Buscar

Introdução a Hematologia e Biossegurança

Prévia do material em texto

Hematologia – FARM UFAL 2018
Introdução da Disciplina 
Sangue
É um tecido conjuntivo que se caracteriza pelo fato de sua substância intracelular ser líquida que circula rapidamente dentro de um sistema fechado de vasos denominado sistema circulatório. É constituído por um fluido no qual existem células em suspensão, moléculas e íons dissolvidos em água apresentando propriedades das soluções coloidais. Apresenta como funções básicas: 
Transporte de substâncias como nutrientes, gases respiratórios e excretas;
Proporciona a defesa corporal.
O sangue apresenta ao microscópio óptico duas partes bem definidas, a parte líquida (plasma) e a parte sólida (elementos figurados).
 
Exames Hematológicos
É uma avaliação qualiquantitativa. É o parâmetro geral de como se encontra o paciente. O hemograma pode ser dividido em 3 partes:
- Eritrograma: eritrócitos, hemoglobina, hematócrito (VCM, HCM, CHCM, RDW)
- Leucograma: leucócitos e neutrófilos (distinguir bastonados e segmentados, se for notado desvio à microscopia), linfócitos, monócitos, eosinófilos, basófilos (mielócitos, blastos e outros, se houver)
	- Plaquetograma: plaquetas (VPM)
Além do hemograma, existem outros tipos de exames hematológicos como: o coagulograma (analises e detecção no tempo de coagulação do sangue), mielograma (coleta do sangue da medula óssea, feito para verificar como está o funcionamento da produção do sangue e identificar possíveis patologias como leucemia, linfoma, anemia, etc.) e VHS (velocidade de hemossedimentação dos glóbulos vermelhos do sangue, o teste avalia a altura da camada de céls. Que se depositam no fundo de um tubo de vidro com sangue durante um período de tempo).
Soro e Plasma
O plasma é composto por água (90%), sais minerais (0,9%), proteínas (7%), aminoácidos, açúcares, glicerol, ácidos graxos e vitaminas. É possível obter o plasma da amostra através da adição de um anticoagulante como por exemplo o EDTA, heparina, citrato de sódio. As principais proteínas presentes no plasma são:
	- Albumina: a mais abundante, e as funções são: reserva, equilíbrio osmótico e transporte de algumas substâncias sendo produzida pelo fígado.
	- Fibrinogênio: relacionado ao processo de coagulação sanguínea, também produzido pelo fígado.
	- Globulinas (imunoglobulinas + anticorpos): relacionadas aos mecanismos de defesa corporal, sendo produzidas pelos plasmócitos.
Já o soro é o termo usado para designar o plasma sem o fibrinogênio e fatores de coagulação. Nesse caso o plasma perde a capacidade de coagulação sanguínea. Ou seja, é a porção líquida amarelada do sangue que resta após a coagulação e remoção do coágulo. Nenhum anticoagulante é utilizado. 
Anemias 
É definida como síndrome caracterizada por diminuição de massa eritrocitária total. Laboratorialmente a anemia é definida como hemoglobina menor que 12g/dl em mulheres ou 13g/dl em homens. As síndromes anêmicas podem ser classificadas quanto à proliferação (pelo índice de reticulócitos) e quanto à morfologia (pela ectoscopia da hemácia ou valores de VCM e HCM).
	
- Anemia ferropriva – a deficiência de ferro representa a causa mais comum de anemia. 
- Anemia megaloblástica: pode ser causada por deficiência de vitamina B12 ou ácido fólico, que ocorre por baixa ingesta de folato ou por impacto na absorção, como no caso da anemia perniciosa.
- Talassemia: é a doença hereditária resultante de um defeito genético a síntese de uma ou mais cadeias globínicas da hemoglobina. Há dois principais tipos a α e a β que podem se manifestar como minor, intermédia ou major.
- Anemia Falciforme: ocorre por mutação que substitui o ácido glutâmico por valina na posição 6 da cadeia β da globina. A hemácia com a globina mutante quando desoxigenada torna a clássica forma de foice, perdendo a flexibilidade necessária para atravessar pequenos capilares.
