Buscar

Aula Toxinas de animais peçonhentos PARTE II

Prévia do material em texto

Toxinas de animais 
peçonhentos
Prof. Dr. Antônio Novaes
Acidentes
ofídicos:
Gênero
Bothrops –
Jararaca
Gênero
Crotalus -
Cascavel
Gênero 
Lachesis 
muta -
Surucucu
Gênero 
Micrurus –
Coral 
verdadeira
Gênero Bothrops -
Jararaca
• Hábitos noturnos
• Locais úmidos e sombreados, como florestas
• Interior de tulhas e celeiros
• Alimentação: principalmente roedores
• Comportamento agressivo quando ameaçadas
• Picadas ocorrem nas regiões dos pés, tornozelos, 
pernas e região do antebraço
• Cabeça e pescoço – Se as cobras extiverem em 
galhos para caçar pássaros.
Acidente Botrópico
Mecanismo de ação do veneno 
Inflamatório
Liberação de 
mediadores 
vasoativos
Coagulação
Ativação da 
cascata de 
coagulação
Hemorrágica Lesão endotelial
Edema do membro + equimose
Sangramento no local da picada + edema
Edema, eritema, equimose, bolhas
Efeitos locais
Abscesso no local da picada
Necrose
gengivorragia Hematúria, oligúria e proteinúriahematoma
Normal: 
Prolongado: 
Incoagulável:
até 9 min
10 a 30 min
> 30 min
Incoagulabilidade Sanguínea
Efeitos Sistêmicos
Complicações locais e 
Sistêmicas
Limitação/perda de
movimentos
AmputaçãoSíndrome compartimental
ü Insuficiência Renal Aguda 
(IRA) à anúria
ü Leucocitose com desvio à 
esquerda
ü CK, Creatinina, Uréia
sanguínea
ü Sepse (infecções secundárias)
Gênero Bothrops – Toxicodinâmica da Peçonha
• Constituída de uma mistura complexa de proteínas com atividade
proteolítica.
• Proteínas da peçonha da Bothrops
• Fatores hemorrágicos
• Metaloproteinases ácidas e metaloendopeptidades com atividade lítica sobre colágeno
presente nas membranas basais dos tecidos, favorecendo a uma maior absorção da 
peçonha e a processos hemorráricos.
• Proteases
• Brotopasina, uma metaloproteína ácida com atividade lítica sobre caseína e outros 
substrates;
• Proteínas pró-inflamatórias e necróticas.
• Hialuronidases
• Enzimas com atividade lítica sobre o ácido hialurônico presente no colágeno.
Gênero
Bothrops –
Toxicodinâmica
da Peçonha
• Proteínas da peçonha da Bothrops
• Enzimas com atividade coagulante
• Conversão de protrombina em trombina na presença do fator V 
da coagulação
• Sem a presença deste fator de coagulação
• Indução da conversão do fator X em sua forma ativa
• Atividade tipo trombina com a conversão do fibrinogênio em 
fibrina
Todos esses mecanismos levam à coagulação disseminada e 
esgotamento dos fatores de coagulação sistêmico, o que resulta em 
processos hemorrágicos.
• Fosfolipases e esterases
• Enzimas indutoras de processo inflamatório via ácido 
araquidônico e consequentemente liberação de aminas 
vasoativas mastocitárias: HISTAMINA, SEROTONIA e 
BRADICININA.
Acidente Botrópico
Mecanismo de ação do veneno 
Inflamatório
Liberação de 
mediadores 
vasoativos
Coagulação
Ativação da 
cascata de 
coagulação
Hemorrágica Lesão endotelial
Gênero 
Bothrops –
Jararaca
A idade da vítima ou ainda a 
relação peso corpóreo e a 
quantidade de peçonha injetada é 
de grande relevância.
Sinais Clínicos
Gênero 
Bothrops –
Jararaca
• Manifestações clínicas podem se classificadas
como:
• LEVE
• Dor local
• Edema
• Equimoses
• Manifestações hemorrágicas discretas
• Aumento do TC
Gênero 
Bothrops –
Jararaca
• Manifestações clínicas podem se classificadas
como:
• MODERADO
• Dor intensa
• Edema e quinoses
• Hemorragias locais ou sistêmicas com 
gengivorreia
• Epistaxe
• Hematúria
• Aumento do TC
Gênero 
Bothrops –
Jararaca
• Manifestações clínicas podem se classificadas como:
• GRAVE
• Dor
• Edema
• Presença de Equimoses e bolhas
• Isquemia e compressão de feixes
vasculonervosos
• Hipotensão
• Insuficiência Renal Aguda
• Hemorragia e Choque
Tratamento
• Em casos de serpente identificada
• Soroterapia com antiofídico: antibotrópico
(SAB) 
• Em casos de serpent não identificada
• Uso de soros com anticorpos contra a 
peçonha de Bothrops associados com 
anticorpos antilaquético (SABL) ou
anticrotálico (SABC)
• Hidratação IV
• Drenagem postural do segmento
• Tratamento sintomático, dependendo do grau de 
dor – analgésicos como dipirona, tramadol e 
outros.
