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1 Introdução e conclusão 13 Aula 4C Português Dissertação: início e fechamento Uma boa redação é o resultado de um conjunto har- mônico de períodos, de parágrafos e, principalmente, do desenvolvimento de uma sequência de ideias. Após conhecermos diversas formas de organizar a argumen- tação dissertativa, trabalharemos, nesta aula, formas de incrementar o início (introdução) e o fechamento (conclusão) do texto. Utilizemos, como referência, o tema da publicação de biografias não consentidas. A partir dessa temática, vejamos formas possíveis de como organizar uma intro- dução e uma conclusão. (PUC – PR) A polêmica sobre a publicação de bio- grafias de pessoas relevantes sem necessidade de sua autorização encontra resistência em setores das classes artística e política que se opõem a ter suas histórias de vida expostas. O assunto é controverso e envolve diversidade de opiniões, pontos de vista e ressalvas. A partir da leitura dos textos da coletânea apresen- tada e de seu conhecimento prévio relacionado ao assunto, redija um texto dissertativo-argumentativo contendo, no mínimo, 20 linhas e, no máximo, 25. No texto, apresente seu ponto de vista sobre a seguinte questão: a publicação de biografia sem autorização prévia do biografado encontra res- paldo no direito de liberdade de expressão ou, nesse caso, a obra viola o direito de privacidade do cidadão? Parágrafo de introdução Para uma proposta como “a publicação de biografia sem autorização prévia do biografado encontra respal- do no direito de liberdade de expressão ou, nesse caso, a obra viola o direito de privacidade do cidadão? ”, muitos elaborariam um parágrafo introdutório que não passaria da citação do tema da proposta de redação, como no (mal) exemplo a seguir. Ultimamente, a polêmica da autorização prévia para a publicação de biografias provocou o debate entre quem defende a liberdade de expressão e os que preservam o direito à privacidade do cidadão. Um parágrafo assim fica notoriamente empobrecido, pois falta uma explicação mínima do que será discutido no texto. É fundamental que o início da redação apre- sente o tema, promovendo para o leitor uma contextu- alização que o leve a entender o que será exposto no texto. Vamos, a partir da mesma proposta de redação, observar algumas sugestões de como fazer uma intro- dução. Antes disso, vale afirmar que uma boa introdução anuncia o que será mostrado no texto. Logo, ela de- pende diretamente do posicionamento e da estratégia argumentativa adotada na redação. Colocaremos, aqui, cinco exemplos, entre outros possíveis, de introdução. 1. Ênfase na explicação do tema que será discutido A polêmica da necessidade de uma autorização prévia para a publicação de uma biografia promo- ve um debate sobre qual direito deve prevalecer: preservar a privacidade do indivíduo ou garantir o interesse social do direito à informação. Con- tudo, após tantas lutas para que o país conquis- tasse a liberdade de expressão, é um retrocesso que biografias passem a ser proibidas em favor de interesses particulares. 2 Extensivo Terceirão 2. Tomar por base uma citação Para o jornalista e historiador inglês Jonathan Fenby, as biografias fazem parte do direito que a sociedade tem de saber sobre o presente e o passa- do. Tomando por base esse raciocínio, não é correto admitir que o trabalho do biógrafo seja submetido à aprovação do sujeito biografado, mesmo que isso seja em nome da manutenção da privacidade deste. 3. Contextualização a partir de um fato histórico ou de uma notícia recente Um grupo de artistas ligados à música brasi- leira, intitulado “Procure Saber”, composto por nomes importantes como Caetano Veloso e Chico Buarque, causou polêmica por defender restrições quanto à publicação de biografias. Essa atitude é legítima, pois o interesse público pela vida do biografado não deve desrespeitar a privacidade de quem, mais que uma pessoa pública, é um ser hu- mano com direito a preservar a própria história. 4. Menção aos argumentos que serão trabalhados no desenvolvimento As controvérsias a respeito da restrição às bio- grafias trazem consigo o debate sobre o que deve ser priorizado na construção da memória social: in- teresses individuais do biografado ou o respeito ao direito que a sociedade tem à informação. Embora exista quem defenda a privacidade dos biografa- dos, é inadmissível nesses tempos modernos essa limitação às biografias, por se tratar de censura, um desrespeito grave à História recente do Brasil. 