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A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL ENFERMEIRO NO ATENDIMENTO AO PACIENTE DEPENDENTE QUÍMICO

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FACULDADE MADRE TEREZA
CAMILA CIBELE DOS SANTOS HOLANDA
A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL ENFERMEIRO NO ATENDIMENTO AO PACIENTE DEPENDENTE QUÍMICO – PESQUISA PARTICIPANTE EM CAPS – AD/ MACAPÁ – AP.
SANTANA – AP
2014
CAMILA CIBELE DOS SANTOS HOLANDA
A ATUAÇÃO DO PROFISSIONAL ENFERMEIRO NO ATENDIMENTO AO PACIENTE DEPENDENTE QUÍMICO – PESQUISA PARTICIPANTE EM CAPS – AD/ MACAPÁ – AP.
Pré-Projeto apresentado na Disciplina Metodologia do Conhecimento Cientifico II, como requisito básico para obtenção de nota na etapa N1, do 7º Semestre do Curso de Bacharelado em Enfermagem. 
Orientador (a): Professora Mestre Janete Silva Ramos
SANTANA – AP
2014
“Nunca existiu uma grande inteligência sem uma veia de loucura.”
Aristóteles
SÚMARIO 
1 – INTRODUÇÃO..........................................................................................05
2 – PROBLEMATIZAÇÃO..............................................................................06
3 – JUSTIFICATIVA........................................................................................07
4 – OBJETIVOS..............................................................................................09
	4.1 - Objetivos Gerais...........................................................................09
	4.2 – Objetivos Especificos..................................................................09
5 – HIPÓTESE................................................................................................10
6 – REFERENCIAL TEÓRICO.......................................................................11
7 – METODOLOGIA.......................................................................................18
8 – CRONOGRAMA........................................................................................19
9 – REFERECIAS BIBLIOGRAFICAS............................................................20
1 – INTRODUÇÃO
	O uso de substâncias psicoativas sempre esteve em nosso meio, independente da raça, credo ou classe social (DUNCAN & SCHMIDT, 2006), sendo usado em situações e em espaços variados. Stefanelli, (2008) relata que, dentre diversas razões para tal uso, pode-se observar: rituais, eventos comemorativos, alívio da dor, busca da sensação de prazer, entre outros. Contudo, uma vez que se institui um abuso e em consequência disso a dependência dessas substâncias, constitui-se um problema de saúde pública. 
	Segundo BRASIL, (2004), um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) é um serviço de saúde aberto e comunitário do Sistema Único de Saúde (SUS). Ele é um lugar de referência e tratamento para pessoas que sofrem com transtornos mentais, psicoses, neuroses graves e demais quadros, cuja severidade e/ou persistência justifique sua permanência num dispositivo de cuidado intensivo, comunitário, personalizado e promotor de vida. 
	A portaria 336, que regulamentou os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), em 2002, além de redefini-los, classificou esses dispositivos por ordem crescente, segundo a abrangência populacional, a complexidade de atenção e a população alvo. Nessa nova classificação, foram implantados em todo território nacional os Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas (CAPS – AD). Trata-se de serviços de atenção psicossocial para atendimento de pessoas com transtornos, decorrentes do uso e dependência de substâncias psicoativas, devendo contar com a presença de profissionais capacitados para o trabalho durante todo seu período de funcionamento (DIAS E SILVA, 2008). 
Orientado pelo modelo psicossocial, os CAPS – AD são propostos como espaço de criatividade, de construção da vida, em lugar de excluir, medicalizar, cuidar, disciplinar e acolher, considerando o usuário em suas implicações subjetivas e socioculturais, firmando-o como protagonista e parte fundamental do seu próprio tratamento (BALLARIN, 2011). 
