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ROTEIRO DE AULA PRÁTICA Método de Sedimentação Espontânea – Hoffman, Pons e Janer ou Lutz (14/09) Método de Centrifugo-sedimentação – Ritchie (28/09) Método de flutuação espontânea – Willis (19/10) Método de centrifugo-flutuação – Faust (26/10) INTRODUÇÃO As técnicas de concentração figuram entre os procedimentos de rotina, como parte de um exame completo das fezes, para a pesquisa de parasitos e o diagnóstico de um pequeno número de organismos que foram omitidos, quando foi usado somente o exame direto a fresco. Os três principais objetivos dessas técnicas são: 1) aumentar o número de cistos, oocistos, ovos ou larvas na preparação; 2) eliminar a maioria dos detritos fecais; e 3) apresentar os organismos em um estado inalterado, facilitando sua identificação. As técnicas de concentração se dividem em: flutuação e sedimentação, e cada uma destas se subdivide em flutuação simples e centrífugo-flutuação; sedimentação simples e centrífugo-sedimentação. 1. Método de Sedimentação Espontânea – Técnica de Hoffman, Pons e Janer ou Lutz A técnica de Lutz ou de Hoffman, Pons e Janer é um procedimento simples, indicado para a pesquisa de ovos, larvas e cistos. Fundamenta-se na sedimentação espontânea em água (combinação da gravidade e da sedimentação). O uso de grande quantidade de material fecal nesse processo, em contraste com as pequenas quantidades usadas em outras técnicas, favorece um diagnóstico satisfatório e seguro, mesmo quando o número de organismos presentes é pequeno. A grande vantagem da técnica de sedimentação em água para a concentração de cistos de protozoários e ovos e larvas de helmintos, no material fecal, é a necessidade mínima de vidraria, sendo dispensável o uso de reagentes e da centrifugação. A desvantagem desse processo de diagnóstico coprológico é a grande quantidade de detritos fecais no sedimento, dificultando, com frequência, a preparação e o exame da lâmina. MATERIAL Material fecal não preservado (fezes frescas). Água Palito de picolé ou espátula Copo graduado ou becker de 250 mL Peneira para fezes Gaze Copo cônico de 125 mL (cálice) Pipeta Pasteur Centrífuga Lâmina de microscopia Lamínula de vidro Lugol Microscópio EXECUÇÃO DA PRÁTICA Usar luvas durante todas as etapas do procedimento. Colocar cerca de 5 g de fezes frescas, colhidas de várias partes do bolo fecal, em copo graduado de 250 ml. Completar o volume de 50 a 60 ml com água corrente e misturar vigorosamente com espátula até formar suspensão homogênea. Preparar a suspensão com água corrente até volume de 100 mL. Utilizar duas gazes dobradas e umedecê-la em água corrente. Posicionar a gaze sobre a peneira disposta sobre o cálice. Dispensar a suspensão de fezes sobre a gaze para filtrar. Se necessário, adicionar água corrente até completar aproximadamente 3/4 do volume do cálice. Deixar a suspensão em repouso durante uma a duas horas. OBS.: como o horário da aula não permite esse tempo de espera, deixar em repouso por 30 minutos. Descartar metade do sobrenadante na pia. Com uma pipeta Pasteur, colher uma pequena porção do sedimento na camada inferior, depositando-o sobre uma lâmina. Se a preparação estiver muito espessa, diluir com uma gota de solução salina a 0,85% ou água corrente ou colocar uma gota de lugol. Posicionar a lamínula sobre a lâmina. Examinar ao microscópio a presença de ovos, larvas e cistos. 2. Método de centrifugo-sedimentação – Técnica Ritchie (Centrífugo- sedimentação pela formalina-éter ou centrífugo-sedimentação pela formalina- acetato de etila) Existem inúmeras variações nas técnicas de sedimentação pelo emprego da centrifugação, todas elas são derivadas do procedimento original de Telemann. Ritchie apresentou, em 1948, uma técnica eficiente para recuperar e identificar cistos de protozoários e ovos e larvas de helmintos, incluindo ovos operculados e de esquistossoma em material fecal fresco, preservado pelo formaldeído. Maldonado e Acosta-Matienzo, Maldonado, Acosta-Matienzo e Veliz-Herrera modificaram o método original de Ritchie acrescentando à formalina o Triton-NE, um detergente não-iônico, com o objetivo de aumentar a eficiência da técnica. Alguns autores recomendam substituir o éter etílico pelo acetato de etila. Este reativo é inflamável, mas pode ser usado com espécimes conservados com formaldeído e fixador APV. MATERIAL Material fecal não preservado (fezes frescas). Solução de formalina a 10% (v/v). Acetato de etila ou éter etílico. Água. Tubo tipo Falcon de 15 mL (ou tubo de Wasserman) Estante para tubos Peneira para fezes Gaze Becker de 50 mL Palito de picolé ou espátula Centrífuga Pipeta