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Tribunal de Contas da União
TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO	TC-000.183/2005-0
GRUPO I – CLASSE II – 2ª Câmara
TC-000.183/2005-0 - c/ 2 volumes e 2 anexos
Natureza: Tomada de Contas Especial 
Entidade: Município de Carmópolis/SE
Responsável: Theotonio Narcizo da Cruz Neto, ex-Prefeito (CPF 038.784.655-72)
Advogado: Jussara Maria Moreno Jacinhto (OAB/SP 171645-b)
Sumário: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. CITAÇÃO. AS ALEGAÇÕES DE DEFESA NÃO LOGRARAM DESCARACTERIZAR E/OU JUSTIFICAR AS IRREGULARIDADES. CONTAS IRREGULARES. DÉBITO. MULTA.
RELATÓRIO
Adoto como relatório a instrução da lavra do ACE Wagner Ferreira da Silva, que foi devidamente acolhida pelos dirigentes da Secex/SE e pelo representante do Ministério Público junto a esta Corte. 
“2. DESCRIÇÃO DOS FATOS
 Trata-se de Tomada de Contas Especial – TCE, instaurada pela Fundação Nacional de Saúde - FUNASA contra a Sr. Theotônio Narciso Da Cruz Neto, CPF nº 038.784.655-72, ex-Prefeito Municípal de Carmópolis/SE, em decorrência de irregularidades verificadas na aplicação dos recursos repassados ao Município de Carmópolis/SE, por força do Convênio nº 1059/1997 (Siafi nº 340407) (fls. 158/164), cujo objeto era a ampliação do sistema de abastecimento de água no Município de Carmópolis/SE. Foram repassados à aludida Prefeitura os valores de R$ 65.610,79 (98OB02835, de 28.04.1998 – fls. 171), R$ 65.610,77 (98OB08517, de 15.09.1998 – fls. 212) e R$ 131.221,54 (98OB08520, de 15.09.1998 – fls. 221).
2. Instado a apresentar a prestação de contas em 04/01/2000 (fls. 272/273) e em 15/03/2000 (fl. 276), o responsável manteve-se silente, razão pela qual foi solicitada em 09/06/2000 a instauração da presente Tomada de Contas Especial (fls. 287). 
3. Em 31/05/2000, o Engenheiro Álvaro José Bastos Figueiredo, Chefe da SESAN/FNS, emitiu o Relatório de Viagem de fls. 279 no qual afirma, verbis: 
“(...) Considerando ainda que a Prefeitura de Carmópolis havia ligado, pois tinha entrado em inadimplência por falta de prestação de contas, acertamos uma reunião em Carmópolis no dia 12/05/2000.
Paralelo a isto, solicitamos à UCECON/BSB, o processo para melhor avaliar a situação.
Em reunião realizada na Prefeitura com a presença do Secretário Geral de Finanças e o Eng. Berbeti, ficou claro que para a conclusão das obras faltava a entrega de um Booster, a instalação de outro na caixa subterrânea e o reparo nas ruas onde o calçamento cedeu no local das valas escavadas, já que de resto o sistema construído está em funcionamento (...).”.
.................
Conclusão:
Conforme visita feita na cidade, notamos que para a conclusão da obra faltam poucos serviços. Assim que o processo retornar ao SESAN/COOR/SE para emissão do Parecer técnico final referente à prestação do contas final, voltaremos à Carmópolis para efetuar as devidas medições e avaliações.”
4. Em 15/06/1999, o Engenheiro Álvaro José Bastos Figueiredo, Chefe da SESAN/FNS, emitiu novo Relatório de Viagem de fls. 284/285 no qual afirma, verbis:
“(...) 
2) Situação Atual da Obra:
Captação => as bombas submersas não estão instaladas . O poço do Ecoclube já foi perfurado, mas o Secretário de Obras me informou que a firma ainda não enviou a ficha do poço.
Adução => As adutoras estão assentadas, faltando apenas a instalação da bomba do poço do Ecoclube para que a mesma possa entrar em operação. As interligações no reservatório elevado já estão executadas.
Reservação => O reservatório de concreto já está recuperado, com cerca de alambrado e terreno limpo. Notamos que vândalos arrebentaram o portão e que as fortes chuvas ocasionaram a queda de um barranco derrubando um canto de cerca.
Rede de distribuição => Assentada na totalidade. Feita limpeza e teste da rede, faltando o cadastro técnico. Houve recalque em alguns pontos.
Boosters => Ainda não foram instalados. Na caixa subterrânea onde será instalado o Booster do Bairro Trapiá, notamos que está havendo infiltração de águas de chuva. Alertamos ao Secretário de Obras do Município que a firma Eng&Arq, contratada para a obra deveria solucionar o problema antes da instalação do Booster para evitar a queima do motor. 
3) Providências a serem tomadas pelo Município:
Captação => Enviar ao FNS a ficha do poço do Ecoclube, com ART do geólogo responsável e cobrar a instalação das bombas submersas. 
Adução => Cobrar a recuperação do calçamento onde houve recalque do terreno.
Reservação => Recuperar a cerca e o portão.
Rede de distribuição => Enviar cadastro técnico e levantar as conexões e tubos que não foram necessários nesta fase da convênio para fazer o devido repasse para o SAAE, após conferência por parte do FNS.
Boosters => Cobrar da firma as providências para a instalação dos boosters.
 4) Conclusão:
 Para a conclusão da obra faltam poucos serviços (...).”.
5. O Parecer Financeiro nº 39/2001 (fls. 391/392), de 30/06/2000, analisou a prestação de contas apresentada (fls. 293/381) e, diante da documentação analisada e pelo que foi constatado no Roteiro de Análise Preliminar detectou como impropriedades e/ou irregularidades a ausência dos formulários e/ou cópias dos documentos abaixo relacionados, que deverão ser apresentados conforme determina a IN/STN/01/97: 
Relatório de Execução Físico-Financeiro; 
Cópias dos despachos adjudicatórios e homologação da Tomada de Preços; 
Cópias dos extratos bancários desde o primeiro crédito até a última movimentação da conta específica do convênio e 
Termo de Recebimento Definitivo da Obra emitido por responsável técnico que acompanhou a execução da obra. 
6.Solicitou, ainda, respostas às diligências do relatório de viagem, de fls. 284/285, do Engenheiro Álvaro José Bastos Figueiredo, Chefe da SESAN/FNS.
7. O Ofício nº 780/2001 GAB/CORE de fls.406 notificou o responsável para que o mesmo atendesse ao constante no Relatório Técnico 01/01 (fl.394) e no Parecer Financeiro nº 39/2001 (fls. 391/392). 
8. Em resposta (fls. 409/410), o responsável informa, quanto ao Demonstrativo de Débito, que “ já remetemos Prestação de Contas do referido convênio, bem assim toda documentação complementar constante de Parecer Financeiro, diretamente a CHEFIA DE SERVIÇO DE CONVÊNIO E GESTÃO, conforme poderá constatar em anexo ao referido processo naquela chefia; daí julgarmos improcedente o Demonstrativo de Débito ” (fls. 409), o que é confirmado às fls. 411 e 413/426. Contudo, o parecer de fls. 427 salientou que ainda havia extratos bancários faltantes, apesar da apresentação dos extratos de fls. 417/425, e que as solicitações técnicas já feitas ainda permaneciam pendentes, sugerindo a continuidade do processo.
