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MBA EM GESTÃO DE PROJETOS Gerenciamento de Projetos e Gerenciamento Estratégico de Projetos - PMO, Maturidade e Portfólio PÓS-GRADUAÇÃOPÓS-GRADUAÇÃO 2 Curso MBA em Gestão de Projetos Disciplina Gerenciamento de Projetos e Gerenciamento Estratégico de Projetos – PMO, Maturidade e Portfólio Autor Renato Cristiano Torres Índice ÍNDICE Tema 01: Fundamentos de Gestão de Projetos 07 Tema 02: Estabelecendo Prazos, Custos e Qualidade 33 Tema 03: Gestão de Pessoas e Comunicação 69 Tema 04: Gestão de Riscos e Aquisições 89 © 2015 Kroton Educacional Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou qualquer outro idioma. 3 Como citar este material: TORRES, Renato. Gerenciamento de Projetos e Gerenciamento Estratégico de Projetos – PMO, Maturidade e Portfólio. Valinhos: 2015. 4 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 5 As empresas precisam conhecer bem suas técnicas de produção e/ou fornecimento de serviços para estabelecer metodologias capazes de atender um público cada vez mais exigente. Porém, será que sabemos o que realmente os clientes querem? Normalmente, compreendemos o que o cliente não quer depois que ele enxerga o produto final. Durante o desenvolvimento, o produto se torna tangível aos olhos dos clientes e é a partir daí que eles enxergam novas possibilidades, com isso tendem a propor mudanças. Diante desse cenário, descrever e compreender o desejo do cliente no início do projeto, estruturar as atividades de produção e criar mecanismos auxiliares de controle fará parte de uma estratégia para garantir o sucesso na construção do produto e a satisfação do cliente. Veremos a seguir que essas atividades farão parte da Gestão de Projetos. O PMI (Project Management Institute) tem o objetivo de desenvolver e divulgar as melhores práticas de gerenciamento de projetos, atuando desde 1969, segundo PMI São Paulo (http:// www.pmisp.org.br/), e tem mais de 250 mil usuários. A organização tem programas de certificação, atualização e um vasto acervo em seu site. Parte do conteúdo está disponível apenas para associados. Uma das contribuições mais importantes do PMI é o Guia PMBOK. Este documento é referência básica para o gerenciamento de projetos e para as certificações. O Guia estabelece diretrizes para processos, ferramentas e técnicas para gerenciamento de projetos, assim, o PMBOK torna-se documento indispensável de leitura para quem deseja implementar gestão de projetos em uma empresa. Esta disciplina não tem a proposta de ser um material preparatório para certificação, porém está baseada no PMBOK 4ª edição, por ser referência mundial nas melhores práticas de gestão de projetos. 6 TEMA 01 Fundamentos de Gestão de Projetos LEGENDA DE ÍCONES seções 7 Início Referências Gabarito Verificação de leitura Pontuando Vamos pensar Glossário Aula 8 01 Fundamentos de Gestão de Projetos Objetivos • Introdução ao gerenciamento de projetos. • Apresentação dos conceitos de gerenciamento de projeto. • Gerenciamento de escopo. 1. Introdução Ao longo do tempo, quatro fatores de modo geral influenciaram as empresas, são eles: tecnologia, mercado, sociedade e clientes. A tecnologia pode alterar o formato de produção da empresa, tornando-a mais eficiente, possibilitando um fluxo de comunicação adequado e gerando base de conhecimento que auxilie as pessoas a desenvolver suas habilidades. O mercado influencia a partir das necessidades de soluções e serviços globais, de forma a garantir qualidade uniforme ao redor do mundo, o que impacta em desenvolver fontes seguras de matéria-prima, fornecedores e canais de venda especializados. A sociedade impõe para as empresas a manutenção de boas práticas morais e éticas, a preocupação com a preservação do meio ambiente, produtos saudáveis e empresas humanísticas. Os clientes estão mais exigentes, a qualidade está implícita quando a necessidade atual é: qual a sensação ou experiência que o produto me proporcionará? O conhecimento sobre o perfil desse cliente e seus desejos é um diferencial. 1.1 O que é um projeto Para o PMI (PMBOK, 2008), um projeto é um esforço temporário com a finalidade de criar um produto/serviço único. Assim, podemos pensar: será que aquela viagem que irei realizar poderia se tornar um projeto? A resposta é sim, tem todos os requisitos para ser organizada em um grupo de atividades controladas por prazo com um objetivo único e envolvendo um orçamento financeiro, só que depende de um planejamento prévio. Um bom planejamento é 9 Aula 01 | Fundamentos de Gestão de Projetos a chave para o sucesso do projeto, pois coordenar e controlar todas as atividades exige um planejamento estratégico adequado, dirigido para o grau de complexidade de cada projeto. 1.2 Objetivos e fases do projeto Quando nos preparamos para uma viagem, o primeiro exercício é planejar quais atividades precisaremos executar até a data de retorno da viagem, objetivando o sucesso, ou seja, a satisfação com a viagem. Cada pessoa pode ter um nível de dificuldade diferente para realizar essa tarefa, que varia de acordo com seu perfil, associado a pensamento lógico, disciplina, organização metódica, etc. Como provavelmente não será um projeto único, ou seja, faremos outras viagens, quanto mais exercitarmos o planejamento, mais teremos casos de viagens bem-sucedidas, é uma tendência; isso sem falar que a experiência poderá ser passada para outras pessoas, portanto, gerir projetos é também construir uma base de conhecimento de tudo que funcionou e que não funcionou, e utilizar essa base para o próximo projeto. Pensando nisso, o PMI escreveu um documento, denominado PMBOK, que contém as melhores práticas para a gestão de projetos, servindo de apoio para gestores de projetos do mundo todo. O PMBOK (2008) divide as atividades em cinco grandes grupos de processos, são eles: Grupo Objetivo Iniciação Processos para definição do projeto ou fase (o que é o projeto?). Planejamento Definição de escopo, detalhamento dos objetivos e estratégia (como fazer?). Execução Execução do trabalho definido no plano do projeto. Monitoramento e Controle Acompanhamento, revisão e controle do progresso das atividades, gestão do desempenho e identificação de mudanças. Fechamento Processos executados para finalizar todas as atividades, encerramento formal do projeto. Na Figura 1.1 é apresentado o esforço realizado necessário em função do tempo, essa fase também é conhecida como ciclo de vida do projeto. 10 Figura 1.1. Fonte: PMBOK (2008). 1.3 Cultura e tipos de organizações Para a gestão de projetos ser implantada e gerar resultados em uma empresa, ela depende de uma série de fatores, tais como: comprometimento dos executivos, clima organizacional motivador, recursos financeiros, pessoas, maturidade dos gestores envolvidos na implantação, e outros. Uma vez que gerente de projeto é o responsável por conduzir e supervisionar as atividades do projeto, seu papel é transversal à atuação dos gestores da organização, com isso, sua posição hierárquica pode afetar o formato e o resultado da gestão. Dessa forma, a atuação do gerente de projetos depende do tipo da organização. Iremos considerar três tipos de organização, definidos no PMBOK (2008): • Funcional A organização funcional é a estrutura organizacional que aplica o princípio funcional ou princípio da especialização das funções. Como a característica fundamental nessa estrutura é a divisão da autoridade, comunicação direta e descentralização das decisões, Aula 01 | Fundamentos de Gestão de Projetos 11 o gerente de projetos pode encontrar um cenáriocompetitivo, tenso e com conflitos, pois nesse modelo tem destaque o mais expert na sua área de atuação, portanto, o gerente de projetos terá que utilizar de boas práticas de relacionamento interpessoal para fomentar a colaboração. • Projetizada Em uma organização projetizada, o gerente de projetos tem autoridade total na gestão do projeto, isso quer dizer que a definição de tarefas, recursos humanos, controles e demais atividades são de responsabilidade do gerente de projetos. Cada pessoa que integra a equipe de projeto responde ao respectivo gerente de projetos, que em alguns casos responde a um gerente de PMO. • Matricial Conforme o PMBOK (2008), a organização matricial é uma especialização das organizações funcionais e projetizadas. Uma organização que possui características da organização funcional e na qual o gerente de projetos desempenha papel semelhante ao de um facilitador é denominada matricialmente fraca. Organizações em que o gerente possui dedicação integral e uma equipe administrativa também dedicada são denominadas de matricialmente fortes. Já as organizações que compreendem a necessidade do gerente de projetos, porém nas quais ele não tem autoridade total sobre o projeto e sobre seu orçamento, são conhecidas por matricialmente balanceadas. Aula 01 | Fundamentos de Gestão de Projetos 12 Figura 1.2 – Tipos de organizações. Fonte: Adaptado do PMBOK (2008). Com isso, concluímos que a gestão de projetos pode variar em termos de estratégia e utilização de práticas dependendo do tipo da organização. 2. Gerenciamento de Projetos O mundo está passando por um momento que exige que as empresas sejam muito mais dinâmicas, ou seja, há 15 anos, aproximadamente, as empresas estabeleciam o planejamento estratégico para de 5 a 10 anos; atualmente, os planos são estabelecidos para no máximo três anos. Segundo Pize (2012), a forte concorrência, decorrente do ambiente globalizado, obriga as empresas a manter suas estratégias flexíveis e adaptáveis, como forma de estarem aptas a realizar as mudanças necessárias para garantir sua permanência no mercado, e implantar a gestão de projetos pode ser uma ferramenta indispensável para essa garantia. 