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MóduloIIDOC 20170730 WA0014

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Curso de 
Atenção Farmacêutica 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO II 
 
 
 
 
 
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para 
este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização do 
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores 
descritos na Bibliografia Consultada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
MÓDULO II 
 
 
Introdução à Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica 
 
Conforme Witzel, no livro Ciências Farmacêuticas Farmácia Clínica e 
Atenção Farmacêutica (2008), seguem abaixo as considerações referentes à 
introdução da Atenção Farmacêutica. 
Nos últimos anos e, especialmente ao longo do século XX, em todos os 
países, os sistemas de assistência sanitária passaram e ainda estão passando por 
transformações sem precedentes. Isso afetou tanto o próprio conceito de saúde, 
como a estrutura e organização colocada em prática pelos serviços de saúde em 
sua luta contra a enfermidade e suas conseqüências. Tanto os profissionais que 
prestam serviço de saúde quanto os indivíduos beneficiários diretos dos serviços 
prestados estão examinando de maneira crítica suas necessidades, expectativas, 
valores e critérios éticos. Concretamente, os profissionais da assistência sanitária 
põem em dúvida sua função e suas responsabilidades tradicionais, e os limites 
profissionais que estavam antes claramente delimitados estão cada vez mais 
obscuros. 
Além disso, os conhecimentos e as tecnologias médicas e farmacológicas 
disponíveis para atuar tanto na prevenção quanto na terapêutica e reabilitação das 
enfermidades têm evoluído substancialmente, de forma que se dispõe atualmente de 
amplas possibilidades para superar as enfermidades e suas conseqüências. 
O tratamento farmacológico constitui a forma mais freqüente de intervenção 
médica em assistência sanitária. Conforme Hepler; Graiger – Rousseaux (1995), 
cerca de dois terços das consultas médicas nos Estados Unidos resultam em 
renovação ou em nova prescrição de medicamentos. O uso do medicamento tem 
crescido dramaticamente com o aumento da vida média da população, o aumento 
da prevalência de doenças crônicas e a ampliação da variedade de medicamentos 
efetivos. 
 
 
 
 
 
42 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Segundo Hepler; Graiger – Rosseaux (1995) “o propósito de toda terapia 
medicamentosa deve ser o de aperfeiçoar a duração e a qualidade de vida das 
pessoas. A disponibilidade de produtos farmacêuticos seguros e efetivos tem 
melhorado o gerenciamento tanto de doenças agudas quanto crônicas no alcance 
desses objetivos. [...] O medicamento é provavelmente a modalidade terapêutica 
mais estudada na atualidade [...] e a terapia medicamentosa tem uma forte base 
científica [...]. Contudo, apesar do extenso conhecimento científico, uma ampla 
literatura mostra que freqüentemente há falhas no controle dos riscos associados à 
farmacoterapia”. 
As funções do profissional farmacêutico na área assistencial estão passando 
por uma vigorosa e rápida expansão, em todas as dimensões, e a profissão está 
tentando reorientar-se para satisfazer as necessidades que têm sido introduzidas 
nos sistemas de saúde atuais. 
Na década de 1960, os farmacêuticos tinham três escolhas básicas a fazer 
ao optarem por atuar na área assistencial: farmácia comunitária, farmácia hospitalar 
e docência. Em 1990, as escolhas possíveis se ampliaram principalmente nos 
países desenvolvidos, incluindo atendimento domiciliar, cuidados geriátricos, 
gerenciamento, especialidades clínicas diversas, pesquisa, entre outras. 
Essa ampliação de opções esteve diretamente relacionada aos grandes 
movimentos ocorridos nesse século, que promoveram a redefinição do papel do 
profissional farmacêutico que, apesar de relacionado ao medicamento, vem 
passando por alterações significativas em diferentes locais. Há, atualmente, uma 
tendência mundial em se fortalecer as atividades do farmacêutico junto ao paciente, 
visando ao atendimento farmacêutico mais efetivo. 
As discussões, no âmbito internacional, sobre a definição da missão, do 
papel e funções do profissional farmacêutico se intensificaram nas últimas décadas 
do século XX, especialmente nos Estados Unidos e Europa, e mais recentemente 
têm produzido reflexões críticas na América Latina, que vem buscando também 
reorientar a prática farmacêutica, levando em consideração as características de 
cada país e dos sistemas de saúde vigentes. 
 
 
 
 
 
43 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
No Brasil a discussão acerca dos termos Farmácia Clínica, Assistência e 
Atenção Farmacêutica estão ocorrendo com grande intensidade. Este movimento 
vem ganhando o centro das discussões entre pesquisadores, formuladores de 
políticas e profissionais. Contudo, o entendimento conceitual de cada um desses 
termos e sua inter-relação ainda parece obscuro para a grande maioria dos agentes 
envolvidos. Por este motivo faz-se necessário entender os aspectos conceituais e 
filosóficos que foram construídos ao longo da própria profissão farmacêutica e que 
não podem ser compreendidos sem uma breve retrospectiva histórica. 
 
Panorama Histórico da Profissão Farmacêutica a partir do Século XX 
 
Segundo Hepler; Strand (1990), a profissão farmacêutica experimentou 
significante crescimento e desenvolvimento nos últimos anos. No século XX, a 
farmácia passou por três grandes períodos: o tradicional, o de transição e o de 
cuidado do paciente, que está atualmente em desenvolvimento. Nestes três estágios 
podem-se identificar diferentes conceitos relativos à função e deveres do 
farmacêutico. 
 
Etapa Tradicional 
 
A farmácia no início do século XX estava associada à figura do Boticário, 
que preparava e comercializava produtos medicinais. Segundo Hepler; Strand 
(1990): “[...] Durante esta fase tradicional as principais funções do farmacêutico eram 
a obtenção, o preparo e a avaliação dos produtos medicamentosos. Seu dever 
primário era garantir que os fármacos que ele comercializava fossem puros, não 
adulterados, e preparados segundo a arte, embora ele apresentasse um dever 
secundário de prover recomendações aos indivíduos que o procuravam em busca de 
fármacos de não prescrição [...].” 
Este papel começou a ser adulterado quando a preparação de 
medicamentos passou a ser desempenhada gradualmente pela indústria 
farmacêutica. Conforme relatou Alvarez (1993) “[...] Os grandes avanços científicos e 
 
 
 
 
 
44 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
tecnológicos que permitiram a elaboração industrial de medicamentos produziram 
uma dissociação entre a preparação universitária do farmacêutico e suas ações, 
especialmente nas farmácias comunitárias. Os farmacêuticos começaram a sentir-se 
frustrados porque grandes partes dos conhecimentos adquiridos na graduação 
acabavam sendo perdidos, pois já não eram aplicados de forma permanente. A 
literatura norte-americana começou a mencionar que os farmacêuticos estavam se 
convertendo em meros dispensadores de produtos pré-fabricados, além de se 
distanciar da equipe da saúde e do paciente [...].” 
Apartir dessas inquietudes nasceu um movimento profissional que, 
questionando sua formação e atitudes, determinou como poderiam ser corrigidos os 
problemas que estavam sendo detectados. Assim, ao final da década de 1960, 
começa a se falar de uma nova disciplina, a Farmácia Clínica, que permitia 
novamente aos farmacêuticos, participar da equipe de saúde, contribuindo com seus 
conhecimentos para melhorar o cuidado dos pacientes (Alvarez, 1993). 
Nesse momento, portanto, iniciava-se o período de transição profissional. 
 
Etapa de Transição 
 
Este período de transição foi de rápida expansão das funções do 
farmacêutico e do aumento da diversidade profissional. Os farmacêuticos passaram 
não somente a exercer novas funções, mas também começaram a inovar funções, 
trazendo contribuições inéditas à literatura. 
 
