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Direito Civil – Contratos em espécie RELEMBRAR: Prescrição é a perda de uma pretensão de exigir de alguém um determinado comportamento; é a perda do direito à pretensão em razão do decurso do tempo. Decadência é a perda de um direito que não foi exercido pelo seu titular no prazo previsto em lei; é a perda do direito em si, em razão do decurso do tempo. Erga omnes - os efeitos de algum ato ou lei atingem todos os indivíduos de uma determinada população ou membros de uma organização, para o direito nacional. Inter partes - restrito àqueles que participaram da respectiva ação judicial. Compra e venda Conceito: contrato pelo qual um dos contratantes se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe em dinheiro. Base legal: arts. 481 a 505, CC Cláusulas especiais (pactos adjetos): arts 506 a 532, CC Características: 1- Efeito translativo – obrigacional Obrigação de transferir domínio da coisa Transferência de propriedade móvel: pela tradição – art. 1226 e 1227, CC. Transferência de propriedade imóvel – arts. 1245, CC. Como os bens imóveis dependem de registro, não se pode fazer verbalmente. Precisa- se do título de transferência Inadimplemento: art. 585, II, CPC obrigação de dar coisa certa: art. 621, CPC obrigação de fazer: art. 466- B, CPC Indenização: art. 627, CPC A indenização é complementar ou subsidiária (art. 492, CC) O direito de indenizar é derivado do pacta sunt servanda, pelo princípio da conservação dos contratos. OBS: compromisso de compra e venda não gera direito de propriedade. Gera o dever de formalizar, obrigação de fazer. 2- Comutativo As partes já sabem quais serão seus direitos e deveres. (Nos contratos aleatórios não há essa característica) 3- Bilateral – duas vontades 4- Oneroso – importa sacrifício patrimonial para ambas as partes 5- Informal – art. 107, CC princípio da liberdade das formas exceto quando se tratar da regra do art. 108, CC 6- Típico – tipificado na lei Nomeado – que tem nominação legal Há contratos atípicos e nominados. Ex: contrato de franquia Há também contratos inominados que serão sempre atípicos, por serem uma criação das partes. 7- Consensual – se aperfeiçoa com a simples manifestação das partes. Art. 482, CC. Elementos Partes: comprador e devedor Capacidade de fato + legitimação (capacidade especial exigida para determinados atos) Coisa - lícita - determinada (coisa certa) - determinável (coisa incerta) exceção: C e V sob encomenda ou coisa futura. Art. 483, CC - corpórea, consumível e alienável (art. 86, CC) Preço Princípio do nominalismo art. 315, CC “as dívidas em dinheiro deverão ser pagas no vencimento, em moeda corrente e pelo valor nominal, salvo o disposto nos artigos subsequentes” regra de consequência: art. 318, CC “São nulas as convenções de pagamento em ouro ou em moeda estrangeira, bem como para compensar a diferença entre o valor desta e o da moeda nacional, excetuados os casos previstos na legislação especial.” Exceção: -cotação em moeda estrangeira ou outro índice oficial - C e V internacional (dec. 857/69) Possibilidade de ser arbitrado por terceiro (art. 485) “A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os contratantes logo designarem ou prometerem designar. Se o terceiro não aceitar a incumbência, ficará sem efeito o contrato, salvo quando acordarem os contratantes designar outra pessoa.” Venda sem fixação de preço: art. 488, CC “entende-se que as partes se sujeitaram ao preço corrente nas vendas habituais do vendedor.” Fixação unilateral do preço: art 489, CC “Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação do preço.” Forma Regra: livre Exceção: disposição legal. Ex: art. 108, CC Convenção das partes art. 109, CC. Efeitos Despesas: regra de rateio na forma do art. 490 “Salvo cláusula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registro a cargo do comprador, e a cargo do vendedor as da tradição.” Anterioridade da obrigação do comprador e obrigatoriedade do pagamento do preço (art. 491). Exceção: C e V à prazo. Riscos da coisa: res perit domino (art. 492, CC) “Até o momento da tradição, os riscos da coisa correm por conta do vendedor, e os do preço por conta do comprador.” Riscos do transporte (art. 494, CC) Local da tradição: no local da celebração, exceto para vendas fora do estabelecimento Insolvência do comprador (art. 495). Proteção ao vendedor. É possível sobrestar a entrega da coisa até o pagamento integral ou prestação de caução Débitos que gravem o bem até o momento da tradição são de responsabilidade do vendedor Vício redibitório em venda de coisas conjuntas: não permite a redibição do contrato, apenas da coisa defeituosa. Restrições à venda Publicização – relativização da autonomia privada normas de orgem pública limitações que se desrespeitadas acarretam a invalidade da C e V Venda de ascendente para descendente Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido. Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da separação obrigatória Aplicação a outros contratos 0 abarca o compromisso de C e V e cessão. Não alcança a troca (art. 533, I, CC) União estável Duas correntes: Aplica-se por analogia – PREVALECE NA JURISPRUDÊNCIA Não, pois é norma restritiva de direito Anulabilidade: súmula 494 do STJ não se aplica Prazo: art. 179, CC 0 dois anos da conclusão do NJ Consentimento ou anuência – pode ser confirmado posteriormente (art. 172 e 176, CC). O consentimento obsta a ação anulatória. Forma livre, salvo se imóvel. Descendentes incapazes não podem anuir OBS: Suprimento judicial é possível, se recusa for injusta Venda por interposta pessoal - simulação subjetiva (art. 167, CC) Legitimidade para a propositura da ação: ativa: descendentes preteridos e cônjuge passiva: ascendente e descendente participe e eventuais interpostas pessoas Venda entre cônjuges art. 499, CC Regime comunhão parcial Regime comunhão universal Regime participação final nos aquestros Regime separação obrigatória Regime separação convencional Bens adquiridos antes do casamento- lícita - não se comunicam entre os cônjuges, mas os adquiridos durante a união passam a ser patrimônio comum do casal. Esta regra não inclui as doações e heranças, que não se comunicam entre os cônjuges. Os bens adquiridos antes ou durante o casamento se comunicam entre os cônjuges, formando em sua integridade um patrimônio comum, inclusive, doações e heranças recebidas por uma das partes. Portanto, nula, exceto se tratar-se dos bens descritos no art. 1668 Cada cônjuge possui patrimônio próprio e na dissolução do casamento, cada qual terá direito à metade dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso. Nula a venda em relação aos aquestros. Válida com relação aos bens particulares. É lícita a venda É lícita a venda União estável: aplica-se por analogia. OBS: a licitude do C e V entre cônjuges não afasta eventuais invalidades quando o intuito é lesar terceiros. Ex: art. 592, CPC. Venda de bens sob administração Art. 497, CC – restrição legal à liberdade de contratar em razão da ausência de legitimidade dos sujeitos com ingerência sobre os bens do devedor. Fundamento ético 0 impedir locupletamento Cessão de crédito – abrange. Diverge na doutrina se é apenas a onerosa mandatário – não incide vedação, desdeque contenha poderes expressos e não apenas gerais (art. 661, CC) testamenteiro – se coherdeiro não está proibido Consequencias: nulidade relativa. Somente será absoluta se envolver interesse de absolutamente incapazes. Exceção: art. 498, CC. Venda de bens em condomínio ou venda de coisa comum Art. 504, CC. Aplicável ao condomínio por indeviso. Ex: casa modulo rural. Antes de vender a terceiros, oferecer aos coproprietários. Ordem de preferência: 1º condômino que tiver benfeitorias de maior valor 2º condômino com maior quinhão 3º condômino que depositar judicialmente o preço. Prazo para exercer o direito – decadencial de 180 dias. Início da contagem: Venosa – da conclusão da venda MHD, Tartuce – da data da ciência da venda Do registro mobiliário Preço: depósito integral OBS: não se confunde com a preempção ou preferência Cláusulas especiais à C e V Retrovenda – art. 505, CC O vendedor poderá resgatar a coisa vendida, dentro de um prazo determinado, pagando o mesmo preço ou diverso. Ex: Imaginem que uma pessoa em dificuldades financeiras precisa vender uma casa que foi dos seus antepassados, usa então a retrovenda para ter uma chance de em três anos readquirir a casa pela qual tem estima. É cláusula rara porque é onerosa para o vendedor, mas não deixa de ser útil para quem está em dificuldade transitória. É também conhecida pela doutrina como pacto de resgate ou de retrato. Aproveita ao vendedor deve constar no mesmo instrumento somente para imóveis cláusula resolutiva expressa: não há tributação o comprador não pode se opor A cláusula de retrovenda é registrada em Cartório de Imóveis, de modo que se torna pública e vale contra todos, assim se um terceiro adquirir tal imóvel fica sujeito também à retrovenda (507 – jamais comprem um imóvel sem verificar o registro no Cartório de Imóveis). prazo para resgate: decadencial de 3 anos – avençado prazo maior, operará limite legal Pode-se estipular prazo menor. Se for estipulado maior, será desconsiderado e será de 3 anos. Efeito: toma a C e V resolúvel (art. 127) Condição resolutiva – evento futuro e incerto. Acarreta a extinção do contrato quando verificado o fato Preço: o da C e V + despesas de escritura + benfeitorias necessárias Obrigação de fazer: comprador (art. 506, CC) Ação de resgate + pedido de adjudicação: deposito judicial + pedido de retrovenda Transmissibilidade da retrovenda (art. 507, CC): causa mortis. A cessão intervivos não é possível, por ser direito potestativo. Para a maioria da doutrina é possível. Efeito erga omnes: oponível a terceiros OBS: É pacífico na doutrina que não há nova tributação por não ser nova venda Retrovenda em propriedade em condomínio: art. 508, CC faculdade de intimar condôminos. Prevalece 1º depósito Extinção da retrovenda pelo exercício do direito potestativo pela preclusão do prazo decadencial – RENÚNCIA TÁCITA pelo perecimento do imóvel pela renúncia OBS: retrovenda não pode funcionar como garantia de dívida: negócio jurídico simulado (art. 167) Venda a contento Esta cláusula, caso inserida pelas partes, permite desfazer o contrato se o comprador não gostar da coisa adquirida. Ex: vendo um carro com prazo de alguns dias para o comprador experimentar o veículo. O comprador não precisa dar os motivos caso não queira ficar com o bem, sendo direito potestativo (aquele que é exercido sem oposição da outra parte, como o direito do patrão de demitir o empregado) do comprador exercer esta cláusula, e o vendedor não pode discutir ou impugnar essa manifestação. A venda a contento tem duas espécies: 1) suspensiva: nesta venda a contento o comprador não paga o preço e adquire a coisa por empréstimo. Se gostar paga o preço e adquire a coisa, se não gostar devolve sem dar explicações (510). Como a coisa é do vendedor, se a coisa perecer enquanto o comprador experimenta, o prejuízo será do vendedor, afinal res perit domino. No art 509 temos a venda ad gustum (degustação) aplicável a gêneros alimentícios. Tanto na venda a contento do 509 como na venda sujeita a prova do 510 o comprador fica como comodatário (= empréstimo, 511). 2) resolutiva: nesta segunda espécie, o comprador paga o preço e adquire a coisa como dono, se não gostar devolve a coisa, desfaz a compra e exige o dinheiro de volta. Caso a coisa venha a perecer durante a prova o prejuízo aqui será do comprador. Se as partes não estipularem prazo para a prova do bem, o vendedor deverá intimar o comprador para se manifestar (512). Reserva de domínio (pactum reservati domini) arts. 521 a 528, CC Transfere-se a posse, mas não a propriedade (a transferência do domínio fica condicionada ao pagamento), com o objetivo de conferir mais segurança ao vendedor Requisito: somente possível nos contratos de coisa móvel infungível (art. 523, CC) Condição suspensiva: a propriedade fica suspensa até que seja pago o preço (art. 125) Função de garantia Formalidade – registro no cartório de títulos e documentos do domicilio do comprador (art. 522) Veículos: registro no órgão competente Risco da coisa: exceção ao principio res perit domino (art. 524) Mora do comprador: ex persona (art. 525) a execução da clausula depende da constituição em mora mediante protesto do titulo ou interpelação judicial notificação extra judicial é insuficiente para comprovação da mora Preempção cláusula que obriga o comprador de coisa móvel ou imóvel a oferecê-la ao vendedor caso resolva aliená-la a um terceiro, a fim de que o vendedor exerça seu direito de preferência. Na preempção o adquirente admite que, caso receba uma oferta de terceiro, dará preferência ao vendedor para que a coisa retorne a seu patrimônio (513). Exige-se duas condições: * que o comprador queira vender (514) * e que o vendedor (ex-dono) pague o mesmo preço oferecido pelo terceiro, e não o preço pelo qual vendeu (515). A preferência possui duas espécies: a) convencional: depende de contrato/de acordo de