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1 Gestão do Conhecimento Tema 8: Síntese do Conhecimento Modular e Integral: Inovação da Arquitetura do Negócio na era da TI. Tendências. Autor: Ronaldo Barbosa CONVITE À LEITURA O escritor e cientista James Lovelock escreveu o livro Gaia: cura para um planeta doente, em que apresenta de forma acessível sua teoria científica segundo a qual a Terra pode ser considerada um gigantesco superorganismo vivo. Essa percepção convida a humanidade a rever seu papel frente ao planeta: podemos explorar e esgotar os recursos do planeta de forma inconsequente, o que levará a própria humanidade à extinção, ou podemos enxergar o planeta como um sistema único e complexo em que convivem, em delicado equilíbrio, milhões de seres e espécies animais e vegetais. Ao enxergar o planeta como um todo – Gaia – passamos a valorizar ideias e ações de preservação dos recursos e de respeito à natureza. Entender como o todo e as partes que o compõem interagem é uma forma “sistêmica” de pensar. Saiba Mais! Consulte o livro Gaia, de James Lovelock: LOVELOCK, James. Gaia. Cura para um planeta doente. São Paulo: Editora Cultrix, 2006. Sinopse oficial: Neste livro, James Lovelock, cientista inventivo, não ortodoxo, engenhoso e um Darwin dos tempos modernos, apresenta de forma acessível e plenamente ilustrada a sua teoria segundo a qual a Terra é viva e pode ser considerada como um gigantesco superorganismo vivo. Ele chama de Gaia a sua teoria, e no processo de descrevê-la, Gaia – Cura para um Planeta Doente também apresenta um check-up da saúde de meia-idade do planeta. Como qualquer outra forma de vida madura, Gaia sofreu vários golpes, alguns deles sérios, ao longo do caminho. Até agora, a recuperação sempre foi completa, mas hoje Gaia está doente; ao que parece, a humanidade é parte do problema, e nós estamos apenas despertando para esse fato. Gestão do Conhecimento | Tema 8 2 Você pode ler um trecho deste livro em: <http://books.google.com.br/books?id=Tx-pMj_Z_OUC&pg=PA62&dq=teoria+de+gaia&hl= pt-BR&sa=X&ei=xkThUu0Hqr6xBK-YgogE&ved=0CD0Q6AEwAw#v=onepage&q=teoria%20 de%20gaia&f=false>. Acesso em: 24 jan. 2014. Para saber mais sobre a Teoria Gaia, acesse também o artigo de Paula Louredo: LOUREDO, Paula. A Hipótese Gaia. Brasil Escola. Disponível em: <http://www. brasilescola.com/biologia/hipotese-gaia.htm>. Acesso em: 24 jan. 2014. A empresa, assim como o planeta, também pode ser vista como um sistema composto por partes isoladas que se integram em um único conjunto. Se damos ênfase às partes e ignoramos o conjunto, temos um pensamento modular, se damos ênfase ao conjunto sem priorizar as partes, temos um pensamento integrador. Esse é um dos assuntos importantes que desenvolveremos nesta aula. Além disso, a tendência recente de “gamificação” das empresas completa nossa jornada pela área de Gestão do Conhecimento. Portanto, nesta última aula estudaremos o pensamento sistêmico que é útil para a compreensão de dois modelos de arquitetura de negócios associadas a formas distintas de lidar com o conhecimento: o modelo modular e o modelo integral. Estudaremos também o conceito “gamificação”, voltado para o aproveitamento do caráter lúdico em uma série de atividades nas empresas. Bons estudos! TEXTO E CONTEXTO Vamos começar falando sobre o pensamento sistêmico, que tem origem na teoria geral de sistemas. Simplificadamente, podemos dizer que a teoria geral de sistemas defende: 1. A realidade é feita de sistemas, mas não de sistemas isolados sem qualquer relação entre si. 2. Para compreender a realidade não basta examinar os sistemas isolados, mas também suas inter- relações. Assim, sistemas devem ser estudados globalmente envolvendo todas as interdependências de suas partes. A ideia de um pensamento sistêmico é a busca pelo “geral no particular” e pelo “particular no geral”. O “todo” apresenta propriedades e características próprias que não são encontradas em nenhum dos elementos isoladamente. Dependendo do estilo e objetivos da empresa, pode ser um sistema aberto