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A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA SAÚDE MENTAL

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21
Sistema de Ensino Presencial Conectado
serviço social
NOME
A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA SAÚDE MENTAL
CIDADE
ANO
NOME
A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA SAÚDE MENTAL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a UNOPAR-Universidade do Norte do Paraná, como requisito para obtenção do grau de bacharel do curso de graduação em Serviço Social. Realizado pela acadêmica do oitavo módulo, Raquel Cavalcanti Rodrigues..
Orientador(a): Orientador(a): Valquiria Aparecida Dias Caprioli
CIDADE
ANO
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente à Deus, ao Secretário de Saúde do Município de Afrânio por ter dada oportunidade de estagiar. E à minha supervisora de campo no Centro de Atenção Psicossocial I da cidade de Afrânio – PE, Jane Cléia Rodrigues da Silva. 
RODRIGUES, Raquel Cavalcanti. Atuação do Assistente Social na Saúde Mental. 2017. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Graduação em Serviço Social). Sistema de Ensino Presencial Conectado, Universidade do Norte do Paraná, Juazeiro. 2017
RESUMO
O presente trabalho tem como principal objetivo discutir sobre a atuação do serviço social em saúde mental. Trazendo consigo aspectos da história da atuação prática da categoria nos antigos serviços de psiquiatria, e como o assistente social deve estar inserido no novo modelo assistencial em saúde mental. Discute-se também a estigmatização da pessoa portadora de transtorno mental, como uma dificuldade de inserção deste usuário na sociedade. Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica da literatura, onde foram realizados buscas de artigos, monografias e manuais em bases de dados virtuais. Verificamos que os assistentes sociais ainda não possuem na sua graduação disciplinas específicas voltadas a saúde mental, refletindo assim no número de obras publicadas por profissionais da categoria na área.
Palavras-chave: assistente social,atuação, saúde mental, serviço social.
SUMÁRIO
 INTRODUÇÃO...........................................................................................................6 
1 HISTÓRICO DO SERVIÇO SOCIAL EM SAÚDE MENTAL E REFORMA PSIQUIÁTRICA .........................................................................................................12
2 A ESTIGMATIZAÇÃO SOCIAL NA VIDA DA PESSOA PORTADORA DE TRANSTORNO MENTAL .........................................................................................19
3 NOVO MODELO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL E ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NOS SERVIÇOS DE SAÚDE MENTAL .....................................................24
3 CONCLUSÃO.........................................................................................................45
4 REFERÊNCIAS......................................................................................................46
ANEXOS ...................................................................................................................49
 
 INTRODUÇÃO 
O Assistente Social é parte fundamental no contexto da saúde, por ser o profissional que luta pela garantia dos direitos humanos dos indivíduo, fortalecendo o exercício da cidadania e os princípios norteadores do SUS: a equidade, integralidade e universalidade. A profissão de Serviço Social é regulamentada pela lei 8.662/93, trazendo as principais características da profissão, dentre elas:
Art.5º-São deveres do assistente social nas suas relações com os usuários: contribuir para a viabilização da participação efetiva da população usuária nas decisões institucionais; fornecer a população usuária,quando solicitado,informações concernentes ao trabalho desenvolvido pelo serviço social e as sua conclusões, resguardado ao sigilo profissional; esclarecer aos usuários,ao iniciar o trabalho,sobre os objetivos e a amplitude de sua atuação profissional (BRASIL, 2012).
A política de saúde mental brasileira nos traz uma reflexão com relação a mudança no contexto da atenção em saúde mental. Visto que, este modelo atual psicossocial existe por conta de mudanças profundas geradas a partir de lutas de movimentos sociais históricos e políticos. A atenção à saúde de pessoas portadoras de transtornos mentais era voltada para punição, maus tratos, isolamento e segregação. Atualmente, o cuidado aos usuários de serviços substitutivos em saúde mental tornou-se primordial no novo modelo de atenção a saúde, com objetivo de reinserção social, estimulação da cidadania, e da garantia de direitos civis aos indivíduos acometidos por transtornos mentais. Uma atenção humanizada, de caráter democrático e com vistas ao contexto psicossocial (LIMA, et. al., 2015, P.676). O movimento de reforma psiquiátrica iniciou-se por meio da década de 70, em conjunto com o movimento sanitarista, com a insatisfação dos trabalhadores de saúde mental do ponto de vista do funcionamento dos serviços de psiquiatria, que geravam isolamento dos usuários, maus tratos, total responsabilidade do cuidado direcionado aos profissionais, rompimento do contato com a família, gerando assim a estigmatização destes usuários perante a sociedade.
No que se refere à inserção do Serviço Social na saúde mental, devemos observar a partir da história que a suas ações pioneiras começaram por volta de 1946 nos Centros de Orientação Infantil e Centros de Orientação Juvenil (COI/COJ). Contudo, nos próximos 30 anos, este ainda seria um campo escasso devido ao número reduzido desses profissionais até a década de 1960 e à presença de poucos hospícios no país. Tal atuação, além de pontual, destinava-se ao atendimento à população muito pobre, em sua maioria “indigentes” ou “crônicos abandonados pela família” (BISNETO, 2007, p. 21 apud BARBOZA, 2013, p.18).
Segundo Bisneto (2007), apenas na década de 1970 aumenta o número de assistentes sociais em serviços de saúde mental, primeiro pelo aumento significativo de clínicas e hospitais particulares resultante do processo de privatização da ditadura militar, segundo pela exigência governamental de assistentes sociais nas equipes multiprofissionais em convênio com a Previdência Social após esse período (BARBOZA,2013, p.18).
Uma conquista do movimento de reforma psiquiátrica foi a implantação da Lei 10.216/2001, que trata dos direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais. Conhecida como Lei Paulo Delgado, vem a instituir novas formas de tratamento as portadores de transtornos mentais, conferindo a eles direitos como, acesso a um tratamento humanizado, combatendo a estigmatização e preconceito, e oferecendo a reinserção destes usuários no convívio social (PATRIOTA et. al,. 2010 p.63). Em 2002, com a aprovação da portaria do Ministério da Saúde n° 336/02 são estabelecidos os Centros de Atenção Psicossociais – CAPS. Estes serviços funcionam em diversas modalidades, como um serviço ambulatorial que cumpre a lógica territorial, priorizando o atendimento de usuários com transtornos mentais severos e persistentes (ROSA e MELO, 2009, p.80).
O lugar da política de saúde mental no Brasil tem como representação a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), é composta de vários serviços em saúde como: ambulatórios, unidades básicas de saúde (UBS), hospitais gerais, Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), Serviços de Residenciais Terapêuticos (SRT), Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), dentre outros. A RAPS trabalha como a assistência aos usuários com transtornos mentais e com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas. Ela trabalha tanto no âmbito assistencial, quanto no de prevenção e promoção da saúde. De todos os serviços que formam a RAPS, o CAPS tem o papel fundamental na sistematização do cuidado ao usuário (LIMA, et. al., 2015, P.676). Por esta razão ele é o foco maior deste trabalho. A Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) é regulamentada pela portaria ministerial n° 3.088, de 23 de dezembro de 2011. Tem objetivo de instituir a rede para pessoas com sofrimento ou transtorno mental, e para pessoas com necessidades de correntes do uso de crack, álcool e outras drogas, existindo no âmbitodo SUS (BRASIL, 2011). Segundo os autores, a atuação do assistente social na saúde mental dar-se pela defesa dos direitos dos usuários em acesso a saúde, tratamento humanizado, direitos sociais e de cidadania. Porém, muitas universidades ainda falham no processo de formação de seus estudantes, que acabam concluindo o curso sem a noção de como desenvolver este tipo de trabalho em uma área fundamental e de acesso amplo ao trabalho do assistente social. (PATRIOTA et. al,. 2010 p.63). Patriota el. al. (2010) realizaram um estudo sobre o perfil da matriz curricular de um curso de graduação em serviço social, identificando uma fragilidade forte no âmbito do ensino. Verificaram a partir de análise documental, que ao longo dos quatro anos não é trabalhada uma disciplina específica sobre a atuação do assistente social em saúde mental. Entretanto, no quarto ano do curso, período de estágio supervisionado, os estudantes passam por estágios em Centros de Atenção Psicossociais – CAPS (PATRIOTA et. al,. 2010, p.60). Conforme os autores citados, esta fragilidade reflete diretamente na prática profissional, visto que muitas respostas a pesquisa demonstraram falta de conhecimento sobre a Rede de Atenção Psicossocial – RAPS e sobre o funcionamento dos CAPS e serviços desta rede. Para eles, as respostas dos estudantes são vagas e muito superficiais. (PATRIOTA et. al,. 2010, p.60).
A saúde mental compreende um campo polissêmico e plural. Diz respeito ao estado mental dos sujeitos, mas não apenas deste, envolve também a coletividade, o modo de vida e organização dos sujeitos. Muito embora seja entendida genericamente como o oposto da doença mental, a saúde mental envolve o homem na sua totalidade. Há de se considerar em sua compreensão as diferenças culturais, as subjetividades (PATRIOTA et. al,. 2010 p. 61).
