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Apostila de Circuitos Ele´tricos Prof. Ce´sar M. Vargas Ben´ıtez Departamento Acadeˆmico de Eletroˆnica, Universidade Tecnolo´gica Federal do Parana´ (UTFPR) 9 de setembro de 2009 1 Apostila de Circuitos Ele´tricos - Prof. Ce´sar M. Vargas Ben´ıtez 2 Suma´rio 1 Nu´meros complexos e fasores 3 1.1 Definic¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.2 Formas de representac¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.3 Plano complexo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.4 Conversa˜o entre formas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 1.4.1 Retangular → Polar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 1.4.2 Polar → Retangular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 1.5 Operac¸o˜es com nu´meros complexos . . . . . . . . . . . . . . . 4 1.6 Relac¸o˜es u´teis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 2 A onda sinusoidal e seus valores nota´veis 5 2.1 Representac¸a˜o matema´tica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 2.2 Definic¸o˜es . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 2.3 Relac¸o˜es u´teis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 2.4 Simbologia de fontes independentes . . . . . . . . . . . . . . . 8 3 Valores caracter´ısticos de ondas perio´dicas 8 3.1 Valor me´dio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 3.2 Valor eficaz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 3.3 Fasores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 3.4 Resposta dos componentes R, L e C em corrente alternada . . 9 4 Notac¸a˜o fasorial, Impedaˆncia e admitaˆncia 12 4.1 Notac¸a˜o fasorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 4.2 Impedaˆncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 4.3 Admitaˆncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 4.4 Associac¸a˜o de impedaˆncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 5 Poteˆncia ele´trica e fator de poteˆncia 18 5.1 Poteˆncia em circuito puramente resistivo . . . . . . . . . . . . 19 5.2 Poteˆncia em circuito puramente reativo . . . . . . . . . . . . . 20 5.3 Poteˆncia aparente e fator de poteˆncia . . . . . . . . . . . . . . 20 5.4 Triaˆngulo de poteˆncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 5.5 Correc¸a˜o de fator de poteˆncia . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 Apostila de Circuitos Ele´tricos - Prof. Ce´sar M. Vargas Ben´ıtez 3 1 Nu´meros complexos e fasores 1.1 Definic¸a˜o Nu´mero complexo e´ todo nu´mero que pode ser representado pela forma: z = a + jb onde a e b sa˜o nu´meros reais e j e´ a unidade imagina´ria (j = √−1, definic¸a˜o de Euler). O nu´mero a e´ a parte real do nu´mero complexo z e o nu´mero b e´ a parte imagina´ria do nu´mero complexo z, denotadas por: a = Re(z) b = Im(z) 1.2 Formas de representac¸a˜o • Forma exponencial: e(jθ) = cosθ + jsenθ • Forma