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TRÊS MODELOS DE COMPREENSÃO DA LOUCURA PODEM SER 
REFERIDOS: 
 
MODELO MÍTICO-RELIGIOSO: 
Sua origem data na Antiguidade Clássica. Dentro da evolução cíclica retro referida, 
reaparece sob o enfoque demonista, séculos mais tarde. Os espíritos, deuses e demônios 
historicamente foram responsabilizados por comportamentos alterados do ser humano. 
Essa causa f oi bem aceita no mundo ocidental, no período grego-romano e na Idade 
Média. O tratamento proposto era intervenções religiosas, mágicas e exorcismo. Explica 
a loucura a partir de forças sobrenaturais, as quais retiram a responsabilidade humana 
sobre sua conduta. Predominava a i deia de que a origem da Loucura advinha de causas 
sobrenaturais, forças e razões de natureza mística. Algumas pessoas estariam sendo 
possuídas por espíritos malignos e eram propensas à raiva dos deus es. Assim, s e 
considerava difícil intervir e tratar. A intervenção baseava-se em médicos sacerdotes e 
fundamentava-se em processos médico -religiosos. 
MODELO ORGANICISTA: 
Procura uma causa física para a loucura. Evolui da presença dos sais ou de vapores 
para uma lesão anatômica no cérebro. A cura implica tratamentos físicos, sobretudo 
farmacológicos. O campo de atuação ou de cura centra-se no encéfalo, enquanto sede 
do sistema nervoso. O mau funcionamento do organismo pode ser responsável por 
alterações comportamentais. Nesse caso, a causa é orgânica e as intervenções 
recomendadas são biológicas. 
MODELO PSICOLÓGICO: 
Encontra duas vertentes . A primeira considera a loucura como oriunda de descontroles 
emocionais. Já a segunda, iniciada com Pinel, considera tais descontroles e procura saná-
los, através de novas experiências cognitivas e afetivas que suplantem as impressões que 
originaram o descontrole passional inicial. Um fundo organicista, no entanto, permanece 
em Pinel, seja por considerar a loucura como sinônimo de desequilíbrio das funções 
mentais, embora acrescente também o desequilíbrio das funções afetivas, seja por 
prescrever tratamentos físicos similares aos já aplicados pelos organicistas. 
A seguir apresentaremos como era percebido o louco/loucura nos diferentes períodos 
históricos. 
 
A história da psiquiatria no Ocidente mostra que os doentes mentais foram tratados de 
diferentes formas, de acordo com época, local e crenças. Há evidências de que na pré-
história, a pessoa era assistida com rituais mágicos, que quando não funcionavam faziam 
com que ela ficasse à própria sorte. Na Antiguidade acreditava-se que o comportamento 
fora da norma sociocultural de cada local era causado por forças sobrenaturais, que 
assumiam o controle da pessoa ditando seus comportamentos. Os antigos egípcios, árabes 
e hebreus acreditavam que o comportamento distinto era decorrente de possessão por 
forças sobrenaturais, deuses irados, maus espíritos e demônios (HOLMES, 2001). As 
formas de intervenção utilizavam desde encantamentos, preces ou poções até a imposição 
de sofrimentos físicos, como apedrejamento e açoitamento, objetivando livrar a pessoa 
das possessões (HOLMES, 2001). Nas eras grega e romana (século IX a.C. – 476 d. C.), 
a ênfase mudou para explicações naturais ou fisiológicas. Durante a civilização greco-
romana foram documentados tratamentos para doenças mentais, por meio de 
sangrias, purgantes e banhos sulfurosos. 
 A primeira tentativa de explicar o comportamento diferente da norma sociocultural em 
termos de causas naturais ocorreu quando Hipócrates (460 – 377 a.C.), conhecido 
como o “pai da medicina moderna”, formulou a Teoria Humoral, 
sugerindo que o comportamento era governado pelos níveis relativos de quatro 
humores (líquidos ) no corpo. Est a teoria constituiu a principal explicação racional 
sobre a saúde e a doença entre o Século IV a.C. ao Século XVII (HOLMES) 
Na Europa, Idade Média, devido ao declínio cultural ocorrido, o doente mental passou a 
ser vítima de inúmeras crendices. Era bem t ratado apenas quando atendido em 
santuários e monastérios dirigidos por religiosos mais esclarecidos. 
Na Idade Média (500 – 1500 d.C) as causas para os comportamentos diferenciados 
em determinados contextos socioculturais foram, novamente, atribuídas aos demônios. 
Nessa época, os ensinamentos de Hipócrates caíram no esquecimento e surgiu na 
Europa um movimento de perseguição religiosa aos judeus, aos protestantes, às 
bruxas e aos loucos, em que as pessoas com comportamentos estranhos eram vistas 
como uma ameaça social 
As formas de intervenção eram do tipo exorcismo para expulsar os demônios, sendo 
que tais pessoas eram rotuladas de bruxas e acreditava-se que deveriam ser destruí 
das numa tentativa de proteger a sociedade dos seus malefícios. A punição ou a 
redenção eram concebidas como forma de tratamento (HOLMES, 2001; PAIXÃO, 
1979). No século XVI foi reconhecido que os indivíduos c om 
comportamento diferenciado da norma sociocultural estavam doentes, ao invés de 
possuídos. Tentativas foram empreendidas para tratá-los de forma mais humanitária, 
sem condenação ou exorcismo. 
No século XVI apareceram as “casas de caridade”, ou seja, asilos, onde doentes 
com comportamentos mais agressivos eram colocados em c elas ou masmorras. Os 
doentes m ais inofensivos viviam de esmolas. Neste contexto, foi criado em Londres, 
no ano de 1547, o hospital Saint Mary of Bethlehem, fundado por Henrique XVIII, 
que foi um lugar dedicado ao “cuidado de pessoas perturbadas”, foi exemplo dessa 
modalidade de asilo. Na realidade os primeiros asilos eram m ais prisões do que 
hospitais (HOLMES, 2001, p.27). As formas de intervenção eram o confinamento 
e o acorrentamento das pessoas às paredes, de modo que as impediam de se 
deitarem para dormir (HOLMES, 2001). 
 
Cabe ressaltar que o hospital na Idade Média era uma “instituição de caridade, que 
tinha como objetivo oferecer abrigo, alimentação e assistência religiosa aos pobres, 
miseráveis, mendigos, desabrigados e doentes. [...] Hospital que, em latim, significa 
hospedagem, hospedaria, hospitalidade” (AMARANTE, 2007, p.22). Estes hospitais 
eram mantidos por instituições religiosas de caráter filantrópico, em seu início, onde 
a medicina não era exercida (AMARANTE, 2007) 
 
No s éculo XVII, ainda se acreditava que doença mental era causada por espíritos 
malignos e demônios, e tratamentos por magias e bruxarias eram realizados. No 
continente europeu, a Igreja Católica incitou perseguições aos doentes mentais, bruxos 
e mágicos. Na época, parcela significativa da população morreu queimada em fogueiras. 
 
A partir da metade do século XVII, na França, em 1656, sob o poder real, foi 
fundado o Hospital Geral. Não sendo um estabelecimento médico no sentido dos dias 
atuais, deixou de ser apenas filantrópico e passou a cumprir função de ordem social 
e política. A criação do Hospital Geral definiu um novo lugar social p/ o louco e p/ 
loucura na sociedade ocidental“lugar s ocial para o louco e para a loucura na 
 sociedade ocidental” “lugar social para o louco e para a loucura na sociedade 
ocidental” (AMARANTE, 2007, p. 23). 
Pinel introduziu o conceito de alienação mental e a profissão de alienista. Alienação 
mental “era conceituada como um distúrbio das paixões, capaz de produzir 
desarmonia na mente e na possibilidade objetiva do indivíduo percebera 
realidade”. A alienação mental seria a desordem parcial da razão. Alienado significa 
“alguém de f ora, estrangeiro, alienígena [...] fora da realidade, fora de s i, sem o 
controle de suas próprias vontades e desejos. [...] Alienado, de alienare e alienatio, 
significa também tornar -se outro” (AMARANTE, 2007, p. 30). 
 
