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Modificações Anatomica Funcionais e Psíquicas do Organismo Materno e Desconforto da Gestação Enfª. Rosimary Reis Alterações Fisiológicas da Gravidez A gestação modifica o organismo materno, interferindo na fisiologia, anatomia e na bioquímica de todos os aparelhos e sistemas de seu corpo. As alterações do organismo materno são decorrentes das alterações hormonais que ocorrem na gestação, da ação mecânica exercida pelo útero gravídico e da reação orgânica do organismo materno à presença do concepto e seus tecidos (ex.: placenta). As modificações no organismo materno só são percebidas a partir do segundo mês de gestação, ou seja, a partir do momento que ocorre o atraso menstrual. Modificações Gravídicas Ocorrem principalmente: Sistema Tegumentar; Aparelho Gastrointestinal; Sistema Circulatório/sanguíneo; Sistema Genital; Sistema Musculoesquelético. Sistema Urinário; Sistema Respiratório; Metabolismo. Primeiro Trimestre Segundo Trimestre Terceiro Trimestre O Ciclo Gestacional 38 a 40 semanas Parada da Menstruação Quando ocorre a gravidez, o hormônio produzido pela placenta em formação (gonadotrofina coriônica humana - hCG) mantém os níveis hormonais necessários para que o endométrio não “descame” e com isso não ocorre a menstruação. Portanto, qualquer sangramento transvaginal que ocorra após o início da gestação é considerado como anormal e deve ser prontamente comunicado ao obstetra. Durante a gravidez a gravidez ocorre um pan- hiperendocrinismo – aumento de todos os hormônios. Gonadotrofina Coriônica Lactogênio Placentário Hormônios Esteróides – estrogênio e progesterona Sistema Reprodutor As estruturas dos grandes e pequenos lábios, o clitóris, crescem devido ao aumento da vascularização. Os grandes e pequenos lábios também podem aumentar devido à deposição de gordura. As estruturas reprodutoras internas modificam- se significativa para acomodar o feto. Essas estruturas nem sempre voltam ao seu estado pré-gestacional após o nascimento do bêbê. Ovários Uma vez ocorrida a fertilização, os folículos ovarianos interrompem o processo de maturação e ovulação. As vilosidades coriônicas, que se desenvolvem a partir do ovo fertilizado, começam a produzir gonadotropina coriônica humana (hCG) para manter o corpo lúteo ovariano. Essa estrutura produz estrógenio e progesterona, até que a placenta esteja formada e funcionando normalmente. Em torno de 8 a 10 semanas de gestação, a placenta assume a produção desses hormonios e o corpo lúteo – que não é mais necessário – entra em involução. Útero O Útero retém o feto em desenvolvimento por cerca de 280 dias, ou nove meses cronológicos. O tamanho do útero não-gravídico é menor do que um punho 7,5 x 5,0 x 2,5 cm), e seu peso é cerca de 60 a 70g na mulher nulípara e 100g na multípara. O útero gravídico pode chegar a: 30 a 36 cm de comprimento; 20 a 25 cm de largura; 0,5 cm de espessura. Aumenta a vascularização – suprimento sanguíneo aumenta 20/40 vezes (artérias uterinas principal fonte). Sistema venoso – dilatam num diâmetro até 60 vezes – drenagem venosa adequada para o grande fluxo sanguíneo uteroplacentário. Uma semana após o parto os vasos retornam ao seu tamanho original. O ganho mínimo de peso por trimestre é: Primeiro: 1 a 1,5 Kg (hiperplasia). Segundo: 5 a 6 Kg (Hiperplasia + Hipertrofia). Terceiro: 4 a 5 KG (Hipertrofia). OBS: No parto ocorre a perda de 5 Kg- peso do bebê + placenta. Útero X Alterações no Peso Condutas Clínicas - relacionadas às alterações uterinas: Explicar que durante a gestação a mulher pode ganhar até 16.5 kg – após esse ciclo retorna às condições pré-gravídicas; Explicar que o útero só começa realmente a crescer no segundo trimestre devido à hipertrofia; Orientar quanto a importância do uso dos suplementos prescritos para a manutenção da gestação – não engordam. Orientar a descansar várias vezes ao dia. Vagina O estrogênio estimula a vascularização, o crescimento dos tecidos e a hipertrofia do tecido epitelial vaginal. Há uma alteração do pH da vagina que ajuda a evitar infecções baterianas. Essa alteração se dá por aumento da produção de ácido lático a partir do glicogênio do epitélio vaginal. Outras alterações são: desenvolvimento da mesma coloração azulada da cérvice e vulva, devido ao aumento da vascularização. hipertofia dos musculos lisos e relaxamento dos tecidos conjuntivos aumento possível da resposta sexual. Mamas Durante o primeiro trimestre, o aumento do estrogênio e da progesterona promove o