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Curso LPO Apostila4 novembro2018

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CARREIRAS FISCAIS – LÍNGUA PORTUGUESA 
João Bolognesi 1- Análise 
 
 
 
 
 
LÍNGUA PORTUGUESA 
 
PARA CONCURSOS PÚBLICOS 
 
 
 
 
 
Redação e Interpretação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROF. JOÃO BOLOGNESI 
 
 
 
 
Novembro de 2018 
 
Língua Portuguesa 
João Bolognesi 
 
Interpretação de Texto 
 
 
 
 
 
62 
 
1. TEXTO E MEMÓRIA 
Atendendo às necessidades cognitivas 
 Para ampliar as estratégias redacionais, é importante entender como a memória processa as 
informações. Muitas características do texto têm íntima relação com as necessidades cognitivas: a organização 
do tema, a formação de parágrafos, a escolha dos sinais de pontuação, a retomada de termos, o controle entre 
o posto e o pressuposto, as convenções gramaticais, entre outras. É óbvio que, quando tais elementos ficam 
devendo ao leitor, ele se esforçará em busca do sentido, o que pode às vezes ser infrutífero ou inadequado, 
principalmente em situação de prova. 
 Nos estudos sobre o processamento da informação, tem-se destacado a atividade cognitiva com base 
em três tipos de memória que são ativados durante a leitura: 
Memória de Longo Prazo - Forma durante a leitura os sentidos mais amplos e a coerência global. Organiza-
se essencialmente com a articulação do nosso conhecimento sobre: 
. elementos linguísticos: trata-se de nosso saber sobre o idioma, sua gramática, vocabulário, tipo de texto, etc.; 
. saber enciclopédico: é o nosso conhecimento do mundo, informações técnicas, culturais, religiosas, históricas; 
em síntese, é tudo que sabemos; 
. situação de comunicação: trata-se do contexto, dos fatores pragmáticos relacionados ao ato comunicativo. 
Memória de Médio Prazo - Durante a leitura, seleciona e preserva as informações relevantes para a 
compreensão do texto. Ao mesmo tempo que acumula seletivamente a informação já lida, vai processando a 
informação nova, com o intuito de resumir o conjunto. 
Memória de Curto Prazo - Limitada, cria unidades de sentido, correlações, inferências, a coerência local. 
Devido ao conhecimento prévio do assunto, pode-se antecipar certa quantidade de ideias relacionadas ao tema 
e inferir de maneira produtiva. Por isso, muitas vezes compensamos uma palavra desconhecida graças ao 
domínio do tema. Quanto mais intimidade com o tema, mais rápido se dará o fluxo de leitura. 
 
 Quando entendemos que o texto traz um conjunto de sinais e de pistas que conduzem a uma 
significação, logo nos obrigamos a ser intérpretes desses sinais e pistas. Para o ser adulto que escreve e lê, 
essa sinalização possui variadas convenções, permitindo uma troca de informações com grande margem de 
segurança, porém isso acontece desde que alguns fatores trabalhem a favor e nisso a memória exerce um 
papel decisivo. Se autor e leitor não dividem o mesmo tempo, caberá ao texto o papel de interligar, portanto 
sua eficiência é inerente, pois tudo que ele contém deve ser suficiente. 
Trecho original com falhas 
“Como o crime é uma ameaça a disfunção das relações sociais deve ser combatido e expurgado...” 
A ausência de vírgula e do acento grave produziu a quem lê uma área em que ocorre um desequilíbrio 
na cooperação entre autor e leitor. Note que um pacto começa a se quebrar por falta de cumprimento de um 
acordo tácito: ao produzir o texto, seja relevante, correto e claro no que diz. 
Trecho reconstruído 
“Como o crime é uma ameaça à disfunção das relações sociais, ele deve ser combatido e expurgado...” 
Possuímos esquemas cognitivos, que são estruturas organizadoras das coisas do mundo e que criam 
uma representação mental com descrições, atributos, relações, etc. Esse saber enciclopédico, esse saber do 
mundo, revela-se fundamental durante a leitura de um texto, pois a disponibilidade e ativação de esquemas 
pertinentes ao texto lido são fatores importantes para que o texto gere sentido. É simples de comprovar o grau 
de expectativa que um leitor experiente já possui. Note como a leitura do trecho a seguir flui com naturalidade: 
 
Língua Portuguesa 
João Bolognesi 
 
Interpretação de Texto 
 
 
 
 
 
63 
 
O nosso cérebro é doido!!! 
 De aorcdo com uma peqsiusa de uma uinrvesriddae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem 
as Lteras de uma plravaa etãso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia Lteras etejasm no lgaur 
crteo. O rseto pdoe ser uma bçguana ttaol, que vcoê anida pdoe ler sem pobrlmea. Itso é poqrue nós não 
lmeos cdaa Ltera isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo. Sohw de bloa. 
 
 São muitas as estratégias redacionais a fim de permitir uma relação cooperativa com a memória do 
leitor. Por isso, é imprescindível estar ciente de que a criação eficiente do texto traz em sua constituição a 
responsabilidade de cooperar com a leitura, atender às expectativas do leitor, oferecendo-lhe um percurso 
equilibrado e produtivo. Também a larga experiência de ler permite suplantar vários obstáculos. Os olhos são 
muito velozes, mas buscam adequar-se à velocidade do cérebro, pois o processamento depende de inúmeros 
fatores, sendo um dos mais importantes a intimidade com o tema. 
 Apesar de muitos problemas textuais serem compensados e superados durante a leitura, há 
estranhamente uma linha frágil que se rompe quando alguns requisitos estão ausentes. Isso pode ser 
potencializado em situação de prova, já que a própria produção textual é objeto de avaliação. 
Trecho original com falhas 
 “República e democracia não são termos que expressam o mesmo significado. Enquanto que o primeiro, 
como o próprio nome diz: coisa do povo, indica o interesse do povo o outro: democracia, trata do poder do 
povo.” 
Trecho reconstruído 
 “República e democracia não são termos que expressam o mesmo significado. Enquanto o primeiro 
indica o interesse do povo (em latim res publica significa “coisa do povo”), o outro, democracia, trata do poder 
do povo.” 
Trecho original com falhas 
 “Nossos tribunais vêm admitindo, tornando-se a cada dia de forma majoritária, a prescrição virtual pelos 
princípios da economia processual e por existirem penas de caráter perpétuo, sendo desse modo um importante 
avanço na legislação, sendo que o judiciário não pode padecer pela morosidade, sendo seu papel o de dar respostas 
rápidas aos ilícitos cometidos, respaldando de forma exemplar a polícia judiciária.” 
 
Trecho original com falhas 
 “Homicídio é a suspensão da vida humana extrauterina. 
 Ressalte-se que homicídio difere do aborto e do infanticídio. 
 O aborto é a supressão do feto, da vida do feto durante a gestação. 
 O infanticídio é a supressão da vida do nascente durante o parto ou logo após. 
 A objetividade jurídica do crime de homicídio é a vida humana. 
 Trata-se de um crime comum quanto ao sujeito, a lei não exige nenhuma característica especial ao agente.” 
 
Trecho reconstruído 
 “Homicídio é a suspensão da vida humana extrauterina. Por essa razão, deve-se ressaltar que homicídio 
difere do aborto e do infanticídio, pois o aborto é a supressão do feto, da vida do feto durante a gestação, já o 
infanticídio é a supressão da vida do nascente durante o parto ou logo após.A objetividade jurídica do crime de 
homicídio é a vida humana. Também se trata de um crime comum quanto ao sujeito, uma vez que a lei não 
exige nenhuma característica especial ao agente.” 
 
Língua Portuguesa 
João Bolognesi 
 
Interpretação de Texto 
 
 
 
 
 
64 
 
2. MATÉRIA-PRIMA 
O texto, antes de informar, precisa formar-se. Apesar do mundo tecnológico em que vivemos, as provas 
dissertativas ainda são feitas à base de mão, papel e caneta. Ficam sobre o albino papel marcas ímpares de cada 
um dos candidatos, prodigamente parece que nas letras já existe uma digital a distingui-los e a personalizá-los. 
Não é só a letra, há também informalidades variadas, coisas que expressam uma falsaintimidade com o 
avaliador: abreviações estranhas (qq p/ q/ ñ), ultrapassagem das margens, enxertos de trechos (geralmente com 
letras menores do que os olhos humanos conseguem captar!), sujeira (proveniente de rabiscos, alimentação ou 
suores), entre tantos outros seres invasores que repentinamente insurgem. 
Fique atento à legibilidade, ao acabamento das letras. Ofereça ao leitor sinais claros e evidentes, sem 
ambiguidade. Complete a grafia das palavras, coloque o acento, abra e feche as aspas, seja coerente no uso das 
maiúsculas. Não suje a prova, não a rabisque, respeite as margens e o início dos parágrafos, seja uniforme. Não 
seja informal. Faça com que o leitor sinta prazer de ler seu texto. 
 
 Os erros gramaticais, principalmente em uma prova, projetam desprestígio e criam uma representação 
em que não há conformidade entre o candidato e o cargo. A busca pela correção gramatical possui dois 
argumentos inquestionáveis. O primeiro é o valor social, que exige tal padrão e o espera na formalidade da 
escrita. O segundo argumento é o mais utilitário possível, pois envolve a fluência da leitura, visto que a falha 
gramatical pode acarretar incompreensão ao trecho. 
 
 Como examinador de um dos concursos de ingresso ao Ministério Público em São Paulo, Hugo N. 
Mazzilli também traz uma visão de como a linguagem influi na avaliação ao afirmar que “com mais de um milhar 
de inscritos, foi um custo separar uma centena de candidatos com condições mínimas de continuar a disputa. 
Pululam erros primários –extraídos de caso real– como altoridade, certão nordestino, hajiam, ouver, déve, anôma-
la, para que a lei perda a eficácia, poderia-se, negariasse, intrincicamente, progeto, tri-pé, ambos três, poderão 
serem, situações individuais de cada um, que cuja a instauração, o mérito se consiste, hora (em vez de ora), nada 
haver (em vez de nada a ver), se tratar-mos, autorizão, natureza humana do homem, princípios sensives, 
propciar, alicerceis, encejadora, estege...afora incontáveis erros de concordância verbal e nominal”. 
 
