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IMUNOLOGIA VETERINÁRIA Aula 3 Mediadores pró-inflamatórios e antimicrobianos da imunidade inata (Tyzard, 2014, p. 31) PAMP da bactéria Receptor celular do animal Molécula de ativação Fatores de transcrição Citocinas principais Produtos de células sentinelas ativadas por PAMPs • Citocinas – fator de necrose tumoral- α (TNF- α); interleucina-1 (IL-1), interleucina-6 (IL-6); e interferon (IFN). • Quimiocinas- São classificadas em quatro famílias, com base em suas sequências de aminoácidos: exemplos quimiocinas CC (dois resíduos contíguos de cisteína), quimiocinas CXC (dois resíduos de cisteína separados por outro aminoácido(X)). • Enzimas – NOX2 e COX-2. Produtos de células sentinelas possuem a função de: • Iniciar e amplificar a inflamação • Inibir o crescimento microbiano • Iniciar, junto com outros eventos, as primeiras etapas da imunidade adaptativa. Resposta inflamatória - vídeo Produtos de células sentinelas • Quando expostas a agentes infecciosos ( a seus PAMPs), as vias de sinalização das células sentinelas ativam os genes que levam à síntese e secreção das três principais citocinas - TNF-α, IL-1 e IL-6. • Caso as células sentinelas detectem a presença de DNA ou RNA danificado ou estranho, como os de vírus, também secretam os interferons antivirais do tipo I, IFN-α e IFN-β. • O TNF- α é produzido bem no início da inflamação e, a seguir, vêm ondas de IL-1 e, então, de IL-6. Produtos de células sentinelas - quimiocinas • As células sentinelas ativadas também secretam um alto número de pequenas proteínas quimiotáticas, denominadas quimiocinas. • Essas quimiocinas atraem células de defesa aos sítios de invasão microbiana. Produtos de células sentinelas – enzimas específicas • Ao mesmo tempo, as células sentinelas estimuladas sintetizam enzimas como a óxido nítrico sintase 2 (NOS2) que, por sua vez, gera oxidantes, como o óxido nítrico (NO), essas células também produzem a enzima cicloxigenase 2 (COX-2), que gera lipídeos inflamatórios, como as prostaglandinas e os leucotrienos (mediadores inflamatórios). CITOCINAS TNF- α • Possui muitas funções – mas as principais são: • Atuação sobre neutrófilos (as principais células de defesa da inflamação): aumentando sua capacidade microbicida, atraindo-os aos locais de lesão tecidual, aumentando sua adesão ao endotélio vascular. • Atuação sobre macrófagos: estimula a fagocitose e a produção de oxidantes por essas células; amplifica e prolonga a inflamação ao promover a síntese macrofágica de outros mediadores, como NOX2 e COX-2. • Atuação sobre mastócitos: ativando-os. (Tyzard, 2014, p. 39) IL-1 • Atuação sobre células endoteliais vasculares: torna-as adesivas para neutrófilos. • Atua sobre macrófagos: estimulando síntese de NOS2 e COX-2. • Em infecções graves, IL-1 + TNF-α é responsável pelo comportamento doentio - atua no cérebro, provocando febre, letargia, mal-estar e falta de apetite; sobre as células musculares para mobilizar aminoácidos, o que provoca dor e fadiga; e sobre os hepatócitos, induzindo a produção de novas proteínas, denominadas proteínas de fase aguda, que auxiliam a defesa do organismo. IL-6 • Sua produção é desencadeada por endotoxinas bacterianas, IL-1 e TNF- α. • A IL-6 influencia a inflamação (o principal mediador da reação de fase aguda e do choque séptico)e a imunidade adaptativa. • Porém, também exerce um papel anti- inflamatório, no qual inibe algumas atividades de TNF- α e IL-1, e promove a produção de IL-1RA, assim como de uma citocina supressora denominada IL-10. QUIMIOCINAS Quimiocinas • As quimiocinas formam uma família de pelo menos 50 pequenas (8 a 10 kDa) citocinas quimiotáticas. • Estas moléculas coordenam a migração de células e, assim, determinam a progressão de muitas respostas inflamatórias e imunes. • As quimiocinas são produzidas por células sentinelas, incluindo macrófagos e mastócitos. MEDIADORES INFLAMATÓRIOS Moléculas vasoativas - derivadas de múltiplas