retangular: z = a + jb • Forma trigonome´trica: r = |z| = √a2 + b2 a = rcosθ b = rsenθ z = r(cosθ + jsenθ) • Forma polar: Z = r 6 θ 1.3 Plano complexo O plano complexo (plano de Argand-Gauss ou Diagrama de Argand) e´ um plano cartesiano usado para representar nu´meros complexos geometrica- mente. A Figura 1 apresenta o plano complexo. Onde, Im representa o eixo imagina´rio; Re representa o eixo real. Apostila de Circuitos Ele´tricos - Prof. Ce´sar M. Vargas Ben´ıtez 4 Figura 1: Plano complexo 1.4 Conversa˜o entre formas 1.4.1 Retangular → Polar z = a+ jb → Z = r 6 θ r = |z| = √a2 + b2 θ = arctg b a 1.4.2 Polar → Retangular Z = r 6 θ → z = a+ jb a = rcosθ b = rsenθ 1.5 Operac¸o˜es com nu´meros complexos z1 = a1 + jb1 z2 = a2 + jb2 • Adic¸a˜o: zT = z1 + z2 = a1 + jb1 + a2 + jb2 = (a1 + a2) + j(b1 + b2) • Multiplicac¸a˜o: Na forma retangular: zT = z1z2 = (a1 + jb1)(a2 + jb2) = (a1a2 − b1b2) + j(b1a2 + b2a1) Na forma polar: zT = z1z2 = r1 6 θ1r2 6 θ2 = r1r2 6 (θ1 + θ2) • Divisa˜o: Na forma retangular: zT = z1 z2 = z1 z2 z∗ 2 z∗ 2 = a1+jb1 a2+jb2 a2−jb2 a2−jb2 = (a1a2+b1b2)+j(b1a2−b2a1) a2 2 +b2 2 Na forma polar: zT = z1 z2 = r1 r2 6 (θ1 − θ2) Apostila de Circuitos Ele´tricos - Prof. Ce´sar M. Vargas Ben´ıtez 5 1.6 Relac¸o˜es u´teis Complexo conjugado (z∗): Para z = a± jb z∗ = a∓ jb Outras relac¸o˜es: z · z∗ = r2 z + z∗ = 2Re(z) z − z∗ = j2Im(z) (z1 + z2) ∗ = z∗1 + z ∗ 2 (z1 · z2)∗ = z∗1 · z∗2 cosθ = e jθ+e−jθ 2 senθ = e jθ−e−jθ j2 j = −1 j j2 = −1 2 A onda sinusoidal e seus valores nota´veis 2.1 Representac¸a˜o matema´tica Expressa˜o matema´tica geral para a onda sinusoidal: y(t) = yMsen(ωt± θ) Onde, yM representa a amplitude da onda; α representa ω representa a frequeˆncia angular da onda [rad s ]; ω = 2pif f ≡ frequeˆncia [Hz] θ e´ a fase da onda [rad] ou [o] 2.2 Definic¸o˜es • Forma de onda: representac¸a˜o gra´fica da forma com que uma onda evolui ao longo do tempo. • Amplitude: distaˆncia entre o valor me´dio e o valor de pico. O valor me´dio de uma onda senoidal e´ zero. Apostila de Circuitos Ele´tricos - Prof. Ce´sar M. Vargas Ben´ıtez 6 • Valor pico (YM , Yp ou Am): valor ma´ximo da onda em relac¸a˜o ao zero. Tensa˜o pico: Vp ou Ep Corrente pico: Ip • Valor pico-a-pico (Ypp): O valor pico-a-pico e´ a medida entre os picos ma´ximo e mı´nimo. Ypp = 2Yp Tensa˜o pico-a-pico: Vpp ou Epp Corrente pico-a-pico: Ipp • Valor instantaˆneo: magnitude da forma de onda em um instante de tempo. y1 = y(t = k) Por exemplo, e1 = v(t = 1ms) = v(1ms) i1 = i(t = 1ms) = i(1ms) Exemplo: Dado v(t) = 10sen(377t)V . Qual o valor de v(t) para t = 2ms? v(2ms) = 10sen(377 rad s .2ms)V = v(2ms) = 10sen(0, 754rad)V = 10sen(43, 2o)V = 6, 84V v(2ms) = 6, 84V • Forma de onda periodica: • Frequeˆncia (f):nu´mero de ciclos por segundo. Unidade: [Hz] • Per´ıodo (T ): durac¸a˜o temporal de um ciclo. Intervalo de tempo entre duas repetic¸o˜es sucessivas. O per´ıodo e´ o inverso da