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O fígado e a vesícula biliar Profa. Dra. Rute Maria F. Lima Localização • Cavidade abdominal, no hipocôndrio direito, abaixo do músculo diafragmático, lateralmente ao estômago, acima do pâncreas e anteriormente á vesícula biliar. • A margem inferior do lobo direito apresenta íntimo contato com o intestino grosso. (MOORE, DALLEY, 2007) Macroscopicamente • Apresenta 2 faces: - Diafragmática (ântero-superior): convexa e lisa, relacionando-se com o diafragma. Apresenta um lobo direito e um lobo esquerdo. Essa divisão é estabelecida – ligamento falciforme. Macroscopicamente • Apresenta 2 faces: - visceral (póstero-inferior): ✓ irregularmente côncava (presença das impressões viscerais); ✓ subdividida em 4 lobos (direito, esquerdo, quadrado e caudado). Suprimento sanguíneo duplo 80% 20% • Veia porta – sangue rico em nutrientes ; quase todo o sangue vindo do sistema digestório drena para essa circulação venosa – circulação porta-hepática chega ao fígado todo material absorvido nos intestinos (EXCEÇÃO - parte dos lipídios - via linfática) Sistema porta-hepático • Este sistema venoso permite que todas as substâncias absorvidas no trato digestivo passem primeiro pelo fígado onde são transformadas, antes de passarem à circulação sistêmica. • Essa transformação e desintoxicação é uma das principais funções do fígado. Microscopicamente Os hepatócitos são as células mais importantes do fígado constituindo cerca de 2/3 da sua massa Microscopicamente • Além dos hepatócitos, das células endoteliais fenestradas e dos componentes biliares, existem outros tipos de células - células de Kupffer (maior acúmulo de macrófagos em todo o corpo, responsáveis pela fagocitose de diversas substâncias, bactérias, degradação hemoglobina) e as células de Ito ou estreladas (reserva de substâncias lipídicas). • Captação, armazenamento e liberação de lipídios; • Síntese e secreção de componentes da MEC; Funções • 25% do débito cardíaco total (realizar numerosas funções vitais, essenciais à manutenção da homeostasia corporal) ✓ regulação do metabolismo de diversos nutrientes; ✓ papel imunológico; ✓ síntese proteica; ✓ armazenamento de vitaminas e ferro; ✓ degradação hormonal e a inativação e excreção de drogas e toxinas. Funções - detoxificação • Algumas substâncias/compostos são completamente digeridos nos lisossomos, entretanto, outras (> parte) precisam sofrer uma série de reações para serem degradados e eliminados. • Essas reações são chamadas de reações de biotransformação e geralmente ocorrem em 2 fases. Funções - detoxificação – reações de fase I • Representam reações de oxidação/redução (hidroxilação, desalogenação, dealquilação) que têm como característica comum a todas a inserção de um átomo de oxigênio no substrato, transformando-o num COMPOSTO MAIS POLAR. hidroxilação de haletos aromáticos Funções - detoxificação – reações de fase I • As principais enzimas envolvidas nestas reações de fase I são os citocromos P-450 que existem principalmente no retículo endoplasmático (RE) e tipicamente catalisam reações de hidroxilação. • Como as reações de fase I, apesar de essenciais, apenas conferem um aumento modesto na solubilidade, a maioria das substâncias, mas não todas, terá que sofrer reações da fase II. Funções – detoxificação – reação de fase II • Nesta fase o hepatócito procede à conjugação dos metabolitos formados na fase I com compostos como o glucuronato, sulfato, glutationa, radicais metil e acetil entre outros, de maneira a produzir compostos mais hidrofílicos e/ou menos tóxicos que rapidamente são secretados no sangue ou na bile. • As reações de conjugação mais importantes são: (1) a conjugação com o glucuronato (2) a conjugação com o sulfato; (3) a conjugação com a glutationa Fígado - funções • Sintetiza quase todas as proteínas plasmáticas mais importantes: ✓ albumina, transportadores de hormônios, fatores da coagulação, fatores de crescimento, globulinas, lipoproteínas. ✓É capaz também de sintetizar todos os aminoácidos não essenciais. Fígado – funções – regulação metabolismo de nutrientes • Metabolismo energético e de carboidratos • Metabolismo lipídico • Metabolismo proteico Fígado – funções – regulação metabolismo de nutrientes • Metabolismo energético e