vontades, é a preferência que nos interessa; b) legal: interessa ao Direito Público, quando, por exemplo, o Estado desapropria uma casa para fazer uma rua, depois desiste, cabe então preferência ao ex-dono para readquirir o imóvel (519 – é conhecida comoretrocessão de Direito Administrativo, sendo uma cláusula implícita em toda desapropriação). Exercício do direito pelo vendedor: para evitar a consumação da venda, pode antecipar-se intimando o comprador. Cabe medida cautelar (art. 514) Forma: instrumento particular ou publico. Pode ser autônomo, desde que expresso e por escrito Preço: o preemptor deve pagar o preço de mercado ou o valor da negociação Inexistência de prazo (art. 516, CC): manifestação do vendedor após a notificação será de 3 dias para moveis e 60 dias para imóveis. O não exercício implica em renúncia tácita Requisito: notificação judicial ou extrajudicial contendo condições de venda (art. 514) Na preferência não cabe ação real (na retrocessão sim), então se o comprador vende a um terceiro sem oferecer ao vendedor, o vendedor não poderá recuperar a casa do terceiro, poderá apenas exigir uma indenização do comprador que não respeitou a cláusula da preempção (518). A preferência difere da retrovenda por cinco motivos: 1) a preferência não precisa de registro em Cartório de Imóveis e nem constar na escritura pública; 2) na preferência a iniciativa é do comprador em querer vender, enquanto na retrovenda é o vendedor que tem a iniciativa e a faculdade de comprar de volta; 3) a retrovenda só se aplica a imóveis, com efeito real (507, in fine), e a preferência a móveis e imóveis, sem efeito real (518); 4) na retrovenda se extingue uma venda, aqui na preferência se celebra novo contrato; 5) o direito à retrovenda se transmite aos herdeiros (507), odireito à preferência não (520). Preferencia em favor dos condomínios: os condôminos não podem comprar uma parte do bem, uma vez que o direito a prelação é indivisível. Não pode ser exercido sobre seu quinhão ou cota ideal. Consequência: o preemptor pode pleitear p e d, inclusive do adquirente desde que de má-fé (art. 518) Prazo para propositura – art. 206, §3º, V, CC Transmissibilidade: inter vivos ou causa mortis (art. 520, CC) Retrocessão – quando ocorrer a tredeslinaçao do bem ex proprieado, o exprorpriado tem direito de preferencia (retrocessão) pelo preço atual, reincorporando ao seu patrimônio (art. 519) Preempção legal Preempção convencional Art. 504, CC Art. 513 a 520, CC A favor do condômino A favor do condômino Cabe ação anulação Cabe P e D Efeito erga omnes Efeito inter partes Prazo decadencial de 180 dias Prazo prescricional de 3 anos Direito real Direito obrigacional Venda sobre documento arts. 529 a 532, CC Crédito documentário ou “trust recept” bens moveis substitui a tradição da coisa pela entrega dos documentos representados da propriedade Local e tempo do pagamento: art. 530, CC. O local e data do pagamento devem ser o mesmo da entrega dos documentos se houver a contratação de seguro quem paga a indenização é a seguradora, e quem recebe é o comprador Pagamento por de estabelecimento bancário: o banco será responsável pelo pagamento mediante entrega dos documentos RETROVENDA: Faculdade que se reserva o vendedor de reaver o imóvel vendido, em certo prazo (3 anos) devolvendo ao comprador o preço, as despesas feitas pelo adquirente ( custas de escritura e impostos) incluindo aquelas efetuadas com a sua autorização escrita no período de resgate ou para a realização de benfeitorias . (art. 505,CC) VENDA A CONTENTO: é a alienação que depende de aprovação do comprador , funcionado esta como condição suspensiva p/ efetivação do negócio , ainda que a coisa já tenha sido entregue ( Art.509, CC). Nesta espécie de venda, se classifica a dos gêneros que se costumam provar, medir, pesar ou experimentar antes de aceitos. VENDA COM RESERVA DE DOMÍNIO : modalidade especial, na qual o vendedor tem a própria coisa vendida, dada como garantia pelo comprador para o recebimento do preço.Só a posse é transferida ao adquirente. A propriedade permanecerá com o alienante e só passa aquele após o recebimento integral do preço. VENDA SOBRE DOCUMENTO: tradição da coisa é substituída pela entrega do seu título representativo ( Art.529,CC) ( Livro : Revisão unificada da OAB , 2014 , Revista dos Tribunais )
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