ou um sistema fechado. Um sistema é considerado aberto quando apresenta relações de intercâmbio com o meio ambiente, e é considerado fechado quando não apresenta intercâmbio com o meio ambiente, não recebe nenhum recurso externo e nada produz que seja enviado para fora. Gestão do Conhecimento | Tema 8 3 Noemi Sakitani (2010) justifica a mudança do paradigma cartesiano para o paradigma sistêmico/ complexo da seguinte forma: Nosso modo de pensar é progressivamente estruturado desde que nascemos. Primeiro imitamos nossos pais e depois, na escola, tomamos contato com o modo ocidental de raciocinar, que fragmenta as coisas, as situações, para em seguida analisar as partes separadas. As teorias modernas de gestão seguem a mesma orientação: analisar cada ponto e corrigi-lo para depois tentar corrigir o todo. Mas o mundo está mudando, e essa maneira de pensar já não proporciona os melhores resultados. O mundo de hoje é muito mais complexo, as ligações entre as coisas, eventos e contextos são muito mais numerosas, o tempo decorrido entre as mudanças é muito menor e a necessidade de inovação é maior. O pensamento sistêmico (ou pensamento complexo) serve de base para uma série de desenvolvimentos inclusive na área de inteligência artificial e gestão de empresas. Nas empresas Modernamente predomina o conceito de que toda organização é caracterizada simultaneamente por ordem e desordem. A desordem desencadeia a mudança e é necessária para a evolução contínua da empresa. Peter Senge, cujo trabalho tivemos um primeiro contato na Aula 2, quando estudamos o conceito de “organização que aprende”, sugere que tanto as empresas quanto outros feitos humanos são sistemas e estão conectados por fios invisíveis de ações inter-relacionadas, que muitas vezes levam anos para manifestar seus efeitos uns sobre os outros (SENGE, 2006). As organizações reagem como um sistema aberto, possuindo dentro delas um conjunto de sistemas que possuem outros sistemas. Uma empresa qualquer faz parte de sistemas maiores, como redes de empresas ou a própria sociedade. A razão pela qual as organizações são percebidas como sistemas abertos reside no fato de que seu comportamento é probabilístico, e não determinístico; elas fazem parte de uma sociedade maior, sendo constituídas de partes menores; existe uma interdependência entre as partes; precisam alcançar um equilíbrio entre o interior/exterior (homeostase); e as organizações possuem fronteiras ou limites mais ou menos definidos. Como dissemos nas Aulas 1 e 2, uma empresa deve responder eficazmente às mudanças rápidas no ambiente, e não acreditar que o ambiente retornará ao mesmo ponto inicial de equilíbrio após um evento determinado. Isso quer dizer que as teorias de administração não devem se restringir às regras de funcionamento interno das empresas, o que explicaria a importação acrítica de técnicas e soluções e o fracasso de muitas delas. Uma empresa não entendida como sistema aberto não leva em conta mudanças no ambiente, sendo insensível a mudanças e adaptações. Isso pode ser fatal em ambientes onde as mudanças são rápidas e, às vezes, profundas. Assim, o pensamento sistêmico serve de base para um pensamento completamente novo. A pesquisadora Maria José Esteves de Vasconcellos, autora do livro Pensamento Sistêmico: o novo paradigma da Ciência, desenvolve a ideia de que o pensamento sistêmico é a forma de pensamento mais compatível com o mundo em que vivemos. Gestão do Conhecimento | Tema 8 4 Saiba Mais! Consulte o livro de Maria José Esteves de Vasconcellos: VASCONCELLOS, Maria José Esteves de. Pensamento Sistêmico: o novo paradigma da Ciência. Campinas/SP: Papirus, 2012. Sinopse oficial: Este livro aborda os seguintes temas: As noções de paradigma e epistemologia. Momentos marcantes no desenvolvimentoda concepção de conhecimento científico. O paradigma tradicional da ciência. Dimensões no paradigma emergente da ciência contemporânea. O pensamento sistêmico como o novo paradigma da ciência: o cientista novo-paradigma. As origens das abordagens teóricas dos