Apoiada na obra de Caplan (1966), é produzido um novo enfoque de as sistência ao 
doente mental, tendo como objeto privilegiado não m ais a doença, mas a saúde 
mental, deixando de ser a cura o objetivo, passando este a ser a prevenção. A 
comunidade passa a ser eleita como o locus das ações assistenciais em detrimento do 
hospital. O conceito chave da produção teórica de Caplan é o de crise, que se guia 
pelo marco teórico do modelo da História Natural das Doenças que possibilita 
construir as prioridades da assistência psiquiátrica, assim definidas: Psiquiatria 
Preventiva s e refere a um corpo de conhecimento profissional, t anto teórico quanto 
prático, que pode utilizar-se para planejar e promover programas para: 
1) reduzir a frequência dos transtornos mentais na 
comunidade através da prevenção primária, 
2) reduzir a duração de um número significativo de 
transtornos através da prevenção secundária, 
3) tratar os danos decorrentes dos transtornos.(CAPLAN, 1966, p.34) 
IMPORTANTE! Até o s éculo XVIII, na Europa, os hospitais não possuíam 
finalidade médicas. Eram grandes instituições filantrópicas destinadas a abrigar os 
indivíduos considerados "indesejáveis " à sociedade, como os leprosos, sifilíticos, 
aleijados, mendigos e loucos, sendo lugares de exclusão social da pobreza e da 
miséria produzidas pelos regimes absolutistas da época. No entanto, as pessoas 
eram internadas nessas instituições não para serem curadas, mas, para s erem separadas 
da sociedade à qual poderiam ameaçar, contagiar ou, ainda, para morrer em um 
ambiente protegido. Em fins do século XVIII a loucura passa a ser percebida 
inicialmente como uma alienação e mais t arde como doença que precisava ser 
observada, estudada, classificada e tratada. A Psiquiatria surge como um a área de 
saber próprio e o manicômio s e torna o local privilegiado de tratamento da doença 
mental. 
 
O médico Phillipe Pinel - um dos primeiros alienistas (como eram chamados os 
médicos que foram os precursores da psiquiatria), ao ser nomeado diretor do 
Hospital de Bicetrê, uma instituição assistencial e filantrópica na França no final 
do século XVIII, inspirado nos ideais da Revolução Frances a começou a separar e 
classificar os diversos tipos de "desvio" ou "alienação mental" que encontrava, com o 
objetivo de estudá-los e tratá-los. A loucura para Pinel era merecedorade uma a 
tenção especial, pois acreditava -se que as principais causas da alienação/loucura eram 
de ordem moral e, no entanto, justificava a necessidade de isolar o louco no asilo 
para que recebesse um tratamento digno de acordo com os princípios humanitários 
e libertários do período revolucionário 
em questão. (Amarante, 1996)A visão era de que o doente mental era uma figura 
que deveria ser mantida à distância, para que não perturbasse o cotidiano e a ordem 
da sociedade. A necessidade de isolar o doente mental também resulta no fato da 
sociedade buscar a eliminação do que limita sua expansão. Além disso, a doença mental 
é vista como um problema social que necessita ser resolvido “fora” da sociedade, 
uma v ez que o doente mental significa uma ameaça à ordem social. 
 
Nesse sentido, foram construídos locais de tratamento, onde se pode isolar o doente 
mental, tendo sido delegada ao psiquiatra a tarefa de tutelá -lo em seu isolamento, de 
modo a proteger e defender a sociedade do medo que continua a lhe provocar. O 
manicômio nasceu para a defesa dos sãos. Os muros, quando a ausência de terapias 
impossibilitava a cura, serviam para excluir e isolar a loucura, a fim de que não 
invadisse o nosso espaço. Mas, até hoje eles conservam essa função: dividir, separar, 
defender os sãos mediante a exclusão de quem já não é são. (Basaglia, 2005, p. 49) 
 
Deste modo s urgiu o hospital psiquiátrico ou manicômio, como instituição de estudo 
e tratamento da alienação mental. O chamado "tratamento moral" praticado pelos 
alienistas incluía o afastamento dos doentes do contato exterior com todas as 
influências da vida social e de qualquer contato que pudesse modificar o que era 
considerado o "desenvolvimento natural" da doença. Segundo Basaglia (2005), o 
manicômio surgiu nas periferias das cidades , em zonas isoladas e cercadas por 
muros. A figura do doente mental deveria ser mantida à distância, para que não 
perturbasse a ordem e o ritmo da sociedade. Esse f ato retrata que a sociedade 
tende a eliminar tudo o que perturba sua expansão, sem refletir sob sua responsabilidade 
nesses processos. A institucionalização trouxe inúmeras consequências para o 
portador de transtorno mental como, por exemplo, a fragmentação e/ou extinção do 
convívio familiar; perda da identidade, liberdade; negação da subjetividade e de t odos 
os direitos; incapacidade de exercer a cidadania. 
 
Já os estudiosos de linha biológica continuaram procurando causas orgânicas para 
explicarem os transtornos mentais. Desenvolveram tratamentos e fármacos que atuam 
no organismo (biológico), valorizando a assistência em hospitais psiquiátric os. Um 
importante representante foi Em il Kraepelin (1856-1926) cujo modelo conceitual 
mudou as bases da nosologia psiquiátrica. Kraepelin separou os problemas mentais 
em dois grandes grupos: demência precoce e insanidade maníaco-depressiva. As 
modernas classificações, como CID-10 e DSM- IV, baseiam-se em suas concepções. 
Elas também enfatizam a importância do quadro clínico, a sintomatologia e a 
evolução do transtorno ao longo do tempo. 
 
No final do século XIX e primeira metade do s éculo XX era significativo o 
número de portadores de transtornos mentais internados em instituições de caráter 
asilar, o que desencadeou o movimento de “desinstitucionalização”, desencadeou o 
movimento de “desinstitucionalização”, desencadeou o movimento de 
“desinstitucionalização”, propondo a volt a dos pacientes residentes em hospitais para 
a com unidade. 
 
NO BRASIL 
 
No Brasil, a história da assistência psiquiátrica também apresenta uma trajetória 
bastante semelhante à que acabamos de descrever anteriormente. 
O Hospício Dom Pedro II, foi fundado, por meio do Decreto n. 82/1841, no Rio de 
Janeiro e inaugurado em 1852, e renomeado mais tarde como Hospício Nacional de 
Alienados. Assim, o Brasil se tornou o primeiro país da América Latina a 
fundar um grande manicômio com base no alienismo francês, o qual manteve a tradição 
asilar de abrigar desviantes de todos os tipos, regidos sob a égide das mais diversas 
intervenções e arbitrariedades. Pouco tempo depois, as duas primeiras cátedras, 
Psiquiatria e Doenças Nervos as, respectivamente no Rio de Janeiro e 
Bahia, f oram criadas. Em 1911, a psiquiatria passou a ser especialidade médica 
autônoma. O modelo vigente, na época, era assistencialista, comos pacientes 
internados em hospitais distantes das cidades, especialmente em colônias agrícolas, 
que utilizavam o trabalho como instrumento terapêutico. O Hospital Psiquiátrico de 
Juqueri, na cidade de Franco da Rocha (São Paulo), f oi um exemplo. 
A responsabilidade legal do paciente com transtorno mental foi determinada pela Lei 
Federal 3.071, de 1916, que diz: “os loucos devem ser submetidos à curatela, 
internados os inconvenientes e sujeitos à interdiçã o dos furiosos”. 
 
A organização dos serviços no Brasil foi alicerçado no isolamento dos considerados 
“loucos” a base do tratamento indo de acordo com o pensamento do médico francês 
Philippe Pinel, que, como visto, colocava o isolamento, entendido como 
institucionalização /hospitalização integral, um imperativo fundamental para que o 
alienado pudesse ser tratado adequadamente. Desta forma, o funcionamento do 
referido Hospício tem em sua base a segregação, o confinamento e a tutela, com 
vistas a conter as pessoas que ameaçam a ordem social. O tratamento dispensado 
aos portadores de transtorno mental caracterizava-se pela exclusão da v ida em 
sociedade, via hospitalização, e cronificação da doença. 
 Após um s alto histórico, chegamos no século 20 mais especificamente nos anos 
de 1940, quando, houve o surgimento do Serviço Nacional de Doença Mental, mas 
com escassas novidades no aspecto assistencial. A década seguinte foi marcada pela 
superlotação dos asilos e surgimento de inúmeros hospitais psiquiátricos que s e 
espalhavam pelo país. Nos anos 60, a maioria dos hospitais públicos encontrava-se 
em precárias condições de manutenção administrativa e, principalmente, sem 
perspectivas assistenciais humanas. Nesse sentido, iniciou -se a contratação de leitos 
psiquiátricos privados pelo Estado, nos anos 70, proliferaram os ambulatórios com o 
intuito de internar pacientes nos leitos privados. É sabido o que ocorreu a partir daí: 
tempo exagerado de permanência nos hospitais, atendimento desumano, uso abusivo 
e quase exclusivo de psicofármacos como alternativa de tratamento, investimento 
na hotelaria dos hospitais 
 
A partir desse evento, f oram construídos em t odo o país vários asilos e 
manicômios. Portanto, ao longo dos anos , a assistência psiquiátrica esteve atrelada 
ao tratamento restrito ao interior dos grandes hospícios, c om internação prolongada 
e manutenção da segregação do portador de transtorno mental do espaço familiar e 
social. O foco de atenção não era a pessoa, mas a doença. Os portadores de transtorno 
mental eram marginalizados e desprovidos de autonomia, não sendo vistos como 
indivíduos ativos na sua terapêutica. 
 
