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GENÉTICA BIOQUÍMICA ERROS INATOS DO METABOLISMO (EIM) Prof. Dra. Vanessa B. Ribeiro GENÉTICA BIOQUÍMICA Engloba todas as doenças genéticas que resultam em alterações metabólicas (bioquímicas) no organismo Erros inatos do metabolismo (EIM) – decorrentes de alterações enzimáticas Mais de 500 doenças conhecidas, geralmente associadas a danos neurológicos 99% são heranças autossômicas recessivas Heterozigoto raramente apresenta sintomas clínicos GENÉTICA BIOQUÍMICA 25% ERROS INATOS DO METABOLISMO Distúrbios genéticos que correspondem a um defeito enzimático capaz de acarretar a interrupção de uma via metabólica Metabolismo: Série de reações gradativas Cada etapa é catalisada por uma enzima específica SUBSTRATO PRODUTO Via metabólica bloqueada quando a enzima esta ausente ou é produzida de forma insuficiente Mutações E substrato produto enzima produto substrato enzima rota alternativa produto alternativo NORMAL DEFEITO ENZIMÁTICO Problemas decorrentes de: Ausência de produto final Acúmulo de substrato Interferência nos mecanismos reguladores Doenças de armazenamento ERROS INATOS DO METABOLISMO Pode acarretar dois tipos de efeito: Ausência de reação subsequente para o qual o produto final seria o substrato O mecanismo de inibição retroativa que tal produto exerceria fica prejudicado 1.AUSÊNCIA DO PRODUTO FINAL Ø Ø ALBINISMO OCULOCUTÂNEO TIPO 1 1.AUSÊNCIA DO PRODUTO FINAL Herança Autossômica Recessiva ALBINISMO OCULOCUTÂNEO TIPO 1 1.AUSÊNCIA DO PRODUTO FINAL • Falta de tirosinase no melanócito – bloqueia a produção de melanina ALBINISMO OCULOCUTÂNEO TIPO 1 Pele branco-leitosa – eritemas por exposição solar Cabelo branco-amarelado Olhos com ausência de pigmento na retina – íris azul-acinzentada 1.AUSÊNCIA DO PRODUTO FINAL ALBINISMO OCULOCUTÂNEO TIPO 1 Fotofobia Astigmatismo; diminuição da acuidade visual Suscetibilidade ao câncer de pele 1.AUSÊNCIA DO PRODUTO FINAL SÍNDROME DE LESCH-NYHAN Herança recessiva ligada ao X Não ocorre o controle retroinibitório na via de síntese das purinas Deficiência da enzima hipoxantina-guanina fosforribosiltransferase I (HPTR1) Consequência: Super produção de purinas Excreção excessiva de ácido úrico (hiperuricemia e hiperuricosúria) 1.AUSÊNCIA DO PRODUTO FINAL SÍNDROME DE LESCH-NYHAN o Deficiência da enzima HPTRI SÍNDROME DE LESCH-NYHAN Início das manifestações a partir do 3º mês de vida Atraso no desenvolvimento, vômitos e hipotonia A partir dos 2 anos: alterações de comportamento - comportamento agressivo e auto-destrutivo compulsivo (sem perda da sensibilidade) Extração dos dentes, imobilização dos braços Afeta neurônios – desenvolvimento comportamental Perda do controle motor – primeiro ano de vida Dores articulares 1.AUSÊNCIA DO PRODUTO FINAL SÍNDROME DE LESH-NYHAN 1.AUSÊNCIA DO PRODUTO FINAL SÍNDROME DE LESH-NYHAN Frequência: 1:300.000 Tratamento: alopurinol – reduz os níveis de ácido úrico e os sintomas decorrentes do seu excesso Nenhuma droga é capaz de reduzir os efeitos no SNC 1.AUSÊNCIA DO PRODUTO FINAL Efeitos podem ser de dois tipos: O próprio substrato acumulado é prejudicial Com o acúmulo