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GESTÃO SUSTENTÁVEL 1 Gestão sustentável GESTÃO SUSTENTÁVEL 2 Aula 1: A racionalidade econômica do mundo globalizado Apresentação A responsabilidade social nas empresas surge no Brasil a partir de 1980 e impõe às organizações que pretendiam atuar no mercado global uma nova forma de atender aos padrões de regulação exigidos pelo mercado. À medida que as organizações passam a assumir novos padrões gestionários, podemos dizer que as ações socialmente responsáveis começam a substituir práticas inerentes à economia do mercado. O processo de globalização fez com as empresas da segunda metade do século XX assumissem novos contornos, e assim, dessem lugar às práticas socialmente responsáveis. Os objetivos estratégicos nesta nova vertente justificam-se pela alta demanda em tecnologias intensivas de capital e pelo acesso à matéria-prima com baixo custo. A reorganização dos processos produtivos no mercado global forjaram mudanças e fracionamentos do processo produtivo, promovendo a migração de cadeias produtivas dentro de um novo espectro de globalização. Tal fenômeno culminou em uma globalização caracterizada por efeitos perversos e que teve como ápice problemas sociais graves e altos custos ecológicos para a sociedade humana. São objetivos dessa aula: 1. Reconhecer o princípio da racionalidade econômica e suas interfaces na economia global; 2. Relacionar racionalidade econômica e bem-estar social. Conteúdo Apresentaremos algumas características desse processo, com o firme propósito de ampliar a análise sobre os impactos da globalização abrangente. São elas: GESTÃO SUSTENTÁVEL 3 • As atividades produtivas passam a ser controladas por empresas transnacionais, que assumem o controle do lucro, impedindo assim qualquer possibilidade de uma distribuição igualitária de bens e serviços; • O desgaste dos valores e pilares que alicerçavam a política do bem-estar social, afastando o homem de suas garantias e direitos historicamente conquistados; • A adoção de tecnologias intensivas de capital; • O enfraquecimento dos movimentos sociais e do poder sindical; • O surgimento de uma nova racionalidade econômica, que assume a indiferença pelas questões sociais, anulando as conquistas preexistentes e promovendo um clima de mal-estar civilizatório, premissa da exclusão social; • Concentração de renda e do capital. O princípio da racionalidade econômica, de acordo com Melo Neto e Froes Para Celso Furtado, apud Melo Neto: O fenômeno da racionalidade econômica no mundo globalizado tem sua origem na natureza de um processo produtivo transnacional global, cujo dinamismo se traduz em novo desenho da alocação geográfica dos recursos e em forte concentração social da renda. O princípio da racionalidade econômica justifica-se mediante as ações desenvolvidas pelo homo economicus. Segundo esta hipótese, os indivíduos em sociedade buscam atender suas necessidades básicas, organizando suas escolhas por ordem de preferência e satisfação. Podemos concluir que a racionalidade econômica deve ser considerada uma forma utópica de realização, visto que somos influenciados pelo entorno ético ao qual pertencemos. Os indivíduos ou organizações são chamados à racionalidade para fundamentar as suas decisões de maneira lógica e objetiva. Dessa forma, a tomada de decisão sobre GESTÃO SUSTENTÁVEL 4 diferentes processos produtivos ocorrerá como parte do modelo econômico vigente, tendo como principal ênfase a concentração de renda e do capital. Os principais norteadores da racionalidade econômica apontam para a concentração de renda, sem contar com qualquer aparato ético. A racionalidade econômica e ecologia humana No início de 2000, o tema assume novos contornos, como a sustentabilidade integral, local, global e, mais recentemente, sustentabilidade dos negócios e da vida em sociedade. Nesse sentido, a sustentabilidade apresenta-se como um conceito amplo, mas com uma essência evidente, ou seja, as ações presentes sendo pensadas quanto aos seus resultados para as gerações futuras. Apesar do crescente aumento de investimentos sociais corporativos, nacionais e internacionais, Melo Neto afirma que a comunidade empresarial está dividida em dois segmentos: ➢ As empresas que privilegiam as atividades diretamente ligadas à rentabilidade dos seus negócios. Nesse caso, o exercício da responsabilidade social não faz parte do portfólio de negócios da empresa; ➢ As empresas que veem a responsabilidade e a sustentabilidade social como funções estratégicas. Nesse segmento, as ações sociais desenvolvidas impelem a empresa às práticas de responsabilidade social e o desenvolvimento sustentável, assegurando assim a harmonia de três elementos: proteção ambiental, crescimento econômico e equidade social. Meadows, Meadows e Randers (1992) definem a sustentabilidade como uma estratégia de desenvolvimento que resulta na melhoria de qualidade da vida humana e na minimização simultânea dos impactos socioambientais. Nesse sentido, sugerem a gestão integrada, que representa a visão conexa e holística dos aspectos do desenvolvimento social, crescimento econômico e proteção ambiental. Até 1970, as organizações eram pensadas como empresas saudáveis se, no seu balanço, ficassem comprovados os lucros crescentes, um patrimônio estável e baixíssimo endividamento. GESTÃO SUSTENTÁVEL 5 A partir de 1980, as organizações passaram a estruturar suas ações dentro das premissas da nova ordem econômica, também chamada de economia social, amparada nas premissas do Triple Bottom Line, também conhecido como os três Ps identificados como people (pessoas), planet (planeta) e profit (lucro). Esses requisitos são componentes indispensáveis à nova configuração das organizações sustentáveis. O conjunto de valores e práticas que estruturam os novos cenários da sustentabilidade organizacional potencializaram os mais diversos tipos gestionários, passando a incorporar em empresas, universidades, ONGs, Secretarias de Estado entre outros, com vistas a restabelecer o equilíbrio sustentável de forma sistêmica. O interesse pelo desenvolvimento sustentável e a aproximação entre as organizações e os princípios da sustentabilidade humana e organizacional advêm da necessidade de migrar para o mercado global, atendendo suas principais exigências. Tais demandas impulsionaram o mundo dos negócios para níveis progressivos de transparência em seus processos de negociação. Ao abordarmos as competências que são necessárias à manutenção da sustentabilidade organizacional, percebemos que esse processo se tornou irreversível, pois as demandas do novo século nos impõem o aprimoramento de práticas gestionárias que fundamentam a gestão sustentável, tornando imperiosa a busca por competências que alicercem o desenvolvimento através dos pilares social, econômico e ambiental. As premissas do agir organizacional estão baseadas nas três sustentabilidades referendadas anteriormente e propõem o equilíbrio capaz de conciliar desenvolvimento econômico e ambiental, reduzindo impactos e incentivando a criação de políticas que se comprometam com o uso sustentável firmados nos princípios da ecoeficiência, com o firme propósito de satisfazer as necessidades humanas e proporcionar qualidade de vida. Uma das premissas da sustentabilidade organizacional consiste no respeito às diferenças e às minorias, historicamente vitimadas em seus direitos básicos. Pilares da sustentabilidade humana segundo Melo Neto e Froes Os autores avançaram em seus estudos e pesquisasao desenvolver os pilares da sustentabilidade em três níveis, indicando as ações socialmente responsáveis. GESTÃO SUSTENTÁVEL 6 I. No âmbito da proteção ambiental, as empresas devem adotar as seguintes ações: • Gestão de consumo de energia e de recursos naturais; • Gestão eficiente do uso de matérias-primas, reduzindo o custo do tratamento de resíduos; • Gestão de produtos ecologicamente corretos; • Gestão de resíduos e da saúde ambiental. II. Quanto ao desenvolvimento econômico, compete às empresas socialmente responsáveis e sustentáveis: • Gestão democrática do trabalho, gerando novas oportunidades de emprego e de renda; • Gestão de produtos e serviços; • Gestão da rede de parceiros e fornecedores; • Gestão e fomento da economia popular. III. No campo da equidade social, os desafios para as empresas consistem em: • Gestão de ações éticas, repudiando as práticas desonestas; • Gestão de ações afirmativas de contratação e desenvolvimento de grupos étnicos, de minoria e PNEES; • Gestão da diversidade cultural e de talentos; • Gestão de programas e projetos sociais de combate à miséria e à pobreza; • Gestão da mobilidade social; • Gestão participativa dos negócios. GESTÃO SUSTENTÁVEL 7 O estado do bem-estar social A ideologia do bem-estar e a filosofia do pleno emprego cederam lugar ao novo modelo de globalização e suas respectivas lógica e racionalidade. Tal lógica e racionalidade econômica, de caráter global, se sobrepõem aos valores mais substantivos, formadores de nacionalidade e do desenvolvimento social. O “estado de bem-estar social” (do inglês, welfare state) trata-se