5. Exposição de uma tese contrária para a contra-argumentação Os opositores da restrição às biografias argu- mentam em nome da liberdade de expressão, en- tendendo que o direito coletivo deve prevalecer sobre interesses pessoais. Contudo, essa postura desconsidera um direito que garante a harmonia social: a inviolabilidade da honra e da imagem dos cidadãos. Assim, as biografias não consenti- das ferem um princípio constitucional, além de oficializar o espúrio trabalho de quem vive de promover o escândalo e a calúnia. Parágrafo de conclusão A conclusão, como já sabemos, é o fechamento do texto dissertativo. O planejamento desse parágrafo se dá a partir da ideia de que esse não é o espaço para o acréscimo de um argumento novo. Afinal, os argumen- tos já foram analisados na segunda parte do texto e, por isso, a inserção de argumentos novos neste momento pode ser interpretado como incoerência estrutural. Basicamente, ele é constituído da reiteração do po- sicionamento defendido no texto e de um comentário final. A partir dessa base, é possível incrementar esse parágrafo. Sugestões de conclusão 1. Conclusão resumitiva Consiste em retomar, de forma resumida, a tese e os argumentos desenvolvidos ao longo do texto. Leia o exemplo a seguir e compare-o com a primeira sugestão de introdução. Em vista disso tudo, deve-se entender que o direito da sociedade à informação não deve sofrer restrições baseadas em interesses particulares. Des- sa forma, a censura a biografias simboliza um gra- ve atraso cultural, incoerente com as características que devem prevalecer num país em que, depois de décadas de autoritarismo, os valores democráticos ainda estão em processo de consolidação. 2. Retomada de uma citação Ao se fazer uma citação, especialmente na abertura do texto, é importante que a ideia nela presente seja retomada ao longo da redação. Leia o exemplo a seguir e compare-o com a segunda sugestão de introdução. Portanto, em meio a esses interesses diversos, não deve haver dúvidas de que o país precisa op- tar primeiramente pelo direito que privilegia a co- letividade, principalmente no que tange o acesso à cultura e à informação. Por isso, a correta afir- mação do historiador Fenby faz todo o sentido, pois a sociedade tem direito de conhecer seu pre- sente e seu passado, e as biografias podem contri- buir muito para isso. Essa é a razão pela qual elas jamais deveriam ser censuradas em favor de um suposto direito particular. 3. Conclusão avaliativa Essa é uma conclusão baseada em uma afirmação contundente, categórica, sobre o tema da redação. Aula 13 3Português 4C Diante do exposto, essa polêmica mostra que, no Brasil, infelizmente, há muito que amadurecer para a conquista efetiva da liberdade de expressão. Para isso, é preciso inibir, desde já, quaisquer res- quícios de autoritarismo e de censura, como a au- torização prévia para a elaboração de biografias. Só assim o país permanecerá consolidando a demo- cracia e o livre acesso ao conhecimento. 4. Conclusão-solução Recomendada para propostas que pedem uma proposta de intervenção (solução) a respeito de uma problemática indicada no tema da redação. Por fim, após tantas décadas de regime ditatorial, o Brasil precisa rejeitar decisões puramente unilate- rais que ferem o acesso à informação. Assim, a me- lhor forma de conciliar interesses divergentes quanto à publicação de biografias é o Congresso Nacional aperfeiçoar a legislaçãoreferente a esse fato. Isso deve ocorrer de forma que se garanta a liberdade de pes- quisa e publicação de trabalhos consistentes, bem como o direito à restrição e ao devido ressarcimento aos que forem vítimas de obras difamatórias. É ga- rantindo trabalhos sérios e preservando a honra dos cidadãos que se constrói uma sociedade livre e justa. 