Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE PAULISTA CLAUDIA ROBERTA LEME AVALIAÇÃO DA INCIDÊNCIA E DO CONHECIMENTO DA POPULAÇÃO SOBRE A CISTICERCOSE NO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PRETO RIBEIRÃO PRETO 2018 CLAUDIA ROBERTA LEME AVALIAÇÃO DA INCIDÊNCIA E DO CONHECIMENTO DA POPULAÇÃO SOBRE A CISTICERCOSE NO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PRETO Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do título de graduação em Biomedicina apresentado à Universidade Paulista – UNIP. Orientador: Prof.ª Dr.ª Valéria C. Silva RIBEIRÃO PRETO 2018 CLAUDIA ROBERTA LEME AVALIAÇÃO DA INCIDÊNCIA E DO CONHECIMENTO DA POPULAÇÃO SOBRE A CISTICERCOSE NO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PRETO Trabalho de Conclusão de Curso para obtenção do título de graduação em Biomedicina apresentado à Universidade Paulista – UNIP. Aprovado em: BANCA EXAMINADORA ____________________ ___/__/___ Prof. Nome do Professor Universidade Paulista – UNIP ____________________ ___/__/___ Prof. Nome do Professor Universidade Paulista – UNIP ____________________ ___/__/___ Prof. Nome do Professor Universidade Paulista - UNIP RIBEIRÃO PRETO 2018 DEDICATÓRIA Á meu Papai querido, Jeová Deus, sempre em primeiro lugar! Pela vida, pela proteção e disposição. E então á você, meu filho, Konrado Eduardo Leme. Que foi que é e que eternamente será minha fonte de inspiração, de garra, de vontade, de amor e de toda essa alegria que me invade para tudo ao que me proponho a fazer nessa vida. Este meu coração inteiramente seu, filho, dedica esta vitória você. De sempre pra sempre... AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a Jeová Deus, pela oportunidade, pela saúde, determinação e força de que me dotou para superar as dificuldades e concluir mais essa etapa da minha vida. Obrigada, Senhor! Por transformar meu sonho em realidade! Agradeço de modo especial à minha mãe, Ana Maria Caetano, por todo o apoio, amor, disponibilidade e carinho que teve para comigo nesta jornada, responsabilizando-se inclusive pelos cuidados do meu filho, Konrado, durante todos esses anos de estudo. Mãe, sem a Senhora nada disso teria sido possível! Muito Obrigada! Agradeço a todos os meus queridos professores por serem verdadeiros exemplos a serem seguidos, pela orientação incansável, por todo o empenho, pela paciência... Aliás, muita paciência que tiveram comigo ao dividir com amor e carinho o maior dos tesouros: Sabedoria e Experiência! Ás meninas do Laboratório J. Sabbag, em especial a Dra. Juliana Amorim, que foi quem primeiramente me concedeu a oportunidade de vivenciar o que já havia aprendido na teoria. Agradeço a todas por terem me acolhido de maneira tão carinhosa e com total presteza terem me ensinado a realidade de nossa profissão! Estar entre vocês foi uma experiência maravilhosa e inesquecível! Agradeço a você, Luana, por diversas vezes colocar meus pés no chão. Obrigada! Um trabalho nunca é executado inteiramente sozinho, afinal, não somos autossuficientes. Durante este caminho árduo, pessoas abençoadas surgiram como anjos dispostos a me ajudar, de modo especial agradeço a vocês, MEUS AMIGOS: Marina Ribas, Beatriz, Márcia e Danilo por terem, como verdadeiros irmãos, tornado possível meu sonho da graduação e terem me ajudado a chegar até aqui, com o coração repleto de orgulho e satisfação pelos tesouros que essa faculdade me deu. Com muito carinho, agradeço à minha orientadora, Valéria Cristina Silva, não somente por toda a paciência, dedicação e "puxões de orelha” como incentivo, mas também, por nunca ter desistido de mim. Por muito ter me ensinado tanto para a vida profissional quanto pessoalmente, e em quem encontrei não somente confiança e estímulo, mas, uma verdadeira amizade! Muito Obrigada, Valéria! Por tornar-se no decorrer destes anos uma amiga tão preciosa, tão querida e tão especial! Uma segunda mãe! E enfim, agradeço a todas as pessoas que fizeram parte desta minha grande viagem e que, de algum modo contribuíram para a minha formação! “Alguns homens veem as coisas como são e se perguntam: ‘Por que’”? Eu sonho com as coisas que nunca foram e me pergunto: ' Por que não’?! " George Bernard Shaw RESUMO A Cisticercose humana trata-se de uma das parasitoses mais comuns do sistema nervoso central e, é vista como um grave problema de saúde proveniente principalmente, de uma infraestrutura deficiente em saneamento. Sua infestação, no ser humano, ocorre quando o homem ingere os ovos da Taenia solium, ciclo este que se inicia quando o porco ingere fezes humanas contaminadas com os ovos da tênia adulta. Fatores como a migração e a maior frequência no turismo tem internacionalizado este platelminto que vem sendo encontrado não apenas em países de terceiro mundo como também, em países desenvolvidos em níveis cada vez maiores. Há relatos de neurocisticercose tanto em viajantes e migrantes para países industrializados quanto, relatos em migrações dentro dos países, que mobiliza pessoas de regiões endêmicas para mais centros urbanos. Este estudo teve como objetivo avaliar o conhecimento da população com relação à cisticercose. Foi possível correlacionar a evidente deficiência de entendimento da população quanto às características da referida parasitose por meio dos dados obtidos nesta pesquisa e, também por dados de trabalhos semelhantes a este. Pôde-se notar que, o complexo teníase-cisticercose nem sempre está relacionado somente às precárias condições sanitárias e ao baixo nível socioeconômico, mas, certamente à total ausência de informações sobre o tema, negligência esta que acaba se tornando responsável pelo consumo despreocupado de carne de má procedência, verduras e água contaminada, e por último, mas não menos importante, pela falta de cuidado com a higiene pessoal. Palavras-chaves: Cisticercose humana; Neurocisticercose; Taenia solium; Transmissão; Prevenção. ABSTRACT Human cysticercosis is one of the most common parasites of the central nervous system and is seen as a serious health problem mainly due to poor infrastructure in sanitation. Its infestation in humans occurs when the man ingests the eggs of Taenia solium, a cycle that begins when the pig ingests human feces contaminated with the eggs of the adult tapeworm. Factors such as migration and increased frequency in tourism have internationalized this plateau that has been found not only in third world countries but also in developed countries at increasing levels. There are reports of neurocysticercosis in both travelers and migrants to industrialized countries, as well as reports of intra-country migration that mobilizes people from endemic regions to more urban centers. This study aimed to evaluate the knowledge of the population regarding cysticercosis. It was possible to correlate the evident deficiency of understanding of the population regardingthe characteristics of said parasitosis by means of the data obtained in this research and also by data of similar works to this one. It should be noted that the teniasis-cysticercosis complex is not always related only to the precarious health conditions and to the low socioeconomic level, but certainly to the total lack of information on the subject, negligence that ends up being responsible for the carefree consumption of meat of bad origin, vegetables and contaminated water, and last, but not least, by the lack of care with personal hygiene. Keywords: Human Cysticercosis; Neurocysticercosis; Taenia solium; Transmission; Prevention. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO........................................................................................................10 1.1 Histórias da cisticercose...................................................................................1414 1.2 Evolução da Neurocisticercose ....................................................................... 14 1.3 Sinais e sintomas da cisticercose ................................................................... 16 1.4 Profilaxias da teníase e cisticercose ............................................................... 17 1.5 Negligenciamento ............................................................................................. 17 2 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 19 3 OBJETIVOS ........................................................................................................... 20 3.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 21 3.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 21 4 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 22 4.1 Aspectos éticos ................................................................................................. 22 4.2 Tipo de estudo ................................................................................................... 21 4.3 Voluntários ......................................................................................................... 