do precursor, ocorrem vias metabólicas alternativas, com superprodução de metabólitos tóxicos 2.ACÚMULO DO SUBSTRATO produto substrato enzima rota alternativa produto alternativo GALACTOSEMIA 2.ACÚMULO DE SUBSTRATO Deficiência da enzima galactose-1-fosfato- uridiltransferase Acúmulo de galactose Sangue, fígado, rins, cérebro GALACTOSEMIA 2.ACÚMULO DE SUBSTRATO Doença autossômica recessiva GALACTOSEMIA 2.ACÚMULO DE SUBSTRATO Normalidade aparente ao nascimento 2º semana: vômitos, diarréia, desnutrição e atraso no desenvolvimento Se não houver tratamento: Cirrose Hepatoesplenomegalia Galactosúria Deficiência mental Catarata GALACTOSEMIA 2.ACÚMULO DE SUBSTRATO Tratamento: Substituição permanente do leite da dieta por produtos que não contenham galactose e nem lactose 2.ACÚMULO DE SUBSTRATO ALCAPTONÚRIA Deficiência da enzima oxidase do ácido homogentísico 2.ACÚMULO DE SUBSTRATO ALCAPTONÚRIA Herança autossômica recessiva Sintomas resultantes do acúmulo do ác. homogentísico no tecido conjuntivo (pele e articulações) • Endurecimento e coloração marrom-alaranjada do tecido cartilaginoso • Depósitos escuros nas escleras oculares • Escurecimento da urina em contato com o ar (fralda molhada marrom) • Artrite aguda e invalidez (50 – 70 anos) 2.ACÚMULO DE SUBSTRATO ALCAPTONÚRIA 2.ACÚMULO DE SUBSTRATO ALCAPTONÚRIA Tratamento: • Dieta com restrição dos aminoácidos fenilalanina e tirosina 2.ACÚMULO DE SUBSTRATO FENILCETONÚRIA (PKU) Herança autossômica recessiva 2.ACÚMULO DE SUBSTRATO FENILCETONÚRIA (PKU) Bloqueio enzimático na conversão de fenilalanina em tirosina • Fenilalanina-hidroxilase Ativação de uma via secundária Geração de produtos tóxicos 2.ACÚMULO DE SUBSTRATO FENILCETONÚRIA (PKU) Via alternativa 2.ACÚMULO DE SUBSTRATO FENILCETONÚRIA (PKU) Crianças normais ao nascer Progressivamente tornam-se deficientes Hiperatividade, irritabilidade, convulsões Algumas são violentas – distúrbios de comportamento em nível psicótico; incapacidade motora; microcefalia Odor de mofo – excreção urinária de fenilcetonas Acarreta deficiência na produção da tirosina, com redução na formação de melanina (pele, cabelo e olhos claros) FENILCETONÚRIA (PKU) Tratamento: reduzir ingestão de alimentos ricos em fenilalanina (carnes, grãos, leite e derivados) No mínimo, período de crescimento ou até a adolescência 2.ACÚMULO DE SUBSTRATO A falta de um produto final ou o excesso de um substrato podem interferirnos mecanismos reguladores Causa de vários tipos de de doenças Hipercolesterolemia hereditária • Herança autossômica dominante • Aumento dos níveis plasmáticos de colesterol 3.INTERFERÊNCIA NOS MECANISMOS REGULADORES 3.INTERFERÊNCIA NOS MECANISMOS REGULADORES HIPERCOLESTEROLEMIA HEREDITÁRIA 3.INTERFERÊNCIA NOS MECANISMOS REGULADORES HIPERCOLESTEROLEMIA HEREDITÁRIA Colesterol: formação das membranas celulares, hormônios, sais biliares • Insolúvel: transportado como complexo lipoprotéico (LDL) Colesterol: obtido de forma exógena (alimentação) ou endógena (síntese hepática) 3.INTERFERÊNCIA NOS MECANISMOS REGULADORES HIPERCOLESTEROLEMIA HEREDITÁRIA Níveis intracelulares são mantidos por regulação retroativa: colesterol