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Direito Processual Civil

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Direito Processual Civil
Conceito de Direito Processual Civil
O direito processual civil, inserido no direito público, representa o conjunto de normas jurídicas que regulamentam a jurisdição, a ação e o processo, criando a dogmática necessária para permitir a eliminação dos conflitos de interesses da natureza não penal e não especial.
Perceba-se que o direito processual civil está inserido no direito público pelo fato de a jurisdição ser atividade do Estado, que assumiu de forma (quase) exclusiva a tarefa de solucionar conflitos de interesses não dirimidos no plano extrajudicial, admitindo-se, de forma excepcional, o exercício da denominada autodefesa. 
A jurisdição, consiste na função atribuída ao Estado, de eliminar o conflito estabelecido entre as partes ou os interessados de uma relação jurídica que ocorre através do processo.
Relação do Direito Processual Civil com outros ramos do direito
Devemos compreender que o direito processual civil não se apresenta de forma isolada, como se a sua aplicação não dependesse de outros ramos da ciência jurídica.
Fontes do direito processual civil
As fontes do direito processual civil, de forma clássica são as leis, os costumes, a doutrina e a jurisprudência. A expressão lei é usada em sentido lato, para abranger a CF. A lei é a fonte primária do direito processual civil, já que é dela que emanam as regras necessárias à solução dos conflitos de interesses.
A lei nem sempre se apresenta de forma objetiva, amoldando-se com perfeição ao caso concreto, exigindo do seu aplicador que proceda à interpretação, nas suas diversas espécies (gramatical, sistemática, lógica, etc).
A súmula vinculante objetiva contribuir para a redução de processos em curso na Justiça nacional, sobretudo as ações previdenciárias e tributárias (assentadas em questões apenas de direito, na grande parte dos casos), posicionando a jurisprudência como fonte primária do direito, valorizando os precedentes emanados pelo STF.
Diante da omissão ou da imprecisão legislativa, que força o magistrado a julgar com base nos costumes, na doutrina e/ou jurisprudência, o princípio da motivação assume maior importância, exigindo do magistrado que fundamente de forma qualificada a decisão proferida.
Aplicação da lei processual civil no tempo
No que se refere às leis processuais civis, a elas se aplica a LICC, notadamente os seus artigos 1º e 2º, dispondo, em outras letras, que, salvo disposição em contrário, a lei começa a vigorar 45 dias depois de oficialmente publicada, e não se destinando a vigência temporária, surte seus efeitos até que outra lei a revogue ou a modifique.
A lei a ser utilizada não é a que vigora na data da publicação da sentença, do acórdão ou da decisão interlocutória (dada da intimação), mas a que se aplicava no momento da data da decisão, que é anterior à sua publicação, exceto se a sentença é proferida em audiência, quando a data da decisão e a intimação são coincidentes.
Aplicação da lei processual civil no espaço
Art. 1º CPC – A jurisdição civil, contenciosa e voluntária, é exercida pelos juízes, em todo território nacional, conforme as disposições que este Código estabelece.
A regra a ser observada em decorrência da aplicação do princípio da territorialidade, é a de que o magistrado brasileiro, no exercício do poder jurisdicional que lhe foi conferido, visando espancar conflitos de interesses instaurados, deve aplicar a lei nacional vigente, desprezando os textos internacionais, exceto nos casos que envolvam a intitulada cooperação internacional. Além disso, anotamos que as decisões proferidas por magistrados nacionais, só surtem efeitos nos limites geográficos da federação, não podendo refletir fora da jurisdição, exceto se houver permissibilidade do país estrangeiro para que tal fenômeno ocorra.
A LICC prevê que a homologação só é possível quando os seguintes requisitos forem preenchidos, qualificados como essenciais:
A sentença deve ter sido proferida por juiz competente;
As partes devem ter sido legal e devidamente citadas ou haver-se legalmente verificado revelia;
A sentença deve ter passado em julgado e estar revestida das formalidades legais;
A sentença deve ter sido traduzida por intérprete autorizado.
STJ dispõe que a sentença estrangeira não pode ser homologada no Brasil quando ofenda a soberania nacional ou a ordem pública.
Princípios processuais inseridos na Constituição Federal
Todo ramo científico encontra seu alicerce em proposições básicas, fundamentais e típicas, servindo de assento à sua estrutura e desenvolvimento.