- Anemias Hemolíticas: esferocitose hereditária (representa a mais comum desordem congênita da membrana eritróide, disfunção de uma ou mais proteínas da membrana), deficiência na glicose 6 fosfato desidrogenase (representa a anormalidade mais comum do metabolismo da hemácia, é uma desordem genética ligada ao cromossomo X), anemia hemolítica autoimune (ocorre quando há destruição precoce das hemácias mediada por auto anticorpos fixados a antígenos da membrana eritrocitária que determina uma série de reações causando a lise dessas células, além de fagocitose pelo sistema macrofagocítico), anemia hemolítica microangiopática (hemólise microvascular causada por fragmentação de eritrócitos normais passando por vasos anormais).
- Anemia de doenças crônicas – causa com anemia normocítica e normocrômica, geralmente leve e moderada. Sua causa é multifatorial e as doenças infecciosas, autoimunes, neoplasias e insuficiência renal crônica são condições associadas.
Leucemias 
A leucemia representa um grupo de neoplasias malignas derivadas das células hematopoiéticas. Se inicia sempre na medula óssea, local onde as céls. sanguíneas são produzidas, e posteriormente invadem o sangue periférico, podendo atingir vários órgãos do paciente afetado. De acordo com a cél. de origem, as leucemias podem ser classificadas em mielóide ou linfocítica.
De acordo com o comportamento clínico da doença as leucemias podem ser classificadas em aguda e crônica. Desta forma tem-se 4 tipos principais de leucemia:
Leucemia Linfocítica Aguda (LLA)
Leucemia Mielocítica Aguda (LMA)
Leucemia Linfocítica Crônica (LLC)
Leucemia Mielocítica Crônica (LMC)
Hemácias 
Também chamadas de eritrócitos ou glóbulos vermelhos, tem como função o transporte de oxigênio no sangue. Esse transporte acontece devido a presença de um pigmento respiratório denominado hemoglobina (proteína associada a um grupo heme, que contêm ferro), além disso a hemoglobina é responsável pela cor vermelha do sangue. 
As hemácias são anucleadas, bicôncavas e com grande relação superfície/volume, o que a torna mais eficazes na captação de oxigênio. São incapazes de fazer mitose, apresentam vida curta de cerca de 120 dias e cabe a medula óssea promover constante renovação. As hemácias são formadas a partir do tecido hematopoiético mieloide. Ainda na medula óssea vermelha e nucleados
No sangue, e são anucleados 
Corrente sanguínea 
Pelo fato de não possuírem organelas, hemácias não possuem mitocôndrias, não realizando respiração aeróbica e obtendo energia a partir do mecanismo de fermentação láctica. O número normal de hemácias o sangue é de aproximadamente 4,5 a 5,5 milhões de hemácias por mm³ de sangue, sendo a quantidade menor em mulheres, explicado pela menor atividade metabólica, relacionada a menor massa muscular.
Leucócitos
Também chamados de glóbulos brancos são as principais células de defesa do organismo. A maioria age através de mecanismos como fagocitose de mo’s invasores, apesar de que alguns deles não tem essa capacidade. São divididos em duas categorias: granulócitos e agranulocitos. 
Granulócitos: são caracterizados pela grande quantidade de grânulos intracitoplasmáticos, correspondente a lisossomas ou vesículas contendo enzimas líticas, e pelos núcleos segmentados ou multilobados. 
Agranulócitos: são caracterizados pela pouca quantidade de grânulos intracitoplasmáticos e pelos núcleos de forma esférica ou reniforme.
- Neutrófilos: são céls. de formato ameboide que agem contra bactérias através de processos de fagocitose. São as células de defesa mais abundantes, sempre são as primeiras a chegar no local da infecção. Correspondem 60 a 70%. 