	De acordo com Vargas e Oliveira (2012), além de redefinir a classificar os CAPS, em todo Brasil, a Portaria 336 representou um marco para a enfermagem no campo das substâncias psicoativas, pois, ao definir uma equipe mínima para a atuação nesses serviços, regulamentou a inclusão dos trabalhadores da área nessas equipes. Dessa forma, considerando que os CAPS – AD se encontram em plena expansão em todo o país, pressupõe-se que tem havido ampliação da oferta de trabalho para o enfermeiro nesse campo de atuação. Contudo, por se tratar se serviços recentes, com menos de 10 anos de implementação, poucos estudos têm sido publicados sobre a inserção e as práticas de Enfermagem nos CAPS- AD. 
	Vargas e Miranda, (2009), nos afirmam que a percepção paciente sobre os cuidados de saúde que o mesmo recebe tem despertado grande interesse nos últimos anos entre os pesquisadores, sendo que os pacientes são considerados importantes fontes de informação para o desenvolvimento de novos programas e avaliação dos serviços de saúde já existentes.
	Na enfermagem, a avaliação do paciente sobre o cuidado recebido tem sido associada com a adesão do paciente ao tratamento, bem como com resultados positivos advindos do mesmo. (VARGAS E MIRANDA, 2009 apud DONABEDIAN, 1992). 
	A satisfação do paciente com relação ao cuidado de enfermagem tem sido definida entre os pesquisadores do assunto como o grau de convergência entre as expectativas que o paciente tem do cuidado ideal e a sua percepção do cuidado que ele realmente recebe. (SILVA, 1994)
	Sabemos que os pacientes que sofrem de dependência química e frequentam um Centro de Atenção Psicossocial, CAPS – AD, precisam de uma terapia longa, onde de acordo com Stefanelli (2008), considerando que Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas, constituem-se em serviços recentes e que devido à ampliação das suas atribuições nesses cenários, é provável que o enfermeiro seja um dos profissionais que mantém maior contato com o usuário.
	Aliado ao fato de que, segundo Diehl, (2011) a percepção ou a satisfação do usuário com o atendimento de enfermagem tem sido apontada como fator que influencia na adesão e nos resultados do tratamento esse estudo se propõe a avaliar o índice de satisfação de pacientes de um serviço de referência no tratamento dos transtornos relacionados ao álcool e outras drogas com o atendimento prestado pelo enfermeiro. 
1.1 – PROBLEMATIZAÇÃO 
	 Qual é o índice de satisfação dos pacientes do Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas - Espaço Acolher, com o atendimento e serviços do profissional enfermeiro, membro atuante na equipe multidisciplinar do local? 
1.2 – HIPÓTESES
A inserção do enfermeiro no contexto dos CAPS se dá nos grupos terapêuticos, oficinas e reuniões de equipe o que oferece ao paciente a experiência de interagir junto ao profissional.
Os pacientes se sentem seguros e colaboram com o tratamento quando o enfermeiro cria vínculos com os mesmos de forma que possibilite a confiança. 
O acolhimento, primeiro contato do usuário com o serviço, também é uma atividade que possibilita a inserção do enfermeiro, inclusive garantindo-lhe a possibilidade de propor e coordenar o projeto terapêutico do usuário, configurando-se como um técnico de referência, dentro do CAPS o que gera um retorno da parte do paciente. 
O enfermeiro deve se inserir no CAPS – AD de forma ampliada e diferente da característica do modelo hospitalar onde as relações de trabalho são hierarquizadas verticalmente, e essa característica constitui fator que facilita a inserção do enfermeiro nesse espaço. 
Um fator que dificulta a inserção do enfermeiro no serviço e em consequência a insatisfação do paciente é o fato de o mesmo se perceber como profissional pouco preparado, tecnicamente, para atuar frente às demandas psíquicas do paciente.
O enfermeiro atua também nos processos técnicos como administração de medicamentos, coleta de exames e controle de sinais vitais. 
Outro fator que dificulta a inserção do enfermeiro nos CAPS AD é o fato de o mesmo não se reconhecer como profissionalapto para atuar com a pessoa com transtorno relacionado ao uso de álcool e outras drogas, reduzindo sua atuação profissional ao atendimento das necessidades clínicas e gerando a insatisfação por parte do usuário. 