9. O Relatório do Tomador de Contas (fls.428/429), de 20/09/2001, registra que, em observância à Ordem de Serviço nº 02, de 29/09/2000, o Coordenador Regional da FUNASA/SE, de ordem, designou a instauração desta Tomada de Contas Especial dos recursos repassados à Prefeitura Municipal de Carmópolis/SE, conforme Notas de Empenho nºs 97NE03271-fl. 154 e 98NE01655-fl.180 e Ordens Bancárias nºs 98OB02835-fl.171 , 98OB08517-fl.212 e 98OB08520-fl.221, perfazendo R$ 262.442,10, referentes ao Convênio nº 1059/97. Faz um relato do caminho percorrido até a instauração da presente TCE (fl.428) e concluiu sugerindo a inscrição do Sr. Theotônio Narciso Da Cruz Neto, CPF nº 038.784.655-72, ex-Prefeito Municípal de Carmópolis/SE, na conta Diversos Responsáveis do SIAFI, com R$ 413.550,26 conforme demonstrativo de débito, bem como o registro no CADIN.
10. O Exame Preliminar nº 016/2003 (fl. 446/447), da Secretaria Federal de Controle Interno, registra na sua alínea “d”, verbis: 
“...No Relatório do Tomador de Contas ficou consignado a glosa total dos recursos transferidos, no valor de R$ 262.443,10, que acrescidos dos encargos legais, até 23/08/2001, atingiu o valor de R$ 413.550,26. Todavia, consta no Relatório de Viagem de Fiscalização de Execução de Convênio, de 15/06/1999 (fls.282/283), a informação de que faltavam poucosserviços para a conclusão do objeto conveniado. Sendo assim, para podermos emitir opinião sobre o assunto, necessário se faz que a Tomadora de Contas Especial informe o real valor impugnado, gerador de dano ao Erário.”.
11. Às fls. 450/451, consta o Despacho da Tomadora de Contas, no qual informa que o processo será encaminhado ao Serviço de Engenharia para que o técnico emita parecer, quantificando o atingimento das metas em percentual.
12. O Relatório de Visita Técnica Final (fls. 459/460) considerou que “nenhuma etapa foi totalmente construída de acordo com o projeto e especificações aprovados e/ou normas técnicas da arte de construir, dificultando sobremaneira a quantificação do Quadro 3 – Execução dos Serviços”, e, por esta razão, entendeu que “não foi atingido o objeto do convênio” e “o valor do percentual executado de cada etapa é considerado zero”. 
13. Esse Relatório faz um Relato Sucinto (fls. 459/460) acerca do Quadro 3 – Execução dos Serviços- fls. 459, como a seguir mostrado:
Captação (bombas submersas)- de acordo com o projeto técnico deveriam ser implantados três conjuntos elevatórios (Ecoclube, Bairro Novo e Conj.Valadares). O do Ecoclube foi perfurado e está funcionando, existindo dois PTs abandonados ao seu lado, que apresentam sérios riscos de contaminação do lençol freático. O PT do Bairro Novo está funcionando e o do Conj.Valadares está abandonado, sem bomba e com o abrigo destruído, passível de contaminação do lençol freático e/ou perda do posso. De acordo com o projeto seriam recalcados para o R2 as seguintes vazões: 13,584m³/h do Ecoclube, 40m³/h do Bairro Novo e 3,6m³/h do Conj.Valadares. No entanto, foram calculadas as seguintes vazões aproximadas: 14,4m³/h do Ecoclube e 20,6m³/h do Bairro Novo.
Adução – Foi constatado que a adutora do Conj. Valadares não foi construída. Fomos informados que as adutoras PT/Bairro Novo e PT/Ecoclube foram construídas com modificações nos caminhamentos no início da adutora Bairro Novo e no final das duas, no trecho após o antigo matadouro até R2, sem comunicação nem autorização da Fundação.
Reservatório (recuperação) – No projeto está previsto “o aproveitamento das unidades existentes” (fl.40), R1 e R2, sendo que esta etapa seria constituída da “recuperação e impermeabilização do reservatório” (fl. 121) R2 da Zona B, divergindo da Identificação do Objeto (fl. 117) que cita “dos reservatórios existentes”. Pelas visíveis infiltrações e precárias condições da cerca de isolamento constatadas no R2, nota-se que o serviço de recuperação e impermeabilização, se realizado, não teve a qualidade mínima necessária. Além do recobrimento das tubulações de alimentação e da construção de compartimento em alvenaria de bloco cerâmico em torno do extravasor, que encontra-se prestes a cair. Nada mais foi realizado. A mesma situação foi encontrada no R1 da Zona A.
Rede de Distribuição – Disse que, pelo que conseguiu entender das informações recebidas, alguns trechos da rede antiga foram aproveitados e conectados na rede nova e algumas modificações foram realizadas sem a autorização da Concedente, como, por exemplo, a instalação de um bombeamento para o reservatório elevado do Conj. Santa Bárbara, para suprir o mesmo e a parte mais alta do Trapiá II. Exceto no Trapiá I, pode ser observada a existência de sinais de recuperação de algumas ruas da Zona B, assim como a existência de apenas sete caixas de registro das doze previstas no orçamento, sendo 3 de 150mm, 1 de 200mm, 1 de 100mm e 2 de 75mm com as respectivas caixas. Não foi realizado o Cadastro Técnico (fl. 121).
14. Em observação, o Relatório informa que o Termo de Recebimento Definitivo da Obra não tem validade pois o representante do Município (o Secretário Municipal de Obras) não é habilitado para tal. Ressalta que os dois boosters dimensionados não foram previstos no Plano de Trabalho nem no orçamento e não foram construídos. O PT do Ecoclube não estava previsto no orçamento, mas foi perfurado. 
15. O Parecer Financeiro nº 29/03 de fls. 464/466 faz uma reanálise do Parecer Financeiro nº 39/2001 (fls. 391/392), resumido no parágrafo 5 acima, apresentando os motivos da não aceitação das justificativas em duas análises: a financeira e a técnica. A Análise Financeira diz que o responsável atendeu às diligências emanadas do Parecer Financeiro nº 39/2001 da seguinte forma:
item 1.1 – atendido parcialmente, uma vez que o Relatório de execução físico-financeiro foi encaminhado informando ter executado 100% das metas físicas, entretanto, a informação está incorreta haja vista que a área técnica constatou que nenhuma meta fora concluída;
item 1.2 – atendido (as cópias dos despachos adjudicatórios e homologação da Tomada de Preços);
item 1.3 – atendido parcialmente, as cópias dos extratos bancários foram encaminhadas, contudo ficaram ausentes as cópias do período de 22/02/99 até a última movimentação, onde constem os valores abaixo, lançados na relação de pagamentos: 
 Valores Data de Pagamento
34.340,76 19/02/99
22.957,33 10/03/99
25.171,02 14/07/99
43.500,00 02/07/99
item 1.4 – o Termo de Recebimento da Obra foi encaminhado, porém não foi aceito pela área técnica em virtude de não estar assinado por responsável técnico (engenheiro) pela execução da obra.
16. A Análise Técnica detectou as seguintes irregularidades:
a obra não foi executada em conformidade com os projetos aprovados pela FUNASA;
o responsável feriu o § 2º do art. 15da IN/STN/01/97, vez que alterou o projeto unilateralmente, sem anuência da FUNASA;
a execução não atendeu às especificações técnicas;
a obra não está atendendo à população conforme proposto no Plano de Trabalho aprovado;
o Termo de Recebimento da Obra foi emitido, mas foi considerado sem validade porque o representante do Município não possui habilitação para tal;
assim sendo a área técnica constatou que nenhuma etapa fora totalmente construída de acordo com o projeto e especificações aprovados, dificultando as quantificações. Dessa forma, concluiu-se que nenhuma meta fora totalmente executada, de forma que o objeto do convênio não fora atingido.
17. O Parecer concluiu que os recursos deverão ser devolvidos à conta da FUNASA atualizado monetariamente. 
18. O Relatório de Auditoria do Controle Interno (fls.480/482) apresenta o resultado dos exames das contas, onde registra que a Tomada de Contas Especial fora instaurada em razão do não cumprimento do objeto do Convênio nº 1059/97, celebrado com a Prefeitura Municipal de Carmópolis/SE, objetivando a ampliação do sistema de abastecimento de água no Município. 