À instituição hospitalar cabia a responsabilidade de eliminar os sintomas da 
desordem psíquica. Para o tratamento utilizavam recursos que iam desde a internação, 
técnicas de hidroterapia, administração excessiva de medicamentos, até 
aplicação de estímulos elétricos ou o uso de procedimentos cirúrgicos. 
O objetivo das instituições psiquiátricas era utilizar dispositivos que caminhassem na 
direção da correção do que sinalizava “anormalidade”. 
 
CONSTITUIÇÃO HIST ÓRICA DA REFORMA PSIQUIÁTRICA NO BRASIL 
O Brasil vem passando por um profundo processo de reestruturação da atenção em 
Saúde Mental desde o final dos anos 70, do século passado. Com relação aos 
acontecimentos que compõem esse processo, as pessoas que apresentam algum tipo 
de sofrimento psíquico e seus familiares passaram a ter outras oportunidades e 
perspectivas para suas vidas, assim como os profissionais que atuam na área e os 
gestores da rede de saúde pública. Por isso, podemos nos referir a mudanças em 
profundidade, uma vez que não s e trata apenas da criação de tipos diferentes de 
serviços, m as do enraizamento de novas concepções sobre o sofrimento humano e 
dos modos de acolher e tratar as pessoas com sofrimento psíquico. 
 
O processo de Reforma Psiquiátrica requer a transformação do conjunto de práticas 
e saberes que estão ligados ao tema da loucura, do sofrimento psíquico e do transtorno 
mental. A partir da segunda metade dos anos 1970, o Brasil passa a experimentar 
algumas mudanças no campo político. Estas exercem influência positiva sobre a 
organização da sociedade civil e sobre a atuação de novos movimentos sociais . As 
reivindicações pela redemocratização do país acabam por influenciar iniciativas com 
a mesma inspiração em diversos setores. 
 
Assim, s urge o movimento pela Reforma Sanitária no Brasil, que alinha as 
proposições técnicas relativas as mudanças no campo da saúde coletiva as 
reinvindicações pelo fim da Ditadura Militar e pela abertura do sistema político. 
 
 REFORMA SANITÁRIA 
 
REFORMA PSIQUIÁT RICA 
INÍCIO 1970 1970 
ÁPICE 1986: VIII Conferência 
Nacional de Saúde 
 
1978: Movimento dos 
Trabalhadores em Saúde 
Mental (MTSM) / crise na 
Divisão Nacional de Saúde 
Mental (DINSAM) 
 
FIM Até os dias atuais 
 
Até os dias atuais 
 
 
REFORMA S ANITÁRIA: O movimento pela Reforma Sanitária atuou em favor 
da mudança dos modelos de atenção e gestão nas práticas de saúde; na defesa dos 
princípios da saúde coletiva; pelo estabelecimento da igualdade na oferta dos 
serviços; na defesa da participação dos trabalhadores e usuários dos serviços de 
saúde nos processos de gestão e de produção de tecnologias de cuidado (BRASIL, 
2005 a). cabe destaque para a realização da 8ª Conferência Nacional de Saúde (1986) 
que se constituiu em um marco na história da saúde pública brasileira com a 
formulação de proposições para um novo sistema de saúde. Dentre as principais 
inovações conceituais da 8ª Conferência Nacional de Saúde pode -se ressaltar que: 
a) a saúde passou a ser compreendida como resultante de um conjunto amplo de 
condições de vida (alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente etc.) que, 
por sua vez, refletem o modo de organização social da produção e não com o 
ausência de doenças; 
b) a saúde foi afirmada como Direito do cidadão e Dever do Estado 
 
Na 8ª Conferência Nacional de Saúde estabeleceram-se também alguns princípios 
para o novo sistema de saúde: 
a) Universalização do acesso à saúde. 
b) Descentralização na gestão de serviços. 
c) Democratização do sistema com a participação da população, inclusive na 
formulação e gestão da política de saúde. 
d) Equidade em relação ao acesso. 
e) Integralidade das ações. 
 
Inspirada pelos anseios desencadeados pela abertura política e pelo fim do regime militar, 
a 8ª Conferência inovou ainda em sua própria organização, abrindo as portas par a a 
participação popular e para o controle social, com a realização de pré-conferências 
municipais e estaduais que haviam eleito delegados para a etapa nacional. A 
Constituição Federal de 1988 enfatiza a importância da cidadania, criando o Sistema 
Único de Saúde (SUS) e dando força ao movimento antimanicomial (luta contra 
internação em instituição psiquiátrica asilar). 
 
REFORMA PSIQUIÁT RICA: A experiencia de Franco Basaglia na Itália tem 
repercussão e influencia no Brasil. FrancoBasaglia era médico e psiquiatra, e foi o 
precursor do movimento de reforma psiquiátrica italiano conhecido com o Psiquiatria 
Democrática. No ano de 1961, quando assumiu a direção do hospital, iniciou 
mudanças com o objetivo de transformá-lo em uma comunidade terapêutica. Sua 
primeira atitude foi melhorar as condições de hospedaria e o cuidado técnico aos 
internos em Gorizia. Porém, à medida que se defrontava com a miséria humana 
criada pelas condições do hospital, percebia que uma simples humanização deste não 
seria suficiente. Ele notou que eram necessárias transformações profundas tanto no 
modelo de assistência psiquiátrica quanto nas relações entre a psiquiatria clássica e 
hospitalar, por esta se centrar no princípio do isolamento do louco (a internação 
como modelo de tratamento), sendo portanto, excludente e repressora. 
 
A partir de 1970, quando f oi nomeado diretor do Hospital Provincial na cidade 
de Trieste, iniciou o processo de fechamento daquele hospital psiquiátrico. Em Trieste 
ele promoveu a substituição do tratamento hospitalar e manicomial por um a rede 
territorial de atendimento, da qual faziam parte serviços de atenção comunitários, 
emergências psiquiátricas em hospital geral, cooperativas de trabalho protegido, 
centros de convivência e moradias assistidas (chamadas por ele de "grupos -
apartamento") para os loucos. No ano de 1973, a Organização Mundial de Saúde 
(OMS) credenciou o Serviço Psiquiátrico de Trieste como principal referência 
mundial para uma reformulação da assistência em saúde mental. A partir de 1976, o 
hospital psiquiátrico de Trieste foi fechado oficialmente, e a assistência em saúde 
mental passou a ser exercida em sua totalidade na rede territorial montada por 
Basaglia. Como consequência das ações e dos debates iniciados por Franco Basaglia, 
no ano de 1978 foi aprovada na Itália a chamada "Lei 180", em 13 de m aio de 
1978, ou "Lei da Reforma Psiquiátrica Italiana", que visava à extinção dos 
manicômios, das práticas de exclusão social e violência. Ficou também conhecida 
popularmente como "Lei Basaglia" que determinou o fim dos manicômios em todo 
o território italiano, ocasionando o progressivo esvaziamento dos manicômios, 
definindo a necessidade da criação de estruturas territoriais que respondessem às 
demandas, abolindo a ligação entre doença mental e periculosidade social (Basaglia, 
2005). Além disso, consolidou o processo de criação de novas práticas de atenção 
psicossocial e de saúde mental, essa lei ficou mundialmente conhecida como a Lei 
Basaglia. Franco Basaglia esteve algumas vezes no Brasil realizando seminários e 
conferências. Suas idéias se constituíram em algumas das principais influências para 
o movimento pela Reforma Psiquiátrica no país. 
 