frequeˆncia. T = 1 f Unidade: [s] (segundos) Exemplo: qual e´ o per´ıodo de um sinal com frequeˆncia de 1MHz? T = 1 f = 1 1MHz = 1 1·106Hz = 1µs • Fase (θ): deslocamento da forma de onda no eixo horizontal a` esquerda ou direita de 0o Apostila de Circuitos Ele´tricos - Prof. Ce´sar M. Vargas Ben´ıtez 7 Unidade: [rad] ou [o] Fase positiva: sinal deslocado para a esquerda do 0o. O sinal esta´ adi- antado em relac¸a˜o a 0o. O sinal “cresce” antes de 0o. y(t) = yMsen(ωt+ θ) Fase negativa: sinal deslocado para a direita do 0o . O sinal esta´ atra- sado em relac¸a˜o a 0o. O sinal “cresce” depois de 0o. y(t) = yMsen(ωt− θ) As Figuras 2(a) e 2(b) apresentam a definic¸a˜o de fase positiva e nega- tiva, respectivamente. (a) (b) Figura 2: Fase positiva e negativa 2.3 Relac¸o˜es u´teis sen(ωt) = cos(ωt− 90o) cos(ωt) = sen(ωt+ 90o) −sen(ωt) = sen(ωt± 180o) −cos(ωt) = sen(ωt+ 270o) = sen(ωt− 90o) sen(−ωt) = −sen(ωt) cos(−ωt) = cos(ωt) Apostila de Circuitos Ele´tricos - Prof. Ce´sar M. Vargas Ben´ıtez 8 2.4 Simbologia de fontes independentes As Figuras 3(a) e 3(b) apresentam a simbologia para as fontes indepen- dentes de tensa˜o e corrente, respectivamente. (a) (b) Figura 3: Simbologia de fontes independentes 3 Valores caracter´ısticos de ondas perio´dicas 3.1 Valor me´dio O valor me´dio de uma onda y(t) e´ calculado sobre um intervalo da fun- c¸a˜o correspondente a um per´ıodo fundamental completo T , desde qualquer instante t0. y¯ = ymedio = 1 T ∫ t0+T t0 y(t) dt. 3.2 Valor eficaz O valor eficaz (ra´ız quadratica me´dia ou root mean square-RMS ) e´ uma medida estat´ıstica sobre a magnitude de uma varia´vel e e´ calculado sobre o intervalo da func¸a˜o correspondente a um per´ıodo fundamental completo T , desde qualquer instante t0. yef = yrms = √ 1 T ∫ t0+T t0 y(t)2 dtA Tabela 1 apresenta a fo´rmula matema´tica para calcular o valor eficaz das formas de onda senoidal, quadrada e dente de serra. Onde, Yp representa a amplitude da onda (valor pico). Apostila de Circuitos Ele´tricos - Prof. Ce´sar M. Vargas Ben´ıtez 9 Tabela 1: Fo´rmulas para calcular o valor RMS Forma de onda Valor RMS Senoidal Yp√ 2 Quadrada Yp Dente de serra Yp√ 3 3.3 Fasores Um fasor e´ um nu´mero complexo que representa a magnitude e a fase de uma onda senoidal. A notac¸a˜o fasorial simplifica a resoluc¸a˜o de problemas envolvendo func¸o˜es senoidais no tempo. Por exemplo, Dado y(t) = yMcos(ωt+ θ) = 12cos(377t+ 45 o) Notac¸a˜o fasorial: Y = yM 6 θ = 12 6 45o 3.4 Resposta dos componentes R, L e C em corrente alternada A resposta dos componentes ba´sicos R, L e C ao sinal senoidal (cor- rente/tensa˜o) sera´ apresentada nesta sec¸a˜o. • Resistor: em um circuito puramente resistivo, a tensa˜o e a corrente es- ta˜o em fase. Os valores picos da tensa˜o e da corrente esta˜o relacionados atrave´s da Lei de Ohm. Figura 4: Circuito puramente resistivo v = Vmsen(ωt) i = v/R = Vm R sen(ωt) Apostila de Circuitos