A maioria dos enfermeiros não se sentem preparados para atuar em enfermagem psiquiátrica ou saúde mental, e, consequentemente, no contexto das substâncias psicoativas, o que acaba comprometendo sua inserção nos novos dispositivos de atenção à saúde mental.
1.3 – OBJETIVOS 
	1.3.1 – Objetivo Geral
	Analisar a satisfação dos pacientes com a atuação do profissional Enfermeiro, através da integração e convivío no espaço CAPS – AD/ Espaço Acolher, atentando para o ponto de vista técnico e psicológico tanto do paciente quanto do profissional como membro atuante na equipe multidisciplinar de tratamento ao dependente químico. 
	1.3.2 – Objetivos Específicos 
Descrever a satisfação dos pacientes com a equipe de enfermagem.
Avaliar as funções do enfermeiro no seu cotidiano de trabalho no espaço CAPS – AD.
Identificar as técnicas de terapia que o profissional enfermeiro utiliza para o tratamento com os pacientes.
Identificar as práticas clínicas que o profissional enfermeiro utiliza para tratamento com os pacientes.
Colaborar com a equipe multiprofissional através do convivío e participação das atividades sociais.
Obeservar os fatores que facilitam a inserção do enfermeiro na equipe multiprofissional.
Observar os fatores que dificultam a inserção do enfermeiro na equipe multiprofissional.
1.4 – JUSTIFICATIVA
	A assistência aos problemas relacionados ao álcool e outras drogas sempre esteve ligada a assistência psiquiátrica, marcada pela violação dos direitos humanos e pela má qualidade prestada ao usuário, na maioria das vezes, centrada no modelo manicomial. (KAPLAN e SADOCK, 2007)
	De acordo com BRASIL (2009), o Ministério da Saúde, sob a influência da Reforma Psiquiátrica no País, em 1992, pela Portaria nº224/1992 passou a financiar e normatizar novos serviços de saúde mental, regulamentando os Núcleos/Centros de Atenção Psicossocial (NAPSs/CAPSs), que deviam priorizar o tratamento ambulatorial de caráter interdisciplinar. 
	Stefanelli, (2008), relata que a luta pela implantação da Reforma Psiquiátrica e pelo processo de desinstitucionalização dos pacientes psiquiátricos está em construção no Brasil e busca como saída, construir espaços de produção de encontro, solidariedade, afetividade, enfim, espaços de atenção psicossocial. Portanto, exige de todos os profissionais a necessidade de rever conceitos, métodos e formas de lidar com o sofrimento psíquico, o que os torna agentes de mudanças para novos hábitos e atitudes dentro desse novo contexto de atuação.
	Para isso, se torna fundamental uma reflexão bastante critica sobre nossas concepções de sujeito. Algo que se pense a prática de enfermagem, não apenas fundamentada nos modelos tradicionais de assistência, mas, principalmente, integrada ao movimento da Reforma Psiquiátrica, em espaços de reinvenção da saúde, como em alguns projetos inovadores, que inclusive já existem em alguns municípios brasileiros, para os quais foram idealizados os Centros de Atenção Psicossocial. (DIEHL, 2011)
	Esses Centros devem ter suporte da nova modalidade, a “extra-hospitalar”, e assim atender as novas demandas desse jeito, construídas com uma nova forma de viver, com autonomia e liberdade. (BRASIL, 2004)
	Muniz e Reichel, (2010), conta que em estudo realizado em um CAPS – AD no estado do Ceará observou-se que o enfermeiro encontrava dificuldades em iniciar seu trabalho nos novos modelos de assistência naqueles espaços, pois a formação desse profissional em grande parte, também era centrada no modelo tradicional da psiquiatria, sendo esse, o inicio do trabalho permeado por conflitos, incertezas, medos e dúvidas. 
	Dias e Silva (2008), diz que essa nova realidade evidencia as limitações na atuação profissional, para supera-las, diversas estratégias podem ser desenvolvidas, como: participação em seminários, jornadas, simpósios e grupos de estudo, entre outros. Deve-se ter em mente que realizar a assistência em enfermagem em serviço aberto não é tarefa fácil, acaba exigindo alternativas e propostas inovadoras e, principalmente, sensibilidade para o gesto do cuidar, ao invés de afastar.
	Juntamente ao pouco preparo recebido durante a graduação, para atuação com o dependente químico, é esperado que exista uma carência de iniciativas do próprio serviço oferecido ao pacientes dependentes químicos. 