A crise da DINSAM foi efetivada a partir da denúncia realizada por três médicos bolsistas 
do CPPII ao registrarem no livro de ocorrências do plantão do pronto-socorro as 
irregularidades da unidade hospitalar, trazendo ao público a trágica situação existente 
naquele hospital. Este ato mobilizou profissionais de outras unidades e recebeu o apoio 
imediato do Movimento de Renovação Médica. (Amarante, 1995, p.52) sociedade e a 
loucura. Basaglia criticava a postura tradicional da cultura médica, que transformava o 
indivíduo e seu corpo em meros objetos de intervenção clínica. No campo das 
relações entre a sociedade e a loucura, ele assumia uma posição crítica para com a 
 
No Brasil, na década de 70 iniciou-se a reforma psiquiátrica brasileira, em específico 
n o ano de 1978, que teve como o estopim do Movimento de Reforma Psiquiátrica 
no Brasil o Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM), motivado pelo 
episódio conhecido como a “Crise da Divisão Nacional de Saúde Mental (DINSAM)”, 
órgão do Ministério da Saúde responsável pela formulação das políticas de saúde. 
Os profissionais das quatro unidades da DINSAM, (Centro Psiquiátrico Dom Pedro II 
(CPPII), Hospital Pinel, Colônia Juliano Moreira e Manicômio Judiciário Heitor 
Carrilho) deflagraram greve em abril de 1978, seguida da demissão de 260 estagiários 
e profissionais. 
 
ATENÇÃO : as reivindicações do MTSM giravam em torno da regularização da 
situação trabalhista, aumento salarial, redução do número excessivo de consultas 
por turno de trabalho, críticas à cronificação do manicômio e ao uso do eletro-
choque, por melhores condições d e assistência à população e pela humanização dos 
serviços de saúde mental. 
O MTSM refletia sob um conjunto heterogêneo de denúncias e reivindicações que 
oscilava entre transformação psiquiátrica e organização corporativa. 
 
Nesse contexto, o Movimento dos Trabalhadores de Saúde Mental (MTSM), em 
1979, promoveu evento ao qual estiveram presentes Franco Basaglia e Robert 
Castel. As denúncias da violência nos hospitais, de abandono e maus tratos a que 
eram submetidos os pacientes internados em diversos hospícios do país, alguns 
visitados por Basaglia, e o desrespeito aos direitos humanos provocaram grande 
impacto. Nesse evento tomou-se conhecimento da reforma psiquiátrica italiana. O 
MTSM, ao adotar um discurso humanitário em defesa dos pacientes internados, 
alcançou grande repercussão e fez avançar a luta até seu caráter definitivamente 
antimanicomial. 
O avanço da luta antimanicomial trouxe ganhos significativos para a assistência aos 
portadores de transtornos mentais. No patamar institucional, apontamos como 
vantagens a desconstrução do modelo manicomial e a criação de uma rede de 
serviços com dispositivos diferenciados (urgências, leitos de retaguarda, oficinas 
terapêuticas, visitas domiciliares, etc. ) em território definido, proporcionando 
qualidade ao atendimento do usuário. 
 
No final dos anos 70, no bojo do Movimento da Reforma Sanitária, constatam-se 
críticas ao modelo "hospitalocêntrico" em diversas regiões do Brasil, feitas pelo 
Movimento de Trabalhadores em Saúde Mental que nasce da crise da DINSAM e, 
posteriormente, é denominado Movimento Antimanicomial. Tais críticas s e pautavam 
no combate à segregação dos doentes mentais, com ênfase na mudança das condições 
de tratamento asilar dispensado aos pacientes. 
 
Desde aproximadamente 1978, o modelo de atenção em saúde mental no Brasil 
vem sofrendo um redirecionamento influenciado pelo Movimento da Reforma 
Psiquiátrica que preconiza a criação de novos dispositivos substitutivos de tratamento 
de base comunitária com o os Centros de Atenção Psicossocial e mudanças na 
terapêutica e no modo de conceber e tratar a pessoa com transtorno mental. 
 
Na atual conjuntura brasileira, o campo de saúde mental tem sido fortemente marcado 
por debates em torno da Reforma Psiquiátrica e do novo modelo de tratamento 
voltado para a promoção e inclusão social do portador de transtorno mental e que tem 
com o princípio a desinstitucionalização do paciente psiquiátrico. Com o processo de 
desinstitucionalização, torna-se necessário investimento de novos recursos de atenção 
à saúde mental com o objetivo de diminuir as demandas de internação psiquiátrica 
e, assim, possibilitarum tratamento ambulatorial, setorizado, com vistas a uma não 
reincidência do quadro de internação e de isolamento. Este novo modelo, contudo, é 
fruto de um processo histórico de desconstrução dos antigos hospitais gerais que 
tinham no isolamento e na exclusão a base de suas intervenções e cujos fundamentos 
são encontrados no Séc. XVII, em vários países europeus. 
 No ano seguinte, 1979, realizou-se o I Congresso Nacional dos Trabalhadores em 
Saúde Mental, em São Paulo, comprometido com a crítica, c om a ação do Estado no 
campo da saúde mental e com a reivindicação dos avanços políticos da abertura 
democrática que se ia esboçando naquele período. 
 
A década de 1980, por sua vez, caracterizou-se pela reorganização das forças 
atuantes no processo de reforma psiquiátrica. Em 1987, tem-se a criação do primeiro 
Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) no Brasil, na cidade de São Paulo, o 
CAPS Prof. Luiz da Rocha Cerqueira, em homenagem ao psiquiatra alagoano. 
Ainda em 1987, ocorre a I CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE MENTAL 
com tem a ``Reorganização da assistência à saúde mental ``O início do processo de 
intervenção, em 1989, da Prefeitura Municipal de Santos (SP) em um hospital 
psiquiátrico, a Casa de Saúde Anchieta, em razão das condições precárias e dos maus-
t ratos aos quais os internados eram submetidos. 
 
Essas ações foram seguidas de outras, com o a implantação de Núcleos de Atenção 
Psicossocial (NAPS) com funcionamento 24 horas, de projetos de inserção no trabalho 
e, posteriormente, de criação de uma cooperativa de trabalho; de residência para os 
egressos do hospital; de projetos culturais e centro de convivência; e de associação 
de usuários e familiares. A experiência santista demonstrou a possibilidade de 
construção de uma rede de cuidados capaz de substituir os hospitais psiquiátricos, 
de afirmação e garantia de direitos de cidadania e a exigência de produção 
de um novo lugar social para as pessoas com sofrimento psíquico. 
PROVA!! Em 1989, apoiado pelos movimentos sociais que atuavam no campo da 
Saúde Mental, o Deputado Federal Paulo Delgado (PT/MG) apresenta, no Congresso 
Nacional o Projeto de Lei 3.657/89. Após 12 anos de tramitação e de um conjunto de 
substitutivos, a Lei 10.216 foi promulgada em 06 de abril de 2001, conhecida como 
Lei da Reforma Psiquiátrica. 
 
O projeto de lei 3.657/89, conhecido com o Lei Paulo Delgado, visava em linhas gerais: 
a proibição da expansão dos leitos manicomiais públicos (construção ou contratação 
de novos leitos psiquiátricos pelo poder público); um novo tipo de cuidado perante 
o portador de transtorno mental; uma rede de serviços a ser construí da pelas 
administrações regionais de saúde, redirecionamento dos recursos públicos para a 
criação de "recursos não manicomiais", e o fim das internações compulsórias . 
 
Tal projeto foi aprovado em março de 2001, após 12 anos de tramitação no Congresso 
Nacional. Nesse período de tramitação da lei federal, oito leis estaduais entraram 
em vigência. Dentre elas, a do Estado do Ceará por meio da lei nº 12.151, de 
29.07.93, que dispõe s obre a extinção progressiva dos Hospitais Psiquiátricos e sua 
substituição por outros recursos assistenciais, regulamenta a internação psiquiátrica 
compulsória, e dá outras providências. 
 
A década de 90, do século passado, foi também marcada pelo compromisso firmado pelo 
Brasil na assinatura da Declaração de Caracas. Este documento f oi produzido na 
Conferência Regional para a Reestruturação da Atenção Psiquiátrica dentro dos 
Sistemas Locais de Saúde realizada na Venezuela, em novembro de 1990, que 
reuniu organizações, associações, autoridades da saúde, profissionais de saúde mental, 
legisladores e juristas. A Declaração de Caracas foi adotada como referência pela 
Organização Mundial de Saúde (OMS) para a transformação do modelo de assistência 
à saúde mental e estabeleceu como diretrizes conforme Ministério da Saúde (BRASIL, 
2004): 
a) Que a reestruturação da atenção psiquiátrica seja ligada à Atenção Primária de Saúde 
e nos m arcos dos Sistemas Locais de Saúde, permitindo a promoção de modelos 
alternativos centrados na comunidade e nas suas redes sociais. 
b) A revisão crítica do papel hegemônico e centralizador do hospital psiquiátrico 
na prestação de serviços. 
c) Que os recursos, cuidado e tratamento devem: 
• Salvaguardar invariavelmente a dignidade pessoal e os 
direitos humanos e civis; 
• Estar baseados em critérios racionais e tecnicament e 
adequados; 
• Propiciar a permanência do paciente em s eu m eio 
comunitário. 
d) Que as legis lações dos países devem ajustar-se de maneira que assegurem o 
res peito aos direitos humanos e civis dos pacientes mentais e promovam a 
organização de serviços que garantam seu cumprimento. 
e) Que a capacitação dos recursos humanos em Saúde Mental e Psiquiátrica deve 
ser realizada apontando para um modelo cujo eixo passe pelo serviço de saúde 
comunitário e propicie a internação psiquiátrica em hospitais gerais, de acordo com 
os princípios diretores que fundamentam esta reestruturação. 
f) Que as Organizações, Associações e demais participantes desta Conferência 
comprometam-se acordada e solidariamente a assegurar e desenvolver nos países 
programas que promovam a reestruturação, bem como pela promoção e defesa dos 
direitos humanos dos pacientes mentais de acordo com as legislações nacionais e 
com os respectivos compromissos internacionais. 
 