Língua Portuguesa 
João Bolognesi 
 
Interpretação de Texto 
 
 
 
 
 
65 
 
3. ASPECTOS DA COESÃO 
 
A coesão é a correlação, o nexo que se estabelece entre os constituintes textuais explícitos e implícitos. 
Entre o ir e vir textual, entre a progressão e regressão de informações, entrelaçam-se elementos de natureza 
linguística, como: 
a) pronome: O homem deveria aceitar a proposta, mas ele a rejeitou. O homem deveria aceitar a proposta que 
lhe foi enviada. 
b) conjunções: Embora o homem tenha recebido a proposta, ele não a aceitou. O homem recebeu a proposta, 
mas não a aceitou. 
c) preposições: Por haver crescimento, os investimentos voltaram à Bolsa de Valores. 
d) advérbios: O Brasil sempre precisou repensar sua autoimagem, mas isso hoje se impõe com urgência. 
e) tempo e modo verbais: Se houvesse tal perspectiva em âmbito internacional e, por sua vez, a ONU 
interviesse como órgão maior de coalizão, ocorreriam soluções bem diversas das atuais. 
f) sinônimo: O edifício será comprado pela prefeitura e reformado, mas os atuais moradores não poderão voltar 
ao prédio. 
g) epítetos (palavra ou frase que se junta a um nome para qualificá-lo ou realçar a sua significação): Xuxa 
mudou seu público. A ex-rainha dos baixinhos agora se dirige aos adultos. 
h) nominalizações (da construção verbal passa-se, na progressão do assunto, para o substantivo): Ninguém 
quis testemunhar o fato, pois havia medo de que o testemunho gerasse represália. 
i) formas contextualmente correlacionadas: O Brasil agora vai melhorar, mas tal ideia era mais intensa no 
início do ano. 
j) repetição parcial: A crise da energia elétrica é resultado da falta de planejamento. Essa crise revela algumas 
consequências que serão mais constantes em um futuro próximo. 
k) elipse: Os economistas projetam um ano positivo, embora também digam de certa chance de queda. 
 
Além de tais exemplos, há muitos outros fatores linguísticos que vêm “costurar” a superfície redacional, 
dando ritmo e sentido. Tais fatores produzem uma atividade que permite ao leitor perceber a chegada de 
informação nova da mesma forma que a informação já posta é retomada. Esses atos coesivos –entrelaçar, 
correlacionar, referenciar, progredir– tornam-se, portanto, um dos elementos vitais para a montagem de um 
texto, pois estarão contribuindo para a percepção de aspectos mais gerais, como a coerência das informações 
e os elementos retóricos. 
Observe abaixo a repetição do termo futebol, situação em que a coesão deverá ser articulada: 
 
 “O futebol é o ópio do povo. A grande maioria dos brasileiros tem pelo futebol um sentimento 
que extrapola um hobby ou um passatempo. O sentimento pelo futebol é de paixão, amor profundo e 
duradouro. Enquanto o futebol diverte a grande massa, fatos políticos perdem em audiência, falcatruas 
com o dinheiro público caem no esquecimento. A mesma adoração pelo futebol bem melhor seria caso 
se voltasse para os problemas sociais, área em que, embora convocado para a partida, o brasileiro 
continua só como reserva, cada dia mais distante da camisa dez.” 
 
Língua Portuguesa 
João Bolognesi 
 
Interpretação de Texto 
 
 
 
 
 
66 
 
A coesão textual proporciona ao texto uma progressão mais eficiente: 
“O futebol é o ópio do povo. A grande maioria dos brasileiros tem por ele um sentimento que 
extrapola um hobby ou um passatempo. O sentimento pela bola, pelo gramado, pelos gols é, sem 
dúvida, de paixão, amor profundo e duradouro. Enquanto o futebol diverte a grande massa, fatos 
políticos perdem em audiência, falcatruas com o dinheiro público caem no esquecimento. A mesma 
adoração por esse esporte bem melhor seria caso se voltasse para os problemas sociais, área em 
que, embora convocado para a partida, o brasileiro continua só como reserva, cada dia mais distante 
da camisa dez.” 
Observe agora em destaque a orientação argumentativa, que, articulados, estabelecem os valores 
entre as ideias: 
“O futebol é o ópio do povo. A grande maioria dos brasileiros tem por ele um sentimento que 
extrapola um hobby ou um passatempo. O sentimento pela bola, pelo gramado, pelos gols é, sem 
dúvida, de paixão, amor profundo e duradouro. Enquanto o futebol diverte a grande massa, fatos 
políticos perdem em audiência, falcatruas com o dinheiro público caem no esquecimento. A mesma 
adoração por esse esporte melhor seria caso se voltasse para os problemas sociais, área em que, 
embora convocado para a partida, o brasileiro continua só como reserva, cada dia mais distante da 
camisa dez.” 
 
Desse conjunto de elementos interligados deve-se notar também o ritmo, a dosagem da extensão das 
frases, quando romper com o ponto final, quando sequenciar com a vírgula, etc. Perceba, como conclusão, que 
além das correlações múltiplas que no próprio texto nascem (futebol: paixão, amor profundo, adoração), há 
uma coesão que surge com base nas imagens geradas pelo esporte: “futebol - embora convocado para a 
partida, o brasileiro continua só como reserva, cada dia mais distante da camisa dez”. Essa força 
argumentativa, que se dá inicialmente por questões coesivas, atinge em um segundo momento uma coerência 
global, com o todo do texto, produzindo efeitos persuasivos e retóricos. 
 
4. RITMO 
 A leitura pode ser mais eficiente quando se consegue disponibilizar, na superfície do texto, as instruções 
necessárias para que a tarefa seja feita com menos esforço. Esse raciocínio traduz-se em um equilíbrio entre o 
trabalho da memória e a organização textual. Assim, por uma questão de esforços cognitivos, não se aguardam 
trechos que pequem pela escassez ou pela abundância, nem que tragam obstáculos ou incorreções. 
 
Exemplo 1 (paragrafação muito segmentada, falhas gramaticais, falta de harmonia entre elementos correlacionados,ritmo inadequado) 
“As espécies de liberdade provisória sem fiança, divide-se em obrigatória e permitida. 
Nas obrigatórias é direito incondicional do acusado e dá-se nos casos em que se livra solto. 
Já a permitida verifica-se nos casos em que não caber prisão preventiva. 
Somente o juiz de direito pode conceder liberdade sem fiança.” 
Exemplo 1 (trecho corrigido) 
“As espécies de liberdade provisória sem fiança dividem-se em obrigatória e permitida. A obrigatória é 
direito incondicional do acusado e dá-se nos casos em que se livra solto; já a permitida verifica-se nos casos em 
que não couber prisão preventiva. A liberdade sem fiança pode ser concedida somente pelo juiz de direito.” 
 
Língua Portuguesa 
João Bolognesi 
 
Interpretação de Texto 
 
 
 
 
 
67 
 
Exemplo 2 (trecho adequado) 
“Quanto ao resultado, a interpretação da lei pode ser declarativa, extensiva e restritiva. A interpretação 
diz-se declarativa quando há uma perfeita correspondência entre a vontade da lei e as suas palavras. Já a 
interpretação extensiva é aquela em que a vontade da lei está aquém das suas palavras, ou seja, o texto legal 
não abrangeu as situações que a lei deveria alcançar. A interpretação restritiva, por sua vez, é aquela em que 
a vontade da lei está além das suas palavras, ou seja, o texto legal disse mais do que deveria dizer.” 
 
Exemplo 3 (trecho inadequado) 
“O controle preventivo, como o próprio nome diz, é aquele que ocorre antes da criação da lei ou do ato 
normativo, pode ser feito pelo Poder Legislativo, por meio das Comissões de Constituição e Justiça, no 
momento em que essas analisam os projetos de lei que são submetidos ao seu crivo, pelo Poder Executivo, 
por intermédio do chamado “veto jurídico” e pelo Poder Judiciário, no caso de ocorrer violação das normas 
constitucionais do processo legislativo, desde que seja provocado tal controle por quem tenha direito 
subjetivo ao devido processo legislativo, em regra é o parlamentar que participa do processo legislativo.” 
Exemplo 3 (trecho corrigido) 
“O controle preventivo, como o próprio nome diz, é aquele que ocorre antes da criação da lei ou do ato 
normativo e ele pode ser feito pelos três poderes: pelo poder legislativo, por meio das Comissões de Constituição e 
Justiça, no momento em que essas analisam os projetos de lei que são submetidos ao seu crivo ; pelo poder 
executivo, por intermédio do chamado “veto jurídico” ; e pelo poder judiciário, no caso de ocorrer violação das 
normas constitucionais do processo legislativo. Nesse último caso, ocorre desde que seja provocado por quem 
tenha direito subjetivo ao devido processo legislativo, que, em regra, é o parlamentar que de tal processo 
participa.” 
5. EDITAL, PROPOSTA REDACIONAL 
E ESPELHO DE AVALIAÇÃO 
EDITAL 
 A leitura do edital traz informações de regras e quesitos a serem cobrados em prova e há amostras de 
como se dará a correção da redação. Apesar de haver muita variação de acordo com o tipo de banca, 
concurso e cargo, não se deixa de julgar o conteúdo tematizado, a estrutura redacional e a correção 
gramatical. Esses três quesitos deve o candidato treinar muito, visando apresentar eficiência nas poucas 
horas em que agirá no concurso. Exemplo de edital: 
 
FCC Na Prova Discursiva - Redação, o candidato deverá desenvolver um texto dissertativo a partir de uma 
única proposta, sobre assunto de interesse geral. Considerando-se que o texto constitui uma unidade, os itens 
discriminados a seguir serão avaliados em estreita correlação: 
Conteúdo até 40 (quarenta) pontos: 
 a) perspectiva adotada no tratamento do tema; 
 b) capacidade de análise e senso crítico em relação ao tema proposto; 
 c) consistência dos argumentos, clareza e coerência no seu encadeamento. 
 A nota será prejudicada, proporcionalmente, caso ocorra abordagem tangencial, parcial ou diluída em 
meio a divagações e/ou colagem de textos e de questões apresentados na prova. 
Estrutura até 30 (trinta) pontos: 
 a) respeito ao gênero solicitado; 
 b) progressão textual e encadeamento de ideias; 
 c) articulação de frases e parágrafos (coesão textual). 
Expressão até 30 (trinta) pontos: 
 a) desempenho linguístico; 
 b) adequação do nível de linguagem; 
 c) domínio da norma culta formal. 
 