A essa proposições dá-se o nome de princípios.
Princípio do juiz natural: com a vedação de que o processo seja julgado por juízo ou tribunal de exceção (inciso XXXVII do Art. 5º da CF);
Princípio do devido processo legal: (inciso LIV do art. 5º da CF), evitando que os atos processuais sejam praticados em desacordo com as previsões legais, e que as partes sejam tomadas de sobressalto pela prática de ato não especificado em lei;
Princípio da isonomia: (Art. 5º CF), garantindo que as mesmas regras se aplicam ao autor também se destinem ao réu;
Princípio do contraditório e da ampla defesa: (inciso LV e LVI do art. 5º CF), garantindo que as partes possam produzir as provas previstas e não vedadas pelo ordenamento jurídico, podendo contrapor-se a fatos e documentos trazidos ao processo pela parte contrária;
Princípio da motivação das decisões judiciais: (inciso IX do art. 93 da CF), exigindo do magistrado que prolate decisão fundamentada, em qualquer das suas espécies (decisões interlocutórias, sentenças e acórdãos dos tribunais);
Princípio da publicidade e dos atos processuais: (inciso IX do art. 93 da CF), garantindo a todas as pessoas o acesso a informações do processo, podendo manuseá-lo e assistir qualquer audiência, independentemente da sua natureza, exceto nas situações relacionadas ao segredo de justiça.
Princípio do juiz natural
Representa a garantia de que a causa não pode ser julgada por juízo ou tribunal de exceção, assim entendido, na sua forma mais contundente. Às partes do processo é assegurado que o conflito seja apreciado por representantes do Poder Estatal (geralmente o Poder Judiciário), que recebeu atribuições da CF para solucionar determinados conflitos de interesse.
Princípio do devido processo legal
O processo deve ser conduzido de acordo com a forma prevista em lei, não se admitindo a prática de atos – em prejuízo a uma das partes – não previstos em norma legal ou por ela vedados.
O princípio do devido processo legal está presente desde a formação do processo até o seu último ato, já na fase de execução. O fato de a lei exigir que a petição inicial preencha os requisitos essenciais é decorrência do princípio em análise, daí defluindo todas as demais regras processuais, como as que exigem que a citação seja aperfeiçoada de forma válida. Que ao réu seja conferido o direito de defesa, que as partes tenham oportunidade de produzir provas, que o magistrado prolate sentença fundamentada ao término da instrução, etc.
O fato do magistrado não permitir a reprodução de prova testemunhal, tendo a parte apresentado o rol no prazo previsto, arrepia, ao mesmo tempo o princípio do contraditório e da ampla defesa e o princípio do devido processo legal. Na mesma linha de raciocínio, quando o magistrado julga o processo sem permitir que a parte apresente defesa, também infringe os dois princípios referidos. 
Princípio da isonomia
Alocado no Art. 5º CF – “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza (...)”.
Partes iguais (do ponto de vista processual e/ou econômico) devem ser igualitariamente tratadas; partes desiguais devem ser tratadas de modo não uniforme.
Princípio do contraditório e da ampla defesa
Direito conferido às partes de forma isonômica de produzir todas as provas que entendam necessárias à formação do convencimento do juiz.
As provas previstas no âmbito do processo civil, de forma nominada (depoimento pessoal, prova pericial, prova documental, testemunhal,confissão e inspeção) ou inominada (indícios de presunções), têm o seu momento de produção, numa linha de raciocínio lógico-sistemática (propositura da prova, admissão, produção e valoração). A juntada de documentos nos autos é garantida em decorrência da aplicação do princípio do contraditório e da ampla defesa, mas é condicionada e limitada, estabelecendo a Lei de Ritos fases apropriadas para que essa juntada ocorra. 
Como regra a apresentação do rol das testemunhas deve ser apresentado antes da audiência de instrução e julgamento, exceto nos procedimentos sumários, que exige a apresentação do rol das testemunhas por ocasião do oferecimento da petição inicial e da peça de defesa.
De qualquer modo, devemos perceber que o princípio constitucional, aplicado ao processo civil, representa a garantia de que os envolvidos no processo (não apenas as partes), com pretensão reduzidas, podem fazer uso de todos os meios de prova (desde que não sejam ilícitas ou moralmente ilegítimas) para ratificar a veracidade das suas alegações, importando, ainda, na certeza de que o juiz deve dispensar tratamento isonômico às partes, não podendo deferir a produção de provas em favor delas e indeferir, sem qualquer fundamentação em relação à outra.