2.1 Papel da gestão de projetos nas empresas Segundo Martinez (2012), a gestão de projetos tem relação direta com a garantia de obtenção das metas das organizações. Essa relação pode ser mais forte ou mais fraca, Aula 01 | Fundamentos de Gestão de Projetos 13 dependendo do formato organizacional e do produto final. Um exemplo é uma empresa de consultoria (prestação de serviço), que terá um modelo de gestão de projetos diferente de uma empresa educacional. A prestação de serviço ocorre por demanda e a cada solicitação pode gerar um produto diferente; já uma empresa educacional tem seus produtos educacionais baseados em uma estrutura curricular mais rígida, elaborada de forma cíclica, ou seja, a cada período letivo. Portanto, notamos que a previsibilidade nesses dois casos é também um fator para definir o papel da gestão por projetos. Encontramos ainda outros elementos no papel da gestão de projetos importantes para as empresas garantirem que os prazos e qualidade estabelecida sejam cumpridos, pois uma vez cumpridos podem levar a empresa a uma série de resultados importantes, como redução de custos, aumento nas vendas e outros. Logo, a gestão de projetos atualmente está focada no aumento da eficiência da empresa por meio da otimização de seus processos operacionais. 2.2 Gerenciamento de projetos O gerenciamento de projetos é a aplicação de conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto com o objetivo de atingir o resultado estipulado no escopo do projeto. Isso exige que o gerente de projetos faça a identificação das necessidades do projeto, o alinhamento com as partes interessadas, estabeleça prazos e responsáveis, orçamento, levantamento dos riscos e outros. Um gerente de projetos pode gerir um projeto, programa ou portfólio de projetos. As organizações mantêm estruturas de acordo com suas demandas e processos internos. É comum, em algumas organizações que dependem de projetos, existir um departamento denominado PMO (Project Management Office), responsável por gerir todo o portfólio de projetos. Segundo Vargas (2009), um programa é um grupo de projetos relacionados e gerenciados de forma integrada; um portfólio é um conjunto de programas e projetos, não necessariamente relacionados, agrupados por perspectiva para atingir objetivos estratégicos. Saiba Mais PMO é um núcleo com uma ou mais pessoas, com o objetivo de criar pro- cedimentos, selecionar metodologias, gerir de forma integrada o portfólio de projetos por meio dos gerentes de pro- jetos. Atualmente muito utilizado nas empresas por simplificar e aperfeiçoar a gestão de projetos a um custo baixo. PMBOK, 4ª edição, 2008. Aula 01 | Fundamentos de Gestão de Projetos 14 Como podemos notar, independente da estrutura, o processo de gestão de projetos possui várias atividades que exigem diversas habilidades do gerente de projetos. Kerzner (1992) realizou pesquisas e experiências, e chegou à conclusão que existem dez importantes habilidades inerentes ao gerente do projeto. Essas pesquisas demonstram que um desempenho efetivo do gerenciamento de projetos está diretamente relacionado ao nível de competência em que essas habilidades sejam dominantes. Tabela 1.1 – Habilidades de um gerente de projeto, baseado Kerzner (1992). Fonte:Kerzner (1992). Aula 01 | Fundamentos de Gestão de Projetos 15 De fato, um gerente de projeto experiente irá notar que, na sua carreira, precisou de uma ou mais habilidades descritas durante o gerenciamento de projetos, pois essas habilidades estão relacionadas diretamente com o ciclo de vida dos projetos. Podemos citar como exemplo as capacidades Planejamento e Organização, ambas exigidas nas etapas iniciais do projeto. Quando essas habilidades são fundamentais para alguma fase ou para o negócio e o risco é alto, algumas empresas têm profissionais especializados, como é o caso da análise de viabilidade financeira. Empresas como bancos têm especialistas que assessoram o gerente de projetos para essa atividade. Vamos entender do que se trata a viabilidade financeira. 2.3 Análise de viabilidade financeira de projetos Todo projeto tem um custo, que deverá ser tratado ao longo do projeto, e também tem riscos associados. Então, pergunta-se: vale a pena investir no projeto mediante os riscos apresentados?, ou seja, o projeto é viável do ponto de vista financeiro? Para responder a essas perguntas existem técnicas de análise de investimento. Apresentaremos a técnica denominada Payback Simples, por ser de fácil entendimento. Essa técnica calcula o prazo que será necessário para ter um retorno do investimento realizado com o projeto. Um projeto é considerado viável se o prazo para retorno do investimento for menor que o prazo estimado para a recuperação do capital investido. Exemplo: - Orçamento do projeto: 500.000,00. - Prazo do projeto: seis meses. - Receita anual obtida com a comercialização do produto/serviço no final do projeto: 200.000,00. - Prazo desejado para recuperação do investimento: três anos. TR (tempo de retorno) = Valor do investimento ÷ Valor da receita esperada. Aula 01 | Fundamentos de Gestão de Projetos 16 Assim, TR = 500.000 ÷ 200.000 = 2,5 anos Conclusão: O prazo desejado para recuperação do investimento era de três anos e o cálculo do retorno resultou em um prazo de 2,5 anos; como esse prazo é menor que o desejado, entende-se que o projeto é viável do ponto de vista financeiro. Essa metodologia também é utilizada para selecionar projetos com menor prazode retorno de investimento, porém a análise de viabilidade financeira pode variar com os tipos de projetos e sofrer adaptações para os diversos cenários, como em casos em que as entregas parciais ao longo do projeto geram receita, com isso o tempo de retorno será menor que o de um projeto que entregue seu produto somente no final, como, por exemplo, um projeto de serviço de consultoria em TI e um veículo automotivo. O primeiro possivelmente gera receita perante as entregas, o segundo, somente após a entrega do veículo pronto. Portanto, quando você precisar calcular a viabilidade financeira, é necessário estudar a melhor técnica perante o cenário do projeto. Existem várias outras técnicas disponíveis, inclusive variantes do payback. Aqui pode surgir uma dúvida: em qual momento devemos calcular a viabilidade do projeto? Normalmente, o estudo de viabilidade de um projeto é realizado como premissa para sua aprovação, portanto, é comum que seja realizado durante o termo de abertura do projeto, mas pode também ser realizado na etapa de planejamento do projeto, quando estão mais claros os recursos, escopo, riscos, ou seja, o cenário de execução do projeto. Existem projetos Saiba Mais Payback Deseja saber mais sobre payback e ou- tras formas de previsionamento? Leia o livro Decisão estratégica para investido- res, de Roger Oldcorn e David Parker. Esse livro conta técnicas de análise de retorno e investimento, estratégias e sobre como tratar as incertezas do mercado em uma linguagem direta e com exemplos. Vale a pena conferir! Aula 01 | Fundamentos de Gestão de Projetos 17 que podem sofrer mudanças importantes após a etapa de planejamento. Quando existe essa ocorrência, é recomendável realizar a análise de viabilidade novamente, para ajustar a previsão de retorno. Agora que compreendemos os elementos fundamentais da gestão de projetos, vamos conhecer as áreas do conhecimento estabelecidas no PMBOK. 2.4 Áreas de conhecimento do PMBOK As áreas de conhecimento são caracterizadas por conter processos que atuam em todo o ciclo de vida do projeto. Essas áreas são: Integração, Escopo, Tempo, Custos, Riscos, Recursos Humanos, Qualidade, Comunicação e Aquisições. Figura 1.3 – Áreas do conhecimento do PMBOK. Fonte: Adaptado do PMBOK (2008). As áreas de Escopo, Tempo, Custos e Qualidade definem “o que”, “quando”, “por quanto” e “como” do projeto. Estudaremos nesta disciplina as nove áreas de conhecimento descritas no PMBOK; iniciaremos pela Integração. Aula 01 | Fundamentos de Gestão de Projetos 18 2.5 Integração A área de conhecimento Integração tem como objetivo reunir os processos que definem a estratégia de gerenciamento do projeto, ou seja, quais processos, metodologias e ferramentas serão necessários para a gestão do projeto. Essa área integra todo o ciclo de vida do projeto. 1. Desenvolver o termo de abertura do projeto. Criar o termo de abertura do projeto é desenvolver um documento que descreve as necessidades e expectativas das partes interessadas. Esse documento registra também todos os envolvidos. O seu formato pode variar de acordo com cada empresa ou gerente de projeto, mas normalmente contém a justificativa do projeto, objetivo, declaração do escopo e não escopo, premissas e restrições, riscos e stakeholders. Segundo Sommerville (2007), no livro Engenharia de Software, stakeholder é utilizado para se referir a qualquer pessoa que terá alguma influência direta ou indireta sobre os requisitos do projeto. 