BALLARIN, 2011
	A satisfação do paciente dependente químico com o serviço, é um fato crucial para os resultados do tratamento. Com base nisso, Stefanelli, (2008) relata que o enfermeiro precisa oferecer espaço para que o usúario sinta confiança no mesmo, contudo, deve impor limites para com esses. É importante que o paciente veja uma pessoa igual a ele, que pode ouvi-lo, entende-lo, sem julga-lo. 
A atuação do Enfermeiro no CAPS – AD, deve possibilitar a participação ativa em diversas atividades fora e dentro dos serviços, como: reuniões de equipe, superdivisões institucionais, grupo de recepção ao paciente, grupos de estudo, oficinas terapêuticas e produtivas, visitas domiciliares, passeios com os usuários do CAPS, palestras, dentre outros (BRASIL, 2009). E busca-se com essa pesquisa verificar o quão satisfeitos os pacientes estão com essa realidade do setor público, dando ênfase ao profissional de enfermagem. 
2 - REFERENCIAL TEÓRICO 
	Segundo o Relatório Mundial da Saúde – Saúde mental: nova concepção, nova esperança de 2007, 450 milhões de pessoas no mundo sofrem transtornos mentais ou neurobiológicos ou problemas psicossociais decorrentes do uso de álcool ou drogas (Stefanelli, 2008).
	Independetemente de a sociedade considerar o uso de substâncias um problema moral ou legal, quando este cria dificuldades para o usuário ou deixa de ser algo inteiramente volitivo, torna-se preocupação para todos os profissionais de saúde, incluse enfermeiros (KAPLAN e SADOCK, 2007).
	Diehl, (2011) nos diz que o que merece atenção é que o enfermeiro na área de saúde mental está perdendo a sua identidade e visibilidade. De um lado há o preconceito, o medo, a falta de integração, dos conceitos básicos de saúde mental aos de enfermagem em geral. Por outro lado a carga horaria dedicada ao ensino da área em pauta nos cursos de graduação em geral, não é suficiente para permitir ao aluno a familiarização com a área especifica, o que leva a escassez de enfermeiros com formação em assistência nesse campo. 
	Para não ficar apenas com as funções de técnica, o enfermeiro não pode descuidar da arte da enfermagem, como afimou Hildegard Peplau, em sua teoria das Relações Interpessoais, que a define como a combinação do cuidado e conhecimento cientifico, arte e ciência em prol do bem estar dos pacientes (Townsend, 2000). 
	Ainda de acorodo com Stefanelli, (2008), em geral, os enfermeiros que atualmente trabalham na área de enfermagem em saúde mental e psiquiátrica saíram dos cursos de graduação sem a bagagem de conhecimento exigida para tal atividade. Este fato faz com que eles experimentem sensações desagradáveis em decorrentes graus, decorrentes da falta de conhecimento da situação da assistência àqueles que necessitam de ajuda para promover, manter ou recuperar a saúde mental. Muitos abandonam a área porque a maioria das instituições de saúde mental e psiquiátrica não oferece programas de educação continuada em serviço. 
	“O Brasil, tem um sistema de Saúde Mental inovador, centrado nos cuidados na comunidade, mas ainda enfrentando grandes desafios na sua implementação.” (BRASIL, 2013)
	As criticas no modelo de assistência centrado nos hospitais psiquiátricos e experiências localizadas de mudanças da forma de atendimento vão se acumulando, principalmente a partir da década de 1960 (Cerqueira, 1984 apud. Brasil, 2013) mas foi somente a partir do final da década de 1980 que a reforma psiquiátrica brasileira toma vulto e implanta-se como politica de governo.(Medeiros, 1992). 
Caps – Centro de Atenção Psicossocial
	Como marco principal da Reforma Psiquiatrica brasileira, em 2002, é promulgada a Lei 10.216 dispondo sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtorno mentais, redirecionando o modelo assistencial em saúde mental. Essa legislação aponta para a ressocialização de pessoas portadoras de transtornos mentais que por longo período foram excluídas da sociedade sendo confinadas a manicômios. A partir da Lei 10.216, surge a Política Nacional de Saúde Mental com o objetivo de “consolidar um modelo de atenção à saúde mental aberto e de base comunitária, com uma rede de serviços e equipamentos variados” (BRASIL, 2002), onde de acordo com a Lei 10.216 a internação “só será indicada quando os serviços extra-hospitalares se demonstrarem insuficientes” (BRASIL, 2002)