• Antibioticoterapia se necessário.
Acidentes 
ofídicos:
Gênero 
Bothrops –
Jararaca
Gênero
Crotalus -
Cascavel
Gênero 
Lachesis 
muta -
Surucucu
Gênero 
Micrurus –
Coral 
verdadeira
Gênero Crotalus –
Cascavel
• Apreciam regiões secas e semi-áridas, com 
terrenos rochosos e também região do cerrado.
• Presença de chocalho ou guizo
• As vezes não possuem comportamento agressivo
• Quando ameaçadas, se enrolam em torno de si
próprias, elevando a cabeça e agitando o guizo em
sua cauda como forma de alerta
• Peconha constituída com proteínas com atividade enzimática, como
fosfolipase A2 e esterases
• Enzimas proteolíticas, como endopeptidades, collagenases, elastases 
e hialuronidases, entre outras.
Gênero Crotalus – Toxicodinâmica da Peçonha
Gênero 
Crotalus –
Toxicodinâmica 
da Peçonha
Diferente da Bothrops, a peçonha das cascavéis possuem toxinas com 
importante atividade biológica, que são:
• Crotoxina
• Principal toxina da peçonha. Neurotóxica, impede a liberação pré-
sináptica da acetilcolina.
• Crotamina
• Tamanho 5 KdA, fácil penetração em diferentes tipos celulares.
• Ação despolarizante das fibras musculares, levando a contração e 
paralisia da musculature esquelética.
• Possui atividade miotóxica, perda da função do músculo esquelético e 
morte celular necrótica
• Convulxina
• Promove alterações neurológicas que levam a perda do equilíbrio, 
alterações visuais e convulsões.
• Giroxina
• Enzima tipo trombina com atividade sobre fibrinogênio e formação de 
fibrina.
Evolução da Fasciotomia para salvar membro
Acidente Crotálico – quadro clínico
Gênero Crotalus – Sinais Clínicos
Os sinais clínicos do acidente crotálico estão
relacionados a atividade anticolinérgica da peçonha
Gênero
Crotalus –
Cascavel
• Manifestações clínicas podem se classificadas
como:
• LEVE
• Fácies miastênica
• Visão turva podem estar ausentes ou aparecer
tardiamente,
• Não ocorre mialgia
• Não há presença de mioglobinúria e tão pouco
oligúria ou anúria
Gênero
Crotalus –
Cascavel
• Manifestações clínicas podem se classificadas
como:
• MODERADO
• Fácies miastênica discrete ou evidente
• Presença de visão turva
• Discreta mialgia
• Mioglobinúria pouco evidente ou discrete sem
ocasionar oliguria ou anúria
Gênero
Crotalus –
Cascavel
• Manifestações clínicas podem se classificadas
como:
• GRAVE
• Fácies miastênica
• Visão turva bem evidente
• Relato de mialgia
• Mioglobinúria
• Oligúria/anúria que podem estar presentes ou não
Rabdomiólise àMioglobinúria
Eritema local Edema local discreto
Fáscies miastênica = 
oftalmoplegia + 
ptose palpebral 
bilateral
Gênero Crotalus – Tratamento
• Com diagnóstico do acidente crotálico:
• Soro anticrotálico (SAC)
• Se ocorrência delesão renal aguda (LRA) decorrente de ação nefrotóxica da 
mioglobina: Hidratação
• Se houver mioglobubinúria: Bicarbonato de sódio via IV com objetivo de manter o 
pH urinário em torno de 8,0, impedindo dessa forma a deposição tubular da 
mioglobina e a evolução para LRA.
Acidentes
ofídicos:
Gênero 
Bothrops –
Jararaca
Gênero
Crotalus -
Cascavel
Gênero 
Lachesis 
muta -
Surucucu
Gênero 
Micrurus –
Coral 
verdadeira
Gênero Lachesis –
Surucucu
• Podem alcançar até 3 m de comprimento.
• Hábitos noturnos, preferem regiões de mata fechada
- acidentes raros.