Veja que a Declaração de Caracas constitui, também, um documento importante 
para a realização da II Conferência Nacional de Saúde Mental, em 1992, em Brasília. 
Os grandes temas sobre os quais centram-se as deliberações dos delegados e dos 
participantes dessa Conferência são atenção integral e direito à cidadania. Essa 
conferência teve uma intensa participação dos segmentos sociais envolvidos 
na questão da saúde mental, sendo que 20% dos delegados presentes eram 
representantes dos usuários dos serviços e de seus familiares (TENÓRIO, 2002). 
 
Na década de 90, passam a entrar em vigor as primeiras regulamentações federais 
para a implantação de serviços de atenção diária, fundadas nas experiências dos 
primeiros CAPS, NAPS e hospitais-dia. Entre elas destacam- -se as Portarias 189/MS 
de 1991 e 224/MS de 1992 do Ministério da Saúde que t ratam respectivamente do 
Financiamento Público para os Dispositivos Comunitários de Atenção em Saúde 
Mental e da Regulamentação dos CAPS e NAPS como Unidades Fundamentais da 
Rede Assistencial. 
É a partir desse período que s e inicia um a progressiva expansão da rede de serviços 
substitutivos, sendo que, até o ano 2000, já havia cerca de 210 CAPS cadastrados 
no Ministério da Saúde e em pleno funcionamento. Por outro lado, destaca-se que, 
em 2000, é publicada a Portaria MS 106/00 que trata dos Serviços Residenciais 
Terapêuticos (SRT’s) como estratégia fundamental para os processos de 
desinstitucionalização. 
 
Ainda em 2001, é realizada a III Conferência Nacional de Saúde Mental,convocada 
logo após a aprovação da Lei 10.216/01, cujo relatório final deixa claro que as 
diretrizes da Reforma Psiquiátrica constituem a base fundamental da 
política pública do governo federal para o campo da atenção em saúde mental. 
Em 2002, novas portarias são editadas, criando novas modalidades de CAPS (Portaria 
MS nº 336/02) e instituindo o Programa Nacional de Avaliação do Sistema 
Hospitalar/Psiquiatria (PNASH/Psiquiatria) responsável pela avaliação da qualidade 
dos serviços prestados pelos hospitais psiquiátricos. 
O PNASH/Psiquiatria e o Programa Anual de Reestruturação da Assistência Hospitalar 
no SUS (PRH), criado em 2004, são apontados com o estratégias importantes para a 
redução gradual dos leitos em hospitais psiquiátricos (BRASIL, 2007). 
Em julho de 2003 foi promulgada a Lei 10.708 que “institui o auxílio reabilitação 
psicossocial para pessoas com transtornos mentais, egressos de internação”. Esse 
auxílio constitui parte integrante do Programa de Volta para Casa (PVC) do 
Ministério da Saúde, atendendo ao Artigo 5º da Lei nº 10. 216 que determina o 
estabelecimento de política específica, compreendendo alta planejada e reabilitação 
psicossocial assistida, para as pessoas com longa história de internação (BRASIL, 
2003a). 
 
DIMENSÕES DA REFORMA PSIQUIÁT RICA: 
Segundo Amarante (2007), a Reforma Psiquiátrica pode ser caracterizada como um 
processo complexo, que abrange quatro dimensões principais: teórico -conceitual, 
técnico-assistencial, jurídico-política e sócio-cultural. 
A) DIMENSÃO TEÓRICO-CONCEITUAL 
A dimensão teórico-conceitual diz respeito à construção de um novo paradigma no 
campo das ciências sociais, no que diz respeito ao olhar direcionado ao sujeito em 
sofrimento psíquico, que significa uma ruptura c om o modelo biomédico 
e psiquiátrico tradicional, a fim de construir um novo norte, que compreenda a 
saúde como um processo (saúde-doença), v isto como fruto das condições de vida 
e do lugar ocupado por cada sujeito social. 
Nesse sentido, dois conceitos têm sido fundamentais para a compreensão dessa 
dimensão: o primeiro diz respeito à desinstitucionalização3 , pautada na tradição 
basagliana4 , que defende formas diferenciadas e ampliadas de acolher, 
cuidar e tratar do sujeito, em sua existência concreta de vida; e o segundo diz respeito ao 
conceito de doença mental que é colocado em discussão nessa dimensão, assim como 
as práticas profissionais, as relações entre os sujeitos e atores envolvidos, onde se 
transformam os serviços os dispositivos e os sujeitos envolvidos neste processo. 
B) DIMENSÃO T ÉCNICO-ASSISTENCIAL 
A dimensão técnico-assistencial está ligada à dimensão conceitual, pois nela s e 
concentra a construção de serviços substitutivos ao manicômio. Tradicionalmente, o 
modelo de tratamento em saúde mental esteve pautado no isolamento, na tutela, na 
vigilância, na repressão e na disciplina. O espaço onde se desenvolviam essas ações era 
o manicômio, o único reservado para o sujeito que supostamente por não possuir 
uma razão comum, se comportava como um sujeito sem direitos, dotado de uma 
periculosidade social. 
C) DIMENSÃO JURÍDICO-PO LÍT ICA 
Já a dimensão jurídico-política, pode ser compreendida como uma série de mudanças 
na legis lação sanitária, civil e penal, no que diz respeito aos novos conceitos e ações 
que tradicionalmente vinculavam a loucura c om a periculosidade, a incapacidade 
social e a irresponsabilidade. Assim, essa dimensão possui grande impacto no campo 
das medidas e das ações estratégicas no campo da Reforma Psiquiátrica no Brasil. Trata-
se de uma implicação social no cotidiano dos sujeitos envolvidos na luta pela 
transformação social. 
D) DIMENSÃO SÓCIO- CULT URAL 
Por fim e não menos importante, a dimensão sócio-cultural, que traz à tona a 
construção de um novo lugar social para a loucura e para o sujeito louco, por meio 
do imaginário social e de sua relação com a sociedade. Essa dimensão es tá 
intimam ente ligada às ações e estratégias de cunho cultural, que têm por objetivo 
trabalhar socialmente o estigma produzido ao longo dos séculos em torno da loucura, 
além defender as possibilidades de tratamento e cuidado, para além dos es paços 
manicomiais. 
 
A desinstitucionalização é um marco teórico, político e assistencial que es tá 
presente na política de saúde mental brasileira desde os anos 1980. Amarante (1998, 
p. 88) enfatiza que “a desinstitucionalização passa a ser o conceito básico determinante 
da reorganização do sistema de serviços e das ações de saúde mental”. Prevê, até os 
dias atuais , um complexo processo de transformação, que inclui a substituição dos 
hospitais psiquiátricos, a criação de condições de vida, moradia, trabalho e renda, 
além de rever concepções e práticas terapêuticas no âmbito da atenção em saúde mental 
e da sociedade. A Reforma Psiquiátrica brasileira traz da experiência italiana a 
concepção de desinstitucionalização, que segundo Rotelli, De Leonardis e Mauri 
(1990), implica, em primeiro lugar, renunciar toda forma de reduzir e simplificar a 
problemática do sofrimento mental a uma fórmula única: problema-solução, causa-efeito 
ou diagnóstico-tratamento. Os autores propõem uma mudança de concepção e de 
prática ao confrontar as estruturas científicas e organizativas, já produzidas nesse 
campo, e a existência concreta das pessoas em seu sofrimento e em suas relações 
com a vida social Amarante (1995, p. 88) enfatiza que “a desinstitucionalização passa a 
ser o conceito básico determinante da reorganização do sistema de serviços e das ações 
de saúde mental”. Prevê, até os dias atuais, um complexo processo de transformação, 
que inclui a substituição dos hospitais psiquiátricos, a criação de condições de vida, 
moradia, trabalho e renda, além de rever concepções e práticas terapêuticas no 
âmbito da atenção em saúde mental e da sociedade. 
 