21 4.4 Critérios de inclusão ......................................................................................... 21 4.5 Critérios de exclusão ........................................................................................ 21 4.6 Instrumentos de Coleta de Dados ................................................................... 21 4.7 Procedimentos .................................................................................................. 21 4.8 Análise de dados ............................................................................................... 22 5 CRONOGRAMA .................................................................................................... 23 6 RESULTADOS ....................................................................................................... 24 7 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 39 8 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 45 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 46 APENDICE A - TESTE DE AVALIAÇÃO DOS CONHECIMENTOS DA POPULAÇÃO SOBRE A CISTICERCOSE NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL .. 48 11 1 INTRODUÇÃO A evolução dos mercados interno e externo no Brasil têm evoluído gradativamente com o passar dos anos e com o aumento da tecnologia, porém, ainda assim, a fiscalização de nossos produtos é carente e tem sido uma importante vilã no que diz respeito á saúde pública1. Uma pesquisa feita sobre a entrada/saída de produtos de origem animal ressaltou a importância da legalização dos estabelecimentos envolvidos com estes produtos e evidenciou o foco do problema: o abate clandestino de animais. O mesmo, frequentemente realizado em municípios de pequeno porte, tem aumentado os riscos de transmissão de vários patógenos importantes para o controle sanitário1. Considerada uma zoonose de grande impacto à saúde pública e econômica, a Cisticercose é uma infecção ocasionada pela forma cística da Taenia solium, popularmente conhecida como solitária por ser raro o acometimento por mais de um verme. A Taenia é um platelminto de classe cestoda da família das tênias, os vermes adultos da T. saginata e T. solium causam poucos danos ao hospedeiro e morfologicamente constam de: escólex ou cabeça (órgão adaptado para a fixação do cestoda na mucosa do intestino, apresentando quatro ventosas formadas de tecido muscular, arredondadas e proeminentes), rostro (presente somente em T. solium, com 25 a 50 acúleos), colo (situado abaixo do escólex, sem segmentação, está em constante atividade reprodutiva, dando origem a proglótes jovens) e estróbilo (é o corpo da tênia, formado pelas proglótes, chegando a ter de 800 a mil proglótes e atingir 3 metros na T. solium ou até 8 metros na T. saginata, com mais de mil proglótes)2. (Figura 1) 12 Figura 1: Morfologia da Taenia solium e Taenia saginata Fonte: www.teníase/sobiologia.com A doença teníase é adquirida por meio da ingestão de alimentos e água contaminados com os ovos do parasita. Esta helmintíase caracterizada por seu polimorfismo, pode assumir o caráter de doença crônica grave por suas manifestações, sequelas e alta mortalidade devida sua exímia capacidade de penetrar a parede intestinal e invadir músculos, olhos, coração, fígado, pulmões e cérebro. As infecções oculares e cerebrais são as mais frequentes, sendo o SNC a região de maior escolha, inclusive intramedular, que acarreta, portanto, uma quantidade maior de repercussões clínicas1. Ambas as doenças devem ser abordadas num mesmo contexto, pois tanto a teníase quanto a cisticercose são causadas pelo mesmo agente etiológico. São duas doenças distintas, com sintomas e epidemiologia totalmente diferentes, porém, causadas pela mesma espécie de cestódeo Já relatadas, existem 32 espécies de tênia, porém só duas delas são capazes de provocar doença no ser humano: Taenia saginata e Taenia solium. 3. A diferença está na fase de vida infectante do parasita. Compreende-se Teníase quando a infecção for provocada pela forma adulta da T. solium ou da T. saginata no intestino delgado humano, que é o hospedeiro definitivo de ambas e, Cisticercose, 13 quando a infecção for provocada pela larva (cisticerco) nos hospedeiros intermediários normais, boi e porco, e acidentalmente em cães e humanos 3. De acordo com alguns trabalhos publicados no Brasil, a maioria dos casos tem sido diagnosticados em São Paulo e no Rio de Janeiro mais especificamente provenientes de hospitais psiquiátricos, com taxas elevadas nas necropsias com frequências que variam entre 0,12 e 3,6 %1,2. A parasitose intestinal (Teníase) causa retardo no crescimento e no desenvolvimento das crianças e baixa produtividade no adulto. Sua sintomatologia mais frequente é a observação de dores abdominais, náuseas, debilidade, perda de peso, flatulência, diarreia ou constipação. O prognóstico é bom. Excepcionalmente é causa de complicações cirúrgicas, resultantes do tamanho do parasita ou de sua penetração em estruturas do aparelho digestivo tais como apêndice, colédonoe ducto pancreático. . A parasitose extra intestinal (Cisticercose) que é a infecção causada pela forma larvária da Taenia solium, é a forma mais grave desta zoonose onde ocorre o comprometimento cerebral, que pode evoluir desde sequelas graves a óbito4. A neurocisticercose vem a ser uma condição provocada pela infecção do sistema nervoso pelo Cysticercus cellulosae, que recebe esta nomenclatura – cellulosae- em razão de a larva da Taenia solium ser uma larva específica e a única capaz de se desenvolver no organismo do ser humano, a forma larvária do verme adulto da Taenia solium. As larvas da espécie da Taenia saginata recebe o nome de cisticercus bovis, então são espécies diferentes, onde somente a T. solium desenvolveu a capacidade de desenvolver-se em nosso organismo1. Esta parasitose está fortemente relacionada a aspectos socioeconômicos, formas de cultivo e aos hábitos de higiene, condição que há tempos é considerada endêmica, pois, ao que se nota, nenhum estado da federação está isento dela. Alguns estudos vêm sendo abordados com relação à Neurocisticercose evidenciando o gênero dos pacientes, local de primeiro contato com a doença, condições socioeconômicas, e etc. Em um estudo de incidência da neurocisticercose por 1000 habitantes na 13ª Regional de Saúde Cianorte, PR, Brasil, entre 1998 a 2003 observou-se que, com relação ao gênero, o mais atingido, de forma geral, para todos os municípios, foi o feminino com 59% dos casos notificados, e os casos ocorreram a partir dos 14 anos, sendo que a faixa etária mais atingida foi a de 25 a 46 anos5. 14 A partir de uma análise nos municípios de Cianorte, observou-se que, dos 95% provenientes da zona urbana, 73% relataram terem residido na zona rural pelo menos 5 anos antes de terem mudado para a zona urbana5. Em outro estudo foram analisados 44 prontuários de pacientes com neurocisticercose, procedentes de Campina Grande e de outras cidades do Estado da Paraíba, Brasil, atendidos entre 1990 e 2001. Foi evidenciado que dos 44 pacientes estudados, 23 (52,3%) apresentaram neurocisticercose provável, 31 (70,5%) eram procedentes da zona urbana de Campina Grande e 13 (29,5%) de outras cidades do Estado da Paraíba5. Os autores desse estudo afirmam que a neurocisticercose, apesar de estar relacionada às condições socioeconômicas insatisfatórias, foi diagnosticada também em pacientes de nível socioeconômico mais elevado, pois havia entre eles profissionais liberais e estudantes universitários. Isso sinaliza total descontrole do ciclo teníase/cisticercose no estado da Paraíba e condições sanitárias inadequadas. O referido estudo ainda descreve a idade de início dos sintomas que variou de 8 meses a 58 anos e a manifestação clínica inaugural da neurocisticercose foi à crise convulsiva, que ocorreu como único sintoma em 28 (63,6%) dos pacientes. O tipo de convulsão mais frequente foi a generalizada, que ocorreu em 23 (57,5%) dos casos, seguida da crise parcial com generalização secundária em 13 (32,5%) deles, tornando este achado uma pequena amostra do grave descontrole do ciclo teníase/cisticercose não apenas no estado da Paraíba como em todo o país5. Ainda outro estudo realizado no interior do estado de São Paulo, na cidade Ipuã, no período de Outubro de 2010 a Agosto de 2011, mostrou que a prevalência média de cisticercose bovina no estado de São Paulo foi de 4,80%, sendo que os núcleos de Franca e Barretos foram os que tiveram maior número de casos da enfermidade durante o período analisado. Além disso, o maior número de casos nestes núcleos coincidiu com o menor índice de desenvolvimento humano referente à educação, com a maior área de plantio de café (núcleo de Franca) e também como a maior área de cana-de-açúcar cultivada (núcleo de Barretos) nestes locais, o que por sua vez pode indicar que a presença da mão-de-obra temporária no meio rural, aliado a aspectos socioeconômico/cultural, pode contribuir para a disseminação e estabelecimento da cisticercose nestas áreas6. Considerando o elevado número de casos assintomáticos que não são submetidos a critérios diagnósticos específicos, é difícil avaliar a letalidade por cisticercose. Não há dúvidas, porém, de que a neurocisticercose é a responsável 15 pela grande maioria dos óbitos, seja pela gravidade da mesma, seja em decorrência das complicações do seu tratamento. O que se pode concluir é que, a cisticercose humana mantém-se endêmica, provavelmente porque a carência de investimentos inviabiliza a execução adequada dos Programas de Saúde Pública7. Várias pesquisas vêm sendo feitas na busca de medidas para encontrar um caminho satisfatório que reduza a incidência desta condição e a maneira mais eficaz é de interromper o ciclo teníase/cisticercose3. 