Língua Portuguesa 
João Bolognesi 
 
Interpretação de Texto 
 
 
 
 
 
68 
 
PROPOSTA REDACIONAL 
 O primeiro fato relevante na proposta é identificar os elementos norteadores, como o tema e seu 
direcionamento, o tipo de texto, entre outros. Diante da proposta, nota-se que a banca em geral trabalha 
temas que se voltam para o conteúdo previsto no edital ou se voltam para fatos da atualidade. Essa 
diferenciação é fundamental para determinar o tipo de texto, organizar as informações e articular as partes a 
serem redigidas. 
 Há propostas, portanto, que visam confirmar se o candidato dispõe de conteúdo próprio de uma área, 
teoria prevista no edital. Trata-se da dissertação expositiva. Outras propostas, ao versarem sobre fatos 
relevantes da atualidade e em geral fatos polêmicos, exigem posicionamento do candidato e argumentos 
consistentes para sustentar tal posição. Trata-se da dissertação argumentativa. Há, por fim, uma dissertação 
que exigirá conhecimento técnico, mas com a possibilidade de se argumentar, tomar posição, analisar...Trata-
se da dissertação expositivo-argumentativa. 
 Façamos a comparação: 
. Exemplo de Dissertação Expositiva 
 “O ônus da prova em face do princípio da continuidade da relação de emprego.” 
 “Lei Complementar no 150/2015: O trabalho extraordinário do empregado doméstico e a compensação 
de jornada de trabalho” 
. Exemplo de Dissertação Argumentativa 
 “As novas formas de sociabilidade na era da comunicação virtual.” 
 “A comunicação e os conflitos que surgem com a diversidade.” 
. Exemplo de Dissertação Expositivo-argumentativa 
 “Discuta em um texto dissertativo-argumentativo, o papel da licitação pública para o desenvolvimento 
sustentável do país.” 
 
 Apesar de, em todas as situações, manter a noção de dissertação, vê-se que a estruturação e 
finalidade serão diferentes. 
Dissertação expositiva Dissertação argumentativa 
Dissertação 
expositivo-argumentativa 
. mais técnica . menos técnica . técnica 
. conhecimentos específicos . conhecimentos gerais, atualidades 
. mesclam-se conhecimentos 
específicos e argumentos 
. temas extraídos da matéria do 
edital 
. temas extraídos de fatos 
contemporâneos ou assuntos 
polêmicos 
. o tema contempla o edital e a 
abordagem pode trazer mais ou 
menos informação técnica 
. procura-se apresentar ao 
avaliador domínio das informações 
da matéria exigida 
. toma-se uma posição diante do 
tema e buscam-se argumentos 
que sustentem tal posição 
. pode-se apresentar um problema, 
um posicionamento, mas boa parte 
do argumentos pode sair do 
conhecimento da matéria 
 
 
A igualdade de gênero e 
a contribuição da mulher 
para o desenvolvimento 
das sociedades 
A teoria das 
probabilidades explicada 
ao público leigo sem 
recorrer a fórmulas 
matemáticas 
A Lei de Improbidade 
Administrativa: 
conquistas, problemas e 
desafios 
 
 
Língua Portuguesa 
João Bolognesi 
 
Interpretação de Texto 
 
 
 
 
 
69 
 
6. DISSERTAÇÃO ARGUMENTATIVA 
Proposta redacional: 
I - Para além da fidelidade e integridade da informação, problema que se impunha com os veículos tradicionais da mídia, hoje, 
com a internet, o homem enfrenta um novo desafio: distinguir, de uma profusão de informações supérfluas, as que lhe 
importam na formação de um pensamento que garanta sua identidade e papel social. 
II - Ponto de vista não é apenas a opinião que desenvolvemos sobre determ inado assunto, mas também o lugar a partir de 
onde consideramos o mundo e que influencia demaneira cabal nossas percepções e ações. 
III Todos os homens voltam para casa. / Estão menos livres mas levam jornais / e soletram o mundo, sabendo que o perdem. 
 (ANDRADE, Carlos Drummond de. “A flor e a náusea”) 
Redija um texto dissertativo-argumentativo a partir do que se afirma em I, II e III. 
 
 
 Os tradicionais meios de comunicação de massa têm perdido espaço para a internet. Sua utilização possibilita maior acesso à 
informação pela população, o que também favorece a democratização do pensamento, antes monopolizado por setores conservadores 
da grande mídia. Contudo, além dos benefícios, esse processo também tem provocado efeitos danosos à sociedade. 
 Um deles e, talvez, o mais nocivo, é o excesso de informações, muitas vezes, supérfluas, massivamente difundidos na rede. Ess e 
fenômeno impossibilita ou ao menos dificulta que o cidadão construa um pensamento crítico a partir das i nformações que lhe são postas, 
seja pelo excesso de conteúdo, seja pela ausência de autocrítica. 
 Numa “sociedade da informação”, tal como definido por Bauman e Adorno, o ato de distinguir o útil do inútil é uma tarefa comp lexa. A 
liquidez da informação não permite que o indivíduo reflita e se aproprie do conhecimento. 
 Além disso, esse processo se torna ainda mais gravoso a partir da total ausência de responsabilidade e comprometimento dos di fusores 
para com a fidelidade e integridade da informação, fato este motivado, sobretudo, pelo anonimato virtual e sensação de impunidade. 
 Não se deve pensar em alternativas contrárias ao processo de difusão da informação pela internet, pois se trata de um fenômen o 
mundial e uma característica da sociedade moderna. Por outro lado, é importante educar a população para que as pessoas tenham 
capacidade de crítica e consigam construir pontos de vista a partir das informações. 
 A educação é necessária para que se libertem das amarras da ignorância e, desconstruindo o poeta Carlos Drummond de Andrade, 
para que possam soletrar o mundo, sabendo que o ganharam. 
 
Língua Portuguesa 
João Bolognesi 
 
Interpretação de Texto 
 
 
 
 
 
70 
 
I Venham de onde venham, imigrantes, emigrantes e refugiados, cada vez mais unidos em redes sociais, estão 
aumentando sua capacidade de incidência política sobre uma reivindicação fundamental: serem tratados como cidadãos, 
em vez de apenas como mão de obra (barata ou de elite). 
 II A intensificação dos fluxos migratórios internacionais das últimas décadas provocou o aumento do número de 
países orientados a regulamentar a imigração. Os argumentos alegados não são novos: o medo de uma “invasão 
migratória”, os riscos de desemprego para os trabalhadores autóctones, a perda da identidade nacional. 
 III Ainda não existe uma legislação internacional sólida sobre as migrações internacionais. Assim, enquanto que os 
direitos relativos ao investimento estrangeiro foram se reforçando cada vez mais nas regras estabelecidas para a economia 
global, pouca atenção vem sendo dada aos direitos dos trabalhadores. 
 Considerando o que se afirma em I, II e III, desenvolva um texto dissertativo-argumentativo, posicionando-se a 
respeito do seguinte tema: Mobilidade humana e cidadania na atualidade 
 
 
 
 
 
 
Língua Portuguesa 
João Bolognesi 
 
Interpretação de Texto 
 
 
 
 
 
71 
 
INTRODUÇÃO E CONCLUSÃO 
 Na argumentação todas as partes têm funções distintas e fundamentais. Se no desenvolvimento é o 
momento da construção dos argumentos, a introdução é o primeiro contato com o leitor, é o momento em que o 
texto procura situá-lo a respeito do tema e da abordagem dada a ele. Tal formação textual chama-se ancoragem, 
ou seja, estando o leitor “náufrago” no início da leitura, cabe ao texto oferecer informações que o amparem, que 
lhe permitam acionar as primeiras referências. Deve, além de informar, atrair o leitor. É nesse momento inicial, 
portanto, que se enuncia o tema, se dão amostras de como se pretende abordá-lo, se acionam conhecimentos 
que ambos compartilham, se lançam ideias que podem (e devem) gerar uma atração. 
 Já a conclusão traz relevo por ser a saída, os últimos instantes e o último espaço em que a memória 
processa as informações. Por se tratar da argumentação, é também a hora de ratificar a tese, de “calcar” na 
memória do leitor tal posição. Graças à argumentação nos parágrafos anteriores, a tese agora traz força, 
adesão do leitor. A conclusão não é um resumo, não é uma ação burocrática, nem maniqueísta, mas sim, ao 
reconstruir a tese, deve trazer algo de impacto, de força retórica, devido à posição terminal da leitura, momento 
em que o leitor se afasta do texto, mas leva consigo uma nova reflexão sobre o assunto. 
PROCEDIMENTOS ARGUMENTATIVOS 
 Os procedimentos argumentativos são inumeráveis: fatos históricos, argumentos de autoridade, citações, 
exemplos, dados estatísticos, comparações, contrastes, definições, conceitos, etc. Procure notar que, em sua 
argumentação, é sempre mais simples usar argumentos de valor universal, informações científicas, dados 
colhidos na realidade, citações de pessoas de reconhecido saber, exemplos e ilustrações. 
 Estar bem informado é essencial, bons argumentos nascem de boas informações. No mundo 
contemporâneo, a ciência contém muita força retórica em suas definições, estatísticas e resultados. Torna-se 
bastante pertinente trazer ao texto as informações produzidas em pesquisas e estudos acadêmicos, visto que o 
grau de credibilidade e aceitação é altíssimo. 
 Outro fator importante é perceber elementos culturais que podem enriquecer a argumentação, algo que 
gera imagens, amplia valores e é de conhecimento universal. Pense quantos fatos históricos nacionais e mundiais 
você conhece. Além disso, há correntes filosóficas, grandes pensadores, grandes transformações políticas e 
sociais (revoluções, guerras, descobertas). Fontes importantes também podem ser identificadas na literatura, na 
mitologia, nas religiões, valores morais que muitas vezes se transformam em imagens e em arquétipos. 
 Também é importante ter ciência de que as palavras têm histórias interessantes e isso nos encaminha para 
suas origens, seus novos sentidos, frases de efeito, ditos populares. Deve-se manter sempre atento à pertinência da 
citação tendo em vista o conteúdo texto, evitando a expressão desvalorizada pelo uso excessivo, bem como 
chavões e frases-feitas sem efeito retórico. 
7. ANÁLISE DE TEXTO 
Planeta dos orangotangos Josias de Souza 
Ao lançar, no século passado, a teoria de que o homem e macaco têm um ancestral comum, Charles 
Darwin incendiou o debate científico. Sua tese, hoje largamente aceita, era revolucionária à época. 
Preocupada em preservar a integridade do livro do Gênesis, a Igreja foi a primeira a dar pulos. Não foi a 
única. Cientistas conservadores recusavam-se a admitir que, tão evoluída, a espécie humana pudesse ter 
ascendentes animais. 
Pois o fenômeno da prostituição infantil, em voga no Brasil da virada do século, demonstra que, no terreno 
do sexo, o homem pode ser menos racional do que o macaco. Normalmente, costuma-se enxergar o balcão do 
sexo infantil pelo lado da oferta. Proponho, a título de reflexão, um enfoque distinto. Por que não olhá-lo pelo 
lado da procura? 
 