sistemas. Maria José compara a forma tradicional do pensamento científico cartesiano com um novo paradigma da seguinte forma: Pensamento científico cartesiano Novo pensamento (influenciado pelo pensamento sistêmico) Simplicidade: simplifica o universo a elementos compreensíveis. Complexidade: sistemas amplos, redes, ecossistemas, causalidade circular, recursividade, contradições, pensamento complexo. Estabilidade: fenômenos são previsíveis e, portanto, controláveis. Instabilidade: desordem, evolução, imprevisibilidade, saltos qualitativos, auto- organização, incontrolabilidade. Gestão do Conhecimento | Tema 8 5 Objetividade: existe uma versão única do conhecimento que explica o universo. Intersubjetividade: inclusão do observador, autorreferência, significação da experiência na conversação. Este novo pensamento sistêmico é identificado com o pensamento complexo do filósofo francês contemporâneo Edgard Morin. Saiba Mais! Sabia mais sobre o pensamento sistêmico analisando os materiais indicados: Edgard Morin fala do pensamento complexo no programa Roda Viva da TV Cultura. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=ptITr1Zl9UQ>. Acesso em: 24 jan. 2014. Entrevista com Maria José Esteves Vasconcellos sobre novas dimensões do conhecimento no programa Interconexão Brasil. Disponível em: <http://www.youtube. com/watch?v=aY4UAAb6qkA>. Acesso em: 24 jan. 2014. Por fim, leia o artigo: SAKITANI, Noemi. O mundo está em mudança, precisamos do pensamento complexo. Revista BSP. nov. 2010. Disponível em: <http://www.revistabsp.com.br/edicao- novembro-2010/o-mundo-esta-em-mudanca-precisamos-do-pensamento-complexo/>. Acesso em: 24 jan. 2014. Dando sequência aos temas de nosso Livro-Texto, estudaremos as arquiteturas modular e integral de tratar o conhecimento nas empresas. Note como o assunto se encaixa com o tema do pensamento sistêmico que tratamos até aqui. Arquitetura modular e Arquitetura integral Uma arquitetura de negócios se relaciona às atividades que farão parte de todo o sistema do negócio, quais serão seus componentes e como esses componentes irão operar entre si. O modelo de negócios da empresa de cosméticos Natura, por exemplo, possui mais de 350 mil consultoras que visitam, atendem e vendem em domicílios brasileiros. Note que as mulheres contratadas para o serviço não são denominadas vendedoras, e sim consultoras e isso faz com que a forma de ação da Natura no mercado seja diferenciada, pois é parte do modelo de negócios que a empresa adotou. Muitas inovações hoje estão no modelo de negócios: cupons de cursos em supermercados, site de compra e venda de produtos usados, atendimento personalizado para serviços, etc. Se você procurar inovar por modelo de negócios já vai estar adotando uma modalidade de gestão do conhecimento também. Isso porque toda arquitetura de negócios de toda empresa traz dentro de si um modelo de gestão do conhecimento como padrão de criação, apropriação e aplicação do conhecimento. Neste ponto da discussão vamos falar de equipamentos, de tecnologia e de como a tecnologia pode até Gestão do Conhecimento | Tema 8 6 mesmo atrapalhar a diferenciação das empresas e, portanto, a inovação. Mas o mais importante é entender as estratégias que estão por trás dos exemplos. A ideia de modularidade é bem simples e começamos por um exemplo. As câmeras filmadoras digitais exigem uma alta capacidade de processamento de vídeo dos computadores pessoais. Digamos que você tenha que utilizar uma câmera dessas e depois tenha que editar a gravação em seu computador. Nesse momento, descobre que seu computador é lento demais para editar as imagens. Você não pensa em trocar de computador, mas sim em adicionar mais memória ou talvez investir em uma nova placa gráfica para seu equipamento. Este é o princípio da modularidade: partes diferentes de um sistema podem ser tratadas de forma independente embora exista uma série de regras comuns para que o conjunto funcione. A estratégia modular existe também em termos de regras de negócios nas organizações: possibilita que a empresa