1.1 Histórias da cisticercose O fato das doenças teníase e cisticercose provocarem diferentes sinais e sintomas e, serem também causadas por estágios diferentes do verme foi o que levou seus primeiros estudiosos a classificá-las com diferentes nomes, levando em consideração a descoberta de que, uma das formas da doença era causada pela larva, ou cisticerco do verme e, a outra forma era, por sua vez, causada pelo verme já adulto. Em 1588, o estudioso Rümler encontrou o parasita na dura-máter de um paciente epilético e sequencialmente após este achado, outro pesquisador da época, Panarolus, também observou os mesmos cisticercos no corpo caloso de seu paciente8. A natureza parasitária da doença veio a ser comprovada anos mais tarde pelos estudiosos Hartmann, Ridi, Werner, Goeze, Tyson, Malpighi e outros pesquisadores. Malpighi em 1697 identificou o verme, Küchenmeistr em 1885, demonstrou que o cisticerco dos suínos originava o verme adulto nos humanos e nos anos de 1786 e 1789, Werner e Goeze descobriram que as formas do parasita não se diferenciavam entre os porcos e seres humanos, que eram exatamente iguais8. 1.2 Evolução da Neurocisticercose O desenvolvimento da cisticercose depende da ação do suco gástrico sendo ele o responsável pelo início do trajeto todo. O ovo, ao entrar em contato com este suco, perde sua cápsula e se transforma em um embrião, conhecido por oncosfera. Uma vez fora do ovo, o mesmo irá penetrar a mucosa gástrica e se direcionar para a corrente sanguínea. Somente então o corpo reconhecerá o embrião como não sendo seu e então, inicia um processo inflamatório contra o invasor 9 (Figura 2). 16 A partir de então, o paciente pode vir a apresentar não somente as convulsões, mas, sinais de aumento de pressão intracraniana como dor de cabeça, vômitos, torpor, alteração do comportamento, danos neurológicos, entre eles paralisias ou dormências em um segmento do corpo, rigidez do pescoço, entre outros 8. Figura 2: Ciclo da cisticercose Fonte: www.tuasaude.com O ciclo da cisticercose humana tem início com a liberação dos ovos de Taenia solium nas fezes e sua posterior ingestão acidental pelo ser-humano. Já no intestino, os ovos liberam o embrião do parasito, o mesmo cai na corrente sanguínea e espalha-se pelo corpo do paciente. Se um ovo alcançar o cérebro, o cisticerco desenvolve-se neste órgão e origina a neurocisticercose, considerada a forma mais grave da doença. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Neurocisticercose, é a doença parasitária mais frequente do Sistema Nervoso Central (SNC) e, é responsável por muitas internações hospitalares e sequelas neurológicas graves, onde sua principal manifestação é a convulsão. Por esse motivo, a enfermidadeé descrita em muitos Estados do Brasil 9. No Triângulo Mineiro, como exemplo, Gobbi publicou estatística relatando que em 2.306 necropsias foram encontrados 2,4% de 17 casos de cisticercose e destes 66% eram neurocisticercose10. Costa - Cruz também realizaram 3.937 necropsias em Uberlândia, e a análise de 2.862 registros com laudos completos e com idade acima de um ano revelou 1,4% de cisticercose, sendo 89,7% com comprometimento do sistema nervoso central isolado ou associado a outras formas clínicas da doença11. Outros estudiosos calculam ainda que a incidência de neurocisticercose no Rio de Janeiro é de cerca de um caso por mês; No município de Ribeirão Preto, Estado de São Paulo, pensadores como Takayanagui e Chimelli obtiveram um coeficiente de prevalência de 54 casos/100.000 habitantes através de notificação compulsória e uma prevalência de 67 casos/100.000 habitantes através de necropsias12, 13. A incidência da enfermidade continua expressivamente alta e sem tendências para decréscimo, pois, pelo menos 50% dos casos necessita mais do que uma internação hospitalar e mais do que uma intervenção cirúrgica. A instituição estima ainda que ocorra a cada ano 50.000 mortes devido a Neurocisticercose e que exista também, um número maior de pacientes que sobrevivam em condições de incapacidade devido aos ataques convulsivos ou outros danos neurológicos9. Os sintomas não são vias de regra da infecção, há relatos de casos com a ausência deles, mas o comum é aparecerem, porém, não surgem imediatamente após a contaminação do indivíduo. Há um período de incubação que pode durar de quatro a cinco anos fazendo com que os primeiros sintomas só venham a surgir quando os cistos começarem a envelhecer e, com isso, provoque o início de uma resposta inflamatória do hospedeiro9. 1.3 Sinais e sintomas da cisticercose A Cisticercose pode ser assintomática ou apresentar sintomas como cefaleia, convulsões, hipertensão craniana, entre outros. Suas manifestações clínicas dependem da localização, do tipo morfológico, do número de larvas que infectaram o indivíduo, da fase de desenvolvimento dos cisticercos e da resposta imunológica do hospedeiro. Podendo apresentar complicações como deficiência visual, loucura, epilepsia, entre outras. Vale ressaltar que os sintomas da cisticercose não são os mesmos da teníase e que eles variam de acordo com o local da infecção. Quando se localiza no cérebro os sintomas são dor de cabeça, convulsões, confusão mental ou até, coma. No coração os sintomas são palpitações, dificuldade para respirar ou, 18 respiração com ruídos. Nos músculos a pessoa infectada pode apresentar dor local, inchaço, inflamação, cãibras, movimentos dificultosos. Na pele pode aparecer o inchaço que é facilmente confundido com cisto e no olho, a dificuldade para enxergar pode evoluir para a perda definitiva da visão15. 1.4 Profilaxias da teníase e cisticercose A prevenção da teníase consiste em adotar medidas como não ingerir carne crua ou malcozida, E no caso da cisticercose, ingerir agua mineral filtrada ou fervida, lavar muito bem as mãos após o uso do sanitário e antes das refeições, lavar bem os alimentos com água filtrada, etc. Para controlar a cisticercose também é essencial a prevenção e controle das teníases, posto que a cisticercose ocorra somente através da infecção pelos ovos da Taenia solium, que são depostos ao meio através da liberação das proglótes gravidas14. 1.5 Negligenciamento Boa parte da população desconhece a existência tanto das duas patologias quanto os sinais e sintomas que elas emitem, e acabam os colocando como fatores causais de qualquer outra enfermidade. Em 20 de outubro de 1992, Welson Gasparini publicou no diário oficial do município uma lei que sanciona que, todos os pacientes diagnosticados com Neurocisticercose atendidos nos serviços de saúde da cidade de Ribeirão Preto, deveriam ser notificados obrigatoriamente ao Serviço de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal da Saúde, constando nesta notificação o preenchimento da ficha de investigação epidemiológica pelo médico assistente26. Toda essa falta de informação deve-se ao fato de a neurocisticercose ser uma doença que tem sido escamoteada não somente em nossa região de Ribeirão Preto, mas, na grande maioria dos lugares. Vários são os fatores que unidos a este, resultam nesse descaso e, estando em evidência, podemos citar a subnotificação, que é evidenciada pela ausência de notificações procedentes de alguns hospitais e de locais que oferecem serviços de neuroimagem. Segundo Fischman Neuropsiquiátrico 1996, existe um notável descaso de notificação por parte da classe médica e de outros profissionais da área 19 de saúde que, de acordo com os próprios, o fato se deve à falta de credibilidade, pois eles não esperam que providências sejam tomadas. Em Ribeirão Preto, a implantação da notificação representou apenas a primeira etapa de programa mais amplo de prevenção, denominado Ações de Controle da Teníase e da Cisticercose em Ribeirão Preto. Elaborado em 1988, em conjunto com os Serviços de Vigilância Epidemiológica do Município e do Estado de São Paulo, este projeto compreende a adoção simultânea e integrada de várias medidas voltadas ao combate da NCC17. Diante do exposto, um constante trabalho educativo deve ser realizado diretamente com a população para que, o desânimo aqui notado por parte da sociedade e a evidente delegação de culpas e deveres não continue contribuindo para o aumento da incidência da patologia. Propõe-se desta forma levar ao conhecimento de todos que há duas versões da doença explanando com maior ênfase, a cisticercose no sistema nervoso central, a neurocisticercose. Agregados a essa informação, incutir também os sintomas que ela produz, quais as suas consequências, qual o tratamento e quais as melhores e mais eficazes maneiras de prevenção. 