Princípio da motivação das decisões judiciais
O princípio da motivação ou da fundamentação das decisões judiciais, previsto no inciso IX do art. 93 da CF, impõe que toda e qualquer decisão originada de representante do Poder Judiciário seja fundamentada, fornecendo às partes da relação jurídico-processual condições de compreendê-la e de combatê-la através do recurso adequado.
A decisão judicial que não tenha essas características pode ser impugnada através do oferecimento do recurso de embargos a declaração, com expressa indicação do ponto omisso da declaração, e, persistindo o problema, do recurso principal (apelação, contra sentença, agravo, contra decisão interlocutória, recurso especial e/ou recurso extraordinário, contra acórdão de tribunal), no qual o recorrente deve suscitar a nulidade do julgado por afronta a dispositivo da CF.
Princípio da publicidade do processo e dos atos processuais
Disposto no art. 93, inciso IX CF, as partes, bem como seus advogados, têm acesso a todas as informações do processo, sendo-lhes garantida a presença em todos os atos processuais. Essa regra, contudo, não é absoluta, sofrendo mitigação em atenção às próprias partes do processo, que em algumas situações são constrangidas pela simples existência da ação judicial por elas ou contra elas propostas, isso ocorre, fundamentalmente nas ações do estado (ações de família), e nas ações de grande comoção social, de evidente interesse da coletividade, com a necessidade de proteção do protagonista do processo, que é diferenciado em decorrência de sua idade, da matéria ou pela posição social.
Os direitos de consultar os autos e de pedir certidões é restrito às partes e aos seus procuradores. O terceiro interessado pode requerer ao juiz seja-lhe fornecida certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventário e partilha resultante do desquite.
Nas ações que correm em segredo de justiça, com a limitação da aplicação do princípio da publicidade, os nomes das partes não podem constar em qualquer informação do processo (capa dos autos ou sistemas de informações processuais acessíveis pela internet), sendo identificadas apenas pelas iniciais.
Em decorrência da lei do divórcio (Lei nº 6.515, de 26.12.1977), foi previsto que correm em segredo de justiça as ações que digam respeito a casamento (anulação e nulidade), filiação (investigação de paternidade), separação dos cônjuges, conversão desta em divórcio, alimentos (ação de alimentos, de revisão de alimentos ou de exoneração de alimentos) e guarda de menores.
O art. 9º da Lei 9.278, de 10.05.1996, prevê que as ações de união estável também corram em segredo de justiça, incluindo ações de reconhecimento da união estável, sua dissolução com ou sem partilha dos bens e pedido de alimentos formulado por um dos protagonistas da relação em análise.
Nos casos examinados, a aplicação do princípio da publicidade é restringida, em atenção as partes, e à própria instituição familiar, que goza de proteção especial do Estado, conforme o art. 226 CF.
Princípio da razoável duração do processo
Art. 4º CPC – As partes têm direito de obter em prazo razoável a solução integra da lide, incluída a atividade satisfativa.
A norma constitucional anteriormente reproduzida é programática ou idealista. A sua redação isolada não garante que os processos judiciais e que os procedimentos administrativos sejam encerrados em tempo razoável, evitando as delonga processuais que tanto sacrificam o direito material e as partes posicionadas em polos antagônicos (autor e réu).
A razoável duração do processo só será alcançada com a aprovação de projetos que evitem a proliferação de recursos destinados ao combate de toda e qualquer decisão judicial, bem como por meio de uma maior originalidade do operador do direito, incluindo os acadêmicos, os magistrados e, principalmente, os advogados.
Síntese conclusiva
O direito processual civil, inserido no âmbito do direito público, representa o conjunto de normas jurídicas que regulamentam a jurisdição, a ação e o processo, permitindo a eliminação de conflitos de interesses de natureza não penal.
O direito processual civil, se relaciona de forma intrínseca com vários outros ramos do direito, como o direito constitucional, penal, processual penal, direito civil, tributário e do consumidor.
São fontes do direito processual civil a lei (fonte primária), os costumes, a doutrina e a jurisprudência, servindo de referência à edição de normas jurídicas e como subsídio para o julgamento das ações judiciais.
