Prévia do material em texto
Membranas celulares, transporte de solutos e de água Prof. Aldo Rogelis A. Rodrigues Fisiologia Celular Composição da membrana plasmática: Bicamada lipídica com proteínas inseridas Membrana plasmática Bicamada lipídica Líquido intracelular (meio aquoso) cabeça (hidrofílica) cabeça (hidrofílica) caudas (hidrofóbicas) Líquido intersticial (aquoso) Composta por moléculas anfipáticas: parte hidrofílica (interage com água) e parte hidrofóbica (insolúvel em água). (espessura 6 a 10 nm) Lipídios da membrana Fosfolipídios PRINCIPAIS FOSFOLIPÍDIOS DA MEMBRANA: fosfoglicerídios Ácidos graxos de cadeia longa + Fosfatidilcolina Molecular Cell Biology, 2008. (número de carbonos: ≈ 16 a 18) Caudas hidrofóbicas: Apolar Cabeça hidrofílica: Polar C C H2 H2 (Tri-álcool) PE: Fosfatidiletanolamina PC: Fosfatidilcolina PS: Fosfatidilserina PI: Fosfatidilinositol A COMBINAÇÃO DE DIFERENTES GRUPAMENTOS TERMINAIS E DE ÁCIDOS GRAXOS PRODUZ DIFERENTES FOSFOGLICERÍDIOS Molecular Cell Biology, 2008. Cabeça hidrofílica: Polar Caudas hidrofóbicas Apolar Esfingomielina Esfingolipídios Colesterol também está presente na bicamada lipídica (≈20% da massa) - Aumenta a integridade da membrana pela interação com os ácidos graxos: reduz a permeabilidade a pequenas moléculas hidrossolúveis. - Impede a cristalização da membrana em baixas temperaturas ou o excesso de fluidez em temperaturas altas, ou seja , ajusta a fluidez da membrana. Molécula pouco anfipática (quase hidrofóbica) Parte polar Parte apolar A presença de duplas ligações (insaturações) resulta em uma dobra na molécula o que reduz o grau de interação entre moléculas vizinhas e aumenta a fluidez. Ácidos graxos mais curtos aumentam a fluidez da membrana (menor interação do tipo van der waals) e também a permeabilidade à água. As membranas são fluidas, não rígidas e muito flexíveis. A natureza dos ácidos graxos influencia na fluidez da membrana. Fluidez da membrana A interação hidrofóbica causa a formação da bicamada. Força de van der Waals ajuda a manter a bicamada estável. Forças Distintas composições lipídicas das membranas celulares Glicolipídios de superfície - Importantes nas interações celulares (reconhecimento) pois funcionam como marcadores de superfície. Por exemplo, formam os grupos sanguíneos A, B, AB e O. Proteínas da membrana - Integrais: Atravessam a membrana e estão fortemente associadas à ela. Possui grupos de aminoácidos polares e apolares. - Periféricas: não estão associadas à região apolar do interior da bicamada. Estão localizadas na superfície e ancoradas por interações químicas fracas com as proteínas integrais ou com lipídios de membrana. Proteínas da membrana A maioria das funções da membrana é desempenhada pelas proteínas de membrana (transportadoras, âncoras, receptoras e enzimas). Mecanismos de estabilização de proteínas na membrana plasmática Poteína transmembrana Extracelular Intracelular Espectrina Complexo juncional (actina) Anquirina - O interior hidrofóbico da bicamada serve de barreira à passagem de substâncias solúveis em água. - Possibilita que as células mantenham concentrações diferentes de solutos hidrofílicos dentro e fora dela. - Delimita as organelas e o núcleo das células eucariotas, criando pequenos compartimentos onde ocorrem diferentes processos bioquímicos. A importância das membranas nas células Membranas como barreiras seletivas Bicamada lipídica Difusão simples Moléculas de pequeno tamanho (O2) ou lipossolúveis movem-se pela membrana por difusão entre as moléculas que formam a membrana celular. Transporte através da membrana Movimento Browniano Movimento térmico aleatório de uma partícula em um fluído (líquido