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MECÂNICA DOS SOLOS – I UNIDADE 02: Tensões (parte 02) Tensões verticais devidas a cargas aplicadas na superfície do terreno e Círculo de Mohr Prof: Helena Paula Nierwinski helnier@gmail.com Introdução • As experiências realizadas nos primeiros tempos da Mecânica dos Solos mostraram que ao se aplicar uma carga na superfície do terreno, numa área bem definida, os acréscimos de tensão numa certa profundidade, não se limitam à projeção da área carregada. Nas laterais da área carregada também ocorrem aumentos de tensões, que se somam as anteriores devidas ao peso próprio. • Sabe-se que a somatória das tensões verticais, nos planos horizontais em qualquer profundidade, e sempre constante. Sendo assim, os acréscimos de tensões abaixo da carga aplicada, diminuem com a profundidade, pois a área atingida aumenta. Introdução Tensões – carga aplicada • Distribuição de tensões no solo devido à carga aplicada à superfície do solo: • Quando ocorre um carregamento sobre a superfície do solo há uma transferência de carga ao maciço, que ocorre em percentuais constantes para cada profundidade. A linha que une os pontos que apresentam os mesmos acréscimos de tensões (mesmo percentual de carga aplicada na superfície) é chamada de isóbara. O conjunto de isóbaras formado pela aplicação de uma carga qualquer é chamado de bulbo de tensões. Tensões – carga aplicada • Distribuição de tensões no solo devido à carga aplicada à superfície do solo: 1 1/2 1/2 1/2 1/4 1/4 1/8 1/8 3/8 3/8 1/16 1/4 3/8 1/4 1/16 1/32 3/32 5/16 5/16 4/32 1/32 P Diferentes percentuais de carga ao longo da profundidade. Tensões diminuem com a profundidade e área de abrangência aumenta. Tensões – carga aplicada • Distribuição de tensões no solo devido à carga aplicada à superfície do solo: 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 P Isóbaras e bulbo de tensões. A propagação de tensões no interior de um maciço ocorre teoricamente até o infinito, mas para fins práticos de engenharia, os valores de tensões menores que 10% do valor de P não causam deformações consideráveis no subsolo de fundações. Tensões – carga aplicada • Tensões no solo devidas à carga aplicada à superfície do solo: • Foram propostas algumas metodologias simplificadas para o cálculo das tensões devidas à carga aplicada à superfície do solo. Algumas consideravam um mesmo valor de tensão uniformemente distribuído, aumentando-se apenas a área de abrangência e outros consideravam a sobreposição de cargas. Ambos os métodos forneciam resultados inaceitáveis à prática da Engenharia. Tensões – carga aplicada • Tensões no solo devidas à carga aplicada à superfície do solo: • Solução de Boussinesq, 1985 • Boussinesq determinou as tensões, deformações e deslocamentos no interior de uma massa elástica, homogênea e isotrópica, num espaço infinito de superfície horizontal, devido a uma carga pontual aplicada ao solo. r z R z Tensões – carga aplicada • Tensões no solo devidas à carga aplicada à superfície do solo: • Solução de Boussinesq, 1985 r z R z 2/5 2 2 1 1 2 3 z rz P z A solução de Boussinesq não considera os parâmetros elásticos do solo. Tensões – carga aplicada • Tensões no solo devidas à carga aplicada à superfície do solo: • No dia a dia da Engenharia observa-se que as cargas pontuais são raras. Trabalha-se rotineiramente com cargas distribuídas (sapatas). • Seguindo-se a teoria de Boussinesq, se uma área de forma qualquer, está carregada na superfície do semi-espaço infinito com uma carga “q” a intensidade do acréscimo de tensões no ponto “P”, no interior da massa, pode ser calculado dividindo-se a área carregada em pequenas partes “dA”, cada uma suportando uma carga pontual. Tensões – carga aplicada • Tensões no solo devidas à carga aplicada à superfície do solo: “q” dA z R r dz DQ = q dA Tensões – carga aplicada • Tensões no solo devidas à carga aplicada à superfície do solo: • Essa carga é considerada concentrada no centro de gravidade da área elementar dA. De acordo com a equação de Boussinesq, cada carga concentrada produz, no ponto “P” um acréscimo