20 2 JUSTIFICATIVA Justamente pelo fato de tratar-se de uma doença ainda fora de controle em nossa cidade, pois os casos de neurocisticercose ainda apresentam 21% de atividade, a situação deve servir de alerta para a declarada necessidade da adoção de medidas de prevenção. As graves consequências individuais e para toda a sociedade que a cisticercose no sistema nervoso central acarreta, torna ainda mais imediata e reforçada a necessidade pela busca de soluções, pelo aumento da divulgação sobre as formas de transmissão, contato com a doença, e pela urgente necessidade de apertar o cerco com respeito à diligência médica no que diz respeito às notificações obrigatórias que compete a eles, pois o envolvimento dessa doença acomete mais frequentemente o paciente em seu período mais produtivo da vida, entre seus 20 e 49 anos. Segundo as OPAS (Organização Pan-americana de Saúde) 1997, as informações epidemiológicas sobre o complexo teníase/cisticercose são incompletas e a falta de uniformidade destes estudos inviabiliza o planejamento de novas estratégias para prevenção além dos já citados. O não comprometimento ou, a escassez de melhorias nesta área da saúde, acaba deixando como método alternativo a investigação de cisticercose nas necropsias de hospitais gerais. A relevância de estudos como este caracteriza a necessidade da realização de uma busca sobre o conhecimento da população com relação às graves consequências que tanto a teníase quanto a cisticercose acarretam para o ser humano. Além disto,deve ser desenvolvido com o intuito de encontrar uma maneira eficaz de conscientizar a população quanto ás medidas de prevenção. 21 3 OBJETIVOS 3.1 Objetivos Gerais Fazer um levantamento do conhecimento da população em relação à neurocisticercose, e correlacionar a possível deficiência de entendimento com o aumento na incidência de casos reais na região de Ribeirão Preto - SP. 3.2 Objetivos Específicos Avaliar o grau de conhecimento da população sobre as doenças teníase e a cisticercose. Avaliar o conhecimento da população sobre as formas de transmissão das duas doenças. Avaliar o conhecimento da população sobre a neurocisticercose. 4 MATERIAL E MÉTODOS 4.1 Aspectos éticos A questão abordada neste estudo contou com o envolvimento de seres humanos, para tanto, os procedimentos realizados seguiram os Critérios do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Paulista – UNIP conforme Resolução N° 466, de 12 de dezembro de 2012, baseadas na segurança do individual e coletivo quanto à confidencialidade de dados obtidos na pesquisa, autonomia, não maleficência, dentre outros aspectos que visam assegurar os direitos dos sujeitos de pesquisa. A coleta de dados só aconteceu após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), precedida pela informação de todos os termos e aspectos do estudo por parte do pesquisador (Anexo A) e, a identidade dos voluntários não foi divulgada. 22 4.2 Tipos de estudo Tratou-se de uma pesquisa transversal, de caráter exploratório descritivo, com uma análise quantitativa de dados. 4.3 Voluntários Nesta investigação a amostra foi composta por 100 voluntários de ambos os sexos, com idade superior a 18 anos, no município de Ribeirão Preto - SP. Os resultados foram colhidos de forma dirigida e estratificada. 4.4 Critérios de inclusão Foram utilizados como critérios de inclusão voluntários com idade igual ou superior a18 anos em moradores da cidade de Ribeirão Preto – SP que aceitaram participar de forma voluntária da pesquisa e aceitaram os termos, descritos no TCLE. 4.5 Critérios de exclusão Foram excluídos da pesquisa pessoas com 0 a 17anos incompletos, indivíduos que porventura não compreenderam as informações descritas pelo pesquisador ou se negaram a assinar o TCLE, bem como aqueles que foram incapazes de responder por si mesmos. 4.6 Instrumentos de Coleta de Dados Para a coleta de dados foi utilizado um questionário autoexplicativo (Apêndice) composto por 21 questões em formato de testes. 4.7 Procedimentos O projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê de Ética da Universidade Paulista via Plataforma Brasil e a pesquisa foi iniciada somente após a aprovação do 23 projeto pelo Comitê de Ética, respeitando a Resolução CNS n° 466/12 e o que diz respeito à coleta de dados. Este estudo foi realizado em diferentes bairros da cidade. Para tanto, primeiramente foi dada uma breve explicação aos participantes sobre a coleta de dados sanando todas as dúvidas que surgiram. Depois foi entregue o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Esse documento forneceu todas as informações aos participantes em relação aos esclarecimentos sobre a pesquisa, permitindo que qualquer dúvida fosse esclarecida e oferecendo respaldo legal aos participantes e ao pesquisador. Os participantes foram informados também quanto à manutenção do sigilo, à participação voluntária, o direito de se recusar a responder qualquer pergunta do questionário ou de desistir de colaborar na investigação sem qualquer tipo de ônus, ressaltando que mediante a sua participação não teria qualquer ganho financeiro e que sua participação não lhe acarretaria nenhum dano pessoal. Uma vez o indivíduo tendo aceitado a participar e assinado o TCLE, a ele foi entregue o questionário (Apêndice) para ser respondido, não foram sanadas dúvidas em relação às questões contidas no questionário. 4.8 Análises de dados A análise dos dados obtidos foi realizada com o uso do programa Microsoft Office Excel®. Os resultados foram expressos a partir de cálculos de percentuais. 24 5. CRONOGRAMA Fases da execução da pesquisa A g o /2 0 1 7 S e t/ 2 0 1 7 O u t/ 2 0 1 7 N o v ./ 2 0 1 7 D e z /2 0 1 7 J a n ./ 2 0 1 8 F e v ./ 2 0 1 8 M a r/ 2 0 1 8 A b r. /2 0 1 8 M a i. /2 0 1 8 J u n ./ 2 0 1 8 Escolha da Área Temática e do Tema da Pesquisa X X Formulação do Problema de Pesquisa X X Revisão da Literatura X X X X X X X X Redação da Introdução X Elaboração da Justificativa X X Determinação do Objetivo X Elaboração das Hipóteses X Descrição da Metodologia X Formatação e entrega do Projeto de Pesquisa X X Qualificação oral do Projeto de Pesquisa X X Coleta e Seleção de Dados X X X X X Análise e Interpretação dos Dados X X X Redação do Trabalho X X X Formatação do Trabalho Final X X Apresentação e Entrega do Trabalho X X 25 6 RESULTADOS A investigação abordou aspectos sociais, econômicos, médico-preventivos e de conhecimento acerca do complexo teníase/cisticercose, sendo os mesmos posteriormente analisados para se verificar o nível de conhecimento sobre o tema abordado. Foram aplicadas 21 questões em formato de testes a 100 participantes com idades entre 18 e 87 anos. Desse total, 58 pertenciam ao gênero masculino e 42 ao gênero feminino e amostra foi segmentada pela idade como ilustrado na figura 3. A faixa etária que representou maior percentual de respostas ao questionário aplicado foi das pessoas com idade acima de 50 anos (43%), seguido pelas pessoas com idades entre 17 a 30 anos (28%) e os entrevistados com idades entre 31 a 49 anos corresponderam a 29% no total da amostra. Figura 3 – Segmentação da amostra quanto à faixa etária Dentre todos os outros países, o Brasil é um dos que apresenta maior número de parasitoses humanas devido ao seu caráter de país em desenvolvimento e aos seus aspectos políticos e socioeconômicos. Neste contexto, nos bairros com 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 17 a 30 anos 31 a 49 < 50 anos P o rc e n ta ge m ( % ) Idade 26 maiores índices de pobreza, desemprego e de distribuição de renda irregular, as parasitoses tornam-se ainda mais graves. Segundo dados do IBGE, o salário mínimo no Brasil no ano de 2018 é de R$ 954.00. De acordo com as informações coletadas, 17% dos entrevistados informaram contar com 1 salário mínimo para a manutenção da família e do lar, 35% dessas pessoas vivem com 1 a 2 salários, 30% recebem por mês de 2 a 3 salários e 18% revelaram possuir renda mensal de 5 salários mínimos ou mais (Figura 4).. Figura 4 – Avaliação da situação socioeconômica dos entrevistados. O nível de escolaridade dos entrevistados (Figura 5) que representou maior percentual foi o dosque cursaram o ensino médio somando 47%, seguidos pelas pessoas que cursaram o ensino fundamental num total de 32% e, os entrevistados