de uma nova perspectiva em que o Estado volta-se para o campo social e econômico, na qual a distribuição de renda para a população, bem como a prestação de serviços públicos básicos, é vista como uma forma de combate às desigualdades sociais. O estado do bem-estar social nos impele para uma nova racionalidade econômica, que se define em termos globais onde o núcleo decisório está fora do Estado. O fortalecimento do sistema econômico mundial de certa forma se contrapõe ao enfraquecimento das forças sociais e passa a investir na maximização das forças tecnológicas, prevalecendo assim a visão de mercado baseada nas estratégias das empresas transnacionais e multinacionais. Melo Neto e Froes (2001) enfatizam que o estado do bem-estar social investe na ética da responsabilidade social, pondo fim à “ética do dinheiro”. A partir desse novo paradigma, podemos perceber que as organizações passam a investir na solidariedade e no debate civilizatório. A adoção de comportamentos éticos contribui para o desenvolvimento de ações que se comprometam com a minimização de problemas sociais, a participação social e política, o envolvimento com projetos sociais e a redução de problemas sociais. Tais ações funcionariam como antídotos para a exclusão social, materializada pela alienação imposta, a deterioração das relações de trabalho, a adoção de comportamentos antiéticos, entre outros. A partir de 1990, as organizações contemporâneas passam a manter seu foco na ética da cidadania empresarial. A ênfase se dá na busca de soluções para os problemas relacionados à dinâmica empresa-comunidade, contemplando em suas práticas as vertentes internas e externas. Ações de responsabilidade social Segundo Melo Neto e Froes (2001), o exercício da responsabilidade social tem dois focos distintos: os projetos sociais e as ações comunitárias. GESTÃO SUSTENTÁVEL 8 Para os autores, os projetos sociais são empreendimentos voltados para a busca de soluções em situações de alto risco. Tais problemas, se negligenciados ou enfrentados sem a determinação exigida pelas circunstâncias, agravam-se com o tempo e demandam soluções imediatas e de médio e longo prazos. Sustentabilidade organizacional No atual cenário, as empresas estão de alguma forma envolvidas no processo de globalização de seus negócios e com as exigências que deles derivam. Sendo assim, a preocupação com a qualidade de vida das populações adquire contornos mundiais. Concluímos que uma organização socialmente responsável não deve pensar em termos de lucro, mas precisa responsabilizar-se pelos impactos de seus negócios sobre os ambientes “eco-humanos” onde atua direta ou indiretamente. Há muito tempo que as organizações responsáveis trocaram sua gestão orçamentária por uma gestão estratégica. Aprenda Mais Assistir ao vídeo: Objetivos Globais para o Desenvolvimento Sustentável – ONU, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=MKH97nZXRys>. Acesso em 27 jun. 2017. Exercícios de Fixação Questão 1: O conceito de sustentabilidade em relação aos negócios está alicerçado em três pilares: a) Desenvolvimento econômico, social e ambiental. b) Desenvolvimento ambiental, lógico e a estrutura física da organização. c) Desenvolvimento histórico, ambiental e lógico. d) Desenvolvimento ideológico, social e ambiental. e) Desenvolvimento ambiental, social e a estrutura física da organização. Questão 2: GESTÃO SUSTENTÁVEL 9 No âmbito da proteção ambiental, as empresas devem adotar as seguintes ações, exceto: a) Gestão de consumo de energia e de recursos naturais. b) Gestão eficiente do uso de matérias-primas, reduzindo o custo do tratamento de resíduos. c) Gestão econômica, evitando ao máximo os desperdícios e depositando os resíduos na natureza para futura degradação natural. d) Gestão de produtos ecologicamente corretos. e) Gestão de resíduos e da saúde ambiental. Questão 3: Quanto ao desenvolvimento econômico, compete às empresas socialmente responsáveis e sustentáveis possuir uma: a) Gestão parcialmente democrática do trabalho, gerando oportunidades de emprego e de renda, baseando- se no mérito do indivíduo. b) Gestão de produtos e serviços, separando resíduos úteis para a empresa e livrando-se do resto do lixo. c) Gestão e fomento da economia federal, a fim de contribuir para o crescimento do país. d) Gestão da rede de parceiros e fornecedores. e) Nenhuma das anteriores. Questão 4: No campo da equidade social, os desafios para as empresas consistem em, EXCETO: a) Gestão de ações éticas, repudiando as práticas desonestas. b) Gestão através da meritocracia. c) Gestão de ações afirmativas de contratação e desenvolvimento de grupos étnicos, de minoria e PNEES. d) Gestão da diversidade cultural e de talentos. e) Gestão de mobilidade social. Referências GESTÃO SUSTENTÁVEL 10 ALMEIDA, Fernando. Os desafios da sustentabilidade: uma ruptura urgente. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. D’ARAUJO, Maria Celina. Capital social. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2003. MELO NETO, Francisco P. de. Gestão da Responsabilidade Social Corporativa: o caso brasileiro. Qualitymark, 2001. ZOHAR, Danah. O ser quântico: uma visão revolucionária da natureza humana e da consciência, baseada na nova física. Rio de Janeiro: Best Seller, 2005. Aula 2 – A crise civilizacional da sociedade moderna Apresentação Vivemos uma crise ética e civilizacional sem precedentes na história da sociedade moderna. Fenômenos como conflitos étnicos e raciais provocados pela intolerância, discriminação e desvalorização da pessoa humana têm se constituído em urgências do mundo contemporâneo. Por essa razão, entendemos que todos os setores da sociedade organizada devem estar atentos às diferentes formas de violência, buscando resgatar uma cultura de paz e equilíbrio na sociedade humana.São objetivos dessa aula: 1. Avaliar a crise civilizacional no contexto brasileiro; 2. Identificar as diferentes manifestações da crise civilizacional, tais como: crise ecológica, crise econômica, crise no trabalho, dentre outras. Conteúdo O Brasil no contexto da crise civilizacional Para Leonardo Boff, vivemos num difuso mal-estar da civilização, que se materializa em ações responsáveis pelo descuido e pelo abandono social. Estas práticas materializam a exclusão social, afastando o homem de seus direitos e garantias sociais. GESTÃO SUSTENTÁVEL 11 Algumas ações são emblemáticas e se transformam em vetores de marginalização e reprodução de miséria, gerando na sociedade índices alarmantes como a fome, a miséria, o desemprego, entre outros. Situações semelhantes se refletem em problemas sociais, comprometendo direitos universais como educação, trabalho, moradia, segurança. O mal-estar civilizatório reflete a ausência do Estado e o descompromisso da sociedade para com os segmentos excluídos da sociedade. A denúncia de práticas de indiferença e de descuidos para com os cidadãos nos levam ao reconhecimento de uma ética perversa que se expressa pelo descaso e pelo abandono. Tal situação justifica o enfraquecimento de valores e crenças que se traduzam na solidariedade universal em detrimento da ênfase no lucro e na exaltação da propriedade. Para Morin (2007-2011): A identificação de ameaças à sobrevivência da democracia, num clima de crescentes incertezas provocadas por crises contemporâneas, tem nos conduzido a estabelecer uma relação paradoxal entre a expansão democrática e as ameaças de maior ou menor impacto que produzem na sociedade brasileira sentimentos de impotência e insegurança. A partir das duas últimas décadas do século XX, passamos a presenciar mudanças significativas que alteraram o modus vivendi da sociedade, provocadas pelo avanço tecnológico, além dos efeitos da produção e disseminação do conhecimento que nos mantiveram articulados por uma revolução científica e tecnológica. Evoluímos de uma sociedade do conhecimento para uma sociedade de risco. Aspectos referentes à transitoriedade das relações e dos processos sociais, bem como os impactos da conectividade nas dimensões humanas e políticas, conduzem-nos para a formação de uma sociedade que se regula em rede. Crise civilizacional e democracia: os novos desafios • Identificar e combater as práticas de mal-estar social; GESTÃO SUSTENTÁVEL 12 • Promover o fortalecimento de valores que sustentem a dignidade humana; • Resgatar a solidariedade internacional; • Combater a alienação imposta; • Fortalecer a ação dos movimentos sociais. As ações acima nos ajudam a estruturar cenários mais harmônicos e solidários, responsáveis por práticas inclusivas definidas por políticas públicas. A partir do exposto, entendemos que o resgate da cidadania se faz a partir do revigoramento do debate civilizatório, convidando todos os segmentos da sociedade para participar. A restauração da relação entre os setores da vida em sociedade se constitui como uma das principais dívidas sociais, pois impede o associativismo e a cooperação da solidariedade social. Os capitais da sustentabilidade humana Os capitais da sustentabilidade humana se distribuem em quatro dimensões básicas: 1) O capital humano: caracterizado pela