diferencial de tensões vertical igual a “dΔσz”. dA zrz q d z 2/522 )/(1 1 2 3 Tensões – carga aplicada • Tensões no solo devidas à carga aplicada à superfície do solo: • A intensidade da variação de tensão no ponto “P” é calculada pela integração da equação apresentada anteriormente (solução complexa) ábacos que possibilitam a determinação de Δσz. Tensões – carga aplicada • Tensões no solo devidas à carga aplicada à superfície do solo: • Solução de Newmark, 1942 carregamentos em áreas retangulares. • Determinação das tensões num ponto abaixo da vertical que passa pelo vértice da área retangular. Verificou-se que a solução era a mesma para situações em que os lados da área retangular e a profundidade fossem as mesmas. a b z Entrada do gráfico: m = a/z n = b/z Tensões – carga aplicada • Tensões no solo devidas à carga aplicada à superfície do solo: • Solução de Newmark, 1942 carregamentos em áreas retangulares. • Como a solução de integração da equação de Boussinesq é bastante complexa, Newmark introduziu um ábaco que permite o cálculo do coeficiente de influência (I) que depende apenas de m e n e permite o cálculo no acréscimo de tensões provocada por um carregamento retangular naquela profundidade. • σz = I ∙ σ0 • Tensões no solo devidas à carga aplicada à superfície do solo: • Solução de Newmark, 1942 carregamentos em áreas retangulares. Tensões – carga aplicada • Tensões no solo devidas à carga aplicada à superfície do solo: • Solução de Newmark carregamentos em áreas retangulares. • Para cálculo do acréscimo de tensões para qualquer outro ponto que não seja abaixo da aresta da área retangular, divide-se a área carregada em retângulos com uma aresta na posição do ponto considerado e considera-se separadamente o efeito de cada retângulo. Tensões – carga aplicada • Tensões no solo devidas à carga aplicada à superfície do solo: • Solução de Newmark carregamentos em áreas retangulares. • Para ponto central de área retangular carregada a b c d e f g h i )()()()()( efcbehifedghebade zzzzz Tensões – carga aplicada • Tensões no solo devidas à carga aplicada à superfície do solo: • Solução de Newmark carregamentos em áreas retangulares. • Para ponto forade área retangular carregada a b c d e f g h i )()()()()( cbefcbhicadfcagic zzzzz Tensões – carga aplicada • Tensões no solo devidas à carga aplicada à superfície do solo: • Área circular carregada: X/R Z / R 0 1 3 4 2 2 3 X Z R q z z Tensões – carga aplicada • Tensões no solo devidas à carga aplicada à superfície do solo: • Ábaco dos “quadradinhos” – área carregada qualquer • Este ábaco foi proposto também por Newmark, 1942. Esta solução consiste em desenhar uma área carregada qualquer na mesma escala do gráfico e contar o número de quadradinhos ocupados pela área. Cada quadradinho provoca 0,5% da tensão aplicada pelo carregamento. Assim, para se saber o acréscimo de tensão vertical multiplica-se o número de quadradinhos por 0,005 e pela tensão aplicada.• Princípio do ábaco: quando a área carregada é muito irregular e aplicada em todo extensão do terreno, em qualquer ponto, a qualquer profundidade, o acréscimo de tensão é igual ao acréscimo aplicado à superfície. Tensões – carga aplicada • Tensões no solo devidas à carga aplicada à superfície do solo: • Ábaco dos “quadradinhos” – área carregada qualquer Tensões – carga aplicada • Tensões no solo devidas à carga aplicada à superfície do solo: • Carga distribuída sobre faixa infinita - Em se tratando de uma placa retangular em que uma das dimensões é muito maior que a outra, como por exemplo, no caso de sapatas corridas e muros, os esforços introduzidos na massa de solo podem ser calculados por meio da formula desenvolvida por Terzaghi e Carothers, considerando-se o cálculo de pressões em um ponto qualquer, a uma profundidade Z, e ângulos em radianos. Tensões – carga aplicada • Tensões no solo devidas à carga aplicada à superfície do solo: Carga distribuída sobre faixa infinita B=2b q x z y Tensões – carga aplicada • Tensões no solo devidas à carga aplicada à superfície do solo: Carga distribuída sobre faixa infinita. )2sen( sen 2 )2cos( sen )2cos( sen x q q q q y z = coef. de Poisson Tensão Geostática horizontal • Ao contrário da tensão vertical a tensão horizontal pode variar bastante em diferentes tipos de solo, e é obtida através de um coeficiente, como indicado abaixo: • Onde: • Ko é denominado de coeficiente de empuxo em repouso e pode variar de 1/3 até 3. • O valor de Ko para uma determinada camada de solo, a uma determinada profundidade, depende do tipo de solo e das tensões que essa camada já sofreu em épocas passadas. '' vooho K Tensão Geostática horizontal • Valores típicos de K0: Solo Ko Areia fofa 0,55 Areia densa 0,40 Argila de baixa plasticidade 0,50 Argila de alta plasticidade 0,65 Argila pré-adensada 1 Argila Normalmente Adensada 1 Tensão Geostática Horizontal • Define-se como argila pré-adensada a argila que, no passado, sofreu tensões maiores das que está submetidas na atualidade, e como argilas normalmente adensadas aquelas em que as maiores tensões já suportadas pela argila atuam na atualidade. • Assim sendo o valor de Ko, a uma determinada profundidade depende: - Do tipo de solo; - Da história de tensões Tensões em um Plano Genérico • Em um plano genérico no interior do subsolo, a tensão atuante não é necessariamente normal ao plano. Esta tensão pode ser decomposta numa componente normal e outra paralela ao plano. A componente normal é chamada de tensão normal (σ) e a componente tangencial de tensão cisalhante (τ). σ τ Tensões em um Plano Genérico CONVENÇÕES: • Tensões normais são consideradas positivas quando são de compressão • Tensões de cisalhamento são consideradas positivas quando atuam no sentido anti-horário • Ângulos positivos são considerados no sentido anti-horário. Tensões em um Plano Genérico • Em qualquer ponto do solo, a tensão atuante e a sua inclinação em relação à normal ao plano variam conforme o plano considerado. • Existem três planos em que a tensão atuante é normal ao próprio plano, não existindo a componente de cisalhamento. Estes planos são ortogonais entre si e recebem o nome de planos de tensão principal ou planos principais, e as tensões neles atuantes são chamadas de tensões principais. Tensões em um Plano Genérico • TENSÕES PRINCIPAIS: ’1 ’3 ’1 σ1 = Tensão principal maior σ3 = Tensão principal menor σ2 = Tensão principal intermediária Para a Engenharia de Solos interessam apenas os valores de σ1 e σ3, pois a resistência depende das tensões de cisalhamento e estas são fruto da diferença entre as tensões principais, sendo a maior diferença dada entre σ1 e σ3. ’3 Círculo de Mohr • O estado de tensões em um ponto pode ser representado graficamente, através do círculo de Mohr. • O Círculo de Mohr é a representação gráfica do estado de tensões no entorno de um ponto, sendo esta representação realizada num sistema de coordenadas onde as abscissas são as tensões normais e as ordenadas as tensões cisalhantes. Círculo de Mohr ’3 ’1 ’3 ’1 ’3 ’1 Círculo de Mohr Círculo de Mohr Tem-se a necessidade de se conhecer as tensões em um plano qualquer. Círculo de Mohr ’3 ’1 ’3 ’1 ’3 ’1 ’ 2 ’ Círculo de Mohr • Propriedades do círculo de Mohr: - A máxima tensão de cisalhamento em módulo ocorrem em planos que formam 45° com os planos principais; - A máxima tensão de cisalhamento é dada por (σ1-σ3)/2; - As tensões de cisalhamento em planos ortogonais são numericamente iguais, mas de sinal contrário; - Em dois planos que formam o mesmo ângulo com o plano principal maior, de sentido contrário, ocorrem tensões normais iguais, e tensões de cisalhamento numericamente iguais, mas de sentido contrário. Círculo de Mohr • Polo é ponto do círculo de Mohr que partindo dele com uma reta esta intercepta o circulo de Mohr no ponto que indica as tensões num plano paralelo a esta reta. Círculo de Mohr )2( 2 )2cos( 22 31 3131 sen Círculo de Mohr • Tensões totais e efetivas: - O círculo de tensões efetivas está deslocado para a esquerda, em relação ao círculo de tensões totais, de um valor igual a pressão neutra; - As tensões de cisalhamento em qualquer plano são independentes da poropressão.
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