fontes: • Algumas são derivadas de precursores inativos no plasma. • Outras são derivadas de células sentinelas, como macrófagos e mastócitos; de leucócitos, como neutrófilos, basófilos e plaquetas; ou das células do tecido danificado. • Os nervos sensoriais estimulados podem também produzir neurotransmissores que provocam vasodilatação e aumento da permeabilidade. Aminas vasoativas • Histamina – liberada pelos mastócitos. • Quando a histamina se liga aos receptores H1, estimula a produção de óxido nítrico, um potente vasodilatador, pelas células endoteliais. • Ao mesmo tempo, a histamina provoca extravasamento vascular, levando ao escape de fluido para os tecidos e ao edema local. Aminas vasoativas • Serotonina - um derivado do aminoácido triptofano, é outra amina liberada e é encontrada em mastócitos de alguns roedores e grandes herbívoros domésticos. • A serotonina normalmente provoca vasoconstrição, eleva a pressão arterial (à exceção de em bovinos, nos quais é um vasodilatador). Exerce pouco efeito sobre a permeabilidade vascular, mas, em roedores, induz inflamação aguda. Peptídeos vasoativos • C3a e C5a são peptídeos vasoativos gerados por proteólise de precursores inativos em mastócitos. • As proteases de mastócitos, por exemplo, atuam nos componentes do sistema complemento C3 e C5, gerando dois pequenos peptídeos denominados C3a e C5a. Essas moléculas, coletivamente denominadas anafilatoxinas, promovem a liberação de histamina dos mastócitos. • Bradicinina – tornada ativa pelas proteases contidas em grânulos de mastócitos, aumenta a permeabilidade vascular, estimulam neutrófilos e receptores de dor. • Substância P – produzida pelos nervos sensoriais causam dor e desencadeiam vasodilatação e aumento da permeabilidade local. Lipídeos vasoativos • Quando os tecidos são danificados ou células sentinelas são estimuladas, suas fosfolipases atuam sobre os fosfolipídeos da parede celular, produzindo ácido araquidônico. • A enzima 5-lipoxigenase (LOX-5), então, converte este ácido araquidônico a lipídeos biologicamente ativos denominados leucotrienos (fase celular da inflamação). • A enzima cicloxigenase (COX-2), converte o ácido araquidônico em uma segunda família de lipídeos vasoativos, chamados prostaglandinas (fase vascular da inflamação). • Coletivamente, estes lipídeos complexos são chamados eicosanoides. Sistema de coagulação • Quando os vasos sanguíneos se dilatam e ocorre o extravasamento de fluido da corrente sanguínea para os tecidos, o sistema da coagulação é ativado. • A ativação do sistema da coagulação gera ativação de trombina, a principal enzima coagulante, que por sua vez atua sobre o fibrinogênio no fluido tecidual e no plasma, produzindo fibrina insolúvel. Sistema de coagulação • A fibrina é, então, depositada nos tecidos inflamados, onde forma uma barreira à disseminação da infecção. • A ativação da cascata da coagulação também inicia o sistema fibrinolítico. Isso leva à ativação do plasminogênio, que, por sua vez, gera plasmina, uma potente enzima fibrinolítica. Ao destruir a fibrina, a plasmina libera fragmentos peptídicos que atraem neutrófilos. (Tyzard, 2014, p. 31) MOLÉCULAS ANTIMICROBIANAS • Os produtos das células sentinelas realizam duas ações: aumentam a permeabilidade vascular e o fluxo sanguíneo e, ao mesmo tempo, atraem leucócitos do sangue aos sítios de invasão microbiana e/ou lesão tissular. • Esses leucócitosinicialmente são compostos principalmente por neutrófilos, mas, a seguir, há uma onda de macrófagos. MOLÉCULAS ANTIMICROBIANAS • Sua função é matar os invasores microbianos da forma mais rápida e completa possível. Para tanto, muitas dessas células produzem uma enorme quantidade de moléculas antimicrobianas. Peptídeos antimicrobianos • Peptídeos antimicrobianos anfipáticos: as regiões hidrofóbicas podem se inserir nas membranas ricas em lipídeos das bactérias, enquanto as outras regiões podem formar poros como canais ou simplesmente recobrir a