	A Política Nacional de Saúde Mental aponta como esses serviços e equipamentos os Centros de Atenção Psicossocial, Serviços Residenciais Terapêuticos, Centro de Convivência e Cultura, leitos de atenção integral em hospitais gerais e CAPS III e Programa de Volta para Casa que oferece uma bolsa para egressos de longas internações em hospitais Psiquiatricos (BRASIL, 2009).
	Em sua tese “Centros de Atenção Psicossocial: Do modelo institucional à Experiencia Social da Doença”, Dias, (2007), descreve a evolução desses serviços dentro de nossa reforma psiquiátrica brasileira, chamando atenção para três fases no desenvolvimento do CAPS: 
1987 – 1991: período em que os serviços implantados tinham caráter experimental. Essas experiências eram fortemente ligadas a iniciativas políticas sensibilizadas por referenciais da reforma psiquiátrica. 
1991 – 2002: nesse período existiam já formas de repasse financeiro às secretarias que optassem por implantar serviços de tratamento psiquiátrico alternativos aos hospitais como os CAPS, NAPS e hospitais-dias. 
2002 – dias atuais: nesse período, o formato dos CAPS, seus procedimentos, equipe e papel social estavam consolidados, assim como as formas de incentivo financeiros para implantação e manutenção (Dias, 2007). 
A portaria de nº. 336, de 2002, do Gabinete do Ministro da Saúde (BRASIL, 2004), inicia a terceira fase, de formalização dos CAPS como peça chave na montagem da rede de assistência, o definindo como “serviço ambulatorial de atenção diária que funcione segundo a logica do território”. Os CAPS podem ser classificados em três modalidades, de acordo com a sua complexidade: CAPS I, II e III. O CAPS II pode ser, por sua vez, dirigido para o atendimento de adultos, em geral, ou para populações especificas, como infância e adolescência (CAPS i) ou para problemas ligados ao uso de álcool e outras drogas (CAPS -AD). A partir de março de 2012, o CAPS III passou a ser especializado em problemas ligados ao uso de álcool e outras drogas, sendo chamado CAPS AD III (BRASIL, 2013). 
As três modalidades de serviços cumprem a mesma função no atendimento público em saúde mental, devendo estar capacitadas para realizar prioritariamente o atendimento de pacientes com transtornos mentais grandes e persistentes (ROCHA, 2005). Os CAPS são, até hoje, a grande aposta da politica de saúde mental brasileira para a mudança do modelo de atendimento na comunidade. 
CAPS - AD – Centro de Atenção Psicossocial/Álcool e Droga	
O CAPS – AD, é objeto deste projeto, e segundo Diehl (2011), são entendidos como parte fundamental de uma rede assistencial que inclui ainda as mais diversas formas de atendimento aos portadores de dependência química. 
A designação dos CAPS AD realiza-se em congruência com a percepção da necessidade da especificação dos cuidados em saúde mental às particularidades da população de pacientes portadores de transtornos relacionados ao uso de substâncias (ROCHA, 2005)
A Portaria 336/GM valoriza a ênfase em atividades de âmbito multiprofissional associadas à perspectiva de reinserção do paciente acometido por transtorno mental e ainda, no caso dos CAPS AD, a interação com outros serviços da comunidade especializados no tratamento de transtornos relacionados ao álcool e outras drogas. (BRASIL,2009).
	Ballarin (2011) diz que a equipe interdisciplinar do CAPS - AD, é constituída por uma gama de profissionais das mais diversas especialidades e que são capacitados para atuar com o paciente dependente químico, como, por exemplo, psicólogos, médicos, terapeuta ocupacional, técnicos de enfermagem, enfermeiros, entre outros.
	O papel do Enfermeiro no CAPS – AD, é em conjunto com o de toda equipe, uma vez que o paciente dependente químico não pode e não deve ser analisado em partes individualizadas, e sim como um todo, avaliando os aspectos físicos, psicológicos e sociais desse individuo. (PILLON, 2004).
	Como vimos, segundo Brasil (2009), o CAPS - AD é um modelo de serviço em constante evolução, do qual se espera as mais variadas ações, o trabalho do enfermeiro começa desde o acolhimento ao depende químico:
	