A Reforma Psiquiátrica brasileira traz da experiência italiana a concepção de 
desinstitucionalização, que segundo Rotelli, De Leonardis e Mauri (1990), implica, 
em primeiro lugar, renunciar toda forma de reduzir e simplificar a problemática 
do sofrimento mental a uma fórmula única: problema-solução, causa-efeito ou 
diagnóstico-tratamento. Os autores propõem uma mudança de concepção e de prática 
ao confrontar as estruturas científicas e organizativas, já produzidas nesse 
campo, e a existência concreta das pessoas em seu sofrimento e em suas relações 
com a vida social. 
 
Nesse sentido, a primeira forma da desinstitucionalização é uma mudança de objeto 
(da doença para a existência de sofrimento dos pacientes) e uma ruptura de 
paradigma (do modelo manicomial para a intervenção social). O objetivo maior no 
processo de desinstitucionalização não é a c ura, mas a produção de vida, de saúde e 
de sociabilidade. 
 
A desinstitucionalização também implica mudanças nas relações entre técnicos e 
pacientes (usuários), entre técnicos e técnicos, entre técnicos e familiares e toda a 
sociedade, considerando os profissionais da Saúde mental seus principais 
protagonistas. Enfim, a desinstitucionalizaçãotem como objetivo prioritário 
transformar as relações de poder entre as instituições e os sujeitos e entre quem 
cuida e é cuidado, restituindo os direitos e as capacidades, a interlocução, a escuta 
e o respeito, bem como mudando progressivamente o estatuto jurídico e social do 
paciente. Podemos dizer, então, que não s e trata de apenas desospitalizar pacientes, 
mas também de uma transformação profunda das relações sociais e profissionais no 
campo da Saúde mental. Outra referência conceitual importante para a Saúde mental 
no Brasil é a Reabilitação Psicossocial, que pode ser vista como um caminho a 
seguir para a transformação das práticas. Para Saraceno (1999, p. 112), a reabilitação 
psicossocial “é um conjunto de estratégias orientadas a aumentar as oportunidades de 
troca de recursos e de afetos.”. 
 
A reabilitação psicossocial, dessa forma, é mais do que a realização de oficinas, 
de grupos ou de outras técnicas para reabilitar o sujeito para a vida social. É a 
produção cotidiana de cidadania c om as pessoas com transtornos mentais e de 
aumento das suas capacidades de enfrentamento dos problemas da v ida, dos 
contextos em que percorre, dos desafios de m orar, trabalhar, viver e ser feliz. A 
reabilitação, nesse sentido, f az parte da desisntitucionalização e é um instrumento 
para ela. De ac ordo c om Pitta (1996, p.21), a Reabilitação Psicossocial é um a 
atitude estratégica, um a vontade política, uma modalidade compreensiva, complexa e 
delicada de cuidados para pessoas vulneráveis aos modos de sociabilidade habituais que 
necessitam cuidados igualmente complexos e delicados. Nesses dois conceitos estão 
os pilares para a Reforma Psiquiátrica brasileira que ajudam na condução da política 
de saúde mental do Brasil em direção ao cuidado na comunidade e à produção de 
cidadania e de laços sociais para todos. 
 
O Relatório final da II Conferência Nacional de Saúde Mental, de 1992, que foi 
publicado pelo governo brasileiro em 1994, adotou a concepção de que o processo 
saúde-doença deve ser entendido a partir de uma perspectiva contextualizada, em que a 
qualidade e o modo de vida são determinantes para a compreensão do sujeito. O 
conceito de saúde é vinculado à cidadania, conforme o que já vinha sendo 
referendado na discussão da 8ª Conferência Nacional de Saúde e incorporado na 
Constituição Brasileira de 1988. 
 
Deste modo, pode-se afirmar que o processo da Reforma Psiquiátrica está sempre 
em construção e é no cotidiano da vida das instituições, dos serviços e das relações 
interpessoais, que ele avança, marcado por impasses, tensões, conflitos e desafios. 
Esse processo não ocorre somente por decretos, portarias ou leis, mas se dá no 
cotidiano e só será possível na medida em que nossa sociedade assumir o desafio 
de aceitar a diversidade e lutar pela constituição da cidadania para todos os brasileiros. 
 
No que se refere à Reforma Psiquiátrica, observa-se um a luta acirrada por mudanças 
no m odo de cuidar do sofrimento humano, através da criação de espaços de 
produção de relações sociais, pautados em princípios e valores que reinventassem a 
sociedade, constituindo um novo espaço para estes sujeitos. Os princípios da 
Reforma Psiquiátrica apontam para a criação de uma sociedade justa, em que todos 
os cidadãos sejam livres, iguais e tenham acesso aos bens e serviços e às ações 
de prevenção e promoção de saúde. 
 
Por m ais que a Reforma Psiquiátrica traga medidas que devem ser aplicadas com 
compromisso e seriedade, é visível que seus princípios não foram totalmente efetivados. 
Todavia, há muito a avançar no campo da Saúde Mental, para isso é necessário o 
desempenho das atribuições e competências firmadas nos princípios que regem as 
profissões, com vista à consolidação e efetivação da cidadania das pessoas em 
sofrimento psíquico. 
 
O termo desinstitucionalização s ignifica deslocar o c entro da atenção da instituição 
para a comunidade, distrito, território. Este termo tem sua origem no movimento 
italiano de Reforma Psiquiátrica. 
 
A desinstitucionalização tem um significado muito mais amplo do que simplesmente 
deslocar o centro da atenção do hospício, do manicômio, para a comunidade. O referido 
termo é o conjunto que é necessário desmontar (desinstitucionalizar) para o contato 
efetivo com o paciente na sua “existência” doente. 
A seguir, destacamos, a seguir algumas datas importantes e seus respectivos marcos 
para que você possa compreender os antecedentes históricos e GABARITAR 
todas as questões 
DATA MARCO 
1543 Fundação da primeira Santa Casa (Brasil) 
1841 Fundação do Hospício Dom Pedro II (Decreto n. 82/ 
1841) 
 
1843 Aparição da expressão higiene mental na língua 
inglesa no livro Mental Hygiene or an Examination 
of the intellect and passionsDesigned to Illustrate 
their influence on Health and Duration of life 
(Higiene mental ou um exame do intelecto das 
paixões destinado a ilustrar sua influência sobre a 
saúde e a duração da vida), de W. C. Sweester. 
 
 
1946 Data em que referências técnicas à Saúde mental 
como um campo ou disciplina começa a se esboçar. 
A Conferência Internacional de Saúde (Nova Iorque) 
aprovou a criação da 
Organização Mundial da Saúde (OMS). Criação da 
Associação de Saúde Mental em Londres. 
 
1948 Fundação da OMS. Primeiro Congresso 
Internacional de Saúde Mental em Londres. 
 
1950 Comissão de Peritos da OMS define higiene mental 
como as atividades e 
técnicas que encorajam e mantém a saúde mental. 
Saúde mental: uma condição sujeita a flutuações 
devidas a f atores biológicos e sociais que 
permite ao indivíduo atingir uma síntese satisfatória 
de seus próprios impulsos instintivos potencialmente 
conflituais, estabelecer e manter 
relações harmoniosas com os demais e participar das 
modificações construtivas de seu ambiente social e 
físico. 
 
1961 Franco Basaglia (Itália) médico psiquiatra assume a 
direção do Hospital Psiquiátrico de Gorizia e faz 
mudanças para transformá-lo em 
Comunidade Terapêutica. 
 
1962 A partir deste ano, registra -se o termo “saúde 
 
1970 Início da Reforma Sanitária e Reforma 
Psiquiátrica no Brasil 
 
1978 Movimento dos Trabalhadores de Saúde Mental 
 
1987 Primeiro CAPS (São Paulo) 
I Conferência Nacional de Saúde Mental 
 
1989 Projeto de Lei – Paulo Delgado 
1990 Declaração de Caracas 
1992 Portaria SNAS nº 224 de 29/01/1992, 
regulamenta o funcionamento de todos os serviços de 
saúde mental. Estabelece normas para o funcionamento 
de serviços ambulatoriais e hospitalares; 
 
1993 Lei Nº 12.151, DE 29.07.93 - Dispõe sobre a 
extinção progressiva dos Hospitais Psiquiátricos e 
sua substituição por outros recursos assistenciais, 
regulamenta a internação psiquiátrica compulsória, e 
dá outras providências. 
 
