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FASORES E NÚMEROS COMPLEXOS Porque usar fasores? A notação fasorial simplifica a resolução de problemas envolvendo funções senoidais no tempo. O que é um fasor? Um fasor é um número complexo que representa a magnitude e a fase de uma senóide. Quem inventou fasores? O uso de números complexos para resolver problemas em circuitos de corrente alternada foi apresentado pela primeira vez por Charles Proteus Steinmetz em um artigo de 1893. Ele nasceu em Breslau, na Alemanha, filho de um ferroviário. O período de 1892 a 1923 ficou conhecido como sendo a Era Steinmetz, por razões óbvias. Seu “paper” sobre números complexos revolucionou a análise de circuitos AC apesar de terem dito (naquela época) que ninguém, exceto Steinmetz, entendia o método. Porque usar fasores? A notação fasorial simplifica a resolução de problemas envolvendo funções senoidais no tempo. Ao utilizar notação fasorial torna-se possível transformar as equações diferenciais que representam um circuito elétrico em equações algébricas. Resolver equações algébricas é muito mais simples do que resolver equações diferenciais. Introdução Os fasores e os números complexos são duas importantes ferramentas para a análise de circuitos ca. As tensões e correntes senoidais podem ser matemática e graficamente representadas por fasores em termos de suas magnitudes e ângulos de fase. O sistema de números complexos é um meio de expressar os fasores e de operá-los matematicamente. Fasor Um fasor é uma representação gráfica semelhante a um vetor, mas em geral refere-se a grandezas que variam no tempo como as ondas senoidais. O comprimento de um fasor representa sua magnitude, e o ângulo θ representa sua posição angular relativa ao eixo horizontal tomado como referência. Os ângulos positivos são medidos no sentido antihorário a partir da referência (0o) e os ângulos negativos são medidos no sentido horário a partir da referência. Figura acima: Exemplo de fasores: magnitude e direção. A Figura abaixo mostra um fasor de magnitude |A| que gira com velocidade angular ω. Representação Fasorial de uma Onda Senoidal e Co- senoidal Um ciclo completo de uma senóide pode ser representado pela rotação de um fasor que gira 360º. O valor instantâneo da onda senoidal em qualquer ponto da senóide é igual à distância vertical da extremidade do fasor ao eixo horizontal, isto é, a projeção do fasor no eixo vertical. Onda senoidal representada por fasor em movimento. Onda co-senoidal representada por fasor em movimento. A Figura abaixo mostra um fasor de tensão em uma posição angular específica de 45º e o correspondente ponto na onda senoidal. O valor instantâneo da onda senoidal neste ponto está relacionado à posição (θ) e à amplitude do fasor (Vp). Note que quando uma linha vertical é traçada da extremidade do fasor até o eixo horizontal é formado um triângulo retangular. O comprimento do fasor é a hipotenusa do triângulo, e a projeção vertical, o seu cateto oposto. Assim, o cateto oposto do triângulo reto é igual à hipotenusa vezes o seno do ângulo θ e representa o valor instantâneo da senóide. Relação matemática entre a senoide e o fasor. O período e a freqüência da onda senoidal estão relacionados à velocidade de rotação do fasor. A velocidade de rotação do fasor é denominada de velocidade angular, ω. Quando um fasor gira a uma velocidade ω, então ωt representa o ângulo instantâneo do fasor que pode ser expresso como: θ=ωt Diagramas Fasoriais Como visto anteriormente, uma onda senoidal periódica de freqüência e amplitude constantes pode ser representada por um fasor girante. Como amplitude e freqüência são constantes, tem-se que uma vez conhecida o valor instantâneo de uma senóide em t=0, em qualquer tempo o valor da senóide pode ser determinado. Definição de uma onda senoidal. A onda senoidal mostrada na Figura é definida matematicamente como: ν(t)= Vp.sen(ωt+45º) Assim, o fasor da Figura (b) tem amplitude igual a Vp, gira a uma velocidade angular ω, e tem um ângulo de fase igual a 45º. Um fasor em uma posição fixa é usado para representar uma onda senoidal completa porque uma vez estabelecido o ângulo de fase entre a onda senoidal e uma referência, o ângulo de fase permanece constante ao longo dos demais ciclos. Exemplo de diagrama fasorial. Sistema de Números Complexos Os números complexos permitem operações matemáticas com fasores e são úteis na análise de circuitos ca. A álgebra de números complexos é uma extensão da álgebra de números reais. Os números reais constituem um sub-conjunto dos números complexos. Os números complexos são formados pelos números reais e pelos números imaginários. {Conjunto dos Complexos} = {Reais} + {Imaginários} Os números imaginários são distinguidos dos números reais pelo uso do operador j ou i. A representação de um número complexo é dada pela soma algébrica da componente real, ± a, e da