construa sua arquitetura a partir de um número menor de subsistemas de forma independente. Ao mesmo tempo em que cada módulo funciona de forma autônoma, todos os módulos atuam juntos de forma integrada! Nesse contexto, podemos definir a Estratégia Modular como o modelo de pensar a arquitetura de negócio em que cada parte que compõe o sistema tem máxima autonomia. Na estratégia modular existe conhecimento integral e conhecimento modular. O conhecimento integral é responsável pelas regras gerais, determinando quais atividades serão parte do sistema, quais serão as suas funções, como os elementos se conectam e se comunicam (como a filmadora e a câmera poderão trocar arquivos, por exemplo). No plano gerencial, o conhecimento integral define as regras do negócio. Já o conhecimento modular é um conhecimento escondido sobre um determinado módulo local e que o faz funcionar. Por exemplo, o software de tratamento de imagens instalado em seu computador tem um “conhecimento” que nada tem a ver com o funcionamento da câmera. Assim, uma arquitetura modular pode ser obtida pela divisão do conhecimento em conhecimento visível sobre as regras do projeto (conhecimento integral) e conhecimento escondido em cada módulo (conhecimento modular). Com a modularidade, cada subsistema é independente: pode-se mudar o sistema fazendo mudanças em apenas um módulo ou criar novas configurações e combinações entre os módulos. Entre as vantagens da modularidade está o fato dela diminuir os custos de transação e coordenação entre as atividades porque cada subsistema é independente e encorajar divisões de trabalho, uma vez que cada grupo especializado pode se concentrar em sua própria atividade sem se preocupar com os outros módulos. Essa divisão do trabalho não apenas aumenta a eficiência, mas também facilita o acúmulo contínuo do conhecimento modular, promovendo inovações dentro de cada módulo. Outra vantagem da modularidade é que ela resulta em uma arquitetura aberta na qual as regras que definem as interfaces entre os elementos são amplamente disseminadas e aceitas em toda a indústria, pois são regras pré-especificadas. Isso facilita a competição entre as empresas que Gestão do Conhecimento | Tema 8 7 focalizam diferentes módulos e encoraja as inovações. Para entender isso pense nas portas USB do seu computador: fabricantes diferentes produzem periféricos diferentes e que funcionam diferentemente uns dos outros: mouse, teclado, HD externo, microfone externo, etc. Mas quando você “espeta” esses acessórios no seu computador, as coisas funcionam como você esperava que funcionassem. Mouses de marcas diferentes competem pelo mercado, mas todos têm que funcionar no seu sistema. Assim, cada acessório tem um conhecimento modular, por isso funciona independentemente, mas também tem um conhecimento integral, por isso funciona em conjunto com os outros componentes. Já entre as desvantagens da modularidade, está o fato de que ela prioriza o conhecimento modular, tendendo a diminuir a renovação contínua do conhecimento integral. O fato de predefinir regras impõe também certa rigidez nas mudanças, além disso, alterações de fatores técnicos ou de mercado podem expor a fragilidade de toda a arquitetura. Mas a principal desvantagem da modularidade é que ela abala algumas fontes de diferenciação das empresas. Por exemplo, a área de TI incentiva a empresa a especializar-se no conhecimento modular. Pense: se a área de TI dirige aempresa excessivamente para arquiteturas modulares, torna as regras de negócio também modulares e isso pode significar um abalo na estratégia da empresa de se diferenciar “como um todo” em seu modelo de negócios. Nesse sentido, os recursos de TI orientados excessivamente à modularidade podem até atrapalhar as empresas. O mais importante é pensar na arquitetura modular no funcionamento da empresa, entre seus vários setores e departamentos. Setores inovam isoladamente, mas deixam de inovar em conjunto. Outro padrão que precisamos conhecer é o Padrão integral de estratégia de negócios (Arquitetura