2. Desenvolver o plano de gerenciamento do projeto. O plano de gerenciamento de projeto é o processo de formalização das ações para definição, preparo integração e coordenação, definindo como o projeto será executado, monitorado, controlado e encerrado. Portanto, é a definição da estratégia de gestão do projeto, incluindo o ciclo de vida e os processos para cada fase do projeto. Um novato em gestão de projetos pode entender que para gerir projetos é necessário apenas seguir o guia PMBOK. Essa interpretação não é correta, pois a metodologia e os processos descritos no PMBOK são genéricos e necessitam, em alguns casos, serem selecionados ou especializados para cada projeto. Por esse motivo, o plano de gerenciamento do projeto é importante, nele você descreverá quais serão e como utilizará os processos de gestão de Saiba Mais Stakeholders são os interessados no projeto em que estão envolvidos, de forma que seus interesses podem ser afetados de maneira positiva ou negati- va, e podem exercer influência sobre o projeto. (PMBOK, 2008). Aula 01 | Fundamentos de Gestão de Projetos 19 projeto. O plano pode ser resumido ou detalhado e composto de um ou mais subplanos, como, por exemplo, Gestão de Mudanças, que evidencia como as mudanças serão solicitadas, controladas e monitoradas, Gerenciamento do Cronograma, Custos, Qualidade e outros. 3. Orientar e gerenciar execução do projeto. O processo de orientação e gerenciamento da execução é o guia para execução do trabalho descrito no plano de gerenciamento e para o gerenciamento das interfaces técnicas existentes no projeto. Nessa fase, a auditoria sobre o desempenho (prazo x esforço) das atividades é contínua e seu resultado alimenta o processo de monitoramento e controle do projeto. Nessa fase, o gerente de projeto é o maestro de uma orquestra, orientando e sincronizando cada grupo de instrumentos, ou seja, conduzindo a execução do concerto. 4. Monitorar e controlar o projeto. Esse processo é responsável por acompanhar, revisar e ajustar o progresso para manter o alinhamento com o trabalho planejado. O monitoramento é realizado do início ao fim do projeto, incluindo aquisição, aferição e distribuição de informações de desempenho. Isso quer dizer que o gerente de projetos irá estabelecer reuniões regulares para atualizar a situação do projeto e gerar um relatório geral para a organização. Em alguns projetos é necessário criar níveis de detalhamento; pensando de forma piramidal, informações para a ponta são apresentadas de maneira objetiva e resumida, conforme descemos para a base, as informações são mais detalhadas. Aula 01 | Fundamentos de Gestão de Projetos 20 Figura 1.4 – Níveis gerenciais e formas de comunicação. Fonte: Adaptado do PMBOK (2008). Como podemos notar na Figura 1.4, cada nível exige uma forma de comunicação diferente, é isso que torna o controle e o monitoramento eficientes: informação objetiva chegando para quem precisa tomar decisão, detalhe chegando para quem precisa executar. 5. Encerrar projeto ou fase. O projeto chegou ao fim! O que devemos fazer? Durante o processo de encerramento é atividade do gerente de projetos verificar a completude do trabalho, documentação, qualidade e aderência do produto final à expectativa do cliente. Os processos são voltados à formalização do encerramento das atividades e/ou obrigações contratuais; um exemplo de atividade é a assinatura do termo de encerramento do projeto. Nesse grupo de processo é desejável obter o aceite formal do cliente ou patrocinador acerca do produto final, revisar o projeto e criar o histórico de lições aprendidas, informar a organização e encerrar os processos de aquisições. Aula 01 | Fundamentos de Gestão de Projetos 21 3. Gerenciando Escopo O gerenciamento de escopo possui processos para assegurar que o projeto está estruturado com o necessário para atingir a entrega do produto final e encerrar com sucesso. Esse gerenciamento está relacionado com “o que” o projeto deve fazer e, principalmente, o que não faz parte do projeto. Segundo Moura e Barbosa (2006), escopo expressa a extensão ou amplitude do projeto, ou seja, descreve o que se pretende realizar,estabelece o raio de ação ou cobertura, definindo, portanto, o limite do projeto. Quando um escopo é mal estabelecido, não fica explícita qual foi a compreensão perante o que exatamente deve ser realizado, levando o projeto a problemas de satisfação com o usuário, prejuízo e demais consequências. Outro ponto é deixar claro o que não faz parte do projeto, para formalizar a compreensão do que está fora dele. 3.1 Coleta de requisitos São processos voltados para a compreensão e documentação das necessidades das partes interessadas no projeto. O documento de requisitos é um termo adicional ao termo de abertura do projeto, pois impõe premissas e restrições, de forma que o sucesso do projeto é influenciado diretamente pelo seu cumprimento. Um requisito pode ser de processo, produto, gerenciamento de projeto, segurança, desempenho, etc. Os requisitos podem ser obtidos por entrevistas, oficinas, questionários, pesquisas e protótipos. Vamos apresentar um exemplo de requisito de processo: a produção do Porsche Carrera deve utilizar processos das normas ISO 9000 e 14000, logo, nas etapas de produção devemos garantir que as normas estão sendo aplicadas. Outro exemplo: o gerenciamento do projeto de lançamento de satélite deve utilizar os processos descritos no PMBOK. É importante ressaltar que quando assumimos o compromisso de atender um requisito é desejável evidenciar a sua realização, isso pode inclusive ser uma exigência da parte interessada. 3.2 Definição do escopo Definir o escopo significa detalhar o objetivo do projeto, as necessidades e expectativas de todas as partes interessadas. O escopo deve explicitar quais são as entregas, premissas, restrições globais, critérios de aceitação do produto e as exclusões, não escopo. Aula 01 | Fundamentos de Gestão de Projetos 22 3.3 Criar EAP Criar uma Estrutura Analítica de Projeto é decompor as diversas atividades na ordem da maior para a menor e representar as respectivas entregas; essa decomposição é hierárquica como em um organograma. Cada nível de detalhe é orientado a uma fase intermediária ou entrega de produto. Com isso, a EAP organiza e torna claro o trabalho total do projeto. A ideia da decomposição é tornar as entregas do projeto pacotes menores e mais fáceis de gerenciar, ou seja, em um projeto com muitas entregas, exigindo diversos especialistas. Essa decomposição torna-se fundamental, assim o planejamento é orientado à entrega, e a gestão, focada no produto. Em projetos como a construção de um carro é fácil pensar que várias peças serão fabricadas e montadas por diferentes equipes, ou até terceiros, e no final um carro estará montado por completo. Em um projeto de desenvolvimento de software também é possível visualizar as entregas, porém não são como peças em carro, dependendo da fase é um documento que descreve o desejo do cliente, depois se torna um desenho conceito, protótipo, por último testa-se e se realiza a entrega e o encerramento do projeto. A seguir, temos um exemplo. O nível de detalhamento do escopo determinará o grau de clareza que será repassado à equipe do projeto, ou seja, determina o quão bem a equipe poderá controlar o escopo e o produto final. Saiba Mais Como criar EAP? WBS (Work Breakdown Structure) ou Estrutura Analítica do Projeto (EAP) é um passo muito importante para es- truturar o cronograma. Você pode en- contrar informações detalhadas sobre como construir EAP no livro Gerencia- mento de Escopo em Projetos, de Mar- cos Sotille. Aula 01 | Fundamentos de Gestão de Projetos 23 Figura 1.4 – Exemplo de EAP. Fonte: PMBOK, 2008. No exemplo, podemos notar que as caixas superiores representam as atividades em um nível superior, dependendo de suas tarefas subordinadas em um nível inferior, sendo possível representar os produtos finais desejados de cada tarefa superior. Portanto, o objetivo é dividir uma grande tarefa, no nosso caso, o desenvolvimento de um software, em tarefas menores, como gestão do projeto, construção, teste e outras. Normalmente, as tarefas menores são divididas pelo tipo de subproduto, em que, na medida em que são realizadas, integram-se ao produto final do projeto, como em um quebra-cabeça. Como escrever uma EAP pode gerar muitas dúvidas, principalmente para quem irá fazer isso pela primeira vez, segue uma possível estratégia para criação de uma EAP, adaptado de Sottile (2009): Nível 0 – Colocar o nome do projeto no topo da EAP. Nível 1 – No próximo nível, todas as entregas previstas do projeto. Aula 01 | Fundamentos de Gestão de Projetos 24 Nível 2 – Decompor, no próximo nível, as entregas parciais. Nível 3 – Decompor as entregas parciais em atividades. 