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Endosso impróprio e pluralidade de avais

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Endosso Impróprio
Segundo Fábio Ulhoa Correia, endosso é o ato cambial “pelo qual o credor de um título de crédito com a cláusula à ordem transmite os seus direitos a outra pessoa”.[1: Coelho, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. Volume I. Editora Saraiva. São Paulo. 2003. Pág. 401 e 403]
É por meio de endosso que o endossante transfere o crédito documentado no título de crédito para o endossatário, procedimento denominado de endosso próprio. Dessa forma tem-se neste ato cambial há atuação de duas partes, sendo elas o endossante que é quem transfere o direito creditício, e o endossatário, que é quem recebe. 
Além disso existe uma modalidade de endosso chamada de endosso impróprio, que segundo Fábio Ulhoa Correia, é aquele que "destina-se a legitimar a posse de certa pessoa sobre um título de crédito, sem lhe transferir o direito creditício".
O endosso impróprio tem como função possibilitar que pessoa diversa da titular do crédito possa exercer determinados direitos em função do título, como protestá-lo, cobrá-lo ou dar quitação. 
O endosso impróprio se divide em duas espécies, sendo a primeira delas o endosso-mandato, que é previsto no art. 18 Da Lei Uniforme de Genebra. O endosso-mandato é o ato que possibilita que o endossante transfira a outrem o direito de realizar cobrança do crédito representado pelo título, como mandatário do endossante. 
A segunda espécie de endosso impróprio é o endosso-caução que conforme art. 19 da LUG "Quando o endosso contém a menção "valor em garantia", "valor em penhor" ou qualquer outra menção que implique uma caução, o portador pode exercer todos os direitos emergentes da letra, mas um endosso feito por ele só vale como endosso a título de procuração”.
Nesse tipo de endosso o título é transferido ao endossatário como garantia de alguma obrigação assumida, sendo devolvido após o seu cumprimento. Caso não seja cumprida a obrigação por parte do endossante, esse endosso caução transforma-se em endosso próprio, transferindo a titularidade do documento.
Pluralidade de Avais
“O Aval é uma garantia dada por terceiro, que de forma solidária se responsabiliza para o pagamento de uma dívida.” [2: José Engrácia Antunes, Os Títulos de Crédito. Uma Introdução, Coimbra Editora 2012, p. 85.]
“O avalista é responsável tanto quanto o seu avalizado. Se o avalista tiver que honrar a obrigação diante da falta de pagamento do devedor-avalizado, ele tem o direito de voltar-se, em regresso, contra o avalizado para reaver o respectivo valor.”[3: Tarcísio Teixeira, Direito Empresarial Sistematizado. 5. ed. – São Paulo: Saraiva, 2016.]
 A Pluralidade de avais ocorre quando no mesmo título são indicados vários avalistas em vista do mesmo avalizado e podem ocorrer de duas maneiras:
Avais simultâneos: no aval simultâneo os avalistas não estabeleceram grau de responsabilidade quando indicaram o avalizado. Essa relação entre os avalistas será resolvida por solidariedade passiva simples, em que haverá uma divisão proporcional e igualitária da responsabilidade entre eles. O avalista simultâneo que paga a dívida em sua totalidade tem direito de regresso contra os coobrigados cambiais. Pagando a dívida cambial, fica legalmente sub-rogado no crédito (art. 346, inciso III do CC de 2002), podendo a cada um dos demais avalistas simultâneos cobrar a respectiva cota, em processo de execução por título extrajudicial (art. 778, § 1º, inciso IV do CPC/15).
Avais sucessivos: no aval sucessivo existem graus de responsabilidade diferentes entre os avalistas, que indicaram o mesmo avalizado. Nessa modalidade de aval não haverá divisão proporcional de responsabilidade, sendo que o avalista que fez o pagamento pode solicitar o valor pago para qualquer outro avalista que tenha mais responsabilidade que ele, não podendo, apenas, solicitar de alguém com menos responsabilidade.

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