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CAPÍTULO 1 - Breve história do encontro entre a Psicologia e o Direito O QUE É PSICOLOGIA JURÍDICA? Psicologia Jurídica é o campo da psicologia que agrega os profissionais que se dedicam à interação entre a psicologia e o direito. A principal função dos psicólogos no âmbito da justiça é auxiliar em questões relativas à saúde mental dos envolvidos em um processo. Para se tornar um psicólogo jurídico é preciso fazer uma pós-graduação especializada na área, ou prestar o concurso do Conselho Federal de Psicologia com fins de obter o título. A Psicologia Jurídica é um dos campos de conhecimento e de investigação dentro da psicologia, com importantes colaborações nas áreas da cidadania, violência e direitos humanos. Entre as atividades de um psicólogo jurídico está o acompanhamento dentro do sistema carcerário. Como perito, pode trabalhar com a elaboração de laudos sobre a saúde mental das partes, que podem ser juntados aos processos com o intuito de auxiliar o juiz na sua decisão. O psicólogo jurídico atua também na mediação de litígios, na ocasião de testemunhos, e em campos delicados como o direito de família, processos de violência doméstica, adoções, guarda de menores, entre outros. O termo Psicologia Forense também é utilizado para designar a psicologia jurídica, embora menos utilizado no Brasil. Alguns autores indicam que as palavras definem campos diferentes, que "jurídico" é uma expressão mais abrangente sobre todo o campo do direito, enquanto que "forense" é mais direcionado ao fórum ou tribunal. E como não há consenso sobre seu conceito, o que sabe- se é o uso de uma definição ou outra segue a preferência do profissional, se quer enquadrar-se enquanto psicólogo jurídico ou forense. Um dos campos de atuação dentro da psicologia jurídica é a Psicologia Criminal, que se dedica mais propriamente ao Direito Penal. Este tipo de psicólogo é chamado a atuar em processos criminais de diversas formas, como na avaliação de suspeitos, compreensão das motivações do crime e detecção de comportamentos perigosos. (https://www.significados.com.br/psicologia-juridica/) O QUE É PSICOLOGIA? UM BREVE CURSO DE HISTÓRIA - A definição de psicologia pode ser dada por sua origem grega. Onde: Psico=alma ou atividade mental e logía=estudo. - A psicologia é a ciência da alma e da mente. É a ciência que estuda a mente e o comportamento. - A psicologia emergiu (apareceu) com fortes influências de outras áreas de conhecimento, dentre elas a Filosofia e a Fisiologia, e a Medicina. INFLUÊNCIAS FILOSÓFICAS - ARISTÓTELES, foi um importante filósofo para Psicologia ao argumentar que nossos atos são controlados pela razão. Para ele, o mundo era dividido e, orgânico e inorgânico, sendo que o orgânico encerra a capacidade de se transformar. Afirmava, a alma como essência do ser humano, ou sejam a função do homem é a atividade da sua alma que segue ou aplica um princípio. - DESCARTES fundou na tentativa de resolução do problema mente-corpo. Ele rompeu com o ideal monista (único) de corpo e mente como uma só entidade e trouxe a posição dualista, na qual corpo e mente são entidades de naturezas distintas. Para ele, ambas têm a capacidade de influenciar e ser influenciada pela outra. Se não mais pela via corpo-mente mas pelo dualismo individuo x sociedade; normal x patológico (doentio). - Em meados do século 19, o pensamento europeu foi impregnado por um novo espírito: o Positivismo e Auguste Comte. O Positivismo é uma corrente filosófica que tem como base a exaltação dos fatos. O conhecimento se afirma em uma verdade comprovada, utilizando o método experimental como um caminho para o pensamento científico, no qual a verdade comprovada é inquestionada. - No século 17 a doutrina do empirismo foi definida explicitamente pela primeira vez pelo filósofo inglês John Locke. Locke argumentou que a mente seria, originalmente, um “quadro em branco” (tábula rasa), sobre o qual é gravado o conhecimento, cuja base é a sensação. Ou seja, todas as pessoas, ao nascer, o fazem sem saber de absolutamente nada, sem impressão nenhuma, sem conhecimento algum. Todo o processo do conhecer, do saber e do agir é aprendido pela experiência, pela tentativa e erro. - Positivismo e empirismo converteram-se nos apoios