Ele´tricos - Prof. Ce´sar M. Vargas Ben´ıtez 10 i = Imsen(ωt) A Figura 5 apresenta as formas de onda de corrente e tensa˜o em um circuito puramente resistivo. Figura 5: Circuito puramente resistivo: formas de onda • Indutor: em um circuito puramente indutivo, a tensa˜o vL(t). esta´ adiantada de 90o em relac¸a˜o a` iL(t). Em outras palavras, a corrente no indutor iL(t)esta´ atrasada de 90 o em relac¸a˜o a` vL(t). Figura 6: Circuito puramente indutivo A Figura 7 apresenta as formas de onda de corrente e tensa˜o em um circuito puramente resistivo. A tensa˜o no indutor pode ser representada pela seguinte equac¸a˜o (con- forme visto na disciplina de Introduc¸a˜o a` Eletricidade): vL(t) = L diL dt = Ld(Imsen(ωt)) dt = ωLImcos(ωt) vL(t) = ωLImcos(ωt) = Vmsen(ωt+ 90 o) Apostila de Circuitos Ele´tricos - Prof. Ce´sar M. Vargas Ben´ıtez 11 Figura 7: Circuito puramente indutivo: formas de onda Oposic¸a˜o = Vm Im = ωLIm Im = ωL ω = 2pifL A oposic¸a˜o e´ chamada de reataˆncia indutiva e depende da frequeˆncia do sinal e da indutaˆncia do indutor. A reataˆncia indutiva e´ representada por XL e e´ medida em ohms (Ω). XL = Vm Im = ωL = 2pifL • Capacitor: em um circuito puramente capacitivo, a tensa˜o vL(t). esta´ atrasada de 90o em relac¸a˜o a` iL(t). Figura 8: Circuito puramente capacitivo A corrente no capacitor pode ser representada pela seguinte equac¸a˜o (conforme visto na disciplina de Introduc¸a˜o a` Eletricidade): ic(t) = C dvc dt = C d(Vmsen(ωt)) dt = ωCVmcos(ωt) ic(t) = ωCVmcos(ωt) = Imsen(ωt+ 90 o) Apostila de Circuitos Ele´tricos - Prof. Ce´sar M. Vargas Ben´ıtez 12 Oposic¸a˜o = Vm Im = Vm ωCVm = 1 ωC ω = 1 2pifC A oposic¸a˜o e´ chamada de reataˆncia capacitiva e depende da frequeˆncia do sinal e da capacitaˆncia do capacitor. A reataˆncia capacitiva e´ repre- sentada por XC e e´ medida em ohms (Ω). XC = Vm Im = 1 ωC Comportamento de indutores e capacitores em baixa e alta frequeˆncia: • Indutor: ↑ f ⇒↑ XL ↓ f ⇒↓ XL • Capacitor: ↑ f ⇒↓ XC ↓ f ⇒↑ XC Componente f = 0Hz (CC) f →∞(CA) Indutor (L) XL = 2pif = 0Ω(curto) XL = 2pif =∞Ω(aberto) Capacitor (C) XC = 1 2pifC =∞Ω(aberto) XC = 12pifC = 0Ω(curto) 4 Notac¸a˜o fasorial, Impedaˆncia e admitaˆncia 4.1 Notac¸a˜o fasorial *Para trac¸ar o diagrama fasorial, veja a subsec¸a˜o 1.3. Exemplos sera˜o apresentados em sala de aula. 4.2 Impedaˆncia A impedaˆncia e´ caracterizada como o impedimento ao fluxo de cargas ele´tricas em um material devido a uma perturbac¸a˜o externa alternada. A impedaˆncia de um elemento em certa frequeˆncia e´ definida como a relac¸a˜o entre a tensa˜o e a corrente de entrada nesta frequeˆncia. Esta relac¸a˜o pode ser dividida em duas componentes: • relac¸a˜o das amplitudes (ou magnitude, mo´dulo): representada pela parte real da impedaˆncia e caracteriza a resisteˆncia do elemento (R); Apostila de Circuitos Ele´tricos - Prof. Ce´sar M. Vargas Ben´ıtez 13 • relac¸a˜o entre fases: atraso entre os