que cursaram ensino superior totalizaram 21%. No geral, os entrevistados estavam familiarizados com as doenças teníase ou solitária, porém, revelaram nunca ter ouvido falar sobre a cisticercose, nem mesmo em seus anos escolares. Lembrando aqui de que grande parte dos voluntários que responderam o questionário foram indivíduos com mais de 50 anos que estudaram até o ensino 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Até 1 salário 1 a 2 salários 2 a 3 salários < 5 salários P o rc e n ta ge m ( % ) 27 fundamental e/ou ensino médio residentes de alguns dos bairros mais humildes de Ribeirão Preto, sendo eles: Ribeirão Verde, Tanquinho e Pq. Avelino Palma. Enquanto que os participantes residentes em áreas mais nobres da cidade sendo elas: City Ribeirão, Jardim Canadá e Jardim Irajá, já ouviram falar à respeito das duas doenças, porém, ainda assim revelaram desconhecimento e confusão quanto ao ciclo biológico, modos de transmissão e prevenção da parasitose. Fato este que demonstra uma vez mais a necessidade de melhorias em campanhas educativas para a população em geral na região. Figura 5 – Avaliação do grau de escolaridade dos voluntários da pesquisa. Neste trabalho também foi abordado a questão de itens que a pessoa possuía em casa e sua situação de moradia, se própria ou alugada. Foi observado que a maioria dos entrevistados (54%) são proprietários de suas residências e que 46% residirem em casas alugadas. Segundo a questão sobre bens materiais, 79% dos entrevistados responderam possuir ao menos um item do questionário, sendo eles: 1 Ensino Fundamental Ensino Médio Ensino Superior 32 47 21 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 P o rc e n ta ge m ( % ) 28 computador, 1 refrigerador e 1 televisor, com exceção do automóvel, onde dos 100 participantes, 57% disseram possuir um veículo. Figura 6 – Avaliação quanto à moradia. Neste trabalho analisou-se o número de participantes que se alimentam de carne suína e, dentre eles, quais as preferências por carne bem passada, mal passada e/ou ao ponto como mostrado na figura 7. Conforme observado na figura, identificamos que (40%) não consomem a carne de porco. Dentre os 60% que a ingerem, 46,6% preferem a carne bem passada, 5% afirmaram consumi-la mal passada e 48,4% dos indivíduos disseram gostar da carne ao ponto. Nenhum dos participantes mencionou comer a carne crua. Estes resultados sugerem que a maioria dos entrevistados não estão sujeitos a terem a teníase causada pela Taenia solium. 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Própria Alugada P o rc e n ta ge m ( % ) 29 Figura 7 – Avaliação do consumo de carne suína. No tocante aos hábitos de higiene pessoal (Figura 8) 82% das pessoas disseram ser algo natural o ato de lavagem das mãos após o uso do sanitário e antes de manusear ou consumir qualquer tipo de alimento, 15% disseram realizar a lavagem mas, esquecerem-se às vezes e 3% afirmaram não considerarem o hábito necessário. Estes resultados indicam que ao menos 18% das pessoas negligenciam o hábito de lavar as mãos não agindo condizentemente à tamanha importância deste ato. Figura 8 – Avaliação quanto ao hábito de higienização das mãos. Sim Não Bem Passada Mal Passada Ao Ponto Entrevistados 60 40 28 3 29 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 P o rc e n ta ge m ( % ) Natural As vezes Desnecessário Entrevistados 82 15 3 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 P o rc e n ta ge m ( % ) 30 Os voluntários desta pesquisa foram avaliados quanto ao consumo de frutas, verduras e legumes crus e 23% dos indivíduos abordados revelaram não consumir esses alimentos crus enquanto que 77% deles o fazem. Notou-se especificamente que no bairro Ribeirão Verde, uma boa parte dos entrevistados consome frutas, verduras e legumes oriundos de produção artesanal em uma das feiras do local. A referida horta não possui cercas suficientes de proteção, o que não impede o acesso de humanos ou animais se porventura os mesmos quiserem adentrá-la em qualquer que seja o horário. (Figura 9) Figura 9 – Avaliação quanto ao consumo de alimentos crus. Como podemos observar na figura 10, 77% dos participantes da pesquisa tem o hábito de comer alimentos como frutos, verduras e legumes crus. Dentre estes, 62,4% os higieniza somente com água, 22,1% disseram lavar bem esses alimentos com água e sabão e 15,5% destes consumidores realizam a lavagem com água e cloro. Estes resultados sugerem que a maioria dos participantes não toma as precauções necessárias para se evitar a aquisição de doenças parasitárias. Sim Não Entrevistados 77 23 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 P o rc e n ta ge m ( % ) 31 Figura 10 – Avaliação quanto ao cuidado no manuseio de alimentos. Neste trabalho foi perguntado aos voluntários da pesquisa se eles sabiam do que se tratavam os termos teníase e cisticercose e 85% dos mesmos disseram saber ou já ter ouvido falar em teníase ou doença causada por solitária e 15% destes não sabiam o que significa. Da mesma forma, perguntou-se sobre o termo cisticercose e foi observado que 61% responderam saber ou ter uma noção do que se tratava, os outros 39% responderam negativamente a essa questão. Conforme observado na figura 7, o consumo da carne suína mal passada e ao ponto em união com o resultado da figura 8, que versa sobre os hábitos de higienização das mãos, onde 15% admitiram esquecerem-se às vezes do ato e, 3% afirmaram não considerarem o hábito necessário, podem estar contribuindo para a silenciosa ocorrência da cisticercose na população. Esse trabalho complementa e sensibiliza sobre a importância de adotarmos hábitos de higiene pessoal e cuidados básicos principalmente nos ambientes domiciliares ao preparar os alimentos a serem ingeridos e na qualidade da água consumida. (Figura 11) Água Água e sabão Água e Cloro Entrevistados 48 17 12 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 P o rc e n ta ge m ( % ) 32 Figura 11 – Avaliação sobre o grau de conhecimento das doenças teníase e cisticercose. Neste trabalho foi analisado o conhecimento dos voluntários no que se refere ao fato de duas doenças serem causadas pelo mesmo agente etiológico (Figura 12) e 46% dos entrevistados responderam que tinham esse conhecimento, enquanto os outros 54% responderam que não. Estes resultados indicam que mais da metade da população avaliada desconhece a importância desta informação. Figura 12 – Avaliação quanto ao agente causador da doença. No que diz respeito às formas de transmissão da teníase (Figura 13), foi proposta uma questão com cinco alternativas, dentre as quais foi possível notar que grande parte da população estudada fica confusa quanto às diferenças de contrair Teníase Cisticercose Entrevistados 85 61 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 P o rc e n ta ge m ( % ) Sim Não Entrevistados 46 54 0 1020 30 40 50 60 70 80 90 100 P o rc e n ta ge m ( % ) 33 as duas doenças. Os seguintes resultados foram obtidos: 20% das pessoas disseram ser através do compartilhamento de talheres e roupas íntimas, 43% acreditam ser por meio da ingestão acidental de ovos do parasita presente nos alimentos ou água contaminados, 32% afirmam ser por meio da ingestão acidental das larvas do mesmo presente na carne crua ou malcozida e, 5% disseram ser através de relações sexuais. Percebe-se com os valores atingidos, o quão leiga a população estudada se encontra com relação às formas de transmissão dessa parasitose. Figura 13: Avaliação do conhecimento da população quanto à forma transmissão da teníase. A figura 14 mostra o conhecimento da população à respeito das formas de transmissão da cisticercose. Foi observado que 24% dos entrevistados acreditam que a cisticercose é adquirida por meio do compartilhamento de talheres e roupas intimas, 35% responderam ser por meio da ingestão acidental de ovos do parasita em água e/ou alimentos contaminados ou ainda por refluxo, 36% disseram ser pela ingestão das larvas do verme em carnes cru-malcozida e 5% das pessoas afirmaram ser através de relações sexuais. Estes resultados sugerem que a maioria da população confunde a forma de transmissão da teníase com a cisticercose. Ao comparar os resultados obtidos na questão 11 da entrevista, que se trata das formas de adquirir a teníase com a questão 12, relacionados ao presente gráfico, podemos notar que a grande maioria dos inquiridos teve dificuldade em diferenciar Talheres e Roupas Intímas Ovos parasitas na água Larvas em carne crua Relações sexuais Entrevistados 20 43 32 5 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 P o rc e n ta ge m ( % ) 34 não somente as maneiras de se adquirir ambas as infecções como também, em diferenciá-las entre si. Figura 14: Avaliação do conhecimento da população quanto à transmissão da cisticercose Com relação ao conhecimento da sintomatologia da cisticercose (Figura 15), 37% dos entrevistados alegaram saber identificá-los e 63% não reconhecem os sintomas da doença. Sequencialmente a essa questão, perguntou-se aos entrevistados se os mesmos já tiveram ou conheciam quem tenha sido acometido pela doença. 