Integral) Podemos entender a estratégia de integração como a de uma arquitetura fechada, que aceita intencionalmente as interdependências complexas entre os subsistemas e os deixa em coordenação contínua visando ao máximo de desempenho do conjunto do sistema. Um exemplo: a superioridade do Japão em certas áreas como a indústria automobilística. Nessa indústria a arquitetura de negócios necessita ser mais ou menos integral. Mas em outras indústrias, como a de computadores pessoais, a arquitetura tradicional integral deixa as empresas japonesas em desvantagem com relação às ocidentais. Pense: por que a tecnologia japonesa é capaz de construir os robôs mais avançados do mundo, mas não se destaca na produção de computadores ou de softwares? Para que a empresa crie uma vantagem competitiva sustentável, é importante criar uma arquitetura de negócios própria, baseando-se tanto na modularidade quanto na integralidade. É necessário que essas arquiteturas modular/integral coexistam e se interpenetrem na estratégia de negócios de toda a organização. Em resumo, considere: Gestão do Conhecimento | Tema 8 8 Estratégia integral – modelo de pensar a arquitetura de negócio em que as partes que compõem o sistema têm baixa autonomia e busca-se a eficiência do conjunto. Estratégia modular – modelo de pensar a arquitetura de negócio em que as partes que compõem o sistema têm o máximo de autonomia. Dito de outra forma: Arquiteturas de negócio e a Gestão do Conhecimento Arquitetura Modular: • econraja a criação do conhecimento modular; • favorece a concorrência do conhecimento integral so sitema. Arquitetura Integral: • encoraja a criação do cohecimento integral; • maximiza o desempenho do sistema; • dificulta a criação do conhecimento modular. Ideal: combinação de Arquitetura Modular e Arquitetura Integral! Gamificação O uso de artifícios baseados em games em ambientes de trabalho não é propriamente uma novidade. Troféus, níveis, quadro de melhores pontuações, presentes e moedas virtuais existem há muito tempo nas empresas. Mas uma tendência relativamente recente vem crescendo no mundo inteiro: utilizar jogos para atingir objetivos mais técnicos ou específicos das empresas. Uma das tendências é o desenvolvimento de softwares em forma de jogo para simular uma situação de trabalho, é o que tem sido chamado de gamificação. Lidando com adversidades em um cenário controlado de um jogo, o colaborador aprende como deve agir quando a situação se tornar real. O “jogo sério” é definido como um software que combina uma intenção treinadora, informativa, comunicacional, de marketing ou até ideológica. Softwares podem servir para as empresas testarem as capacidades de um candidato: tomada de risco, tempo de reação, capacidade em gerenciar equipes, vontade de aditar uma posição de líder ou, ao inverso, de seguir um líder. A empresa L’Oréal lançou há alguns anos o “Reveal”, um jogo de recrutamento on-line em que os jogadores (candidatos para um estágio na empresa) circulam virtualmente nos escritórios da L’Oréal e vão ganhando pontos de acordo com sua rapidez para resolver diferentes tipos de jogos: quebra-cabeças e conhecimento do universo da marca, por exemplo. A classificação evolui também em função do número de convidados que eles conseguem recrutar via redes sociais. Gestão do Conhecimento | Tema 8 9 Fonte: <http://www.reveal-thegame.com/>. Acesso em: 24 jan. 2014. Simuland é um outro “jogo sério”, que transforma o jogador em líder de uma empresa virtual. Ele deve então tomar decisões nas áreas de recursos humanos, investimento em Pesquisa e Desenvolvimento, posicionamento estratégico de seus produtos, finanças, etc. Fonte: <http://www.simuland.net/pt/index.php>. Acesso em: 24 jan. 2014. Ricardo Devai (2013) sintetiza da seguinte forma o crescimento do universo dos games nas empresas: O poder dos jogos no universo corporativo é semelhante ao que acontece no mundo das crianças. Elas precisam das brincadeiras para aprenderem, sem isso causar grandes consequências. Elas experimentam o novo para depois colocar