Portanto o presente trabalho tem o objetivo de compreender o papel do assistente social nos serviços de saúde mental, com foco maior para os Centros de Atenção Psicossociais – CAPS, através de uma revisão bibliográfica da literatura, verificando o contexto histórico da atuação do assistente social em serviços de psiquiatria. Assim como identificar o estigma social existente com portadores de transtornos mentais, e como o assistente social deve desenvolver suas atividades para uma prática baseada nos princípios da reforma psiquiátrica voltada à inserção social dos usuários de saúde mental. Logo, são também objetivos deste trabalho: caracterizar as funções do assistente social nos serviços de saúde mental; identificar as definições de estigma social e estratégias de combate ao estigma; determinar a importância do assistente social dentro da equipe multiprofissional dos Centros de Atenção Psicossociais. Diante da busca de bibliografias que embasem teoricamente o trabalho aqui realizado, observamos que o número de artigos científicos presentes nas bases de dados utilizadas são ainda insuficientes para uma discussão mais completa acerca da temática escolhida. Ratificamos esta ideia através da discussão trazida pelos autores citados acima, onde confirmam que em muitas universidades a matriz curricular do curso de serviço social não possui uma formação específica para saúde mental, refletindo assim no número de publicações existentes nas bases de dados pesquisadas. 
Desse modo verificamos a necessidade de estudar este tema, visto que o serviço social possui um grande campo de atuação na área de saúde mental. A partir do processo de reforma psiquiátrica e, implantação da portaria número 336/2002, que institui os Centros de Atenção Psicossociais como serviços prioritários na atenção aos portadores de transtornos mentais, a atuação do assistente social torna-se extremamente necessária. Este estudo é uma revisão bibliográfica da literatura cuja intenção é fazer, de forma estruturada, a junção e análise dos resultados de pesquisas científicas publicadas acerca de determinada temática. O método utilizado é importante para o serviço social, pois possibilita aos profissionais tomar conhecimento de maior volume de informações disponíveis da produção científica em curto espaço de tempo. Esse tipo de revisão compreende seis etapas: 1ª) identificar à temática e a questão que conduzirá a pesquisa; 2ª) estabelecer os critérios de inclusão e exclusão, bem como selecionar a literatura; 3ª) delimitar as informações advindas da literatura selecionada; 4ª) analisar a literatura escolhida; 5ª) analisar os resultados; 6ª) sintetizar o conhecimento. Para nortear esta revisão, formulou-se a seguinte questão: Quais as evidências científicas disponíveis na literatura nacional sobre a atuação do assistente social nos serviços de saúde mental? A partir dessa questão, fez-se o levantamento dos artigos veiculados por periódicos científicos encontrados nas bases de dados da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), Periódicos CAPES/ MEC, Google Acadêmico, e Biblioteca Virtual em Saúde do Serviço Social. Para o levantamento dos artigos, foram utilizadas listagem por assunto, título e palavras, a partir dos termos dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “Assistente Social”, “Saúde Mental”, “Serviço Social” e “Atuação”. Todos combinados com o conector boleano AND.
Os critérios de inclusão utilizados para elaboração deste estudo foram os seguintes: artigos, manuais do ministério da saúde, ou monografias de curso de graduação, veiculados nas bases de dados selecionadas e descritores publicados entre 2004 e 2015; redigidos nos idiomas português disponíveis gratuitamente e de forma relativa ao tema em estudo. Dessa forma, após leitura, análise, e avalição das obras restaram 10 artigos e 1 manual do ministério da saúde que se encaixavam nos critérios de inclusão da pesquisa, relacionada a temática central do trabalho “a atuação do serviço social na prática em saúde mental”. Presentes no Quadro 1 no item Anexo.
Todavia durante o processo de revisão bibliográfica surgiu a necessidade de discutir outra problemática vivenciada na minha prática de estágio curricular e muito pertinente ao trabalho, “a estigmatização do usuário do serviço de saúde mental na sociedade”. Dessa forma, realizamos uma nova busca de artigos que discutissem sobre o estigma social, os critérios de inclusão desta segunda pesquisa foram artigos elaborados por profissionais áreas da saúde mental que trouxessem como temática central a abordagem ao estigma social. Predominantemente os artigos foram encontrados na Biblioteca Virtual em Saúde e de sua maioria autores da área de enfermagem. Isto demonstra mais uma vez a fragilidade do serviço social em escritas científicas nesta área. Os artigos sobre estigma, estão dispostos no Quadro 2.
As publicações excluídas neste estudo foram as seguintes: capítulos de livros, dissertações de mestrado, teses, reportagens, estudos de caso, notícias, editoriais, bem como artigos que não tratassem o tema em questão.
Para catalogar os artigos e posterior avaliação foi elaborado um quadro com a síntese dos artigos encontrados, distribuídos segundo identificação (A1, A2, A3 e assim sucessivamente), nome, tipo de obra e ano de publicação, com o objetivo de facilitar a identificação dos estudos. As tabelas seguem no item Anexos. Deu-se inicio a leitura exaustiva dos estudos selecionados, a fim de identificar os fatores que contribuem para revisão bibliográfica do tema. A fim de resgatar de forma sistemática os achados, selecionaram-se os trechos que configuram as evidências científicas, dividindo-os pelas semelhanças temáticas em categorias.
Por fim, foi elaborado um texto que contemplou as descrições das etapas percorridas para a elaboração da presente revisão e as principais contribuições extraídas dela que podem ser aplicadas na prática clínica, a fim de orientar os profissionais acerca da problemática envolvida no cenário dos usuários de serviços substitutivos de saúde mental.
1 HISTÓRICO DO SERVIÇO SOCIAL EM SAÚDE MENTAL E REFORMA PSIQUIÁTRICA
A saúde pública brasileira cresce com a implantação do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1988, vivenciadoprofundas mudanças na maneira de se compreender e agir sobre o processo saúde-doença, confirmando a importância dos aspectos socioculturais, políticos e econômicos na determinação do processo saúde-doença, rompendo com a compreensão da saúde como mera ausência de doença, entendendo-a como integrante de uma totalidade na qual interferem várias dimensões (PATRIOTA, et al.p.56,2010).
Por muitos anos, a formação dos profissionais de saúde reproduziu uma visão centrada nas técnicas biomédicas, e a ênfase nos procedimentos superou amplamente o pensar a saúde. Para Ceccin; Feuerwerker (2004) a concepção medicalizadora da saúde ocupou, e ainda ocupa, um espaço hierarquicamente superior na cultura acadêmica. Tais autores apontam para a necessidade de se deslocar o eixo da medicalização, ainda presente na formação acadêmica dos profissionais de saúde, para o da atenção interdisciplinar, intensificando o respeito aos princípios do SUS de forma a se alterarem perfis profissionais. (CECCIM, R. B.; FEUERWERKER,2004 apud PATRIOTA, et al.p.56,2010).
De acordo com Barboza (2013) com a privatização dos serviços de saúde, a chamada mercantilização da saúde, incentivados pelo governo militar, com início na década de 60, são criados muitos hospitais e clínicas psiquiátricas para o tratamento dos doentes mentais. Desse modo há um impacto no âmbito da saúde mental, todavia surgem novos modos de atuação profissional do assistente social neste campo. Entretanto é difícil de demonstrar a articulação teoria e prática, pois de acordo com Bisneto (2007) a entrada maciça na profissão deu-se após a década de 70, não havendo debate teórico sobre este tema (BISNETO, 2007, p.30 apud BARBOZA, 2013, p.19).
 Barboza (2013) afirma que, a inserção do Serviço Social na saúde mental ocorreu sem uma construção organizada de sua prática para a atuação na área. Existia a atuação do Serviço Social clássico, questionado no momento, ou dos saberes apropriados da Psicologia e da Psiquiatria (BARBOZA, 2013, p.19).
De acordo com Barboza (2013), no fim da década de 70 surgem dois movimentos importantes, o movimento de reforma sanitária e o movimento da reforma psiquiátrica, gerando um novo espaço para atuação de outras profissões e uma nova maneira de pensar o tratamento a pessoa com transtorno mental. (BARBOZA, 2013, p.20). 
Conforme Amarante (1996) apud Rosa e Melo (2009), o processo de inserção do assistente social na saúde mental por volta dos anos 90, representa um fator determinante na desinstitucionalização do indivíduo portador de transtorno mental e gera um enfrentamento no modelo de psiquiatria clássica onde o saber médico era um dos únicos favorecidos (ROSA E MELO, 2009, p.75).
Supracitado processo deu origem à reforma psiquiátrica brasileira conceituada como “conjunto de transformações de práticas, saberes, valores culturais e sociais em torno do “louco” e da “loucura”, mas especialmente em torno das políticas públicas para lidar com a questão” (BRASIL, 2007, p. 58), que tem origem na década de 70, do século XX, no cerne do processo de redemocratização da sociedade brasileira. Primeiramente persiste subsumido ao Movimento Sanitário, mas, ganha uma identidade própria, haja visto que o primeiro tem como bandeira de luta a universalidade do direito à saúde, tendo por foco os direitos sociais. Por sua vez, o Movimento da Reforma Psiquiátrica orienta-se pelos direitos civis das pessoas com transtornos mentais, isto é, e insere na luta das minorias sociais pelas liberdades básicas, tais como: circular pela cidade e convívio social (ROSA E MELO, 2009, P.75).
O modelo asilar/ hospitalocêntrico em psiquiatria emerge como uma resposta a uma das questões sociais postas pela pessoa com transtorno mental, com a emergência da sociedade moderna, fundamentada no trabalho, no ser da razão e da produção. Tais pessoas figuram no novo contexto como improdutivas (BASTIDE, 1967) e, portanto, são alijadas do convívio social, a partir da apropriação médica da loucura, definida desde então, como “doença mental”, presumindo-se a periculosidade e incapacidade de tais sujeitos, fato que justificará no imaginário social a idéia de que “lugar de doido é no hospício”. Supracitado modelo, sobretudo após a II Guerra Mundial, passa a ser equiparado a um campo de concentração, por ter se constituído em um espaço de violação de direitos humanos, pela ação centrada na massificação da atenção e na mera segregação social. Neste contexto emergem várias propostas reformistas em saúde mental, com diferentes tradições teóricas, em conjunturas históricas singulares e em vários países do mundo Ocidental, destacando-se a Inglaterra, a França, os Estados Unidos e a Itália. (ROSA E MELO, 2009, P.76).