crescimento das mamas e causa hiperestesia mamária. As glandulas sebáceas da aréola tornam-se hipertrófica, produzindo pequenas elevações que são chamadas de tubérculos de montgomery. Nas pacientes primiparas, o diâmetro das aréolas aumentam de 3cm para 5 a 6 cm. Tubérculos de Montgomery Mamilo Aréola Sistema Musculoesquelético O útero em crescimento inclina a pelve para a frente, desviando o centro da gravidade da gestante. A curvatura lombossacra é acentuada, e há uma curvatura compensatória na região cervico dorsal. Produz uma postura de ombros caídos e provoca modificações marcantes na macha e na postura. Músculos No terceiro trimestre, os músculos reto abdominais proeminetes separam-se, permitindo a protusão do conteúdo abdominal na linha média. O umbigo achata-se ou protai. Relaxina: Hormônio produzido durante a gravidez – amolecimento das cartilagens nas articulações pélvicas e músculos lisos. Deambulação – ocorre um amolecimento das cartilagens sacroilíacas e sínfise púbica devido a ação do progesterona e RELAXINA – Marcha Anserina. Condutas Clínicas - relacionadas às alterações musculoesqueléticas: Explicar como ocorrem as alterações; Orientar ao não uso de salto-alto; Orientar a andar com cautela – risco de quedas; Orientar a não realizar movimentos bruscos; Orientar quanto à atividade física. Aparelho Respiratório Em respostas a alterações hormonais, a medida que a gestação avança, há uma facilitação da troca gasosa, proporcionando trocas maiores de oxigenio à gestante. O trato respiratório superior aumenta sua vascularização em resposta aos níveis crescentes do estrogênio. As alterações da função pulmonar melhoram a hematose e facilitam a oxigenação do sangue que circula pelos pulmões. A gestante pode respirar de 30 a 40% mais do que conseguia respirar antes de engravidar. Hiperventilação Materna Sistema Cardiovascular O coração cresce ligeiramente durante a gestação, por certos devido aos aumentos do volume sanguineo e débito cardíaco. Esse crecimento não é acentuado e regride após o nascimento do bebê. A frequência cardíaca aumenta progressivamente e pode chegar aos seguintes valores: - no primeiro trismestre: 10 a 15 bpm. - no terceiro trimentre: 15 a 20 bpm. O aumento do volume sanguíneo irriga o sistema vascular hipertofiado o útero em crescimento efornece nutrientes aos tecidos do fetais e materno. O coração desvia-se para frente e para a esquerda – alterando seu eixo elétrico, conseqüentemente o ECG. Por esse motivo é necessário informar à pessoa que analisar o ECG que a cliente está grávida. Compressão uterina sobre as veias ilíacas – aumenta pressão nos MMII – prejudica o retorno venoso – varizes, hemorróidas, varizes vulvares. Débito cardíaco fica aumentado – responder à demanda materna e fetal (FC aumenta cerca de 15 bpm e o volume dos batimentos); PA - varia com a postura (compressão da aorta abdominal ou veia cava inferior); Resistência vascular uterina fica diminuída (aporte sang. Feto); Fluxo Sanguíneo fica aumentado Membros : Calor nas mãos e pés. Condutas Clínicas - relacionadas às alterações cardíacas/ circulatórias: Varizes – Prevenção: Não permanecer muito tempo em pé (na mesma posição); Usar sapatos confortáveis; Evitar salto alto; Tratamento: Elevar MMII (20 min/dia) - 30 graus – se PA estiver aumentada não elevar membros inferiores; Usar de meias compressivas - kendall; Cirurgia é contra-indicada. VARIZES Meias Compressivas Sistema Urinário Os rins ereteres e a bexiga, passam por alterações estruturais e funcionais na gravidez. A dilatação significativa da pélve renal, dos cálices e ureteres, começa na 10 semana de gestação, causada pelo aumento do estrogênio e progesterona. Polaciúria – a progesterona relaxa a musculatura lisa dos ureteres e o útero comprime a bexiga, diminuindo sua capacidade funcional – hipotonia - fluxo de urina retardado, maior predisposição à infecção urinária (estagnação). Condutas Clínicas - relacionadas às alterações urinárias: Explicar como acontece a polaciúria. Explicar que deve ingerir líquidos normalmente; Explicar que esta alteração acontecerá até o final da gestação – cessando após este ciclo; Orientar quanto a higiene íntima adequada. Sistema Gastrointestinal Segmentos do intestino delgado e grosso são deslocados para cima devido a compressão do útero que se avoluma e passa ocupar o lado direito da cavidade abdominal; Relaxamento da musculatura lisa do intestino - motilidade do TGI encontra-se reduzida – facilitando constipação intestinal e Hemorróidas. Sistema