13% confirmaram histórico da doença e 2 indivíduos, relataram ter passado por cirurgia para a extirpação das larvas do parasita. 87% acreditam não ter entrado em contato com o verme, 34% revelaram conhecer algumas pessoas que já sofreram ou sofrem com a enfermidade e 66% disseram não estar familiarizados com a doença. Talheres e Roupas Intímas Ovos parasitas na água Larvas em carne crua Relações sexuais Entrevistados 24 35 36 5 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 P o rc e n ta ge m ( % ) 35 Figura 15 – Avaliação do conhecimento da população quanto aos sintomas da cisticercose. Neste trabalho também foi considerado à respeito das consequências graves que a cisticercose pode acarretar (Figura 16), a pergunta foi realizada para saber se o entrevistado tinha ciência de que a referida parasitose pode, em alguns casos causar a morte. 58% revelou conhecer esses dados e 42% desconheciam sobre esta informação. Figura 16 – Avaliação quanto a gravidade da doença cisticercose. Sim Não Já teve Conhece quem teve Entrevistados 37 63 13 34 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 Entrevistados Sim Não Entrevistados 58 42 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 P o rc e n ta ge m ( % ) 36 No tocante à necessidade do repasse de informações sobre a parasitose, a resposta foi unânime. Todos os 100 entrevistados reconhecem a importância de aprimorar seus conhecimentos quanto ao ciclo, transmissão e prevenção da doença. Referente às vias de comunicação para que essas informações cheguem a todos (Figura 17), 12% relataram se inteirar do assunto por meio de jornais e revistas, 40% através das redes sociais, 1% pela TV e rádio e 47% disseram ter tido essas informações somente na escola. Figura 17 – Avaliação quanto aos meios de comunicação de onde obtiveram informações a respeito das parasitoses Em relação ao uso de antiparasitários pela população avaliada foi possível observar que 27 % dos participantes fazem o uso de antiparasitários uma vez ao ano, 23 % fazem o uso a cada seis meses, 26% fazem uso sempre que consideram necessário, 11% somente com orientação médica após exame parasitológico e 13 % ao apresentarem sintomas como dores de barriga, fezes alternadas entre moles e duras, cansaço e às vezes aumento do volume da barriga. (Figura18). Estes resultados indicam que grande parte da população estudada não considera necessário o comparecimento ao consultório médico para a correta instrução e Sim Não Jornais e revistas Redes sociais TV e rádio Escola Entrevistados 100 12 40 1 47 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 P o rc e n ta ge m ( % ) Entrevistados 37 posterior administração de antiparasitários, o que pode acarretar no desenvolvimento de resistência do parasita aos medicamentos utilizados. Figura 18 – Avaliação quanto ao consumo de antiparasitários. Com relação aos critérios escolhidos para fazer uso de vermífugos (Figura 19), foi constatado que 11% das pessoas tomam o cuidado de passarem por consulta médica antes de fazerem uso dos antiparasitários, 21% relataram procurar informações quanto à necessidade ou não do uso com seus farmacêuticos de confiança, 37% disseram fazer uso do mesmo medicamento indicado por amigos e, 31% alegaram seguir os conselhos de seus familiares. Estes resultados indicam que o hábito de fazer uso de antiparasitários tornou-se algo rotineiro, ao menos entre os 89% indivíduos entrevistados. Fato este preocupante no que diz respeito aos efeitos e imprevistos indesejados, pois o medicamento administrado erroneamente e com frequência pode além de não curar, piorar a saúde do indivíduo. Uma vez ao ano A cada 6 meses Sempre que necessário Somente após consulta Quando surgem sintomas Entrevistados 27 23 26 11 13 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 P o rc e n ta ge m ( % ) 38 Figura 19 – Avaliação quanto à indicação para o uso de antiparasitários. A cisticercose é a doença com os maiores índices de frequência sobre o sistema nervoso central, além disso, é considerada a mais grave das infecções parasitárias do sistema nervoso humano e acomete grande número de pessoas produzindo algumas vezes grave sintomatologia. Neste estudo, 76% da população entrevistada afirmaram nunca terem sido informados da existência de duas doenças causadas por um mesmo parasito, 17% acreditam que essa informação até existe, mas, que poderia receber melhor atenção dos órgãos públicos e 7% respondeu ser excelente a veiculação de maiores informações relacionado às verminoses em nossa cidade (Figura 20). Diante desta situação, considera-se importante a implantação de medidas efetivas para o controle da enfermidade, principalmente no que se refere à educação da população sobre seus aspectos epidemiológicos e métodosde prevenção. Médico Farmacêutico Amigos Família Entrevistados 11 21 37 31 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 P o rc e n ta ge m ( % ) 39 Figura 20 – Avaliação quanto à qualidade de informações obtidas pela população. Nunca ouviu falar Poderia ser melhor É excelente Entrevistados 76 17 7 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 P o rc e n ta ge m ( % ) 40 7 DISCUSSÃO As infecções por parasitas são fortemente associadas às más condições socioeconômicas que surgem como um grave problema de saúde pública nos países em desenvolvimento devido à falta de políticas de educação sanitária. A alta prevalência das enteroparasitoses entre as populações que apresentam baixo nível socioeconômico e cultural esta relacionada à higiene, a educação, ao padrão de vida e ao saneamento básico, podendo somar a estes a pobreza, o analfabetismo, a fome e a injustiça social16. Na pesquisa realizada sobre a renda dos participantes, por exemplo, encontrou- se um total de 17% que sobrevivem com um salário e outro resultado de 18% que alegaram receber mais de 5 salários que, segundo dados do IBGE corresponde hoje a um valor de R$ 954.0017. A respeito das variáveis consideradas como fatores de risco para a manutenção da cisticercose, é possível deduzir que grande parte dos voluntários investigados nesta pesquisa, principalmente os moradores dos bairros mais humildes onde as residências são localizadas próximas a córregos, matas, hortas particulares, está inserida no contexto que favorece não somente a manutenção, como também a propagação da referida parasitose. Nessa mesma perspectiva, o presente trabalho pôde promover a reflexão dos participantes quanto ao ciclo, formas de transmissão e medidas de prevenção quanto ao patógeno. Pois o que se observou no momento do preenchimento do questionário foi que, além de haver desconhecimento sobre a prevalência da neurocisticercose pelos 47% com ensino fundamental, 32% com ensino médio e 21% com ensino superior, há também considerável falta de informações sobre a enfermidade tanto para o público periférico quanto para o público melhor estabilizado. A Organização Panamericana da Saúde (OPAS) considera a inexistência da notificação da cisticercose na América Latina um obstáculo para o bom planejamento de estratégias de prevenção18. Neste trabalho levou-se em conta a faixa etária dos voluntários que responderam o questionário, que foi a partir dos 18 anos completos, não abrangendo então participantes em idades escolares em nenhum dos bairros 41 visitados, tratando-se de 3 bairros da zona norte e 3 bairros da zona sul de Ribeirão Preto. Quanto ao consumo das carnes suíno-bovina foi observado que entre os 60% dos consumidores, 48,9% divididos entre os que afirmaram consumi-la mal passada/ao ponto, não consideram antes do consumo duas importantes questões: o tempo de cozimento adequado e a origem do alimento. Fato relevante mediante as informações passadas quanto á churrascos consistentes de boi no rolete, porco no rolete e que, segundo as informações relatadas, a carne caipira é mais saborosa. Pôde se notar também total equivoco sobre o tema entre 67,5% dos 40 entrevistados que responderam não consumir a carne suína com o intuito de evitar adquirir o parasita. Percebe-se aqui uma vez mais total necessidade em divulgar melhor informações sobre as formas de transmissão e prevenção das enteroparasitoses em razão da total falta de entendimento sobre o tema. Sequencialmente a esse assunto, a pesquisa não demonstrou qualquer relação com o grau de escolaridade e/ou idade dos participantes sobre essa questão. Pois ao serem questionados, conclui-se que mais da metade dos entrevistados, 54% divididos entre indivíduos com ensino fundamental, ensino médio e ensino superior com idades entre 18 e 87 anos, revelaram de semelhante maneira desconhecimento e confusão quanto às informações pertinentes a parasitose. Quanto aos hábitos alimentares