ou gás). Difusão Embora o movimento das moléculas individuais seja aleatório, o fluxo resultante sempre ocorre do meio de maior para o de menor concentração. Difusão através das membranas celulares A difusão através de uma membrana (F=fluxo) é proporcional à área da membrana (A), diferença de concentração da substância nos dois lados da membrana (DC) e da permeabilidade da membrana à substância (P). (1a Lei de Fick): F= P A DC O coeficiente de permeabilidade (P, em cm/s) depende: P=KD/Dx K: coeficiente de particão (solubilidade em óleo/solubilidade em água). Substâncias hidrofóbicas (apolares) são mais permeáveis e as hidrofílicas (polares ou ionizadas) são menos permeáveis. D: coeficiente difusional (cm2/s). D=kT/6prn (k=constante de Boltzman, T=temperatura, r: raio, n: viscosidade do meio). Dx: espessura da membrana (cm): Quanto mais fina maior será P. Coeficiente de permeabilidade de diferentes compostos através da membrana celular. Equilíbrio de difusão A difusão (após algum tempo) causa uma distribuição espacial uniforme da molécula no meio. Tempo é necessário para a difusão A difusão é rápida apenas em pequenas distâncias! Implicação evolucionária: Organismos macroscópicos apresentam sistema circulatório. Lúmen capilar Distância (mm) 1 10 100 1000 (1 mm) 10000 (1 cm) 0,5 ms 50 ms 5 s 8,3 min 14 h Tempo Difusão simples (Transporte passivo não mediado por proteínas transmembrana) Passagem de moléculas através da membrana plasmática sem o intermédio de uma proteína carreadora. Moléculas pequenas ou lipossolúveis Movimento sempre a favor do gradiente de concentração. Difusão facilitada (Transporte passivo mediado por proteínas integrais da membrana). - Uma proteína transportadora está envolvida no processo de movimentação passivo de uma substância pela membrana. - O fluxo do soluto também procede a favor do gradiente de concentração. - Não está ligado ao gasto de energia do metabolismo celular. Sítio de ligação Mudança conformacional Perda de afinidade •• •••• • Diferenças entre difusão facilitada e simples 1- Na difusão facilitada, o transporte é mais rápido comparado à taxa que o soluto atravessaria a membrana por difusão simples. 2- Também aumenta com o aumento da concentração mas, pode sofrer saturação. 3- O transportador exibe especificidade química (competição entre moléculas estruturalmente semelhantes pelo transporte). Difusão simples Difusão facilitada A molécula de glicose é polar e relativamente grande não atravessando a membrana por difusão simples. Ampla diversidade de transportadores de glicose (14 proteínas em humanos): - Músculo e adipócitos: Glut-4 - insulina aumenta sua incorporação à membrana. - Enterócitos (borda luminal): Glut-5 - transporte de frutose - Enterócitos (basolateral): Glut-2 transporte de glicose, galactose e frutose - Célula b-pancreática: Glut-2 – controle da secreção de insulina - Neurônios: principalmente Glut-3 - Células tumorais: aumento da expressão de Glut-1. Difusão facilitada: captação de glicose pelas células Am J Physiol Endocrinol Metab. 2010 Feb; 298(2): E141–E145 Canais iônicos Difusão de íons através de canais iônicos formados por proteínas Para íons, além do gradiente de concentração, a difusão também é controlada pelo gradiente elétrico transcelular. • Mecanismos controlam a abertura/fechamento dos canais iônicos: - Mudanças na voltagem transmembrana - Ligação de moléculas específicas - O mecanismo de abre/fecha é rápido e permite mudanças bruscas na permeabilidade da membrana ao íon. • A condução iônica é alta 106-108 íons/segundo. Canais iônicos: podemestar abertos ou fechados • Seletividade a um dado íon. Transporte ativo Transporte ativo primário: O processo de transporte está diretamente ligado ao metabolismo celular (fosforilação da proteína). O transportador utiliza energia do metabolismo para transportar o soluto contra seu gradiente de concentração químico ou eletroquímico. 