Definições da Farmácia Clínica 
 
Conforme Witzel (2008), inicialmente foram propostas diferentes definições 
para a Farmácia Clínica, como, por exemplo, farmácia orientada de forma 
equivalente ao medicamento e ao indivíduo que a recebe; farmácia realizada ao lado 
do paciente. 
O conceito de Farmácia Clínica está imbuído pela filosofia de que o 
farmacêutico deve utilizar seu conhecimento profissional para promover o uso 
 
 
 
 
 
45 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
seguro e apropriado de medicamentos nos e pelos pacientes, em trabalho conjunto 
com outros profissionais da área da saúde. Este conceito é confirmado pela literatura 
desde a década de 1960, com ampla documentação de diversos tipos de serviços e 
atividades clínicas. Os primeiros relatos descreviam o papel do farmacêutico na 
resolução de erros de medicação ou reações adversas a medicamentos, detecção 
de interações entre medicamentos ou entre medicamentos e exames laboratoriais, 
detecção de incompatibilidade entre misturas intravenosas e doenças induzidas por 
medicamentos. 
O termo “Farmácia Clínica” adquiriu popularidade a partir da segunda 
metade da década de 1960. Entretanto, em 1921, J.C. Krantz já afirmava que os 
farmacêuticos deveriam ser capacitados para fornecer serviços clínicos. 
A Farmácia Clínica, conforme já mencionado no módulo anterior, surgiu no 
ambiente hospitalar, onde existe supervisão contínua do paciente. Até a época da 
Segunda Guerra Mundial, o farmacêutico hospitalar era o profissional especializado 
na produção de medicamentos necessários ao atendimento dos pacientes. O 
desenvolvimento da indústria farmacêutica, a partir das décadas de 1940 e 50, levou 
a uma transformação da profissão farmacêutica no hospital, e a ênfase do trabalho 
do farmacêutico hospitalar passou da manipulação e produção de medicamentos ao 
fornecimento de informações sobre os mesmos. 
Ainda, como conseqüência do desenvolvimento da indústria farmacêutica, 
que trouxe um grande aumento do número de fármacos sintéticos disponíveis no 
mercado, verificou-se um aumento na freqüência de problemas relacionados ao uso 
de medicamentos. A Farmácia Clínica surgiu com a finalidade de reduzir a 
ocorrência de tais problemas, por meio do acompanhamento dos pacientes. 
Diversas definições foram elaboradas com o objetivo de caracterizar a 
Farmácia Clínica. A definição a seguir foi estruturada por Robert Miller, em 1968: 
“A Farmácia Clínica é a área do currículo farmacêutico que lida com a 
atenção ao paciente com ênfase na farmacoterapia. A Farmácia Clínica procura 
desenvolver uma atitude orientada ao paciente. A aquisição de novos 
conhecimentos é conseqüência do desenvolvimento de habilidades de comunicação 
interprofissional e com o paciente”. 
 
 
 
 
 
46 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Segundo a ASHP (American Society of Hospital Pharmacists – Sociedade 
Americana de Farmacêuticos de Hospitais), a Farmácia Clínica pode ser definida 
como “a ciência da saúde cuja responsabilidade é assegurar, mediante a aplicação 
de conhecimentos e funções relacionadas ao cuidado dos pacientes, que o uso de 
medicamentos seja seguro e apropriado; necessita, portanto, de educação 
especializada e treinamento estruturado, além da coleta e interpretação de dados, 
da motivação pelo paciente e de interações multiprofissionais”. 
Embora tenham sido formulados vários conceitos sobre Farmácia Clínica, 
em essência sempre houve mais similaridade do que diferenças entre eles. Assim, a 
Sociedade Americana de Farmacêuticos de Hospital, resume: 
[...] O exercício da farmácia clínica implica a aplicação de conhecimentos em 
nome do paciente, quando são considerados os processos de sua enfermidade e 
sua necessidade de compreender o tratamento medicamentoso. A prática requer 
uma estreita relação entre a farmácia e o paciente, o médico e os profissionais de 
saúde. A farmácia clínica está orientada ao paciente, à enfermidade e ao 
medicamento, e a prática tem uma orientação interdisciplinar (SOCIEDADE 
AMERICANA DE FARMACÊUTICOS DE HOSPITAL, 1991, p.6) 
Segundo Holland & Nimmo, 1999 a farmácia clínica é uma prática que 
aprimora a habilidade do médico para fazer boas decisões sobre medicamentos. Ao 
médico cabe a responsabilidade pelos resultados da farmacoterapia e ao 
farmacêutico fornecer serviços de suporte adequados e conhecimentos 
especializados sobre a utilização do medicamento. 
É possível verificar que todas as definições enfatizam o caráter 
multiprofissional da Farmácia Clínica e colocam o paciente como objeto principal das 
atividades do farmacêutico clínico. O medicamento passa a ser um instrumento 
utilizado em benefício do paciente. A Farmácia Clínica pressupõe que o 
farmacêutico garanta resultados clinicamente apropriados para a farmacoterapia, 
estabeleça relacionamento interprofissional ativo com médicos e enfermeiros e 
exerça atividades em ambiente clínico, junto ao paciente. 
Os serviços farmacêuticos tradicionais concentram-se na dispensação e na 
aquisição, armazenamento e controle de estoque de medicamentos. As demandas 
 
 
 
 
 
47 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
referentes a estes serviços são relativas ao controle da aquisição e do estoque de 
medicamentos, às políticas e aos procedimentos para os sistemas de distribuição de 
medicamentos, ao controle dos medicamentos existentes fora da área física da 
farmácia e ao trabalho conjunto com a equipe de enfermagem para solucionar os 
problemas inerentes ao sistema, entre outras. 
Nessa situação, os relacionamentos interprofissionais dos farmacêuticos nos 
hospitais são limitados pela localização física da prática profissional: as áreas de 
atendimento ao paciente, para médicos e enfermeiros, e a farmácia hospitalar, para 
farmacêuticos. A comunicação entre médicos e farmacêuticos ou entre enfermeiros 
e farmacêuticos restringe-se a situações do processo de distribuição de 
medicamentos; as oportunidades de cooperação interprofissional na atenção ao 
paciente são mínimas. Como conseqüências destes tipos de serviços farmacêuticos 
e de relações interprofissionais citam-se: 
1. Alta incidência de erros de medicação; 
2. Alta incidência de reações adversas a medicamentos; 
3. Alta incidência de interações medicamentosas (medicamento-
medicamento, medicamento-alimento e medicamentos-exames laboratoriais); 
4. Incompatibilidades em misturas intravenosas; 
5. Iatrogenias 
6. Subutilização dos recursos humanos; 
7. Desperdício de medicamentos; 
8. Altos custos de medicamentos nohospital. 
A implementação de serviços farmacêuticos clínicos no hospital possibilita 
aumento da segurança e da qualidade da atenção ao paciente, redução de custos e 
aumento da eficiência hospitalar. 
Segundo Alvarez (1993), a Farmácia Clínica nasceu como disciplina 
aplicável às ações do farmacêutico na área assistencial, mas reconheceu-se, no 
decorrer de seu desenvolvimento, que seus objetivos eram válidos em praticamente 
todos os âmbitos do exercício profissional. Dessa forma, podem-se identificar ações 
que compartilham do propósito do uso adequado de medicamentos em: 
• Farmácias hospitalares e de ambulatórios de serviços públicos; 
 
 
 
 
 
48 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
• Farmácias comunitárias privadas; 
• Indústria Farmacêutica; 
• Agências reguladoras de medicamentos; 
• Docência e investigação 
 
Os conceitos de Farmácia Clínica foram sendo paulatinamente difundidos e 
incorporados pela profissão farmacêutica no mundo todo. Na América Latina, o 
Chile, em 1972, incorporou a Farmácia Clínica no programa de graduação de 
farmacêuticos da Universidade do Chile e, desde 1977, tem realizado cursos de 
capacitação para farmacêuticos latino-americanos. No Brasil, o grande interesse 
pelo desenvolvimento da farmácia clínica se deu na década de 1980. 
 