- Eosinófilos: ou acidófilos (devido ao fato de se corarem com corantes ácidos como a eosina, cor de rosa) são céls. de formato ameboide com função de eliminação de parasitas, protozoários e vermes. Esse combate é feito através de fagocitose e pela produção de perfurina. O aumento de eosinófilos em um hemograma é sinônimo de verminoses, mas, esses também podem aumentar diante de reações alérgicas. Os eosinófilos correspondem a cerca de 2 a 4% dos leucócitos.- Basófilos: são céls. em formato ameboide com função de produção e acúmulo de mediadores da inflamação principalmente a histamina. São os leucócitos menos abundantes no sangue correspondendo a cerca de 0,5 a 1% dos mesmos. Se coram por corantes básicos, como a hematoxilina, de cor azul.
- Monócitos: são céls. de formato ameboide, com núcleo esférico ou reniforme, que agem contra bactérias através de processos de fagocitose. São células especificas capazes de reconhecer o agente agressor e combate-lo da melhor maneira possível. Além disso, secretam substâncias que atraem outros leucócitos. 
- Linfócitos: são céls. em formato esférico com núcleo grande ocupando quase todo o citoplasma. Eles ocorrem em dois tipos:
 1. Linfócito T: produzidos no tecido hematopoiético linfoide, e sofrem o processo de maturação no timo. Duas variedades o T4 (auxiliares, controle de todas as funções do sistema imunológico) e o T8 (citotóxicos, céls. assassinas naturais, agem contra céls. infectadas por vírus e cancerosas)
 2. Linfócito B: também são produzidos no tecido hematopoiético linfoide, e sofrem o processo de maturação nos órgãos linfáticos espalhados pelo corpo. Tem a função de se transformar em plasmócitos, que por sua vez produzem anticorpos.
Plaquetas
As plaquetas ou trombócitos não são células, mas fragmentos de uma célula proveniente da medula óssea vermelha denominada megacariócito. Elas participam do processo de coagulação sanguínea, pois acumulam vesículas que contem a enzima tromboplastina.
O número normal de plaquetas no sangue é de aproximadamente 250 a 400 mil plaquetas por mm³ de sangue. A diminuição é denominada trombocitopenia e pode levar a uma deficiência na coagulação com consequentes tendências hemorrágicas. Já o aumento na quantidade de plaquetas é denominado trombocitose e pode levar a coagulação sanguínea no interior de vasos sanguíneos intactos, promovendo a formação de coágulos que podem obstruir a passagem do sangue para determinadas áreas do corpo.
Doação de Sangue 
A doação de sangue ocorre quando uma pessoa voluntariamente vai a um centro especializado e disponibiliza seu sangue para ser usado em transfusões ou outras situações clínicas como transplantes e procedimentos oncológicos. 
Uma pessoa adulta tem, em média, 5L de sangue. Em cada doação, o máximo de sangue retirados é de 450ml. E necessita se ter intervalo entre as doações, no caso de homens de 2 em 2 meses, sendo, no máximo, 4 vezes ao ano, e em mulheres de 3 em 3 meses, sendo, no máximo, 3 doações anuais.
Blastos 
Também chamadas de células blásticas, os blastos são células hematopoiéticas primitivas.
Medula Óssea
A medula óssea é um tecido líquido-gelatinoso rico em nutrientes localizado principalmente no interior dos ossos tais como o esterno e ossos do quadril. Existem dois tipos de medula óssea: a vermelha e a amarela (sendo que essa possui uma quantidade maior de céls. de gordura).
A medula óssea funciona como uma fábrica que produz todas as céls. encontradas na medula e na corrente sanguínea. Esta fábrica depende da função das céls. pluripotentes- capacidade de uma cél. de formar muitos tipos diferentes de céls. Possui 2 tipos de células troncos a mesenquimal e hematopoética.
Biossegurança
Definição
Segurança biológica alcançada com a implementação de conceitos básicos de segurança biológica e elaboração de códigos nacionais de procedimentos para um manuseamento seguro dos mo’s patogênicos nos laboratórios dentro dos seus territórios. Biossegurança consiste em um conjunto de estudos e procedimentos que possuem como objetivo evitar/controlar os riscos provocados por o uso de agentes físicos, químicos ou biológicos a biodiversidade.
Classificação de Risco 
Classe de risco 1 (baixo risco individual e para a coletividade): inclui os agentes biológicos conhecidos por causarem doenças em pessoas ou animais adultos sadios.