2K+ 3Na + ATP Na+ 15 mM K+ 150 mM ADP Na+ 145 mM K+ 4 mM Líquido extracelular Na+-K+ ATPase Na+-K+ ATPase Mantém o gradiente eletroquímico dos íons Na+ e K+. Transporta 3 íons Na+ para o extracelular e 2 íons K+ para o intracelular para cada molécula de ATP que hidrolisa. Mecanismo de translocação iônica Transporte ativo secundário: Utiliza o gradiente eletroquímico criado pelo transporte ativo de um soluto (Na+) para o transporte ativo de outro soluto. Cotransporte: Quando os solutos são transportados na mesma direção. Ex: cotransporte de Na+- glicose no íleo. Contratransporte: Quando os solutos movem-se em direções opostas. Ex: trocador Na+-H+ no túbulo proximal. Transporte ativo secundário Luz tubularInterstício Permeabilidade da membrana à água A água atravessa rapidamente a membrana plasmática via proteínas chamadas aquaporinas que formam canais para sua passagem. Aquaporina-1 (tetrâmero com 4 monômeros). Fluxo de água: 5 x 108/s Não permeável a íons ou pequenos solutos. 0,28 nm Vista da face externa Molecular Cell Biology, 2008. H2O Arginina, histidina, asparagina (azul) formam pontes de hidrogênio com água Osmose É definida como o fluxo de água através de uma membrana semipermeável do compartimento no qual a concentração de soluto é menor para o compartimento onde a concentração de soluto é maior. Pressão osmótica=pressão que deve ser aplicada no lado A para impedir que a água entre nesse compartimento, onde a solução contém uma alta concentração de soluto. Membrana semipermeável (deixa passar apenas H2O) ÁguaSolução Pressão osmótica e a equação de Vant’ Hoff p= RTC p= pressão osmótica (atm) R= constante universal do gás ideal= 0,082 (L x atm/mol x K) T= temperatura (graus K=273,1 + oC) C=osmolaridade da solução: osmol/litro C= Fic F ou (Phi)=coeficiente osmótico: próximo a 1 para solutos fisiológicos pouco concentrados. Para 100 mM NaCl=0,932 a 25 ºC i= número de partículas formadas após a dissociação c= concentração molar do soluto (mol/L) Por que o soro fisiológico contém NaCl a 0,9% ? , Soluções hipertônicas, isotônicas e hipotônicas Comportamento osmótico de um eritrócito em soluções de NaCl de diferentes concentrações =1 sacarose: não atravessa a membrana, ficando retida na solução original e criando pressão osmótica. ~0 Uréia: permeável pela membrana : não exerce efeito osmótico. Uréia (osmol ineficaz) Pressão osmótica efetiva Multiplicar o valor calculado pela equação (Vant Hoff) pelo coeficiente de reflexão. Coeficiente de reflexão Classificação de soluções - Em relação à osmolaridade: Hiperosmótica, isosmótica ou hiposmótica. - Em relação à capacidade de gerar pressão osmótica efetiva: Hipertônica, isotônica e hipotônica. - Duas soluções com mesma osmolaridade e diferentes tonicidades: 290 mOSM/L de sacarose 290 mOSM/L de uréia. Bibliografia Movement of molecules across cell membranes. In: Human Physiology: The mechanism of body function. 10a edição. Widmaier, EP, Raff H & Strang KT. Capítulo 4, pag: 107- 132, Mc Graw Hill, EUA, 2005. Transport across cell membranes. In: From neuron to brain. 4a edição. Nichols JG, Martin AB, Wallace BG, Fuchs PA. Capítulo: 4, pag. 61-75, Sinauer Associates, EUA, 2001. Membranas celulares e transporte transmembranoso de água e solutos. In: Fisiologia. 5a edição. Levy MN, Koeppen BM & Stanton BA. Capítulo 1, pag. 3-22, Mosby, Brasil, 2004. Estrutura da membrana. In: Biologia Molecular da célula. Capítulo: 10 e 11, pag. 617-694, 2010.