Como regra, a lei processual se aplica de imediato aos processos em curso, não podendo, contudo, alcançar atos processuais praticados antes da sua vigência, em respeito ao princípio constitucional do direito adquirido, do ato jurídico perfeito e da coisa julgada.
O processo civil brasileiro é orientado pelo princípio da territorialidade, estabelecendo que o magistrado investido na função jurisdicional deve aplicar a lei nacional para solucionar conflitos de interesses, afastando a incidência da lei estrangeira, importando, ainda, na limitação da eficácia e da validade das decisões judiciais proferidas que prestam a jurisdição em outros países, exigindo-se, nesse caso, a homologação da decisão do STJ, desde que os requisitos necessários sejam preenchidos, qualificados como indispensáveis.
Os princípios são vigas do ordenamento jurídico, garantindo que as normas legais editadas com a sua observância, e que o magistrado os observe por ocasião do julgamento dos processos.
O princípio do juiz natural garante que as partes sejam julgadas pelo representante do Poder (geralmente judiciário) investido na prerrogativa de pôr fim ao conflito de interesses, evitando a instituição do juízo ou do tribunal de exceção.
O princípio do devido processo legal é uma espécie de supra princípio, englobando todos os demais, de modo que a infração a qualquer deles acarreta, necessariamente, a infração ao princípio do devido processo legal.
O princípio da isonomia garante tratamento paritário às partes, assegurando que partes desiguais sejam tratadas de forma desigual.
O princípio do contraditório e da ampla defesa garante às partes o direito de produzirem provas, de interpor recursos contra decisões judiciais, de se manifestar sobre documentos atados aos autos, etc.
O princípio da motivação impõem ao magistrado o dever de fundamentar todas as decisões judiciais, mesmo que de forma concisa (no caso das terminativas), sob pena de nulidade, como matéria de ordem pública, sobrepondo-se ao interesse meramente particular das partes em litígio.
Pelo princípio da publicidade do processo e dos atos processuais, as partes e os advogados têm amplo acesso a todos os documentos dos autos, às salas de audiência, sofrendo as ressalvas e as mitigações, ditadasem decorrência do interesse público.
Pelo princípio da razoável duração do processo, assentando de forma idealista, os protagonistas do processo devem visualizá-lo como meio, não como fim, evitando a prática de atos exageradamente burocratizados e procrastinatórios exigindo-se originalidade do operador do direito. 
Jurisdição e competência
Conceito de jurisdição
O Estado está encarregado de prestar as funções jurisdicional, legislativa e administrativa (ou executiva), cada uma apresentando características próprias, distinguindo-se entre si, dentre outras coisas, pelos seus objetivos.
A jurisdição se qualifica como o poder conferido ao Estado de solucionar conflitos de interesses não resolvidos no âmbito extrajudicial, devendo ser destacado, de proêmio, que esse poder se diferencia dos demais poderes do Estado em decorrência da característica da decisão proferida pelo representante do ente estatal em resposta à solicitação de pacificação do conflito: a decisão, se for acobertada pela coisa julgada, não mais pode ser revista nem pelo Poder Judiciário nem por outro poder do Estado, exceto através do ingresso de ação rescisória.
Jurisdição, assim consiste no poder conferido ao Estado, através dos seus representantes, de solucionar conflitos de interesses não dirimidos no plano extrajudicial, conflitos que revestem da característica de litígios, revelando a necessidade da intervenção do estado para que pendenga estabelecida entre as partes seja solucionada.
Devemos compreender, em complemento ao que foi articulado, que o Estado reservou, em determinado momento histórico, o ônus de prestar a jurisdição, afastando a solução dos conflitos através dos próprios particulares, ou seja, proibindo que se fizesse justiça com as próprias mãos, denominada justiça privada.
Jurisdição contenciosa
A jurisdição, como gênero, apresenta a jurisdição contenciosa e a jurisdição voluntária como espécies, a ultima também denominada como administrativa. Na primeira vislumbramos a presença de conflito de interesses, estabelecido entre partes, exigindo a intervenção do ente estatal para que seja dirimido.
Na jurisdição voluntária, conforme verificamos na secção seguinte, não há litígio a ser dirimido, autuando o magistrado como uma espécie de administrador, permitindo a prática de um ato em decorrência do interesse público.