Análise do Período de Transição 
 
Pode-se observar que o farmacêutico clínico, em qualquer ambiente em que 
estivesse inserido, participava assessorando, aconselhando e educando sobre o uso 
correto dos medicamentos, ajudando os pacientes a utilizar os medicamentos mais 
adequados ao seu problema de saúde, de acordo com sua necessidade, na dose, 
via e freqüência de administração correta, pelos períodos apropriados, a um custo 
razoável e evitando o desenvolvimento de problemas associados, como reações 
adversas e interações. 
A farmácia Clínica representou a introdução da orientação da prática 
farmacêutica ao paciente por meio dos serviços que passaram a ser prestados, 
havendo uma grande evolução neste sentido. Contudo, apesar de orientada ao 
paciente, a prática farmacêutica neste período acabou tendo significados diversos e 
de grande amplitude. Além disso, algumas definições propostas de prática de 
Farmácia Clínica colocaram os medicamentos como elemento principal e somente 
mencionavam o paciente. Como exemplo de tais definições, cita-se o conceito de 
Farmácia Clínica do American College of Clinical Pharmacy: “É uma especialidade 
das ciências da saúde que compreende a aplicação, pelo farmacêutico, dos 
 
 
 
 
 
49 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
princípios científicos da farmacologia, toxicologia, farmacocinética e terapêutica para 
o cuidado ao paciente”. 
A análise dessa nova situação fez com que fossem geradas novas 
inquietudes em alguns farmacêuticos, que passaram a questionar como reorientar a 
prática farmacêutica, deslocando as preocupações profissionais do medicamento 
para o usuário. Estas inquietudes surgiram precocemente na literatura norte-
americana, conforme relatam Hepler; Strand (1990): “[...] Brodie já alertava, em 
1967, para a necessidade de correção deste foco, contudo suas idéias em termos de 
responsabilidade social com o cuidado ao paciente parecem ter sido negligenciadas 
na época. Muitos dos novos serviços farmacêuticos clínicos desenvolvidos e 
implementados nesse período de transição embora aproximassem o farmacêutico do 
paciente, continuavam com o foco no medicamento e na sua dispensação, estando 
estes processos muito mais direcionados ao sistema biológico envolvido que ao 
paciente individual.” 
Ainda analisando esse estágio de transição, Hepler; Strand (1990) relatam: 
“[...] Este estágio de transição introspectivo, no qual a farmácia buscou sua 
identidade profissional e a legitimação da mesma, foi talvez tanto uma resposta 
inevitável ao desaparecimento do papel do boticário quanto uma antecipação 
necessária da maturidade profissional. Infelizmente, esta atualização das funções do 
farmacêutico penetrou de forma muito lenta na profissão. Embora muitos 
farmacêuticos tenham se envolvido com entusiasmo nesta evolução, outros 
preferiram manter o status quo. Da mesma forma, algumas organizações 
farmacêuticas apoiaram esta ampliação das funções, enquanto outras se opuseram 
a ela [...]. [A profissão farmacêutica ficou exposta a esta disputa entre facções e às 
fragmentações delas decorrentes] e, em função destes fatos, continuava a ser uma 
profissão em busca de seu papel, incapaz de escolher entre uma desorientada 
variedade de funções e de transpor uma variedade de barreiras para exercer a 
prática clínica [...].” 
Este era o cenário da profissão farmacêutica na década de 1980 e as 
discussões críticas levantadas nesse período foram responsáveis pela construção 
de um novo conceito de prática profissional: a Atenção Farmacêutica. 
 
 
 
 
 
50 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
Etapa de Cuidado ao Paciente 
 
O elemento que ficou esquecido quando o papel do farmacêutico foi definido 
na etapa de transição foi à concepção de responsabilidade do farmacêutico para 
com o paciente. Alguns farmacêuticos não identificaram as responsabilidades 
relacionadas ao cuidado do paciente que surgiam proporcionalmente à expansão de 
suas funções profissionais, e a profissão em seu conjunto não estava conseguindo 
refletir na sociedade o compromisso de sua atividade clínica. Muitos farmacêuticos 
permaneceram se espelhando na etapa adolescente de transição, quando muitos 
outros atravessaram esta barreira e seguiram em direção à etapa mais madura de 
cuidado do paciente. 
Em contrapartida, neste cenário foi introduzido um componente que 
começou a despertar maior interesse de investigação, de grande impacto na área 
médica, que requeria atenção especializada urgente, denominado morbidade e 
mortalidade relacionadas a medicamentos. 
 
Atenção Farmacêutica – Principais Conceitos 
 
Segundo Lyra Jr, a Atenção Farmacêutica surgiu nos Estados Unidos, como 
um método de aprofundamento da prática da Farmácia Clínica, com a inserção de 
componentes de forte caráter humanístico. 
Nas publicações de ciências farmacêuticas a primeira definição de atenção 
farmacêutica apareceu em 1980 em um artigo publicado por Brodie et al: 
“em um sistema de saúde, o componente medicamento é estruturado para 
fornecer um padrão aceitável de atenção farmacêutica para pacientes ambulatoriais 
e internados. Atenção Farmacêutica inclui a definição das necessidades 
farmacoterápicas do indivíduo e o fornecimento não apenas dos medicamentos 
necessários, mas também os serviços para garantir uma terapia segura e efetiva. 
Incluindo mecanismos de controle que facilitem a continuidade da assistência”. 
 
 
 
 
 
51 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Hepler; Strand (1990, p.539), no trabalho Opportunities and responsabilities 
in pharmaceutical care, realizaram uma abordagem abrangente discutindo a 
oportunidade que se apresentava aos farmacêuticos de reprofissionalização através 
da aceitação da responsabilidade de garantir a segurança e a efetividade da terapia 
medicamentosa do paciente individualmente. Este trabalho deu origem ao conceito 
clássico de atenção farmacêutica “a provisão responsável da farmacoterapiacom o 
objetivo de alcançar resultados definidos que melhorem a qualidade de vida dos 
pacientes”. Esta definição engloba a visão filosófica de Strand sobre a prática 
farmacêutica e o pensamento de Hepler sobre a responsabilidade do farmacêutico 
no cuidado ao paciente. Os resultados concretos são: 
1) Cura de uma doença; 
2) Eliminação ou redução dos sintomas do paciente; 
3) Interrupção ou retardamento do processo patológico, ou prevenção de 
uma enfermidade ou de um sintoma. 
Esse novo conceito de prática profissional se reafirmou em 1993 com a 
Declaração de Tóquio (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 1993), que afirmou 
que: 
“Atenção Farmacêutica é um conceito de prática profissional, no qual o 
paciente é o principal beneficiário das ações do farmacêutico. É o compêndio de 
atitudes, comportamentos, compromissos, inquietudes, valores éticos, funções, 
conhecimentos, responsabilidades e destrezas do farmacêutico na prestação da 
farmacoterapia, com o objetivo de alcançar resultados terapêuticos definidos na 
saúde e qualidade de vida do paciente”. 
Esse conceito estabelece uma relação recíproca de compromisso e de 
responsabilidade, tanto por parte do farmacêutico, quanto por parte do paciente. 
Em 1997, Linda Strand afirmou que conceito de atenção farmacêutica estava 
incompleto passando a defender a seguinte definição: “prática na qual o profissional 
assume a responsabilidade pela definição das necessidades farmacoterápicas do 
paciente e o compromisso de resolvê-las”. Ela enfatiza que a atenção farmacêutica é 
uma prática como as demais da área de saúde. Possui uma filosofia, um processo 
de cuidado ao paciente e um sistema de manejo. É diferente do conceito de 1990 
 
 
 
 
 