	Acolhimento
	No Brasil, o termo acolhimento ganhou força a partir do Programa Humaniza SUS, do Ministério da Saúde, que em uma de suas cartilhas coloca que o acolhimento não é um espaço ou um local, mas uma postura ética, não pressupõe hora ou profissional especifico para faze-lo, implica compartilhamento d saberes, necessidades e possibilidades, angustias e invenções. Desse modo é que o diferenciamos de triagem, pois ele não se constitui como uma etapa do processo, mas como ação que deve ocorrer em todos os momentos do serviço de saúde. (BRASIL, 2009).
	
	Ambiencia 
	Chamamos de ambiência no CAPS II – AD, todo o ambiente terapêutico criado pela convivência entre usuários e profissionais, que extrapola o espaço das atividades organizadas. Não existem regras para estruturar essa ambiência, mas pode-se encontrar formas de estimula-la na instituição. Fonseca, 2012, tece algumas considerações sobre a ambiência no CAPS:
O ambiente da instituição deve propiciar uma experiência emocional reparadora, ou seja, um espaço de experimentação novo para o usuário, diferente daquele que constituiu enquanto “ser”, uma sociedade que o exclui e não o acolhe. 
Se os profi ssionais de saúde têm todo o seu tempo de trabalho ocupado por uma grade de atendimentos (grupos, consultas, visitas etc.) e reuniões, a possibilidade de estarem na ambiência se torna episódica e superfi cial, quando não impossível. Além disso, é uma queixa frequente nos CAPS – AD, que a disponibilidade dos técnicos para permanecer na ambiência é muito desigual. Escalas de acolhimento tentam favorecer que os técnicos do CAPS dividam a semana para que todos tenham um período mínimo no qual não agendam atividades e praticam uma busca ativa pelas demandas da ambiência.
Existem espaços e momentos estratégicos no CAPS: as refeições, por exemplo, são um desses momentos que a instituição deveria aproveitar, pela interação intensa entre usuários e o surgimento de várias questões na convivência diária. O horário da chegada ao CAPS - AD e a tomada de medicação no CAPS - AD são outro exemplos.
O ambiente se define também pelo que se considera que se pode e o que não se pode fazer no CAPS - AD: as “regras da casa” nos dizem como o conjunto usuários e técnicos conseguiram lidar com questões como a necessidade de fumar, tomar café, deitar-se para dormir num sofá ou no chão, entrar e sair das atividades, permitir que os outros possam conversar ou se concentrar em alguma tarefa, a limpeza da casa, entre tantas outras pequenas e grandes questões cotidianas. Tudo é permitido? Nada é permitido? Tudo depende e será discutido a cada instante? A maneira de lidarmos com as contradições da convivência marcará as estratégias terapêuticas do serviço.
 Quando falamos dos usuários do CAPS - AD, devemos lembrar que não estamos numa comunidade terapêutica, onde o grupo que se constitui ao longo de inúmeras conversas e convivências é relativamente estável. No CAPS diariamente temos pessoas novas (frequentemente em crise) entrando e outras saindo. Se a casa não busca constituir uma cultura institucionalcom regras simples e bem conhecidas do grupo, há muita difi culdade de organizar a convivência, partindo-se cada dia do zero. Os exemplos surgem em todas as frentes: pintar a parede pode? E pintar em cima da obra de outro usuário? O limite sempre estará presente, negá-lo não faz a instituição mais libertária, e sim infantilizante.
 As ações na ambiência estão no centro do projeto terapêutico de determinados usuários e devem ser valorizadas e bem indicadas. O técnico na ambiência deve ter condições de realizálas e os usuários do CAPS devem encontrar facilitações para sua convivência. Por outro lado, o cuidado intensivo (e, portanto, a estratégia de passar o dia todo nessa ambiência) deve ser criteriosamente indicado. É preciso sempre estar atento para que o projeto não “se acomode”, num esquema de atenção na ambiência em que o usuário se cronifica. Passar o dia inteiro entre o jardim, a sala de TV ou música, ou cochilando pelos sofás pode estar muito aquém do que o individuo poderia fazer, e devemos incluir nessa constante redefi nição do contrato terapêutico suas atividades fora do CAPS.