capacidade de as pessoas atuarem de forma efetiva na sociedade. Para que sua participação na sociedade se manifeste, é necessário que avance em sua escolaridade, e portanto, possa desenvolver habilidades e conhecimentos. As organizações que valorizam o capital humano deverão desenvolver ações de liderança que invistam em seu coletivo organizacional, desenvolvendo atividades de cunho social e cultural com o propósito de promover o fomento do desenvolvimento social; 2) O capital social: percebido como fator de desenvolvimento das economias, tendo como base o investimento nas ações de investimentos sociais. Ações sociais baseadas na confiança demonstram a capacidade de os membros de um grupo se envolverem com questões coletivas não só no âmbito profissional, mas também no âmbito social; GESTÃO SUSTENTÁVEL 13 3) O capital espiritual: é um elemento que possibilita compreender a espiritualidade para além da questão religiosa. As organizações contemporâneas buscam desenvolver a conexão entre o mundo físico e o espiritual, abrindo possibilidades de olhar para as organizações a partir de valores humanos; 4) O capital emocional: a necessidade de desenvolver o capital humano, social e espiritual evoca o aprimoramento na área emocional, em face da necessidade de manifestar autoestima positiva e autocontrole. A capacidade relacional no trabalho e na sociedade se concretiza através de práticas de boa convivência e de cuidado, com ênfase para os aspectos de interação interpessoal e intrapessoal, aprofundando assim os conceitos de inteligência emocional. Os líderes precisam estar atentos para lidar com conflitos e aspectos intangíveis presentes nos relacionamentos. Ao investir no autodesenvolvimento das potencialidades e competências pessoais, ampliamos o potencial emocional. Somos seres dotados de intuição e fortemente mobilizados pelos intuitos do meio ambiente. Nossa capacidade de adaptação nos possibilita uma progressiva aprendizagem sobre o meio relacional e evoluindo em sua carga identitária. Atividade Proposta Analise o artigo 10 Histórias de Negócios Sustentáveis que moldaram 2015 da Harvard Business Publishing, através do link: <https://hbr.org/2015/12/10-sustainable- business-stories-that-shaped-2015>. Acesso em 26 jun. 2017. Aprenda Mais Assistir ao vídeo: O que é gestão sustentável. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=1GsCxi7Jj8Y>. Acesso em 26 jun. 2017. Exercícios de Fixação Questão 1: Não é um dos capitais da sustentabilidade humana: GESTÃO SUSTENTÁVEL 14 a) O capital humano. b) O capital social. c) O capital espiritual. d) O capital emocional. e) O capital cultural. Questão 2: A respeito dos capitais da sustentabilidade humana, qual das alternativas preenche perfeitamente o espaço em branco da frase abaixo? “___________, caracterizado pela capacidade de as pessoas serem cada vez mais instruídas e saberem gerar novas habilidades e conhecimentos”. a) O capital humano. b) O capital social. c) O capital socioeconômico. d) O capital emocional. e) O capital espiritual. Questão 3: “Observa-se que se, por um lado, o conceito de cidadania empresarial vem tendo maior receptividade pelas empresas, na medida em que está recebendo, na prática, uma conotação de gestão de relações comunitárias; por outro lado, o conceito de responsabilidade social se vem consolidando como um conceito intrinsicamente interdisciplinar, multidimensional e associado a uma abordagem sistêmica [...]. Conclui-se que o conceito de cidadania empresarial, para não ter sua prática limitada a projetos específicos, precisa ser desenvolvido num espectro mais amplo, permeando toda a organização, incorporando a performance social corporativa e tendo, como pano de fundo, o desenvolvimento sustentável. “ (ASHLEY, P.A.; COUTINHO, R.B.G.; TOMEI, P.A. Responsabilidade Social Corporativa e Cidadania Empresarial: uma análise conceitual comparativa. 2012.) GESTÃO SUSTENTÁVEL 15 Considerando-se os aspectos expostos no texto acima, o conceito de responsabilidade social corporativa, para sua construção teórica e aplicação prática, além da sua incorporaçãoà orientação estratégica da empresa, requer: a) Execução rígida do planejamento das etapas de produção. b) Adoção de perspectivas normativas restritas aos interesses dos gerentes. c) Obrigatoriedade da incorporação dos trabalhadores como acionistas da empresa. d) Estratégias em busca da intensificação incessante do lucro. e) Desafios éticos para as diferentes dimensões do negócio. Questão 4: A crise civilizacional expressa diferentes racionalidades que mobilizam aspectos fundamentais da sociedade brasileira. Identifique a fator que diverge dessa premissa: a) Desemprego e exclusão social. b) Marginalização do social. c) Neutralização da ação do estado. d) Destruição dos valores da cidadania empresarial. e) Empoderamento das camadas populares. Referências ALMEIDA, Fernando. Os desafios da sustentabilidade: uma ruptura urgente. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. BAUMAN, Zygmunt. Globalização: As consequências humanas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1999, 145 p. IANNI, Octavio. Teorias da Globalização. 14. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007, 271 p. GESTÃO SUSTENTÁVEL 16 Aula 3 – O protagonismo do Terceiro Setor Apresentação A partir de 1980, a sociedade brasileira vem se organizando para atender as crescentes demandas que envolvem serviços assistenciais que deveriam ser oriundos da gestão pública, mas que passaram a ser absorvidos por organizações não governamentais através de intelectuais e cidadãos comprometidos com o banimento da miséria e da exclusão social. São objetivos dessa aula: 1. Reconhecer a capacidade transformacional do Terceiro Setor; 2. Identificar as principais ações das ONGs na sociedade contemporânea e o impacto dessa intervenção. Conteúdo O que é o Terceiro Setor O Terceiro Setor é composto por associações e entidades e é classificado como Terceiro Setor ou Third Sector, conforme foi conceituado nos Estados Unidos, a partir de 1980. Estudos e pesquisas recentes demonstram que o desenvolvimento deste setor no Brasil ocorreu a partir da defesa dos direitos humanos e da promoção do meio ambiente e de desenvolvimento rural. As organizações que fazem parte do Terceiro Setor têm exercitado uma nova forma de apresentar seus relatórios, visto que o rigor na regulação das práticas adotadas necessita de maior transparência e controle da sociedade e do Estado. Tal controle evidencia a necessidade de “fazer mais com menos”, priorizando as verdadeiras necessidades dos diferentes segmentos assistidos, abolindo práticas acessórias, de efeito puramente cosmético. A Lei 13.019, de 31 de julho de 2014, em vigor a partir de janeiro de 2016 no que tange aos recursos federais e estaduais e entrará em vigor, a partir de 2017 para os recursos municipais, passou a regular as transferências voluntárias de recursos de entres federados para as organizações do Terceiro Setor. Suas principais contribuições GESTÃO SUSTENTÁVEL 17 consistem em promover a transparência das ações desenvolvidas e dos recursos disponíveis, a medição e o controle dos resultados obtidos, bem como do impacto social das intervenções, da atuação em rede, entre outros. A gestão nas organizações do Terceiro Setor Reduzir a gestão dessas organizações a simples aplicação de técnicas gerenciais do setor estatal ou privado pode comprometer a efetividade da missão e os objetivos organizacionais. Segundo Drucker (1999), o Terceiro Setor é caracterizado por uma nova e revolucionária forma de economia, que passou a ser intitulada como economia social. Ele acrescenta ainda que este foi o setor que mais se desenvolveu, gerando novas oportunidades de emprego e multiplicou de forma exponencial as ações sociais. Torna-se fundamental, portanto, repensar criticamente a atuação e as propostas de cada entidade, principalmente no que tange à necessidade de propor uma gestão profissionalizada e apta a lidar com a complexidade social existente no escopo de cada um dos projetos sociais. A partir da nova lei, poderão participar na destinação de recursos públicos, desde que estejam alinhados com as diretrizes legais. Indicadores do Instituto Ethos Para o Instituto Ethos, o principal desafio da gestão corporativa consiste em administrar a diversidade, investindo no desenvolvimento de representantes de diferentes grupos étnicos, culturais e políticos através de políticas públicas e ações de inclusão social. O Instituto Ethos colabora conosco em deferentes demandas sociais e combate a violência e as desigualdades de gênero. Segundo seus princípios básicos, “a vantagem competitiva de uma empresa será determinada em grande medida pela qualidade da relação que ela mantém com as pessoas, interna e externamente. E essa qualidade está diretamente relacionada ao problema da inclusão ou exclusão de diferentes grupos sociais”. A valorização da diversidade é uma tendência, pois a necessidade de transformar as práticas de preconceito e estereótipo em ações cidadãs é uma urgência social. Os prejuízos gerados por posturas discriminatórias podem