19. Esse mesmo Relatório, face o contido no Relatório do Tomador de Contas, vê caracterizada a responsabilidade do Sr. Theotônio Narciso Da Cruz Neto, ex-Prefeito Municípal de Carmópolis/SE, considerando-o em débito com a Fazenda Nacional, no valor original de R$ 262.443,10, estando, por isso, responsabilizado no SIAFI mediante Nota de Lançamento nº 2001NL500032, de 30/10/2001. 
20. O Certificado de Auditoria (fl.483) e o Parecer do Dirigente do Órgão de Controle Interno (fl.484) concluem pela Irregularidade das contas. O Pronunciamento Ministerial (fl.485) atesta haver tomado conhecimento das conclusões contidas no Relatório e Certificado de Auditoria, bem como no Parecer da Secretaria Federal de Controle Interno da CGU.
21. A Instrução Inicial de fl.496 resume os fatos e propõe a citação do responsável, nos termos dos arts. 10, § 1º, e 12, inciso II, da Lei nº 8.443/92 c/c o art. 202, inciso II, do Regimento Interno, Sr. THEOTÔNIO NARCISO DA CRUZ NETO pelos valores dos débitos de $ 65.610,79, R$ 65.610,77 e R$ 131.221,54, a contar respectivamente a partir de 28.04.1998, 17.09.1998 e 17.09.1998, em razão do não atingimento do objeto do Convênio nº 1059/1997.
22. O Parecer do Diretor Técnico, de fls.497/499, registra outras irregularidades, quais sejam: 
Lançamentoa débito na conta específica do convênio em 28/09/1998, 30/09/1998, 04/12/1998 e 04/02/1999, nos valores de R$ 3.300,00, R$ 5.000,00, R$ 51.586,63 e R$ 10.000,00 respectivamente, sem comprovação de aplicação no objeto do convênio (fls. 418, 420 e 423);
aplicação da contrapartida em 22/05/2000 (fl. 378), portanto, fora da vigência do convênio, que se encerrou em 16/10/1999 (fl. 262);
ausência, na prestação de contas, dos extratos bancários da conta corrente específica nº 22/300.120-2, agência nº 036, do Banco do Estado de Sergipe relativa ao período de 17/06 a 29/07/1998 e de 22/02/1999 a 30/06/2000 (data da prestação de contas).
23. Assim, o Sr. Diretor submeteu os autos à consideração da Srª. Secretária de Controle Externo, propondo, entre outras, a citação do Sr. Theotônio Narciso da Cruz Neto, Prefeito do Município de Carmópolis à época dos fatos, pelos valores dos débitos de R$ 65.610,79, R$ 65.610,77 e R$ 131.221,54, a contar respectivamente de 28.04.1998, 17.09.1998 e 17.09.1998, em razão do seguinte, verbis:
a) não atingimento do objeto do Convênio FUNASA nº 1059/1997 - Siafi nº 340407 (parte da 1ª etapa da ampliação do sistema de abastecimento de água na sede do município), conforme Relatório de Visita Técnica Final da FUNASA, emitido em 24/06/2003, e Parecer Financeiro nº 29/03 da Divisão de Convênios e Gestão/MS, de 03/07/2003, os quais resumidamente consignam que:
a.1) a obra não foi executada em conformidade com os projetos aprovados pela FUNASA;
a.2) o gestor municipal alterou unilateralmente o projeto, sem anuência da FUNASA, violando o § 2º do art. 15 da IN/STN nº 01/97;
a.3) a execução não atendeu as especificações técnicas;
a.4) a obra não está atendendo a população conforme proposta no plano de trabalho aprovado;
a.5) o termo de recebimento da obra foi considerado sem validade, haja vista que o representante do município não possui habilitação para tal procedimento;
a.6) a área técnica da FUNASA constatou que nenhuma etapa foi totalmente construída de acordo com o projeto e especificações aprovados e/ou normas técnicas da arte de construir, dificultando sobremaneira as quantificações do que teria sido efetivamente realizado;
b) lançamento a débito na conta específica do convênio em 28/09/1998, 30/09/1998, 04/12/1998 e 04/02/1999, nos valores de R$ 3.300,00, R$ 5.000,00, R$ 51.586,63 e R$ 10.000,00 respectivamente, sem comprovação de aplicação no objeto do convênio (fls. 418, 420 e 423);
c) aplicação da contrapartida em 22/05/2000 (fl. 378), portanto, fora da vigência do convênio, que se encerrou em 16/10/1999 (fl. 262);
d) ausência, na prestação de contas, dos extratos bancários da conta corrente específica nº 22/300.120-2, agência nº 036, do Banco do Estado de Sergipe relativa ao período de 17/06 a 29/07/1998 e de 22/02/1999 a 30/06/2000 (data da prestação de contas).
24. Vem agora a defesa de fls. 534/545, com o Laudo Pericial elaborado pelo Engenheiro João Bosco Franco de fls. 13/37 do anexo 2 e com as cópias de documentos de fls. 38/83 do anexo 2. O Laudo Pericial inicialmente apresenta um histórico, dando informações sobre o convênio e sobre os relatórios da obra (fls. 15/26), depois entra no mérito das questões. Nas alegações de defesa, serão incluídos os pareceres insertos no Laudo Pericial , quando lhes disserem respeito.
 3. ANÁLISE DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA 
3.1-MOTIVO DA CITAÇÃO: a obra não foi executada em conformidade com os projetos aprovados pela FUNASA.
3.1.1-ALEGAÇÕES DE DEFESA:
25. A Defesa alega que não foram apontadas quais seriam as discrepâncias ocorridas. Que, se modificações houve certamente foram aprovadas pelo engenheiro responsável, pois há relatórios tratando do assunto, assim como aditamentos autorizados, os quais foram autorizados, acredita-se, depois de uma análise do projeto e de sua conseqüente aprovação.
26. Diz que, do ponto de vista processual, esse procedimento de tomada de contas especial está submetido às regras do processo civil, tal como preconizado pelo art.298 do Regimento Interno do TCU e viola o princípio da ampla defesa, haja vista não deduzir com clareza sobre o que ou sob qual aspecto o interessado incorreu em falta, ou do que se trata a irregularidade apontada. Em não sabendo quais alterações foram efetuadas irregularmente, como explicá-las? Como justificá-las?
3.1.2-ANÁLISE DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA:
27. Este item está elucidado no item 3.6 abaixo. 
3.2-MOTIVO DA CITAÇÃO: o gestor municipal alterou unilateralmente o projeto, sem anuência da FUNASA, violando o § 2º do art. 15 da IN/STN nº 01/97.
3.2.1-ALEGAÇÕES DE DEFESA:
28. Diz que a citação apresenta, como uma segunda irregularidade, a de o gestor ter alterado o projeto irregularmente. Pergunta: em que momento isso foi feito? Em qual das visitas técnicas esse fato está comprovado e como essa alteração prejudicou o projeto em si? 
29. Alega que o que se vê na citação são alusões a modificações, alterações de projeto, sem o detalhamento devido, sob pena de inviabilizar-se a ampla defesa e o contraditório. Há que se considerar que qualquer obra de engenharia sofre modificações ao longo da sua realização, porquanto as condições ideais que são projetadas não se comprovam como verdadeiras, daí requerer alterações no projeto original. Demais disso, todo o projeto foi acompanhado pelo responsável Engº Álvaro Figueiredo, o qual ratificou as alterações havidas, até porque era o que lhe cabia, conforme dispõe a Cláusula Quinta do convênio firmado.