de carboidratos - providencia energia para os tecidos pela exportação de 2 substratos: a glicose (alimentado) e os corpos cetônicos (não-alimentado). - O fígado tem um papel essencial em manter o nível plasmático de glicose mais ao menos constante e dentro da normalidade. ✓↑ níveis de glicose → glicogênio (glicogênese) ✓↓ níveis de glicose → glicogenólise - Principal local para a glicoNEOgênese, isto é, ✓ conversão de aminoácidos (ex. lisina e leucina), lactato e glicerol em glicose. Fígado – funções – regulação metabolismo de nutrientes • Metabolismo de lipídios - sintetiza e secreta lipoproteínas: ✓ VLDLs (very-low-density lipoproteins) ✓ IDL (intermediate-density lipoprotein): resultante da ação da lipase que remove os TG da molécula. ✓ LDL (Low-density lipoprotein) ✓ HDL (high-density lipoprotein): removem o colesterol dos tecidos para o fígado. Fígado – funções – regulação metabolismo de nutrientes • Metabolismo de lipídios - Os lipídios absorvidos deixam o intestino através do sistema linfático sob a forma de quilomícrons. São lipoproteínas formadas nas células do epitélio intestinal a partir das gorduras da dieta e secretadas na linfa. Função: transportar AG obtidos na dieta para os tecidos em que serão consumidos ou armazenados. Fígado – funções – regulação metabolismo de nutrientes • Metabolismo de lipídios - principal órgão responsável pela homeostasia do colesterol: ✓ síntese a partir da enzima HMG-CoA (β-hidroxi-β-metilglutaril-CoA) redutase; ✓ excreção/eliminação : conversão hepática de colesterol em ácidos biliares através da 7a-hidroxilase. β-hidroxi-β-metilglutaril • Componente essencial das membranas celulares - necessário para sua construção e manutenção, além de regular sua fluidez em diversas faixas de temperatura. • Como precursor dos ácidos biliares, o colesterol também ajuda na fabricação de sais da bile. Esses sais auxiliam na digestão da gordura proveniente da dieta. 7a-hidroxilase Fígado – funções – regulação metabolismo de nutrientes • Metabolismo proteico: - Quando as proteínas são degradadas liberam aminoácidos que: ✓ não podem ser armazenados; ✓ se não forem usados como forma de energia • NH3 - não é metabolizada pela maioria dos tecidos e é extremamente tóxica. • NH3 → conversão em ureia - ciclo da ureia. • A ureia produzida pelo ciclo da ureia sai do hepatócito para o plasma, sendo posteriormente excretada a nível renal. Amônia (NH3) Este ciclo ocorre principalmente nos citoplasmas dos hepatócitos e nas mitocôndrias a ureia sintetizada é posteriormente filtrada e eliminada nos rins, através da urina ou na pele através do suor. • Encefalopatia – qualquer situação que afete o funcionamento do encéfalo. • Encefalopatia hepática: complicação neuropsiquiátrica frequente nos hepatopatas. A amônia é um composto tóxico para o organismo por se liga aos intermediários do ciclo de Krebs promovendo a depleção de ATP. Aumento da atividade GABAérgica (disponível em: http://www.sbhepatologia.org.br/pdf/encefalopatia/d8) Fígado – funções • Armazenamento de substâncias: ✓ vitaminas A, D, E, K (lipossolúveis, principalmente armazenadas nas células de Ito); ✓ vitamina B12, ferro, ácido fólico, entre outras. Fígado – funções Função endócrina: o fígado não é considerado um órgão dosistema endócrino mas tem a capacidade de converter importantes hormônios e vitaminas em sua forma mais ativa. Ex.: ✓ destaca-se a hidroxilação inicial da vitamina D; ✓ desiodinização da tiroxina (T4) em triiodotironina (T3) • importante na degradação de diversos hormônios. Fígado – funções • Metabolismo das bilirrubinas Grupamento heme que não contém ferro Icterícia • Acúmulo de bilirrubina • cor amarelada da pele, membranas mucosas ou olhos; • a coloração amarela é causada pelo acúmulo de bilirrubina; • 2 mg/dl (hiperbilirrubinemia) Icterícia • pode ser um sintoma de várias doenças (hepáticas, vesícula biliar ou pâncreas, infecções, o uso de medicações, câncer, doenças hematológicas); • Todos os dias, um pequeno número de eritrócitos morrem e são substituídos por novos. O fígado retira as células sanguíneas velhas, formando a bilirrubina. O fígado ajuda a decompor a bilirrubina para que possa ser retirada pelo corpo nas fezes. Icterícia – etilogia (1) Excesso de degradação de eritrócitos; (2) Dano