Atividades
	O enfermeiro pode se envolver em todas as atividades, que ocorrem dentro ou fora do projeto terapêutico do CAPS – AD, e não apenas nas ações de equipe técnica, mas também dos usuários, familiares, parceiros nas redes de saúde, e outros setores como educação, inclusão e cidadania, cultura e diversidade cultural, justiça e sistema de garatia de direitos, entre outros (DIAS e SILVA, 2008)
	Ambiente terapêutico e território
	Nunes (2008), realizando um estudo etnográfico em um CAPS – AD, em Salvador, BA, identificou três modelos de trabalho de trabalho do Enfermeiro que co existem na mesma instituição:
Modelo Biomédico humanizado: nele estariam presentes uma ênfase na psicopatologia, um cuidado assistencialista e, por vezes, tutelar, uma postura pedagógica, assumindo como principal característica a influencia sob uma mudança de comportamentos, com o objetivo de torna-los compatíveis com a reinserção social. Verificam-se ações bem intencionadas, mas, na maior parte, normalizadoras e pouco criticas. 
Modelo Psicossocial com ênfase na instituição: trata-se de um grupo mais centrado em uma concepção psicossocial do cuidado e em um fazer institucional pouco orientado para as práticas territoriais.
Modelo psicossocial com ênfasse no território: O grupo dos profi ssionais mais influenciados por um modelo territorializado, que valoriza sobremaneira os aspectos sociais do adoecimento, daí não conceberem um cuidado em saúde mental desvinculado do trabalho com as esferas familiar e comunitária, e muito preocupados com a esfera político-jurídica do mesmo (NUNES, 2008).
Como foi visto, o enfermeiro pode estar presente em praticamente todas as atividades dos CAPS – AD, contudo, possivelmente pela falta de pratica na área de saúde mental o mesmo vem a se prender em procedimentos técnicos, como a aplicação de medicações, entre outros (ROCHA,2005).
Ao lidarmos com pacientes que sofrem de dependência química é importante passar segurança ao mesmo, Steffaneli (2008) nos diz que uma vez que o paciente sente confiança no profissional que o acompanha, este se sente mais motivado para seguir adiante no tratamento. 
É importante, além disso deixar claro que o paciente depente químico é membro atuante e protagonista do seu próprio tratamento, onde atua junto com a equipe, a fim de obter melhoras, diferente do modelo hospitalat tradicional, onde o mesmo é apenas medicado e já segue sua rotina normalmente (DIAS e SILVA, 2008)
3 - METODOLOGIA 
	Este trabalho apoia-se nos princípios teóricos do campo psicossocial e da reabilitação psicossocial propostos por Townsend (2000), e na orientação jurídica da Lei nº 10.216/2001 da Constituição Brasileira, que dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental.
3.1 – LOCAL DA PESQUISA
	O local que será submetido a pesquisa será a instituição Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas, CAPS – AD, Espaço Acolher, localizado na Avenida Cora de Carvalho, na cidade de Macapá,no estado do Amapá. 
3.2 – TIPO DE PESQUISA	
	Para a concretização deste projeto foi escolhido realizar uma Pesquisa Participante de abordagem quantitativa onde a pesquisadora passará a conviver com os investigados, participando da vivencia daquela comunidade de forma permanentemente por um período de 15 dias. 
	No espaço CAPS II – AD, além de observados os profissionais e pacientes serão submetidos a um questionário, de perguntas abertas e fechadas, que terá por finalidade a solução dos objetivos já relatados.
	Para a revisão de literatura desse projeto foram feito usos de vários artigos científicos da área de Saúde Mental e Psiquiatrica, livros de autores como Stefanelli (2008), Rampazzo (2002), Diehl (2011), entre outros, e busca em sites eletrônicos como Scielo, Google Academico e Biblioteca Virtual da Saúde. 
4 - CRONOGRAMA
	Atividades/Meses
	1º Mês 
	2º Mês
	3º Mês
	4º Mês
	5º Mês
	6º Mês
	Elaboração do Projeto
	x
	x
	x
	x
	