filosóficos de uma nova Psicologia, na qual os fenômenos psicológicos eram constituídos de provas factuais, observacionais e quantitativas. INFLUÊNCIAS FISIOLÓGICAS - Fisiologia propõe o estudo do homem como ser organizando e semelhante a outros seres que se organizam, rejeitando o estudo da alma. Havendo então, um rompimento da Psicologia com a Filosofia. - No final do século 19, passaram à investigação e ao estudo dos órgãos dos sentidos, através dos quais recebemos a informações acerca do mundo. - Muitos pesquisadores adotaram o método experimental, onde realizaram estudos sobre o comportamento, os movimentos involuntários, os reflexos, a memória, o desenvolvimento infantil, entre outros. - Em 1897, Wilhelm Wundt fundou o primeiro laboratório psicológico. Com o interesse no funcionamento do corpo humano para os processos mais elementares de percepção e a velocidade dos processos mentais mais simples. ESTRUTURALISMO - Define que a Psicologia como ciência da consciência ou da mente. - Tem como objetivo da Psicologia, de descobrir quais são os elementos mentais, o conteúdo e a maneira pela qual se estrutura. - Titchener considera que os elementos ou as unidades que compõem o conteúdo da mente são as sensações, as imagens, as afeições e os sentimentos. Sendo utilizado a introspecção. - Introspecção é o ato que um sujeito observas os conteúdos de seus próprios estados mentais, tomando consciência deles. Destacando-se crenças, imagens mentais, memórias, intenções, emoções, e o conteúdo do pensamento geral. - FUNCIONALISMO: William James propôs uma base afirmando que a consciência é subjetiva e está em constante movimento de evolução. Sendo seletiva nas escolhas de vários estímulos e tem função principal a adaptação dos indivíduos aos seus ambientes. FUNCIONALISMO - Os funcionalistas queriam estudar o propósito, ou função da consciência e seus processos mentais básicos. - O processo consciente não se limitava a uma descrição de elementos, conteúdos e estruturas. Mas sim, um constante fluxo, uma característica da mente em constante interação. - Na Psicologia, deveria haver espaço para as emoções, a vontade, os valores, as experiências religiosas e místicas. Tudo que torna um ser humano único. PSICOLOGIA CIENTÍFICA E SENSO COMUM - A Psicologia do senso comum é um conjunto de ideias, crenças e convicções transmitidas culturalmente que cada indivíduo possui a respeito de como as pessoas funcionam, se comportam, sentem e pensam. - Essas crenças e convicções que estão profundamente fixadas no ser humano falta de fundamentação e estudo experimental. - Conhecer alguma coisa é estar consciente dela. Nesse sentido, a Psicologia do senso não se refere a ideias, percepções, motivos ou sentimentos inconscientes. - Para Fritz Heider, a teoria do senso comum é um auxílio para a construção da teoria científica e uma fonte de hipóteses. Ele defende que a Psicologia Científica não é aceitar a Psicologia do senso comum, mas desenvolvê-la e sistematizá-la na medida em que a Psicologia ingênua contém conhecimento espontâneo das reações e relações humanas. -Defende também ainda que a teoria científica da Psicologia podem ser compreendidas como negações de uma ou outra suposição do senso comum. - A teoria científica se dedica à descrição, à explicação, à previsão e ao controle do desenvolvimento do seu objeto de estudo. - A ciência psicológica para comprovar as exigências naturalista, buscou no ser humano aquilo que respondesse às pesquisas quantitativas e empíricas (que se baseia somente na experiência,e não no estudo), tendo como ferramenta central o comportamento humano. OBJETOS DE ESTUDO DA PSICOLOGIA E O FENÔMENOS PSICOLÓGICOS - O homem é capaz de perceber, refletir, sentir e de significar e resignificar o mundo constantemente. Sua capacidade de linguagem e raciocínio o possibilita transformar suas relações com o mundo e com os outros homens. Enquanto ser histórico, é capaz de criar história, de perceber passado, presente e futuro, de ter planos, projetos, medos, sonhos, expectativas e desejos. - Dois caminho estabelecem o fazer psicológico: 1. A CONCEPÇÃO DO SER HUMANO - Há os que tem características humanas a nossa herança genética, e o seu desenrolamento a um processo de evolução. Para esses, os fenômenos psicológicos são como: a percepção, memória, emoções, atenção, etc. - Outros pontuam o meio ambiente como o responsável pelo desenvolvimento de habilidades e de competências. 