Língua Portuguesa 
João Bolognesi 
 
Interpretação de Texto 
 
 
 
 
 
72 
 
O mercado de meninas prostitutas só existe porque há, entre nós, homens capazes de violar corpos 
impúberes. Pior: há casos em que o descaminho sexual das meninas começa em casa, com um estupro do 
próprio pai. 
Ouça-se o que tem a dizer a esse respeito o brasileiro naturalizado Raul Gonzales Acosta, presidente da 
Sociedade de Zoológicos do Brasil: “Em termos sexuais, os animais são bem mais evoluídos do que o homem”. 
Segundo Acosta, também diretor do Zoológico de Brasília, não há estupros entre animais:“Os machos só 
têm relações com as fêmeas quando são aceitos por elas”, afirma, em português mexicanizado. Ainda 
segundo Acosta, as fêmeas só se acasalam depois que adquirem a maturidade sexual, representada pelo 
primeiro cio. Outro detalhe: fora do cativeiro, em seu ambiente natural, um bicho não cruza com sua cria. 
A antropóloga americana Helen Fisher é autora de um livro que traça paralelos entre o comportamento 
sexual dos homens e dos animais. Em “Anatomia do Amor” ela conclui que, no geral, os humanos têm 
comportamento sexual semelhante ao dos bichos. Nem sempre, nem sempre. 
O comércio de vaginas infantis no Brasil espalha pelas calçadas do país milhares de provas ambulantes de 
que a irracionalidade do homem não encontra paralelos nem mesmo entre os animais. Os verdadeiros 
orangotangos somos nós. 
 
8. PORTUGUÊS E CONCURSO PÚBLICO 
 A banca, quando constrói a prova de Língua Portuguesa, tem dois caminhos muito evidentes. Em um 
primeiro momento, ela pode formar questões com extrema objetividade e, com isso, evita erros e anulações, 
facilitando o próprio ofício. Isso influi até na preparação dos candidatos, pois a dimensão do que estudar se faz 
mais controlável. 
 
161. A crase é obrigatória em: 
 a) Não vai a clubes aos domingos. c) Estava disposto a falar. 
 b) Não vá a pé para casa. d) Ele veio a Bahia de trem. 
 
 Quando uma prova traz essa perspectiva, ela diminui a tensão, pois estão em jogo regras e conceitos 
consagrados e estabilizados. 
 Outro caminho bastante distinto é a banca trabalhar aspectos gramaticais e textuais em que a 
interpretação seja a tônica. Com isso, apresenta-se ao candidato um conteúdo não previsto, não memorizável. É 
por essa razão que o texto acaba ganhando o papel de protagonista em algumas provas de Língua 
Portuguesa, pois a banca resolve dar destaque à capacidade de o candidato entender, subentender, inferir, 
correlacionar... Prefere-se o raciocinar ao decorar; opta-se pela interpretação do uso e das intenções em 
detrimento da aplicação de uma regra. 
“Ouro em FIOS 
 A natureza é capaz de produzir materiais preciosos, como o ouro e o cobre — condutor de ENERGIA 
ELÉTRICA. 
 O ouro já é escasso. A energia elétrica caminha para isso. Enquanto cientistas e governos buscam 
novas fontes de energia sustentáveis, faça sua parte aqui no TJDFT: 
 — Desligue as luzes nos ambientes onde é possível usar a iluminação natural. 
 — Feche as janelas ao ligar o ar-condicionado. 
 — Sempre desligue os aparelhos elétricos ao sair do ambiente. 
 — Utilize o computador no modo espera. 
 Fique ligado! Evite desperdícios. 
Energia elétrica. 
A natureza cobra o preço do desperdício.” 
 
Língua Portuguesa 
João Bolognesi 
 
Interpretação de Texto 
 
 
 
 
 
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162. (CESPE) “A energia elétrica caminha para isso. Enquanto cientistas e governos buscam novas fontes de 
energia sustentáveis, faça sua parte aqui no TJDFT” 
 A substituição da palavra “energia”, em “novas fontes de energia sustentáveis” por “energias” 
prejudicaria a clareza do texto, por resultar em ambiguidade em relação ao termo que a palavra “sustentáveis” 
modifica. 
 
 Fora esses dois aspectos, há outro de força inigualável e incontível. Não se deve ter a preocupação de 
dominar, vencer ou superar o problema. Pensa-se antes em “sobreviver”. A banca vai se usar meticulosamente 
de informações textuais, porém com certo desvio que extrapola ou contradiz as informações originais. Mas é 
algo tão sutil que, muitas vezes, só se atém ao fato depois do erro!! 
 Está aí uma receita interessante para dificultar uma prova de Língua Portuguesa: diminuir as questões 
com marcas extremas de objetividade e ampliar as questões que exigem interpretação, reduzindo, portanto, a 
área de referência teórica previsível. 
163. (CESPE) O pronome “isso” (2º parágrafo) retoma a ideia expressa no primeiro período do parágrafo, ou seja, 
refere-se ao fato de o ouro ser escasso. 
164. (CESPE) A finalidade do texto é alertar o interlocutor sobre as consequências que podem resultar do 
desperdício de energia elétrica e apresentar-lhe um conjunto de ações recomendadas pelo TJDFT com vistas a 
evitar o desperdício de energia elétrica. 
 
 Há também a informação acadêmica, técnica, embasada ora na gramática, ora na linguística. A má-fé 
não está no fato em si, mas a forma como ele é apresentado. 
165. (CESPE) Há no texto elementos característicos das tipologias expositiva e injuntiva. 
9. INTERPRETAÇÃO DE TEXTO 
A expressão “interpretar textos” sugere que um texto é sempre algo a mais do que está sobre a 
superfície do papel, algo que vai além de uma simples leitura. Ler um texto, por si só, já é uma atividade 
bastante complexa, pois o conhecimento de um idioma e de suas regras se impõe antes de tudo. Interpretar 
um texto vai além e exige a união de vários conhecimentos, que se iniciam no texto e se estendem até o 
contexto. Vêm à tona aspectos linguísticos, culturais, históricos, geográficos, ideológicos, artísticos, entre 
tantos outros. 
 A interpretação exigida em concursos públicos, porém, está longe disso. Aproxima-se de uma análise 
dos constituintes textuais em si, ficando fora as informações contextuais. Um concurso público, ao trabalhar 
com alternativas (e não com respostas escritas pelo candidato), busca, na formulação das questões, trazer do 
texto aquilo que permite um grau seguro de objetividade. O que se interpreta está no texto posto ou 
pressuposto, exigindo do candidato a verificação ou a inferência. 
166. (VUNESP) “Penso que o uso das gírias - palavras bem locais, quase dialeto, que funcionam na melodia do 
nosso texto - é parte da nossa criatividade, uma qualidade da literatura brasileira. Quanto a mim, uso pouco, 
aqui e ali, nossas palavras. Procuro ser econômico.” 
 De acordo com o autor, o uso de gírias é característico da literatura brasileira, embora não seja muito 
recorrente em sua própria obra. 
 
Língua Portuguesa 
João Bolognesi 
 
Interpretação de Texto 
 
 
 
 
 
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167. (CESPE) “No Brasil, hoje em dia, os cartórios vão muito além de sua função de registrar. Os cartórios são a 
mais efetiva máquina de fiscalização tributária do país.” 
 Infere-se das informações do texto que os cartórios constituem um entre outros mecanismos de 
fiscalização de impostos no Brasil. 
 A questão, entretanto, não pode pecar pela simplicidade nem pela obviedade (apesar de muitas vezes 
isso acontecer), o que obriga à banca produzir artifícios geradores de confusões, ambiguidades, complicações, 
ou seja, estratégias de induzimento a erro. 
168. (FGV) Millôr Fernandes, falando sobre o hábito de fumar, disse: “Enorme percentual de fumantes disposto a 
continuar fumando, apesar de ameaças de câncer, enfisemas e outras quizílias. O fumo é realmente um vício 
idiota. Mas os fumantes que persistem em fumar têm um vício ainda mais idiota – a liberdade. Provando que 
nem só de pão, e de saúde, vive o ser humano. Além do fumo ele aspira também gastar a vida como bem 
entende. Arruinando determinadamente seu corpo – um ato de loucura – o fumante ultrapassa a pura e 
simples animalidade da sobrevivência sem graça. Em tempo; eu não fumo”. 
 O trecho acima, em relação ao fumo, defende a seguinte ideia: 
a) condenação do fumo, como um hábito sem sentido e prejudicial à saúde; 
b) compreensão pelos que fumam, apesar de ver nesse hábito um vício idiota; 
c) admiração pelo fumante por ter superado os próprios limites da defesa da sobrevivência; 
d) crítica aos fumantes pela loucura de arruinarem de forma inconsciente a saúde do corpo; 
e) louvação ao fumante, por ser ele um defensor da liberdade completa, mesmo atentando contra a própria 
vida. 
 Quem faz as questões sabe que tem limites (ele quer e procura a objetividade), pois, já que a 
interpretação se restringe ao texto, aos explícitos eimplícitos, a montagem da questão exige um trabalho 
restrito à latência do próprio texto. Em geral, constrói paráfrases de trechos, dando-lhes novos sentidos, 
conexões e valores. A paráfrase não é o texto, mas nele se constrói; o que estava no texto transforma-se na 
alternativa. 
169. (CESPE) “O direito é um labor contínuo, não apenas dos governantes, mas de todo o povo. Cada um que se 
encontra na situação de precisar defender seu direito participa desse trabalho, levando sua contribuição para a 
concretização da ideia de direito sobre a Terra.” 
 Por ser um trabalho contínuo e de todo o povo, todos os cidadãos são chamados a tomar parte na 
tarefa de concretizar a ideia do direito sobre a Terra. 
 