em prática na vida real. No treinamento de funcionários deve acontecer a mesma coisa: é criada uma situação que o colaborador precisa resolver, mas dentro de um ambiente no qual suas tentativas não produzam uma consequência negativa. Esse é o jogo sendo levado a sério. Gestão do Conhecimento | Tema 8 10 Uma visão um pouco mais audaciosa sobre o papel crescente dos games na sociedade é apresentada por Seth Priebbastch, em palestra TED, nos Estados Unidos (Disponível em: <http://www.ted.com/ talks/seth_priebatsch_the_game_layer_on_top_of_the_world.html>. Acesso em: 24 jan. 2014). Para Seth, cujo vídeo na internet já teve quase 700.000 visualizações, a gamificação irá revolucionar a internet nesta década, assim como as redes sociais revolucionaram a internet e sociedade nos últimos dez anos. Em lugar de redes sociais e conectividade entre as pessoas, estaríamos caminhando para um cenário em que muitas das atividades cotidianas serão interpretadas como jogos e o sucesso estará vinculado ao desempenho dos melhores jogadores. Os jogos serão uma ferramenta para influenciar o comportamento das pessoas, de acordo com Seth Priebbastch. Saiba Mais! Para saber mais sobre o contexto da gamificação, consulte: Artigo de Ricardo Devai sobre a gamificação no ambiente corporativo: DEVAI, Ricardo. Gamificação no ambiente corporativo. CANALTECH. 16 dez. 13. Disponível em: <http://corporate.canaltech.com.br/noticia/negocios/Gamification-no- ambiente-corporativo/#ixzz2r9sFviZo>. Acesso em: 24 jan. 2014. Visão da empresa de consultoria Accenture sobre a gamificação: RYAN, Marco. Por que gamificação é coisa séria. Accenture. mar. 2013. Disponível em: <http://www.accenture.com/br-pt/outlook/Pages/outlook-journal-2013-why-gamification- is-serious-business.aspx>. Acesso em: 24 jan. 2014. Análise sobre como uma aplicação de games interfere diretamente no comportamento dos funcionários: MAIA, Felipe. Empresas usam jogos e ‘estrelinhas virtuais’ para inflar autoestima de funcionários. Folha de São Paulo, 1 dez. 2013. Disponível em: <http://classificados. folha.uol.com.br/empregos/2013/12/1378827-empresas-usam-jogos-e-estrelinhas- virtuais-para-inflar-autoestima-de-funcionarios.shtml>. Acesso em: 24 jan. 2014. Por fim, assista ao vídeo que apresenta um case de criação de games para inovação produzido pela empresa especializada Aennova sob encomenda da empresa Solera. Disponível em: <http://www.aennova.com/blog/?p=825>. Acesso em: 24 jan. 2014. Nossa última indicação de filme está relacionada à necessidade de conscientização ambiental, que talvez seja uma das mais nobres e urgentes finalidades da Gestão do Conhecimento. O empreendedorismo e inovação, aliás, estão hoje muito ligados a questões ambientais. Neste documentário perturbador, são apresentados dados claros sobre a necessidade urgente de transformarmos dados e informações em conhecimentos e aplicá-los em prol da manutenção da própria vida no planeta. Gestão do Conhecimento | Tema 8 11 Uma Verdade Inconveniente (2006, dir. Davis Guggenheim) “Cada um de nós é uma causa de aquecimento global; mas cada um de nós podese tornar parte da solução – em nossas decisões sobre o produto que compramos, a eletricidade que usamos, o carro que dirigimos, o nosso estilo de vida. Podemos até fazer opções que reduzam a zero as nossas emissões de carbono.” . Al Gore. Trailer oficial disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=MwxMrnDkbPU>. Acesso em: 24 jan. 2014. AGORA É SUA VEZ Questão 01 Indique a alternativa correta: a) A arquitetura de negócios baseada na Modularidade é superior à arquitetura baseada na Integralidade. b) A arquitetura de negócios baseada na Integralidade é superior à arquitetura baseada na Modularidade. c) Modularidade e Integralidade são arquiteturas de negócios que não podem conviver na mesma empresa. d) Cada um dos modelos, Modularidade e Integralidade, possui suas vantagens e desvantagens. e) A estratégia recomendável é que se adote primeiro a Modularidade e depois a Integralidade. Resposta: D Gestão do Conhecimento | Tema 