A jurisdição contenciosa, marcada pela existência de litígio (conflito de interesses), revela a existência de processo judicial, envolvendo partes em polos distintos (autor e réu), findando com a prolação da sentença de mérito, desde que as condições da ação e os pressupostos processuais estejam presentes, sob pena de extinção do processo sema resolução do mérito (Art. 267 – CPC)
A sentença proferida nos processos de jurisdição contenciosa é traumática, ou seja, benéfica a uma das partes e prejudicial ao interesse da parte contrária.
Jurisdição Voluntária
Na jurisdição voluntária, como afirmado anteriormente, o magistrado se apresenta na condição de representante do Poder Judiciário, como verdadeiro administrador, levando-nos a concluir que a função jurisdicional na espécie voluntária aproxima-se de outra função estatal, como tal da executiva ou administrativa.
Não obstante a semelhança existente entre jurisdição voluntária e a função executiva do Estado, na primeira o magistrado permanece investido de independência jurídica, o que não ocorre com a função administrativa ou executiva, sujeita à “dependência hierárquica”.
Alguns doutrinadores afirmam que na jurisdição voluntária, também denominada graciosa ou administrativa, não vislumbramos a presença de partes, mas de interessados, nem de processo, mas tão somente de procedimento, que é um minus em relação ao primeiro.
A partir do art. 1103 do CPC temos a aplicação da jurisdição voluntária relativamente aos seguintes procedimentos:
Alienações judiciais: nas hipóteses não exaustivas dos arts. 1237 (alienação de coisa perdida), 1748, IV (alienação de bens móveis ou imóveis por parte do tutor), 1750 (venda de bens pertencentes a menores sob tutela), 1774 (alienação de bens pertencentes a curatelados), 2019 (alienação de bens, na fase de partilha, insuscetíveis de divisão cômoda) todos do CC.
Separação consensual, cujas normas foram derrogadas pela EC 66/2010, responsável pela modificação do § 6º art. 226 da CF, para prever que a única modalidade de dissolução do matrimônio é o divórcio.
Abertura, registro e cumprimento de testamentos e codicilos
Arrecadação de bens da herança jacente
Declaração de ausência, como correspondente arrecadação de patrimônio
Arrecadação de coisas vagas
Interdição
Suprimento de aprovação de estatuto de fundação
Especialização da hipoteca legal
Suprimento de outorga uxória
O procedimento orientado pela jurisdição voluntária pode ter inicio a requerimento do interessado ou do MP. A justificativa de atuação do MP, como provocador da jurisdição, origina-se da constatação de que nos procedimentos de jurisdição voluntária, não obstante se refiram a interesses privados, em regra emerge verdadeiro interesse público, em decorrência da qualificação dos interessados ou do objeto do procedimento.
O magistrado não prolata sentença de mérito, nesses procedimentos, no sentido de prejudicar a uma das partes, concedendo benefício processual em favor da parte.
A manifestação judicial se limita a homologar o acordo de vontades ou a atestar a regularidade do procedimento, concedendo uma autorização (para a venda de bens, por exemplo), aprovando um documento (estatuto de fundação, por exemplo).
Princípio da Inércia
O princípio da inércia está inserido no art. 2º do CPC – “nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando provocado de forma legal”. Após a formação do processo, por extensão do princípio da inércia, outra regra incide no processo, desta feita impondo ao órgão jurisdicional, que tinha o dever de permanecer inerte num primeiro instante, aguardando a provocação da parte interessada, dar prosseguimento ao processo, algumas vezes independentemente da manifestação da parte interessada.
Essa regra decorre da aplicação do art. 262 do CPC, dispondo que o “processo civil começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve por impulso oficial”. Provocada a jurisdição, é dever do magistrado dar andamento ao processo, determinando a prática de atos conforme o procedimento aplicável ao caso concreto. A regra analisada não é absoluta, considerando que o processo pode ser extinto sem a resolução do mérito quando ficar parado por mais de um ano por negligência das partes, ou por abandono processual, quando o autor não promover os atos e diligências que lhe competir. Encontramo-nos diante da intitulada contumácia processual, sendo necessário que o ato ou a providência omitida seja de responsabilidade da parte.