sinais de tensa˜o e corrente. Repre- senta a parte imagina´ria da impedaˆncia e que caracteriza a reataˆncia do elemento (X); A impedaˆncia e´ expressa em Ohms e designada pelo s´ımbolo Z. A reataˆncia representa a oposic¸a˜o oferecida ao fluxo de corrente ele´trica alternada causada por capacitaˆncia ou indutaˆncia em um circuito. Unidade: Ω A relac¸a˜o entre impedaˆncia, resisteˆncia e reataˆncia e´ dada por: Z = R + jX Onde, Z representa a impedaˆncia; R e´ a resisteˆncia; X e´ a reataˆncia. X < 0: reataˆncia capacitiva X > 0: reataˆncia indutiva Conforme apresentado na sec¸a˜o 3.4, o valor das reataˆncias e´ dado por: XL = 2pifL XC = 1 2pifC Impedaˆncia na forma polar: Z = r 6 θ Onde, r = |z| = √R2 +X2 R = rcosθ X = rsenθ z = r(cosθ + jsenθ) Aˆngulo de fase (θ): mede a relac¸a˜o entre resisteˆncia e reataˆncia em circuitos ele´tricos. O aˆngulo de fase e´ zero graus se o circuito e´ puramente resistivo e noventa graus se o circuito e´ puramente capacitivo ou indutivo. Um aˆngulo de fase de 45 graus representa um circuito com magnitudes iguais de reataˆncia e resisteˆncia. Impedaˆncia puramente resistiva: Apostila de Circuitos Ele´tricos - Prof. Ce´sar M. Vargas Ben´ıtez 14 Z = R 6 0o = R Impedaˆncia puramente capacitiva: Z = XC 6 − 90o = −jXC Impedaˆncia puramente indutiva: Z = XL 6 + 90o = +jXL 4.3 Admitaˆncia Em circuitos de corrente alternada, a admitaˆncia e´ definida como Y = 1 Z . Unidade no sistema internacional: Siemens Admitaˆncia na forma retangular: Y = G+ jB Onde, a parte real G representa a condutaˆncia (inverso da resisteˆncia) [Siemens]; a parte imagina´riaB representa a susceptaˆncia (inverso da reataˆncia) [Siemens]. G = 1 R B = 1 X A admitaˆncia do circuito apresentado na Figura 9 pode ser obtida atrave´s da soma das admitaˆncias de cada elemento: YT = Y1 + Y2 + Y3 + ... + YN A impedaˆncia total do circuito e´ o inverso da admitaˆncia total: ZT = 1 YT = 11 Y1 + 1 Y2 + 1 Y3 +...+ 1 YN Figura 9: Circuito paralelo Exemplos: Apostila de Circuitos Ele´tricos - Prof. Ce´sar M. Vargas Ben´ıtez 15 • Duas impedaˆncias em paralelo: ZT = Z1Z2 Z1+Z2 Usando o conceito de admitaˆncia: YT = Y1 + Y2 Onde, Y1 = 1 Z1 Y2 = 1 Z2 • Dado o circuito apresentado na Figura 10, determine: YR, YL, YC , YT , ZT . Figura 10: Exemplo Soluc¸a˜o: YR = G 6 0o = 1R 6 0 o = 1 5Ω 6 0o YR = 0, 2 6 0o S = 0, 2 + j0 S YL = BL 6 − 90o = 1XL 6 − 90o = 18Ω 6 − 90o YL = 0, 125 6 − 90o = 0− j0, 125 S YC = BC 6 90o = 1XC 6 90o = 1 20Ω 6 90o YC = 0, 050 6 90o = 0 + j0, 050 S YT = YR + YL + YC = 0, 2− j0, 125 + j0, 050 = 0, 2− j0, 075 S YT = 0, 2136 6 − 20, 56oS ZT = 1 YT = 1 0,21366 −20,56o = 4, 68 + 20, 56 oΩ Tarefa: esboce o diagrama fasorial de impedaˆncias e admitaˆncias (sepa- radamente). Na˜o sabe como fazer? Enta˜o, veja a subsec¸a˜o 1.3. Apostila de Circuitos Ele´tricos - Prof. Ce´sar M. Vargas Ben´ıtez 16 4.4 Associac¸a˜o de impedaˆncias • Se´rie: A Figura 11 apresenta um circuito se´rie composto por treˆs elementos: resistor, indutor e capacitor. Figura 11: Circuito se´rie: exemplo A impedaˆncia total de um circuito se´rie pode ser calculada da seguinte maneira: ZT = Z1 + Z2 + Z3 + ...