2. MODO DE ABORDAR, INTERVIR, ESCUTAR O HOMEM - ESCUTA SURDA: Essa tomada como retrato e dispositivo da norma avalia apenas o entrevistado e tem o poder de julgar, determinar e punir que se estende para além do comportamento do sujeito, por acreditar que tal sujeito possui uma natureza humana, um caráter a ser revelado. - ESCUTA-EXPERIMENTAÇÃO: A entrevista assume potência de dispositivo, que abre múltiplas possibilidades de intervenção, ao ser conduzida por profissional que não aposta nem na sua neutralidade nem em uma essência de seu entrevistado a ser atribuída e desvendada. TEORIAS DA PSICOLOGIA - Há uma grande diversidade de teorias. - neste tópico, cinco perspectivas que podem ser consideradas as de maiores forças e evidências. São elas: a psicanálise, o behaviorismo (comportamentalismo), o humanismo, o gestaltismo e o social pelo viés da matriz sócio-histórica. 1. APSICANÁLISE: Surgiu na década de 1890, criado pelo Sigmund Freud, interessado em achar um tratamento efetivo para pacientes com sintomas neuróticos e histéricos. Acreditava que os problemas se originavam da não aceitação cultural, sendo assim reprimidos seus desejos inconscientes. NO CADERNO: Psicanálise: Método terapêutico criado por Sigmund Freud, empregado em casos de neurose e psicose, que consiste na interpretação dos conteúdos inconscientes de palavras, ações e produções imaginárias de um indivíduo. 2. BEHAVIORISMO: O termo behaviorismo vem do inglês behavior, comportamento. Em português, podemos dizer tanto behaviorismo como comportamental. Ele foi influenciado pelo funcionalismo tem como estudo dos comportamentos animais controlados em laboratórios de acordo com os estímulos que lhes eram apresentados. Segundo os pesquisadores, era possível uma comparação entre os comportamentos animais e humanos, o que justificava seu percurso experimental. NO CARDENO: BEHAVIARISMO: Comportamento, estímulo --> Resposta quanto maior o estímulo maior a resposta se não houver resposta quer dizer que o estímulo não é eficiente. 3. HUMANISMO: Teve origem nos anos 1950. Mas se tornou importantíssimo em 1960- 1970. A psicologia humanista surgiu como uma reação à análise exclusivamente feita ao behaviorismo. Maslow desenvolveu o conceito de motivação atrelado ao modelo de hierarquia de necessidades construída com base numa pirâmide, veja: Buscamos satisfazer primeiro: A. Necessidades fisiológicas – fome e sono; B. Segurança – emprego, família, saúde; C. Amizade, relacionamentos amorosos; D. Necessidades de estima; E. Realização pessoal. NO CARDENO: HUMANISMO: Necessidades de autorrealização, estima, social, segurança e fisiológicas. 4. GESTALTISMO: Influenciado pelo fisiologismo, é uma corrente que de uma importante contribuição na construção da Psicologia como ciência. O princípio básico da Teoria Gestalt é que a organização dos dados que nos cercam é parte do processo perceptivo. Para os psicólogos dessa linha teórica, toda percepção é uma gestalt, um todo que não pode ser compreendido pela separação em partes. Acreditam que uma pessoa percebe uma situação inteira em vez de seus elementos individuais. Segundo esses teóricos, as informações do meio externo são processadas em dois níveis: sensação e percepção. Apesar de ser possível diferenciá-los, sentir e perceber é, na realidade, um processo único, que é o da recepção e interpretação de informações. Entretanto, percepção não deve ser confundida com sensação. NO CARDERNO: GESTALT: Sensação, percepção. Sensação é o dado não processado recebido por um indivíduo através dos sentidos. Percepção é o resultado da sensação. 