1995 Lei nº11802, de 18 de janeiro de 1995 - Dispõe sobre a 
promoção da saúde e da reintegração social do 
portador de sofrimento mental; determina a 
implantação de ações e serviços de saúde mentalsubstitutivos aos hospitais psiquiátricos e a extinção 
progressiva destes; regulamenta as internações, 
especialmente a involuntária, e dá outras providências 
 
2000 Portaria GM nº 106 de 11/02/2000, cria e 
regulamenta o funcionamento dos Serviços 
Residenciais Terapêuticos. Esta Portaria tem papel 
importante na consolidação do processo de substituição 
do modelo tradicional, pois possibilita desenvolver 
uma estrutura de acolhimento ao paciente egresso de 
internação psiquiátrica de longa permanência e sem 
suporte sócio -familiar; 
 
2001 Conceito de Saúde Mental, conforme a OMS (2001): 
estado de bem-estar no qual o indivíduo realiza suas 
habilidades, consegue lidar com os estresses normais 
da vida, pode trabalhar produtivamente e 
frutificamente e está em condições de contribuir 
com sua comunidade. 
 
2001 Lei nº 10.216 de 06/04/2001, redireciona o modelo 
da assistência psiquiátrica, regulamenta cuidado 
especial com a clientela internada por longos anos e 
prevê possibilidade de punição para a internação 
involuntária arbitrária ou desnecessária 
 
2002 Portaria GM nº 251 de 31/01/2002, estabelece diretrizes 
e normas para a assistência hospitalar em psiquiatria 
reclassificam os 39 hospitais psiquiátricos, define e 
estrutura a porta de entrada para as internações 
psiquiátricas na rede do SUS. 
 
2002 Portaria GM nº 336 de 19/02/2002, acrescenta novos 
parâmetros para a área ambulatorial, ampliando a 
abrangência dos serviços substitutivos de atenção 
diária; estabelece portes diferenciados a partir de 
critérios populacionais e direciona novos serviços 
específicos para área de álcool e outras drogas e 
infância e adolescência; 
 
2002 Portaria GM nº 2. 391 de 26/12/ 2002, notificação 
das internações psiquiátricas involuntárias; define 
critérios e mecanismos para acompanhamento 
sistemático, pelo Ministério Público e instâncias 
gestoras do SUS, das internações psiquiátricas 
involuntárias, configurando-se como um dos 
pontos necessários de regulamentação da Lei 
10.216; 
 
2003 Lei nº 10.708 de 31/07/2003, Lei do Programa de Volta 
para Casa estabelece um novo patamar na história 
do processo de reforma psiquiátrica brasileira, 
impulsionando a desinstitucionalização de pacientes 
com longo tempo de permanência em hospital 
psiquiátrico, pela concessão de auxílio reabilitação 
psicossocial e inclusão em programas extra-
hospitalares de atenção em saúde mental; 
 
2003 Portaria GM nº 2.077 de 31/10/2003, define os critérios 
de cadastramento dos beneficiários do Programa de 
Volta para Casa, de habilitação dos municípios e de 
acompanhamento dos benefícios concedido 
 
2004 Portaria GM nº 52 de 20/01/2004, cria o Programa 
Anual de Reestruturação da Assistência Hospitalar 
Psiquiátrica no SUS – 2004 reafirmando a diretriz 
de redução progressiva de leitos; 
 
2004 Portaria GM nº 1.608 de 03/08/ 2004, constitui o 
Fórum Nacional sobre Saúde Mental de Crianças e 
Adolescentes, tendo em vista, a grave situação de 
vulnerabilidade deste segmento em alguns contextos 
específicos, exigindo iniciativas eficazes de inclusão 
social; 
 
2004 Portaria GM nº 1.935 de 16/09/2004, destina 
incentivo financeiro antecipado para Centros Atenção 
Psicossocial em fase de implantação. (Ministério as 
Saúde, 2002, p. 120). 
 
2011 Portaria nº 3.088, de 23 de dezembro de 2011 – 
Institui a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas 
com sofrimento ou transtorno mental e com 
necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e 
outras drogas, no âmbito do Sistema Único de Saúde 
(SUS). 
 
 
2017 Resolução nº 32, de 14 de dezembro de 2017 - 
Estabelece as Diretrizes para o Fortalecimento 
da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). 
 
2017 Portaria nº 3.588, de 21 de dezembro de 2017 -Altera as 
Portarias de Consolidação no 3 e nº 6, de 28 de 
setembro de 2017, para dispor sobre a Rede de 
Atenção Psicossocial, e dá outras providências. 
 
 
PORTARIAS Instituem a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com sofrimento 
ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras 
drogas, no âmbito do SUS: 
 
 
PORTARIA Nº 
3.088,23/12/2011 
Institui a Rede de Atenção 
Psicossocial para pessoas com 
sofrimento ou transtorno 
mental e com necessidades 
decorrentes do uso de crack, 
álcool e outras drogas, no 
âmbito do SUS. 
PORTARIA Nº 132, DE 26/01/2012: 
Institui incentivo financeiro de custeio para 
desenvolvimento do componente 
Reabilitação Psicossocial da Rede de 
Atenção Psicossocial do Sistema Único de 
Saúde (SUS). 
PORTARIA Nº 3.089, DE 23/12/ 
2011: Dispõe, no âmbito da Rede 
de Atenção Psicossocial, sobre o 
financiamento dos Centros de 
Atenção Psicossocial (CAPS). O 
MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, 
no uso das atribuições que lhe 
conferem os incisos I e II do 
parágrafo único do art. 87 da 
Constituição 
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PORTARIA Nº- 3.099, DE 23/12/ 
2011: Estabelece, no âmbito da Rede 
de Atenção Psicossocial, recursos a 
serem incorporados ao Teto Financeiro 
Anual da Assistência Ambulatorial e 
Hospitalar de Média e Alta 
Complexidade dos Estados, Distrito 
Federal e Municípios referentes ao 
novo tipo de financiamento dos 
Centros de Atenção Psicossocial 
PORTARIA Nº 3.090, 
DE 23/12/ 2011: Altera 
a Portaria nº 106/GM/MS, 
de 11 de fevereiro de 
2000, e dispõe, no âmbito 
da Rede de Atenção 
Psicossocial, sobre o 
repasse de recursos de 
incentivo de custeio e 
custeio mensal para 
implantação e/ou 
implementação e 
funcionamento dos 
Serviços Residenciais 
Terapêuticos (SRT). 
 
PORTARIA Nº 130, 
DE 26/01/2012: 
Redefine o Centro de 
Atenção 
Psicossocial,Álcool e 
QUESTÃO CERT A EM PROVA 
DATA MARCO 
1987 I Conferência Nacional de Saúde Mental 
Reorganização da assistência à saúde mental 
 
1992 II Conferência Nacional de Saúde Mental 
A reestruturação da atenção em saúde mental 
no Brasil 
 
2001 II Conferência Nacional de Saúde Mental 
Cuidar sim, excluir não! 
 
2010 IV Conferência Nacional de Saúde Mental 
Saúde menta l: direito e compromisso de 
todos 
 
ATENÇÃO: Não confundir com o II Congresso dos Trabalhadores de Saúde 
Mental (1987) com o título do evento ``Por uma sociedade sem manicômios` 
 
RECURSOS – EQUIPAMENT OS DA REFORMA 
PSIQUIÁTRICA 
Ambulatório de Saúde Mental 
Enfermaria Psiquiátrica em Hospital Geral 
Hospital Dia 
Hospital Noite 
Visitas Domiciliares 
Centro de Convivência e Cooperativa de Trabalho 
NAPS 
CAPS 
Residência Terapêuticas 
Comunidades Terapêuticas 
Internação em Hospital Psiquiátrico (não asilar) 
Acompanhante Terapêutico 
 