membrana, o que provoca a ruptura da membrana e a morte do micróbio. Peptídeos antimicrobianos • Fonte: organelas de neutrófilos e macrófagos e em alguns locais dos órgãos linfoides secundários. As células epiteliais da pele e dos tratos respiratório, alimentar e genitourinário também sintetizam muitos peptídeos antimicrobianos. Peptídeos antimicrobianos • Defensinas – grânulos de neutrófilos, células de Paneth no intestino delgado, células epiteliais que revestem as vias aéreas, a pele, a glândula salivar e o sistema urinário. • Todas as defensinas identificadas até agora podem matar ou inativar algumas bactérias, fungos ou vírus envelopados. Algumas defensinas podem também neutralizar toxinas microbianas, como as de Bacillus anthracis, Corynebacterium diphtheriae e a estafiloquinase de Staphylococcus aureus. Peptídeos antimicrobianos • Curiosidade: Células de Paneth são estimuladas a secretar defensinas alfa entéricas (criptidina), lisozima e fosfolipase A2 quando expostas a ambos os tipos de bactérias (gram-positivas e gram- negativas) ou aos produtos bacterianos (como lipopolissacarídeos, dipeptídeos e lipídeo A). • Também produzem fator de necrose tumoral alfa, para destruir células possivelmente cancerígenas e angiogenina4, que também possui função antibacteriana e antifúngica. Peptídeos antimicrobianos • Catelicidinas: peptídeos antibacterianos encontrados nos grânulos neutrofílicos. • Serprocidinas e as granulisinas: as serprocidinas são serina proteases antimicrobianas encontradas nos grânulos primários de neutrófilos. As granulisinas são peptídeos produzidos por linfócitos T citotóxicos e células natural killer (NK). As granulisinas também atraem e ativam macrófagos. (Abbas et al 2008, p. 28) Peptídeos antimicrobianos • Lisozima: A enzima lisozima cliva a ligação entre o ácido N-acetil muramínico e a N- acetil glicosamina e destrói os peptidoglicanos da parede celular de bactérias Gram-positivas. • A lisozima é encontrada em todos os fluidos corpóreos à exceção do líquor e da urina e está presente em grandes quantidades no fluido de tecidos inflamados. Peptídeos antimicrobianos • Não é encontrada nos neutrófilos e na secreção lacrimal de bovinos, mas suas concentrações na secreção lacrimal de outros mamíferos e na clara de ovo são elevadas. • A lisozima é também uma potente opsonina, ligando-se a superfícies bacterianas e facilitando a fagocitose na ausência de anticorpos específicos e em condições nas quais sua atividade enzimática é ineficaz. Sistema complemento • O sistema complemento é um subsistema de defesa inata, composto por uma complexa mistura de enzimas, proteínas reguladoras e receptores que desempenham um papel importante na imunidade antimicrobiana inata. • Pode ser ativado simplesmente pela exposição das paredes celulares microbianas a proteínas séricas, uma vez que os componentes do sistema complemento também reconhecem PAMPs. Sistema complemento • O sistema complemento pode também ser ativado por meio da ligação de anticorpos às paredes celulares microbianas. • Após a ativação, os componentes do sistema complemento, principalmente C3, o terceiro componente, se ligam de forma irreversível às bactérias e iniciam a morte ou fagocitose destes microrganismos. (Abbas et al ,2008, p. 43) Referências bibliográficas • Tyzard I. Imunidade inata: mediadores pró- inflamatórios e antimicrobianos. In: Tyzard I. Imunologia veterinária. 9 ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2014. p. 38-46. • Abbas AK, Lichtman AH. Imunidade inata a defesa inicial contra as infecções. In: Abbas AK, Lichtman AH. Imunologia básica funções e distúrbios do sistema imunológico. 3 ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2009. p. 23-43. • Abbas AK, Lichtman AH, Pillai S. Imunidade natural. In: Abbas AK, Lichtman AH, Pillai S. Imunologia celular e molecular. 6 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. p 19-46.
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