52 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
que foca os resultados. Mas, para Strand, resultados não têm significados fora do 
contexto de uma prática assistencial (PHARMACEUTICAL, 1997). 
Uma divisão clara é identificada a partir do momento que Strand preconiza 
uma atenção farmacêutica global com aplicação sistemática em todos os tipos de 
situações e Hepler uma atenção farmacêutica orientada para doenças crônicas 
como asma, diabetes, hipertensão e outras. (CIPOLLE et al 2000, HEPLER et al 
1995). 
Cipolle; Strand; Morley (2000, p.13) definem: “Atenção Farmacêutica é um 
exercício no qual o profissional assume a responsabilidade das necessidades de um 
paciente em relação aos medicamentos e adquire um compromisso a esse respeito”. 
Em entrevista concedida ao Jornal do Conselho Regional de Farmácia do 
Estado de Minas Gerais, disponível no site do CRFMG, a farmacêutica norte-
americana Linda Strand conceituou: “Atenção Farmacêutica é simplesmente lidar 
com toda a farmacoterapia do paciente. Verifica-se se a medicação indicada é 
apropriada à sua condição médica, se é efetiva, segura, qual a dose correta, se o 
paciente tem condições de seguir as instruções médicas. A definição é “tenho 
responsabilidade com meu paciente, lido com toda a sua farmacoterapia e incluo 
este cuidado no processo”. Parte da definição, ainda, detalha os problemas 
específicos com a farmacoterapia”. 
Quando questionada sobre a diferença entre Farmácia Clínica e Atenção 
Farmacêutica, Strand responde que: “a Farmácia Clínica, tradicionalmente, refere-se 
a serviços que provemos ao médico. Passamos a ele os medicamentos com as 
respectivas informações. Fazemos a farmácia clínica somente quando o médico nos 
permite, e da maneira que ele quer. Diferentemente, a Atenção Farmacêutica é um 
serviço oferecido ao paciente, individualmente. É um serviço exclusivo para o 
paciente, em que não trabalhamos para o médico, mas com ele”. 
Nesse modelo, os farmacêuticos em cooperação com os pacientes 
melhoram os resultados da farmacoterapia ao prevenir, detectar e resolver os 
problemas de saúde relacionados com medicamentos, antes que estes dêem lugar à 
morbidade e mortalidade relacionadas com medicamentos. 
 
 
 
 
 
53 
Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Ao analisar as funções do farmacêutico no sistema de atenção a saúde a 
Organização Mundial de Saúde - OMS estende o benefício da atenção farmacêutica 
para toda comunidade reconhecendo a relevância da participação do farmacêutico 
junto com a equipe de saúde na prevenção de doenças e promoção da saúde. Na 
ótica da OMS a atenção farmacêutica é “um conceito de prática profissional na qual 
o paciente é o principal beneficiário das ações do farmacêutico. A atenção 
farmacêutica é o compêndio das atitudes, os comportamentos, os compromissos, as 
inquietudes, os valores éticos, as funções, os conhecimentos, as responsabilidades 
e as habilidades dos farmacêuticos na prestação da farmacoterapia com o objetivo 
de obter resultados terapêuticos definidos na saúde e na qualidade de vida do 
paciente” (OMS, 1993). 
Os objetivos fundamentais, processos e relações da atenção farmacêutica 
existem independentemente do lugar que seja praticada (HEPLER & STRAND, 
1990). 
É importante ressaltar que o conceito de Atenção Farmacêutica de Hepler e 
Strand formulado em 1990, difundiu-se pelo mundo, e os diferentes países têm 
promovido discussões aprofundadas com o objetivo de adotar este novo modelo de 
prática farmacêutica, adaptando-o às suas particularidades específicas. 
Estas discussões têm sido responsáveis pela construção de uma série de 
definições diferentes para a mesma prática profissional, mas que mantém a idéia 
filosófica original de Hepler e Strand. 
Apesar disso, Strand relata a falta de uma definição universal de atenção 
farmacêutica. Enfatiza a necessidade de na prática profissional aplicar a mesma 
uniformidade de definições como ocorre com a terminologia clínico-farmacológica 
(Apha, 2002). 
Os seguidores mais puristas da Atenção Farmacêutica entendem que sua 
definição não deve afastar-se de seu conceito original. 
Ao longo da última década a atenção farmacêutica propagou dos Estados 
Unidos para diversos países. 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Na Espanha a Atenção Farmacêutica desenvolveu-se intensamente. O 
Consenso de Granada definiu atenção farmacêutica como: 
“a participação ativa do farmacêutico na assistência ao paciente na 
dispensação e seguimento do tratamento farmacoterápico, cooperando com o 
médico e outros profissionais de saúde, a fim de conseguir resultados que melhorem 
a qualidade de vida dos pacientes. Também prevê a participação do farmacêutico 
em atividades de promoção à saúde e prevenção de doenças” (CONSENSO 2001). 
 