	
Este modelo de atenção hospitalar que isolava o paciente e o colocava em lugares de condições precárias, onde não eram tratados nas suas demandas biopsicossocias, faz emergir com mais intensidade na década de 90 a mobilização de movimentos de grupos de luta pelos direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais como cidadãs. (ROSA E MELO, 2009, P.77).
Em reforço à tendência de reconhecimento da condição de sujeito de direitos da pessoa com transtorno mental, em 17 de dezembro de 1991 a Organização das Nações Unidas divulga o documento que trata da “proteção de pessoas com problemas mentais e a melhoria da assistência à saúde mental” (ROSA E MELO, 2009, P.77).
 Rosa e Melo (2009) retratam que o movimento de reforma psiquiátrica brasileira foi influenciado pela experiência italiana de Franco Basaglia, onde a doença mental é colocada de lado e o objetivo é o sujeito enfermo e o seu contexto de vida. Começam a construir um objeto de estudo sobre a existência e sofrimento destes indivíduos portadores de transtornos mentais, fazendo uma ligação com a reprodução social e o processo de invenção e produção na saúde. Neste contexto, o desejado é a intensidade e ampliação de trocas sociais das pessoas com transtornos mentais, e não a procura pela cura e obstinação terapêutica, e sim a reinserção destas pessoas no mundo social (ROSA E MELO, 2009, p.78).
Tal perspectiva se sintoniza com o conceito ampliado de saúde advogado pelo Sistema Único de Saúde, reforçado pela Constituição Federal de 1988, em que os determinantes sociais do processo saúde-doença ganham destaque. A saúde é vinculada às condições de reprodução da vida. Passa a abranger: o meio físico; o meio socioeconômico e cultural e a oportunidade de acesso aos serviços que visem à promoção, proteção e recuperação da saúde. Emerge assim um novo paradigma, baseado na promoção da saúde, onde a qualidade de vida e a atenção integral são ressaltadas. (ROSA E MELO, 2009, p.78).
No ano de 1989, o deputado mineiro Paulo Delgado apresentou um projeto de lei n° 3.657/89 de sua autoria, trazendo a proposta de extinção dos manicômios e substituição de serviços extra-hospitalares. O projeto impulsionou debates sobre a cidadania das pessoas portadoras de transtornos mentais no início da década de 90, levando 12 anos para criação da lei específica. A coordenação de saúde mental do ministério da saúde na época passa a adotar uma política de reformulação da assistência psiquiátrica com a orientação de criação de novos serviços, pois naquele momento o governo federal financiava apenas serviços com modelos hospitalares (ROSA E MELO, 2009, P.79).
A lei 10.216/01 dispõe sobre a proteção das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo de assistência em saúde mental, trazem definições relevantes tais como:
Art. 1°- Os direitos e a proteção das pessoas acometidas de transtorno mental, de que trata esta Lei, são assegurados sem qualquer forma de discriminação quanto à raça, cor, sexo, orientação sexual, religião, opção política, nacionalidade, idade, família, recursos econômicos e ao grau de gravidade ou tempo de evolução de seu transtorno, ou qualquer outra (BRASIL, 2001).
Art. 2o Nos atendimentos em saúde mental, de qualquer natureza, a pessoa e seus familiares ou responsáveis serão formalmente cientificados dos direitosenumerados no parágrafo único deste artigo.
Parágrafo único. São direitos da pessoa portadora de transtorno mental:
I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas necessidades;
II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde, visando alcançar sua recuperação pela inserção na família, no trabalho e na comunidade;
III - ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração;
IV - ter garantia de sigilo nas informações prestadas;
V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou não de sua hospitalização involuntária;
VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis;
VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu tratamento;
VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis;
IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental. (BRASIL, 2001).
Art. 3o É responsabilidade do Estado o desenvolvimento da política de saúde mental, a assistência e a promoção de ações de saúde aos portadores de transtornos mentais, com a devida participação da sociedade e da família, a qual será prestada em estabelecimento de saúde mental, assim entendidas as instituições ou unidades que ofereçam assistência em saúde aos portadores de transtornos mentais. (BRASIL, 2001).
Art. 4o A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos extra-hospitalares se mostrarem insuficientes.
§ 1o O tratamento visará, como finalidade permanente, a reinserção social do paciente em seu meio.
§ 2o O tratamento em regime de internação será estruturado de forma a oferecer assistência integral à pessoa portadora de transtornos mentais, incluindo serviços médicos, de assistência social, psicológicos, ocupacionais, de lazer, e outros.
§ 3o É vedada a internação de pacientes portadores de transtornos mentais em instituições com características asilares, ou seja, aquelas desprovidas dos recursos mencionados no § 2o e que não assegurem aos pacientes os direitos enumerados no parágrafo único do art. 2o. (BRASIL, 2001).
Art. 5o O paciente há longo tempo hospitalizado ou para o qual se caracterize situação de grave dependência institucional, decorrente de seu quadro clínico ou de ausência de suporte social, será objeto de política específica de alta planejada e reabilitação psicossocial assistida, sob responsabilidade da autoridade sanitária competente e supervisão de instância a ser definida pelo Poder Executivo, assegurada a continuidade do tratamento, quando necessário. (BRASIL, 2001).
Art. 6o A internação psiquiátrica somente será realizada mediante laudo médico circunstanciado que caracterize os seus motivos.
Parágrafo único. São considerados os seguintes tipos de internação psiquiátrica:
I - internação voluntária: aquela que se dá com o consentimento do usuário;
II - internação involuntária: aquela que se dá sem o consentimento do usuário e a pedido de terceiro; e
III - internação compulsória: aquela determinada pela Justiça. (BRASIL, 2001).
Art. 7o A pessoa que solicita voluntariamente sua internação, ou que a consente, deve assinar, no momento da admissão, uma declaração de que optou por esse regime de tratamento. (BRASIL, 2001).
Parágrafo único. O término da internação voluntária dar-se-á por solicitação escrita do paciente ou por determinação do médico assistente. (BRASIL, 2001).
Art. 8o A internação voluntária ou involuntária somente será autorizada por médico devidamente registrado no Conselho Regional de Medicina - CRM do Estado onde se localize o estabelecimento. (BRASIL, 2001).
§ 1o A internação psiquiátrica involuntária deverá, no prazo de setenta e duas horas, ser comunicada ao Ministério Público Estadual pelo responsável técnico do estabelecimento no qual tenha ocorrido, devendo esse mesmo procedimento ser adotado quando da respectiva alta.
§ 2o O término da internação involuntária dar-se-á por solicitação escrita do familiar, ou responsável legal, ou quando estabelecido pelo especialista responsável pelo tratamento.
Art. 9o A internação compulsória é determinada, de acordo com a legislação vigente, pelo juiz competente, que levará em conta as condições de segurança do estabelecimento, quanto à salvaguarda do paciente, dos demais internados e funcionários. (BRASIL, 2001).
Art. 10. Evasão, transferência, acidente, intercorrência clínica grave e falecimento serão comunicados pela direção do estabelecimento de saúde mental aos familiares, ou ao representante legal do paciente, bem como à autoridade sanitária responsável, no prazo máximo de vinte e quatro horas da data da ocorrência. (BRASIL, 2001).
Art. 11. Pesquisas científicas para fins diagnósticos ou terapêuticos não poderão ser realizadas sem o consentimento expresso do paciente, ou de seu representante legal, e sem a devida comunicação aos conselhos profissionais competentes e ao Conselho Nacional de Saúde. (BRASIL, 2001).
 No texto da lei, são garantidos diversos direitos dos portadores assim como deveres do estado para com estes indivíduos. Direitos como: a responsabilidade do estado em garantir o desenvolvimento de políticas em saúde mental, a assistência e a promoção da saúde a pessoa portadora do transtorno mental, com a devida participação da sociedade e da família, que deve ser prestada em estabelecimentos de saúde mental, e em unidades de saúde que ofereçam assistência em saúde mental. Como também esclarece que a internação psiquiátrica deve acontecer, em qualquer de suas modalidades, apenas quando os recursos extra-hospitalares forem insuficientes (BRASIL, 2011).
A aprovação de leis estaduais alinhadas com esses princípios ao longo da década de 1990 reflete o progresso desse processo político de mobilização social não só no campo da Saúde como também no conjunto da sociedade. Normativas federais passam a estimular e regular a nascente rede de serviços de base territorial. Em 2001, após mais de dez anos de tramitação no Congresso Nacional, é sancionada a Lei nº 10.216 que afirma os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental. Os princípios do movimento iniciado na década de 1980 tornam-se uma política de estado. Na década de 2000, com financiamento e regulação tripartite, amplia-se fortemente a rede de atenção psicossocial (Raps), que passa a integrar, a partir do Decreto Presidencial nº 7508/2011, o conjunto das redes indispensáveis na constituição das regiões de saúde. Entre os equipamentos substitutivos ao modelo manicomial podemos citar os Centros de Atenção Psicossocial (Caps), os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), os Centros de Convivência (Cecos), as Enfermarias de Saúde Mental em hospitais gerais, as oficinas de geração de renda, entre outros. As Unidades Básicas de Saúde cumprem também uma importante função na composição dessa rede comunitária de assistência em saúde mental [...] (BRASIL, 2013,p.21).