5. Conclusão-síntese É uma forma recomendada para a argumentação dialética, pois, depois da exposição de argumentos con- trários, torna-se fundamental a afirmação de qual deles fundamenta a tese do texto. Leia o exemplo a seguir e compare-o com a quinta sugestão de introdução. Assim, apesar de a liberdade de expressão ser um direito importante, uma sociedade verdadei- ramente democrática também se dá a partir do direito que qualquer cidadão deve ter de poder preservar a honra de sua imagem pública. Afinal, é a partir do respeito ao cidadão que se começa a formação de uma sociedade estável, e jamais por meio de uma legislação que chancela o sensacio- nalismo e a calúnia. ANÁLISE DE PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil”, apresentando propostas de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e re- lacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. Textos Motivadores TEXTO I CAPÍTULO IV DO DIREITO À EDUCAÇÃO Art. 27. A educação constitui direito da pessoa com deficiencia, assegurados sistema educaconal inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem. Parágrafo único. É dever do Estado, da família, da comunidade escolar e da sociedade assegurar educação de qulidade à pessoa com deficiência, colocando-a salvo de toda forma de violência, negligência e discriminação. Art. 28. Incumbe ao poder público assegurar, criar, desenvolver, implementar, incentivar, acompanhar e avaliar: [...] IV – oferta de educação bilíngue, em Libras como primeira língua e na modalidade escrita da língua portuguesa como segunda língua, em esco- las e classes bilíngues e em escolas inclusivas; [...] XII – oferta de ensino da Libras, do Sistema Braille e de uso de recursos de tecnologia assistiva, de forma a ampliar habilidades funcionais dos estudantes, promovendo sua autonomia e participação. BRASIL. Lei nº. 13.146, de 6 de julho de 2015. Disponível em: www. planalto.gov.br. Acesso em: 9 jun. 2017 (fragmento) TEXTO II Matrículas de Surdos na Educação Básica - Educação Especial Total (em milhar) Fonte: Inep. 4 Extensivo Terceirão Em primeiro lugar, cabe pontuar que as ins- tituições de ensino apresentam, em sua maioria, um sistema pouco inclusivo. Embora a Lei Bra- sileira de Inclusão (LBI) atenda a Convenção do Direito da Pessoa com Deficiência, realizada em 2006 pela ONU, sua finalidade encontra obstácu- los, seja na estrutura escolar vigente, seja na falta de preparo do corpo docente. Prova disso são as escolas regulares e as universidades que não se adequaram à comunicação em Libras, bem como exames avaliatórios que não garantem tal acessi- bilidade. Nesse sentido, os surdos recebem uma educação frágil, desigual e excludente. Além disso, a ineficiente integração no âmbi- to escolar/acadêmico resulta em efeitos fora dele. Conforme afirmou Aristóteles, é preciso tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais, na medida exata de suas desigualdades. Contudo, a instrução aristotélica não é vista na prática, uma vez que o mercado de trabalho oferece poucas oportunidades, ainda que o deficiente auditivo tenha concluído o ensino superior. Paralelamente a isso, o comportamento contemporâneo, o qual prioriza o individualismo e a competição, intensi- fica a exclusão visto que a deficiência em questão é alvo de uma visão equivocada de incapacidade funcional. Desse modo, as implicações de uma educação que não se adapta às diferenças são vi- síveis. Diante do exposto, faz-se necessária uma com- plementação nas instituições sociais secundárias a fim de promover uma formação educacional coerente com as leis e as resoluções. Para tanto, o Ministério da Educação deve impor diretrizes de um projeto pedagógico inclusivo, como a obri- gatoriedade de aulas de Libras na graduação de professores, bem como cursos para os formados. Ademais, o Estado, através do corpo legislativo, deve propor incentivos fiscais às grandes empre- sas que instituírem um percentual proporcional na contratação de pessoas com alguma restrição física, incluindo a auditiva. Assim, os direitos bá- sicos inerentes à vida e à liberdade, consagrados na Carta Magna, poderão ser cumpridos. Extraído de <http://download.inep.gov.br/educacao_basica/ enem/guia_participante/2018/manual_de_redacao_ do_enem_2018.pdf >. Acesso em: 29/09/2018 TEXTO III Disponível em: http://servicos.prt4.mpt.mp.br. Acesso em: 3 jun. 2017 (adaptado). TEXTO IV No Brasil, os surdos só começaram a ter aces- so à educação durante o Império, no governo de Dom Pedro II, que criou a primeira escola de edu- cação de meninos surdos, em 26 de setembro de 1857, na antiga capital do País, o Rio de Janeiro. Hoje, no lugar da escola funciona o Instituto Na- cional de Educação de Surdos (Ines). Por isso, a data foi escolhida como Dia do Surdo. Contudo, foi somente em 2002, por meio da sanção da Lei nº. 10.436, que a Língua Brasilei- ra de Sinais (Libras) foi reconhecida como língua ofical no País. A legislação determinou também que devem ser garantidas, porparte do poder público em geral e empresas concessionárias de serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Libras