3.4 Verificação e controle do escopo O processo de verificação do escopo é responsável por obter o aceite formal das entregas pelas partes interessadas. Essas entregas podem ser subprodutos e o produto, normalmente realizadas por meio de uma reunião, apresentando o escopo como item a ser avaliado. Nesse momento, é importante que estejam presentes todos os representantes das partes interessadas para validação, pois podem surgir mudanças, que consequentemente podem afetar outras áreas. As solicitações de mudanças são documentadas e formalmente apresentadas a toda a equipe. É de responsabilidade do processo de controle de escopo garantir que as mudanças não alterem o curso fundamental do projeto de modo que possa colocar em risco as entregas. As mudanças são inevitáveis, portanto, ao invés de tentar impedi-las, o ideal é estabelecer um processo de controle de mudanças alinhado ao escopo original. Encerramos aqui a Aula 1. Foi possível entender os diversos conceitos em gestão de projetos, a importância de compreender as necessidades das áreas envolvidas no projeto, bem como organizar e estruturar as atividades necessárias para o atendimento, monitoramento e controle do progresso das equipes responsáveis por cada conjunto de tarefas, mantendo o foco na entrega do produto final. E, por último, percebemos que mesmo diante de metodologias e formalismo há espaço para flexibilização por meio da gestão de mudanças, onde a grande lição é: controle as mudanças e mantenha o foco no escopo; não se oponha, as mudanças são naturais e fazem parte de qualquer projeto. Na próxima aula veremos como são tratados prazos, custos e qualidade pelo PMBOK. Aula 01 | Fundamentos de Gestão de Projetos 25 Vamos pensar Analisando o texto desta aula, procure nas Referências Bibliográficas (por exemplo, o PMBOK) conteúdo adicional sobre o tratamento de escopo em projetos, buscando identificar a importância da definição do escopo para o sucesso do projeto. Nesta aula você aprendeu: • A importância do gerenciamento de projetos para as organizações. • Conceitos básicos de gerenciamento de projetos. • Conceitos sobre o tratamento de escopo nos projetos. Pontuando Escopo do projeto: é o conjunto de todos os trabalhos necessários para realizar o objetivo do projeto. Gerenciamento de projetos: aplicação de conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto, com o objetivo de atingir o resultado estipulado no escopo do projeto. Projeto: esforço temporário com a finalidade de criar um produto/serviço único. Glossário 26 INDIQUE A ALTERNATIVA CORRETAQuestão 1 Pode-se afirmar que Projeto é: a) Um conjunto de ações com tempo indeter- minado para se manter uma organização efi- ciente. b) Perspectivas estratégicas pelas quais se podem alcançar objetivos específicos em de- terminado período. c) Processo único, consistindo de um grupo de atividades coordenadas e controladas, com datas para início e término. d) Um planejamento com esquema de tempo específico e finitopara a solução de proble- mas, implantação de ideias e oportunidades. e) Uma conquista individualizada, cuja refe- rência deve ser seguida para o desenvolvi- mento de toda a organização. INDIQUE A ALTERNATIVA CORRETAQuestão 2 Sobre os conceitos de Projeto Programa e Portfólio, marque a alternativa correta: I. Muitas vezes, precisam ser decompostos em partes para facilitar o gerenciamento. II. São grupos de projetos relacionados, que são gerenciados e coordenados de modo in- tegrado, obtendo os benefícios de um geren- ciamento integrado e facilitando o controle. III. É um conjunto de programas, projetos e outros esforços que são agrupados para fa- cilitar o cumprimento de objetivos estratégi- cos. Os conceitos apresentados correspondem, respectivamente, a: a) Programa, projeto e portfólio. b) Projeto, programa e portfólio. c) Programa, portfólio e projeto. d) Portfólio, projeto e programa. e) Portfólio, programa e projeto. INDIQUE A ALTERNATIVA CORRETAQuestão 3 Um projeto de construção de um barco está orçado em R$ 450 mil, com prazo para con- clusão em oito meses. O barco será vendido por R$ 900 mil, e o prazo desejado para re- cuperação do investimento é de dois anos. Qual o tempo de retorno? a) Três anos. b) Quatro meses. c) Dois anos. d) Um ano. e) Seis meses. INDIQUE A ALTERNATIVA CORRETAQuestão 4 O PMBOK (2008) definiu áreas de conheci- mento, são elas: Integração, Escopo, Tempo, Verificação de leitura 27 Custo, Risco, Recursos Humanos, Qualida- de, Comunicação e Aquisições. A Integração tem o objetivo de: a) Reunir os processos que definem a estraté- gia de gerenciamento do projeto. b) Assegurar que o projeto está estruturado com o necessário para entregar o produto final. c) Compreender e documentar as necessida- des das partes interessadas no projeto. d) Definir atividades e ações a serem realiza- das para produzir as entregas declaradas no escopo do projeto. e) Identificar e documentar o relacionamento entre as atividades. INDIQUE A ALTERNATIVA CORRETAQuestão 5 O gerenciamento de escopo possui proces- sos para assegurar que o projeto está estru- turado com o necessário para atingir a entre- ga do produto final e encerrar com sucesso, é fundamentado no “o que” o projeto deve realizar. Por que é importante descrever o que não é escopo? a) Para que o cliente não promova alteração no escopo. b) Porque é preciso deixar claro o que não faz parte do projeto. c) Porque não se deve sobrecarregar o plano de comunicação. d) Para garantir o modelo de qualidade e satis- fação do cliente. e) Garante o retorno do investimento. Verificação de Leitura 28 CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. 3ª edição, Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. KERZNER, H. Project Management: A Systems Approach to Planning, Scheduling, and Controlling. 7ª edição, Nova York: John Wiley & Sons, 2001. MARTINEZ, João Cordeiro. A importância do Gerenciamento de Projetos. 2012. Disponível em: <http://www.cimentoitambe.com.br/a-importancia-do-gerenciamento-de-projetos/>. Acesso em: 18 fev. 2015. MOURA, D. G.; BARBOSA, E. F. Trabalhando com Projetos: Planejamento e Gestão de Projetos Educacionais, Petrópolis – RJ: Editora Vozes, 2006. PIZE, Adilson. O Papel do Gerenciamento de Projetos no Sucesso do Planejamento Estratégico da Organização. 2012. Disponível em: < http://www.administradores.com.br/artigos/administracao- e-negocios/o-papel-do-gerenciamento-de-projetos-no-sucesso-do-planejamento-estrategico-da- organizacao/45613/>. Acesso em: 18 fev. 2015. PMBOK. Um Guia do Conjunto de Conhecimentos em Gerenciamento de Projetos (Guia PMBOK®). Project Management Institute. 4ª edição, 2008. RIBEIRO, Wankes L. Como calcular a viabilidade de um projeto utilizando técnicas de análise de investimento: Payback Simples, VPL e TIR. 2010. Disponível em: < http://www.wankesleandro. com/2010/06/como-calcular-viabilidade-de-um-projeto.html>. Acesso em: 18 fev. 2015. SOMMERVILLE, Ian. Engenharia de Software. 8ª edição. São Paulo: Pearson, 2007. SOTTILE, Mauro A. Gerenciamento do Escopo em Projetos. 2ª edição, Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, 2009. VARGAS, Ricardo. Gerenciamento de Projetos: estabelecendo diferenciais competitivos. Brasport, 7ª edição, 2009. Referências 29 Questão 1 Resposta: Alternativa C. Resolução: Segundo o PMI, um projeto é um esforço temporário com a finalidade de criar um produto/serviço único, para isso é necessário ter atividades sincronizadas coordenadas, com datas de início e término. Um projeto não é uma perspectiva, conquista ou planejamento para solução de problemas. Questão 2 Resposta: Alternativa B. Resolução: Um projeto é decomposto por meio da EAP para facilitar a compreensão do que deve ser entregue, um programa é um conjunto de projetos de mesmo contexto coordenados de maneira integrada, e portfólio é o conjunto de programas e projetos agrupados por meio de uma perspectiva para atingir objetivos estratégicos. Questão 3 Resposta: Alternativa E. Resolução: O payback é uma forma simples e didática de calcular retorno de investimento dividindo o valor orçado pela receita gerada após a entrega do produto, nesse caso 450.000 / 900.000 = 0,5 ano, ou seja, 6 meses. Gabarito 30 Questão 4 Resposta: Alternativa A. Resolução: A alternativa b refere-se ao processo de gerenciamento de escopo; a alternativa c refere-se à atividade de coleta de requisitos, não é atividade do processo de integração documentar o relacionamento entre as atividades, nem definir as atividades e ações. A integração é composta por processos, sendo atuante em todo o ciclo de vida do projeto e define quais processos, metodologias e ferramentas serão necessárias para a gestão do projeto. Questão 5 Resposta: Alternativa B. Resolução: Mesmo declarando o não escopo, o cliente pode a qualquer momento requisitar alteração; o plano de comunicação não sofre sobrecarga pelo escopo, nem garante qualidade ou retorno de investimento. Declarar o não escopo é necessário para deixar claro e transparente para as partes interessadas o que o projeto não irá tratar. Gabarito 31 32 TEMA 02 Estabelecendo Prazos, Custos e Qualidade LEGENDA DE ÍCONES seções 33 Início Referências Gabarito Verificação de leitura Pontuando Vamos pensar Glossário Aula 34 02 Estabelecendo Prazos, Custos e Qualidade Objetivos • Apresentação dos conceitos associados a escritório de projetos (PMO). • Introdução ao tratamento do tempo, do custo e da qualidade em projetos. 1. Introdução Todo projeto tem um paradigma apoiado em três elementos: prazo, custo e qualidade. Esses elementos têm uma relação entre si muito direta: quando o prazo se altera, o custo também se altera, e a qualidade depende do dimensionamento do custo, que depende do cumprimento do prazo; portanto, seu tratamento correto é de extrema importância para o projeto. Vamos entender como são tratados esses elementos em gestão de projetos e como o PMO pode influenciar nesse paradigma. 2. PMO Segundo Castro et al. (2010), existem três fases marcantes na evolução da gestão de projetos. A primeira, marcada pelo gerenciamento de projetos tradicionais, ocorre entre 1961 e 1990. A segunda fase ocorre a partir de 1990, marcada pela disseminação do PMBOK, do Project Management Institute (PMI) e suas diversas versões (1996, 2000, 2004, 2008). A terceira fase, iniciada na década de 1990, com foco na organização, e não no projeto, está em paralelo com a segunda fase e preconiza o desenvolvimento de competências e da maturidade em gerenciamento de projetos nas organizações, destacando a gestãode portfólio de projetos. 