A reforma psiquiátrica vem produzindo novos tipos de reflexões a cerca do tratamento e de como lidar com a pessoa portadora de transtorno mental. Estes novos fenômenos trazem um desenrolar do serviço social na saúde mental, conforme Patriota, et al. (2010).
Nos serviços substitutivos, cujas ações visam estimular a integração social e familiar dos usuários pelo acesso ao trabalho, lazer e exercício dos direitos civis, o assistente social encontra importante espaço sócio-ocupacional (PATRIOTA, et al.p.59,2010).
Sabemos que diariamente o trabalho profissional esbarra nos limites das políticas públicas e na falta de estratégias de articulação do trabalho em rede, além de outros empecilhos como falta de estrutura física e de acesso dos serviços. Os mesmos, entretanto, não se tornam justificativas para a não realização do exercício profissional. O profissional de Serviço Social é capaz de articular e buscar estratégias para a superação destas questões. A criatividade torna-se um dispositivo favorável para a superação das barreiras. Novamenteressalta-se que o processo de ação profissional deve ser reinventado a cada demanda (BREDOW & DRAVANS, pág.238, 2010).
2 A ESTIGMATIZAÇÃO SOCIAL NA VIDA DA PESSOA PORTADORA DE TRANSTORNO MENTAL
Os portadores de transtorno mental, por não permearem os preceitos humanos da razão, foram tratados, por muito tempo, como loucos, perigosos, libertinos e, portanto, alijados da sociedade e do próprio convívio com a família, tornando-se muitas vezes mendigos ou moradores dos hospícios (BRASIL, 2011; MARTINS et.al., 2013).
Essa visão sobre os portadores de transtornos mentais contribuiu para o desenvolvimento do estigma, colocando-o na condição de diferente dos demais. Desse modo, interferindo nas relações destes com a sociedade, nos ambientes sociais. Esse fenômeno ainda é percebido nos dias de hoje. O estigma pode ser entendido como “[...] a situação do indivíduo que está inabilitado para a aceitação social plena” (MARTINS et.al., 2013, p.328). Logo, será utilizado como referência a um atributo depreciativo (GOFFMAN, E. 1998 apud MARTINS et.al., 2013)
De acordo com Corrigan e Watson (2002), existem dois tipos de estigma: o estigma público e o autoestigma. O estigma público é a percepção de um grupo ou da sociedade de que um indivíduo é socialmente inaceitável, devido a características físicas ou pessoais muitas vezes associadas a reações negativas e, consequentemente, à desvalorização do indivíduo. Já o estigma internalizado ocorre à medida que o indivíduo em condição estigmatizante torna-se consciente dos estereótipos negativos sobre seu transtorno, concorda com eles e os aplica a si próprio (CORRIGAN; WATSON, 2002 apud. SOARES et. al, 2011, pág.636).
Nesse sentido, a participação de pessoas estranhas àquelas que, hegemonicamente, habitam aquele espaço social, permite aos que se identificam como normais que categorizem os estranhos, conforme seus atributos e características, e, assim, estabelecem sua “identidade social” (MARTINS et.al., 2013).
Segundo Spadini (2006), o estigma pode ser expresso como uma condição genérica de preconceito arraigado e naturalizado na nossa cultura, sintetizado na frase de um profissional: “a sociedade não está pronta para receber o usuário” (SPADINI, et. al, 2006, p.125). Esse preconceito mantém-se relacionado, principalmente, aos conceitos de periculosidade e de infantilidade atribuídos à loucura e a uma redução do sujeito à doença. O estigma também atinge por extensão a família do doente, levando-a a um isolamento progressivo da vida social, tendo como consequência a sobrecarga do cuidado, mais frequentemente de um único membro e elo de apoio.
As mídias, em suas variadas manifestações, operam como lugar de reforço dos estigmas. No entanto, parece-nos que uma outra possibilidade se vislumbra: a de nelas encontrar a transposição (ruptura) de estigmas sociais. Os discursos midiáticos, em geral, e os discursos jornalísticos, em particular, encontram-se repletos de expressões cheias de preconceitos e que carecem de explicação (SOARES, 2009).
A mídia parece estar pouco disposta a analisar seu papel na perpetuação do estigma que pesa sobre a esquizofrenia, dentre outras formas de adoecimento mental.[...] Depois de afirmar saber que as notícias sobre atos violentos perpetrados por pacientes psiquiátricos despertam o medo no público, Hewlett prosseguiu: "É muito mais fácil reforçar as opiniões dos seus telespectadores do que ir contra elas. Editores de jornal tentam se conectar a seus leitores mostrando que os compreendem. É fácil para eles dizer: entendemos o seu medo, sabemos que está cheio de doidos por aí prontos para atacar. Estamos aqui para mudar essas coisas e proteger você (GUARNIEIRO; ERRIMAN, 2012, p. 83).
A mídia teve papel decisivo tanto na divulgação de informações sobre o câncer como da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) e, dessa forma, contribuiu e ainda contribui para a prevenção e detecção precoce dessas doenças. Pode ter a mesma participação no combate ao estigma que pesa sobre o paciente psiquiátrico e, em especial, sobre o portador de esquizofrenia (GUARNIEIRO; ERRIMAN, 2012).
De acordo com Moreira e Melo (2008) o estigma é um componente muito nocivo na vida das pessoas que possuem transtornos mentais, pois as doenças mentais traz consigo uma conotação pejorativa que foi deixada na nossa herança cultural enquanto sociedade, e esse fator trazem consigo a exclusão da pessoa que possui o transtorno no âmbito de suas relações sociais, e ainda uma percepção depreciativa de si.
O doente mental, então, continua a sofrer pelo estigma, ainda nos dias atuais, após 35 anos desde o início da Reforma Psiquiátrica no Brasil, que tantos benefícios trouxe aos que sofrem de doença mental, agora não mais pelo medo de ser visto pela sociedade como louco (embora em muitos casos isto ainda aconteça), mas pelo fato de as pessoas acharem que ele está inventando a doença ou que ele é capaz de decidir parar de sentir os sintomas. (MOREIRA; MELO, 2008).
Desde 2002, com a publicação da portaria ministerial nº 336, que instituiu os Centros de Atenção Psicossocial como dispositivos prioritários da rede de atenção psicossocial brasileira, permitiu que a pessoa com transtorno mental retorna para o convívio da família e da comunidade, as quais nem sempre estão preparadas para recebê-la, devido a falta de informação sobre a doença. No entanto, podem ocorrer, atitudes repletas de estigma e preconceito e até de agressividade por parte da comunidade, em caso de crises do doente (VICENTE et. al, 2013).
A estigmatização da loucura faz com que o doente perca a sua cidadania, sofra preconceitos e seja segregado da sociedade. Hoje é sabido que a doença mental, explicada por causas biológicas, psicológicas e sociais, necessita de assistência adequada, com a finalidade de ressocialização do doente e de apoio adequado para este e para a família. A ressocialização ainda é difícil, pois a doença mental em alguns casos, ainda é vista como transgressões de normas sociais, considerada uma desordem, não é tolerada e, portanto, segregada (SPADINI et. al, 2006).
Assim, é importante ressaltar a necessidade de esclarecimento da população sobre a doença para que os preconceitos e estigmas diminuam. A falta de preceitos éticos e a falta da conscientização da cidadania faz com que haja concordância dos portadores de transtorno mental sobre o estigma da loucura. Muitas vezes será o próprio doente que referirá a única solução para o “problema do doente mental é a internação em hospital psiquiátrico”, demonstrando a aceitação da exclusão como forma de tratamento(SPADINI et. al, 2006, p.126).
Para construir a inclusão social da pessoa com transtornos mentais na sociedade é preciso lidar com a herança cultural, que estabelece o conceito de que as pessoas com transtornos mentais devem ser temidas e excluídas, enfrentando preconceitos e criando novas possibilidades de se compreender o adoecimento mental. (SALLES; BARROS, 2013).
O fato de a pessoa com transtorno mental viver na comunidade não significa que esteja incluída e que faça parte desta comunidade. Para a constituição da inclusão social, é preciso a reconstrução de uma vida significativa e satisfatória, na qual se tenha acesso às oportunidades relacionadas a diferentes atividades e papéis sociais que considerem importantes (SALLES; BARROS, 2013).
	De acordo com Salles e Barros (2013) outra maneira de mudar as concepções herdadas culturalmente, é ter exemplo de pessoas com transtornos mentais que conseguiram se reinserir na sociedade e vivenciam outros projetos de vida como trabalho, estudo, cuidar da casa, filhos ou parentes. Assim é possível demonstrar para a sociedade uma nova representação da loucura a partir da vivência.
	A integração na comunidade ainda continua um desafio para as pessoas com transtornos mentais. A persistência na associação entre transtorno mental e periculosidade resulta em estigma e isolamento das pessoas que recebem o diagnóstico psiquiátrico. Quando uma pessoa recebe o rótulo de ter transtorno mental severo pode começarum processo de exclusão social e, apesar do combate ao preconceito, a pessoa ainda vivencia a discriminação e frequentemente lhe são negadas oportunidades e direitos que, no geral, são garantidos para outras pessoas da sociedade, que não apresentam o transtorno mental. Assim, um transtorno mental prolongado está associado não apenas ao sofrimento, mas também à perda da liberdade, da autonomia e do acesso a recursos materiais e sociais (SALLES; BARROS, 2013).