	
	Pesquisa Bibliografica
	x
	x
	x
	x
	x
	X
	Construção das Técnicas
	
	
	
	x
	x
	
	Coleta dos Dados
	
	
	
	
	
	X
	Descrição: Tabulação 
	
	
	
	
	
	X
	Analise interpretativa/Resultados
	
	
	
	
	
	X
	Conclusão
	
	
	
	
	
	X
	Relatório Final
	
	
	
	
	
	X
5 - REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS
ANDREOLI, Silvio, et al. Estudo Multicêntrico de morbidade psiquiátrica em áreas urbanas brasileiras (Brasília, São Paulo, Porto Alegre). Rev ABP - APAL 1992; 14(3):93-104.
BRASIL Ministério da Saúde. Legislação em saúde mental: 1990-2002. 3ª ed. rev. atual. Brasília; 2002. Portaria SNAS n. 189, de 19 de novembro de 1991. Altera o financiamento das ações e Serviços de Saúde Mental; p. 51-5.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portal da Política Nacional de Saúde Mental. Número de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) por tipo e UF e Indicador CAPS/100.000 habitantes – Brasil, 25 de Junho de 2010. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/ arquivos/pdf/caps_uf_junho.pdf. Acesso em. 23 mar 2014.
BRASIL. Ministério da saúde. Secretaria de atenção à saúde/DAPE. Saúde Mental no SUS: acesso ao tratamento e mudança do modelo de atenção. Relatório de Gestão 2003-2006. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2007
BRASIL. Políticas de Saúde Mental. São Paulo, 2013. 402p.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria SNAS n. 224, de 29 de janeiro de 1992. Disponível em site: http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/Leis_2001/L10216.htm. Acesso: 10 mar 2014
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria SNAS n. 336/GM, de 19 de fevereiro de 2002. Disponível em site: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis_2001/L10216.htm. Acesso: 11 mar 2014
BRASIL. Ministério da Saúde - CAPS – Nova sistemática de cadastramento, funcionamento e registro de dados epidemiológicos – Portarias 336/02 e 189/02. Perguntas & Respostas (perguntas 01 a 12); Brasília, D. F., 2002a.
DIEHL, Alessandra; CORDEIRO , Daniel. Dependência Quimica – Prevenção, Tratamento e Políticas Públicas. Porto Alegre: Artmed, 2011. 
GÓES, Marta. A ameaça da drogas legais. Pesqui FAPESP 2000 abril; 52:14-21.
HART, Zelir. Avaliação em saúde: dos modelos conceituais à prática na análise da implantação de programas. Rio de Janeiro: FIOCRUZ; 1997
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