Atenção Farmacêutica no Brasil 
Segundo Witzel (2008) ao final da década de 1990 começaram a ser 
observadas as primeiras iniciativas brasileiras no sentido de colocar em prática a 
Atenção Farmacêutica, partindo dos modelos propostos nos trabalhos americanos e 
espanhóis, além do intercâmbio de experiências que estavam sendo implementados 
em países latino-americanos, como o Chile e a Argentina. 
Em 2002 foi publicado um relatório intitulado Atenção Farmacêutica no 
Brasil: trilhando caminhos, que representa o registro do caminho trilhado até o 
momento para a promoção da Atenção Farmacêutica no Brasil, proposto pelo grupo 
coordenado pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS)/Organização 
Mundial da Saúde (OMS) e com a participação de profissionais de várias partes do 
país, a finalidade de divulgar os trabalhos realizados até a presente data,com um 
instrumento para a ampliação da participação de entidades e profissionais 
interessados. 
O grupo de trabalho que elaborou o relatório teve o objetivo geral de 
promover a Atenção Farmacêutica no Brasil e os objetivos específicos de elaborar 
uma proposta de pré-consenso para a promoção da Atenção Farmacêutica no Brasil, 
de propor a harmonização dos conceitos inerentes as práticas farmacêuticas 
relacionadas à promoção da Atenção Farmacêutica, de elaborar e implementar 
recomendações e estratégias de ação e de incentivar a criação de mecanismos de 
cooperação e fórum permanente. 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Nas discussões foram utilizados documentos produzidos pela Organização 
Mundial da Saúde - OMS e pela Organização Pan-americana de Saúde – OPAS. Um 
dos conceitos utilizados na discussão trata da missão da prática farmacêutica, que é 
definida como “prover medicamentos e outros produtos e serviços para a saúde e 
ajudar as pessoas e a sociedade a utilizá-los da melhor forma possível.” 
Existe uma série de recomendações internacionais com o propósito de 
promover a qualidade, o acesso, a efetividade e o uso racional de medicamentos. 
No encerramento da Conferência sobre Uso Racional de Medicamentos realizada 
em 1985, o diretor geral da OMS chamou a atenção para as responsabilidades dos 
governos, da indústria farmacêutica, dos prescritores e farmacêuticos, das 
universidades e de outras instituições de ensino, das organizações profissionais 
não-governamentais, do público, dos usuários e das associações de consumidores, 
dos meios de comunicação e da própria OMS para a promoção do uso racional de 
medicamentos. 
Entre as estratégias e recomendações propostas estão àquelas voltadas 
para a formulação de políticas nacionais de medicamentos e o repensar do papel do 
farmacêutico no sistema de atenção à saúde, ilustrado pelos informes das reuniões 
promovidas pela OMS em Nova Deli, Tóquio, Vancouver e Haia, além do Fórum 
Farmacêutico das Américas. 
Utilizando referenciais internacionais, análise do contexto sanitário e 
buscando a promoção da prática da Atenção Farmacêutica de forma articulada com 
a Assistência Farmacêutica, no marco da Política Nacional de Medicamentos foi 
definido pelo Consenso Brasileiro de Atenção Farmacêutica, no relatório “Atenção 
Farmacêutica no Brasil: trilhando caminhos” que: 
“atenção farmacêutica é modelo de prática farmacêutica, desenvolvida no 
contexto da assistência farmacêutica. Compreende atitudes, valores éticos, 
comportamentos, habilidades, compromissos e co-responsabilidades na prevenção 
de doenças, promoção e recuperação da saúde, de forma integrada à equipe de 
saúde. É a interação direta do farmacêutico com o usuário, visando uma 
farmacoterapia racional e a obtenção de resultados definidos e mensuráveis 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
voltados para a melhoria da qualidade de vida. Esta interação também deve 
envolver as concepções dos seus sujeitos, respeitada as suas especificidades 
biopsicossociais sob a ótica da integralidade das ações de saúde” (OPAS 2002). 
O conceito brasileiro destaca por considerar a promoção da saúde, incluindo 
a educação em saúde, como componente da atenção farmacêutica, o que constitui 
um diferencial marcante em relação às definições adotadas em outros países 
(OPAS, 2002). 
Também é importante ressaltar que, segundo o conceito brasileiro, 
assistência e atenção farmacêutica são distintas. Esta última refere-se a um modelo 
de prática e as atividades específicas do farmacêutico no âmbito da atenção à 
saúde, enquanto o primeiro envolve um conjunto mais amplo de ações, com 
características multiprofissionais (OPAS, 2002). Esse entendimento que esclarece 
as diferenças entre os dois termos e ao mesmo tempo contextualiza a Atenção 
Farmacêutica como uma atividade especializada da Assistência Farmacêutica é 
fundamental para que se possa desenvolver um projeto de Atenção Farmacêutica 
para o país. 
Assim, a Assistência Farmacêutica tem sido concebida como um conjunto de 
ações com características multiprofissionais, destinadas a apoiar as ações de saúde 
demandadas por uma comunidade, sendo, portanto, responsabilidade de todos e de 
cada um dos membros da equipe de profissionais envolvidos direta ou indiretamente 
com o uso de medicamentos pela sociedade. A Assistência Farmacêutica é, 
portanto, uma atividade essencial que possibilita que os vários processos que 
envolvem o fármaco, desde sua pesquisa até sua utilização, ocorram de forma 
segura e racional beneficiando individual e coletivamente os usuários de 
medicamentos no país. 
Enquanto que o conceito de Atenção Farmacêutica direciona o exercício 
profissional do farmacêutico para o atendimento das necessidades 
farmacoterapêuticas do paciente e este passa a ser seu foco principal de atenção. 
Desta forma, o farmacêutico assume a responsabilidade de buscar que o 
medicamento esteja produzindo no paciente o efeito desejado pelo médico que o 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
prescreveu e, ao mesmo tempo, que, ao longo do tratamento, não apareçam, ou 
apareçam de modo mínimo, problemas indesejados possíveis e, em caso de 
manifestação destes problemas, que eles sejam solucionados. 
Portanto, a atividade de atenção farmacêutica faz também parte do conceito 
de assistência farmacêutica, enquanto atividade especializada, realizada pelo 
farmacêutico, que passa a compartilhar os resultados de seu exercício profissional 
clínico com os demais profissionais envolvidos no atendimento ao paciente. 
A proposta de Consenso Brasileiro de Atenção Farmacêutica é um elemento 
de grande significância para a promoção e implantação deste novo modelo de 
prática profissional. O consenso é resultado do Grupo de Trabalho “Atenção 
Farmacêutica no Brasil” nucleado pela Organização Pan-Americana de Saúde – 
OPAS com apoio de diversas instituições farmacêuticas. 
Segundo Witzel (2008), embora a Atenção Farmacêutica esteja sendo muito 
discutida no Brasil, especialmente nos últimos cinco anos, e seja tema presente em 
praticamente todos os eventos científicos farmacêuticos promovidos no país, ainda 
há muita controvérsia, entre os próprios farmacêuticos, a cerca da conceituação 
desta nova atividade profissional, o que tem atrasado seu processo de implantação. 
Os termos Assistência e Atenção Farmacêutica são freqüentemente confundidos, 
gerando falhas na interpretação e dificuldades de comunicação da atividade para os 
demais profissionais da saúde, organismos governamentais e entidades prestadoras 
de assistência à saúde. 
Neste sentido, com o objetivo de demonstrar à sociedade e aos gestores 
públicos e privados que a ação do farmacêutico tem um impacto positivo na 
qualidade de vida do paciente, no uso racional do medicamento e nos gastos 
sanitários, foi estruturado o Projeto-piloto de Atenção Farmacêutica em Hipertensão 
Arterial, uma iniciativa envolvendo o Fórum farmacêutico das Américas (FFA), o 
Conselho Federal de Farmácia, o Programa de Doenças não Transmissíveis da 
Organização Pan-Americana de Saúde e a Escola de Farmácia de Ouro Preto, 
contando com o apoio da Secretaria Municipal de Saúde de Ouro Preto. O projeto foi 
desenhado com a intenção de ser desenvolvido em vários países das Américas, de 
 
 
 
 
 
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Este materialdeve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
forma coordenada e multicêntrica. A cidade de Ouro Preto no Brasil foi escolhida 
para sediar a fase piloto desse projeto que foi levado adiante no ano de 2002, e, a 
partir, desta primeira experiência, estão sendo feitas reuniões para definir as 
estratégias de expansão dessa experiência no Brasil (PROJETO, 2003). 
Paralelamente, outros países que fazem parte do FFA, como Argentina e Chile, 
começam também a se incorporar ao referido projeto. 
Segundo Witzel (2008), a participação brasileira nesse projeto do FFA 
constitui outro marco importante para a implementação da prática da Atenção 
Farmacêutica no Brasil. Um modelo estruturado, testado e validado, certamente 
produzirá informações valiosas sobre os impactos da morbidade e mortalidade 
relacionadas a medicamentos no Brasil e fortalecerá a importância do farmacêutico 
para a sociedade brasileira. 
 
Atenção Farmacêutica – O paciente como Foco 
 
Conforme Bisson (2007), na maioria das vezes o farmacêutico possui uma 
gama enorme de tarefas burocráticas, que o afastam do paciente e, assim como 
ocorreu em outros países, o farmacêutico brasileiro precisa gerenciar melhor seu 
tempo, diminuindo as tarefas administrativas e aumentando as atividades clínicas. 
Para isso acontecer, é necessário saber delegar serviços aos colaboradores 
diretos e informatizar processos de rotina. Portanto, o farmacêutico deve mudar sua 
postura e enxergar o paciente como foco de seu trabalho. 
Existem muitas situações em que o farmacêutico exerce cargos de gerência 
e é responsável pela compra, planejamento, armazenamento de insumos, 
comissões, escalas de trabalho, entre outras tarefas. Segundo Bisson (2007), nestas 
situações, o farmacêutico deve buscar a contratação de outros farmacêuticos para 
trabalharem na área da Atenção Farmacêutica, pois ninguém consegue desenvolver 
perfeitamente as duas atividades concomitantemente. 
Com isto, nem sempre é possível o farmacêutico conseguir direcionar suas 
atividades, ficando frustrado, porém pode-se traçar um plano de médio prazo para 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
adequação das funções. Não adianta o farmacêutico possuir um direcionamento 
clínico se a instituição onde ele trabalha ainda não enxergou os benefícios desta 
prática. Para isso, ele deve convencer as pessoas que têm o poder em sua 
organização de que realmente vale à pena investir na Atenção Farmacêutica. 
Também é importante para o farmacêutico brasileiro sentir-se apto a 
desenvolver a atenção farmacêutica, o que exige o desenvolvimento de seus 
conhecimentos e habilidades. 
A atenção ao paciente requer a integração de conhecimentos e habilidades, 
conforme a seguinte lista, elaborada por Bisson (2007): 
- Conhecimento de doenças; 
- Conhecimentos de farmacoterapia; 
- Conhecimentos de terapia não-medicamentosa; 
- Conhecimento de análises clínicas; 
- Habilidades de comunicação; 
- Habilidades de monitoração de pacientes; 
- Habilidades em avaliação física; 
- Habilidades em informação sobre medicamentos; 
- Habilidades em planejamento terapêutico. 
 