 Eis a essência do estudo de interpretação de textos: aprender a conviver com as infinitas formas de 
existência de um texto e com o oportunismo da banca ao selecionar o que no texto poderá vir a ser uma 
questão. Estrategicamente, deve-se ler o texto com mais qualidade e saber identificar os locais da 
interpretação usados pela banca. 
170. (CESPE) Em 2007, o governo licitou um pacote que incluiu a Régis Bittencourt, principal corredor entre 
São Paulo e o sul do país, a Fernão Dias, que une a capital paulista à mineira, e outras cinco rodovias 
importantes do Sul e do Sudeste do país. Com a Dutra, elas formam o cerne da malha rodoviária nacional. 
 Depreende-se da leitura do texto que “a Dutra”, apesar de ser uma das rodovias que formam o cerne 
da malha rodoviária nacional, não faz parte do grupo das rodovias licitadas pelo governo. 
 Uma etapa posterior e decisiva será a que exige mais interpretação da alternativa do que do texto e, 
sendo de múltipla escolha, a capacidade de selecionar, excluir e chegar em geral a duas alternativas com alto 
índice de correção, porém com uma delas mais pertinente, mais fiel ao texto. 
 
Língua Portuguesa 
João Bolognesi 
 
Interpretação de Texto 
 
 
 
 
 
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10. MATÉRIA-PRIMA 
 
 
 
 A crise financeira mundial desencadeada no último trimestre de 2008 e que se estendeu ao ano 
seguinte contribuiu, e muito, para uma forte mudança no cenário econômico. As incertezas sobre a 
recuperação rápida dos países europeus e dos Estados Unidos da América (EUA), até então considerados 
seguros para a maioria dos investidores, provocaram forte redirecionamento do capital estrangeiro rumo aos 
países emergentes. Em meio à turbulência financeira, essas nações também ganharam voz e importância no 
contexto geopolítico que culminou com a ascensão do G-20 — grupo que reúne as dezenove mais 
importantes economias do planeta e a União Europeia — ao topo da liderança do debate global. 
 Criado na década de 90 do século passado, o bloco, inicialmente de natureza comercial, tornou-se a 
expressão do atual e do futuro pensamento mundial. Estimativas feitas pelo Instituto de Finanças 
Internacionais (IFI) confirmam esse movimento. A organização, que reúne os maiores bancos do mundo, 
calcula que os países emergentes tenham recebido US$ 825 bilhões em 2010, ou seja, 42% a mais que os 
US$ 581 bilhões do ano anterior. China e Brasil lideram o ranque desses investimentos. 
 O fato de os emergentes se expandirem em um ritmo bem mais acelerado que o das economias mais 
ricas é o principal atrativo para os investimentos estrangeiros. Segundo o IFI, essa propensão tenderá à 
aceleração nos próximos anos, quando os emergentes assumirão, definitivamente, o papel de protagonistas 
do mundo. Rosana Hessel. Crise econômica vira página da história e acelera mudanças em nível mundial. Internet: <www.correiobraziliense.com.br> (com adaptações). 
171. Infere-se do texto que os países que se mantiveram no G-20 após a crise de 2008 foram por ela menos 
afetados, uma vez que conseguiram manter suas economias fortes. 
172. O volume de dinheiro investido em países como Brasil e China aumentou nos últimos três anos, em 
detrimento dos EUA e de países europeus. 
173. Afirma-se no texto que, na década de 90 do século XX, quando foi criado, o G-20 não era constituído, 
necessariamente, por países com representatividade econômica, mas que essa situação se alterou ao longo 
dos anos e que, hoje, o grupo é referência mundial em assuntos econômicos. 
174. Subentende-se das informações do texto que, no período pós-crise econômica, o lucro obtido com os 
investimentos feitos nos países emergentes tem sido mais compensador que o do capital investido em países 
mais bem estabelecidos economicamente. 
175. Comparativamente ao ano de 2009, Brasil e China, juntos, receberam 42% a mais de investimentos 
estrangeiros no ano de 2010. 
176. A expressão “essas nações” (linha 5) faz referência aos termos “países europeus” e “Estados Unidos da 
América” (linha 3). 
177. Na linha 5, para dar mais destaque ao complemento da forma verbal “ganharam”, duas vírgulas poderiam 
ser inseridas no período: uma antes e outra depois da expressão “voz e importância”. 
178. No trecho “essa propensão tenderá à aceleração” (linha 15), o uso do sinal indicativo de crase não é 
obrigatório, haja vista que o verbo “tender”, com o sentido empregado no texto, pode ter complementação 
direta ou indireta, isto é, com ou sem preposição. 
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Língua Portuguesa 
João Bolognesi 
 
Interpretação de Texto 
 
 
 
 
 
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11. LOCAIS DA INTERPRETAÇÃO 
 
. VOCABULÁRIO 
 
 A navegação fazia-se, comumente, das oito horas da manhã às cinco da tarde, quando as canoas 
embicavam pelos barrancos e eram presas a troncos de árvores, com o auxílio de cordas ou cipós. Os densos 
nevoeiros, que se acumulam sobre os rios durante a tarde e pela manhã, às vezes até o meio-dia, impediam 
que se prolongasse o horário das viagens. 
 Antes do pôr do sol, costumavam os homens arranchar-se e cuidar da ceia, que constava 
principalmente de feijão com toucinho, além da indefectível farinha, e algum pescado ou caça apanhados pelo 
caminho. Quando a bordo, e por não poderem acender fogo, os viajantes tinham de contentar-se, geralmente, 
com feijão frio, feito de véspera. 
 De qualquer modo, era esse alimento tido em grande conta nas expedições, passando por 
extremamente substancial e saudável. Um dos motivos para tal preferência vinha, sem dúvida, da grande 
abundância de feijão nos povoados, durante as ocasiões em que costumavam sair as frotas destinadas ao 
Cuiabá e a Mato Grosso. (Adaptado de Sérgio Buarque de Holanda. Monções. 3.ed. São Paulo, Brasiliense, 2000, pp.105-6) 
179. (FCC) O segmento cujo sentido está corretamente expresso em outras palavras é: 
a) além da indefectível farinha = sem contar a eventual moagem. 
b) feito de véspera = ritualmente preparado. 
c) tido em grande conta nas expedições = muito caro para as viagens. 
d) arranchar-se e cuidar da ceia = abancar-se e servir o jantar. 
e) impediam que se prolongasse = obstavam que se estendesse. 
 
180. (CESPE) “Destacam-se, sobretudo, a maior velocidade, a confiabilidade e o baixo custo de transmissão” 
 O vocábulo “sobretudo” pode ser corretamente substituído por “mormente”, sem prejuízo para a 
estrutura gramatical e os sentidos do texto. 
 
181. (CESPE) O segmento “eminentemente um fator de dissensão” pode ser substituído, sem prejuízo de sentido, 
por: “sobremaneira um fator de disputa”. 
 
182. (CESPE) “Um plano oficial de educação pouco poderia fazer para alterar esse iminente risco de 
desintegração.” 
 Sem prejuízo para o sentido original do texto, o termo “iminente” poderia ser substituído por “elevado”. 
 
183. (VUNESP) “Sim, meu caro paulista: o garçom carioca é antes de tudo um nobre. Um antigo membro da corte 
que esconde, por trás da carapinha entediada, do descaso e da gravata borboleta, saudades do imperador. [...] 
Se deixou de bajular os príncipes e princesas doséculo 19, passou a servir reis e rainhas do 20: levou gim 
tônicas para Vinicius e caipirinhas para Sinatra, uísques para Tom e leites para Nelson, recebeu gordas 
gorjetas de Orson Welles e autógrafos de Rockfeller; ainda hoje fala de futebol com Roberto Carlos e ouve 
conselhos de João Gilberto. Continua tão nobre quanto sempre foi, seu orgulho permanece intacto.” 
 O contexto em que se encontra a passagem – Se deixou de bajular os príncipes e princesas do século 
19, passou a servir reis e rainhas do 20...– leva a concluir, corretamente, que a menção a 
a) príncipes e princesas constitui uma referência em sentido não literal. 
b) reis e rainhas constitui uma referência em sentido não literal. 
c) príncipes, princesas, reis e rainhas constitui uma referência em sentido não literal. 
d) príncipes, princesas, reis e rainhas constitui uma referência em sentido literal. 
e) reis e rainhas constitui uma referência em sentido literal. 
 
Língua Portuguesa 
João Bolognesi 
 
Interpretação de Texto 
 
 
 
 
 
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. GRAMÁTICA DO TEXTO 
184. (CESPE) “O técnico de enfermagem Jorge Ricardo Pontes, com o objetivo de me fazer sentir mais segura, 
segurou a minha mão durante todo o exame.” 
 Em “todo o exame”, há um desvio gramatical quanto ao emprego do artigo, que está redundante, pois a 
grafia correta seria “todo exame”. 
 
185. (VUNESP) Em – Preciso falar urgentemente com o senhor –, o termo destacado apresenta circunstância de 
modo, o que também ocorre em: 
a) Dias desses, fui ouvir as mensagens do celular. 
b) – Obrigada por ser tão grosseiro! e desligou o telefone. 
c) Com calma, tentei explicar que, antes de mais nada, era preciso estudar para ser atriz. 
d) Bastante orgulhosa da pimpolha, a mãe revelou 
e) Daqui a pouco, vai estar numa novela! 
 