8 12 Questão 2 No modelo de desenvolvimento de produtos, denominado Design Thinking, podemos identificar diversas características da Gestão do Conhecimento, na abordagem que estudamos até aqui. Veja a descrição de Terra (2012) para esse o modelo Design Thinking: O Design Thinking foca o desenvolvimento de soluções estéticas com novas funcionalidades, novas experiências, valor e, principalmente, significado para os consumidores (cidadãos). Para isso, é de fundamental importância que a organização inicie o processo de inovação com o consumidor (cidadão), obtendo suas impressões sobre produtos, serviços e processos, decifrando em conjunto os “futuros desejados” na forma de soluções. Para isso, o método utiliza-se de prototipagens dos conceitos gerados e testes com o usuário final, mesmo em fases prematuras. O processo deixa de ser funil e passa a ser uma espiral, na qual essas fases evoluem até que o todo se torne viável. Nas alternativas a seguir, uma estratégia não está relacionada nem à Gestão do Conhecimento e nem ao modelo de desenvolvimento Design Thinking. Marque essa alternativa: a) Valorização do conhecimento tácito dos clientes. b) Desenvolvimentos que valorizam a participação dos clientes. c) Desenvolvimentos cíclicos em espiral. d) O cliente deve especificar, antes do processo de criação do conhecimento/inovação se iniciar, tudo que ele precisa, detalhadamente. e) Soluções são encontradas de forma conjunta entre desenvolvedores e os clientes. Resposta: D Questão 3 Uma famosa frase do escritor Peter Senge, autor do livro A Quinta Disciplina, resume o pensamento sistêmico quando diz: Dividir um elefante ao meio não produz dois elefantes pequenos. Associe a alternativa que mais adequadamente explica essa frase e o pensamento sistêmico: a) É uma forma alegórica de representar a ideia de que, no pensamento sistêmico, o todo depende das partes, mas as partes também dependem do todo. Assim, duas partes fisicamente separadas de um mesmo elefante não são funcionais isoladamente porque perderam o “todo”. b) É uma forma alegórica de representar a ideia de que se uma empresa for subdividida em duas novas empresas menores, essas empresas não funcionarão adequadamente. c) É uma forma alegórica de dizer que grandes empresas não podem ser fragmentas em empresas menores. d) É uma forma alegórica de dizer que empresas pequenas devem se juntar para formar empresas maiores. Gestão do Conhecimento | Tema 8 13 e) É uma forma alegórica de representar a ideia de que, no pensamento sistêmico, basta isolar as partes e analisá-las separadamente. Resposta: A Questão 4 Você é gerente de treinamentos da área de RH de uma empresa e está sendo cobrado pela alta direção para produzir uma nova estratégia para exercitar a equipe de vendas. Em anos anteriores, a equipe de vendas tinha que se deslocar para um hotel em outra cidade, por uma semana inteira, onde aconteciam os treinamentos. Isso era muito dispendioso, atrapalhava a rotina da empresa e nem sempre produzia resultados esperados. Assim, esse modelo de treinamento foi sendo reduzido com o tempo. Em um ano, foi reduzido a quatro dias, no outro, a dois dias, depois passou a ocupar só meio período, no sábado pela manhã. Qual estratégia estudada você poderia propor para suprir essa demanda? Resposta: A criação de um game/software pode ser uma boa estratégia a se considerar. Games em geral permitem acionar uma série de cognições comuns a jogos. Uma delas é a possibilidade de simular situações dificilmente representáveis em ambiente físico e ao vivo. A utilização de games/software para treinamento em empresas economiza tempo porque pode ocorrer em horários alternativos, permite acompanhamento em tempo real dos gestores sobre como estão indo os funcionários no treinamento e pode gerar relatórios ricos para análise e aproveitamento posterior. Além disso, se os colaboradores a serem treinados forem jovens, terão familiaridade com o universo dos jogos e poderão até se sentirem mais estimulados. Por outro lado, dependendo do game/software, ele terá que