Diante desse cenário, faz-se necessária a mobilização, em especial dos profissionais e estudantes de saúde, familiares de pessoas em sofrimento psíquico, em conjunto com a mídia, para a redução da estigmatização das pessoas portadoras de transtornos mentais. Assim, este é o momento de rever o objeto de trabalho (constituir o sujeito enquanto cidadão), a prática (utilizar-se de novos instrumentos e com isso ampliar sua possibilidade de intervenção) e ampliar a finalidade da assistência, para além da remissão dos sintomas manifestos (AMORIM; CRUZ; CARDOSO, 2013). O cuidado humanizado e de qualidade, a atualização e a continuidade de estudos são de extrema importância para a utilização de um plano terapêutico voltado para reinserção social. Esta atualização deve partir de todos os sujeitos envolvidos neste processo: profissionais, pacientes, familiares e membros da sociedade (AMORIM; CRUZ; CARDOSO, 2013). É preciso investir em intervenções educacionais e na disponibilização de recursos em saúde mental de caráter generalizado e contínuo, de forma a se tornarem integrantes do cotidiano, da cultura das pessoas e das práticas em saúde pública, uma vez que intervenções pontuais, isoladas ou de curta duração têm demonstrado efeito limitado no combate ao hábito social historicamente enraizado de estigmatizar os portadores de transtornos mentais (GUARNIEIRO; FERRIMAN, 2012).
3 NOVO MODELO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL E ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NOS SERVIÇOS DE SAÚDE MENTAL
De acordo com Patriota, et al. (2010) no novo modelo de atenção a saúde mental, a atenção psicossocial, é necessário que o profissional considere os aspectos macrossociais, fenômenos psicossociais e sociais, que causam sofrimento psíquico ao usuário. Verificamos que este novo modelo de atenção descentraliza a loucura de condutas exclusivas de psiquiatras, trazendo assim a valorização de outros saberes profissionais.
Conforme Borba et. al. (2012) este novo modelo de atenção psicossocial encontra-se em implantação e consolidação, pois o modelo de atenção brasileiro ainda traz lembranças muito presentes do modelo psiquiátrico hospitalar tradicional que ainda permeia os serviços atualmente. Portanto é um desafio oferecer uma rede de atenção a saúde onde os serviços sejam integrais, complementares e resolutivos. Os autores relatam que a rede ainda está em desenvolvimento necessitando de ampliação de infraestrutura, incentivo na qualificação do profissional, e o combate ao preconceito, trazendo assim a melhoria na qualidade dos serviços (BORBA, et. al. 2012, p.1407).
A partir do processo de reforma psiquiátrica e sanitária, e com a constituição do SUS, em 1988, iniciam os trabalhos para mudança do modelo assistencial em saúde mental. Segundo Patriota, et al. (2010), a criação de novos dispositivos na rede evita o aprisionamento dos usuários em hospitais psiquiátricos. Dentre os serviços de saúde que compõe a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) estão: os Centros de Atenção Psicossociais (CAPS), os Serviços de Residenciais Terapêuticos (SRT), importantíssimos na característica de inclusão deste usuário no convívio com familiares e sociedade.
A atual política de saúde mental brasileira é resultado da mobilização de usuários, familiares e trabalhadores da Saúde iniciada na década de 1980 com o objetivo de mudar a realidade dos manicômios onde viviam mais de 100 mil pessoas com transtornos mentais. O movimento foi impulsionado pela importância que o tema dos direitos humanos adquiriu no combate à ditadura militar e alimentou-se das experiências exitosas de países europeus na substituição de um modelo de saúde mental baseado no hospital psiquiátrico por um modelo de serviços comunitários com forte inserção territorial. Nas últimas décadas, esse processo de mudança se expressa especialmente por meio do Movimento Social da Luta Antimanicomial e de um projeto coletivamente produzido de mudança do modelo de atenção e de gestão do cuidado: a Reforma Psiquiátrica (BRASIL, 2013, p. 21).
O primeiro Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) brasileiro foi inaugurado no ano de 1986 na cidade de São Paulo, o CAPS Professor Luiz da Rocha Cerqueira, também conhecido como CAPS da rua Itapeva. O surgimento deste CAPS e de vários outros no país só foi possível a partir da luta de profissionais de saúde e familiares que denunciavam os maus tratos e a situação de descaso nos hospitais psiquiátricos (BRASIL, 2004, p.12).
Seguindo o exemplo paulistano, surgem novos CAPS em várias cidades do país, comprovando a eficiente diminuição de internações em hospitais psiquiátricos e a nova mudança para o modelo assistencial. Estes serviços tiveram sua primeira regulamentação a partir da portaria federal n° 224/92 que criava oficialmente os Centros de Atenção Psicossociais (CAPS) e os Núcleos de Atenção Psicossocial (NAPS) (BRASIL, 2004, p.12).
Os Centros de Atenção Psicossociais são regulamentados pela portaria federal n° 336 de 19 de fevereiro de 2002. Este documento tem como objetivo de definir e estabelecer o funcionamento dos CAPS, categorizando-os por porte e clientela. (BRASIL, 2002).
Art.1º Estabelecer que os Centros de Atenção Psicossocial poderão constituir-se nas seguintes modalidades de serviços: CAPS I, CAPS II e CAPS III, definidos por ordem crescente de porte/complexidade e abrangência populacional, conforme disposto nesta Portaria; (BRASIL, 2002).
§ 1º As três modalidades de serviços cumprem a mesma função no atendimento público em saúde mental, distinguindo-se pelas características descritas no Artigo 3° desta Portaria, e deverão estar capacitadas para realizar prioritariamente o atendimento de pacientes com transtornos mentais severos e persistentes em sua área territorial, em regime de tratamento intensivo, semi-intensivo e não-intensivo, conforme definido adiante. (BRASIL, 2002).
§ 2º Os CAPS deverão constituir-se em serviço ambulatorial de atenção diária que funcione segundo a lógica do território; (BRASIL, 2002).
Art. 3º Estabelecer que os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) só poderão funcionar em área física específica e independente de qualquer estrutura hospitalar. (BRASIL, 2002).
Parágrafo único. Os CAPS poderão localizar-se dentro dos limites da área física de uma unidade hospitalar geral, ou dentro do conjunto arquitetônico de instituições universitárias de saúde, desde que independentes de sua estrutura física, com acesso privativo e equipe profissional própria. (BRASIL, 2002).
Art. 4º Definir, que as modalidades de serviços estabelecidas pelo Artigo 1º desta Portaria correspondem às características abaixo discriminadas: (BRASIL, 2002).
4.1 - CAPS I Serviço de atenção psicossocial com capacidade operacional para atendimento em municípios com população entre 20.000 e 70.000 habitantes, com as seguintes características:
a - responsabilizar-se, sob coordenação do gestor local, pela organização da demanda e da rede de cuidados em saúde mental no âmbito do seu território; 
b - possuir capacidade técnica para desempenhar o papel de regulador da porta de entrada da rede assistencial no âmbito do seu território e/ou do módulo assistencial, definido na Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS), de acordo com a determinação do gestor local; 
c - coordenar, por delegação do gestor local, as atividades de supervisão de unidades hospitalares psiquiátricas no âmbito do seu território; 
d - supervisionar e capacitar as equipes de atenção básica, serviços e programas de saúde mental no âmbito do seu território e/ou do módulo assistencial; 
e - realizar, e manter atualizado, o cadastramentodos pacientes que utilizam medicamentos essenciais para a área de saúde mental regulamentados pela Portaria/GM/MS nº 1077 de 24 de agosto de 1999 e medicamentos excepcionais, regulamentados pela Portaria/SAS/MS nº 341 de 22 de agosto de 2001, dentro de sua área assistencial; 
f - funcionar no período de 08 às 18 horas, em 02 (dois) turnos, durante os cinco dias úteis da semana; (BRASIL, 2002).
4.1.1 - A assistência prestada ao paciente no CAPS I inclui as seguintes atividades: 
a - atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, de orientação, entre outros); 
b - atendimento em grupos (psicoterapia, grupo operativo, atividades de suporte social, entre outras);
c - atendimento em oficinas terapêuticas executadas por profissional de nível superior ou nível médio;
d - visitas domiciliares;
e - atendimento à família;
f - atividades comunitárias enfocando a integração do paciente na comunidade e sua inserção familiar e social; 
g - os pacientes assistidos em um turno (04 horas) receberão uma refeição diária, os assistidos em dois turnos (08 horas) receberão duas refeições diárias. (BRASIL, 2002).
4.1.2 - Recursos Humanos:
A equipe técnica mínima para atuação no CAPS I, para o atendimento de 20 (vinte) pacientes por turno, tendo como limite máximo 30 (trinta) pacientes/dia, em regime de atendimento intensivo, será composta por:
a - 01 (um) médico com formação em saúde mental;
b - 01 (um) enfermeiro;
c - 03 (três) profissionais de nível superior entre as seguintes categorias profissionais: psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, pedagogo ou outro profissional necessário ao projeto terapêutico.
d - 04 (quatro) profissionais de nível médio: técnico e/ou auxiliar de enfermagem, técnico administrativo, técnico educacional e artesão;
4.2 - CAPS II Serviço de atenção psicossocial com capacidade operacional para atendimento em municípios com população entre 70.000 e 200.000 habitantes, com as seguintes características:
a - responsabilizar-se, sob coordenação do gestor local, pela organização da demanda e da rede de cuidados em saúde mental no âmbito do seu território;
b - possuir capacidade técnica para desempenhar o papel de regulador da porta de entrada da rede assistencial no âmbito do seu território e/ou do módulo assistencial, definido na Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS), por determinação do gestor local;
c - coordenar, por delegação do gestor local, as atividades de supervisão de unidades hospitalares psiquiátricas no âmbito do seu território;
d - supervisionar e capacitar as equipes de atenção básica, serviços e programas de saúde mental no âmbito do seu território e/ou do módulo assistencial; 
e - realizar, e manter atualizado, o cadastramento dos pacientes que utilizam medicamentos essenciais para a área de saúde mental regulamentados pela Portaria/GM/MS nº 1077 de 24 de agosto de 1999 e medicamentos excepcionais, regulamentados pela Portaria/SAS/MS nº 341 de 22 de agosto de 2001, dentro de sua área assistencial;
f - funcionar de 8:00 às 18:00 horas, em 02 (dois) turnos, durante os cinco dias úteis da semana, podendo comportar um terceiro turno funcionando até às 21:00 horas. (BRASIL, 2002).