Classe de risco 2 (moderado risco individual e limitado risco para a comunidade): inclui os agentes biológicos que provocam infecções no homem ou nos animais, cujo potencial de propagação na comunidade de disseminação no meio ambiente é limitado, e para os quais existem medidas terapêuticas e profiláticas eficazes.
Classe de risco 3 (alto risco individual e moderado risco para a comunidade): inclui os agentes biológicos que possuem capacidade de transmissão por via respiratória e que causam patologias humanas ou animais, potencialmente letais, para as quais existem usualmente medidas de tratamento e/ou prevenção. Representam risco se disseminados na comunidade e no meio ambiente, podendo se propagar de pessoa a pessoa.
Classe de risco 4 (alto risco individual e para a comunidade): inclui os agentes biológicos com grande poder de transmissibilidade por via respiratória ou de transmissão desconhecida. Até o momento não há nenhuma medida profilática ou terapêutica eficaz contra infecções ocasionadas por estes. Causam doenças humanas e animais de alta gravidade, com alta capacidade de disseminação na comunidade e no meio ambiente. Inclui principalmente os vírus.
Classe de risco especial (alto risco de causar doença animal grave e disseminação no meio ambiente): inclui agentes biológicos de doenças animal não existente no país e que, embora não sejam obrigatoriamente patógenos de importância para o homem podem gerar graves perdas econômicas e/ou na produção de alimentos.
EPI’S e EPC’S
EPI’S – são equipamentos de proteção individual, que servem para a proteção do contato com agentes infecciosos, substâncias irritantes e tóxicas, matérias perfurocortantes e materiais submetidos a aquecimento ou congelamento. Os EPI’s que devem estar disponíveis obrigatoriamente, para todos os profissionais que trabalham em ambientes laboratoriais são: jalecos, luvas, máscaras, óculos e protetores faciais. Além de protetores de ouvido para trabalhos muito demorados e máscaras de proteção contra gases para uso na manipulação de substâncias químicas tóxicas.
EPC’S – são equipamentos de proteção coletiva. As cabines de segurança biológica (CSB) são equipamentos utilizados para proteger o profissional e o ambiente laboratorial dos aerossóis potencialmente infectantes que podem se espalhar durante a manipulação. Alguns tipos de cabine protegem também o produto que está sendo manipulado do contado com o meio externo, evitando contaminações. Assim como também o chuveiro de emergência, o lava-olhos e extintores de incêndios. 
Além disso, nos laboratórios clínicos deve constar um kit de primeiros socorros, com material necessário para pequenos ferimentos na pele, kit de desinfecção, para descontaminação em casos de acidentes biológicos, com funcionários treinados para o manuseio. 
Normas de Biossegurança em Laboratórios Clínicos
Para cada classe de laboratório existente, existe normas de biosseguranças diferentes. No caso dos laboratórios de classe 1 algumas ações como pipetar com a boca deve ser inadmissível, assim como: não colocar materiais sem rótulos perto de órgãos sensoriais como boca e nariz, os procedimentos técnicos devem visar menor formação de aerossóis e gotículas, quando houver acidentes ou contato com o material biológico esse deve ser rapidamente notificado, nos laboratórios de classe 2,3 e 4 devem ser mantidos as mesmas normas, sofrendo essas pequenas alterações no que diz a respeito ao código de práticas, concepção e instalação do laboratório e na vigilância médica do pessoal. 
Coleta e Segurança do Paciente
É necessária maior atenção na fase pré-analítica (antes do exame) para maior segurança do paciente e a garantia de resultados confiáveis. Caso a coleta seja feita pelo próprio paciente, em situações mais simples esse pode ser orientado por instruções verbais, quando o procedimento for mais complexo vê-se a necessidade de entregar um folheto explicativo. Além disso, para cada tipo de material coletado deve haver um ambiente especifico, assim como profissional adequado, boas práticas laboratoriais e de manipulação, assepsiae descarte adequado do material utilizado. É de extrema importância também verificar se o paciente faz uso de alguma medicação que possa vir causar determinada alteração no exame.

Continue navegando