186. (VUNESP) A forma verbal em destaque está no tempo futuro, indicando uma ação hipotética, em: 
a) Lia o jornal enquanto aguardava meu voo para São Paulo... 
b) Meus voos todos saíram na hora. 
c) Era um berimbau, meu Deus. 
d) Concluí que viajariam muito com o novo instrumento musical. 
e) Solicitara a ajuda de uma comissária de bordo brasileira, bonita... 
 
187. (CESPE) “Previa-se um único caso de punição: sendo o marido traído um “peão” e o amante de sua mulher 
uma “pessoa de maior qualidade”, o assassino poderia ser condenado a três anos de desterro na África.” 
 O emprego do futuro do pretérito em “poderia” indica que a situação apresentada na oração é não 
factual, ou seja, é hipotética. 
 
188. (CESPE) “O bom momento que vive a economia nacional estimula suas vendas, mas a indiscutível 
preferência do consumidor pelo modelo flex tem outras razões.” 
No trecho “O bom momento que vive a economia nacional estimula suas vendas”, o sujeito das formas 
verbais “vive” e “estimula” é o mesmo. 
 
189. (FCC) Em relação à frase Os psicoterapeutas, que se recusavam a receber jovens contra sua vontade, 
deram crédito à ideia de que não se deve impor nada, é correto afirmar: 
I. A supressão das vírgulas em nada alterará o sentido do que está afirmado. 
II. Embora se deva deduzir, pelo contexto, que o pronome sua se refere a jovens, esse emprego pronominal 
gera ambiguidade. 
III. A autora está considerando todos os psicoterapeutas, em sua generalidade. 
Atende ao enunciado o que está em 
a) I, II e III b) I e II, somente c) I e III, somente d) II e III, somente e) III, somente 
 
Língua Portuguesa 
João Bolognesi 
 
Interpretação de Texto 
 
 
 
 
 
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. ASPECTOS COESIVOS 
 
190. (FCC) Em “A própria literatura consagra escritores no mercado internacional, os quais negociam seus direitos 
por intermédio de agentes, segundo o sistema que prevalece nas indústrias do espetáculo”, a expressão em 
destaque foi obrigatoriamente empregada para evitar a ambiguidade que ocorreria se, em seu lugar, fosse usado o 
pronome “que”. 
 
191. (CESPE) "Nas últimas décadas, o cenário internacional tem sido marcado pela globalização, caracterizada pelo 
maior trânsito de informações e de tecnologia, que hoje cruzam com mais facilidade os limites dos Estados-nação.” 
 O termo “que” é classificado como pronome relativo e retoma a expressão “maior trânsito de informações e de 
tecnologia”. 
 
192. (CESPE) “Embora ocupe lugar central e mais ou menos indisputado na história da literatura produzida no Brasil, o 
escritor e sua obra ainda hoje guardam algo do caráter excêntrico, inclassificável e surpreendente que assombrou 
seus primeiros críticos.” 
 O pronome relativo “que” refere-se a “o escritor”. 
 
193. (CESPE) “Exceção a essa regra foi a Inglaterra, onde, já em 1215, o poder do rei passou a ser um tanto limitado 
pelos nobres, que o obrigaram a pedir autorização a um conselho constituído por vinte e cinco barões para aumentar 
os impostos.” 
 O pronome “o” retoma, por coesão, a expressão “o poder do rei”. 
 
194. (FCC) “É evidente que, ao não detalhar no depoimento os dados que já havia oferecido, e que permitiriam a 
elucidação dos fatos investigados, os torna mais nebulosos.” 
 O emprego do pronome os produz ambiguidade, que seria dissolvida se o segmento os torna fosse 
substituído por “torna estes” ou “torna aqueles”, alternativa definida pelo sentido que se deseja atribuir à frase. 
 
195. (FGV) "Assim, um juiz que, de forma monocrática, decide impor a censura a um veículo passa a constituir um a 
aberração dentro do poder que ele representa..." 
 Os termos sublinhados se referem, respectivamente, a: 
a) juiz / poder b) juiz / veículo c) veículo / poder d) poder / veículo e) poder / juiz 
 
. PROGRESSÃO DO TEMA 
 Na Malásia, uma equipe de designers e arquitetos elaborou um conceito de centro de detenção 
bastante diferente. O projeto consiste em um complexo prisional suspenso no ar, o que em teoria dificultaria as 
tentativas de fuga, devido à altura potencialmente fatal de uma queda e à visibilidade que o fugitivo teria aos 
olhos dos pedestres na parte de baixo. 
196. (FGV) Na estruturação do texto, o segundo período do trecho acima tem a função de 
a) justificar a qualificação de “diferente” dada ao centro de detenção. 
b) retificar uma informação dada de forma imprecisa no período anterior. 
c) explicar o porquê de ter sido criado um novo centro de detenção. 
d) demonstrar que as autoridades mundiais estão preocupadas com a segurança dos presídios. 
e) criticar o excesso de imaginação de designers e arquitetos. 
 
Língua Portuguesa 
João Bolognesi 
 
Interpretação de Texto 
 
 
 
 
 
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. INFERÊNCIA E PRESSUPOSTO 
197. (VUNESP) O termo omitido na parte destacada do fragmento –O embaixador Clifford Sobel narrou a 
inconfidência do ministro Nelson Jobim a respeito de um tumor na cabeça do presidente boliviano Evo Morales. 
Seu papel era comunicar. O de Jobim era não contar– pode ser suprido, sem alteração de sentido, pela palavra 
a) impresso. b) critério. c) questionamento. d) dever. e) perdão. 
 
198. (CESPE) “A língua funciona do mesmo modo: há uma norma para entrevistas de emprego, audiências 
judiciais; e outra para a comunicação em compras no supermercado. A norma culta é o padrão de linguagem 
que se deve usar em situações formais.” 
 O pronome “outra” está empregado em referência ao termo “A língua”. 
 
199. (CESPE) “O direito não é mero pensamento, mas sim força viva. Por isso, a justiça segura, em uma das 
mãos, a balança, com a qual pesa o direito, e, na outra, a espada, com a qual o defende.” 
 A forma verbal “defende” está flexionada na terceira pessoa do singular por concordar com seu sujeito, 
cujo referente é “a justiça”. 
 
. HIERAQUIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES 
200. (ESAF) Assinale a opção em que o trecho do texto apresenta a sua ideia principal. 
 O potencial das energias propriamente “limpas” e renováveis é enorme, comparativamenteao que já 
existe: ventos, marés, correntes marítimas e fluviais, energia solar. Elas deverão constituir um nó importante na 
matriz energética mundial. Entretanto, admite-se que ainda assim continuarão sendo apenas complementares e 
não suficientes para substituir o petróleo. 
 Um dos problemas dessas energias limpas é que o seu potencial não é regularmente distribuído no 
mundo entre as nações consumidoras. O Saara, Mogavi e o Nordeste brasileiro são exemplos de ricos potenciais 
de energia solar, mas em que isso beneficia os grandes consumidores do norte da Europa? O Nordeste brasileiro, 
assim como a região de Bengala e outras regiões tropicais, tem enorme potencial eólico. Mas não são só eles: a 
Dinamarca produz 75% da energia que consome pelos ventos. Poucos países podem rivalizar com o Brasil 
quanto à energia hidrelétrica. Nenhuma dessas fontes energéticas limpas e renováveis poderá, por si, constituir -
se no sucessor do petróleo em nível mundial. (Pergentino Mendes de Almeida disponível em http://www.correiocidadania. com.br/content/view/4881/9/, acesso em 29/10/2010) 
a) “Um dos problemas dessas energias limpas é que o seu potencial não é regularmente distribuído no mundo 
entre as nações consumidoras.”(ℓ.5) 
b) “O Nordeste brasileiro, assim como a região de Bengala e outras regiões tropicais, tem enorme potencial 
eólico. Mas não são só eles: a Dinamarca produz 75% da energia que consome pelos ventos.”(ℓ.7) 
c) “O Saara, Mogavi e o Nordeste brasileiro são exemplos de ricos potenciais de energia solar, mas em que 
isso beneficia os grandes consumidores do norte da Europa?”(ℓ.6) 
d) “O potencial das energias propriamente “limpas” e renováveis é enorme, comparativamente ao que já existe: 
ventos, marés, correntes marítimas e fluviais, energia solar.”(ℓ.1) 
e) “Nenhuma dessas fontes energéticas limpas e renováveis poderá, por si, constituir-se no sucessor do 
petróleo em nível mundial.”(ℓ.10) 
 
Língua Portuguesa 
João Bolognesi 
 
Interpretação de Texto 
 
 
 
 
 
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12. PROFUNDIDADES 
 
NÍVEL 1 
 
Nossas palavras 
 Meu amigo lusitano, Diniz, está traduzindo para o francês meus dois primeiros romances, Os Éguas e 
Moscow. Temos trocado e-mails muito interessantes, por conta de palavras e gírias comuns no meu Pará e 
absolutamente sem sentido para ele. Às vezes é bem difícil explicar, como na cena em que alguém empina 
papagaio e corta o adversário “no gasgo”. Não sei se no universo das pipas, lá fora, ocorrem os mesmos e 
magníficos embates que se verificam aqui, “cortando e aparando” os adversários. 
 Outra situação: personagens estão jogando uma “pelada” enquanto outros estão “na grade”. Quem 
está na grade aguarda o desfecho da partida, para jogar contra o vencedor, certamente porque espera fora do 
campo, demarcado por uma grade. Vai explicar… 
 E aqueles dois bebedores eméritos que “bebem de testa” até altas horas? Por aqui, beber de testa é 
quase um embate para saber quem vai desistir primeiro, empilhando as grades de cerveja ao lado da mesa. 
 Penso que o uso das gírias - palavras bem locais, quase dialeto, que funcionam na melodia do nosso 
texto - é parte da nossa criatividade, uma qualidade da literatura brasileira. Quanto a mim, uso pouco, aqui e 
ali, nossas palavras. Procuro ser econômico. Mesmo assim, vou respondendo aos e-mails. Ele me diz que, 
enfim, está tudo pronto. (Edyr Augusto Proença, http://blogdaboitempo.com.br, 26.07.2013. Adaptado) 
 
 
201. (VUNESP) O autor, ao se referir aos e-mails trocados com o amigo que está traduzindo seus romances, 
sugere que a tradução 
a) necessita que o tradutor também seja escritor, para compreender o processo de criação artística. 
b) requer acentuada erudição, a fim de se corrigirem os erros característicos do linguajar do povo. 
c) deve ser realizada por romancistas adeptos do estilo regionalista e usuários de dialetos populares. 
d) demanda um conhecimento profundo das obras literárias que influenciaram o autor traduzido. 
e) envolve, além do domínio do idioma, o conhecimento da cultura retratada no texto original. 
 