• Por serem avantajadas em seu porte, podem
promover o botee injetar grande quantidade de 
peçonha
Gênero Lachesis – Toxicodinâmica da Peçonha
• Efeitos:
• Proteolíticos
• Pró-inflamatórios
• Necróticos
• Coagulantes
• Hemorrágicos
• Efeito neurotóxico, com sintomatologia vagal
• Serinoproteases
• Enzima isolada da peçonha com estrutura e atividades semelhantes a da girotoxina – Atividade sobre o 
fibrinogênio e formação de fibrina
• Fosfolipase A2
• Promove ação inibitória sobre plaquestas e atividade anticoagulante. O efeito neurotóxico pode
• L-aminoácido oxidases
• Induz apoptose em células endoteliais
• Serinoproteases
• Desordens coagulativas
• Inibem fatores V e VIII
Gênero Lachesis – Toxicodinâmica da Peçonha
• Metaloproteinases dependents de Zn+2
• Contribuem para o processo hemorrágico
• Lesionam células endoteliais
• Peptídeos potenciadores da bradicinina
• Ação inibitória sobre a metabolização de bradicinina e principalmente sovre a conversão da antiotensina
I em II.
• Cininogenases
• Atuam sobre o cininogênio liberando peptídeos vasoativos, como bradicinina e calicreinas, participantes
da queda da pressão arterial.
Gênero Lachesis – Toxicodinâmica da Peçonha
Gênero 
Lachesis –
Sinais Clínicos
• Leve
• Alterações neuroparalíticas discretas sem myalgia, 
escurecimento da urina ou oliguria.
• Moderado
• Quadro local presente, pode haver sangramento,
sem manifestações vagais.
• Grave
• Quadro local intense, hemorragia intense, com
manifestações vagais.
Edema difuso, equimose, necrose 
cutânea
Evolução da síndrome compartimental
Gênero Lachesis – Tratamento
• Soro antilaquético (SAL)
• Em casos de ausência de SAL, fazer uso de SAB.
• Em efeitos colinérgicos, fazer uso de atropine para reverter
bradycardia e outros sinais vagais.
Acidentes 
ofídicos:
Gênero
Bothrops –
Jararaca
Gênero
Crotalus -
Cascavel
Gênero 
Lachesis 
muta -
Surucucu
Gênero 
Micrurus –
Coral 
verdadeira
Gênero Micrurus – Coral 
verdadeira
• São serpentes de porte médio – até 1,20m de comprimento
• Possuem coloração característica, constituída de anéis circulares
em torno do corpo de cores preta, vermelha e branca e/ou
amarela.
• Posuem ineficiência para injetar a peçonha, devido às suas presas
serem proteróglifas e à menor quantidade de peçonha inoculada,
o acidente é sempre de urgência para socorro.
Gênero Micrurus – Toxicodinâmica da Peçonha
• Promove Neurotoxicidade, que dependendo da espécie envolvida
atuam com mecanismo de ação diferenciados para promover a 
paralisia muscular resultante.
Gênero Micrurus – Toxicodinâmica da Peçonha
• NTXs pré-sinápticas
• Atividade fosfolipásica, atuam sobre o influxo de Ca2+ para o interior da
terminação axonal pré-sináptia colinérgica presente nas junções
neuromusculares, impedindo que ocorra a migração das vesículas contend
acetilcolina para a terminação axonal e sua liberação na fenda sináptica, não
ocorrendo a estimulação para a contração muscular.
Gênero Micrurus – Toxicodinâmica da Peçonha
• NTXs pós-sinápticas
• Encontradas na peçonha das 
• M. frontalis e M. Lemniscatus
• Atuam como antagonistas
competitivos colinérgicos sobre os
receptors nicotínicos pós-sináticos da 
junção neuromuscular.
M. frontalis 
M. Lemniscatus
Gênero Micrurus – Sinais Clínicos
• Dor discreta no local da picada
• Parestesia nos primeiros minutos após o acidente
Não há ocorrência de edema exacervado nem processos hemorrágicos
• Náuseas
• Vômitos
• Fraqueza muscular progressive
• Oftalmoplegia com visão turva
• Ptose palpebral (fácies miastênica)
• Paralisia da musculature velopalatina e mandibular, resultando em dificultade de deglutição
• Dificuldade respiratória – se não assistida, pode levar a parade respiratória e morte.
Fáscies miastênica
Discreto sinal da 
picada
Gênero Micrurus – Tratamento
• Soroterapia específica com soro antielapídico (SAE)
• Uso de neostigmina - inibe reversivelmente a enzima
acetilcolinestarase, aumentando assim a competição com as NTXs
pós-sináticas pelo sítio de ligação nos receptors nicotínicos da junção
neuromuscular.
SERPENTES NÃO PEÇONHENTAS
Helicops modestus 
“surucucurana” “cobra d’água”
Philodryas olfersii “cobra-cipó” 
“cobra-verde”
Liophis miliaris “trairabóia” 
“cobra d’ água”
Clelia clelia “muçurana” 
“cobra-preta”
Philodryas olfersii: Edema e equimose local
Edema, hematoma e equimose 
discretos após acidente com sucuri
Efeitos exclusivamente locais

Continue navegando