2.1 Conceitos Segundo Vargas (2009), um programa é um grupo de projetos relacionados e gerenciados de forma integrada, normalmente os produtos estão dentro de um mesmo contexto. A gestão de programas foca nas interdependências do projeto e auxilia a determinar a melhor 35 Aula 02 | Estabelecendo Prazos, Custos e Qualidade abordagem para gerenciá-los. Segundo PMBOK (2008), um portfólio é um conjunto de projetos ou programas que são agrupados para facilitar a gestão de forma a atender os objetivos estratégicos da organização. Os projetos ou programas do portfólio podem não ser necessariamente interdependentes ou diretamente relacionados, estão agrupados no portfólio e fazem parte de uma carteira por serem quantificáveis, ou seja, podem ser medidos, classificados e priorizados. Uma organização pode ter mais de um portfólio, cada um abordando áreas de negócio ou objetivos estratégicos. Um portfólio representa o trabalho selecionado para ser feito, mas não necessariamente o trabalho que deve ser feito. Portfólio Portfólio Projetos Programas Programas Projetos Projetos Programas Projetos ProjetosProjetos Figura 2.1 – Relacionamento entre Portfólio, Programas e Projetos. A gestão de portfólio é a aplicação de conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas a um portfólio, de forma que os recursos sejam alocados de acordo com as prioridades organizacionais. 36 Quadro 2.1 – Comparação entre Projeto, Programa e Portfólio. Fonte: PMI, 2008. Existe uma relação entre a gestão de portfólio e a estratégia organizacional, de modo que se tenha um alinhamento. As organizações constroem estratégias para definir como sua visão será alcançada; a missão dirige a execução da estratégia, que poderá conter objetivos como: • Aproveitar oportunidades. • Minimizar impacto das ameaças. • Responder às mudanças no mercado. • Concentrar em atividades críticas operacionais. Aula 02 | Estabelecendo Prazos, Custos e Qualidade 37 Pressupomos que a empresa tenha um plano estratégico acompanhado por declarações de missão e visão, assim como metas e objetivos estratégicos. O objetivo de relacionar a gestão de portfólio e a estratégia organizacional é racionalizar e equilibrar o uso de recursos para maximizar o valor da execução de atividades estratégicas e operacionais. Figura 2.2 – Relação entre a estratégia organizacional e portfólio de projetos. Fonte: PMBOK, 2008. A visão, missão, estratégia organizacional e seus objetivos ilustram os componentes utilizados para definir as metas de desempenho da organização. Aula 02 | Estabelecendo Prazos, Custos e Qualidade 38 O planejamento executivo de operações e a gestão de portfólio de projetos estabelecem iniciativas distintas para atingir as metas de desempenho da organização. A gestão de operações, programas e projetos são as atividades do projeto e a operação do programa operacional. O objetivo final da relação é um plano equilibrado e executável que irá auxiliar a organização a atingir suas metas. A gestão do portfólio é orientada por cinco pilares (PMI, 2008): • Manutenção do Alinhamento do Portfólio – Cada componente deve estar alinhado com um ou mais objetivos estratégicos. • Atribuição de Recursos Financeiros – A prioridade de cada componente orienta as decisões de investimento. • Alocação de Recursos Humanos – A prioridade dos componentes orienta a contratação e alocação de pessoas. • Contribuições de Componentes de Medição – A contribuição de um componente deve ser medida em relação ao alcance da meta atribuída no objetivo estratégico. • Gestão do Risco Estratégico – Os riscos devem ser avaliados na forma que podem afetar a realização dos objetivos estratégicos. 2.2 Metodologia A gestão de portfólio de projetos oferece benefícios para a tomada de decisão baseada em informações estratégicas e prioridades. Essa prática reduz possíveis distorções causadas pela alocação inadequada de recursos ou a duplicação em projetos similares, bem como provê um processo centralizado, lógico e concreto para justificativa das decisões sobre projetos. A gestão de portfólio se baseia em três grandes processos: Avaliação, Seleção e Priorização. 2.2.1 Avaliação Ferramentas e técnicas para categorização de componentes ajudam a organização a realizar uma avaliação dos componentes, atribuindo-os a categorias predeterminadas, comparando os componentes que têm objetivos estratégicos semelhantes. Além disso, facilita Aula 02 | Estabelecendo Prazos, Custos e Qualidade 39 o balanceamento do portfólio, tornando eficientes os esforços e garantindo a realização de todos os projetos ou programas relacionados a objetivos estratégicos. Uma vez conhecidos os tipos de projetos, é possível organizá-los em grupos, com critério de classificação determinado pelo objetivo estratégico. A seguir apresentamos como as demandas são recebidas, transformadas em projetos, agrupadas em programas e, posteriormente, a formação de um portfólio. Figura 2.3 – Processo de transformação de ideias em projetos. As ideias são relacionadas e transformadas em requisitos, e são selecionadas as ideias passíveis de serem transformadas em projetos. Essa seleção é orientada pelo alinhamento estratégico, ou seja: quais ideias estão alinhadas à estratégia da empresa? Após a seleção Aula 02 | Estabelecendo Prazos, Custos e Qualidade 40 dos projetos candidatos, é realizada uma seleção cujo critério é filtrar os projetos que geram valor para o negócio, depois um novo filtro é aplicado para extrair os projetos que constituem objetivos estratégicos e, por último, é realizado um estudo de viabilidade dos projetos. As cores diferentes identificam projetos de diferentes tipos, que são agrupados em programas. Notem que as cores são iguais, pois os programas reúnem projetos de mesmo tipo, depois os projetos são agrupados por critérios determinados pela organização para compor o portfólio. 2.2.2 Seleção Selecionar projetos é a atividade de relacionar os esforços e os projetos a serem realizados pela organização a partir da validação total e detalhada de todos os projetos disponíveis. Para isso, é necessário ter claro os tipos de projetos do portfólio. Tipos de projetos: • Projetos de sistemas. • Mapeamento de processos. • Infraestrutura. • Estratégia, com os subtipos: produtos, serviços, legislação e mercado. • Gerência de mudanças. • Melhoria contínua. Projetos de sistemas – são aqueles cujos resultados são produtos de desenvolvimento de programas de computador. Projetos de mapeamento de processos – são aqueles cujos resultados são os desenhos e a descrição dos processos organizacionais, assim como sua documentação. Projetos de infraestrutura – são aqueles em que os resultados são novas instalações, ou modificações e eventuais melhorias nas instalações existentes. Aula 02 | Estabelecendo Prazos, Custos e Qualidade 41 Projetos de estratégia – são aqueles que buscam efetivamente atender ao planejamento estratégico da organização, os quais podem ser classificados em: • Projetos de produtos. • Projetos de serviço. • Projetos de legislação. • Projetos de resposta ao mercado. • Projetos de gerência de mudanças. • Projetos de melhoria contínua. 2.2.3 Priorização A priorização tem como atividade básica pontuar os projetos de forma que seja possível visualizar projetos ordenados por grau de importância. Essa “importância” pode ser definida por inúmeros critérios, cada organização tem seu próprio critério e na maioria das vezes ele está alinhado com a estratégia da organização. Os métodos de priorização se baseiam nos seguintes requisitos fundamentais: • As prioridades dos projetos devemconsiderar a estratégia do negócio. • Processo de priorização que permita mudanças, para refletir o dinamismo das alterações no negócio. • Deve ser eficiente e simples, para viabilizar sua utilização com grandes quantidades de projetos. Segundo o PMI (2008), as técnicas de seleção e priorização se dividem em: • Qualitativa – tratam de informações amplas que demonstram tendências. • Quantitativa – tratam de informações precisas, com índices numéricos para representar o grau de importância. Aula 02 | Estabelecendo Prazos, Custos e Qualidade 42 A seguir, apresentamos um quadro com priorização quantitativa, em que separamos dois grupos de critérios, Complexidade e Alinhamento Estratégico. As notas foram dadas como exemplo, escolhidas de forma aleatória. Quadro 2.2 – Priorização quantitativa de projetos. Notas de 1 a 5 Complexidade Critérios Peso Projeto 1 Projeto 2 Projeto 3 Projeto 4 Projeto 5 Projeto 6 #Critério 1 5% 5 5 3 4 1 1 #Critério 2 30% 5 3 4 5 5 1 #Critério 3 10% 5 2 3 4 5 1 #Critério 4 15% 5 1 2 4 5 1 #Critério 5 40% 5 5 3 5 5 5 Total 5,0 3,5 3,2 4,7 4,8 2,6 Peso 1 1 2 3 4 5 Alinhamento Estratégico #Critério 1 45% 5 2 3 5 4 3 #Critério 2 27,5% 3 3 2 4 4 4 #Critério 3 27,5% 5 5 5 4 4 1 Total 4,5 3,1 3,3 4,5 4,0 2,7 Pontuação Final Projeto 1 Projeto 2 Projeto 3 Projeto 4 Projeto 5 Projeto 6 Complexidade 5 4 3 5 5 3 Alinhamento estratégico 5 3 3 5 4 3 Fonte: elaborado pelo autor. Utilizando uma escala de 1 a 5 para classificar os projetos, temos os critérios apresentados com seus respectivos pesos em cada projeto e o grau de importância desse critério para o projeto. Veja Critério 1, peso de 5%, ou seja, é um dos critérios menos relevantes, porém para o projeto 1 tem grau de relevância 5, portanto é muito importante, já para o projeto 