202. (VUNESP) De acordo com o autor, o uso de gírias é 
a) intenso entre autores populares e, sendo ele um romancista popular, usa muitas gírias em sua obra. 
b) característico da literatura brasileira, embora não seja muito recorrente em sua própria obra. 
c) peculiar a autores que escrevem com concisão, o que não é o caso dele, que exagera no emprego das 
gírias. 
d) indício de um estilo inusitado e inovador, por isso as gírias locais são frequentes em seus romances. 
e) restrito a autores paraenses, cuja criatividade com as palavras se destaca no cenário da literatura brasileira. 
 
 
Língua Portuguesa 
João Bolognesi 
 
Interpretação de Texto 
 
 
 
 
 
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NÍVEL 2 
 Ao longo do século XVII, a Holanda foi um dos dois motores de um fenômeno que transformaria para 
sempre a natureza das relações internacionais: a primeira onda da chamada globalização. O outro motor 
daquela era de florescimento extraordinário das trocas comerciais e culturais era um império do outro lado do 
planeta − a China. Só na década de 1650, 40 000 homens partiram dos portos holandeses rumo ao Oriente, 
em busca dos produtos cobiçados que se fabricavam por lá. Mas a derrota em uma guerra contra a França 
encerrou os dias da Holanda como força dominante no comércio mundial. 
 Se o século XVI havia sido marcado pelas grandes descobertas, o seguinte testemunhou a 
consequência maior delas: o estabelecimento de um poderoso cinturão de comércio que ia da Europa à Ásia. 
"O sonho de chegar à China é o fio imaginário que percorre a história da luta da Europa para fugir do 
isolamento", diz o escritor canadense Timothy Brook, no livro O chapéu de Vermeer. 
 Isso determinou mudanças de comportamento e de valores: "Mais gente aprendia novas línguas e se 
ajustava a costumes desconhecidos". O estímulo a esse movimento era o desejo irreprimível dos ocidentais de 
consumir as riquezas produzidas no Oriente. A princípio refratários ao comércio com o exterior, os governantes 
chineses acabaram rendendo-se à evidência de que o comércio significava a injeção de riqueza na economia 
local (em especial sob a forma de toneladas de prata). 
 Sob vários aspectos, a China e a Holanda do século XVII eram a tradução de um mesmo espírito de 
liberdade comercial. Mas deveu-se só à Holanda a invenção da pioneira engrenagem econômica transnacional. 
A Companhia das Índias Orientais − a primeira grande companhia de ações do mundo, criada em 1602 − foi a 
mãe das multinacionais contemporâneas. Beneficiando-se dos baixos impostos e da flexibilidade 
administrativa, ela tornou-se a grande potência empresarial do século XVII. (Adaptado de: Marcelo Marthe. Veja) 
 
203. (FCC) De acordo com o texto, 
a) durante os séculos XVI e XVII, os produtos orientais, especialmente aqueles que eram negociados na China, 
constituíram a base do comércio europeu, em que se destacou a Holanda. 
b) a eficiência administrativa de uma empresa comercial criada na Holanda, durante o século XVII, favoreceu o 
surgimento desse país como um dos polos iniciais do fenômeno da globalização. 
c) a atração por produtos exóticos, de origem oriental, determinou a criação de empresas transnacionais que, 
durante os séculos XVI e XVII, dominaram o comércio entre Europa e Ásia. 
d) a China, beneficiada pelo comércio desde o século XVI, rivalizou com a Holanda no predomínio comercial, 
em razão da grande procura por seus produtos, bastante cobiçados na Europa. 
e) apesar do intenso fluxo de comércio com o Oriente no século XVII, as mudanças de valores por influência de 
costumes diferentes aceleraram o declínio da superioridade comercial holandesa. 
 
204. (FCC) ...daquela era de florescimento extraordinário das trocas comerciais e culturais... (1º parágrafo) 
 Dados constantes do texto,que confirmam a observação acima, dizem respeito 
a) ao aprendizado de novos modelos de comércio entre nações geograficamente distantes e à influência 
chinesa no continente europeu. 
b) às grandes descobertas que marcaram os séculos XVI e XVII e à possibilidade de comércio com a França. 
c) ao grande número de comerciantes que saíam da Holanda para o Oriente e ao contato com novos idiomas e 
diferentes modos de vida. 
d) ao espírito de liberdade na busca de produtos ainda desconhecidos por eventuais consumidores europeus e 
ao acúmulo de riqueza. 
e) à superioridade administrativa da Companhia das Índias Orientais e ao comércio ultramarino de produtos de 
origens diversas. 
 
Língua Portuguesa 
João Bolognesi 
 
Interpretação de Texto 
 
 
 
 
 
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NÍVEL 3 
 A internet produziu transformações espetaculares na sociedade na última década, mas a mais 
profunda só agora começa a ser estudada pela ciência. A facilidade e a rapidez com que se encontram 
informações na rede, sobre qualquer assunto e a qualquer hora, podem provocar alterações nos processos de 
cognição do cérebro. 
 Até a popularização da web, as principais fontes de conhecimento com que todos contavam eram os 
livros e, evidentemente, a própria memória do que se aprende ao longo da vida. A internet mudou esse 
panorama: a leitura em profundidade foi substituída pela massa de informações, em sua maioria superficiais, 
oferecidas pelos sites de buscas, blogs e redes de relacionamento. A memória, por sua vez, perdeu relevância 
− para que puxar pela cabeça para se lembrar de um fato ou do nome de uma pessoa se essas informações 
estão disponíveis no Google, a dois toques do mouse? Quanto mais dependemos dos sites de busca para 
adquirir ou relembrar acontecimentos, mais nosso cérebro se parece com um computador obsoleto que 
necessita de uma memória mais potente. 
 Na frase genial do cientista brasileiro Miguel Nicolelis, "o cérebro é uma orquestra sinfônica em que os 
instrumentos vão se modificando à medida que são tocados". Dificilmente alguém conseguirá explicar essa 
plasticidade com uma imagem mais exata e intrigante. Imagine-se um violino cerebral que, tocado de forma 
medíocre por anos a fio, vai se transformando aos poucos em um berimbau. Ou um piano martelado por um 
músico de uma nota só que, ao fim e ao cabo, vira um bumbo. 
 Pode, com o passar do tempo, a facilidade de estocagem e recuperação de virtualmente qualquer tipo 
de informação atrofiar os instrumentos da orquestra cerebral humana especializados na busca e seleção de 
informações? É uma nova linha de investigação científica, que tem um grande futuro pela frente. (Alexandre Salvador 
e Filipe Vilicic. Veja, 20 de julho, 2011, pp. 87-88, com adaptações) 
 
205. (FCC) De acordo com o texto, 
a) o cérebro humano, atualmente submetido a uma multiplicidade de estímulos virtuais, tem se mostrado 
capaz, pelo próprio processo evolutivo, de assimilar sempre novas informações. 
b) a quantidade de informações oferecidas pela internet deverá ampliar a capacidade de armazenamento 
inerente ao cérebro humano, bem além do conteúdo oferecido pelos livros. 
c) os cientistas estão se voltando para pesquisas sobre o impacto que a internet, com as facilidades trazidas 
pela divulgação de informações, pode provocar no funcionamento do cérebro humano. 
d) a relação entre a memória e as informações recebidas pela internet tem sido desvendada por estudiosos 
interessados no funcionamento do cérebro humano. 
e) os pesquisadores partem, em seus estudos, da possível ampliação da capacidade cerebral em razão do 
acúmulo de informações constantes e acessíveis, sempre à disposição na internet. 
 
206. (FCC) Conclui-se corretamente do texto que 
a) a impossibilidade de controlar o afluxo de informações oferecidas pela internet dificulta o prosseguimento de 
estudos sobre o funcionamento do cérebro humano. 
b) o cérebro é uma estrutura que deve ser submetida a desafios, ou seja, a novos estímulos, para ampliar sua 
prontidão e eficiência no domínio do conhecimento. 
c) a facilidade com que se obtêm informações variadas e em maior quantidade na internet beneficia o 
funcionamento do cérebro, por estender o interesse a diferentes áreas do conhecimento. 
d) o intricado funcionamento cerebral impede a exata e correta avaliação de como se processam o 
aprofundamento e a assimilação das diversas informações recebidas. 
e) a ciência atual vem descobrindo métodos que permitem avaliar adequadamente a forma como o cérebro 
humano assimila as novas informações obtidas pela internet. 
 
Língua Portuguesa 
João Bolognesi 
 
Interpretação de Texto 
 
 
 
 
 
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NÍVEL 4 
O poder nuclear e a civilização 
Considerando que nosso futuro será, em grande parte, determinado por nossa atitude perante a 
questão nuclear, é bom nos perguntarmos como chegamos até aqui, com o poder de destruir a civilização. O 
que isso nos diz sobre quem somos como espécie? 
Nossa aniquilação é inevitável ou será que seremos capazes de garantir nossa sobrevivência mesmo 
tendo em mãos armas de destruição em massa? Infelizmente, armas nucleares são monstros que jamais 
desaparecerão. Nenhuma descoberta científica “desaparece”. Uma vez revelada, permanece viva, mesmo se 
condenada como imoral por uma maioria. O pacto que acabamos por realizar com o poder tem um preço muito 
alto. É irreversível. Não podemos mais contemplar um mundo sem armas nucleares. Sendo assim, será que 
podemos contemplar um mundo com um futuro? 
O medo e a ganância – uma combinação letal – trouxeram-nos até aqui. Por milhares de anos, 
cientistas e engenheiros serviram o Estado em troca de dinheiro e proteção. Cercamo-nos de inimigos reais ou 
virtuais e precisamos proteger nosso país e nossos lares a qualquer preço. O patriotismo é o maior 
responsável pela guerra. Não é à toa que Einstein queria ver as fronteiras abolidas. 
Olhamos para o Brasil, os Estados Unidos e a Comunidade Europeia, onde fronteiras são cada vez 
mais invisíveis, e temos evidência empírica de que a união de Estados sem fronteiras leva à estabilidade e à 
sobrevivência. A menos que as coisas mudem profundamente, é difícil ver essa estabilidade ameaçada. Será, 
então, que a solução – admito, extremamente remota – é um mundo sem fronteiras, uma sociedade de fato 
globalizada e economicamente integrada? Ou será que existe outro modo de garantir nossa sobrevivência a 
longo prazo com mísseis e armas nucleares apontando uns para os outros, prontos a serem detonados? O que 
você diz? (Adaptado de Marcelo Gleiser, Folha de S. Paulo, 18/04/2010) 
207. (FCC) Entre as razões que podem sustentar uma posição pessimista, no que toca ao futuro de uma 
civilização com o poder de se destruir, estão 
a) a globalização político-econômica e o aferrado sentimento patriótico. 
b) a inevitabilidade de uma detonação nuclear e o protecionismo econômico. 
c) a permanência inexorável das armas nucleares e a exacerbação do patriotismo. 
d) a desintegração econômica dos Estados e o desejo de se abolirem as fronteiras. 
e) o pacto com o poder a qualquer preço e a iminência de uma globalização econômica. 
 