3.2.2-ANÁLISE DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA:
30. Compulsando os autos, notadamente o Relatório de Visita Técnica Final, verifica-se que o Engº Rui Eduardo de Oliveira, que relatou a visita, disse que fora informado que as adutoras PT/Bairro Novo e PT/Ecoclube foram construídas com modificações nos caminhamentos no início da adutora da adutora Bairro Novo e no final das duas, no trecho após o antigo matadouro até R2, sem comunicação nem autorização da Fundação. Essa informação recebida do, então Prefeito, Sr. Volney Leite Alves (fls. 458), deveria ter sido verificada in loco, carta-terreno, e registrada a defasagem e quantificado o dano, caso o mesmo existisse. Não há registro no Relatório se havia ou não necessidade dessa modificação no caminhamento, se foi uma alteração danosa, que tenha causado prejuízo ao projeto como um todo. Além do mais, essa opinião contrasta com a assertiva do Relatório feito pelo Engº Álvaro José Bastos Figueiredo que registra que: “As adutoras estão assentadas, faltando apenas a instalação da bomba do poço do Ecoclube para que a mesma possa entrar em operação. As interligações no reservatório elevado já estão executadas”. 
31. Na Rede de Distribuição, por informação dada por terceiros (funcionários da Prefeitura), o Engº Rui Eduardo de Oliveira disse que, pelo que conseguiu entender das informações recebidas, alguns trechos da rede antiga foram aproveitados e conectados na rede nova e algumas modificações foram realizadas sem a autorização da Concedente, como, por exemplo, a instalação de um bombeamento para o reservatório elevado do Conj. Santa Bárbara, para suprir o mesmo e a parte mais alta do Trapiá II. Também esse informe contrasta com o verificado pelo Engº Álvaro José Bastos Figueiredo, à época dos fatos, que a Rede de Distribuição fora assentada na totalidade. Há, ainda, o registro de que o PT do Ecoclube não estava previsto no orçamento, mas fora perfurado. Essas foram as modificações constatadas no Relatório e que deveriam fazer parte dos motivos da citação. Da forma como fora explicitado no Relatório, realmente ficou muito genérico, dificultando, em parte, o contraditório e a ampla defesa. Tudo isso sem prejuízo de se falar que essas “modificações” ou foram decorrentes de informes não verificados in loco ou foram serviços realizados a maior, não gerando motivo suficiente para uma retaliação por parte da Concedente. Nesse ponto acatam-se as alegações de defesa.
3.3-MOTIVO DA CITAÇÃO: a execução não atendeu as especificações técnicas.3.3.1-ALEGAÇÕES DE DEFESA:
32. Quanto ao atendimento das especificações técnicas, resta demonstrado ao longo do processo que a assertiva é temerária, porquanto a visita técnica que atestou a sua desconformidade foi muito posterior à sua execução, em 24 de junho de 2003. E reitere-se, há laudo juntado aos autos o qual comprova que as modificações que existiram foram uma imposição física e técnica, sem ter acarretado qualquer prejuízo para a população beneficiada ou para o erário. 
3.3.2-ANÁLISE DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA:
33. Este item está elucidado no item 3.6 abaixo.
3.4-MOTIVO DA CITAÇÃO: a obra não está atendendo a população conforme proposta no plano de trabalho aprovado.
3.4.1-ALEGAÇÕES DE DEFESA:
34. Alega a defesa que esse item é absolutamente improcedente, o qual aponta que a população a quem fora dirigido inicialmente o projeto não tem sido beneficiada. Acompanhada desta resposta existem fotos, declarações dos beneficiários, documento da Prefeitura Municipal de que o sistema funciona, também atestando a funcionalidade da obra. Neste particular, a prova da existência e funcionamento do sistema foi realizada in loco, com a coleta de depoimentos e relatos da população beneficiada.
3.4.2-ANÁLISE DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA:
35. Consta nos autos uma declaração do atual Prefeito de Carmópolis/SE de que as obras referentes ao convênio em comento foram executadas (fl.39 do anexo2). Consta, ainda, declarações de pessoas que dizem ser beneficiária do programa de abastecimento de água do Município (fls. 50/67 do anexo2). O Relatório de Visita Técnica Final, mesmo dizendo que a obra não está atendendo à população conforme proposta no plano de trabalho aprovado, deixa indícios claros de que há funcionamento do sistema. São poços funcionando, vazões a maior e a menor, instalação de bombeamento para o reservatório elevado do Conj. Santa Bárbara para suprir o mesmo e a parte mais alta do Trapiá II, etc. Se a obra não atende na forma prevista no Plano de Trabalho deveria ser melhor elucidado esse não atendimento. Desta forma, não há como deixar de considerar que a população se beneficiou da obra. Destarte, consideram-se procedentes as alegações de defesa.
3.5-MOTIVO DA CITAÇÃO: o termo de recebimento da obra foi considerado sem validade, haja vista que o representante do município não possui habilitação para tal procedimento.
3.5.1-ALEGAÇÕES DE DEFESA:
36. A defesa alega que o termo de recebimento da obra fora firmado pelo Secretário de Obras do Município, servidor público competente segundo a Lei Orgânica do Município, para a tarefa.
37. Diz, ainda, que o Parecer não define quem seria essa pessoa habilitada e quais qualidades ela deveria ter para receber a obra. O convênio não faz referência ao exclusivo recebimento da obra, por pessoa apta, o que quer que isso signifique. Além do mais, em diversas ocasiões foi o Secretário de Obras Municipal o interlocutor da FUNASA, sem que isto acarretasse em qualquer problema. 
38. O Laudo Pericial complementa dizendo que estranha a posição da FUNASA, pois se forem analisados os documentos acostados ao processo observa-se, a exemplo do Relatório de Viagem (fl.284), onde o Secretário de Obras Sr. Gilberto Amaral Lopes Filho, durante a vigência do Convênio sempre foi um interlocutor entre a FUNASA e o Município de Carmópolis, jamais sendo questionadas suas habilitações. Mesmo porque, ao receber a obra, o Secretário de Obras apenas procede como um proprietário que contrata um profissional, além do mais, em nenhum momento dispõe sobre a qualidade ou quantidade dos serviços, e sim que o objeto do convênio foi concluído e entregue à população. Ressalta que o Convênio não menciona quem deve assinar o Termo de Recebimento Definitivo da Obra.
3.5.2-ANÁLISE DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA:
39. O termo de recebimento da obra foi considerado sem validade, haja vista que o representante do município não possui habilitação para tal procedimento. O Parecer Financeiro nº 39/2001 evidenciou ausência do Termo de Recebimento Definitivo da Obra emitido pelo responsável técnico que acompanhou a execução da obra, no caso o Engº Fred Rollemberg Gois, designado para tal pelo então Prefeito, conforme fl.241. No entanto, quem assinou o termo foi o Secretário de obras. Não consta nos autos nenhum documento que dê poderes ao Secretário de Obras para tal, na forma contida no bojo do art. 73 da Lei nº 8.666/93 que diz que, executado o contrato, o seu objeto será recebido, em se tratando de obras e serviços, definitivamente, por servidor ou comissão designada pela autoridade competente, mediante termo circunstanciado, assinado pelas partes, após o decurso do prazo de observação, ou vistoria que comprove a adequação do objeto aos termos contratuais, observado o disposto no art. 69 da mesma Lei. Assim, rejeitam-se as alegações de defesa.
3.6-MOTIVO DA CITAÇÃO: a área técnica da FUNASA constatou que nenhuma etapa foi totalmente construída de acordo com o projeto e especificações aprovados e/ou normas técnicas da arte de construir, dificultando sobremaneira as quantificações do que teria sido efetivamente realizado.
3.6.1-ALEGAÇÕES DE DEFESA:
40. Alega que essa constatação é, no mínimo, inadequada, pois o engenheiro que fiscalizou a obra, técnico da própria FUNASA, ratificou em diversas situações que faltava muito pouco para a finalização da obra, conforme relata o laudo pericial à fl.23.