5 a importância é mínima. Dessa forma conseguimos traçar uma soma ponderada de todos os pesos para cada projeto, classificando a complexidade e o alinhamento estratégico baseados nos fatores encontrados. O Total é encontrado multiplicando o peso pelo grau de importância de cada critério do projeto selecionado. Aula 02 | Estabelecendo Prazos, Custos e Qualidade 43 3; 4 3; 3 5; 54; 5 3; 3 0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5 Priorização ALINHAMENTO ESTRATÉGICO c o m p l e x i d a d e Figura 2.4 – Priorização quantitativa de projetos. Fonte: elaborada pelo autor. A Figura 2.4 apresenta cada projeto do quadro anterior representado por esferas coloridas. O canto superior direito representa os projetos com maior complexidade e maior alinhamento estratégico, o canto inferior esquerdo, o contrário. Podemos notar que se encontrarmos projetos cuja complexidade é alta e o alinhamento estratégico é baixo devemos dar uma prioridade mais baixa do que aqueles que têm um alinhamento estratégico maior. Temos quadrantes que limitam regiões mais prioritárias e menos prioritárias. Com essa visão é possível observar o valor dos projetos para a organização e tomar decisões de maneira adequada. Vamos agora tratar da gestão dos prazos. Aula 02 | Estabelecendo Prazos, Custos e Qualidade 44 3. Gestão de Tempo Definição das Atividades Sequenciamento das Atividades Estimativas da duração de Atividades Elaboração e Controle do Cronograma Tempo é um recurso precioso e não renovável, a maioria das pessoas gostaria de ter mais tempo para suas atividades, que frequentemente exigem mais tempo do que o estimado. Porém, na gestão de projetos, exigir mais tempo ou estimar o prazo de forma muito distante do tempo real pode ser desastroso. Veremos a seguir os processos que guiam a gestão do tempo baseados no PMBOK, que garantem uma determinada precisão. 3.1 Definição das atividades O processo de definição de atividades são ações a serem realizadas para produzir as entregas declaradas no escopo do projeto e evidenciadas na EAP. Cada processo descrito na EAP é detalhado no nível de atividades, gerando uma lista, sem considerar qualquer sequenciamento, atribuição de data ou responsável. Outro documento resultante do processo é a lista de marcos (milestones) que identifica pontos importantes, mas que não envolve trabalho, são apenas pontos de referência para atendimento de alguma meta, e também podem servir para identificar o início ou término de alguma atividade importante. O gerente de projetos normalmente necessitará do apoio de especialistas no processo operacional relacionado às atividades, para descrevê-las. É normal um gerente de projeto não conhecer todos os detalhes operacionais da fabricação de um carro, por exemplo, principalmente se for o primeiro projeto, por esse motivo a ajuda de um especialista é fundamental. Definição das Atividades Aula 02 | Estabelecendo Prazos, Custos e Qualidade 45 Plano do Projeto Requisitos do Produto Detalhe do Projeto Construção Resultado do Teste Entrega para Cliente Figura 2.5 – Marcos baseados na EAP da Aula 1, desenvolvimento de software. Fonte: elaborada pelo autor. Apenas identificar e listar as atividades não apresenta as relações de precedência entre elas, ou seja, o que deve começar primeiro ou a relação de dependência. Por esse motivo é necessário sequenciar as atividades de forma a organizar e explicitar essas relações. Vamos entender como é realizado esse processo. 3.2 Sequenciamento das atividades O processo de sequenciar as atividades é o momento em que identificamos e documentamos o relacionamento entre as atividades, e sua importância é vital ao projeto, pois um erro pode comprometê-lo, desencadeando um efeito dominó. Vamos entender o motivo disso. Para sequenciar as atividades, temos que descrever passo a passo cada atividade e qual sua relação. Um método bem utilizado é o Método do Diagrama de Precedência (MDP) ou, como também é conhecido, Atividade no Nó (ANN). Aula 02 | Estabelecendo Prazos, Custos e Qualidade 46 O MDP define quatro tipos de relacionamentos lógicos entre as atividades: • Término para Início (TI) – o término da atividade predecessora determina a data para o início da atividade sucessora. Predecessora Sucessora Quando terminar a tarefa predecessora, iniciará a tarefa sucessora. • Término para Término (TT) – o término da atividade predecessora determina a data para o término da atividade sucessora. Predecessora Sucessora Quando terminar a tarefa predecessora, possibilitará que a tarefa sucessora também termine. • Início para Início (II) – o início da atividade predecessora determina a data para o início da atividade sucessora. Predecessora Sucessora A atividade sucessora só iniciará se a predecessora tiver iniciado. • Início para Término (IT) (raramente utilizado) – acontece quando o início da tarefa predecessora determina a data de término da tarefa sucessora. Aula 02 | Estabelecendo Prazos, Custos e Qualidade 47 Predecessora Sucessora Essa relação é utilizada quando uma tarefa precisa terminar antes de uma etapa ou data do término do projeto e há a necessidade de criar uma relação em que o término em atraso da predecessora afetará a sucessora. Agora iremos utilizar os relacionamentos para apresentar o diagrama de precedência da construção do software da nossa EAP. Plano do Projeto Requisitos do Produto Detalhe do Projeto Construção Teste Entrega Figura 2.6 – Diagrama de Precedência baseado na EAP de desenvolvimento de software, Aula 1. Fonte: elaborada pelo autor. Note que o encerramento de teste depende do encerramento da construção, isso porque no desenvolvimento de software há várias iterações entre as equipes de testes e construção, no esquema detecta,corrige, testa novamente. Logo, só se avança para entrega ao cliente se o teste e a construção estiverem concluídos. Nosso exemplo utilizou a EAP para extrair um nível macro de atividades, tornando o diagrama mais compacto e didático. O ideal é basear-se na lista de atividades, pois ficará mais detalhado. Após sequenciar todas as atividades, teremos o nosso diagrama de rede do projeto, apresentando como as atividades do projeto estão inter-relacionadas. Como esse processo exercita a lista de atividades, não é raro identificar novas atividades, por isso, quaisquer mudanças devem refletir em outros documentos do projeto também. Aula 02 | Estabelecendo Prazos, Custos e Qualidade 48 3.3 Métodos de estimativa de duração de atividades Estimar duração de atividades é um processo de prever o tempo necessário que uma atividade levará para ser concluída. Alguém já te perguntou quanto tempo você demora para fazer algo? A resposta é sempre com uma dúvida na mente: será possível cumprir o prazo dado? Realmente, estimar a duração de uma atividade não é algo simples, por isso existem duas metodologias para apoiar a previsão, uma baseada no esforço e outra baseada no tempo. Na metodologia baseada no esforço, o conceito de esforço é definido como a quantidade de tempo necessária para realizar uma determinada tarefa. Uma vez dada a quantidade de horas envolvidas, saberemos o tempo total de uma macroatividade (EAP). Nesse caso, somamos os tempos das atividades descendentes (sucessoras) para descobrir o tempo das ascendentes (predecessoras). Plano do Projeto Requisitos do Produto Detalhe do Projeto Construção Teste Entrega 40 h Planejamento Reuniões Administração 20 h 10 h 10 h Figura 2.7 – Diagrama de Precedência com os valores de esforço de cada tarefa. Fonte: elaborada pelo autor. Aula 02 | Estabelecendo Prazos, Custos e Qualidade 49 Já na metodologia baseada em tempo, é utilizada uma tabela na qual são inseridos os recursos do projeto e os tempos padronizados de alocação para as atividades do projeto. O esforço é ajustado controlando a quantidade de recursos alocados para a atividade, a disponibilidade para a atividade (0-100%), períodos de inatividade, período da jornada de trabalho. Plano do Projeto 15 h Planejamento Reuniões Administração 8 h 5 h 2 h Recurso Disponibilidade Quantidade Recurso 1 100% 2 Recurso 2 80% 3 Figura 2.8. Fonte: elaborada pelo autor. Independente da metodologia, o prazo não deve ser encarado como resultado de uma equação polinomial, mas o resultado de uma negociação com quem executa a atividade. 