208. (FCC) Atente para as seguintes afirmações: 
I. Diante da questão das fronteiras entre os Estados, a posição do autor do texto e a de Einstein, uma vez 
confrontadas, acusam uma séria divergência. 
II. A indagação anterior a O que você diz? é um exemplo de pergunta retórica. 
III. O autor não isenta cientistas e engenheiros da responsabilidade pelas consequências do emprego do poder 
nuclear, mas não os vincula às razões de Estado. 
 Em relação ao texto, está correto APENAS o que se afirma em 
a) I. b) II. c) III. d) I e II. e) II e III. 
 
Língua Portuguesa 
João Bolognesi 
 
Interpretação de Texto 
 
 
 
 
 
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NÍVEL 5 
 
Leia o texto seguinte para responder às questões. 
Vintee quatro séculos atrás, Sócrates, Platão e Aristóteles lançaram as bases do estudo científ ico da 
sociedade e da política. Muito se aprendeu depois disso, mas os princípios que eles formularam conservam toda 
a sua força de exigências incontornáveis. O mais importante é a distinção entre o discurso dos agentes e o 
discurso do cientista que o analisa. Doxa (opinião) e episteme (ciência) são os termos que os designam 
respectivamente, mas estas palavras tanto se desgastaram pelo uso que, para torná-las novamente úteis, é 
preciso explicar o seu sentido em termos atualizados. Foi o que fez Edmund Husserl com a distinção entre 
discurso “pré-analítico” e o discurso tornado consciente pela análise de seus significados embutidos. 
Por exemplo, na linguagem corrente, podemos opor o comunismo ao anticomunismo como duas 
ideologias. No entanto, comunismo é uma ideologia, mas o anticomunismo não é uma ideologia, é a simples 
rejeição de uma ideologia. 
É analisando e decompondo compactados verbais como esse e comparando-os com os dados 
disponíveis que o estudioso pode chegar a compreender a situação em termos bem diferentes daqueles do 
agente político. Mas também é certo que os próprios conceitos científicos daí obtidos podem incorporar-se depois 
no discurso político, tornando-se expressões da doxa. É isso, precisamente, o que se denomina uma ideologia: 
um discurso de ação política composto de conceitos científicos esvaziados de seu conteúdo analítico e imantados 
de carga simbólica. Então, é preciso novas e novas análises para neutralizar a mutação da ciência em ideologia. 
Olavo de Carvalho, com cortes) 
 
209. (ESAF) Indique o item que está de acordo com as ideias desenvolvidas no texto. 
a) É no conhecimento produzido pelos filósofos da Grécia Antiga que se encontram as mais consistentes análises 
científicas a respeito de política e sociedade. 
b) Boa parte da produção científica do mundo contemporâneo distancia-se dos axiomas formulados por Sócrates, 
Platão e Aristóteles, devido à incompatibilidade entre princípios filosóficos e rigor formal da ciência. 
c) Os discursos dos agentes políticos devem ser rechaçados porque se fundamentam na ‘doxa’, não 
contemplando, portanto, os conceitos científicos vigentes. 
d) O discurso ‘pré-analítico’ prescinde de análise da realidade concreta e caracteriza-se por abordar os 
significados implícitos dos enunciados produzidos na instância públ ica. 
e) O esvaziamento de significado a que os conceitos científicos estão sujeitos pelo seu uso em instâncias sociais 
não exclusivamente científicas gera a necessidade de renovação de terminologia na ciência. 
 
210. (ESAF) Assinale o item que expressa uma ideia depreendida dos sentidos explícitos e implícitos que 
compõem a rede temática do texto. 
a) Apesar de os princípios filosóficos carregarem em si uma regulação e se basearem exclusivamente na 'doxa', 
eles sobrevivem às contingências históricas, como bem o demonstra a atualidade dos princípios formulados na 
Grécia Antiga. 
b) Por meio do conhecimento científico, as sociedades buscam interpretações da realidade que não se orientem 
na ideologia, cabendo, portanto, à ‘episteme’ a análise crítica dos discursos que circulam na sociedade. 
c) A formação da corrente de pensamento anticomunista exemplifica a supremacia do discurso epistemológico e 
representa a reação da sociedade a análises subjetivas dos fatos históricos. 
d) A ciência tende a tornar-se cada vez mais dogmática e menos neutra, intensificando, portanto, seus 
procedimentos persecutórios perante os discursos dos agentes políticos que banalizam conceitos científicos. 
e) Os filósofos gregos previram a mutação da ciência em ideologia, ao analisarem a força simbólica que esta 
assume nos discursos hegemônicos dos agentes políticos. 
 
LÍNGUA PORTUGUESA - GRAMÁTICA 
João Bolognesi Dúvidas e Dificuldades 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
85 
 
Dúvidas e Dificuldades 
da Língua Portuguesa 
 
 
 
1. abaixo assinado – refere-se à pessoa que subscreve: José e Maria, abaixo assinados, requerem... 
. abaixo-assinado – trata-se do documento, do requerimento: O abaixo-assinado já foi entregue. 
 
2. acerca de – significa sobre, em referência a, em relação a: Falo acerca das mudanças fiscais. 
. cerca de – traz ideia de imprecisão e forma as expressões “a cerca de” e “há cerca de”: 
. a cerca de – tem-se a ideia de imprecisão (cerca de) mais a preposição a: Dirigiu-se a cerca de 100 pessoas; 
às vezes pode ser trocado pela preposição para: Enviamos os convites a (= para) cerca de 100 pessoas; 
também serve para indicar a distância entre dois pontos: Estamos a cerca de 200 quilômetros do litoral. 
. há cerca de – ideia de imprecisão (cerca de) mais o verbo haver, que aparecerá como sinônimo de existir ou 
fazer: Isso ocorreu há (= faz) cerca de três dias. Há (= Existem) cerca de 100 pessoas ali. 
 
3. afim – indica semelhança, afinidade: Eles tinham ideias afins, gostos afins. 
. a fim de – locução prepositiva que indica finalidade, objetivo; em geral pode ser trocada pela preposição para: 
Ele viajou à Inglaterra a fim de (= para) estudar. Em algumas construções, também pode aparecer “a fim de 
que”. 
 
4. ao encontro de – indica que se está a favor de algo, no mesmo sentido: A ideia é boa, pois vem ao encontro 
de nosso pedido. 
. de encontro a – significa oposição, contrariedade: A mudança foi ruim, portanto veio de encontro ao que 
pedimos. 
 
5. à medida que – indica proporção e equivale-se à expressão à proporção que. 
. na medida em que – indica causa e equivale-se a tendo em vista que, uma vez que. 
 
6. a par – estar ao lado de, estar ciente de algo: Ele estava a par das notícias. 
. ao par – termo da economia e indica igualdade cambial: O dólar estava ao par do real. 
 
7. à parte – aquilo que está isolado, separado: Ele ficou distante de nós, ficou à parte. 
. aparte – interrupção no discurso de alguém: Ele pediu um aparte ao palestrante. 
 
Língua Portuguesa 
João Bolognesi 
 
Redação e 
Interpretação de Texto 
 
 
86 
 
 
8. a princípio – significa no início, inicialmente, no princípio: A princípio não houve dificuldade na tarefa. 
. em princípio – significa em tese, hipoteticamente: Em princípio tal posição vai prosperar. 
 
9. às vezes – com acento é um adjunto adverbial e significa algumas vezes, eventualmente: Ele sai às vezes 
para passear. 
. as vezes – sem acento na expressão fazer as vezes e significa substituir: A criança teve boa educação, pois 
os padrinhos faziam as vezes dos pais. 
 
10. em vez de – significa no lugar de e é expressão usada para ideias opostas ou não: Em vez de viajar de 
trem, foi de avião. 
. ao invés de – significa ao contrário; usa-se somente para ideias opostas: Ao invés de sorrir, acabou 
chorando. 
 
11. haja vista – expressão invariável, que significa “tendo em vista”: Ele será punido, haja vista o valor do 
prejuízo. 
 
12. há menos – pode ser trocado por existe(m) menos (Há menos de quinze pessoas ali) ou por faz menos 
(Há menos de duas horas ele chegou à nossa terra). 
. a menos – significa de menos, opõe-se a “a mais” (Ele recebeu duzentos reais a menos). 
. a menos que – significa a não ser, salvo se: O produto não será entregue a menos que a pessoa possa vir 
buscá-lo. 
 
13. há pouco – pode ser trocado por existe pouco (Há pouco acabamento no trabalho) ou faz pouco tempo 
(Ele saiu há pouco) 
. a pouco – remete-se ao futuro (Eles virão só daqui a pouco) e serve para indicar a distância entre dois pontos 
(Estamos a pouco tempo do litoral) 
 
14. há tempo – tal expressão pode ser trocada por “existe tempo” ou “faz tempo”: Ainda há [= existe] tempo 
para você mudar. Ele tem esse costume há [= faz] tempo. 
. a tempo – indica algo pontual, que se deu na hora certa, em tempo: Chegamos ao local a

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