4.2.1 - A assistência prestada ao paciente no CAPS II inclui as seguintes atividades:
a - atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, de orientação, entre outros);
b - atendimento em grupos (psicoterapia, grupo operativo, atividades de suporte social, entre outras); 
c - atendimento em oficinas terapêuticas executadas por profissional de nível superior ou nível médio; 
d - visitas domiciliares; 
e - atendimento à família; 
f - atividades comunitárias enfocando a integração do doente mental na comunidade e sua inserção familiar e social; 
g - os pacientes assistidos em um turno (04 horas) receberão uma refeição diária: os assistidos em dois turnos (08 horas) receberão duas refeições diárias. (BRASIL, 2002).
4.2.2 - Recursos Humanos:
A equipe técnica mínima para atuação no CAPS II, para o atendimento de 30 (trinta) pacientes por turno, tendo como limite máximo 45 (quarenta e cinco) pacientes/dia, em regime intensivo, será composta por:
a - 01 (um) médico psiquiatra; 
b - 01 (um) enfermeiro com formação em saúde mental; 
c - 04 (quatro) profissionais de nível superior entre as seguintes categorias profissionais: psicólogo, assistente social, enfermeiro, terapeuta ocupacional, pedagogo ou outro profissional necessário ao projeto terapêutico. 
d - 06 (seis) profissionais de nível médio: técnico e/ou auxiliar de enfermagem, técnico administrativo, técnico educacional e artesão. (BRASIL, 2002).
4.3 - CAPS III Serviço de atenção psicossocial com capacidade operacional para atendimento em municípios com população acima de 200.000 habitantes, com as seguintes características:
a - constituir-se em serviço ambulatorial de atenção contínua, durante 24 horas diariamente, incluindo feriados e finais de semana; 
b - responsabilizar-se, sob coordenação do gestor local, pela organização da demanda e da rede de cuidados em saúde mental no âmbito do seu território; 
c - possuir capacidade técnica para desempenhar o papel de regulador da porta de entrada da rede assistencial no âmbito do seu território e/ou do módulo assistencial, definido na Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS), por determinação do gestor local; 
d - coordenar, por delegação do gestor local, as atividades de supervisão de unidades hospitalares psiquiátricas no âmbito do seu território;
e - supervisionar e capacitar as equipes de atenção básica, serviços e programas de saúde mental no âmbito do seu território e/ou do módulo assistencial; 
f - realizar, e manter atualizado, o cadastramento dos pacientes que utilizam medicamentos essenciais para a área de saúde mental regulamentados pela Portaria/GM/MS nº 1077 de 24 de agosto de 1999 e medicamentos excepcionais, regulamentados pela Portaria/SAS/MS nº 341 de 22 de agosto de 2001, dentro de sua área assistencial; 
g - estar referenciado a um serviço de atendimento de urgência/emergência geral de sua região, que fará o suporte de atenção médica. (BRASIL, 2002).
4.3.1 - A assistência prestada ao paciente no CAPS III inclui as seguintes atividades:
a - atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, orientação, entre outros); 
b - atendimento grupos (psicoterapia, grupo operativo, atividades de suporte social, entre outras);
c - atendimento em oficinas terapêuticas executadas por profissional de nível superior ou nível médio; 
d - visitas e atendimentos domiciliares; 
e - atendimento à família; 
f - atividades comunitárias enfocando a integração do doente mental na comunidade e sua inserção familiar e social; (BRASIL, 2002).
g - acolhimento noturno, nos feriados e finais de semana, com no máximo 05 (cinco) leitos, para eventual repouso e/ou observação; 
h - os pacientes assistidos em um turno (04 horas) receberão uma refeição diária; os assistidos em dois turnos (08 horas) receberão duas refeições diárias, e os que permanecerem no serviço durante 24 horas contínuas receberão 04 (quatro) refeições diárias; 
i - a permanência de um mesmo paciente no acolhimento noturno fica limitada a 07 (sete) dias corridos ou 10 (dez) dias intercalados em um período de 30 (trinta) dias. (BRASIL, 2002).
4.3.2 - Recursos Humanos:
A equipe técnica mínima para atuação no CAPS III, para o atendimento de 40 (quarenta) pacientes por turno, tendo como limite máximo 60 (sessenta) pacientes/dia, em regime intensivo, será composta por:
a - 02 (dois) médicos psiquiatras;
b - 01 (um) enfermeiro com formação em saúde mental.
c - 05 (cinco) profissionais de nível superior entre as seguintes categorias: psicólogo, assistente social, enfermeiro, terapeuta ocupacional, pedagogo ou outro profissional necessário ao projeto terapêutico; 
d - 08 (oito) profissionais de nível médio: técnico e/ou auxiliar de enfermagem, técnico administrativo, técnico educacional e artesão. 
4.3.2.1 - Para o período de acolhimento noturno, em plantões corridosde 12 horas, a equipe deve ser composta por:
a - 03 (três) técnicos/auxiliares de enfermagem, sob supervisão do enfermeiro do serviço; 
b 01 (um) profissional de nível médio da área de apoio; (BRASIL, 2002).
4.3.2.2 - Para as 12 horas diurnas, nos sábados, domingos e feriados, a equipe deve ser composta por: 
a - 01 (um) profissional de nível superior dentre as seguintes categorias: médico, enfermeiro, psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, ou outro profissional de nível superior justificado pelo projeto terapêutico; 
b - 03 (três) técnicos/auxiliares técnicos de enfermagem, sob supervisão do enfermeiro do serviço 
c - 01 (um) profissional de nível médio da área de apoio. (BRASIL, 2002).
4.4 CAPS i II Serviço de atenção psicossocial para atendimentos a crianças e adolescentes, constituindo-se na referência para uma população de cerca de 200.000 habitantes, ou outro parâmetro populacional a ser definido pelo gestor local, atendendo a critérios epidemiológicos, com as seguintes características: 
a - constituir-se em serviço ambulatorial de atenção diária destinado a crianças e adolescentes com transtornos mentais; 
b - possuir capacidade técnica para desempenhar o papel de regulador da porta de entrada da rede assistencial no âmbito do seu território e/ou do módulo assistencial, definido na Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS), de acordo com a determinação do gestor local; 
c - responsabilizar-se, sob coordenação do gestor local, pela organização da demanda e da rede de cuidados em saúde mental de crianças e adolescentes no âmbito do seu território; 
d - coordenar, por delegação do gestor local, as atividades de supervisão de unidades de atendimento psiquiátrico a crianças e adolescentes no âmbito do seu território. 
e - supervisionar e capacitar as equipes de atenção básica, serviços e programas de saúde mental no âmbito do seu território e/ou do módulo assistencial, na atenção à infância e adolescência; 
f - realizar, e manter atualizado, o cadastramento dos pacientes que utilizam medicamentos essenciais para a área de saúde mental regulamentados pela Portaria/GM/MS nº 1077 de 24 de agosto de 1999 e medicamentos excepcionais, regulamentados pela Portaria/SAS/MS nº 341 de 22 de agosto de 2001, dentro de sua área assistencial; 
g - funcionar de 8:00 às 18:00 horas, em 02 (dois) turnos, durante os cinco dias úteis da semana, podendo comportar um terceiro turno que funcione até às 21:00 horas. (BRASIL, 2002).
4.4.1- A assistência prestada ao paciente no CAPS i II inclui as seguintes atividades:
a - atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, de orientação, entre outros); 
b - atendimento em grupos (psicoterapia, grupo operativo, atividades de suporte social, entre outros); 
c - atendimento em oficinas terapêuticas executadas por profissional de nível superior ou nível médio; 
d - visitas e atendimentos domiciliares; 
e - atendimento à família;
f - atividades comunitárias enfocando a integração da criança e do adolescente na família, na escola, na comunidade ou quaisquer outras formas de inserção social; 
g - desenvolvimento de ações inter-setoriais, principalmente com as áreas de assistência social, educação e justiça; 
h - os pacientes assistidos em um turno (04 horas) receberão uma refeição diária, os assistidos em dois turnos (08 horas) receberão duas refeições diárias; (BRASIL, 2002).
4.4.2 - Recursos Humanos:
A equipe técnica mínima para atuação no CAPS i II, para o atendimento de 15 (quinze) crianças e/ou adolescentes por turno, tendo como limite máximo 25 (vinte e cinco) pacientes/dia, será composta por:
a - 01 (um) médico psiquiatra, ou neurologista ou pediatra com formação em saúde mental; 
b - 01 (um) enfermeiro.
c - 04 (quatro) profissionais de nível superior entre as seguintes categorias profissionais: psicólogo, assistente social, enfermeiro, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, pedagogo ou outro profissional necessário ao projeto terapêutico; 
d - 05 (cinco) profissionais de nível médio: técnico e/ou auxiliar de enfermagem, técnico administrativo, técnico educacional e artesão..