destes 40 indivíduos, levou-se em consideração a possibilidade de algumas respostas oferecidas pelos sujeitos investigados não terem sido sinceras, pois, foi constatado que alguns desses participantes ficaram envergonhados de dizer que consumiam o alimento pelo fato de associarem a ingestão desse tipo de carne ao desenvolvimento da neurocisticercose, por eles denominada de “bichinho na cabeça”. Desta forma, para a redução do risco de infecção é necessário intensificar a inspeção dos abatedouros de carne, assim como o desenvolvimento da infraestrutura sanitária e educação da população19. No que se refere à higienização das mãos, a proporção de respostas afirmativas teve um bom prognóstico, 82%, porém ainda assim, nos deparamos com preocupantes 18% entre pessoas que responderam esquecer-se da lavagem ou simplesmente, não encararem a necessidade e seriedade do ato como sendo obrigatório. Um trabalho pertinente ao tema foi realizado nos EUA, pela Sociedade 42 Americana de Microbiologia, o mesmo divulgou os resultados de um estudo que avaliou o comportamento de 6 mil pessoas. Câmeras foram instaladas na área dos lavatórios em banheiros públicos e as imagens revelaram hábitos de homens e mulheres que não escolheram escalas sociais... Um terço dos homens e 12% das mulheres não lavaram as mãos após o uso do sanitário. Informação que constatou que nem sempre as informações alegadas são reais20. Considerando os resultados obtidos pela presente pesquisa e pelo semelhante trabalho citado, torna-se impossível saber se as informações passadas pelos 82% são realmente verídicas, ou se entre os mesmos houve inverdades. A informação do controle e possível erradicação desta doença são baseadas principalmente na educação sanitária e bons hábitos de higiene. Assim, este ponto surge como um grave problema de saúde pública devido à falta de peso nas políticas que realmente promovam uma educação sanitária eficaz. Busca-se, através dessas ações, a recomendação e a adoção de medidas que visem à prevenção e controle das doenças ou seus agravos21. Quanto ao consumo e manuseio de alimentos crus, notou-se um forte desentendimento sobre a relação hortaliças/cisticercose. Percebe-se que a população adotou a cisticercose como sendo a doença proveniente do porco, e somente do porco. Dos 77% de indivíduos que assumiram a ingestão, os dados mostraram-se alarmantes. Somente 15,5% responderam realizar a lavagem correta dos mesmos com água clorada enquanto que os outros 84,5%, responderam com naturalidade realizá-las somente com água (62,4%), não levando em consideração que a mesma possa estar contaminada e estar disseminando a infecção em seus alimentos, com água e sabão (22,1%) ou até mesmo, não realizá-la de acordo com o tempo disponível para o preparo e consumo do alimento. Segundo a Organização Mundial da Saúde, através de uma estimativa pode-se afirmar que mais de 350 mil pessoas em todo o mundo morreram em decorrência da ingestão de alimento contaminado no ano de 2010, dentre estes, frutas, verduras e legumes22. Por ser de total importância que a população entenda a real gravidade desta infecção, instruções como higienizar não somente as mãos como também, superfícies da cozinha, utensílios de uso frequente, separar os alimentos prontos para o consumo dos ainda crus para não havercontaminação cruzada (até mesmo na geladeira), dar atenção ao estado de conservação das embalagens, lavar 43 verduras e legumes com água e cloro, quanto à carne atentar para a origem do alimento, mantê-lo congelado, e depois comer foram algumas das instruções transmitidas no ato da aplicação do questionário diante ás perguntas dos entrevistados. Relacionado ao conhecimento da população quanto ao complexo teníase- cisticercose, foi questionado aos 100 participantes se eles sabiam do que se tratavam os termos, ao que 54% respondeu não estarem familiarizados com a doença, apesar disso não foi verificada correlação entre essa variável e casos na população. Sendo encontrados neste estudo apenas 13% com histórico de cisticercose, e 4% que afirmam terem tido convulsões, porém desconhecem o motivo, pois realizam seus exames de acordo com pedidos médicos, mas nada é encontrado. Diante desse cenário, o presente trabalho realizou um diagnóstico da situação sobre o conhecimento que a população detém relacionado á doença e suas várias complicações, avaliando o perfil dos consumidores com questões que abrangeram as características do hábito de consumo e de alguns fatores de risco para a ocorrência da infecção em humanos. No que se trata de transmissão do complexo, observou-se que uma das causas desta total falta de informação sobre a enfermidade deve-se aos poucos ou inexistentes trabalhos que deveriam ser realizados pelos órgãos responsáveis da manutenção da saúde pública. Constataram-se 68% de indivíduos que afirmaram que o mesmo ocorra através de talheres (20%), ingestão de ovos do parasita (43%) e relações sexuais (5%), abrangendo o percentual mínimo de 32% de acertos quanto à questão. Com respeito à cisticercose, o grau de entendimento foi baixíssimo semelhantemente a teníase, sendo encontrados 65% de indivíduos que acreditam que a transmissão da verminose ocorra por meio de talheres (24), ingestão do verme adulto (36%) e relações sexuais (5%), restando somente 35% detentores da informação correta. Porém, mesmo dentre estes 32% para a teníase e pelos 35% para a cisticercose, verificou-se a indecisão no momento da resposta, o que nos leva a descartar 100% de certeza no resultado dessas afirmativas. O que pôde ser observado é que no geral, salvo algumas exceções, as pessoas realmente desconhecem formas de transmissão, sintomas, ciclo biológico, o próprio agente e sua capacidade de causar duas doenças, as graves complicações a respeito dessa doença, etc. Estes resultados comprovam a importância da pesquisa no município e questiona o porquê de Ribeirão Preto, mesmo sendo uma cidade dotada de alto 44 nível de urbanização e de saneamento ambiental, mostrar-se tão desfalcada com relação a maiores informações para seus habitantes sobre as parasitoses em geral, como por exemplo, a cisticercose. Estudos deste tipo são importantes porque visam preservar a saúde pública por detectar os potenciais riscos e assim ser possível a adoção de medidas preventivas entre a população. A administração inadequada de medicamentos é um grave problema de saúde pública prevalente no mundo todo23. Com relação à indicação para o uso de antiparasitários e a administração dos mesmos por vezes indiscriminados, chegou- se a conclusão de que 68% dos ribeirão-pretanos entrevistados costumam utilizá-los por conta própria, induzidos por amigos (37%), familiares (31%) e alguns por farmacêuticos (21%), adquirindo-os em farmácias comerciais. Apenas um ínfimo relato de 11% alegou não consumi-los sem instrução ou indicação médica. Não fosse o bastante, a situação mostra-se pior com relação à frequência com que estas pessoas fazem o uso da medicação. Dos 89%, 29,2% alegam a automedicação sempre que consideram necessário, outros 14,6% deste total de 89% afirmaram fazer uso em toda situação que apresentam sintomas pertinentes á verminoses. Em razão da evidente falta de entendimento sobre a questão levantada, nota-se que a ausência do conhecimento sobre o tema proposto é ainda maior do que o esperado. Os participantes foram alertados quanto aos potenciais riscos destes hábitos inadequados causarem o aumento da resistência dos parasitos a essas drogas causando consequentemente, sua ineficiência diante uma real necessidade. De acordo com a questão proposta sobre a qualidade de informações sobre as verminoses no município, os dados obtidos permitiram observar o real motivo de a cisticercose ser considerada hoje a mais grave das infecções parasitárias do sistema nervoso humano. Intrigantemente constatamos em 100 voluntários entrevistados, 76% de pessoas quase que totalmente leigas no que se referiu á cisticercose. Foi possível verificar que a maioria dos entrevistados detém leve informação sobre a teníase, mas no que se trata da cisticercose, não houve ao menos 1% que tenha respondido corretamente todo o questionário. Boa parte soube identificar o ciclo, formas de transmissão, prevenção, mas, no universo geral do trabalho, o conhecimento correto quanto às características únicas da cisticercose não foi em momento algum evidenciado. No decorrer da pesquisa foi possível associar a ausência de um levantamento adequado e a insuficiência de dados à população como sendo fatores cruciais de 45 favorecimento ao descontrole na incidência da parasitose. Pois, foi claramente possível notar que os indivíduos entrevistados são inteiramente carentes de instruções no que se refere à cisticercose. 