provocar danos graves à imagem da organização, comprometendo sua permanência no mercado. GESTÃO SUSTENTÁVEL 18 As empresas devem ser percebidas como espaços inclusivos vocacionados à transformação social. Somente assim serão caracterizadas como empresas cidadãs e terão sua imagem reconhecida pela sociedade. Balanço social No balanço social, a empresa mostra o que faz por seus profissionais, dependentes, colaboradores e comunidade, dando transparência às atividades que buscam melhorar a qualidade de vida para todos. Ou seja, sua função principal é tornar pública a responsabilidade social empresarial, construindo maiores vínculos entre a empresa, a sociedade e o meio ambiente. O balanço social é uma ferramenta que, quando construída por múltiplos profissionais, tem a capacidade de explicitar e medir a preocupação da empresa com as pessoas e com a vida no planeta. A partir de 1960, nos EUA e na Europa, o repúdio da população à guerra do Vietnã deu início a um movimento de boicote à aquisição de produtos e ações de algumas empresas ligadas ao conflito. A sociedade exigia uma nova postura ética, e diversas empresas passaram a prestar contas de suas ações e objetivos sociais. A elaboração e divulgação anual de relatórios com informações de caráter social resultaram no que hoje se chama de balanço social. No Brasil, a ideia começou a ser discutida na década de 1970. Contudo, apenas em 1980 surgiram os primeiros balanços sociais de empresas. A partir de 1990, as corporações de diferentes setores passaram a publicar o balanço social anualmente. A proposta, no entanto, só ganhou visibilidade nacional quando o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, lançou através do IBASE, em junho de 1997, uma campanha pela divulgação voluntária do balanço social. Com o apoio e a GESTÃO SUSTENTÁVEL 19 participação de lideranças empresariais, a campanha decolou e vem suscitando uma série de debates através da mídia, seminários e fóruns. Em 1998, para estimular a participação das corporações, o IBASE lançou o Selo Balanço Social - IBASE. O selo é conferido anualmente a todas as empresas que publicam o balanço social no modelo sugerido, dentro da metodologia e dos critérios propostos. Através deste selo, as empresas podem mostrar — em seus anúncios, embalagens, balanço social, sites e campanhas publicitárias — que investem em educação, saúde, cultura, esportes e meio ambiente, sua atuação socialmente responsável. Tabela1. (fonte: IBASE) 2) Indicadores sociais internos Valor (Mil R$) % Sobre FPB % Sobre RL Valor (Mil R$) % Sobre RO % Sobre RL Alimentação MODELO IBASE 1) Base de cálculo 2001 Valor (Mil Reais) 2000 Valor (Mil Reais) Receita Líquida (RL) Resultado Operacional (RO) Folha de pagamento bruta (FPB) GESTÃO SUSTENTÁVEL 20 Encargos sociais compulsórios Previdência privada Saúde Segurança e medicina no trabalho Educação Cultura Capacitação e desenvolvimento profissional Creches ou auxílio-creche Participação nos lucros e resultados Outros Total – Indicadores sociais internos Tabela 2. (fonte: IBASE) 3) Indicadores sociais externos Valor (Mil R$) % Sobre FPB % Sobre RL Valor (Mil R$) % Sobre RO % Sobre RL Educação Cultura Saúde e Saneamento GESTÃO SUSTENTÁVEL 21 Habitação Esporte Lazer e diversão Creches Alimentação Outros Total das contribuições para a sociedade Tributos (excluídos encargos sociais) Total – Indicadores sociais externos Tabela 3. (fonte: IBASE) 4) Indicadores ambientais Relacionados com a operação Em programas e/ou projetos externos Total dos investimentos em meio ambiente Tabela 4. (fonte: IBASE) GESTÃO SUSTENTÁVEL 22 5) Indicadores do corpo funcional Nº de empregados ao final do período Nº de admissões durante o período Nº de empregados terceirizados Nº de empregados acima de 45 anos Nº de mulheres que trabalham na empresa % de cargos de chefia ocupados por mulheres Nº de negros que trabalham na empresa % de cargos de chefia ocupados por negros Nº de empregados portadores de deficiência Tabela 5. (fonte: IBASE) 6) Informações relevantes quanto ao exercício da cidadania empresarial Relação entre a maior e a menor remuneração na empresa Número total de acidentes de trabalho Os projetos sociais e ambientais desenvolvidos pela empresa foram definidos: ( ) pela direção ( ) direção e gerências ( ) todos os empregados ( ) pela direção ( ) direção e gerências GESTÃO SUSTENTÁVEL 23 ( ) todos os empregados Os padrões de segurança e salubridade no ambiente de trabalho foram definidos: ( ) pela direção ( ) direção e gerências ( ) todos os empregados ( ) pela direção ( ) direção e gerências ( ) todos os empregados A previdência privada contempla: ( ) direção ( ) direção e gerências ( ) todos os empregados ( ) direção ( ) direção e gerências ( ) todos os empregados Na seleção dos fornecedores, os mesmos padrões éticos e de responsabilidade social e ambiental adotados pela empresa: ( ) não são considerados ( ) são sugeridos ( ) são exigidos ( ) não são considerados ( ) são sugeridos ( ) são exigidos Quanto à participação dos empregados em programas de trabalho voluntário, a empresa: ( ) não se envolve ( ) apoia ( ) organiza e incentiva ( ) não se envolve ( ) apoia ( ) organiza e incentiva Tabela 6. (fonte: IBASE) Atividade Proposta Analise o modelo de balanço social da empresa Banco do Brasil, através do link: <http://www45.bb.com.br/docs/ri/ra2010/port/ra/06.htm>. Acesso em 26 jun. 2017. Aprenda Mais: Assistir ao vídeo: A história das coisas. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=7qFiGMSnNjw>. Acesso em 26 jun. 2017. GESTÃO SUSTENTÁVEL 24 Exercícios de Fixação Questão 1: Complete a frase abaixo: “O ____________ é constituído por organizações sem fins lucrativos e não governamentais, que tem como objetivo gerar serviços de caráter público”. a) Terceiro Setor. b) Segundo Setor. c) Fundo Monetário Internacional. d) Empreendedorismo ambiental. e) Nenhuma das anteriores. Questão 2: No balanço social, a empresa mostra o que faz por seus profissionais, dependentes, colaboradores e comunidade, dando transparência às atividades que buscam melhorar a qualidade de vida para todos. a) Sua função principal é tornar pública a responsabilidade social empresarial, construindo maiores vínculos entre a empresa, a sociedade e o meio ambiente. b) Sua principal finalidade é tornar pública a economia da organização, construindo maiores vínculos entre a empresa e o tribunal de contas. c) Sua função principal é manter em sigilo a responsabilidade social empresarial, construindo de maneira ética maiores vínculos entre a empresa, a sociedade e o meio ambiente. d) Sua principal finalidade é analisar os gastos financeiros da empresa, permitindo assim organizar e planejar atividades que ajudem a população. e) Nenhuma das anteriores. GESTÃO SUSTENTÁVEL 25 Questão 3: Em 1998, para estimular a participação das corporações, o IBASE lançou o Selo Balanço Social IBASE - Betinho. O selo é conferido anualmente a todas as empresas que publicam o balanço social no modelo sugerido pelo IBASE, dentro da metodologia e dos critérios propostos. a) Este selo tem como finalidade avaliar os investimentos que as empresas fazem em projetos sociais. b) Através deste selo, as empresas possuem descontos em tributos, fazendo com que queiram participar de atividades que busquem melhorar a qualidade de vida da população. c) Através deste selo, as empresas podem investir em educação, saúde, cultura, esportes e meio ambiente, mas em sigilo, sem expor à mídia os nomes dos beneficiados. d) Através deste selo, as empresas podem divulgar que investem em educação, saúde, cultura, esportes e meio ambiente. e) Nenhuma das anteriores. Questão 4: A respeito dos indicadores do instituto ETHOS, marque a alternativa correta. I - Trata-se de uma ferramenta de autodiagnóstico cuja principal finalidade é auxiliar as empresas a gerenciar os impactos sociais e ambientais decorrentes de suas atividades. II – Esses indicadores foram criados como uma ferramenta de aprendizado e autoavaliação da gestão no que se refere à incorporação da responsabilidade social ao planejamento estratégico e ao monitoramento geral da empresa. III – É formado a partir de um questionário (questões de profundidade, solidariedade e intensidade). GESTÃO SUSTENTÁVEL 26 a) As alternativas I e II estão corretas. b) As alternativas I e III estão corretas. c) As alternativas II e III estão corretas. d) Só a alternativa I está correta. e) Só a alternativa III está correta. REFERÊNCIAS QUEIROZ, Marco. Empreendedorismo social e desenvolvimento. In: VOLTOLINI, Ricardo (Org.). Terceiro Setor: planejamento e gestão. São Paulo: Senac, 2004. KORTEN, David, apud KISIL, Marcos. Organização social e desenvolvimento sustentável: projetos de base comunitária. In: Evelyn B. Ioschpe (Org.) 2000. Terceiro Setor: desenvolvimento social sustentado. São Paulo: Paz e Terra, 1997. SILVA, Antônio L. de P. Gestão e sustentabilidade. Publicação Interna da Oficina de Mobilização de Recursos. Ashoka Empreendimentos Sociais, 2002.Aula 4 – Gerenciamento do comportamento ético Apresentação Sabemos que as organizações deste século buscam atender, para