3.4 Desenvolvimento e controle do cronograma Nesse momento, estamos com a lista de atividades sequenciadas e com duração estimada, e precisamos associar responsáveis e colocar em um formato em que seja possível enxergar claramente as atividades em ordem cronológica. Para isso criaremos um cronograma utilizando o método do caminho crítico. Aula 02 | Estabelecendo Prazos, Custos e Qualidade 50 Figura 2.8. Fonte: elaborada pelo autor. Qual a duração total do projeto descrito na Figura 2.8? Vamos percorrer o diagrama desde o início. O Plano de Projeto leva 5 dias para ficar pronto, e se inicia junto com Requisitos do Produto, que leva 15 dias. Nesse diagrama, o detalhe do projeto depende dos dois produtos citados, pensando no tempo total: somente quando o mais longo terminar terei todos, portanto, 15 dias. Somando mais 20 dias para detalhar o projeto, 60 dias para construção e mais 30 dias para testar, são 125 dias para encerrar o projeto. Como nosso exemplo entregou um produto único no final, não temos possibilidade de entregas parciais, já em um cenário de entregas parciais podemos estimar as datas e entregar o projeto por partes, o que pode ser muito útil em determinados casos, porém para essa estimativa ser mais precisa temos um método denominado caminho crítico. O método do caminho crítico calcula as possíveis datas de início e término mais curtas e mais longas, sem se ater às limitações de recursos, navegando pelos caminhos da rede do cronograma. Essas datas calculadas são elementos norteadores, mas não necessariamente serão utilizadas no cronograma – dessa forma saberemos quais atividades terminarão primeiro e por último. Aula 02 | Estabelecendo Prazos, Custos e Qualidade 51 Figura 2.9. Fonte: elaborada pelo autor. Vamos identificar os caminhos no nosso diagrama: 1. T1 -> T4 -> T6 duração 20 dias. 2. T1 -> T3 -> T5 -> T7 duração de 17 dias. 3. T2 -> T4 -> T6 -> duração 23 dias. Qual a leitura que podemos fazer? Vamos selecionar a tarefa T5: ela tem duração estimada de 6 dias e se iniciará 7 dias após o início do projeto (T1+T3), portanto seu término esperado é 13 dias após o início do projeto. Porém, qualquer mudança nos prazos refletirá em todas as estimativas dependentes, é por isso que utilizamos uma ferramenta denominada linha de base. Aula 02 | Estabelecendo Prazos, Custos e Qualidade 52 Figura 2.10. Fonte: elaborada pelo autor. A linha de base é uma foto do planejamento, ou seja, uma visão de como foi planejada a execução do projeto. Na maioria dos softwares é possível salvar a linha de base (baseline) associada a um diagrama denominado Gráfico de Gantt. Para comparar fundamentalmente o desvio entre o que foi planejado e a execução, o exemplo anterior demonstra uma alteração da tarefa T1 e seu impacto no tempo total de projeto. Aula 02 | Estabelecendo Prazos, Custos e Qualidade 53 Saiba Mais Gráfico de Gantt Segundo PMBOK (2008), o gráfico de Gantt é uma ferramenta para representação de infor- mações referentes ao cronograma. Consiste em um gráfico de barras em que as atividades do cronograma ou fases são listadas verticalmente do lado esquerdo e do lado direito, as datas são apresentadas horizontalmente na parte superior. Controlar o cronograma é uma das atividades em que o gestor de projetos será mais exigido, pois deverá atualizar a situação do projeto, gerir influências que podem causar mudanças no cronograma, e as próprias mudanças. Esse controle, na maioria das vezes, é realizado por meio de reuniões de atualização e, pela sua frequência, em algumas organizações é conhecido como ritual de atualização do projeto. Uma vez estabelecido o cronograma, vamos estudar como estimar os custos de um projeto. 4. Custos em Projetos Estimativa de Custos Determinar Orçamento Controle de Custos A determinação do custo de um projeto tem o papel não somente de avaliar o quanto foi gasto, mas de sinalizar durante o projeto se o consumo dos recursos financeiros está fora dos parâmetros adequados e estipulados durante o planejamento. Aula 02 | Estabelecendo Prazos, Custos e Qualidade 54 4.1 Estimativa de Custos O primeiro passo para a estimativa de custos é atribuir valores monetários para os recursos, seja humano, material ou de qualquer outro tipo. Essas estimativas são um estudo baseado no cenário de um determinado momento, que inclui a identificação e consideração de opções de custos para iniciar e terminar um projeto, por exemplo: iremos comprar ou alugar uma copiadora? Qual o risco associado? Portanto, é uma tomada de decisão, que normalmente fará parte do termo de abertura do projeto e da análise de viabilidade, cujo objetivo é informar para as partes interessadas qual capital será necessário para entregar o produto final do projeto. Plano do Projeto 15 h Planejamento Reuniões Administração 8 h 5 h 2 h Recurso Disponibilidade Quantidade Custo Recurso 1 100% 2 R$ 3000,00 Recurso 2 80% 3 R$ 4500,00 40 h 15 h 2 Recursos 5 Recursos Figura 2.11. Fonte: elaborada pelo autor.Na Figura 2.11 temos a situação em que devemos tomar uma decisão: com dois recursos a atividade demora 40h, com cinco, demorará 15h. Qual será a melhor opção? A resposta dependerá da importância da atividade para o projeto e quanto de recurso financeiro pode ser utilizado nessa fase. As estimativas de custo são refinadas durante o curso do projeto e Estimativa de Custos Aula 02 | Estabelecendo Prazos, Custos e Qualidade 55 são expressas em alguma moeda (Dólar, Real, Euro, etc.). Os refinamentos podem variar: se a organização trata o custo como item de alta relevância, o detalhamento será máximo, e poderá ser dividido em grupos conhecidos como centros de custo. Com isso, além de saber o custo estimado, é possível determinar onde os custos estão associados. Em resumo, uma estimativa de custo é uma avaliação quantitativa dos custos estimados dos recursos envolvidos para completar a atividade ou projeto. Em alguns projetos, as equipes são provenientes de várias áreas (Modelo Matricial), com diferentes valores, e os custos são rateados. Com isso, surge a necessidade de criar uma estrutura denominada Centro de Custo para evidenciar os custos por equipe e área. Recurso Disponibilidade Quantidade C. Custo Custo Recurso 1 100% 2 10001202 R$ 3000,00 Recurso 2 80% 3 10001301 R$ 4500,00 C. Custo Descrição 10001202 Planejamento Estratégico 10001301 Engenharia Figura 2.12. Fonte: elaborada pelo autor. No nosso exemplo notamos a utilização de recursos das áreas de Planejamento Estratégico e Engenharia, isso quer dizer que o custo do projeto será rateado com essas áreas em função da utilização dos recursos alocados. O gerente de projetos pode, e é recomendável que o faça, receber auxílio de um especialista com domínio na atividade que deve ser realizada, ou de um especialista financeiro. Aula 02 | Estabelecendo Prazos, Custos e Qualidade 56 4.2 Determinar Orçamento O orçamento é um instrumento para consolidar todos os custos envolvidos no projeto para estabelecer um plano de custos (linha de base) e evidenciá-lo com as partes interessadas. Uma vez aprovado, o orçamento será o apoio para a gestão dos custos do projeto. A linha de base de custos determina como e quando serão consumidos os recursos financeiros, ou seja, os gastos previstos. A importância de ter uma linha de base é buscar receita nos momentos de desembolso, como pagamento a fornecedores, pessoal, aluguéis, contratos, etc. Um projeto ou gerente de projeto normalmente não receberá todo o recurso financeiro de uma vez. Na maioria das vezes, receberá esse recurso baseado nos eventos financeiros, daí a importância da linha base de custos. Um projeto com muitos eventos financeiros torna necessário ter um processo para registrar e documentar as operações financeiras, essa é a responsabilidade dos processos de controle de custos. Vamos estudá-las. 4.3 Controle de Custos O controle de custos envolve atualizar o orçamento e a linha base de custos (fluxo de caixa). Qualquer desvio (mudanças) no orçamento dever ser autorizado, e, somente depois de aprovada, a operação financeira deve ser inclusa no orçamento. É desejável garantir que essa ocorrência seja feita de maneira oportuna, pois pode causar problemas no fluxo de caixa do projeto, como, em linhas gerais, falta de recursos financeiros para honrar os compromissos já estabelecidos. Portanto, garantir que os custos não excedam os recursos financeiros autorizados é responsabilidade do controle de custos. Um controle de custos eficiente pode gerar um esforço que deve ser avaliado perante o benefício resultante, isso envolve tamanho do projeto, valor do orçamento, quantidade de recursos, etc. Determinar Orçamento Controle de Custos Aula 02 | Estabelecendo Prazos, Custos e Qualidade 57 Vamos estudar uma técnica de controle de custos denominada controle do valor agregado. Esse método é baseado na análise de três custos fundamentais: custo orçado do trabalho planejado, custo orçado do trabalho realizado, custo real do trabalho realizado. Essa análise é em função do tempo e representa três curvas que geram, respectivamente, informações sobre o valor planejado do projeto ao longo do tempo, o valor realizado até o momento da análise e o valor real do custo do projeto. Figura 2.13. Fonte: SILVA, Guilherme. Disponível em: <www.gerenciamentoeconomico.com.br>. Acesso em: 19 fev. 2015. Essa análise apresenta os possíveis desvios dos custos estimados e realizados, e ainda demonstra a tendência para o próximo período de análise. O estudo dos custos do projeto deve ser detalhado principalmente quando envolve valores na casa de milhões e requisitos de qualidade a serem cumpridos, pois esses requisitos influenciam diretamente os custos. Saiba Mais Livro Gerenciamento de Custos em Projetos O livro dos professores Christina Barbo- sa, Farhad Abdollahyan, Paulo Roberto Vilela Dias e Orlando Celso Longo, da editora FGV, apresenta as necessida- des históricas do gerenciamento de custos, seus conceitos e todas as ati- vidades envolvidas de forma direta e objetiva. Aula 02 | Estabelecendo Prazos, Custos e Qualidade 58 Vamos entender como tirar proveito dessa análise. Existe um indicador denominado Percentual de Cumprimento do Cronograma (Schedule Performance Index – SPI), esse índice é dado pela divisão do Custo Orçado do Trabalho Realizado pelo Custo Orçado do Trabalho Agendado (COTR/COTA). Um projeto sem atraso está 100%. Figura 2.14. Fonte: SILVA, Guilherme. Disponível em: <www.gerenciamentoeconomico.com.br>. Acesso em: 19 fev. 2015. Outro indicador de desempenho é o CPI (Cost Performance Index), desempenho do custo. Basicamente, é a relação entre custo total efetivo e custo previsto (COTR/CRTR). Semelhante ao SPI, valor de CPI acima de 100% representa um projeto com desempenho melhor do que o planejado. Um projeto com desempenho de 60% está quase custando o dobro do planejado; o desempenho pode estar sendo afetado por mudanças em requisitos ou escopo. Aula 02 | Estabelecendo Prazos, Custos e Qualidade 59 Pense na construção de uma estação de refinamento de petróleo. As diversas normas técnicas a serem seguidas, contratação de especialistas, exigências com meio ambiente, ou seja, a determinação da qualidade e como é tratada se torna fundamental para a satisfação dos interessados (nesse caso, inclusive a sociedade) e para o sucesso do projeto. Assim, as diretrizes de qualidade devem fazer parte do planejamento de custos. Vamos entender como é essa relação e como são tratados os processos de gestão de qualidade. 