ser produzido por outra empresa e não se pode assegurar que será mais barato do que o treinamento tradicional. Também não é seguro acreditar que games/software substituirão completamente as interações ao vivo, que também precisarão ser redesenhadas. Questão 5 Texto: A Internet Vai Conectar Todas as Coisas – Ronaldo Lemos A internet começou conectando computadores. Na última década conectou pessoas. Agora está conectando “coisas”. Da geladeira de casa às frutas e verduras dentro dela, tudo corre o risco de ganhar um endereço IP e trocar informação. A internet quer e vai engolir tudo. Em breve as luzes de casa vão ser ligadas pelo celular. A geladeira vai pedir ela mesma um produto que acabou. Mas onde há rede, há crackers. O ex-vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, desativou a conexão sem fio do seu marca-passo com medo de um ataque. Com os carros tornando-se digitais, pesquisadores de uma universidade dos EUA conseguiram assumir à distância o controle dos freios de um veículo. Outros alteraram a leitura da pressão dos pneus. Com isso o computador do carro passou a compensar de forma perigosa o balanceamento das rodas. Gestão do Conhecimento | Tema 8 14 Com os medidores digitais de eletricidade, é possível mapear o movimento da casa: quando as pessoas se levantam, saem e retornam ou têm visitas. Adaptado de: <http://www1.folha.uol.com.br/colunas/ronaldolemos/2013/12/1385408-a-internet-vai-conectar- todas-as-coisas.shtml>. Acesso em: 24 jan. 2014. Com base na ideia do texto, comente alguns riscos que o excesso de “virtualização” pode significar para a sociedade. Resposta: O texto aponta riscos que a internet apresenta à privacidade e à segurança das pessoas. CONCEITOS FUNDAMENTAIS Arquitetura de negócios: relativo às atividades que farão parte de todo o sistema do negócio, quais serão seus componentes, como irão operar, etc. TI – Tecnologia da informação: conjunto de recursos tecnológicos e computacionais para geração e uso da informação. FINALIZANDO Nesta disciplina, estudamos uma série de aspectos relacionados ao modo como o conhecimento é criado, disseminado e aproveitado nas empresas. Demos um enfoque maior à criação do conhecimento organizacional segundo a abordagem de Nonaka e Takeuchi. Começamos caracterizando os tipos de conhecimento que interessa a esse modelo (tácito/explícito), os quatro processos de conversão do conhecimento que envolvem esses dois padrões (socialização, externalização, combinação e internalização) e uma série de fatores que facilitam a criação do conhecimento nas empresas que operam em espiral para gerar conhecimento novo e inovações. Vimos também uma série de modelos e ferramentas, algumas das quais não propriamente ligadas originalmente ao que se denomina Gestão do Conhecimento,mas que são úteis para pensar o conhecimento. Embora pareça o contrário, nossa jornada pela Gestão do Conhecimento está apenas começando. Até breve! REFERÊNCIAS BALDWIN, T. T. Desenvolvimento de habilidades gerenciais. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. DEVAI, Ricardo. Gamificação no ambiente corporativo. CANALTECH. 16 dez. 2013. Disponível em: <http://corporate.canaltech.com.br/noticia/negocios/Gamification-no-ambiente- corporativo/#ixzz2r9sFviZo>. Acesso em: 24 jan. 2014. Gestão do Conhecimento | Tema 8 15 LOVELOCK, James. Gaia. Cura para um planeta doente. São Paulo: Editora Cultrix, 2006. NONAKA I.; TAKEUCHI, H. Gestão do Conhecimento. Porto Alegre: Bookman, 2008. SAKITANI, Noemi. O mundo está em mudança, precisamos do pensamento complexo. Revista BSP, nov. 2010. Disponível em: <http://www.revistabsp.com.br/edicao-novembro-2010/o-mundo- esta-em-mudanca-precisamos-do-pensamento-complexo/>. Acesso em: 24 jan. 2014. SENGE, P. A Quinta Disciplina. Rio de Janeiro: Best Seller, 2006. TERRA, C. 10 dimensões para a gestão da inovação. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. VASCONCELLOS M. J. E. Pensamento sistêmico: o novo paradigma da ciência. Campinas: Papirus, 2012.
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