Questão elegante se refere à convivência do princípio da inércia com o princípio dispositivo, que se refere “aos poderes das partes em relação a uma causa determinada, posta sob julgamento”. O segundo princípio, mais amplo do que o primeiro, não se refere à propositura da ação judicial, mas aos limites da atuação do magistrado na condução do processo instaurado, sobretudo no que se refere à produção das provas.
Por conta desse princípio, o legislador edificou a regra (art. 130 – CPC), para conferir ao magistrado a prerrogativa de determinar a produção de provas de ofício, sem provocação das partes, em decorrência da sua condição de destinatário da prova judicial, possibilitando a formação do seu convencimento pessoal. Dentro desse modus operandi, destacamos a possibilidade de o magistrado determinar a produção de provas de ofício, para a formação do seu convencimento, como destinatário da prova. Essa atuação representa uma faculdade, não um dever, não afastando a aplicação do princípio dispositivo, entendendo a jurisprudência que o magistrado não pode, por exemplo, determinar a ouvida de testemunha que tenha sido arrolada pela parte fora do prazo previsto em lei.
O MP pode também dar inicio a demandasjudiciais, provocando a jurisdição na condição de substituto absoluto, sempre que houver autorização legal nesse sentido. A ação é proposta pelo MP, na condição de parte, não apenas como fiscal da lei.
Exemplos de quando é conferida prerrogativa ao MP para propositura de ações judiciais:
Ação de investigação de paternidade (art. 2º § 4º § 4º Lei 8560/92);
Ação a favor de deficientes (art. 1º da Lei 7853/89);
Ação a favor de investidores do mercado imobiliário (art. 1º da Lei 7913/89);
Propositura da ação denominada ex delicto (art. 68 do CPC);
Propositura de ação civil pública visando à proteção do meio ambiente, do patrimônio artístico, histórico, paisagístico, turístico, do consumidor, por infração da ordem econômica ou de qualquer outro interesse difuso ou coletivo (art. 1º da Lei 7347/85);
Propositura de ação civil pública em favor da criança e do adolescente, nas hipóteses previstas no ECA;
Propositura de ação de retificação, restauração ou suprimento de assento formalizado no registro civil (art. 109 da LRP).
Atuação ex officio
Há hipóteses em que a jurisdição pode ser exercitada de ofício pelo magistrado, independentemente da provocação da parte interessada, afastando a aplicação do princípio a inércia. Isso ocorre nas demandas (...)
“relativas aos direitos em estado de periclitação, em que o Estado – juiz não pode contemplar, passivamente, a destruição do direito alheio sem interferir ex officio, máxime porque vedada a autotutela e garantindo constitucionalmente o cânone da inafastabilidade da jurisdição”.
Como consequência, afastando a regra de que a jurisdição depende da iniciativa da parte, encontramos algumas demandas/procedimentos que são iniciados sem qualquer manifestação de vontade do autor, por intervenção direta e exclusivamente do magistrado.
São as seguintes hipóteses:
A abertura do processo de inventário, conforme disposto no art. 9898 do CPC;
A exibição de testamento, segundo o art. 1129 do CPC;
A suscitação de conflito de competência, segundo estatuído no art. 116 do CPC;
A suscitação de incidente de uniformização de jurisprudência (art. 476 do CPC);
A arrecadação de bens de ausente, conforme disposto no art. 1160 do CPC.
Devemos verificar que a atuação de ofício por parte do magistrado somente é permitida quando “razões de ordem pública e igualitária o exijam”, ou seja, quando estivermos diante de ação que versa sobre direito indisponível ou que evidencie hipótese jurídica de manifesta desproporção entre as partes.
Autodefesa
Em algumas situações, a lei permite que o prejudicado despreze a via judicial – e a atuação do Estado no exercício da função jurisdicional - , resolvendo por força própria o conflito de interesses estabelecido, realizando a chamada justiça com as próprias mãos.
Embora o conflito de interesses seja dirimido da mesma forma que o seria se a função jurisdicional fosse exercitada, chegando ao mesmo resultado, percebemos que, na autodefesa, a solução parte de uma intervenção privada, distanciando-se da função jurisdicional que é de natureza pública.
Nessas hipóteses a função jurisdicional pode ser substituída, por liberalidade do prejudicado, pela intervenção do próprio autor do direito material supostamente atingido. Se o conflito de interesses for dirimido pelo prejudicado, impondo-se frente ao problema surgido, não teremos o exercício da função jurisdicional.
