quais, mesmo não escritas, encontram-se na consciência dos povos.”� 
	Para Francisco Amaral direito natural: “é o conjunto de princípios essenciais e permanentes atribuídos à Natureza (na antiguidade greco-romana), a Deus (na Idade Média), ou à razão humana (na época moderna) que serviriam de fundamento e legitimação ao direito positivo, o direito criado por uma vontade humana.� 
Apesar da aparente antinomia não há contraposição entre direito positivo e natural. Na realidade, o direito positivo deve ter como referência o direito natural para que consiga aproximar-se da perfeição, alcançando o que é justo.
O direito natural, a exemplo do que ocorre com as regras morais, por vezes, converte-se em direito positivo, ou modifica o direito preexistente. Por exemplo, dívidas prescritas e de jogo não podem ser cobradas com base no direito positivo, mas pelo natural sim.
1.5 Direito objetivo e direito subjetivo
Direito objetivo é um conjunto de normas jurídicas comportamentais, impostas pelo Estado e dotadas de caráter geral e abstrato. Os indivíduos que voluntariamente não as cumprirem podem ser compelidos a fazê-lo mediante coerção. O direito objetivo é também chamado de norma agendi.
O direito objetivo (norma agendi), por outro lado, gera para o individuo a faculdade de satisfazer certas pretensões e, com esse fim, pode praticar diversos atos destinados a alcançar tais objetivos. Aparece assim o direito subjetivo também denominado de facultas agendi.
Podemos dizer que o direito subjetivo deriva do direito objetivo, nascendo com ele. Por exemplo, a norma que impõe a todos o respeito ao direito de propriedade é direito objetivo e com base nela surge o poder do proprietário proteger a sua propriedade contra agressões de terceiros e esse poder é o direito subjetivo. �
	Direito objetivo e subjetivo são faces distintas da mesma realidade ou, em outras palavras, são a “cara” e a “coroa” da mesma moeda. De um lado, o direito subjetivo (facultas agendi) caracterizado como um poder atribuído à vontade do indivíduo, permitindo-lhe a satisfação dos seus interesses desde que amparados pela lei. Do outro lado, o direito objetivo (norma agendi) imposto a todo o conjunto social de forma coercitiva, como expressão da vontade geral.
1.6 Direito Público e privado
É comum falar em direito público e em direito privado. Na prática, é difícil apontar os elementos diferenciadores desses dois ramos do direito. 
Várias teorias existem a respeito, tais como: a) interesse ou utilidade visado pela norma (se o interesse a proteger é privado o dirieto é privado, se o interesse é público o direito é público); b) teoria da natureza do sujeito (direito público seria o que disciplina a relação de um Estado com outro ou com os cidadãos e direito privado o que disciplina as relações entre indivíduos) ; c) teoria da finalidade da norma (o direito é público quando predomina o interesse geral e direito privado quando o fim é o direito particular); e d) teoria do ius império (direito público é o que é imposto pela autoridade do Estado, poder de império, já o direito privado é aquele que trata de relações privadas com base na igualdade jurídica e no poder de autoderminação). Todas elas sujeitas a críticas.
	Na realidade a divisão em direito público e direito privado é feita apenas para fins didáticos. Com efeito, a interpenetração dos dois ramos do direito é comum a ponto de encontrarmos com freqüência no direito público normas de direito privado e vice-versa.
Podemos afirmar que as normas de direito público são cogentes, de aplicação obrigatória. Possuem caráter absoluto e não podem ser derrogadas pela vontade das partes. As normas de direito privado, ao contrário, vigoram enquanto a vontade das partes não convencionar de forma diferente.Têm caráter supletivo.�
No direito civil predominam as normas de ordem privada, embora também existam normas de ordem pública como no direito de família, sucessões, direitos reais, etc.