+ ZN Aplicando a fo´rmula no circuito exemplo: ZT = Z1 + Z2 + Z3 ZT = R 6 0o +XL 6 90o +XC 6 − 90o ZT = R + jXL − jXC ZT = R + j(XL −XC) Observac¸a˜o: analisando ZT = R+j(XL−XC), podemos concluir que o circuito e´ puramente resistivo para XL = XC . ZT = 6 + j(10− 12) = 6− j12 ZT = 6− j12Ω = 6, 33 6 − 18, 43oΩ A corrente total do circuitopode ser obtida atrave´s da Lei de Ohm: IT = E ZT A diferenc¸a de potencial nos elementos R, L e C pode ser obtida apli- cando a Lei de Ohm: VZ1 = VR = ITZ1 = ITR VZ2 = VL = ITZ2 = ITXL VZ3 = VC = ITZ3 = ITXC Ou aplicando divisor de tensa˜o: VZ1 = EZ1 ZT Apostila de Circuitos Ele´tricos - Prof. Ce´sar M. Vargas Ben´ıtez 17 VZ2 = EZ2 ZT VZ3 = EZ3 ZT Sugesta˜o: efetue as operac¸o˜es de multiplicac¸a˜o e divisa˜o na forma po- lar. • Paralelo: A Figura 12 apresenta um circuito paralelo composto por dois elementos: resistor e indutor. Figura 12: Circuito paralelo: exemplo A impedaˆncia total de um circuito paralelo pode ser calculada da se- guinte maneira: 1 ZT = 1 Z1 + 1 Z2 + 1 Z3 + ... + 1 ZN Fo´rmula para duas impedaˆncias: ZT = Z1Z2 Z1+Z2 ou a partir da admitaˆncia total: YT = Y1 + Y2 + Y3 + ...+ YN ZT = 1 YT Aplicando a fo´rmula no circuito exemplo: 1 ZT = 1 Z1 + 1 Z2 1 ZT = 1 R6 0o + 1 XL 6 90o→ Finalize os ca´lculos e esboce o diagrama fasorial de impedaˆncias. Calculando a corrente que atravessa cada impedaˆncia: I1 = IR = E R Apostila de Circuitos Ele´tricos - Prof. Ce´sar M. Vargas Ben´ıtez 18 I2 = IR = E XL Ou aplicando divisor de corrente: I1 = IR = ITZ2 ZT I2 = IL = ITZ1 ZT IR = ITZL ZR+ZL IL = ITZR ZR+ZL IL = ITR6 0o R6 0o+XL 6 90o IL = 20A 6 0o36 0o 36 0o+46 90o IL = 16 6 36, 87o A IR = 20A 6 0o46 90o 36 0o+46 90o IR = 12 6 − 53, 13oA 5 Poteˆncia ele´trica e fator de poteˆncia Um dos paraˆmetros que mais interessa e´ a poteˆncia ele´trica. Por exemplo, e´ importante conhecer a poteˆncia fornecida por um alternador, a poteˆncia consumida por um motor ele´trico, a poteˆncia emitida por uma emissora de radio, entre outros. A tensa˜o alternada aplicada a um circuito composto por elementos pas- sivos e´ uma func¸a˜o no tempo. A corrente resultante tambe´m e´ uma func¸a˜o no tempo que depende dos elementos que compo˜em o circuito. Por definic¸a˜o, a poteˆncia instantaˆnea e´ o produto da tensa˜o pela corrente: p = vi Para tensa˜o e corrente senoidal : v = Vmsen(ωt) i = Imsen(ωt+ θ) A poteˆncia instantaˆnea e´ dada por: Apostila de Circuitos Ele´tricos - Prof. Ce´sar M. Vargas Ben´ıtez 19 p = vi = Vmsen(ωt)Imsen(ωt+ θ) Aplicando identidades trigonome´tricas, temos p = V Icosθ(1− cos2ωt) + V Isenθ(sen2ωt) Onde, V e I representam o valor eficaz da tensa˜o e corrente, respectivamente. Estes valores