41. O Laudo Pericial diz que, com relação à observação de que a adutora do conj. Valadares não foi construída , esta afirmativa é correta, pois esta ampliação fazia parte do primeiro plano de trabalho (fls. 92/93), porém quando do segundo plano (fls. 120/121) houve redução da proposta original, deixando de fora o Conjunto Valadares, como pode ser comprovado, ao analisarmos a planilha orçamentária integrante do presente Convênio.
3.6.2-ANÁLISE DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA:
42. O quadro abaixo mostra as posições das vistorias realizadas pelo Engº Álvaro José Bastos Figueiredo, Chefe da SESAN/FNS, à época dos fatos e pelo Engº Rui Eduardo de Oliveira quatro anos após o encerramento da obra: 
Posição da Fiscalização à época da obra.
Engº Álvaro José Bastos Figueiredo, Chefe da SESAN/FNS
Posição da Fiscalização 4 anos após a conclusão da obra.
Engº Rui Eduardo de Oliveira
Captação (bombas submersas
as bombas submersas não estão instaladas . O poço do Ecoclube já foi perfurado, mas o Secretário de Obras me informou que a firma ainda não enviou a ficha do poço. 
Providências a serem tomadas pelo Município: Enviar ao FNS a ficha do poço do Ecoclube, com ART do geólogo responsável e cobrar a instalação das bombas submersas.
de acordo com o projeto técnico deveriam ser implantados três conjuntos elevatórios (Ecoclube, Bairro Novo e Conj.Valadares). O do Ecoclube foi perfurado e está funcionando, existindo dois PTs abandonados ao seu lado, que apresentam sérios riscos de contaminação do lençol freático. O PT do Bairro Novo está funcionando e o do Conj.Valadares está abandonado, sem bomba e com o abrigo destruído, passível de contaminação do lençol freático e/ou perda do posso. De acordo com o projeto seriam recalcados para o R2 as seguintes vazões: 13,584m³/h do Ecoclube, 40m³/h do Bairro Novo e 3,6m³/h do Conj.Valadares. No entanto, foram calculadas as seguintes vazões aproximadas: 14,4m³/h do Ecoclube e 20,6m³/h do Bairro Novo.
Adução 
As adutoras estão assentadas, faltando apenas a instalação da bomba do poço do Ecoclube para que a mesma possa entrar em operação. As interligações no reservatório elevado já estão executadas.
Providências a serem tomadas pelo Município: Cobrar a recuperação do calçamento onde houve recalque do terreno.
Foi constatado que a adutora do Conj. Valadares não foi construída. Fomos informados que as adutoras PT/Bairro Novo e PT/Ecoclube foram construídas com modificações nos caminhamentos no início da adutora Bairro Novo e no final das duas, no trecho após o antigo matadouro até R2, sem comunicação nem autorização da Fundação.Reservação (recuperação)
O reservatório de concreto já está recuperado, com cerca de alambrado e terreno limpo. Notamos que vândalos arrebentaram o portão e que as fortes chuvas ocasionaram a queda de um barranco derrubando um canto de cerca.
Providências a serem tomadas pelo Município: Recuperar a cerca e o portão.
No projeto está previsto “o aproveitamento das unidades existentes” (fl.40), R1 e R2, sendo que esta etapa seria constituída da “recuperação e impermeabilização do reservatório” (fl. 121) R2 da Zona B, divergindo da Identificação do Objeto (fl. 117) que cita “dos reservatórios existentes”. Pelas visíveis infiltrações e precárias condições da cerca de isolamento constatadas no R2, nota-se que o serviço de recuperação e impermeabilização, se realizado, não teve a qualidade mínima necessária. Além do recobrimento das tubulações de alimentação e da construção de compartimento em alvenaria de bloco cerâmico em torno do extravasor, que encontra-se prestes a cair. Nada mais foi realizado. A mesma situação foi encontrada no R1 da Zona A.
Rede de distribuição
Assentada na totalidade. Feita limpeza e teste da rede, faltando o cadastro técnico. Houve recalque em alguns pontos.
Providências a serem tomadas pelo Município: Enviar cadastro técnico e levantar as conexões e tubos que não foram necessários nesta fase da convênio para fazer o devido repasse para o SAAE, após conferência por parte do FNS.
Pelo que conseguiu entender das informações recebidas, alguns trechos da rede antiga foram aproveitados e conectados na rede nova e algumas modificações foram realizadas sem a autorização da Concedente, como, por exemplo, a instalação de um bombeamento para o reservatório elevado do Conj. Santa Bárbara, para suprir o mesmo e a parte mais alta do Trapiá II. Exceto no Trapiá I, pode ser observada a existência de sinais de recuperação de algumas ruas da Zona B, assim como a existência de apenas sete caixas de registro das doze previstas no orçamento, sendo 3 de 150mm, 1 de 200mm, 1 de 100mm e 2 de 75mm com as respectivas caixas. Não foi realizado o Cadastro Técnico (fl. 121).
Boosters
Ainda não foram instalados. Na caixa subterrânea onde será instalado o Booster do Bairro Trapiá, notamos que está havendo infiltração de águas de chuva. Alertamos ao Secretário de Obras do Município que a firma Eng&Arq, contratada para a obra deveria solucionar o problema antes da instalação do Booster para evitar a queima do motor.
Providências a serem tomadas pelo Município: Cobrar da firma as providências para a instalação dos boosters.
Ressalta que os dois boosters dimensionados não foram previstos no Plano de Trabalho nem no orçamento e não foram construídos.
43. Por esses relatórios do quadro acima, o que se constata nesse sentido é que, de acordo com o projeto técnico, deveriam ser implantados três conjuntos elevatórios e só dois foram implantados não o sendo o PT do Conj.Valadares que, conforme dito no relatório, está abandonado, sem bomba e com o abrigo destruído. Foi constatado que a adutora do Conj. Valadares não foi construída. Segundo o Laudo Pericial, a adutora do conj. Valadares não foi construída porque esta ampliação fazia parte do primeiro plano de trabalho (fls. 92/93), porém quando do segundo plano (fls. 120/121) houve redução da proposta original, deixando de fora o Conjunto Valadares. O Relatório do Engº Álvaro José Bastos Figueiredo, Chefe da SESAN/FNS, diz que as adutoras estão assentadas. Esse relato reforça o que foi informado pela Perícia, uma vez que não faria sentido o Relatório inobservar a não feitura de uma adutora, logo após sua construção. Assim, considera-se como justificado este parte do item.
44. De acordo com o projeto seriam recalcados para o R2 as seguintes vazões: 13,584m³/h do Ecoclube, 40m³/h do Bairro Novo e 3,6m³/h do Conj.Valadares. No entanto, foram calculadas as seguintes vazões aproximadas: 14,4m³/h do Ecoclube e 20,6m³/h do Bairro Novo. O fato de a vazão do Ecoclube ter sido um pouco maior do que o projetado e a do Bairro Novo menor do que o projetado não caracteriza, por si só, que a obra fora executada em desacordo com o projeto e especificações aprovados e/ou normas técnicas da arte de construir. Essa defasagem de vazões, assim parece, foi apontada como um fato em si e não como uma inobservância das especificações do projeto. Não diz o Relatório o que causou esta defasagem, poderia ter sido a bomba subdimensionada para o sistema, no caso do Bairro Novo, mas poderia também ser que a produção do poço tenha ficado aquém da prevista. Dessa forma, considera-se que não restou comprovado que tenha havido falha construtiva nesta questão. 