A prática focada no paciente baseia-se no fato de o farmacêutico colocar 
como centro de seu trabalho o cuidado do paciente, deixando de lado todas as 
outras funções (manipulação, logística e administração, entre outras). Além da 
dispensação de medicamentos, o farmacêutico deve conferir todas as prescrições 
que chegam até ele e, utilizando os conhecimentos farmacoterapêuticos e relativos 
às reações adversas a medicamentos, dados farmacocinéticos e perfil clínico do 
paciente, deve buscar o melhor para este. Eventuais intervenções devem ser 
anotadas em fichas próprias ou arquivos informatizados. 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Conforme Djenane Ramalho de Oliveira, no artigo Atenção Farmacêutica 
como Contracultura, disposto no site do Conselho Regional de Farmácia de Minas 
Gerais (CRFMG), a Atenção Farmacêutica valoriza o trabalho direto com as pessoas 
e o envolvimento com a comunidade, a construção de relacionamentos 
multiprofissionais e a responsabilização pela farmacoterapia. Surge um novo modelo 
profissional que visa à resolução de problemas específicos: os problemas 
relacionados com o uso de medicamentos. A partir daí surge à necessidade de 
novos conhecimentos. Além dos conhecimentos técnicos sobre o produto 
farmacêutico, surge a necessidade do conhecimento humano, que vai além do 
enclausuramento da estatística, da lógica e da busca incessante da objetividade. 
O profissional necessita adquirir conhecimentos sobre seres humanos e 
sobre suas experiências singulares com as diferentes doenças e com os 
medicamentos. Somente assim ele poderá contextualizar suas ações e, 
conseqüentemente, realizar intervenções que tenham um impacto positivo na vida 
das pessoas. 
A subjetividade única de cada indivíduo entra em cena e o profissional 
precisa lidar com uma condição do ‘não saber’, de não possuir todas as respostas. O 
farmacêutico passará a auxiliar o paciente no processo de tomada de decisões 
sobre sua farmacoterapia. Em outras palavras, o modelo da Atenção Farmacêutica 
exige transformações profundas no ser e no fazer profissional que contrapõem 
vários valores atuais da profissão. 
 
Atenção Farmacêutica – Responsabilidades 
Conforme Bisson, o conceito central de atenção ou cuidado (care) é o de 
propiciar bem-estar aos pacientes. No contexto amplo de saúde podemos ter o 
cuidado médico, o de enfermagem e o cuidado farmacêutico ou atenção 
farmacêutica. 
Os profissionais de saúde em cada uma de suas especialidades devem 
cooperar para o pronto restabelecimento da saúde dos seus pacientes, bem como 
melhorar seu cuidado global. No caso específico do farmacêutico, este deve utilizar 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
seus conhecimentos e habilidades para propiciar ao paciente um resultado otimizado 
na utilização de medicamentos. 
O farmacêutico como especialista do medicamento deve, em tese, exercer o 
papel fundamental na sociedade em prol do uso racional dos medicamentos. A sua 
presença nos estabelecimentos farmacêuticos deve oferecer aos usuários uma 
atenção de qualidade, que assegure o acesso aos medicamentos essenciais com 
equidade, universalidade e integridade. Esta postura exige do farmacêutico o 
desenvolvimento de novas habilidades, não só no campo do conhecimento como 
também de atitudes e comportamentos. No entanto, os farmacêuticos ainda não têm 
consciência dessas suas funções e regras na assistência à saúde, isso pode explicar 
porque os sistemas de saúde não o reconhecem como prestador de cuidados, nem 
estabelece forma clara de reembolso dos farmacêuticos por esses serviços. A 
filosofia de exercício profissional é um conjunto de valores que orienta os 
comportamentos associados a determinados atos, neste caso os atos relacionados 
ao cuidado farmacêutico é específico para profissão farmacêutica e não para o 
profissional. A filosofia da atenção farmacêutica inclui diversos elementos. Inicia com 
uma afirmação da necessidade, continua com um método centrado no paciente para 
satisfazer essa necessidade, tem como núcleo central o cuidado com e para com 
outros por meio do desenvolvimento e manutençãode uma relação terapêutica e 
finaliza com uma descrição das responsabilidades específicas do profissional. 
(conforme site http://www.revistas.ufg.br/index.php/REF/article/viewArticle/2113/2059, acessado 
em 21/03/08). 
Por outro lado, apesar de todo o trabalho realizado há uma grande barreira 
imposta pelos profissionais farmacêuticos. Os farmacêuticos, como uma categoria 
profissional, não aceitam atuar frente a estas responsabilidades. A profissão está 
evoluindo lentamente frente às demandas deste modelo. É necessário que haja 
mudanças drásticas nos currículos das Faculdades de Farmácia. Os currículos 
devem ter um enfoque direcionado na prática farmacêutica, onde os estudantes de 
graduação terão contatos com os usuários desde o primeiro ano do curso. Devemos 
criar uma cultura onde o cuidado aos pacientes seja um padrão de comportamento 
profissional. 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
Neste contexto, ocorre a necessidade do estímulo aos acadêmicos e 
profissionais recém-formados, os quais possuem íntegra a energia e o anseio de 
colaboração com a saúde da comunidade, de modo que ultrapasse as barreiras para 
realização de programa de Atenção Farmacêutica. 
O farmacêutico, além de produtos de medicamentos, passou também a ser 
co-responsável pela terapia medicamentosa, promovendo o uso racional de 
medicamentos, adquirindo maior ênfase no seu papel. O surgimento dessa nova 
filosofia de prática profissional, a Atenção Farmacêutica, veio estruturar, 
complementar e permitir esse novo papel do farmacêutico na atenção à saúde. 
Muito além de ser um simples dispensador de remédios, o farmacêutico está 
envolvido no processo de pesquisa de novas drogas, no estudo de efeitos colaterais 
e de reações adversas dos medicamentos já existentes, na fabricação de 
cosméticos, na medicação de doentes hospitalares, na fiscalização sanitária e em 
outras atividades que asseguram a qualidade de vida. 
Arcar com tamanha responsabilidade não é tão simples como possa 
parecer. Mais que boa vontade e alguns anos de estudos universitários, um bom 
farmacêutico necessita estar a par dos avanços medicinais, das novidades de sua 
área e das mudanças da sociedade (POLAKIEWICZ, 2002). 
A informação, assessoramento e orientação ao paciente, prestados pelo 
farmacêutico fazem com que se aplique na prática um resgate da verdadeira função 
do farmacêutico (COSTA, 2001). 
Dispensar um medicamento não é vender, mas conhecer seus clientes ou 
pacientes e orientá-los da melhor maneira possível sobre como usar o produto 
comprado (POLAKIEWICZ, 2002). 
O farmacêutico é um parceiro privilegiado do sistema de saúde, da indústria 
farmacêutica e do consumidor. O farmacêutico é o único profissional que conhece 
todos os aspectos do medicamento e, portanto, pode dar uma informação 
privilegiada às pessoas que o procuram na farmácia. 
A farmácia é uma instituição de saúde de acesso fácil e gratuito, onde o 
usuário, muitas vezes, procura em primeiro lugar o conselho amigo, desinteressado, 
mas seguro, do farmacêutico (ZUBIOLI, 2000). 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
A Atenção Farmacêutica é o componente da prática farmacêutica que 
implica na direta interação do farmacêutico com o paciente, com o propósito de 
atender necessidades relacionadas com os medicamentos e demais produtos 
terapêuticos (PERETTA E CICCIA, 2000). 
A responsabilidade do farmacêutico praticamente triplicou com a 
globalização. Hoje, o farmacêutico que trabalha em farmácia é visto como o 
profissional do paciente. A Atenção Farmacêutica exigida e dispensada aos 
pacientes dentro das farmácias legou ao farmacêutico, mais importância e também 
mais responsabilidade (SANTOS, 2001a). 
Torna-se imprescindível para o farmacêutico ter a noção exata de sua 
competência, e dos limites de sua intervenção no processo saúde-doença (ZUBIOLI, 
2000). 
O desenvolvimento científico e tecnológico que entrega, para o uso clínico, 
medicamentos cada vez mais potentes em sistemas de administração de maior 
complexidade, novas formas farmacêuticas, aliada às mudanças sociais, que 
tendem a se ampliar, aprofundar e modificar a atenção à saúde indica que o 
farmacêutico intensificará suas funções clínicas nos próximos anos. 
Conseqüentemente, assumirá maiores compromissos nos cuidados do paciente, 
especialmente no que se refere ao uso racional dos medicamentos que conduzam a 
bons resultados terapêuticos e ao provisionamento de informações à equipe de 
saúde, ao paciente e à comunidade (HAUBER, 1995). 
O termo Atenção Farmacêutica significa o processo pelo qual o farmacêutico 
atua com os profissionais e com o paciente na planificação, implementação e 
monitorização de uma farmacoterapêutica que produzirá resultados específicos. O 
aconselhamento ao paciente é um dos instrumentos essenciais para a realização da 
Atenção Farmacêutica, sendo imprescindível o desenvolvimento das habilidades de 
comunicação, para assegurar a boa relação farmacêutica – usuário (LYRA JR. et al., 
2000). 
A Atenção Farmacêutica baseia-se, justamente, na capacidade do 
farmacêutico de assumir novas responsabilidades relacionadas aos medicamentos e 
aos pacientes, através da realização de um acompanhamento sistemático e 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
documentado com o consentimento dos mesmos. Nesta perspectiva, a preparação 
de futuros farmacêuticos habilitados para o desempenho, com destreza, 
conhecimentos técnicos e compromisso social de suas atribuições, exige do ensino 
de farmácia e das suas universidades uma ênfase no desenvolvimento de todas as 
habilidades necessárias para a formação de profissionais pautados pela qualificação 
e excelência. Exige também uma visão e uma postura interdisciplinar, integradora, 
informadora (ALBERTON, 2001). 
Na Atenção Farmacêutica os farmacêuticos devem dispor do tempo 
necessário para determinar os desejos, as preferências e as necessidades do 
paciente relacionadas com a sua saúde, comprometer e continuar a atenção uma 
vez iniciada (PERETTA E CICCIA, 2000). 
Ainda, segundo os autores, a Atenção Farmacêutica é o que faz o 
farmacêutico quando: 
a) Avalia as necessidades do paciente relacionadas com os medicamentos; 
b) Determina se o paciente tem um ou mais problemas reais ou potenciais 
relacionados com os medicamentos; 
c) Trabalha com o paciente para promover a saúde, prevenir as doenças e 
iniciar, modificar e controlar o uso dos medicamentos com o fim de garantir que o 
tratamento farmacoterapêutico seja seguro e eficaz. 
O farmacêutico presta Atenção Farmacêutica quando executa os três passos 
com êxito em todos e a cada um dos seus pacientes. 
Segundo Hepler & Strand (1990), a bibliografia sobre a prevenção da 
mortalidade relacionada a medicamentos e o potencial da farmácia para preveni-la, 
justifica a reivindicação da farmácia de uma obrigação formal de auxiliar o paciente a 
obter a melhor terapia medicamentosa possível, e especialmente a protegê-lo do 
dano. Se as pessoas soubessem sobre a morbi-mortalidade devida aos fármacos, 
não somente pediriam aos farmacêuticos que estabelecessem medidas preventivas, 
mas exigiriam tais ações. 
Conforme os autores, nos tempos do boticário, talvez fossem suficientes 
dispensar o fármaco correto, corretamente etiquetado. Hoje se precisa mais dos 
farmacêuticos. Oprimeiro princípio da assistência médica é primum no nocere 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
(primeiro não causar dano). O código de ética da Associação Farmacêutica Norte-
Americana (AphA), adotado em 1969, declara que “um farmacêutico deve sustentar 
que a saúde e a segurança do paciente são prioritárias e deve sujeitar a cada 
paciente o total de sua capacidade profissional, como profissional de saúde 
essencial”. 
Ainda, segundo os autores, aceitar esta função incrementará uma grande 
medida no nível de responsabilidade dos farmacêuticos aos seus pacientes, e 
aceitar esta responsabilidade requer alterações filosóficas, organizacionais e 
funcionais na prática da farmácia. 
Hepler e Strand afirmam ainda que a missão da prática farmacêutica não 
seja somente a chamada Farmácia Clínica. As pesquisas e artigos dos últimos 20 
anos sugerem que os conhecimentos e habilidades clínicas não são suficientes por 
si mesmos para maximizar a efetividade dos serviços farmacêuticos. Deve, segundo 
os autores, existir, também, uma filosofia da prática e uma estrutura organizada 
dentro da que se exerça. Assim, foi denominada a filosofia da prática que se 
necessita “Atenção Farmacêutica” e a estrutura organizacional que facilita a provisão 
dessa assistência “Sistema de Atenção Farmacêutica”. A missão da prática 
farmacêutica que é consistente em sua função, é de promover a Atenção 
Farmacêutica. 
 