Pasteur Estante para tubos Swab (ou cotonete) Lâminas de microscopia Lamínula Lugol Microscopio EXECUÇÃO DA PRÁTICA Usar luvas durante todas as etapas do procedimento. Colocar 2 a 5 g de fezes frescas colhidas de várias partes do bolo fecal em Becker contendo 10 ml de água corrente. Homogeneizar bem. Filtrar a suspensão através de gaze, levemente umedecida em água corrente, dobrada duas vezes, apoiada sobre a peneira e receber o filtrado em um tubo tipo Falcon de 15 ml. Centrifugar (2500 rpm ou 650 x g por 1min). Descartar o sobrenadante e adicionara 2 ml de água corrente ao sedimento para ressuspendê-lo. Completar com água corrente até 10 ml do volume do tubo. Agitar e centrifugar (2500 rpm ou 650 x g por 1min). Repetir essa etapa até que o sobrenadante se apresente relativamente claro. Depois que o último sobrenadante é descartado, ressuspender o sedimento com 2 ml de formalina a 10%. Completar o volume da suspensão em 10 ml com formalina a 10%. Deixar em repouso durante 5 minutos. Adicionar 3 ml de éter ou acetato de etila, fechar o tubo e agitar bem por 30 segundos. Remover a tampa com cuidado. Centrifugar (2000 rpm ou 500 x g por 1min). Quatro camadas se formarão: 1.ª) sedimento no fundo do tubo contendo os parasitos; 2.ª) camada de formalina; 3.ª) tampão de detritos fecais; e 4.ª) camada de éter na superfície. Com cuidade, descartar as três camadas superiores. Limpar com swab de algodão as paredes do tubo, removendo os detritos remanescentes. Uma pequena quantidade do líquido que permanece nas paredes do tubo escorre para o fundo junto ao sedimento. Misturar o líquido e o sedimento. Com pipeta pasteur coletar uma pequena amostra do sedimento e depositar sobre a lâmina, adicionar lugol e lamínula para a pesquisa de ovos, larvas e cistos. Observações Ritchie e cols. relataram que o pH da formalina afeta o encontro dos ovos e cistos no sedimento. Ovos de A. lumbricoides e Schistosoma japonicum são melhores recuperados em pH 10,0, enquanto os ancilostomídeos são muito bem identificados nos valores de pH 4,0 e 7,0. Os ovos de T. trichiura e cistos de protozoários aparentemente não são afetados pelas mudanças do pH, mas os melhores resultados são obtidos no pH 7,0. Esses dados mostram que a formalina no pH neutro é mais eficaz do que a formalina não tamponada no estudo dos parasitos. Tubo com fundo redondo é mais apropriado do que tubo cônico de centrífuga de 15ml. A água corrente poderá ser substituída pela solução salina a 0,85% durante todo o procedimento. 3. Método de flutuação – Técnica de Willis (flutuação em solução saturada de cloreto de sódio) As técnicas de flutuaçãofundamentam-se no princípio da diferença de densidade específica entre os ovos de helmintos, cistos e oocistos de protozoários e o material fecal, a fim de que esses organismos flutuem na superfície dos reagentes com densidade específica (normalmente alta densidade). Os ovos e cistos usualmente apresentam uma densidade específica que varia de 1,05 a 1,15g/ml; entretanto alguns ovos, como de Clonorchis e Opisthorchis e outras espécies muito próximas, mostram uma densidade específica superior a 1,20g/ml e não podem ser concentrados pelas técnicas usuais de flutuação. As principais vantagens apresentadas pela flutuação são a formação na superfície do tubo de uma membrana clara com poucos detritos fecais e a remoção seletiva de ovos e cistos, mesmo quando presentes em pequeno número no bolo fecal, resultando em quantidade maior de organismos de certas espécies, quando comparado com o número de parasitos presentes nos esfregaços salinos. Os trofozoítos e os ovos operculados não são isolados através dessa técnica; flutuam somente os pequenos ovos de trematódeos. Ovos pesados, como os de Ascaris, Taenia, Schistosoma, Fasciola e Fasciolopis, não flutuam; alguns cistos delicados e as larvas são distorcidos. As gorduras e os óleos presentes nas fezes flutuam com os ovos e cistos, tornando a preparação algumas vezes insatisfatória para o exame. Nas técnicas de flutuação são usadas principalmente as soluções saturadas de cloreto de sódio, de sacarose, de sulfato de zinco e de sulfato de magnésio. A densidade específica dessas soluções saturadas variam de 1,18 a 1,26g/ml. A técnica de Willis fundamenta-se na dupla propriedade que apresentam certos ovos de helmintos de flutuarem na superfície de uma solução de densidade elevada e de aderirem ao vidro. Este procedimento, simples e eficiente, está indicado para a pesquisa de ovos com densidade específica baixa, como os de ancilostomídeos e de Trichostrongylus orientalis, embora não seja recomendado para os ovos pesados de trematódeos, ovos