45. Quanto à Rede de Distribuição, é fato que a existência de apenas sete caixas de registro das doze previstas no orçamento, sendo 3 de 150mm, 1 de 200mm, 1 de 100mm e 2 de 75mm com as respectivas caixas caracteriza inobservância das especificações do projeto. Dessa forma, como se pode ver na planilha de fls. 120/121, faltam cinco caixas de registro do Tipo II (de 150 a 200mm), cujo valor unitário é de R$ 346,16, somando R$ 1.730,80. Também não foi realizado o Cadastro Técnico (fl. 121) no valor total de R$ 11.622,33 (fl.121), o que caracteriza uma irregularidade. Desta forma, rejeitam-se, nestas questões, as alegações apresentadas. A data base para fins de correção monetária e juros legais é considerada 17/09/1998, por ser a data do último repasse. Assim, as alegações de defesa para este ponto devem ser acolhidas, apenas, parcialmente.
3.7-MOTIVO DA CITAÇÃO: lançamento a débito na conta específica do convênio em 28/09/1998, 30/09/1998, 04/12/1998 e 04/02/1999, nos valores de R$ 3.300,00, R$ 5.000,00, R$ 51.586,63 e R$ 10.000,00 respectivamente, sem comprovação de aplicação no objeto do convênio (fls. 418, 420 e 423).
3.7.1-ALEGAÇÕES DE DEFESA:
46. Quanto a este item, diz a defesa tratar-se dos lançamentos relativos às aplicações financeiras, as quais, em muitos casos, por problemas operacionais são comandadas manualmente, o que gera a falsa impressão de ter havido um lançamento a débito, quando na realidade retornou à conta de aplicação. 
47. Alega que a única explicação plausível é da operacionalização manual das aplicações. Dessa forma, requer que se oficie ao Banese, Agência Carmópolis, para que este apresente o histórico das aplicações financeiras, relativo ao período, o que eliminará qualquer dúvida porventura existente. Os valores repassados pelo convênio foram todos comprovados por meio de extratos já acostados aos autos, razão pela qual não há como ter havido saque na soma dos valores supostamente lançados a débito. Uma análise mais atenta dos extratos aponta para a veracidade da alegação.
2.7.2-ANÁLISE DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA:
48. Não merece prosperar as alegações apresentadas. Observe-se que no dia 28/09/98 a conta registrava um saldo de R$ 197.443,10, e foi lançado a débito somente 3.300,00 e dois dias depois mais 5.000,00 (fl.511). Ora, se se tratasse de “lançamento manual” para aplicação não seria dessa forma nem nesses valores, pura inconsistência. O lançamento a débito no valor de R$ 51.586,63 forçou um resgate de aplicação financeira (fl.512) e o de R$ 10.000,00 também não é justificado (fl.512a). Observa-se, no entanto, que após os saques irregulares da conta específica do convênio, estranhos à execução do mesmo, o responsável também efetuou alguns lançamentos a crédito, que compensaram parcialmente aqueles saques irregulares, conforme se vê na tabela abaixo. Por essa razão, o débito a ser imputado ao responsável, nesse ponto, deve corresponder ao balanço entre esses lançamentos, observadas as datas em que ocorreram:
Relação de Débito e Créditos não relacionados à execução do Convênio FUNASA nº 1059/97
Data
Lançamento a Débito
Lançamento a Crédito
Fls.
28/09/1998
3.300,00
511
28/09/1998
5.000,00
511
04/12/1998
51.586,63
512
04/02/1999
27.566,10
27.087,71
512a
04/02/1999
10.000,00
512a
02/08/1999
203,66
514
11/08/1999
8.000,00514
20/08/1999
17.200,00
514
27/09/1999
13.500,00
514
28/09/1999
30.000,00
514
04/10/1999
60,00
515
04/10/1999
145,00
515
05/10/1999
18,00
515
29/10/1999
34,69
515
29/10/1999*
60,58
515
TOTAL NOMINAL
97.974,66
95.787,71
* saldo não recolhido ao concedente.
3.8-MOTIVO DA CITAÇÃO: aplicação da contrapartida em 22/05/2000 (fl. 378), portanto, fora da vigência do convênio, que se encerrou em 16/10/1999 (fl. 262).
3.8.1-ALEGAÇÕES DE DEFESA:
49. Alega que a explicação é que a contrapartida só foi utilizada como pagamento após a conclusão total da obra, o que, apenas se deu, após a vigência do contrato.
3.8.2-ANÁLISE DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA:
50. Não merece prosperar as alegação apresentada, eis que a contrapartida se deu em data bem posterior à vigência do Convênio. Atente-se para o fato de que a vigência do Convênio já incluía o prazo para a apresentação da prestação de contas final (fl.303), para que houvesse legalidade nessa aplicação da contrapartida seria necessário que houvesse aditivo de prazo, de forma que a aplicação da contrapartida se desse dentro desse prazo. A IN/STN/01/97 diz:
Art. 8º É vedada a inclusão, tolerância ou admissão, nos convênios, sob pena de nulidade do ato e responsabilidade do agente, de cláusulas ou condições que prevejam ou permitam:
 (....)
V - realização de despesas em data anterior ou posterior à sua vigência;
(....)
51. O Convênio é regido, entre outras, pela IN/STN/01/97 (fl.307). Ora, se é proibida cláusula nesse sentido é porque é defeso realizar despesas em data posterior à sua vigência. Rejeita-se, destarte, a alegação apresentada.
3.9-MOTIVO DA CITAÇÃO: ausência, na prestação de contas, dos extratos bancários da conta corrente específica nº 22/300.120-2, agência nº 036, do Banco do Estado de Sergipe relativa ao período de 17/06/1998 a 29/07/1998 e de 22/02/1999 a 30/06/2000 (data da prestação de contas).
3.9.1-ALEGAÇÕES DE DEFESA:
52. Informa que os extratos referentes ao período de 17/06/1998 a 29/07/1998 e de 22/02/1999 a 30/06/2000, já se encontram acostados aos autos ás fls. 509/517.
3.9.2-ANÁLISE DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA:
53. Os extratos foram apresentados por diligência da Secex-SE e nos documentos apresentados junto com as alegações de defesa, que são cópias dos documentos obtidos na diligência. Assim, constata-se que houve infringência ao art. 28, VII da IN/STN/01/97 que diz que o órgão ou entidade que receber recursos, inclusive de origem externa, na forma estabelecida nesta Instrução Normativa, ficará sujeito a apresentar prestação de contas final do total dos recursos recebidos, que será constituída de (...) VII - Extrato da conta bancária específica do período do recebimento da 1ª parcela até o último pagamento e conciliação bancária, quando for o caso. Dessarte, observando-se a intempestividade do feito, rejeita-se a alegação apresentada. 
4. CONCLUSÃO E PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
54. Ante o exposto, e com base na análise das alegações de defesa apresentadas pelo responsável, Sr. Theotônio Narciso da Cruz Neto, CPF nº 038.784.655-72, ex-Prefeito Municípal de Carmópolis/SE, propõe-se ao Tribunal que, no mérito:
54.1 – acolhimento parcial das alegações de defesa apresentadas pelo responsável, quanto aos motivos de citação constantes dos itens desta instrução: 3.1 - a obra não foi executada em conformidade com os projetos aprovados pela FUNASA; 3.2- o gestor municipal alterou unilateralmente o projeto, sem anuência da FUNASA, violando o § 2º do art. 15 da IN/STN nº 01/97; 3.4- a obra não está atendendo a população conforme proposta no plano de trabalho aprovado e 3.6 - a área técnica da FUNASA constatou que nenhuma etapa foi totalmente construída de acordo com o projeto e especificações aprovados e/ou normas técnicas da arte de construir, dificultando sobremaneira as quantificações do que teria sido efetivamente realizado.