Redução progressiva d os leitos psiquiátricos de hospitais especializados : o processo 
de mudança do modelo assistencial que vem sendo conduzido vis a à redução dos leitos 
de hospitais psiquiátricos acompanhada da construção de alternativas de atenção no 
modelo comunitário. 
 Qualificação, expansão e fortalecimento da rede extra -hospitalar: os serviços de 
saúde como, Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Residências Terapêuticas em 
saúde, Centro de Convivência, entre outros. Programa permanente de formação de 
recursoshumanos para a Reforma Psiquiátrica: o avanço da Reforma Psiquiátrica no 
Brasil requer ampliar as instâncias de capacitação dos diferentes agentes do cuidado 
no campo da Saúde Mental para além das universidades. Requer o estabelecimento 
de bases para criar programas estratégicos interdisciplinares e permanentes de 
formação em saúde mental para o SUS, por meio de capacitação/educação 
continuada, monitoramento dos trabalhadores e atores envolvidos no processo da 
Reforma. Implantação do Programa de Volta para Casa: este programa atende ao 
disposto na Lei nº 10.216 de 06/04/2001 e faz parte do processo de Reforma 
Psiquiátrica, que visa reduzir progressivamente os leitos psiquiátricos, qualificar, 
expandir e fortalecer a rede extra-hospitalar. Como estratégia principal para a 
implementação do Programa foi instituído o auxílio-reabilitação psicossocial para 
pacientes acometidos de transtornos mentais egressos de internações. O Programa de 
Volta para Casa foi instituído pelo Presidente Lula, por meio da assinatura da Lei 
Federal 10.708 de 31 de julho de 2003 e dispõe s obre a regulamentação do auxílio 
-reabilitação psicossocial a pacientes que tenham permanecido em longas internações 
psiquiátricas. O objetivo deste programa é contribuir efetivamente para o processo de 
inserção social dessas pessoas, incentivando a organização de um a rede ampla e 
diversificada de recursos assistenciais e de cuidados, facilitadora do convívio social, 
capaz de assegurar o bem -estar global e estimular o exercício pleno de seus direitos 
civis, políticos e de cidadania. Além disso, é uma estratégia de emancipação de pessoas 
com transtornos mentais e dos processos de desinstitucionalização e redução dos leitos 
psiquiátricos. O Programa De Volta para Casa atende ao disposto na Lei 10.216 
que determina que os pacientes longamente internados ou para os quais se caracteriza 
a situação de grave dependência institucional, sejam objeto de política específica 
de alta planejada e reabilitação psicossocial assistida. Para receber o auxílio 
reabilitação do Programa a pessoa deve ser egressa de hospital psiquiátrico e ter 
indicação para a inclusão em programa municipal de reintegração social. 
Implementação da Política de Atenção Integral a usuários de álcool e outras drogas: a 
Lei nº 10.216 de 06/04/2001, 
marco legal da Reforma Psiquiátrica, ratificou as diretrizes básicas que constituem 
o Sistema Único de Saúde: garante aos usuários dos serviços de saúde mental e, 
consequentemente, aos que sofrem por transtornos decorrentes do consumo de álcool 
e outras drogas, a universalidade de acesso e direito à assistência. Estabelece, como 
partícipes do Programa de Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogas, 
unidades de atenção básica, CAPS ad, hospitais gerais de referência, a rede de 
suporte social (associações de ajuda mútua) e, adoção da lógica de 
redução de danos. 
 
Residências Terapêuticas: os Serviços Residenciais Terapêuticos como componente 
da Política Nacional de Saúde Mental, surgem visando à superação do modelo 
hospitalocêntrico. Esses serviços consistem em moradias terapêuticas localizadas 
geralmente no espaço urbano e visam responder às necessidades de moradias de 
pessoas portadoras de transtorno mental egressas de hospitais psiquiátricos ou não. 
As Residências Terapêuticas pro movem a inclusão dos portadores de transtorno 
mental egressos de hospitais psiquiátricos a partir de um a equipe técnica, de um 
cuidador e deve acolher no máximo oito moradores. De forma geral, o cuidador deve 
apoiar os moradores nas tarefas, conflitos cotidianos do morar, do circular na cidade 
visando à autonomia do usuário. Vale sinalizar que os direitos de morar e de circular 
nos espaços da cidade e da comunidade são fundamentais com a implantação da 
Residência Terapêutica e tais residências estão referenciadas a um Centro de Atenção 
Psicossocial, bem como à rede de saúde mental do município. A implantação das 
residências terapêuticas exige dos gestores do SUS uma permanente articulação c 
om a comunidade, vizinhança, profissionais e agentes comunitários de saúde. O 
Ministério da Saúde pautou-se pela orientação dos municípios para a condução de um 
trabalho terapêutico c om as pessoas que estão saindo de hospitais psiquiátricos, 
respeitando cada caso e o ritmo de readaptação de cada pessoa à vida em sociedade. 
(Ministério da Saúde, 2007). 
 
Centro de Atenção Psicossocial (CAPS): Os Centros de Atenção Psicossocial 
(CAPS) são unidades de atendimento intensivo e diário aos portadores de sofrimento 
psíquico grave, constituindo uma alternativa ao modelo centrado no hospital 
psiquiátrico, caracterizado por internações de longa permanência e regime asilar. Os 
Centros de Atenção, ao contrário, permitem que os usuários permaneçam junto às 
suas famílias e comunidades. Os CAPS foram oficializados pela Portaria GM 224/92 
que os define como “unidade de saúde locais/regionalizadas que contam com uma 
população adscrita definida pelo nível local e que oferecem atendimento de cuidados 
intermediários entre o regime ambulatorial e a internação hospitalar, em um ou dois 
turnos de quatro horas, por equipe multiprofissional. Inicialmente, foram 
regulamentados pela Portaria nº 336/ GM de 19 de fevereiro de 2002, tal portaria 
inclui os CAPS no Sistema Único de Saúde (SUS), reconhecendo sua complexidade 
de serviços prestados e sua amplitude de atuação – tanto no território onde se 
encontra, quanto na luta pela substituição do modelo hospitalocêntrico de atenção à saúde. 
 
Os CAPS têm a finalidade de acolher pacientes com transtornos mentais, viabilizar 
a integração social e autonomia, fortalecer os vínculos familiares e comunitários, 
oferecer atendimento psicossocial através de uma equipe multiprofissional. Os CAPS 
visam: prestar atendimento em regime de atenção diária; gerenciar projetos 
terapêuticos; promover a inserção social dos usuários através de ações intersetoriais 
que envolvam educação, trabalho, esporte, cultura, lazer; dar suporte e supervisionar 
a atenção à saúde mental na rede básica PSF; regular a porta de entrada da rede de 
assistência em saúde mental de sua área; coordenar junto com o gestor local as 
atividades de supervisão de unidades hospitalares psiquiátricas; manter atualizada a 
listagem dos pacientes de sua região que utilizam medicamentos para saúde mental. 
 
De acordo com o Ministério da Saúde, "um CAPS é um serviço de saúde aberto 
e comunitário do Sistema Único de Saúde (SUS). Ele é um lugar de referência e 
tratamento para pessoas que sofrem com transtornos mentais, psicoses, neuroses 
graves e demais quadros, cuja severidade ou persistência justifiquem sua permanência 
num dispositivo de cuidado intensivo, comunitário, personalizado e promotor de 
vida, realizando acompanhamento clínico e a reinserção social dos usuários pelo 
acesso ao trabalho, lazer, exercício dos direitos civis e fortalecimento dos laços 
familiares e comunitários”. 
 
Inclusão das ações de saúde mental na Atenção Básica: a atenção básicaem 
saúde se constitui como um espaço propício aos serviços com bases territoriais que 
visam buscar modificações sociais, superar o viés da simples assistência e incorporar um 
a nova forma de cuidar que ultrapasse os muros institucionais. O modelo de tratamento 
previsto pela Reforma Psiquiátrica Brasileira visa atender às pessoas que necessitam 
de cuidados psíquicos em sua individualidade e em sua relação com o meio social; 
possui caráter autenticamente democrático e social, pois, busca os direitos do doente 
enquanto ser humano defende sua cidadania e novas formas de tratamento; luta por 
mudanças de hábitos, por mudanças culturais, por tecnologias e por uma nova ética na 
assistência ao doente mental. É necessária uma reflexão a respeito da constituição da 
rede de atenção básica à saúde mental no Brasil, a partir das mudanças postas pela 
Reforma Psiquiátrica. Considerando que a partir da Reforma Sanitária a proposta 
de atenção básica à saúde reforça entre outros, o atendimento de base territorial, 
a articulação em rede dos serviços e a integralidade das ações e a territorialidade 
componentes essenciais para a realização do processo de desinstitucionalização. 
 
ATENÇÃO BÁSICA INSTANCIA COORDENADORA DA REDE DE ATENÇÃO 
PSICOSSOCIAL 
 
 
 
 
Atenção Primária a 
Saúde 
Centro de Atenção 
Psicossocial Serviço Residencial 
Terapêutico 
Ações Comunitárias 
Centros de 
Convivência 
Controle Social 
Leitos Hospital Geral Ações Intersetoriais 
Outros 
Programa de Volta 
Pra Casa 
Geração de Renda 
Associação de Usuários 
e Familiares

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