além de suas obrigações legais e financeiras, às suas responsabilidades éticas, morais e sociais. A sobrevivência e a evolução dos negócios estão associadas cada vez mais a sua capacidade de adotar e aperfeiçoar condutas marcadas pela solidariedade, humildade, justiça e pela preservação da integridade e dos direitos das pessoas. Não devemos confundir ética e moral: a ética não cria a moral e nem estabelece seus princípios, normas ou regras: ela já se encontra numa dada sociedade ou grupo. As responsabilidades éticas correspondem às ações socialmente responsáveis, às políticas e condutas desejadas na sociedade democrática. Essas responsabilidades éticas refletem não só o código ético das organizações, mas também o sistema de crenças que sustentam tais práticas. Os valores presentes no sistema de crenças de uma organização sustentam as práticas manifestas nas organizações, pois como sabemos moral e ética se complementam. GESTÃO SUSTENTÁVEL 27 Concluindo, podemos afirmar que os valores morais de um grupo dentro ou fora das organizações definem o que é ético, e somente a partir deste momento os Códigos de Ética são elaborados com padrões de conduta mais rigorosos. De acordo com autores que pesquisam sobre ética, podemos afirmar que os programas de responsabilidade social corporativa são fundamentais, principalmente no momento em que a sociedade atravessa uma séria crise de valores. A sobrevivência dos negócios depende, portanto, da capacidade de adotar e aperfeiçoar posturas éticas que legitimem uma imagem de empresa cidadã. As pressões que emanam da sociedade exigem adotar um novo ethos que passou a reger o mundo globalizado. Dessa forma, a política adotada pela empresa, bem como os estilos de lideranças adotados, passam a ser repensados em prol de novos modelos de negócios pautados em atitudes éticas e moralmente corretas. São objetivos dessa aula: 1. Identificar a importância do comportamento ético nas organizações; 2. Avaliar a conduta ética nas empresas, combatendo os contravalores que comprometem e violam o código ético das organizações. Conteúdo O comportamento ético das empresas A partir do momento em que as organizações passarem a adotar e difundir comportamentos éticos, as ações praticadas nelas devem ser confiáveis e duradouras, dispostas em três vetores éticos, a saber: • Adoção de valores éticos referentes aos direitos humanos, às liberdades e garantias individuais, às obrigações contratuais e à obediência aos princípios legais; • Difusão de valores éticos junto aos diversos públicos nos quais atua; • Transferência de valores éticos, desenvolvendo a capacidade de incorporar valores à cultura organizacional. GESTÃO SUSTENTÁVEL 28 O gerenciamento ético deve combater a ética da irresponsabilidade, recusando-se a adotar: • O estímulo à competição desenfreada; • O foco nos negócios, centrados apenas nos resultados; • O abuso de poder e o cerceamento da autonomia; • O predomínio de comportamentos individualistas e egocêntricos; • A violação dos direitos humanos e do trabalhador; • As ações que causam prejuízos ao meio ambiente; • A fabricação de produtos nocivos à saúde e segurança das pessoas. Os alvos do comportamento ético empresarial devem funcionar como focos estratégicos, pois o maior envolvimento com estes setores reflete o respeito aos padrões éticos universais e às premissas da cidadania empresarial. O envolvimento das organizações deve ocorrer desde as relações com a comunidade local até a sociedade global. O fato de estarmos conectados e submissos aos diferentes ambientes culturais presentes no mundo globalizado nos obriga a pensar o gerenciamento ético das organizações como uma forma de exigência. Se estamos falando de gerenciamento ético, sempre haverá um contexto influenciador, sensível às culturas externas e sujeito aos princípios e valores da sociedade global. Por essa razão, devemos investir em princípios que sejam norteadores da responsabilidade social corporativa em contextos nos quais as ações se justifiquem pelo compromisso com a equidade e a dignidade humana. A globalização transformou de forma irreversível os cenários culturais em que as empresas se inserem. O conceito de cultura organizacional nos remete aos valores éticos e culturais baseados em pilares como ética e moralidade. Concluímos que a responsabilidade social corporativa tem de ser pensada em relação ao seu pertencimento no mundo culturalmente definida por normas e valores que refletem sistemas culturais mais amplos e abrangentes. GESTÃO SUSTENTÁVEL 29 A ética a irresponsabilidade social externa Segundo Melo Neto e Froes, uma empresa socialmente responsável deve manifestar sua conduta responsável também no seu relacionamento com seus clientes, fornecedores, parceiros, governo, sociedade e comunidade. De acordo com os autores, suas práticas irresponsáveis consistem em: • Utilizar práticas de marketing de causa, buscando resultados imediatos; • Desrespeitar os contratados e, por conseguinte, a legislação vigente; • Manifestar mau atendimento aos clientes; • Fabricar produtos nocivos à saúde à segurança das pessoas; • Utilizar patrocínio oportunista. Devemos destacar que algumas empresas, consideradas éticas e que historicamente atuam com integridade no mercado, cometem eventualmente erros que podem concorrer para deslizes éticos e ser enquadrados dentro de práticas irresponsáveis, puníveis em caráter rigoroso. Vale ressaltar que, se a empresa estiver fraudando sua imagem, idealizando uma postura ética que não lhe representa, será fortemente desmascarada por sua atitude manipuladora. Nesses casos, percebemos que a empresa busca por motivo fútil: fidelizar clientes de maneira enganosa. Sabemos que uma organização se mantém na sociedade pela obediência aos princípios legais e às práticas socialmente responsáveis. Devemos, portanto, expressar em nossas relações com os colaboradores e demais stakeholders, através de ações que mantenham rigorosamente o compromisso ético. Contrapondo a irresponsabilidade, teremos que investir em líderes capazes de reproduzir a cultura ética da instituição, criando espaços de inclusão e desenvolvimento, por meio de uma gestão participativa, em que a inovação, a gestão democrática e a cultura de pertencimento possam reproduzir nas empresas um modelo de gestão participativa no qual os líderes devem consolidar a consolidação de padrões éticos e moralmente aceitos. GESTÃO SUSTENTÁVEL 30 Vigie seus pensamentos, porque eles se tornarão palavras; vigie suas palavras, porque elas se tornarão atos; vigie seus atos, porque eles se tornarão seus hábitos; vigie seus hábitos, porque eles se tornarão seu caráter; vigie seu caráter, porque ele será o seu destino”. (poeta anônimo) Figura 1. Os alvos do comportamento ético empresarial Ética da irresponsabilidade social externa Aprendemos com os autores que referendam esse estudo que uma empresa que pretenda ser percebida como uma organização eticamente responsável deverá estabelecer um modelo de gestão que enfatize a transparência e a garantia de direitos e oportunidades para todos os colaboradores, clientes, parceiros, colaboradores, além de todos os membros da sociedade. As práticas socialmente irresponsáveis podem ser facilmente identificadas por nós, pois traduzem interesses exclusivamente voltados para a cumulação de capital. São elas:Comportamento ético e totalmente responsável Junto à sociedade global Junto à comunidade Junto aos concorrentes Junto aos consumidores Junto ao meio ambiente Junto ao governo Junto aos parceiros GESTÃO SUSTENTÁVEL 31 Figura 2. Gestão da Responsabilidade Social Corporativa: o caso brasileiro (fonte: MELO NETO & FROES) Uso do patrocínio oportunista Interpretação dos fatos de forma unilateral, arbitrária e fraudulenta Sonegação fiscal Uso de práticas comerciais impróprias Qualquer ação de beneficiar-se causando prejuízo a clientes, fornecedores ou parceiros Uso de práticas de marketing de causa, de forma esporádica e que e que busca resultados imediatos. Como resultado de sua ética Desrespeito aos contratados e à legislação vigente Imposições descabidas a fornecedores, clientes e demais parceiros Mau atendimento aos clientes A fabricação de produtos nocivos à saúde e à segurança das pessoas GESTÃO SUSTENTÁVEL 32 A gestão da ética como estratégia Para Melo Neto, organizações atraem para si novos significados ao investirem em um programa de gestão da ética que compreenda ações como: ❖ Elaboração de código de conduta; ❖ Investimentos nas áreas sociais; ❖ Viabilizar projetos nas áreas sociais; ❖ Doação de recursos para entidades sociais e projetos sociais locais. A responsabilidade social corporativa se baseia na construção de relações confiáveis e duradouras da cidadania empresarial, com o intuito de assimilar os valores éticos referentes aos direitos humanos, às liberdades e garantias individuais e à obediência aos princípios legais que orientam práticas socialmente responsáveis. Atividade Proposta Analise o artigo da Harvard Bussiness Review – Iniciativas de Negócios Sustentáveis falhará a menos que os líderes mudem sua mentalidade, disponível em: <https://hbr.org/2013/11/sustainable-business-initiatives-will-fail-unless-leaders- change-their-mindset>. Acesso em 26 jun. 2017. Aprenda Mais Assistir ao vídeo: Conheça as metas do milênio. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=gB_P8rVRp8g>. Acesso em 26 jun. 2017. GESTÃO SUSTENTÁVEL 33 Exercícios de Fixação Questão 1: O exercício da responsabilidade social pressupõe um comportamento ético pela organização. Os seguintes vetores éticos alicerçam tal prática, EXCETO: a) Adoção de valores éticos. b) Difusão de valores éticos. c) Transferência de valores éticos. d) Assimilação de valores éticos. e) Solução de problemas sociais. Questão 2: O comportamento ético empresarial não se materializa nas relações: a) Junto à sociedade global. b) Junto à comunidade. c) Junto aos consumidores. d) Junto aos parceiros estratégicos. e) Junto à mídia. Questão 3: A ética da irresponsabilidade social denuncia um sistema capaz de produzir indivíduos egocêntricos, prepotentes e soberbos, comprometendo em caráter definitivo o processo de democratização da sociedade. Identifique os principais fatores que caracterizam essas práticas: a) Criação de um ambiente de trabalho propício ao abuso de poder. b) Promoção da mobilidade e ascensão funcional. c) Programas de inclusão para micro e pequenos empresários. d) Programas de difusão da cultura da diversidade e da equidade. e) Nenhuma das alternativas. GESTÃO SUSTENTÁVEL 34 Questão 4: A ética empresarial vem se constituindo como área definitiva para a cidadania empresarial. Identifique os principais valores que sustentam tal definição. a) Relacionamento da empresa com a comunidade, com foco no desenvolvimento humano. b) Valorização do mercado com foco no lucro. c) Promoção da cidadania e da ética social. d) Aplicação de princípios éticos ao ambiente interno e externo. e) Formação da consciência ética e social dos colaboradores. REFERÊNCIAS ARRUDA, M.C.C. Código de Ética: um instrumento que adiciona valor. São Paulo: Negócio, 2002. LEISINGER, K. M.; SCHMITT, K. Ética empresarial: responsabilidade global e gerenciamento moderno. Petrópolis: Vozes, 2001. VÁZQUEZ, A. Ética. 23. ed. Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 2002. Aula 5 – Desenvolvimento sustentável: do conceito à prática Apresentação O desenvolvimento sustentável desenvolve práticas relativas aos pilares social, ambiental e acadêmico, com o propósito de garantir o equilíbrio não só no crescimento econômico, mas principalmente nas ações cidadãs das organizações contemporâneas, que buscam o equilíbrio socioambiental e o crescimento econômico. Desta forma, adotamos as práticas da gestão sustentável que alavancam o perfil das empresas do século XXI. GESTÃO SUSTENTÁVEL 35 São objetivos dessa aula: 1. Identificar o princípio tripolar do desenvolvimento sustentável; 2. Reconhecer as práticas organizacionais referentes à adoção do desenvolvimento sustentável. Conteúdo Aspectos do negócio sustentável A transparência das ações desenvolvidas nas organizações pode evidenciar o quanto somos responsáveis e comprometidos com o desenvolvimento da sustentabilidade nos negócios e na sociedade humana. As organizações assumiram, a partir do século XXI, o centro das referências que investem em empresas éticas e cidadãs, embora ainda exista uma série de questionamentos sobre os verdadeiros motivos que orientam tais práticas. As expectativas que passam a regular tais empresas são sensíveis às expectativas da alta direção, passando a formular estratégias que direcionem recursos e possibilidades de realização. O comportamento dos consumidores está criando novas relações com as empresas no mundo inteiro e delineando os contornos de uma nova ordem econômica. Na Europa, questões de segurança envolvendo os direitos dos consumidores já estão na pauta de negociações comerciais, e suas conclusões interferem no sistema de trocas mundiais. O novo contexto econômico se caracteriza por uma rígida postura dos clientes, voltada à expectativa de interagir com organizações que sejam éticas, que tenham boa imagem institucional no mercado e que atuem de forma ambientalmente responsável. A gestão das empresas na era da economia digital e da gestão socioambiental deve encarar com normalidade a organização de fronteiras ampliadas. De fato, um novo tipo de relacionamento está surgindo entre a organização e seus fornecedores, clientes e demais instituições do seu meio ambiente de atuação. O conceito de responsabilidade social interna e externa aponta para um modelo ecocêntrico, superando de forma categórica o modelo antropocêntrico, centrado nos interesses da empresa e dos indivíduos a ela integrados. Nesse caso, percebe-se o fim das premissas mercantilistas centradas no lucro e no consumo. GESTÃO SUSTENTÁVEL 36 A abordagem ecocêntrica exige um novo modelo de organização, enfatizando novas premissas responsáveis pela promoção do uso eficiente de recursos materiais, pela redução de riscos ambientais e de saúde pública. Dessa forma, as lideranças devem buscar a plena sintonia entre o desempenho das comunidades e a preservação do planeta. Tais relacionamentos deverão capacitar as organizações a desenvolver enfoques abrangentes para os seus mercados, tendo como foco clientes comuns, a criação de novos mercados, bem como o compartilhamento de informações sobre a necessidade de manter o negócio sustentável, entre outras possibilidades. Figura 3. Visão sistêmica da sustentabilidade organizacional TripleBottom Line Chamado também de tripé da sustentabilidade; a imagem do tripé é perfeita para entender a sustentabilidade. Nele estão contidos os aspectos econômicos, ambientais e sociais que devem interagir, de forma holística, para satisfazer o conceito. Uma empresa será sustentável se for economicamente saudável, ou seja, se possuir um bom patrimônio e um lucro sempre crescente, marcado pela lucratividade social. GESTÃO SUSTENTÁVEL 37 A perna ecológica do tripé trouxe, então, um problema e uma constatação: se os empresários e os governantes não cuidarem do aspecto ambiental, poderão vivenciar crises econômicas por falta de matéria-prima e talvez sem consumidores, além de contribuir para a destruição do planeta. Figura 4. Desenvolvimento sustentável Relatório Brundtland O Relatório Brundtlandt é resultado do trabalho da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, da ONU, presidida por Gro Harlem Brundtlandt e Mansour Khalid, daí o nome final do documento. A comissão foi criada em 1983, após uma avaliação dos 10 anos da Conferência de Estocolmo, com o objetivo de promover audiências em todo o mundo e produzir um resultado formal das discussões. Elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, o Relatório Brundtland aponta para a incompatibilidade entre desenvolvimento sustentável e os padrões de produção e consumo, trazendo à tona mais uma vez a necessidade de uma nova relação “ser humano - meio ambiente”. O relatório Brundtland enfatizou problemas ambientais, como o aquecimento global e a destruição da camada de ozônio (conceitos novos para a época), e expressou preocupação em relação ao fato de a velocidade das mudanças estar excedendo a GESTÃO SUSTENTÁVEL 38 capacidade das disciplinas científicas e de nossas habilidades de avaliar e propor soluções, como está na publicação Perspectivas do Meio Ambiente Mundial – GEO 3 do PNUMA. Atividade Proposta Analise o artigo da Harvard Bussiness Review – O que as empresas precisam saber sobre Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, disponível em: <https://hbr.org/2015/11/what-businesses-need-to-know-about-sustainable- development-goals>. Acesso em 26 jun. 2017. Aprenda Mais Assistir ao vídeo: Desenvolvimento sustentável – ONU. Disponível em: <https://youtu.be/yFsgT4S_X3s>. Acesso em 26 jun. 2017. Exercícios de Fixação Questão 1: Como vimos nas aulas, existem desafios para a ecossustentabilidade. Qual das alternativas abaixo aponta para esse(s) desafio(s)? a) Avaliação do impacto das consequências que os produtos da empresa possam provocar no meio ambiente. b) Atendimento aos chamados da sociedade com relação aos eventuais prejuízos ou descasos ambientais. c) Definição de indicadores internos para a mensuração do desempenho da empresa na gestão ambiental. d) Redução de custos na prevenção de acidentes ambientais e na prestação de serviços. e) Todas as alternativas. GESTÃO SUSTENTÁVEL 39 Questão 2: Na década de 1980, a ONU criou a comissão Brundtland. A comissão apresentou um documento chamado: a) Relatório Brundtland ou nosso futuro comum. b) Metas do milênio. c) Declaração universal dos direitos do homem. d) A carta da terra. e) Nenhuma das alternativas. Questão 3: O Triple Bottom Line ficou também conhecido como os 3P (ou, em português, PPL), abreviação de: a) Pessoas (social), planeta (ambiental) e lucro (econômico). b) Pessoas (biológico), animais (ecológico) e gastos (financeiro). c) Pessoas (econômico), planeta (biológico) e lucro (financeiro). d) Social (sociedade), animais (ecológico) e dinheiro (econômico). e) Nenhuma das anteriores. Questão 4: Elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, o