livre na célula impede a síntese de receptores de LDL e a síntese endógena de colesterol Nos indivíduos doentes alta [LDL] no sangue deficiência de receptores de LDL ou síntese defeituosa (mutações); superprodução endógena 3.INTERFERÊNCIA NOS MECANISMOS REGULADORES São descritas + 400 mutações diferentes no gene do receptor de LDL 3.INTERFERÊNCIA NOS MECANISMOS REGULADORES HIPERCOLESTEROLEMIA HEREDITÁRIA Indivíduos homozigotos: frequência 1/250.000 RN Raros casos Níveis sanguíneos podem atingir até 1.200mg/dL Morte por doença coronariana na 1º infância Poucos sobrevivem por mais de 30 anos Indivíduos heterozigotos: frequência 1:500 RN Risco aumentado de doença coronariana Xantomas e xantelasmas HIPERCOLESTEROLEMIA HEREDITÁRIA Xantomas e xantelasmas: depósitos de colesterol na pele, nos tendões e nas pálpebras 3.INTERFERÊNCIA NOS MECANISMOS REGULADORES HIPERCOLESTEROLEMIA HEREDITÁRIA 3.INTERFERÊNCIA NOS MECANISMOS REGULADORES DOENÇA DE ARMAZENAMENTO DO GLICOGÊNIO Glicogênio é um polímero de glicose Armazenado normalmente no fígado e nos músculos (reserva energética da célula) 4. DOENÇAS DE ARMAZENAMENTO DOENÇA DE ARMAZENAMENTO DO GLICOGÊNIO A doença de armazenamento resulta no acúmulo excessivo do produto em tecidos específicos, devido à sua degradação defeituosa Pode afetar um único tecido (fígado) ou pode ser generalizada (fígado, músculos, rins) Gravidade variável: leves até fatais no início da infância 4. DOENÇAS DE ARMAZENAMENTO DOENÇA DE ARMAZENAMENTO DO GLICOGÊNIO Doença que afeta primariamente o fígado: • Deficiência de crescimento • Hepatomegalia • Hipoglicemia de jejum grave • Cirrose hepática progressiva Doença que afeta primariamente o músculo: • Miopatia esquelética • Fraqueza • Excreção de mioglobina na urina 4. DOENÇAS DE ARMAZENAMENTO DOENÇAS DE ARMAZENAMENTO LISOSSÔMICO Ocorrem pelo acúmulo de substratos em quantidades anormais dentro dos lisossomos celulares Lisossomos – organelas intracelulares que contém diversas enzimas hidrolíticas Se essas enzimas não são produzidas ou estão em quantidades insuficientes acúmulo de substrato dentro da célula formação de inúmeros vacúolos de armazenamento 4. DOENÇAS DE ARMAZENAMENTO DOENÇAS DE ARMAZENAMENTO LISOSSÔMICO Mucopolissacaridoses Redução nos níveis das enzimas envolvidas no metabolismo dos mucopolissacarídeos Produtos armazenados nos lisossomos aparecem em grande quantidade na urina Pacientes com alterações esqueléticas, vasculares e neurológicas Características faciais grosseiras 4. DOENÇAS DE ARMAZENAMENTO DOENÇAS DE ARMAZENAMENTO LISOSSÔMICO Ex: Síndrome de Hurler (recessiva ligada ao X)e Síndrome de Hunter (autossômica recessiva) 4. DOENÇAS DE ARMAZENAMENTO GENÉTICA BIOQUÍMICA Diagnóstico pré-natal para a maioria dos EIM: Amniocentese - Análise bioquímica de amniócitos cultivados Análise das vilosidades coriônicas – biópsia Onde circula o sangue do embrião Análise de DNA Liquído amniótico Vilosidade coriônica Sangue fetal (cordocentese) GENÉTICA BIOQUÍMICA Diagnóstico pós-natal - Teste do pezinho Detecção precoce das doenças metabólicas, genéticas e infecciosas FIM
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