de E. vermicularis e ovos inférteis de A. lumbricoides. Os cistos de protozoários se retraem, ficando irreconhecíveis. MATERIAL Material fecal não preservado (fezes frescas). Solução saturada de cloreto de sódio (NaCl), densidade 1,20 g/mL Frasco de Borrel Palito de picolé ou espátula Lâmina de microscopia Lamínula Lugol Microscopio EXECUÇÃO DA PRÁTICA Preparação da Solução Saturada de Cloreto de Sódio, Densidade 1,20g/ml. A solução saturada de cloreto de sódio (NaCl) com densidade específica de 1,20g/ml é preparada pela adição do NaCl em água destilada-deionizada ou corrente quente ou em ebulição, até que o excesso acrescentado não mais se dissolva na solução (aproximadamente 40 g de NaCl em 100 ml de água). A densidade específica é crítica, devendo-se usar um densitômetro para controlar e ajustar a solução. Filtrar em papel- filtro. Usar luvas durante todas as etapas do procedimento. Colocar uma quantidade de fezes frescas de aproximadamente 2 g, coletada de várias partes do bolo fecal, em frasco de Borrel. Adicionar solução saturada de cloreto de sódio até ¼ do volume do frasco e homogeneizar bem. Completar o volume até a borda do frasco. Colocar uma lamínula (ou uma lâmina) sobre a borda do frasco de modo a ficar em contato com o líquido. A lamínula deve ficar em contato com o menisco durante 30 minutos; não deverá haver formação de bolhas de ar entre a lamínula e a superfície do líquido. A gota contendo os ovos se adere à face inferior da lamínula. Remover a lamínula e inverter rapidamente sua posição sobre uma lâmina contendo uma gota de lugol. Examinar ao microscópio com objetiva de pequeno aumento. Observações Os ovos não flutuam na superfície do reagente quando a homogeneização do material fecal é incompleta, havendo uma imperfeita separação dos ovos e dos detritos fecais. 4. Centrífugo-flutuação em solução de sulfato de zinco – Técnica de Faust A técnica de Faust e colaboradores foi o primeiro procedimento desenvolvido para o diagnóstico de cistos de protozoários e de ovos e larvas de helmintos. Ovos grandes de trematódeos, de cestóides e inférteis de A. lumbricoides não são concentrados. Essa técnica é imprópria para espécimes fecais que contenham grande quantidade de gorduras. A solução de sulfato de zinco é preparada na densidade de 1,18 g/ml para fezes frescas. A técnica pode ser usada com fezes preservadas em formaldeído (5% ou 10%, tamponado ou não tamponado), SAF e fixador APV; entretanto, a densidade específica deverá ser ajustada em 1,20g/ml. O aumento da densidade poderá resultar em uma distorção adicional dos organismos. MATERIAL Material fecal não preservado (fezes frescas). Solução de Sulfato de Zinco a 33% (densidade 1,18 g/ml) Palito de picolé ou espátula Gaze Peneira para fezes Tubo tipo falcon de 15 mL (ou tubo de Wasserman) Becker de 50 mL Água Centrifuga Estante para tubos Pipeta Pasteur Alça de platina Lâmina de microscopia Lamínula Lugol EXECUÇÃO DA PRÁTICA Usar luvas durante todas as etapas do procedimento. Colocar 2 g de fezes frescas colhidas de várias partes do bolo fecal em becker contendo 10 ml de água corrente. Filtrar a suspensão através de gaze, levemente umedecida em água corrente, dobrada duas vezes, apoiada sobre a peneira e receber o filtrado em um tubo tipo falcon de 15 ml. Adicionar água corrente até completar 10 mL do volume do tubo. Centrifugar (2.500 rpm ou 650 x g por 1 min). Descartar o sobrenadante e adicionar 2 ml de água corrente ao sedimento para ressuspendê-lo. Completar com água corrente 10 mL do volume do tubo, agitar e centrifugar novamente. Repetir essa etapa até que o sobrenadante apresente-se relativamente claro. Depois que o último sobrenadante é descartado, adicionar 2 ml do reagente e ressuspender o sedimento; completar com sulfato de zinco até 0,5 cm da borda do tubo e centrifugar (2.500 rpm ou 650 x g por 1 min). Cuidadosamente, remover o tubo da centrífuga e, sem agitação, colocá-lo em uma estante em posição vertical. Com uma alça de platina (diâmetro de 5 a 7 mm) tocar no centro da membrana formada na superfície, transferindo várias alçadas para uma lâmina de microscopia. Adicionar lugol e lamínula. Pesquisar ovos, larvas e cistos. O material deve ser examinado imediatamente. O sulfato de zinco pode deformar os cistos e os ovos. Alguns pesquisadores preferem a sobreposição de uma lamínula na borda do tubo à remoção da película com alça de arame, deixando-a em contato com o líquido durante oito a 10 minutos. Remover a lamínula, invertendo sua posição e colocar a face com a gota sobre uma lâmina. Examinar para ovos, larvas e cistos.
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