Atenção Farmacêutica – Planejamento, Estrutura e Implementação 
Segundo Bisson (2007), para implantar a Atenção Farmacêutica é 
necessário realizar um planejamento bem-feito, que é o segredo para conseguir 
resultados efetivos. O primeiro passo é realizar um diagnóstico do local onde se 
pretende implantar o projeto. 
Este diagnóstico consiste em algumas perguntas básicas: 
- Âmbito de atuação (ambulatorial, hospitalar, farmácia pública, domiciliar); 
- Perfil dos pacientes (socioeconômico, escolaridade, idade, sexo, religião, etc.) 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
- Perfil epidemiológico de patologias na região (diabetes, hipertensão, asma, 
câncer, osteoporose, doenças reumáticas, etc.) 
- Farmacêuticos envolvidos no projeto (perfil, formação, número, carga horária) 
- Instalações físicas (salas, consultórios, etc.) 
- Fontes de informação (computadores, Internet, Medline, livros, guias, 
bibliotecas) 
- Protocolos de trabalhos dos farmacêuticos. 
Segundo Cipolle e colaboradores (1998) para a realização da Atenção 
Farmacêutica são necessários requisitos físicos e humanos. Como requisitos físicos 
entendem-se espaço físico adequado, telefone, computadores, acesso à bibliografia, 
mobília adequada (principalmente a mesa de atendimento ao cliente). Segundo 
Machuca e colaboradores (2003) são importantes que a mesa seja arredondada 
para permitir uma aproximação maior do farmacêutico com o paciente. 
Como requisitos humanos têm-se o farmacêutico, agente que desenvolve o 
processo de atenção farmacêutica que necessita, primeiramente, querer realizar o 
processo de Atenção Farmacêutica e estar treinado para isto. Contudo, não se 
podem desconsiderar os outros funcionários da farmácia, que também deverão 
entender esta nova atividade do farmacêutico e garantir a privacidade do mesmo e 
do paciente durante as visitas, sem prejuízo das demais atividades desenvolvidas na 
farmácia. 
Após o levantamento de todas as informações necessárias, o farmacêutico 
precisará definir quais atividades ele exercerá e elaborar um projeto bem-detalhado, 
conforme podemos visualizar a seguir: 
 
1. Nome do Projeto 
2. Exposição de motivos (Por que fazer? Quem faz? Quem fez? Resultados?) 
3. Atividades a serem desenvolvidas (descrevendo como fazer) 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
a. Quais pacientes serão acompanhados (gestantes, idosos, crianças, 
adolescentes, mulheres); 
b. Patologias (asma, diabetes, hipertensão, dislipidemia, distúrbios de 
coagulação); 
c. Drogas, (neste caso, deve ser levado em conta o custo, a incidência de 
reações adversas, a taxa de utilização); 
d. Local onde será realizado; 
e. Impressos a serem utilizados (ou sistemas informatizados); 
f. Freqüência das visitas do paciente ou do farmacêutico (no caso de atenção 
domiciliar); 
g. Arquivamento destas informações; 
h. Confidencialidade das informações. 
 