foram obtidos a partir das operac¸o˜es com as identidades trigonome´- tricas. Expandindo a equac¸a˜o, temos p = V Icosθ − V Icosθcos2ωt+ V Isenθsen2ωt V Icosθ representa o valor me´dio; V Icosθ e V Isenθ representam o valor pico. 5.1 Poteˆncia em circuito puramente resistivo Em um circuito puramente resistivo, a tensa˜o e a corrente esta˜o em fase. Ou seja, θ = 0o . Substituindo θ na equac¸a˜o da poteˆncia instantaˆnea, temos pR = V Icos0 o − V Icos0ocos2ωt+ V Isen0osen2ωt Simplificando, pR = V I − V Icos2ωt A poteˆncia total fornecida ao resistor e´ liberada na forma de calor. A poteˆncia me´dia (ou poteˆncia ativa) pode ser derivada de pR: P = V I = VmIm 2 = I2R = V 2 R Unidade: watts [W] A energia dissipada pelo resistor e´ dada por W = Pt Apostila de Circuitos Ele´tricos - Prof. Ce´sar M. Vargas Ben´ıtez 20 5.2 Poteˆncia em circuito puramente reativo Em um circuito puramente indutivo, θ = 90o. Portanto, temos pL = V Isen2ωt Em um circuito puramente capacitivo, θ = −90o. Portanto, temos pC = −V Isen2ωt Em um circuito puramente reativo, a poteˆncia me´dia tem um valor nulo (na˜o e´ produzido nenhum trabalho u´til). Em geral, a poteˆncia reativa e´ definida da seguinte maneira: Q = V Isenθ Unidade: volt-ampe`re reativo [VAR] Para o indutor, temos QL = V I V = IXL I = V/XL QL = V 2 XL = I2XL Para o capacitor, temos QC = V I V = IXL I = V/XL QC = V 2 XL = I2XL 5.3 Poteˆncia aparente e fator de poteˆncia A poteˆncia aparente e´ definida por S = V I Unidade: volt-ampe`re [VA] O mu´ltiplo mais utilizado e´ o kVA. O Fator de poteˆncia e´ definido por Apostila de Circuitos Ele´tricos - Prof. Ce´sar M. Vargas Ben´ıtez 21 FP = P S = cosθ Por definic¸a˜o, o fator de poteˆncia e´ um nu´mero adimensional entre 0 e 1. Quando o fator de poteˆncia e´ igual a zero (0), o fluxo de energia e´ inteiramente reativo, e a energia armazenada e´ devolvida totalmente a` fonte em cada ciclo. Quando o fator de poteˆncia e´ 1, toda a energia fornecida pela fonte e´ consumida pela carga. Normalmente o fator de poteˆncia e´ assinalado como atrasado ou adiantado para identificar o sinal do aˆngulo de fase entre corrente e tensa˜o. 5.4 Triaˆngulo de poteˆncias As poteˆncias me´dia, reativa e aparente podem ser relacionadas na forma vetorial: S=P+Q Com P=P 6 0o QL=QL 6 90o QC=QC 6 − 90o Na forma fasorial: S=P + jQ Para um circuito RL: S=P + jQL Para um circuito RC: S=P − jQC De forma geral, a poteˆncia complexa pode ser determinada a partir de V e I S=VI∗ Onde, I∗ e´ o conjugado da I. P = V Icosθ = ReS Q = V Isenθ = ImS As Figuras 13(a) e 13(b) apresentam os triaˆngulos de poteˆncia para cir- cuitos RL e RC, respectivamente. Apostila de Circuitos Ele´tricos - Prof. Ce´sar M. Vargas Ben´ıtez 22 (a) (b) Figura 13: Triangulos de poteˆncia para circuitos RL e RC No Brasil, a Ageˆncia Nacional de Energia Ele´trica - ANEEL estabelece que o fator de poteˆncia nas unidades consumidoras deve ser