componente imaginária, ± jb. y = ±a ± jb Se a parte real de um número complexo é zero, o número complexo torna-se puramente imaginário: y = ± jb. Se a parte imaginária do número complexo é nula, o número torna-se puramente real: y = ±a. Na matemática o operador i é usado invés do j, mas em circuitos elétricos o i pode ser confundido com o valor instantâneo da corrente, por isso o j tem preferência. Plano Complexo Um número complexo pode ser representado por um ponto no plano complexo. No plano complexo o eixo horizontal é denominado de eixo real, e o eixo vertical, de eixo imaginário. A Figura abaixo mostra um conjunto de pontos no plano cartesiano complexo. O número +2 é um número complexo cuja parte imaginária é nula; o número –j2 é um número complexo negativo com parte real nula, e representado sobre o eixo imaginário. Quando um ponto não está situado sobre nenhum eixo, mas está localizado em um dos quatro quadrantes, o número é definido por suas coordenadas, a exemplo do ponto 4+j2. Note que o número 4+j2 tem como conjugado 4-j2, pois diferem apenas no sinal da parte imaginária. O conjugado de um número complexo é representado pelo expoente ()*. Plano cartesiano complexo. Uma posição angular pode ser representada em um plano complexo como mostra a Figura Ângulos no plano complexo Operador j O operador j é denominado operador complexo e é definido como: j= √−1 O operador +j ao multiplicar uma grandeza real move no sentido antihorário a grandeza localizada no eixo real para o eixo imaginário, rotacionando-a de +90º. De modo semelhante, multiplicando a grandeza real por –j, a grandeza gira de -90º, sentido horário. Assim, j é considerado um operador rotacional. Álgebra Complexa e Fasores C = a + jb a = C cos φ b = C sen φ φ = tan-1 b/a C = √ (a2 + b2) C = C ∟ φ Um fasor é um número complexo associado a uma onda senoidal com uma fase inicial, de tal forma que a sua magnitude é o valor efetivo da corrente ou tensão e o ângulo é o ângulo de fase. C = C ∟φ Álgebra Complexa e Fasores Atenção: só são fasores os números complexos correspondentes a senoides. Mas não são iguais: o fasor é uma constante complexa e a senoide é uma função real do tempo. V = 3 ∟45º V é o fasor correspondente para v = 3 √ 2 sen (377t + 45º) I = 0,439 ∟ -27º é o fasor para i = 0,621 sen(754t – 27º) (√ 2 x 0,439 = 0,621 e w = 754 => f = 754 / (2¶) = 120 Hz Álgebra Complexa – adição e subtração A forma retangular é a que permite adição e subtração, o que é feito separadamente para a componente real e imaginária. A + B = (2 + j1) + (1 + j3) = (2 + 1) + j (1 + 3) = 3 + j4 A – B = (2 + j1) – (1 + j3) = (2 – 1) + j (1 – 3) = 1 – j2 Álgebra Complexa – multiplicação e divisão No caso da multiplicação: (2+ j4) (3 + j5) = 2(3) + 2(j5) + j4(3) + j4(j5) = 6 + j10 + j12 – 20 = -14 + j22 (3 + j4) (3 – j4) = 3(3)+ 3(-j4) + j4(3) + j4(-j4) = 9 + 16 = 25 (=32 + 42) Para a divisão de números complexos na forma retangular, o numerador e denominador devem ser primeiro multiplicados pelo conjugado do denominador, para o transformar num número real: (10 + j24) / (6 + j4) = [(10 + j24) (6 – j4)] / [(6 + j4) (6 – j4)] = (156 + j104) / (62 + 42) = (156 + j104) / 52 = 3 + j2 Álgebra Complexa – multiplicação e divisão A forma polar é a mais usada para multiplicar e dividir números complexos: 7 e j30 = 7 ∟ 30º = 7 cos 30 + j7 sen 30 = 6,06 + j3,5 Na multiplicação de números complexos na forma polar, multiplicam-se as magnitudes e adicionam-se algebricamente os ângulos. Na divisão, divide-se a magnitude e subtrai-se o ângulo do denominador ao do numerador. Assim, sendo e pensando em fasores A = A ∟ φ A e B = B ∟ φ B A . B = A.B ∟ (φ A + φ B) A / B = A/B ∟ (φ A – φB) Álgebra Complexa – inverso e conjugado de um núm. Complexo O inverso de um número complexo C = C∟φ é 1 / (C ∟φ ) = 1/C ∟- φ Ex.: 1 / (20 ∟30º) = 0,05 ∟-30º O conjugado de um n.º complexo C = C ∟ φ é um nº complexo C* com a mesma parte real mas a parte imaginária oposta. Sendo C = C ∟φ = a + jb então C* = C ∟- φ = a – jb Ex.: C = 3 + j4 = 5 ∟53,13º então C* = 3 – j4 = 5 ∟-53,13º Álgebra Complexa – adição de senoides Os fasores podem ser usados para somar senoides com a mesma frequência. Se cada senoide for transformada num fasor, convertida num complexo, adicionada e voltar à forma fasorial, teremos a senoide soma. v= 3 sen (2t + 30º) + 2 sen (2t – 15º) V = 3 / √2 ∟30º + 2 / √ 2 ∟-15º = = 2,12 cos30 + 1,41 cos(-15) + j2,12 sen 30º + j1,41 sen(-15) = = 3,20 + j0,7 = 3,275 ∟12,3º = 4,63 / √ 2 ∟12,3 (arc sen (0,7/3,275) = 12,3º arc cos (3,2/3,275) = 12,3º) v = 4,63 sen(2t + 12,3º) V � Referência: � Rêgo Segundo, Alan Kardek. Rodrigues,Cristiano Lúcio Cardoso - Eletricidade em CA. Ouro Preto – MG, 2015 � Cunha, Maria Manuela - IPCA � L. Q. Orsini e D. Consonni. Curso de Circuitos Elétricos. Volume 1 – Capítulo 1. Conceitos Básicos, Bipolos e Quadripolos
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