5. MATRIZ SÓCIO-HISTÓRICA: O referencial sócio-histórico considera o homem um ser social, histórico e ativo. Imerso em um processo de interações sociais e relações com claras marcas culturais, ele constrói e reconstrói a sociedade, a história social e a si mesmo, de modo que o conhecimento sobre si próprio é marcado por influências culturais. Nesse processo, a pessoa vai construindo a noção de subjetividades com base em características sócio-históricas que são imputadas aos sujeitos por meio da sua relação com os outros e com o mundo. Pode ser constituída por dois conceitos inter-relacionados: 1. As condições socioeconômicas-políticas as quais representam as concretas condições de vida de uma comunidade especifica, nas quais a pessoa nasce, cresce, vive e se constitui sujeito, além das pressões sociais mais estáveis às quais as pessoas são submetidas. PUNIÇÃO POSITIVA: Quando acrescenta algo ruim. NEGATIVA: Retira algo agradável. REFORÇO POSITIVO: Quando acrescenta algo agradável. NEGATIVO: Quando retira algo ruim. 2. O outro vetor refere-se às práticas discursivas que representam o domínio das representações, dos símbolos religiosos, das fórmulas científicas etc. Estas têm materialidade como um quadro, uma peça, um ritual, uma palavra ou um comportamento humano. NO CADERNO: GESTALT: RESUMO: A Matriz sócio-histórica aposta na construção do sujeito coletivo, dialógico e contextualizado. A PSICOLOGIA NO BRASIL - Em 1962, a profissão de psicólogo foi criada e regulamentada com a função de adequar, ajustar e adaptar o indivíduo ao mundo moderno; - Em 1971, foi criados o CONSELHO FEDERAL DE PSICOLGOIA e sente CONSELHOS REGIONAIS. Hoje em dia há 23 Conselhos Regionais. - A prática psicológica foi se constituindo enquanto uma ferramenta de adequação e ajustamento do homem ao seu contexto social. Testes psicológicos se destacavam sendo utilizado em diferentes espaços e estabelecimentos. - Sustenta por teorias focando a descrição dos comportamentos patológicos, produziam técnicas diagnosticáveis para cura e prevenção desses comportamentos, os problemas era tratados individual e não coletivo. - Em 1980, marcada pelos movimentos sociais, alguns incursões na área Psicologia Social foram experimentadas fortalecendo a relação do indivíduo/sociedade. A INTERSEÇÃO ENTRE A PSICOLOGIA E O DIREITO - Em 1967, a interseção entre a Psicologia e o Direito foi referendada por Mira y Lopes como importantes ferramenta no campo do Direito. - Afirmada que “é uma ciência que, pelos menos oferece as mesma garantias de seriedade e eficiência que as restantes disciplinas biológicas”. - No PASSADO, a doença mental e a criminal foram o universo de atuação da Psicologia no judiciário. HOJE, são as crianças, jovens e as famílias os principais protagonistas da intervenção psi. - ECA – Estatuto de Criança e do Adolescente. RESUMO - Neste capítulo, você conheceu um pouco da Psicologia, ciência que nasceu no início do século XX influenciada pela Filosofia, Fisiologia, Medicina e por outras áreas do conhecimento como a Antropologia, com o propósito de conhecer, explicar e modificar os comportamentose os sentimentos humanos. - Aprendeu também que o encontro da Psicologia com o Direito ocorreu por volta dos anos 1940, no Brasil, sendo a produção de laudos sua maior demanda. Atualmente, vem ocupando outros espaços no Judiciário, dando voz e visibilidade àqueles que ali aportam. ATIVIDADE 1. Com relação à produção escrita (laudos ou pareceres) elaborada pelos psicólogos no universo do judiciário é correto afirmar que: a. Essa produção deve apontar, conclusivamente, uma alternativa de encaminhamento à demanda solicitada. b. Essa produção deve considerar os discursos e as percepções do demandado. 2. No que tange à atuação do psicólogo, no contexto prisional, julgue as afirmativas abaixo: a. O profissional de Psicologia que atua no sistema prisional deve entender a complexidade das questões relacionadas ao encarceramento e promover a construção da cidadania em detrimento da primazia da segurança e da vingança social. b. Em caso de perícias de processos penais, o estudo do delito é secundário, sendo o indivíduo que cometeu o delito o foco principal. 3. De acordo com a matriz sócio-histórica da Psicologia, é correto afirmar com relação ao sujeito: a. a história de vida do indivíduo não é importante na construção de sua singularidade. b. as experiências da primeira infância são decisivas na formação da identidade do indivíduo. c. o indivíduo é um ser social em constante interação com as relações sociais, econômicas e políticas. d. na constituição do sujeito não há articulação entre dimensões pessoais e coletivas. e. nenhuma das respostas acima. RESPOSTA 1.a. Errado b. Certo 2.a. Errado b. Certo 3. Alternativa C é correta.
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