hepático (falha no mecanismo de conjugação nos hepatócitos); (3) A bilirrubina do fígado é incapaz de passar pelo trato digestivo de maneira adequada (obstrução sistema biliar); Tipos de icterícia • Pré-hepática ou hemolítica - Hemólise intravascular - Excesso de bilirrubina não-conjugada Observa-se acúmulo de birrirubina não-conjugada - etiologia: qualquer agente que cause hemólise e que a quantidade de bilirrubina liberada exceda a capacidade de conjugação e eliminação hepática. Ex.: transfusão sanguínea incompatível, hemorragia interna, doença hematológica com produção excessiva de hemácias. Tipos de icterícia • Hepática ou hepatocítica Observa-se acúmulo de birrirubina não-conjugada e conjugada - etiologia: lesão direta dos hepatócitos impedindo o metabolismo da bilirrubina. Ex.: hepatites e neoplasias hepáticas Tipos de icterícia • Pós-hepática (defeito no transporte) Observa-se acúmulo de birrirubina conjugada - etiologia: obstrução ao fluxo normal da bile. Ex.: cálculo biliar, neoplasias qe obstruam a passagem da bile para a vesícula. A bilirrubina conjugada não chega ao intestino. Fígado - funções • Formação e secreção de bile: - Função hepática mais importante no que se refere ao sistema digestivo. - secreção gastrointestinal que em termos gerais tem duas importantes funções: (1) Única via de excreção de vários solutos que não são excretados pelos rins; (2) Secreção de várias substâncias que são essenciais para a digestão e absorção lipídica. Fígado – funções – formação da bile • A sua formação ocorre em três passos sequenciais. 1º hepatócitos secretam sais biliares, colesterol, fosfolipídios, pigmentos biliares para os canalículos biliares, além de um fluido isotônico muito parecido com o plasma. Fígado – funções - formação da bile • A sua formação ocorre em três passos sequenciais. 2º os ductos biliares não funcionam apenas como via de transporte da bile, mas os seus colangiócitos também secretam um fluido aquoso e rico em bicarbonato (cerca de 50% do conteúdo total da bile), secreção esta que é potencializada por diversos hormônios, principalmente a secretina, mas também a CCK. Secreção de bicarbonato - A somatostatina (pâncreas), por sua vez, tem um papel inibitório na secreção biliar. Pâncreas endócrino • Células δ (delta) - representam 5-10% das células; - produzem principalmente somatostatina - supressor da secreção de insulina, glucagon e hormônio de crescimento. Inibe a liberação de hormônios GI e da secreção ácida estomacal. Ácidos biliares • ácido cólico e quenodesoxicólico – são os sintetizados pelo fígado – primários; • ácido desoxicólico e o litocólico – secundários - são os formados a partir da desidroxilação dos primários pelas bactérias que normalmente colonizam o trato digestivo. São moléculas anfipáticas, isto é, têm um domínio hidrofóbico e outro hidrofílico e por essa razão quando em solução tendem a formar agregados que se designam por micelas. Ácidos biliares • As funções primárias dos ácidos biliares são: - solubilizar o colesterol na vesícula através da formação de micelas mistas (o que impede a formação de cálculos de colesterol) e finalmente; - promover a emulsificação e absorção lipídica a nível da mucosa intestinal; - aumentar a superfície de atuação da lipase pancreática. Calcificação patológica – calculose ou litíase ou concreções • Calcificação em estruturas tubulares, órgãos ocos (vesícula biliar e bexiga) , cavidades naturais (peritônio), condutos naturais (ureter, colédoco, ducto pancreático ou salivar) que não os vasos sanguíneos. Litíase biliar ou colelitíase Etiologia • Se o fígado EXCRETA MAIS COLESTEROL DO QUE A BILE PODE DISSOLVER, o excesso de colesterol pode se transformar em cristais e, eventualmente, em pedras. • Se a vesícula biliar não esvaziar corretamente ou com a frequência necessária, pode haver alta concentração da bile e, assim, a formação dos cálculos. • Ou seja, DESEQUILÍBRIO NA RELAÇÃO ENTRE OS SOLUBILIZANTES E O COLESTEROL. Esta relação fica alterada não só quando aumenta o colesterol, mas também quando há uma redução da quantidade de solubilizantes na bile, facilitando a formação de cálculos. Colecistectomia Colecistectomia • o colédoco dilata e passa a armazenar a bile.
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