4.5 CAPS ad II Serviço de atenção psicossocial para atendimento de pacientes com transtornos decorrentes do uso e dependência de substâncias psicoativas, com capacidade operacional para atendimento em municípios com população superior a 70.000, com as seguintes características:
a - constituir-se em serviço ambulatorial de atenção diária, de referência para área de abrangência populacional definida pelo gestor local; 
b - sob coordenação do gestor local, responsabilizar-se pela organização da demanda e da rede de instituições de atenção a usuários de álcool e drogas, no âmbito de seu território; 
c - possuir capacidade técnica para desempenhar o papel de regulador da porta de entrada da rede assistencial local no âmbito de seu território e/ou do módulo assistencial, definido na Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS), de acordo com a determinação do gestor local; 
d - coordenar, no âmbito de sua área de abrangência e por delegação do gestor local, a atividades de supervisão de serviços de atenção a usuários de drogas, em articulação com o Conselho Municipal de Entorpecentes; 
e - supervisionar e capacitar as equipes de atenção básica, serviços e programas de saúde mental local no âmbito do seu território e/ou do módulo assistencial; 
f - realizar, e manter atualizado, o cadastramento dos pacientes que utilizam medicamentos essenciais para a área de saúde mental regulamentados pela Portaria/GM/MS nº 1077 de 24 de agosto de 1999 e medicamentos excepcionais, regulamentados pela Portaria/SAS/MS nº 341 de 22 de agosto de 2001, dentro de sua área assistencial; 
g - funcionar de 8:00 às 18:00 horas, em 02 (dois) turnos, durante os cinco dias úteis da semana, podendo comportar um terceiro turno funcionando até às 21:00 horas. 
h - manter de 02 (dois) a 04 (quatro) leitos para desintoxicação e repouso. (BRASIL, 2002).
4.5.1. A assistência prestada ao paciente no CAPS ad II para pacientes com transtornos decorrentes do uso e dependência de substâncias psicoativas inclui as seguintes atividades:
a - atendimento individual (medicamentoso, psicoterápico, de orientação, entre outros); 
b - atendimento em grupos (psicoterapia, grupo operativo, atividades de suporte social, entre outras); 
c - atendimento em oficinas terapêuticas executadas por profissional de nível superior ou nível médio; 
d - visitas e atendimentos domiciliares; 
e - atendimento à família; 
f - atividades comunitárias enfocando a integração do dependente químico na comunidade e sua inserção familiar e social; 
g - os pacientes assistidos em um turno (04 horas) receberão uma refeição diária; os assistidos em dois turnos (08 horas) receberão duas refeições diárias. 
	
h - atendimento de desintoxicação. (BRASIL, 2002).
4.5.2 - Recursos Humanos:
A equipe técnica mínima para atuação no CAPS ad II para atendimento de 25 (vinte e cinco) pacientes por turno, tendo como limite máximo 45 (quarenta e cinco) pacientes/dia, será composta por:
a - 01 (um) médico psquiatra; 
b - 01 (um) enfermeiro com formação em saúde mental; 
c - 01 (um) médico clínico, responsável pela triagem, avaliação e acompanhamento das intercorrências clínicas; 
d - 04 (quatro) profissionais de nível superior entre as seguintes categorias profissionais: psicólogo, assistente social, enfermeiro, terapeuta ocupacional, pedagogo ou outro profissional necessário ao projeto terapêutico; 
e - 06 (seis) profissionais de nível médio: técnico e/ou auxiliar de enfermagem, técnico administrativo, técnico educacional e artesão. (BRASIL, 2002).
Art.5º Estabelecer que os CAPS I, II, III, CAPS i II e CAPS ad II deverão estar capacitados para o acompanhamento dos pacientes de forma intensiva, semi-intensiva e não-intensiva, dentro de limites quantitativos mensais que serão fixados em ato normativo da Secretaria de Assistência à Saúde do Ministério da Saúde. 
Parágrafo único. Define-se como atendimento intensivo aqueledestinado aos pacientes que, em função de seu quadro clínico atual, necessitem acompanhamento diário; semi-intensivo é o tratamento destinado aos pacientes que necessitam de acompanhamento freqüente, fixado em seu projeto terapêutico, mas não precisam estar diariamente no CAPS; não-intensivo é o atendimento que, em função do quadro clínico, pode ter uma freqüência menor. A descrição minuciosa destas três modalidades deverá ser objeto de portaria da Secretaria de Assistência à Saúde do Ministério da Saúde, que fixará os limites mensais (número máximo de atendimentos); para o atendimento intensivo (atenção diária), será levada em conta a capacidade máxima de cada CAPS, conforme definida no Artigo 2°. (BRASIL, 2002).
Art. 6º Estabelecer que os atuais CAPS e NAPS deverão ser recadastrados nas modalidades CAPS I, II, III, CAPS i II e CAPS ad II pelo gestor estadual, após parecer técnico da Secretaria de Assistência à Saúde do Ministério da Saúde. (BRASIL, 2002).
Parágrafo único. O mesmo procedimento se aplicará aos novos CAPS que vierem a ser implantados. (BRASIL, 2002).
Art.7º Definir que os procedimentos realizados pelos CAPS e NAPS atualmente existentes, após o seu recadastramento, assim como os novos que vierem a ser criados e cadastrados, serão remunerados através do Sistema APAC/SIA, sendo incluídos na relação de procedimentos estratégicos do SUS e financiados com recursos do Fundo de Ações Estratégicas e Compensação FAEC. (BRASIL, 2002).
Art.8º. Estabelecer que serão alocados no FAEC, para a finalidade descrita no art. 5o, durante os exercícios de 2002 e 2003, recursos financeiros no valor total de R$52.000.000,00 (cinqüenta e dois milhões de reais), previstos no orçamento do Ministério da Saúde. (BRASIL, 2002).
Art.9°.. Definir que os procedimentos a serem realizados pelos CAPS, nas modalidades I, II (incluídos CAPS i II e CAPS ad II) e III, objetos da presente Portaria, serão regulamentados em ato próprio do Secretário de Assistência à Saúde do Ministério da Saúde. (BRASIL, 2002).
O CAPS é um lugar de referência e tratamento para pessoas que sofrem com transtornos mentais, psicoses, neuroses graves e demais quadros, cuja severidade e/ou persistência justifiquem sua permanência num dispositivo de cuidado intensivo, comunitário, personalizado e promotor de vida. (BRASIL, 2004,p.13).
 O CAPS tem o objetivo de oferecer atendimento clínico, a reintrodução do usuário na sociedade, convívio com seus familiares, amigos, ajudar na reintegração ao trabalho, fortalecendo seus direitos civis e laços comunitários. Atende a população de sua área de abrangência conforme padrões territoriais. Funcionam em várias modalidades e visam: prestar atendimento diário, gerenciar os projetos terapêuticos e cuidados clínicos eficientes e individuais, oferecer suporte a programas como NASF – Núcleo de Apoio a Saúde da Família e as próprias ESF - Estratégias de Saúde da Família. (BRASIL, 2004, p.13).
Os CAPS tem a responsabilidade de organizar a rede de saúde mental do seu território, promover a inserção social através de ações intersetoriais envolvendo saúde, educação, esporte, cultura, cidadania, lazer, direitos civis, trabalhando com estratégias conjuntas para enfrentamento de problemas (BRASIL, 2004, p.13).
 Os CAPS atendem pessoas com transtornos mentais severos, que apresentam sofrimento psíquico intenso e são impedidas de realizar suas atividades diárias. Também são atendidos portadores de transtornos relacionados ao uso de substâncias psicoativas como álcool e outras drogas, e ainda crianças e adolescentes com transtornos mentais. Os usuários que necessitam de tratamento nos CAPS podem procurar espontaneamente o serviço ou ainda serem encaminhados por outros serviços de saúde como ESF, NASF, hospitais gerais, psiquiátricos, e ambulatórios. O tratamento é realizado por meio terapêutico, sendo individual e grupal. Cada usuário ao chegar pela primeira vez no serviço é acolhido por um profissional que faz a escuta qualificada, triagem, e explica a rotina do serviço. Este profissional poderá ser o Terapeuta de Referência do usuário atendido. O TR tem o papel de monitorar as atividades do usuário e em conjunto com ele criar o projeto terapêutico, definir horário, dias de participação do usuário no serviço e reavaliar o projeto terapêutico em conjunto com a equipe do CAPS (BRASIL, 2004, p.15).
Os CAPS se apresentam em várias modalidades de atendimento, e tudo isso depende de fatores como, o tamanho do serviço, a quantidade de profissionais, a estrutura física e as atividades terapêuticas oferecidas. São divididos em: CAPS I e II, que atendem adultos com transtornos mentais severos e persistentes que tem impedimento em desenvolver suas atividades de vida diária, atendimento diário em horário comercial. O CAPS III realiza atendimentos 24 horas de adultos com transtornos mentais severos e sofrimento psíquico constante, com funcionamento durante os sete dias da semana. Existem ainda, o CAPSi, com objetivo de atender crianças e adolescentes portadoras de transtornos mentais e com atendimento diário. E o CAPSad, atendendo pessoas com transtornos decorrentes do uso de álcool e outras drogas, o público alvo são adultos, e este serviço possui leitos para tratamento de desintoxicação (BRASIL, p. 19, 2004). 
Podemos observar que o CAPS também funciona como uma opção para evitar as internações em hospitais e clínicas psiquiátricas. O usuário estará frequentando um ambiente acolhedor, estará estabelecendo relações sociais, conhecendo outros usuários com situações em comum, ajudando a entender o seu processo de adoecimento, fazendo seu tratamento perto da família e do seu território (SILVA et.al., 2015, p.04).