Contudo, mesmo nos casos que a lei confere essa prerrogativa ao interessado, este pode preferir que o conflito seja resolvido diretamente pelo ente estatal, exercitando o direito de ação, deixando de praticar os atos extrajudiciais autorizados pelo ordenamento jurídico.
Sendo assim, pode-se afirmar que a autodefesa é uma opção conferida ao interessado na solução do conflito, podendo resolvê-lo por força própria ou mediante a provocação da justiça, sem ter que provar na ultima hipótese que teria primeiramente buscado a solução por manu militare, ou seja, por desforço próprio. 
Dois requisitos devem ser preenchidos para o exercício da autodefesa:
A reação do possuidor, repelindo a turbação ou o esbulho, deve ser imediata;
A reação deve ser exercitada com moderação, sendo proporcional à agressão sofrida.
No que se refere ao primeiro requisito, perceba que o legislador manteve a técnica da lei em aberto, sem definir o que devemos entender por reação imediata, considerando, sobretudo, as múltiplas diferenças existentes entre cada região, o que, por si só, define diferentes momentos de reação.
No que pertine à moderação da reação, guardando proporção com a agressão sofrida, o excesso cometido pelo possuidor pode dar ensejo à instauração de ação penal, pelo cometimento do crime exercício arbitrário das próprias razões (Art. 345 do CP).
A legítima defesa, sem sentido lato, corresponde a uma espécie de autodefesa ou de autotutela, considerando que o exercício pode evitar a propositura da ação judicial, resolvendo o particular determinado conflito de interesses através do seu desforço próprio, legitimado pelo direito.
Competência – Conceito
A competência consiste no fracionamento da função jurisdicional, atribuindo-se a cada juiz ou tribunal parcela de jurisdição, possibilitando o seu exercício. As regras de competência se justificam por uma questão de racionalização do serviço forense, atribuindo a cada órgão judicial parcela do trabalho de distribuir a Justiça em todos os cantos da federação.
Todo juiz ou tribunal é investido da função jurisdicional, mas apenas se torna competente a partir do momento em que o direito de ação for exercitado. Assim, afiançados por ensinamentos doutrinário, afirmamos que todo juiz exerce jurisdição, podendo não ter competência, mas não terá competência sem exercer jurisdição.
O só fato de integrar os quadros do Pode Judiciário abstratamente confere ao juiz a investidura na função jurisdicional. O exercício da função jurisdicional, por ser provocado, depende do exercício do direito de ação fixando a competência do órgão jurisdicional para desatar o conflito de interesses.
As regras de competências estão dispostas na CF – Arts. 92; no CPC Arts. 86, em legislações esparsas e nos regimentos internos de cada tribunal da federação e nos códigos de organização judiciária.
A regra de competência é limitadora, ou seja, se a competência de determinado órgão jurisdicional não foi especificada, por conta de certa matéria ou de determinada pessoa, ele pode tudo julgar. No momento em que essa competência é fixada, é limitada, restringindo o poder jurisdicional do órgão específico.
Momento da fixação da competência
Regra importante, diz respeito ao momento em que a competência é fixada, evitando que alterações de fato ou de direito posteriormente ocorridas possam modificar a competência firmada, a ponto de determinar o deslocamento do processo para outro foro e ou juízo.
O art. 87 do CPC prevê que a competência é fixada no momento da propositura da ação, coincidindo com a distribuição da petição inicial em juízo, se a comarca for servida por mais de uma vara, ou com o despacho lançado na petição inicial (art. 263), quando apresentar vara única, o que ocorre em algumas comarcas interioranas.
A ação deve ser proposta na comarca do réu (art. 94 CPC), mesmo que o réu após a propositura da ação altere seu domicilio, a ação continuará a correr na comarca onde a ação foi distribuída.
Essa regra que trata da estabilidade da lide é corolário do brocardo (afirmação deduzida de uma verdade já mostrada) perpetuatio jurisdictionis, não sendo contudo de natureza absoluta.
Competência Internacional
Num primeiro momento, seguindo a orientação de que a competência é fixada por exclusão, devemos observar se a ação terá curso pela justiça interna ou nacional, ou se ao contrário deve ou pode ser proposta perante a justiça estrangeira. A competência internacional não exclui, necessariamente, a competência da autoridade brasileira, razão pela qual a mesma ação pode ser proposta no exterior e no Brasil.