São de direito privado o direito civil, o direito comercial, o direito agrário, o direito marítimo, o direito do trabalho, o direito do consumidor e o direito aeronáutico. Os três últimos com expressiva quantidade de normas de ordem pública permanecem no rol do “direito privado uma vez que tratam das relações entre particulares em geral.”�
2. Conceito e importância do Direito Civil
Conceitualmente podemos afirmar que o Direito civil é um conjunto de normas de caráter privado que regem as relações jurídicas comuns. É o direito que regula a pessoa, na sua existência e atividade, a família e o patrimônio.�Já se disse que o Direito Civil é a Constituição do homem comum. O direito civil não é só disciplinado no Código, mas também em leis extravagantes(p. ex. Código do Consumidor) e na própria Constituição.
A importância do direito civil aparece em primeiro lugar por ser a base do ordenamento jurídico de todas as sociedades, sendo que dele se extraem outras normas de natureza especial mas que continuam seguindo os princípios fundamentais do Direito Civil, como ocorre com o Direito Comercial, Direito do Trabalho, Direito Agrário, Direito do Consumidor, etc. Em segundo lugar, é o Direito Civil que influencia os demais ramos da ciência do direito ao permitir na sua criação a utilização da sua técnica jurídica.
	O direito civil disciplina o modo de ser e de agir das pessoas. De fato, rege as relações mais simples da vida cotidiana, os direitos e deveres das pessoas, na sua qualidade de esposo ou esposa, pai ou filho, credor ou devedor, alienante ou adquirente, proprietário ou possuidor, condômino ou vizinho, testador ou herdeiro, etc.�
3. Breve histórico do direito civil
Direito Civil em Roma
É no direito romano que aparece pela primeira vez a noção de direito civil como direito privado comum. Inicialmente esse direito privado era um só, sem diferenciação.
Posteriormente, distinguiu-se entre o jus civile (utilizado para resolver questões entre romanos) e o jus gentium (aplicado aos estrangeiros e usado para resolver questões entre romanos e estrangeiros).
Na época de Justiniano passou a houve nova divisão, distinguindo-se entre o jus civile (direito privado comum, em vigor dentro das fronteiras do império); jus gentium (direito em vigor nas relações com nações estrangeiras; jus naturale (um ideal de direito para o qual deveriam convergir os outros direitos).
Direito Civil na Idade Média
Nesta época histórica, o Direito Civil identificou-se com o direito romano contido no corpus júris civilis de Justiniano (baseado no individualismo, em que a liberdade e a propriedade eram direitos individuais e absolutos do pater famílias), com acréscimos de direito germânico (mais social) e de direito canônico (mais espiritualizado, com tendências éticas e idealistas).
Direito Civil na Idade Moderna
Surgiu o Estado moderno, primeiro absoluto, depois liberal e hoje democrático.
O Estado moderno permitiu a racionalização do pensamento jurídico, com criação de conceitos abstratos e caráter sistemático. Também contribuiu para o avanço do direito civil a declaração de direitos da Virgínia (1776), a declaração de direitos do cidadão durante a Revolução Francesa (1789) e a Carta de Direitos da Inglaterra (1689).
No Estado liberal vigorava o primado da lei e a sujeição desta à Constituição.
Nesta época o direito comercial desvincula-se do direito civil (1807), com a publicação do Código Comercial francês.
4. A codificação do Direito Civil
Codificar nada mais é do que juntar numa lei geral todas as leis esparsas que tratam do mesmo assunto. O objetivo maior é dar estabilidade e segurança jurídica às relações jurídicas com a adoção de normas claras ordenadas em sistema com unidade ideológica. 
Caracteriza-se por ser uma sedimentação estática de normas. Gera visão falsa de completude do sistema. O direito posto resolveria todas as questões. A codificação é um sistema jurídico onde não se conhecem as lacunas da lei.
Idéia de codificação vem da antiguidade: código de Hamurabi, mas a verdadeira codificação é fruto da Idade Moderna com o racionalismo jurídico.
A codificação no Brasil dá-se com o CC de 1916 que entrou em vigor em 01/01/17. Antes disso vigoravam as ordenações Filipinas. Clóvis Beviláqua, Teixeira de Freitas, Coelho Rodrigues, Nabuco de Araújo e Joaquim Felício dos Santos foram alguns dos juristas que contribuíram para o surgimento do CC de 1916.