46 8 CONCLUSÃO Através da execução deste trabalho foi possível chegar às seguintes conclusões: - Notou-se que o conceito errôneo de que a cisticercose é transmitida ao homem somente pelo consumo de carne suína contaminada, deve-se à falta de conhecimento e de esclarecimento sobre o ciclo de vida deste parasita e também sobre as formas de contaminação da doença. - Que escolaridade e idade não interferiram no desconhecimento sobre a parasitose, pois tanto os mais jovens, que saíram a pouco tempo do ano letivo, quanto aqueles que já terminaram a mais tempo demostraram a mesma falta de noção sobre o tema. - Sobre a higienização das mãos, não foi possível chegar a um resultado confiável em razão de algumas pessoas terem sido sinceras ao dizer que não consideram o ato importante e a possibilidade de outras terem faltado com a verdade. - A respeito do consumo de alimentos crus, notou-se que a maioria dos indivíduos não relaciona seu manuseio e lavagem incorreta à doença. - Sobre o próprio agente e sua característica peculiar em causar duas doenças diferentes, formas de transmissão, sintomas e prevenção da doença, comprovou-se evidente carência nos 100 indivíduos entrevistados. - Observou-se que as regiões escolhidas para a prática da investigação carecem de medidas efetivas para o controle da enfermidade, principalmente no tocante à educação da população sobre a importância da doença, seus aspectos epidemiológicos e métodos de prevenção. No decorrer do trabalho foi possível associar a ausência de um levantamento adequado e a insuficiência de dados à população como sendo fatores de favorecimento ao descontrole na incidência da parasitose. Os resultados obtidos durante as 21 questões propostas sugerem que, a qualidade de informações sobre as verminoses em geral na cidade de Ribeirão Preto, é falha e requer maior atenção dos órgãos competentes. 47 REFERÊNCIAS 1. Silva, CLSP. 2003;p.55 -59. Complexo teníase-cisticercose no contexto da saúde pública, sob inspeção federal e avaliação da prova de evaginação em metacestoides. 2. Brites AD. 23/04/2009 Tênia: Vermes do grupo dos platelmintos. 3. Pinheiro, P. 23 Outubro 2017 Teníase e cisticercose. Ciclo, sintomas e tratamento 4. Revista do Sistema Único de Saúde no Brasil Volume 17 – Nº 3 – Jul./Set.2008. Epidemiologia e Serviços de Saúde 5. Segantim, A; Melo SR. Arq. Ciência Saúde Unipar Umuarama 9(3), set./dez.2005. Prevalência da Neurocisticercose na Região de Cianorte – PR no período de 1998 a 2003 6. Ferreira MM; Revoredo T.B; Ragazzi J.P; Soares VE; Ferraldo AS; Lopes WDZ & Mendonça RP 2014. Pesq. Vet. Bras. 34(12): 1181-1185. Prevalência, distribuição espacial e fatores de risco para cisticercose bovina no estado de São Paulo. 7. Pfuetzenreitr, MR 1997. Aspectos socioculturais e econômicos de pacientes com diagnóstico preliminar de cisticercose cerebral em Lages, Santa Catarina, Brasil. 8. Brotto, W. Arq. Neuro-Psiquiatr. Vol. 5 nº. 3 São Paulo Jul./Set. 1947 Aspectos Neurológicos da Cisticercose. 9. Pfuetzenreitr MR; Pires FDA. Ciência Rural, Santa Maria, v. 30, n. 3, p. 541-548, 2000 Epidemiologia da teníase/cisticercose por Taenia solium e Taenia saginata. 10. Gobbi, H; Adad, SJ; Neves, RR; Almeida, HO Rev. Pat. Trop. 9 (l - 2), Jan./Jun 1980. Ocorrência de Cisticercose em pacientes necropsiados em Uberaba, MG 11. Arq. Neuropsiquiatria 1998; 56(3-B): 577-584 Contribuição da necropsia na consolidação da notificação compulsória em Ribeirão Preto-SP. 12. Redação Minuto Saudável, 29/06/2017 O que é Cisticercose: causa sintomas e mais 13. Martinelli, CE. Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto. Implantação do Roteiro de Notificação Compulsória dos casos de Neurocisticercose. Ato número 397. 14. Marques, F. Ed. 111/ Maio 2005. Parasita dissimulado. A neurocisticercose, doença escamoteada pelo descaso e a dificuldade de diagnóstico, começa a mostrar sua real dimensão. 48 15. Takayanagui OM; Castro e Silva AA; Santiago. RC; Odashima NS; Terra VC; Takayanagui AMM. Notificação Compulsória da Cisticercose em Ribeirão Preto-SP. 16. Ferreira, PS. Complexo teníase-cisticercose na zona rural do município de Matias Barbosa – Minas Gerais. 2011. 17. IBGE. 03 set. 2013 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estatística, População, Censo 2010. 18. Vers. 3.0 Washington: OPS/OMS, 1994 Organización Panamericana de La Salud. Epidemiologia y control de la teniasis/cisticercosis en America Latina. 19. Parasitologia Veterinária 106 (1): 45-54. Jun/2002 Inquérito epidemiológico da cisticercose suína em duas comunidades rurais do Oeste dos Camarões 20. Torrico, R. 26 maio 2012 Comportamento Não lavar as mãos. 21. Lei nº 8.080, 19 de setembro de 1990 Conselhos Nacional de Saúde 22. Dias, MBGS. Hosp. Sírio Libanês Frutas e Legumes sem sanitização e carne mal passada podem transmitir doenças graves 23. Rev. Saúde Pública vol.51 supl.2 São Paulo 2017 Epub Nov 13, 2017 Polifarmácia: uma realidade na atenção primária do Sistema Único de Saúde 49 APENDICE A TESTE DE AVALIAÇÃO DOS CONHECIMENTOS DA POPULAÇÃO SOBRE A CISTICERCOSE NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL Questionário: Idade: ______ anos Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino Renda salarial: ( ) Até 1 salário mínimo ( ) 1 a 2 salários mínimos ( ) 2 a 3 salários mínimos ( ) Mais de 5 salários mínimos Escolaridade: ( ) Ensino fundamental completo ( ) Ensino fundamental incompleto ( ) Ensino médio completo ( ) Ensino médio incompleto ( ) Ensino superior completo ( ) Ensino superior incompleto 1. Você mora em casa própria ou alugada? (A) Própria. (B) Alugada. 2. Dos itens abaixo, quais e quantos você possui em sua residência? Computador/Notebook ( )1 ( )2 ( )3 ou mais Refrigerador ( )1 ( )2 ( )3 ou mais Televisor ( )1 ( )2 ( )3 ou mais Automóvel ( )1 ( )2 ( )3 ou mais 3. Sua família tem o hábito de se alimentar de carne suína? (A) Sim. (B) Não. 50 4. Você prefere a carne bem passada, mal passada ou ao ponto? (A) Bem passada. Ou seja, tostada por fora, rígida ao toque e de coloração marrom em seu interior. (B) Mal passada. Ou seja, carne selada. Tostada por fora apresentando em seu interior aspecto avermelhado e com presença de sangue. (C) Ao ponto. Ou seja, bordas bem tostadas, faixa levemente rosada no centro do corte e apresenta maciez ao toque. 5. Para você, o hábito de lavar as mãos após o uso do sanitário, antes de manusear e de consumir qualquer alimento é algo: (A) Natural. (B) Faz, mas ás vezes se esquece. (C) Não considera necessário. 6. Você e sua família tem costume de comer alimentos crus (frutas, verduras e legumes)? Sim. Não. 7. Quais cuidados você e sua família adotam antes do consumo de alimentos crus? (A) Lavar somente com água. (B) Lavar com água e sabão. (C) Lavar com água e cloro (D) Outro. Qual?________________ 8. Você sabe o que é teníase ou doença causada por solitária? (A) Sim. (B) Não. 9. Você sabe o que é cisticercose? (A) Sim. (B) Não. 51 10. Você sabia que essas doenças são causadas pelo mesmo agente, porém, são doenças diferentes? (A) Sim. (B) Não. 11. De acordo com os seus conhecimentos, por quais destas formas uma pessoa pode adquirir a teníase? (A) Compartilhando talheres e roupas íntimas. (B) Ingerindo os ovos do parasita em alimentos ou água contaminados. (C) Ingerindo as larvas do parasita através de carne crua/mal cozido. (D) Por manter relações sexuais desprotegidas com parceiro que tenha a doença. (E) Todas as alternativas estão corretas. 12. De acordo com seus conhecimentos, por quais destas formas uma pessoa pode adquirir a cisticercose? (A) Ingerindo os ovos do parasita em alimentos ou água contaminados, ou por refluxo ou por não lavar corretamente as mãos após uso do vaso sanitário. (B) Ingerindo as larvas do parasita através de carne crua/mal cozido (C) Por manter relações sexuais desprotegidas com parceiro que tenha a doença. (D) Compartilhando talheres e roupas íntimas. (E) Todas alternativas estão corretas 13. Você sabia que alguns dos sintomas da cisticercose são dores de cabeça, dores abdominais, confusão mental e crises convulsivas? (A) Sim. (B) Não. 14. Você já teve ou conhece alguém que já tenha tido cisticercose? (A) Sim. (B) Não. 52 15. Você sabia que a cisticercose pode afetar vários órgãos e causar desde cegueira, sequelas e até o óbito? (A) Sim. (B) Não. 16. Considera importante saber mais sobre as doenças causadas por esses parasitas? (A) Sim. (B) Não. 17. Por qual via de comunicação você obtém conhecimento sobre as parasitoses? (A) Jornais e Revistas. (B) Redes sociais. (C) Televisão e rádio. (D) Escola. (E) Outros meios. Qual? ______________ 18. Você tem o hábito de tomar antiparasitários? (A) Sim (B) Não 19. Se sua resposta foi sim para a questão anterior, com que frequência faz uso dos antiparasitários? (A) Uma vez ao ano. (B) A cada 6 meses (C) Sempre que considera necessário. (D) Somente com orientação médica após exame parasitológico. (E) Ao apresentar sintomas como: dores de barriga, fezes alternadas em moles e duras, cansaço e ás vezes, aumento do volume
Compartilhar