superior a 0,92 capacitivo durante 6 horas da madrugada e 0,92 indutivo durante as outras 18 horas do dia. Este limite e´ determinado pelo Artigo nzˇ 64 da Resoluc¸a˜o ANEEL no456 de 29 de novembro de 2000. A mesma resoluc¸a˜o estabelece que a exigeˆncia de medic¸a˜o do fator de poteˆncia pelas concessiona´rias e´ obri- gato´ria para unidades consumidoras de me´dia tensa˜o (supridas com mais de 2,3kV) e facultativa para unidades consumidoras de baixa tensa˜o (abaixo de 2,3kV, como resideˆncias em geral). 5.5 Correc¸a˜o de fator de poteˆncia Na industria, a maioria das cargas consome energia reativa indutiva. Por exemplo, motores, transformadores, reatores, fornos de induc¸a˜o, entre outros. A energia reativa sobrecarrega a instalac¸a˜o ele´trica e inviabiliza sua plena utilizac¸a˜o. Enquanto a poteˆncia ativa e´ sempre consumida na execuc¸a˜o de trabalho, a poteˆncia reativa, ale´m de na˜o produzir trabalho, circula entre a carga e a fonte de alimentac¸a˜o, ocupando um “espac¸o” no sistema ele´trico que poderia ser utilizado para fornecer mais energia ativa. Um alto fator de poteˆncia (idealmente =1) indica uma alta eficieˆncia e um fator de poteˆncia baixo indica baixa eficieˆncia energe´tica. Algumas consequeˆncias de fator de poteˆncia baixo: • Acre´scimo na conta de energia ele´trica; • Limitac¸a˜o da capacidade dos transformadores de alimentac¸a˜o; • Quedas e flutuac¸o˜es de tensa˜o nos circuitos de distribuic¸a˜o; • Aumento das perdas ele´tricas na linha de distribuic¸a˜o por efeito Joule. Apostila de Circuitos Ele´tricos - Prof. Ce´sar M. Vargas Ben´ıtez 23 A introduc¸a˜o de elementos reativos para aumentar o fator de poteˆncia e´ conhecido como correc¸a˜o de fator de poteˆncia. Para cargas indutivas, o processo envolve a adic¸a˜o de capacitores em paralelo com a carga. A poteˆncia aparente diminui ao aumentar o fator de poteˆncia. Portanto, a utilizac¸a˜o de poteˆncia e´ mais eficiente. Exemplo: Um motor de 5hp com FP = 0, 6 e eficieˆncia de 92% e´ conectado a 208V, 60Hz. • Esboce o triaˆngulo de poteˆncias para a carga; • Determine o valor do capacitor que deve ser adicionado em paralelo para ter FP = 1 (puramente resistivo); • Determine a corrente total fornecida pela fonte para o circuito na˜o compensado e compensado. Resp.: InaoCompensado= 32, 49A ICompensado = 19, 49A • Desenhe o circuito compensado 1hp= 746W Rendimento: η = 92% = 0, 92 Po = 5.746W = 3730W Poteˆncia fornecida pela fonte: Pi = Po η = 3730 0,92 = 4054, 35W De FP = cosθ = 0, 6, temos θ = 53, 13o Aplicando tgθ = QL Pi , temos QL = tgθPi = 5405, 8VAR S = √ P 2i +Q 2 L = 6757, 25VA QL deve ser igual a` QC para ter S = P e FP = 1, pois S = P +jQL - jQC . Assim, Apostila de Circuitos Ele´tricos - Prof. Ce´sar M. Vargas Ben´ıtez 24 QC = QL = 5405, 8VAR Como XC = V 2 QC , temos XC = (208V )2 5305,8V AR = 8Ω C = 1 2pifXC = 331, 6µF
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