54.2 - rejeite as alegações de defesa apresentadas pelo responsável, quanto aos motivos de citação constantes dos itens 3.3, 3.5, 3.7, 3.8 e 3.9 desta instrução, por ter ficado caracterizado que: 
a) foi constatado que houve inobservância das especificações do projeto aprovado pela FUNASA, faltando cinco Caixas de Registro do Tipo II (de 150 a 200mm) no valor total de R$ 1.730,80 e o Cadastro Técnico no valor total de R$ 11.622,33, ambos com data base de 17/09/1998;
b) o termo de recebimento da obra foi considerado sem validade, haja vista que o representante do município não possui habilitação para tal procedimento. O recebimento deveria ter sido feito pelo Engº Fred Rollemberg Gois, responsável técnico que acompanhou a execução da obra;
c) restou constatado o lançamento a débito na conta específica do convênio em 28/09/1998, 30/09/1998, 04/12/1998 e 04/02/1999, nos valores de R$ 3.300,00, R$ 5.000,00, R$ 51.586,63 e R$ 10.000,00 respectivamente, sem comprovação de aplicação no objeto do convênio, bem como de outros lançamentos a débito, havendo compensação por valores lançados a crédito, conforme Relação de Débitos e Créditos na tabela abaixo;
d) houve aplicação da contrapartida em data posterior à do encerramento do Convênio, contrariando o art. 8º, V da IN/STN/01/97;
e) houve infringência ao art. 28, VII da IN/STN/01/97 ao deixar de apresentar, na prestação de contas, extratos bancários da conta corrente relativa ao período de 17/06/1998 a 29/07/1998 e de 22/02/1999 a 30/06/2000. 
54.3 - julgue irregulares as presentes contas e em débito o responsável, Sr. Theotônio Narciso da Cruz Neto, CPF nº 038.784.655-72, ex-Prefeito Municipal de Carmópolis/SE, nos termos dos arts. 1º, inciso I e 16, inciso III, alíneas “b” e “c”, e 19, caput, da Lei nº 8.443/92, condenando-o ao pagamento das importâncias constantes dos quadros abaixo, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora calculados a partir das datas ali expostas, até a data da efetiva quitação do débito, deduzindo-se as quantias consignadas a crédito, fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias para que comprove perante o Tribunal o recolhimento da referida quantia aos cofres da Fundação Nacional de Saúde, nos termos do art. 23, inciso III, alínea “a”, da citada Lei c/c o art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno/TCU;
 QUADROS RESUMO DA QUANTIFICAÇÃO DO DANO
Serviços Conveniados Não Executados
ITEM DA IRREGULARIDADE
DATA-BASE
DÉBITO (R$)
5 Caixas de Registro do Tipo II (de 150 a 200mm)
17/09/1998
1.730,80
Cadastro Técnico
17/09/1998
11.622,33
Relação de Débitos e Créditos não relacionados à execução do Convênio FUNASA nº 1059/97
Data
Débito
Crédito
28/09/1998
3.300,00
28/09/1998
5.000,00
04/12/1998
51.586,63
04/02/1999
27.566,10
27.087,71
04/02/1999
10.000,00
02/08/1999
203,66
11/08/1999
8.000,00
20/08/1999
17.200,00
27/09/1999
13.500,00
28/09/1999
30.000,00
04/10/1999
60,00
04/10/1999
145,00
05/10/1999
18,00
29/10/1999
34,69
29/10/1999*
60,58
TOTAL NOMINAL
97.974,66
95.787,71
* saldo não recolhido ao concedente.
54.4 – aplique a multa prevista no art. 57 da Lei nº 8.443/1992 ao Sr. Theotônio Narciso da Cruz Neto, fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que comprove perante o Tribunal o recolhimento da referida quantia aos cofres do Tesouro Nacional, com atualização monetária a partir da data do Acórdão no caso de recolhimento após o prazo concedido, conforme legislação em vigor;
 54.5 - nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, que seja autorizada a cobrança judicial da dívida por intermédio do Ministério Público junto ao Tribunal, na forma prevista no inciso III do art. 81 da mesma Lei, caso não atendida a notificação;
54.6 - encaminhe ao Ministério Público Federal, com fulcro no art. 16, §3º, da Lei nº 8.443/92, cópia do Relatório, Voto e Acórdão que vierem a ser proferidos para ajuizamento das ações civis e penais cabíveis.”
É o relatório.VOTO
Cuidam os autos de Tomada de Contas Especial, instaurada pela Fundação Nacional de Saúde – FUNASA, contra a Sr. Theotonio Narcizo da Cruz Neto, ex-Prefeito Municipal de Carmópolis/SE, em decorrência de irregularidades verificadas na aplicação dos recursos repassados ao referido Município, por força do Convênio nº 1059/1997, cujo objeto era a ampliação do sistema de abastecimento de água.
2.	Como se vê do relatório precedente, após os exames devidos, o responsável foi citado para apresentar alegações de defesa e/ou recolher aos cofres da Funasa os valores transferidos (R$ 65.610,79, R$ 65.610,77 e R$ 131.221,54, a contar respectivamente de 28/4, 17/9 e 17/9/1998), em vista das seguintes ocorrências:
	“a) não atingimento do objeto do Convênio FUNASA nº 1059/1997 - Siafi nº 340407 (parte da 1ª etapa da ampliação do sistema de abastecimento de água na sede do município), conforme Relatório de Visita Técnica Final da FUNASA, emitido em 24/06/2003, e Parecer Financeiro nº 29/03 da Divisão de Convênios e Gestão/MS, de 03/07/2003, os quais resumidamente consignam que:
a.1) a obra não foi executada em conformidade com os projetos aprovados pela FUNASA;
a.2) o gestor municipal alterou unilateralmente o projeto, sem anuência da FUNASA, violando o § 2º do art. 15 da IN/STN nº 01/97;
a.3) a execução não atendeu as especificações técnicas;
a.4) a obra não está atendendo a população conforme proposta no plano de trabalho aprovado;
a.5) o termo de recebimento da obra foi considerado sem validade, haja vista que o representante do município não possui habilitação para tal procedimento;
a.6) a área técnica da FUNASA constatou que nenhuma etapa foi totalmente construída de acordo com o projeto e especificações aprovados e/ou normas técnicas da arte de construir, dificultando sobremaneira as quantificações do que teria sido efetivamente realizado;
b) lançamento a débito na conta específica do convênio em 28/09/1998, 30/09/1998, 04/12/1998 e 04/02/1999, nos valores de R$ 3.300,00, R$ 5.000,00, R$ 51.586,63 e R$ 10.000,00 respectivamente, sem comprovação de aplicação no objeto do convênio (fls. 418, 420 e 423);
c) aplicação da contrapartida em 22/05/2000 (fl. 378), portanto, fora da vigência do convênio, que se encerrou em 16/10/1999 (fl. 262);
d) ausência, na prestação de contas, dos extratos bancários da conta corrente específica nº 22/300.120-2, agência nº 036, do Banco do Estado de Sergipe relativa ao período de 17/06 a 29/07/1998 e de 22/02/1999 a 30/06/2000 (data da prestação de contas).”
3.	Analisadas as alegações de defesa apresentadas pelo ex-Prefeito, em atendimento à citação realizada por esta Corte nos termos acima destacados, em confronto com os demais elementos constantes dos autos, verifica-se que não restaram descaracterizadas/justificadas as seguintes ocorrências: invalidade do termo de recebimento da obra, tendo em vista que foi firmado por pessoa não habilitada para tal mister; não-existência de cinco caixas de registro e não-realização do Cadastro Técnico, situações que resultaram em débito de R$ 1.730,80 e R$ 11.622,33, data base 17/9/1998; saques indevidos na conta específica, estranhos à execução do convênio conforme indicados no quadro constante do relatório; aplicação da contrapartida fora da vigência do convênio; ausência, na prestação de contas, de extratos bancários da conta específica no período de 17/6 a 29/7/98 e de 22/2/99 a 30/6/2000.