Relatório Brundtland, trazendo à tona a necessidade de uma nova relação “ser humano - meio ambiente”, aponta para: a) A incompatibilidade entre desenvolvimento sustentável e os padrões de produção e consumo abusivos. b) A poluição do ar causada pelas indústrias, sendo esse o maior problema ambiental existente. c) A incoerência que é a relação natureza - homem, em que o homem precisa dela para viver, mas a destrói, assunto muito discutido em Filosofia. d) O desenvolvimento social, industrial e suas conquistas territoriais. GESTÃO SUSTENTÁVEL 40 e) Nenhuma das alternativas. REFERÊNCIAS BURSZTYN, Marcel (org.). Para pensar o Desenvolvimento Sustentável. São Paulo: Brasiliense, 1993. SILVA, Christian Luiz da; SOUZA-LIMA, José Edmilson de. Políticas Públicas e Indicadores para o Desenvolvimento Sustentável. Saraiva. Aula 6: Gestão corporativa da diversidade e da equidade social: o desafio do século XXI Apresentação A frequente busca pela igualdade de oportunidades para todas as pessoas que compõem a sociedade cresce de forma exponencial junto às empresas brasileiras. Questões como etnia, orientação sexual, origem social, gênero, entre outros, alinham ações estratégicas de combate à discriminação no acesso e na permanência dos cidadãos. São objetivos dessa aula: 1. Identificar ações estratégicas que desenvolvam planos de ação voltados para a promoção da cidadania ativa e da emancipação social; 2. Estabelecer estratégias que resultem no fomento à igualdade e a justiça social; 3. Listar boas práticas que contribuam para o respeito à diversidade nas empresas. Conteúdo Desafios da gestão da Responsabilidade Social Corporativa As organizações cidadãs buscam articular o Estado, o mundo empresarial e a sociedade civil, visando um desenvolvimento que seja socialmente justo, economicamente viável e ecologicamente prudente, em que o bem-estar da sociedade atual e futura constitua o objetivo final do processo. GESTÃO SUSTENTÁVEL 41 Atualmente, as empresas são atores principais no cenário de equidade social, devido a seus recursos tecnológicos e econômicos e a sua influência nos setores políticos e de comunicações. Dimensões da responsabilidade social empresarial A partir do momento em que se incorpora ao conceito da responsabilidade social empresarial, delineiam-se as seguintes dimensões de ação: ❖ Público interno; ❖ Meio ambiente; ❖ Fornecedores e consumidores; ❖ Comunidade; ❖ Governo e sociedade; ❖ Estratégia e transparência. Os desafios da gestão de responsabilidade social corporativa Seus pressupostos são claros: ❖ O investimento em projetos sociais externos aumenta a autoestima, estimula e motiva os colaboradores da empresa; ❖ A atuação da cidadania empresarial da organização predispõe seus empregados ao desenvolvimento da cidadania individual; ❖ O desenvolvimento das competências humanas essenciais (trabalho de equipe, criatividade, inovação, interação etc.) é decorrente da ação social externa da empresa. Os novos instrumentos de gestão da responsabilidade e sustentabilidade social De acordo com o novo paradigma da responsabilidade e sustentabilidade social, as empresas que adotam este modelo devem criar e aprimorar novos mecanismos de gestão. Vejamos quais são estes mecanismos no âmbito de cada uma das dimensões do modelo: proteção ambiental, desenvolvimento econômico e equidade social. GESTÃO SUSTENTÁVEL 42 Segundo Melo Neto e Froes (2004), os novos instrumentos da responsabilidade e sustentabilidade social se estruturam da seguinte forma: a) No campo da proteção ambiental, as empresas devem adotar os seguintes mecanismos: ✓ Gestão do consumo de energiae de recursos naturais, reduzindo seus insumos e produtos ambientais; ✓ Gestão eficiente do uso das matérias-primas, que reduz o custo do tratamento de resíduos e da proteção; ✓ Gestão de produtos ecologicamente corretos; ✓ Gestão de resíduos e efluentes; ✓ Gestão da saúde ambiental. b) Quanto ao desenvolvimento econômico, compete às empresas socialmente responsáveis e sustentáveis: ✓ Gestão democrática do trabalho, gerando novas oportunidades de emprego e renda; ✓ Gestão e fomento da economia popular; ✓ Gestão da rede de parceiros e fornecedores; ✓ Gestão de preços, cobrando preços justos pelos seus produtos e serviços. GESTÃO SUSTENTÁVEL 43 Figura 5. Ações de Gestão da Responsabilidade Social com base nos Valores e Princípios Figura 6. Ações de Gestão da Responsabilidade Social com foco no público interno GESTÃO SUSTENTÁVEL 44 Figura 7. Ações de Gestão da Responsabilidade Social com foco no meio ambiente Figura 8. Ações de Gestão da Responsabilidade Social com foco nos consumidores/clientes GESTÃO SUSTENTÁVEL 45 As empresas do século XXI assumiram alguns programas de desenvolvimento que buscam simplificar e padronizar as estruturas funcionais, com o propósito de aumentar a mobilidade de emprego, promovendo ainda o aprimoramento profissional através do desenvolvimento de competências e habilidades intercambiáveis. A ênfase na liderança de pessoas também se tornado uma forte demanda. Para promover tais mudanças, o novo realinhamento das organizações passa pela redefinição das métricas que possuem seu principal foco no valor do negócio e de seus stakeholders. Figura 9. Os novos instrumentos de gestão da responsabilidade social Desafios para a ecossustentabilidade ✓ Avaliação do impacto das consequências que os produtos da empresa possam provocar no meio ambiente; OPORTUNIDADES DE INCLUSÃO SOCIAL Internas Externas - Promoção da mobilidade e ascensão funcional - Atendimento e aconselhamento psicológico - Custeio do ensino de jovens funcionários - Difusão da cultura da diversidade - Adaptação funcional - Reciclagem e adaptação - Fóruns de discussão e debates - Contratação de novos funcionários - Diversidade nos negócios - Inclusão de micro e pequenos empresários - Treinamento e certificação de pequenos empresários - Fomento do associativismo e desenvolvimento da economia popular - Capacitação - Contratação de aprendizes e de estagiários - Adoção do programa “Primeiro Emprego” GESTÃO SUSTENTÁVEL 46 ✓ Atendimento dos chamados da sociedade com relação aos eventuais prejuízos ou descasos ambientais; ✓ Definição de indicadores internos para a mensuração do desempenho da empresa na gestão ambiental; ✓ Redução de custos na prevenção de acidentes ambientais e na prestação de serviços. 1. Valorizar o seu capital humano: as pessoas devem ser tratadas como indivíduos, com identidade própria, sujeitos a erros e acertos, ao longo de suas vidas nas organizações, sendo por este motivo afetados pelo ambiente que os rodeia, tanto externo quanto interno à organização. A BS 8.800 indica parâmetros para a sua empresa proporcionar as melhores condições para que as pessoas executem seu trabalho com tranquilidade e desenvolvam todo o seu potencial. 2. Melhorar o rendimento do trabalho: com a aplicação da BS 8.800, a execução dos serviços ocorre de maneira mais segura e facilitada. Ao garantir estas condições, o resultado do trabalho se direciona para os objetivos da organização. 3. Garantir o sucesso da organização: com as pessoas motivadas e seguras em seu local de trabalho, a organização certamente atingirá as suas metas quanto ao mercado e concorrentes. 4. Melhorar a imagem da organização perante a sociedade: pessoas que sentem que a organização está preocupada com seu bem-estar e segurança trabalham melhor, garantindo assim um bom atendimento aos clientes e a boa imagem da empresa perante a sociedade. A organização precisa: • Cumprir os requisitos legais, contratuais, sociais e financeiros de segurança e higiene no trabalho; GESTÃO SUSTENTÁVEL 47 • Adotar sistemas de gestão de higiene e trabalho que permita cumprir os requisitos legais, sendo este compatível com os outros tipos de sistema de gestão existentes, o que permite a existência de um sistema de gestão integrado; • Adotar boas práticas de higiene, segurança e saúde do trabalho, por parte da organização e dos colaboradores. Os instrumentos das ações afirmativas • Criação de “fóruns de debate sobre a diversidade”; • Criação de cursos especiais de capacitação profissional e gerencial para funcionários jovens, de ambos os sexos; • Formação de redes de cooperação técnica e de solidariedade envolvendo diferentes grupos de funcionários; • Criação de cursos de reciclagem para funcionários idosos ainda em atividade na empresa. Figura 10. Instrumentos de promoção da inclusão social externa GESTÃO SUSTENTÁVEL 48 Atividade Proposta Analise o artigo da Harvard Business Review, Você pode ser verde sem também ser transparente? disponível em: <https://hbr.org/2008/06/can-you-be-green-without- also>. Acesso em 26 jun. 2017. Aprenda Mais Assistir ao vídeo Ilha das flores, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=e7sD6mdXUyg>. Acesso em 26 jun. 2017. Exercícios de Fixação Questão 1: A respeito do conceito de sustentabilidade social, pode-se afirmar que é: a) Uma base conceitual voltada para a melhoria da qualidade de vida e para a redução de problemas como a pobreza, a desigualdade e a exclusão social. b) Uma característica ou condição de um processo ou