Gastrointestinal: Ocorre o deslocamento do fundo gástrico e diminuição do espaço do estômago devido ao aumento do volume uterino; Alteração da cárdia e diminuição do peristaltismo - Ação Hormonal – progesterona relaxa musculatura lisa; Aumento do tempo de esvaziamento gástrico; Hipocloridria – relaxamento da estrutura biliar até o duodeno – ação da progesterona. Sistema Gastrointestinal: Essas alterações favorecem as seguintes intercorrências clínicas gestacionais: Pirose, eructação; Refluxo gastroesofágico; Enjôos; Êmese; Hiperêmese. Duração até 16 semanas de gestação (fatores emocionais) Sistema Gastrointestinal: Aumento do apetite; Aversão à alimentos gordurosos; Picamalácia ou Malácia – desejo de comer substâncias não convencionais como terra, tijolo, giz, arroz cru, entre outros. Desejo de ingerir alimentos específicos (desejos) – fase inicial da gestação – decorrente da presença de Gonadotrofina Coriônica Humana e alterações emocionais. Sistema Gastrointestinal – Cavidade Oral: Sialorréia e dificuldade de deglutir; Gengivite gravídica – As genvivas edemaciadas, sangram facilmente devido o aumento da vascularização e pH mais baixo da saliva + hipocloridria + Sialorréia – aliado a deficiência de hábitos higiênicos da cavidade bucal. Estrogênio Hipertrofia Gengival Dificulta a Higienização Cárie Dentária HIPERTROFIA GENGIVAL - GENGIVITE GRAVÍDICA HIPERTROFIA GENGIVAL - GENGIVITE GRAVÍDICA Condutas Clínicas - relacionadas às alterações Gastrintestinais – Pirose, Eructação, Êmese, Refluxo: Orientar quanto à dieta sólida + freqüente; Orientar quanto a alimentação fracionada (3/3 horas); Não deitar após as refeições (aguardar 30 minutos); Biscoitinho/bolacha – ao acordar (sólido) - 10 min repouso – café da manhã; Dormir em D.L.E; Antieméticos – último caso. Condutas Clínicas - relacionadas às alterações Gastrintestinais – Constipação e Hemorróidas: Orientar quanto a dieta rica em fibras; Orientar à praticar exercícios físicos leves – aumenta o peristaltismo; Orientar quanto o aumento ingestão líquida; Orientar a realizar compressas mornas – caso apresente hemorróidas. Sistema Tegumentar Alterações cutâneas observada nas gestante, são muito variadas. Podem apresentar: - estrias gravídicas; - distúrbios pigmentares; - tramas vasculares. Sistema Tegumentar: Durante a gravidez ocorre o aumento do hormônio melanócito - estimulante que associado a progesterona favorece a deposição de melanina na pele. Cloasma; Linha Alba Linha Nigrans; Aréolas secundárias; Sinais de Presunção Sistema Tegumentar: Hipertricose - vasogênese e vasodilatação induzida pelo estrogênio e progesterona. Aumento do crescimento das unhas em decorrência do aumento da nutrição da matriz ungueal. Aumento do cortisol que associado a distensão abdominal e mamária favorece o aparecimento de estrias (fatores genéticos) ESTRIAS Condutas Clínicas - relacionadas às alterações tegumentares: Explicar que o cloasma é comum na gravidez e que costuma diminuir ou desaparecer,em tempo variável, após o parto; Recomendar a não exposição do rosto diretamente ao sol; Recomendar o uso de filtro solar tópico, se possível; Explicar que o crescimento excessivo de pêlos cessa após a gravidez. Condutas Clínicas - relacionadas às alterações tegumentares: Orientar que as estrias ocorrem devido ao estiramento da fibras colágenas e pele – permanecem escuras durante toda a gravidez; Explicar que estas clareiam após período gestacional; Não existe método eficaz de prevenção; Orientar quanto a massagens locais, com substâncias oleosas, na tentativa de prevenir. Sistema Imune Durante a gravidez o feto e a placenta estão protegidos dos sistema imune materno. A camada celular que recobre o feto e a placenta pode esconder os antígenos, dessa forma impedindo sua detecção pelos linfócitos sensibilizados. Sistema Neurológico Na maioria das gestantes as alterações neurológicas são temporárias e desaparecem com o parto. Pode se destacar o aparecimento de neuropatias de encarceramento: - Meralgia parestésica – sensação de picadas e dormencia - Síndrome do túnel carpal – sensação de picadas e ardencias na mão com irradiação para o cotovelo. - Hipocalcemia – cãimbras musculares -Síncope – tonturas, desmaios Alterações Psicossocial As alterações pscossociais são influenciadas pelos fatores psicológicos sociais, econômicos e culturais, pelo auto conceito e pelas atitudes pessoais relacionados com os papéis sexuais e familiares específicos. Todos esses aspectos podem afetar sua saúde e a dos filhos.