4. Recursos 
a. Humanos (farmacêuticos, auxiliares, escriturários e recepcionistas) 
b. Materiais (salas, móveis, computadores, livros, assinaturas de bases de 
dados como Drugdex/Poisindex); 
c. Financeiros. 
 
5. Cronograma de Implantação 
6. Monitoração da implantação 
a. Indicadores a serem medidos (diminuição de custos, diminuição de consultas 
de emergência, diminuição das internações, aumento de sobrevida, aumento da 
qualidade de vida, etc.); 
b. Apresentação de resultados (como serão apresentados, tabelas, gráficos, 
etc.). 
 
 
 
 
 
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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores
 
7. Bibliografia de referência (é importante ressaltar que cada projeto deve ser 
elaborado individualmente, observando-se as características e peculiaridades de 
cada instituição. Na internet e no Medline, é possível encontrar uma enorme gama 
de modelos de trabalho de farmácia clínica e atenção farmacêutica, porém cada país 
e instituição têm suas próprias peculiaridades). 
 
É importante salientar que, segundo Plaza Pinol e Diez Rodrigues (2000), 
existem dificuldades encontradas pelos farmacêuticos para a implementação da 
Atenção Farmacêutica. Entre elas, destacam-se o medo de assumir novas 
responsabilidades, a necessidade de uma formação específica, a limitação da 
estrutura física da farmácia e o medo de não ter disponível recursos bibliográficos 
adequados (fontes de informação). 
 
Resultados 
Conforme Hepler e Strand (1990), a Atenção Farmacêutica é a provisão 
responsável do tratamento farmacológico com o propósito de alcançar resultados 
concretos que melhorem a qualidade de vida do paciente. Estes resultados são: 
- A cura da doença do paciente; 
- A redução ou eliminação de uma sintomatologia do paciente; 
- Controle ou diminuição do progresso de uma doença; 
- A prevenção de uma doença ou de uma sintomatologia. 
O que se deve ter em mente quanto a este modo de exercício profissional, é 
que a qualidade dos resultados se mede diretamente pela melhora da qualidade de 
vida fornecida ao paciente. E essa melhora deve ser obtida pela otimização da 
terapia medicamentosa e resolução dos problemas relacionados aos medicamentos. 
O que se propõe não é o exercício do diagnóstico ou da prescrição de 
medicamentos considerados de responsabilidade médica, mas a garantia de que 
 
 
 
 
 
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esses medicamentos venham a ser úteis na solução ou no alívio dos problemas do 
paciente. 
 
Problemas Relacionados a Medicamentos 
Conforme Bisson (2007), a Atenção Farmacêutica não envolve somente a 
terapia medicamentosa, mas também decisões sobre o uso de medicamentos para 
cada paciente. Apropriadamente, pode-se incluir nesta área a seleção de drogas, 
doses, viase métodos de administração; a monitoração terapêutica; as informações 
ao paciente e aos membros da equipe multidisciplinar de saúde; e o 
aconselhamento de pacientes. 
A resolução e prevenção de problemas relacionados a medicamentos levam 
ao planejamento, execução e seguimento de um plano terapêutico que será 
cumprido otimamente pelo farmacêutico. (Hepler; Strand, 1990). 
Um problema relacionado a medicamento (PRM) é definido como um 
problema de saúde relacionado ou suspeito de estar relacionado à farmacoterapia 
que interfere nos resultados terapêuticos e na qualidade de vida do usuário. 
Segundo Hepler e Strand (1990), a Atenção Farmacêutica implica em três 
funções primordiais em nome do paciente: 
- Identificar problemas potenciais e reais relacionados a 
medicamentos; 
- Resolver problemas reais relacionados a medicamentos; 
- Prevenir problemas potenciais relacionados a medicamentos. 
Segundo Bisson (2007), um PRM é dito real ou atual quando manifestado e 
potencial, na possibilidade de sua ocorrência. Pode ser ocasionado por diferentes 
causas, como as relacionadas ao sistema de saúde, ao usuário e aos seus aspectos 
biopsicossociais, aos profissionais de saúde e ao medicamento. 
A identificação de PRM segue os princípios de necessidade, efetividade e 
segurança, próprios da farmacoterapia. 
 
 
 
 
 
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Os problemas relacionados a medicamentos se apresentam mais 
comumente da seguinte maneira: 
1. Indicações sem tratamento: ocorrem quando o paciente possui um 
problema médico que requer terapia medicamentosa, mas não está recebendo um 
medicamento para esta indicação; 
Circunstâncias comuns desenvolvem situações em que o paciente necessita 
de um tratamento, mas não o está recebendo. Por exemplo, um paciente que está 
sendo apropriadamente tratado para uma doença vascular periférica, mas não está 
recebendo tratamento para a conseqüente anemia. Aqui, o objetivo do tratamento é 
o estado primário e o novo problema não foi identificado ou tratado. (STRAND et al, 
1990). 
2. Seleção inadequada de medicamentos: ocorre quando o paciente faz 
uso de um medicamento errado para a indicação de certa patologia; 
Às vezes, o tratamento usado para tratar o estado de saúde do paciente 
torna-se inefetivo ou existe um fármaco que provavelmente fosse mais efetivo, mas 
não está sendo utilizado. (STRAND et al, 1990). 
3. Dosagem subterapêutica: ocorre quando o paciente está recebendo o 
medicamento correto, porém em uma dosagem menor do que seria necessário para 
seu estado clínico; 
Ainda que seja um dogma fundamental para a medicina homeopática, 
subdoses de medicamentos podem ser classificados como PRM quando os 
resultados desejados para o paciente não foram alcançados (p.ex. a infecção não 
está respondendo ao tratamento com antibiótico em subdose). (STRAND et al, 1990) 
4. Fracasso no recebimento da medicação: ocorre quando o paciente 
possui um problema médico, porém não recebe a medicação que precisa (por 
questões financeiras, sociais, psicológicas ou farmacêuticas); 
5. Sobredosagem: ocorre quando o paciente tem um problema médico, 
mas recebe uma dosagem que lhe está sendo tóxica; 
 
 
 
 
 
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Por exemplo, um aumento súbito de dose de ácido nicotínico é associado ao 
aparecimento de reações cutâneas graves. (STRAND et al, 1990) 
6. Reações adversas a medicamentos (RAM): ocorrem quando o 
paciente possui um problema médico resultante de uma reação adversa ou efeito 
adverso; 
Por razões que não são inerentemente óbvias, os farmacêuticos têm 
definições descritas e quantificadas para as reações adversas a medicamentos 
(RAM) mais extensivamente que o restante dos PRM. De fato, numerosos artigos e 
livros tratam desse tema. Rawlings classificou os efeitos adversos em tipo A e tipo B. 
As reações do tipo A são consistentes com as ações farmacológicas do fármaco 
ocorrem habitualmente e, geralmente, são dose-dependentes. As reações do tipo B 
representam reações alérgicas e idiossincrásicas que são independentes da 
farmacologia do medicamento. Estas não são relacionadas com a dose. 
7. Interações medicamentosas: ocorrem quando o paciente possui um 
problema médico resultante de uma interação droga-droga, droga-alimento ou 
droga-exame laboratorial; 
Por exemplo, o leite inibe a absorção de preparados de ferro e o ácido 
ascórbico, os antibióticos beta-lactâmicos, a levodopa e os salicilatos, possuem 
interferência bastante documentada com os exames de glicose na urina. 
8. Medicamento sem indicação: ocorre quando o paciente faz uso de um 
medicamento que não tem uma indicação médica válida para aquele quadro clínico 
apresentando por ele. 
 
 
 
 
------------------FIM DO MÓDULO II----------------- 
	Etapa Tradicional 
	Etapa de Transição 
	Análise do Período de Transição

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