4.	Com relação às ocorrências não justificadas, entendo oportuno comentar a questão do termo de recebimento definitivo da obra, que foi considerado inválido tanto pela entidade concedente quanto por esta Corte. Ele foi considerado inválido porque, de acordo com o art. 73 da Lei 8.666/93, executado o contrato, o seu objeto será recebido, no caso de obras e serviços, definitivamente, por servidor ou comissão designada pela autoridade competente, mediante termo circunstanciado, assinado pelas partes, após o decurso do prazo de observação, ou vistoria que comprove a adequação do objeto aos termos contratuais.
5.	No caso dos presentes autos, verifica-se que o ex-Prefeito designou um engenheiro para acompanhar a execução dos serviços, profissional que deveria ter sido designado para receber o objeto ou para fazer parte da comissão de recebimento ou, ainda, os documentos por ele produzidos, durante a execução dos serviços, deveriam ter sido utilizados pelo Secretário de Obras do Município para fundamentar sua declaração de recebimento, situação que não foi possível verificar com os elementos constantes dos autos.
6.	Dessa forma, manifesto-me de acordo com a proposta formulada pela Secex/SE, no sentido de julgar as presentes contas irregulares e em débito o responsável pelas quantias correspondentes aos serviços não executados e aos saques indevidos realizados na conta específica do convênio, bem como adotar as demais medidas sugeridas nos autos.
	Ante o exposto, VOTO no sentido de que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto ao Colegiado.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 17 de junho de 2008.
UBIRATAN AGUIAR
Ministro-Relator
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ACÓRDÃO Nº 1723/2008 - TCU - 2ª CÂMARA
1. Processo TC-000.183/2005-0 - c/ 2 volumes e 2 anexos
2. Grupo I - Classe II - Tomada de Contas Especial
3. Responsável: Theotonio Narcizo da Cruz Neto, ex-Prefeito (CPF 038.784.655-72)
4. Entidade: Município de Carmópolis/SE
5. Relator: MINISTRO UBIRATAN AGUIAR
6. Representante do Ministério Público: Procuradora Cristina Machado da Costa e Silva
7. Unidade Técnica: Secex/SE
8. Advogado constituído nos autos: Jussara Maria Moreno Jacinhto (OAB/SP 171645-b)
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Tomada de Contas Especial de responsabilidade do Sr. Theotonio Narcizo da Cruz Neto, ex-Prefeito Municipal de Carmópolis/SE, instaurada em decorrência de irregularidades verificadas na aplicação dos recursos repassados ao referido Município, por força do Convênio nº 1059/1997, cujo objeto era a ampliação do sistema de abastecimento de água.
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Extraordinária da 2ª Câmara, com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alíneas "b" e "c", e § 2º da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, c/c os arts. 19 e 23, inciso III, da mesma Lei, e com os arts. 1º, inciso I, 209, incisos II e III e § 4º, 210 e 214, inciso III do Regimento Interno, em:
9.1. julgar irregulares as contas do Sr. Theotonio Narcizo da Cruz Neto, ex-Prefeito, condenando-o ao pagamento das importâncias constantes dos quadros abaixo, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora calculados a partir das datas ali indicadas, até a data da efetiva quitação do débito, deduzindo-se as quantias consignadas a crédito, fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias para que comprove perante o Tribunal o recolhimento da referida quantia aos cofres da Fundação Nacional de Saúde, nos termos do art. 23, inciso III, alínea “a”, da Lei 8.443/92, c/c o art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno/TCU:
Serviços Conveniados Não Executados
ITEM DA IRREGULARIDADE
DATA-BASE
DÉBITO (R$)
5 Caixas de Registro do Tipo II (de 150 a 200mm)
17/09/1998
1.730,80
(hum mil, setecentos e trinta reais, oitenta centavos)
Cadastro Técnico
17/09/1998
11.622,33
(onze mil, seiscentos e vinte e dois reais, trinta e três centavos)
Relação de Débitos e Créditos não relacionados à execução do Convênio FUNASA nº 1059/97
Data
Débito
Crédito
28/09/1998
3.300,00
(três mil e trezentos reais)
28/09/1998
5.000,00
(cinco mil reais)
04/12/1998
51.586,63
(cinqüenta e um mil, quinhentos e oitenta e seis reais, sessenta e três centavos)
04/02/1999
27.566,10
(vinte e sete mil, quinhentos e sessenta e seis reais, dez centavos)
27.087,71
(vinte e sete mil, oitenta e sete reais, setenta e um centavos)
04/02/1999
10.000,00
(dez mil reais)
02/08/1999
203,66
(duzentos etrês reais, sessenta e seis centavos)
11/08/1999
8.000,00
(oito mil reais)
20/08/1999
17.200,00
(dezessete mil, duzentos reais)
27/09/1999
13.500,00
(treze mil e quinhentos reais)
28/09/1999
30.000,00
(trinta mil reais)
04/10/1999
60,00
(sessenta reais)
04/10/1999
145,00
(cento e quarenta e cinco reais)
05/10/1999
18,00
(dezoito reais)
29/10/1999
34,69
(trinta e quatro reais, sessenta e nove centavos)
29/10/1999*
60,58
(sessenta reais, cinqüenta e oito centavos)
TOTAL NOMINAL
97.974,66
(noventa e sete mil, novecentos e setenta e quatro reais, sessenta e seis centavos)
95.787,71
(noventa e cinco mil, setecentos e oitenta e sete reais, setenta e um centavos)
* saldo não recolhido ao concedente.
9.2. aplicar ao responsável a multa referida no art. 57 da Lei nº 8.443/92, c/c o art. 267 do Regimento Interno, no valor de R$ 4.500,00 (quatro mil e quinhentos reais), fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias, a partir da notificação, para que comprove, perante o Tribunal (art. 214, III, alínea "a" do Regimento Interno), seu recolhimento aos cofres do Tesouro Nacional, atualizado monetariamente a partir do dia seguinte ao término do prazo ora fixado, até a data do efetivo pagamento;
9.3. autorizar, desde logo, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei nº 8.443/92, a cobrança judicial das dívidas, caso não atendida a notificação, na forma da legislação em vigor;
9.4. autorizar o pagamento da dívida do Sr. Theotonio Narcizo da Cruz Neto em até 24 (vinte e quatro) parcelas mensais e consecutivas, caso solicitado, nos termos do art. 26 da Lei nº 8.443/92, c/c art. 217 do Regimento Interno, fixando-se o vencimento da primeira parcela em quinze dias, a contar do recebimento da notificação, e o das demais a cada trinta dias, devendo incidir sobre cada parcela, atualizada monetariamente, os encargos legais devidos, na forma prevista na legislação em vigor;
9.4.1. alertar o responsável de que a falta de comprovação do recolhimento de qualquer parcela importará o vencimento antecipado do saldo devedor, nos termos do § 2º do art. 217 do Regimento Interno deste Tribunal;
9.5. determinar à SECEX/SE que, concluído o recolhimento com a observância das datas aprazadas, ou no caso de inadimplemento da obrigação assumida pelo responsável, promova a reinstrução do processo.
9.6. remeter cópia deste acórdão, bem como do relatório e do voto que o fundamentam, à Procuradoria da República no Estado de Sergipe, nos termos do § 3º do art. 16 da Lei n.º 8.443/92, c/c o § 6º do art. 209 do Regimento Interno, para ajuizamento das ações cabíveis.
10. Ata n° 20/2008 – 2ª Câmara
11. Data da Sessão: 17/6/2008 – Extraordinária
12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-1723-20/08-2
13. Especificação do quórum:
13.1. Ministros presentes: Benjamin Zymler (na Presidência), Ubiratan Aguiar (Relator), Aroldo Cedraz e Raimundo Carreiro.
13.2. Auditor presente: André Luís de Carvalho.
BENJAMIN ZYMLER
UBIRATAN AGUIAR
na Presidência
Relator
Fui presente:
CRISTINA MACHADO DA COSTA E SILVA
Procuradora
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