O art. 88 – CPC, disciplina que a competência da autoridadebrasileira, permite que as ações listadas na norma sejam propostas no Brasil, sem afastar a possibilidade de idêntica ação ser proposta no exterior (idêntica, por apresentarem os mesmo elementos: partes, causa de pedir e pedido), correndo os processos em paralelo, um não se contaminando como o que for decidido no outro.
Se as ações idênticas tivessem curso perante juízes integrantes da Justiça Brasileira, estaríamos diante da litispendência (duas ou mais ações apresentando os mesmo elementos), determinando a extinção de uma delas sem apreciação do mérito, reservando essa apreciação para a que se mantém em andamento. Contudo se as ações idênticas correm uma perante a autoridade judiciária brasileira e a outra no exterior, na hipótese da competência concorrente da justiça nacional, a litispendência não se confirma (art. 90), não incidindo a regra impositiva de extinção de um dos processos sem a resolução do mérito.
Nesse caso as duas demandas correm simultaneamente, resolvendo-se a questão de acordo com a ordem do trânsito em julgado das sentenças prolatadas nos processos. A primeira das sentenças que alcançar esse estágio será executada; a outra será simplesmente desprezada para fins de execução forçada.
Competência Interna
Verificamos que o art. 89 – CPC, dispõe ser da competência exclusiva da autoridade brasileira (não apenas concorrente, como na primeira hipótese), o julgamento de ações que digam respeito a imóveis situados no Brasil, bem como o processamento de inventário e partilha de bens, localizados no Brasil, “ainda que o autor da herança seja estrangeiro e tenha residido fora do território nacional”. Se uma ação for proposta no exterior, inserindo-se numa das hipóteses de competência exclusiva da autoridade brasileira, a sentença estrangeira que for proferida não pode ser executada no Brasil (inciso I do art. 5º da Resolução nº 9 do STJ).
Competência originária dos tribunais
Temos de verificar, num primeiro momento, se a competência deve ser fixada em favor de determinado tribunal, intitulada competência originária dos tribunais.
O tribunal aprecia o processo não como órgão revisor, revendo decisão proferida por magistrado do 1º grau de jurisdição. O processo deve ter inicio pelo tribunal, sendo dele a obrigação de proferir a primeira decisão (sob forma de acórdão – art. 163 – CPC), que pode ser posteriormente revista por outro tribunal ou hierarquia superior.
É necessário examinarmos as normas dispostas na CF, atributivas de competências de diversos tribunais:
102, inciso I – CF (competência originária do STF para processar e julgar);
105, inciso I – CF (competência do STJ para processar e julgar);
108, inciso I – CF (competência dos TRF´s para processar e julgar)
A competência dos tribunais de justiça dos estados é disciplinada e detalhada nas constituições estaduais, referindo-se em geral às seguintes situações, com ressalva de que o rol apresentado é apenas ilustrativo, podendo sofrer variações de estado para estado, algumas vezes para incluir outras para excluir espécies de competências da relação oferecida:
Processar e julgar originalmente o vice-governador, os secretários de estado, os prefeitos, os juízes estaduais e membros do MP nos crimes comuns e de responsabilidade;
Processar e julgar os deputados estaduais nos crimes comuns;
Processar e julgar os conflitos de competência entre órgãos da justiça estadual;
Processar e julgar os conflitos de atribuições entre autoridade judiciária e administrativas, quando houver interesse do governador, prefeito da capital, mesa da assembleia legislativa, tribunal de contas e procurador geral da justiça;
Processar e julgar os mandados de segurança contra atos de certas autoridades (governador, conselho da magistratura, MP, corregedor geral de justiça, juízes de direito, procurador geral de justiça, etc);
Ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo estadual ou municipal;
Processar ou julgar habeas data, mandando de injunção e habeas corpus contra atos praticados por determinadas autoridades, sempre detalhadas nas Constituições Estaduais.
Habeas data: direito a informação arquivadas em órgão público, informação referente ao solicitado, não pode ser de terceiros.
Habeas corpus: proteger o direito a liberdade.
Mandado de segurança: proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça"
Mandado de injunção: trata-se de uma ação civil constitucional, no qual o detentor do direito assegurado pela Constituição postula em juízo a edição de norma regulamentadora que ainda não fora criada pelo órgão competente.

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