Entretanto o CAPS não trabalha sozinho, e sim na perspectiva da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) envolvendo diversos serviços de saúde que devem oferecer cuidados em saúde mental. Nesse contexto é necessário articular-se com os serviços do território do usuário, como Unidades Básicas de Saúde (UBS), Ambulatórios de Saúde Mental, formando uma rede de pontos interligados envolvendo atores sociais. A UBS pode desempenhar atividades complexas e de extrema importância ao usuário, como o atendimento a situações de crise, a orientação nos conflitos de relações sociais e familiares, o atendimento clínico necessário, como ainda o oferecimento de consultas, exames e encaminhamentos a serviços especializados, dando o acesso a saúde de maneira integral. (BORBA, et. al. 2012, p.1411).
Muito relevante verificar o suporte social do usuário, o assistente social pode observar como é a relação deste membro com os demais familiares, amigos, vizinhos, e se o usuário participa de alguma instituição social, como igreja, associações de moradores, grupos em unidades básicas, pois é nítido que uma rede social fortalecida é fundamental na reinserção social e ajuda no enfrentamento de situações difíceis que o adoecimento crônico pode proporcionar. (BORBA, et. al. 2012, p.1412).
Os autores trazem um estudo que revela a diminuição de internações psiquiátricas por usuários de CAPS e demais serviços substitutivos. Foi verificado que muitos usuários não necessitaram recorrer a internação em hospital psiquiátrico, e outros apresentaram recaídas, porém em número bem menor comparando ao período anterior ao tratamento no CAPS. E que se o tratamento no CAPS tivesse sido realizado anteriormente muitas internações não teriam sido necessárias (BORBA, et. al. 2012, p.1412). 
O serviço social no CAPS executa atividades de orientações individuais e grupais de cunho social sobre alguns programas como o BPC – Benefício de Prestação Continuada, e ainda realização de triagem e acolhimento, direcionamentos de grupos de familiares, cuidadores, visitas institucionais, domiciliares e ações intersetoriais como a Rede de Atenção Psicossocial-RAPS (SILVA et.al., 2015, p.08).
A atuação do assistente social acontece através de atendimentos individuais onde os usuários ou familiares trazem suas demandas espontaneamente, e o profissional toma sua conduta, podendo ser um esclarecimentoou informação a respeito de algum problema, um encaminhamento para outro serviço de resolução do problema (atuando em rede) ou ainda uma visita domiciliar com objetivo de intervir entre conflitos familiares. Na execução dos seus deveres o assistente social deve também atuar com instrumentos técnicos como: registros em prontuários dos usuários, relatório social, parecer social, entrevista e registro da escuta qualificada, e registro nos livros de atendimento do serviço (SILVA et.al.,2015, p.08).
O CAPS também pode estabelecer rotinas documentais próprias para melhoria do acompanhamento do usuário e da qualidade do serviço, como é o caso citado abaixo:
Outra ação que faz parte do cotidiano profissional das assistentes sociais do CAPS II Leste são os instrumentos de avaliação da prática, ocorrendo por meio do preenchimento do consolidado mensal (Mapa de Produção), onde as profissionais sistematizam todas as ações realizadas referentes a cada mês, especificando o dia e no caso dos grupos o número de usuários que participaram, descriminando no mapa. O consolidado deve ser entregue a gestão como forma de controle das ações das profissionais. (SILVA et.al., 2015 p.08).
De acordo com Patriota et. al. (2010) o processo de ampliação da rede de atenção psicossocial (RAPS), vem trazendo uma presença maciça dos assistentes sociais nos CAPS, sendo este um avanço para a profissão. Entretanto, estes autores trazem o despreparo dos assistentes sociais para atuação na área, dentre os resultados, eles afirmam que apenas 3% dos estudantes de serviço social responderam positivamente sobre a definição de serviços substitutivos. Um resultado preocupante em uma área com muita abertura para atuação do assistente social. (Patriota et. al,. 2010 p.63).
A atuação do assistente social é discutida em campos práticos e também em meios acadêmicos, estando em processo constante de mudança e aperfeiçoamento. Para isto, é necessário que os profissionais estejam sempre realizando leituras e buscando conhecimento afim de tornarem suas práticas contextualizadas com o que é discutido na literatura. Estas discussões devem sempre ter como base o projeto político pedagógico da profissão e as demandas enfrentadas pelos assistentes sociais em seu trabalho (WOERNER, 2015, p.175).
A autora também afirma a importância da reflexão contemplar as práticas e intervenções feitas pelo assistente social em conjunto com o saber acadêmico. Desse modo, não será justificável dizer que a atuação na teoria acontece de uma maneira e na prática de outra. O profissional do serviço social necessita de base teórica para atuar, deve utilizar-se de instrumentos que favoreçam seu trabalho, pois a teoria e prática devem andar sempre juntas para o profissional atuar com qualidade (WOERNER, 2015, p.175).
Por essa razão a atuação do profissional deve servir de base para estudo, análise e reflexões, gerando assim uma avaliação das ações e consequentemente uma qualificação para tal. (WOERNER, p.175, 2015).
O assistente social deve levar em consideração as configurações da sociedade durante a elaboração de suas intervenções. Pois, ao percebemos a evolução histórica da sociedade, novas demandas surgem, sendo necessárias novas estratégias de atuação (WOERNER, 2015, p.175).
Com o crescente número de pessoas utilizando substâncias psicoativas, popularmente titulamos, uso abusivo das drogas, surgiram graves necessidades de intervenções em sociais. Mais um campo para a atuação do serviço social em saúde mental. As intervenções podem ser desenvolvidas em diversos espaços, e os profissionais são responsáveis para dar uma resposta ao problema. (WOERNER, 2015, p.175).
Para além de uma leitura restrita em relação ao uso e abuso de SPA, este não se trata exclusivamente de uma escolha/opção realizada pelo indivíduo. A condição da dependência química encontra-se estritamente relacionada com a atual condição e modo de organização da sociedade capitalista, com destaque para a crescente acumulação de capital, precarização das condições de trabalho, ausência de proteção efetiva por parte do Estado, insegurança e vulnerabilidade. Em meio a tal conjuntura social, o uso e abuso de SPA se apresenta, entre outros aspectos, como uma possibilidade de amenizar os reflexos da atual conjuntura social, bem como a busca pelo prazer imediato, anunciado de forma eloquente e apresentado como um alvo a ser alcançado para fins de realização em seus diversos níveis (BAUMANN, 2008 apud WOERNER, p.175).
A dependência química afeta o usuário, sua família e pessoas de seu convívio social. Necessitando de intervenções multiprofissionais bem elaboradas, inclusive do assistente social, pois ele contribui de maneira direta nas questões sociais (WOERNER, 2015 p.175).
Os serviços para tratamento de dependentes químicos no Sistema Único de Saúde – SUS, são os CAPS, hospitais psiquiátricos e enfermarias de desintoxicação em hospitais gerais. Há ainda atendimentos em clínicas privadas e comunidades terapêuticas. (WOERNER, p.176, 2015).
Hoje, nas equipes de saúde mental, o profissional de Serviço Social deve contribuir não somente nas expressões da questão social, mas também para acesso aos direitos e às políticas públicas; bem como na inclusão do portador de transtorno mental e abordagem com as famílias (FLÔRES, 2011, p.14).
Rosa e Melo (2009) caracterizam duas maneiras de atuação do assistente social em serviços de saúde mental. Nos hospitais, geralmente o trabalho consiste em levantamentos de dados pessoais dos usuários e seus familiares, confecção de atestado social, encaminhamentos sociais para outros serviços da rede, orientação social e informações para benefícios sociais e aposentadoria, passando para atuação em setores como plantão psiquiátrico, pavilhões divididos por gênero, idade e sexo (ROSA E MELO, 2009, p.84).
Nos serviços substitutivos como CAPS e Residências Terapêuticas, o trabalho do assistente social pode apresentar-se de diversas maneiras, dentre elas: gestão, supervisão técnica, coordenação, planejamento e outras atividades terapêuticas (ROSA E MELO, 2009, p.85).
Na área empresarial, sobretudo em empresas de economia mista, em hospitais gerais e algumas instituições públicas tem crescido o número de assistentes sociais coordenando programas de alcoolismo, tendo por público alvo os funcionários ou servidores públicos e seus familiares. A área da assistência social tem se alargado em direção à saúde mental, através de programas de abrigamento de idosos ex-moradores de hospitais psiquiátricos, população de rua com transtornos mentais, mas fora de crise e mais recentemente, tem criado coordenadorias de dependência química, voltada para os adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas. (ROSA E MELO, 2009, p.85).
De acordo com Rosa e Melo (2009) os assistentes sociais também atuam em serviços de supervisão, docência e pesquisa na área de saúde mental. Assim como em ambientes jurídicos envolvidos em questões de tutelas, curatelas, interdições e outros serviços. Todos os serviços possuem particularidades e cabe ao profissional adaptar-se para exercer suas atividades, exigindo múltiplas competências na prática profissional. 
As autoras ainda afirmam que os cursos de graduação em serviço social ainda não tem uma atuação específica em saúde mental, sendo uma falha no preparo para atuação no novo modelo de assistência biopsicossocial.
Os estágios curriculares e extracurriculares em saúde ainda tem uma relação intensa com o modelo hospitalocêntrico, haja vista que muitos serviços se conformam como hospitais de ensino, sendo vinculados com as universidades, que ainda disseminam uma formação pautada fortemente no modelo biomédico, separando os sintomas do contexto social, no geral, preparando de maneira tímida para o trabalho em equipe multiprofissional e interdisciplinar. Isto é, não é fomentado durante o processo formativo o diálogo entre as diferentes ciências e profissões, o que é requerido no dia a dia assistencial. (ROSA E MELO, 2009, p.86).
	Este é um dos problemas que percebemos na realização

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