5. Descodificação
É um processo inverso ao da Codificação. Surgiu com a feitura de novas leis fora do CC de 1916, que estava distante da realidade por ser um Código de sistema fechado com normas altamente abstratas, com paradigmas do liberalismo, com predominância do lado patrimonial em detrimento das relações jurídicas pessoais.
A complexidade e o dinamismo das relações sociais levaram à criação de microssistemas jurídicos de relevante interesse social. Surgiu a Lei do Divórcio, o Código do Consumidor, Lei de locação, Estatuto da Criança e Adolescente, Código de Propriedade Industrial, Lei de Registros Públicos, etc.
6. Constitucionalização do direito civil
Não se pode mais dizer que o Código Civil é a Constituição do homem comum. Nos dias de hoje a Constituição traz no seu bojo normas de direito civil e o estudo do direito civil tem de ser feito à luz das regras constitucionais, não se podendo sobrepor a elas.
A CF trata de assuntos de direito civil tais como a propriedade, o contrato e a família. E esses institutos jurídicos, hoje, têm de ser tratados observando-se a tábua axiológica constitucional da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III), da solidariedade social (art. 3º, III) e da igualdade substancial (arts. 3º e 5º).�
Assim, a propriedade passa a ser tratada de forma diferente devendo observar a sua função social. O contrato deixa de lado os paradigmas liberais e adota novos paradigmas, como o da boa-fé, etc
7. Dignidade da pessoa humana e patrimônio mínimo.
Dignidade da pessoa humana é princípio fundamental da República. Este princípio não aceita o modelo liberal, baseado na autonomia individual, na igualdade formal. Acaba dessa forma o modelo de direito civil patrimonialista, usado para defender o proprietário e o contratante, sem qualquer preocupação com o social. 
Passa a haver mais respeito pela pessoa humana, vale mais o ser do que o ter. A dignidade da pessoa exige um patrimônio mínimo que não pode ser penhorado por dívidas. Assim, o devedor não pode ficar sujeito a humilhações impostas pelos seus credores. O credor tem direitos e eles são protegidos pela lei, mas não podem ser levados a ponto de tirarem da pessoa o mínimo essencial a uma vida digna. Lei 8.009.
8. Estrutura do CC de 2002. 
Entrada em vigor 11.01.2003. Segue em linhas gerais o Código anterior, com acréscimo de jurisprudência e doutrina. Unificou direito das obrigações civil e comerciais. Introduziu novas figuras extinguiu outras.É composto por uma parte geral e uma parte especial com cinco livros. Introduziu direito de empresa, novidade mundial.
Princípios: socialibilidade; eticidade, operabilidade. O primeiro leva à revisão do papel dos cinco principais personagens do direito privado: proprietário, o contratante, o empresário, o pai de família e o testador. Eticidade, prestigia os princípio da boa-fé, a eqüidade, a justa causa e permite ao juiz julgar de forma justa e equitativa no caso concreto. Operabilidade, o direito foi feito para ser efetivado.
� Gonçalves, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, v. 1, 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 20. 
� Gonçalves, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, v. 1, 8ª ed. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 20. 
� Pereira,Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil, v.1, 19ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002, p. 5.
� Pereira,Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil, v.1, 19ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002, p. 8.
� GONÇALVES, op. cit. p.23.
� GONÇALVES, op. cit.p.22.
� GONÇALVES, op. cit.p.23.
� AMARAL, Francisco. Direito Civil: introdução. 4ª ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2002, p. 43.
� GONÇALVES, op. cit.p.25.
� GONÇALVES, op. cit.p.29.
� GONÇALVES, op. cit.p.28.
� AMARAL, Francisco. Direito Civil: introdução. 3ª ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2000, p. 105.
� GONÇALVES, op. cit, p.33.
� GONÇALVES, op. cit. p, 45.

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