5. Gerência da Qualidade do Projeto Planejar a Qualidade Garantia da Qualidade Controle da Qualidade Os processos de gestão de qualidade são responsáveis por determinar as políticas de qualidade, objetivos e responsáveis. São implementadas atividades de melhoria contínua de processo em todo o projeto, de acordo com as necessidades descritas na política de qualidade estabelecida. Isso significa que, na produção de chinelos, cujo apelo comercial e item de qualidade é não soltar as “tiras”, haverá uma atividade originada da política de qualidade que testará o quão as tiras estão fixas à base do chinelo; se não atender os critérios, toda a produção é revisada. Para isso, estabelecemos o que desejamos de práticas de qualidade no planejamento, depois estabelecemos quais serão as atividades de garantia de qualidade e, por último, como é realizado o controle. Planejamento Custos Prazo Saiba Mais O que é qualidade? O PMBOK (2008) define qualidade como: “[...] o grau até o qual um con- junto de características inerentes que satisfaz as necessidades”,e assim, um elemento essencial definido em requisi- tos, que durante o projeto é transforma- do em atributos entregáveis. Aula 02 | Estabelecendo Prazos, Custos e Qualidade 60 5.1 Planejar a Qualidade O processo de planejar a qualidade possui atividades para identificar os atributos desejáveis nos produtos de entrega do projeto, em conformidade com os padrões estabelecidos com os interessados, bem como para documentar, a fim de evidenciar a compreensão e o cumprimento dos requisitos de qualidade. Deve ser realizado em paralelo com outros processos de planejamento do projeto. Porém, a busca por qualidade não é e nem deve ser encarada como sobrecarregar a equipe de projetos com atividades exaustivas de teste do produto, ou outras atividades que possam gerar conflitos, erros ou retrabalho para apenas satisfazer o requisito de qualidade do cliente. Deve haver um equilíbrio entre os requisitos de qualidade do projeto e do produto, sem deixar de avaliar a satisfação do cliente, prevenir ao invés de auditar, incentivar a melhoria contínua e o comprometimento das equipes com a qualidade. 5.2 Planejar a Qualidade Para garantir a qualidade é necessário realizar processos de auditoria dos requisitos e produtos, para verificar se os padrões de qualidade estabelecidos foram cumpridos. Normalmente, quando um projeto tem a necessidade de operar com padrões rígidos de qualidade, existe um comitê gestor ou departamento com especialistas que apoiam toda a operação de gestão de qualidade com o gerente de projetos, supervisionando e realizando melhorias nos processos a fim de buscar a eficiência, reduzindo desperdícios, eliminando atividades que não agregam valor ao projeto. Portanto, a melhoria contínua faz parte da garantia da qualidade, mas a falta de gestão de mudanças e prazos mal dimensionados podem impactar fortemente nessa garantia. Planejar a Qualidade Garantia da Qualidade Aula 02 | Estabelecendo Prazos, Custos e Qualidade 61 5.3 Controle da Qualidade Os processos de controle de qualidade estão voltados para o monitoramento dos ensaios ou testes realizados para avaliar se os padrões de qualidade estão sendo utilizados e para identificar formas de eliminar as causas de uma reprova. Para isso, as métricas de qualidade devem estar especificadas, para garantir o protocolo de “fazer o que se comprometeu a fazer”. Por exemplo: empresas químicas que seguem o padrão ISO 14001, que trata das águas residuais da lavagem de equipamentos e máquinas; sob o olhar do controle de qualidade, os técnicos devem medir a quantidade de poluentes nas águas descartadas regularmente. Os processos de controle de qualidade em alguns projetos são encarados de forma tão séria que podem ter um esforço de até um terço da fase de execução, como é o caso dos projetos de aviação. O compromisso com a segurança e demais normas de qualidade é tão severo que exige um processo de qualidade muito detalhado e, algumas vezes, específico. Vamos estudar uma ferramenta de controle de qualidade denominada diagrama de causa e efeito, ela faz parte das sete ferramentas de qualidade de Ishikawa. O diagrama permite estruturar de forma hierárquica as potenciais causas de problema ou oportunidades de melhoria e seus impactos na qualidade dos produtos, ou seja, fatores que determinam os resultados que desejamos obter e as causas de problemas que desejamos evitar. Vamos construir algo que desejamos, por exemplo, um bom restaurante. Os fatores que determinam um bom restaurante são: instalações, comida, localização e atendimento. Para que a comida seja boa, precisamos ter higiene, bom paladar e variedade. A higiene, por sua vez, depende dos ingredientes (saudáveis, bem conservados) e do preparo (receita, cuidado, Controle da Qualidade Saiba Mais Kaoru Ishikawa (1915-1989) Foi um dos principais no- mes do movimento para a qualidade total no Ja- pão. Segundo o site To- tal Qualidade (disponível em: <www.totalqualidade. com.br>, acesso em: 20 fev. 2015), ele nasceu no Japão, em uma família de grande tradição industrial, graduou-se em Química Aplicada em 1939, douto- rou-se em 1960. Contribuiu muito tanto para a qualidade como para a gestão de empresas; foi o guru que mais enfa- tizou o lado humano da qualidade. Aula 02 | Estabelecendo Prazos, Custos e Qualidade 62 etc.). O diagrama é detalhado colocando as causas do efeito desejado, depois adicionando as causas destas e assim por diante, até que fique bem claro como obter o objetivo visado (SANTOS, 2006). Figura 2.15 – Diagrama de Ishikawa. Fonte: SANTOS, Adriana B. Material de Aula, 2006. Assim, temos uma maneira estruturada de analisar problemas e resultados. Estudamos nesta aula como é feita a determinação de prazos e custos, e também como a qualidade impacta nesses elementos. Um gerente de projetos talvez não consiga dominar todas as técnicas de prazos, custos ou qualidade, por isso depende em alguns momentos de especialistas para auxiliá-lo, porém é importante conhecer as técnicas utilizadas: um maestro muitas vezes não se preocupa com o fornecedor da corda do violino, porém ele consegue detectar se o som do violino está ou não aceitável; o gerente de projetos é o maestro da equipe, sua visão deve ser abrangente e técnica, para evitar se envolver em questões muito operacionais e perder o foco do projeto como um todo. Na próxima aula estudaremos como realizar a gestão de pessoas e estabelecer um plano de comunicação. Aula 02 | Estabelecendo Prazos, Custos e Qualidade 63 Vamos pensar Afinal, o planejamento de um projeto significa elaborar apenas o cronograma? Vale a pena observar que existem diversos outros fatores que devem ser considerados, como escopo, custo, qualidade, etc. Cronograma: lista das datas de início e término das atividades de um projeto. Método de Caminho Crítico: ou Critical Path Method (CPM), é um método matemático que calcula de forma determinística uma data única mais cedo e mais tarde, de início e de término, para cada atividade de um projeto (PMBOK, 2008). Portfólio: conjunto de projetos ou programas que são agrupados para facilitar a gestão de forma a atender os objetivos estratégicos da organização. Nesta aula você aprendeu: • Os conceitos associados a escritório de projetos (PMO). • Os conceitos básicos do tratamento do tempo, do custo e da qualidade em projetos. Pontuando Glossário 64 INDIQUE A ALTERNATIVA CORRETAQuestão 1 A grande maioria dos projetos apoia-se em um paradigma de três elementos fundamen- tais, são eles: a) Risco, comunicação e custo. b) Prazo, custo e qualidade. c) Comunicação, aquisição e escopo. d) Integração, risco e escopo. e) Prazo, custo e integração. INDIQUE A ALTERNATIVA CORRETAQuestão 2 Definição das atividades, sequenciamento de atividades, estimativas de duração de ati- vidades, criação do cronograma e controle do cronograma fazem parte de qual área do PMBOK? a) Gerência de escopo. b) Gerência de qualidade. c) Gerência de riscos. d) Gerência do tempo. e) Gerência do custo. INDIQUE A ALTERNATIVA CORRETAQuestão 3 A seguir há diversas atividades. Qual das al- ternativas contém apenas atividades relacio- nadas à gestão de tempo do projeto? a) Estimativa de recursos da atividade, esti- mativa de duração da atividade, criar EAP. b) Definição das atividades, sequenciamento das atividades, desenvolvimento do plano de projeto. c) Desenvolvimento do cronograma, controle do cronograma e encerramento do projeto. d) Definição das atividades, sequenciamento das atividades, estimativa de duração da ativi- dade. e) Estimativa de recursos da atividade, esti- mativa de
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