de um sistema que gera a sua existência, em certo nível, por prazo indeterminado e dependente. c) A capacidade do ser humano interagir com a natureza, não preservando o meio ambiente para comprometer os recursos naturais das gerações futuras. d) A necessidade de gerar energia de forma que não degrade o meio ambiente, produzindo renda, contribuindo assim com a economia local. e) Definir ações e atividades humanas que visam suprir as necessidades atuais sem a preocupação com o meio ambiente. Questão 2: No campo da ação afirmativa interna, as empresas devem dispor de uma série de instrumentos. Analise as afirmações e marque a alternativa correta. I. Criação de políticas de equidade social, voltadas para o combate às práticas gerenciais discriminatórias. II. Criação de cursos especiais de capacitação profissional e gerencial para funcionários jovens, de ambos os sexos. GESTÃO SUSTENTÁVEL 49 III. Criação de “políticas de portas abertas”, por meio das quais qualquer funcionário, ao se sentir prejudicado por práticas que envolvam sua condição de raça, sexo e formação, deve pedir demissão, sem perder seus direitos trabalhistas. IV. Adoção de uma política salarial com o foco na equidade. Dessas afirmações, estão corretas: a) I, III e IV. b) I, II e III. c) III e IV. d) I, II e IV. e) I e III. Questão 3: A respeito dos instrumentos de promoção da inclusão social externa, qual das alternativas não promove essa inclusão? a) Políticas de cotas apenas raciais. b) Redes sociais de contratação de mão-de-obra. c) Editais de licitação solidária. d) Programas de desenvolvimento da economia popular. e) Comitês de recrutamento e seleção. Questão 4: É um desafio para a ecossustentabilidade:a) Valorização do capital humano. b) Melhora no rendimento do trabalho. c) Garantia de pleno acesso aos direitos. d) Melhora da imagem da organização perante a sociedade. e) Todas as alternativas estão corretas. GESTÃO SUSTENTÁVEL 50 REFERÊNCIAS BORGER, F. G. Responsabilidade social: efeitos da atuação social na dinâmica empresarial. São Paulo: Saraiva, 2001. BURSZTYN, Marcel (org). Para pensar o Desenvolvimento Sustentável. São Paulo: Brasiliense, 1993. Aula 7: Gestão sustentável Apresentação As mudanças corporativas ocorridas a partir das últimas décadas do século XX contribuíram para a adoção de modelos gestionários compatíveis com o desenvolvimento sustentável em suas premissas básicas, com o firme propósito de garantir o equilíbrio entre o desenvolvimento econômico, social e ambiental, transformando as organizações em empresas sustentáveis. São objetivos dessa aula: 1. Estabelecer as dimensões da gestão sustentável; 2. Reconhecer a liderança para o desenvolvimento sustentável; 3. Descrever a sustentabilidade sob a ótica organizacional; 4. Identificar as relações entre os stakeholders. Conteúdo O debate sobre o tema é acirrado pela conceituação econômica do termo desenvolvimento. Os economistas veem surgir a necessidade de elaborar um modelo de desenvolvimento que inclua todas as variáveis econômicas e sociais. Sob o prisma econômico, o desenvolvimento é, basicamente, o aumento do fluxo de renda real, isto é, o incremento na quantidade de bens e serviços por unidade de tempo à disposição de determinada coletividade. GESTÃO SUSTENTÁVEL 51 As dimensões da gestão sustentável Os teóricos afirmam que a dimensão ecológica, ou ambiental, pode ser dividida em três subdimensões: A primeira foca a ciência ambiental e inclui ecologia, diversidade do hábitat e florestas; A segunda inclui a qualidade do ar e da água (poluição) e a proteção da saúde humana por meio da redução de contaminação química e da poluição; A terceira foca a conservação e a administração de recursos renováveis e não renováveis e pode ser chamada de sustentabilidade dos recursos. A sustentabilidade ecológica, como uma das três dimensões, estimula empresas a considerar o impacto de suas atividades no ambiente e contribui para a integração da administração ambiental na rotina de trabalho. Liderança para o desenvolvimento sustentável A liderança sustentável vem fortalecer a atuação empresarial nas questões ligadas ao desenvolvimento social, política e cultural. A empresa deve criar um ambiente que proporcione bem-estar ao trabalhador e seus familiares, assumindo a responsabilidade em combater todas as formas de discriminação e de estímulo à diversidade e riqueza étnica e cultural da sociedade. Segundo Drucker (2000, p. 21), o novo pluralismo requer o que se pode chamar de "responsabilidade cívica": ser generoso com a comunidade na busca do próprio interesse ou na realização da tarefa que lhe cabe. Assim, apesar de o líder necessitar de atributos básicos, tais como uma visão de futuro, confiança em si mesmo e capacidade de alinhamento dos funcionários, o líder deverá, concomitantemente, ser capaz de trabalhar com novas parcerias, obtendo sucesso por uma rede de relações. (HESSELBEIN, 2000, DRUCKER, 2000) Em síntese, o líder sustentável promove ações que visem resultados através de ações socialmente corretas e culturalmente aceitas. GESTÃO SUSTENTÁVEL 52 A sustentabilidade sob a ótica organizacional A gestão sustentável inspira e desafia a equipe, transmitindo a visão de forma que todos se inspirem a cumpri-la. A equipe de alta performance está diretamente ligada à liderança do gestor. É essencial para a organização que se mantenha um ambiente corporativo de desenvolvimento e aprendizagem, com capacidade de gerir pessoas e processos, prezando pelo bem geral da empresa. A empresa deve ter um bom relacionamento com seus fornecedores, refletindo seus valores a todos os participantes de sua cadeia produtiva. Em relação a clientes e consumidores, exige-se que a empresa invista em desenvolvimento e melhorias dos serviços e produtos que causem o mínimo de danos ao meio ambiente e à saúde dos usuários/ clientes. As certificações sociais como a ISO 14.000 têm como objetivo atestar que a organização, além de ter procedimentos internos corretos, também enfoque os seguintes processos: • Processo produtivo: relações trabalhistas, respeito aos direitos humanos, contratação de mão-de-obra, inclusive de fornecedores, gestão ambiental, natureza do produto ou serviço; • Relações com a comunidade: natureza das ações desenvolvidas, problemas sociais solucionados, beneficiários, parceiros, foco das ações; • Relações com os empregados: benefícios concedidos ao trabalhador e estendidos a sua família, clima e qualidade de vida organizacional, empregabilidade. A nova ótica da sustentabilidade empresarial baseia-se em: • Bom relacionamento com a comunidade ao redor; • Bom relacionamento com os organismos ambientais; • Estabelecimento de uma política ambiental; • Eficiente sistema de gestão ambiental; • Garantia de segurança aos empregados e comunidades vizinhas; GESTÃO SUSTENTÁVEL 53 • Uso de tecnologias limpas e investimento em proteção ambiental. As relações entre os stakeholders O cenário organizacional é composto por uma gama de atores que se relacionam, denominados stakeholders. Num processo de desenvolvimento organizacional, o stakeholder pode ser considerado como elemento conceitual fundamental na análise de relacionamento e poder entre as organizações e os atores com os quais uma empresa está envolvida. (HUSTED, 2001; MITCHELL, AGLE & WOOD, 1997) As relações com os stakeholders, segundo Rodriguez et al. (2002), acontecem em três níveis principais: no nível consubstancial, no contratual e no contextual. Estas relações irão depender das especificidades de cada organização. No primeiro nível, o consubstancial, incluem-se os shareholders e investidores, os empregados e os parceiros estratégicos. Os autores dão especial atenção aos empregados, destacando a necessidade de respeitar seus valores pessoais e de mantê- los em constante processo de aprendizagem em uma sociedade de informação. No segundo nível ou contratual, encontram-se os fornecedores e serviços terceirizados, as instituições financeiras e os clientes. O enfoque dado pelos autores sugere que, para o desenvolvimento sustentável, a relação entre fornecedores e a organização deve ser muito mais de parceria baseada em confiança, com participação ativa das partes, abandonando o modelo de competição. No terceiro e último nível, chamado de contextual, encontram-se os líderes de opinião, como a mídia, as comunidades locais, países e sociedade, além da administração pública. Neste nível, os autores dão atenção ao papel da empresa perante estes stakeholders, uma vez que os negócios são parte integrante do sistema natural e social. GESTÃO SUSTENTÁVEL 54 Atividade Proposta Aprenda Mais Assistir ao vídeo: Uma verdade inconveniente, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=aA2IelLfKAY>. Acesso em 26 jun. 2017. Exercícios de Fixação Questão 1: Os teóricos afirmam que a dimensão ecológica, ou ambiental, pode ser dividida em três subdimensões da Gestão Sustentável. A primeira foca a ciência ambiental e inclui ecologia. A segunda inclui a qualidade do ar e da água. E a terceira: a) Foca a conservação e a administração de
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