como meio de comunicação objetiva. Disponível em: www.brasil.gov.br. Acesso em: 9 jun. 2017 (adaptado) Exemplo de redação Após a Segunda Guerra Mundial, a ONU pro- mulgou a Declaração Universal dos Direitos Hu- manos, a qual assegura, em plano internacional, a igualdade e a dignidade da pessoa humana. Entretanto, no Brasil, há falhas na aplicação do princípio da isonomia no que tange à inclusão de pessoas com deficiência auditiva. Consequente- mente, a formação educacional é comprometida, o que pressupõe uma análise acerca dos entraves que englobam esta problemática. Aula 13 5Português 4C Testes Assimilação Instrução: Textos para a próxima questão. Texto I Humor não é bullying Natalia Klein Não existe nada mais fácil do que sacanear quem já é frequen- temente sacaneado. É tiro certo, todos vão achar graça. 1Mas aí não estamos falando de humor. O nome disso é bullying. [...] 2Recentemente, dei uma entrevista em que me perguntaram sobre os limites do humor. Por uma infelicidade, publicaram apenas um trecho da minha resposta, em que eu digo que “não posso mais fazer piadas com anão, negros, homossexuais”. 3É importante deixar claro que eu disse sim essa frase pavorosa. Mas em um contexto muito mais amplo. O que eu expliquei – ou, pelo menos, tentei explicar – é que não se pode fazer piadas envol- vendo assuntos polêmicos sem correr o risco de ser tachado de pre- conceituoso. Mas fingir que o preconceito não existe é infinitamente pior. Não sou a favor de fazer graça de quem já tem que lidar diaria- mente com a intolerância. 4Sou a favor de se fazer piada da intole- rância em si. Em colocar na mesa os nossos podres para que a gente lembre que eles existem. (Fonte: http: //www.adoravelpsicose.com.br/2011/10/humor- nao-e-bullying.html Acessado em: 27/08/2015) Texto II Fonte: https://www.facebook.com/tirasarmandinho?ref=ts. Acessado em 13/10/2015 13.01. (COLÉGIO PEDRO II – RJ) – Assinale a alternativa que contéma frase do texto de Natalia Klein que diz de outro modo a mesma mensagem do terceiro quadrinho da tirinha. a) “Recentemente, dei uma entrevista em que me perguntaram sobre os limites do humor.” (ref. 2) b) “Mas aí não estamos falando de humor. O nome disso é bullying.” (ref. 1) c) “É importante deixar claro que eu disse sim essa frase pavorosa.” (ref. 3) d) “Sou a favor de se fazer piada da intolerância em si.” (ref. 4) Instrução: Texto para a próxima ques- tão. O vírus zika segue sua escalada. Ele é suspeito de causar boa parte dos casos de microcefalia em bebês no Brasil desde outubro de 2015, segundo o levantamento mais recente do Ministério da Saú- de. No dia 17 de janeiro, a Or- ganização Pan-Americana da Saúde na região, declarou que países, praticamente toda a América Latina, já detectaram casos de infecção pelo vírus. O invasor chegou até a América do Norte. Durante a última semana, apareceram notifi- cações de casos nos Estados Unidos. Foram duas gestantes em Illinois, outra com suspei- ta de zika na Califórnia e três pessoas diagnosticadas na Fló- rida. Esses casos se somam aos primeiros registrados no início do mês: uma mulher no Texas e um bebê que nasceu com microcefalia no Havaí. [...] Um novo estudo, elaborado por um grupo internacional de pesquisadores, sugere que é questão de tempo até que o vírus comece a se disseminar dentro dos Estados Unidos e, possivelmente, da Europa. [...] BUSCATO, Marcela. Época, 25 de janeiro de 2016, p. 42 (fragmento). 13.02. (USF – SP) – Ao descrever a crescente trajetória do vírus zika, por meio de dados oficiais, a produtora do texto tem por objetivo: a) Informar a população sobre a gra- vidade do vírus. b) Ressaltar o fato de que o vírus pre- fere os trópicos para se disseminar. c) Enfatizar o fato de que o vírus é uma ameaça global. d) Alertar sobre a expansão do vírus pela Europa. 6 Extensivo Terceirão Instrução: Texto para a próxima questão. Fracos e medíocres Até que enfim a neurociência brasileira passa por uma polêmica que não foi deslanchada por Miguel Nicolelis. Já estava ficando monótono. Suzana Herculano-Houzel, neurocientista e colunista desta Folha, vai trocar de emprego. Deixa a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e parte para a Vanderbilt, no Tennessee, Estados Unidos. Faz muito bem. Embora a Vanderbilt não apa- reça entre as cem mais prestigiadas no ranking de reputação compilado pela Times Higher Educa- tion (THE), na classificação de universidades glo- bais ela está em 87o. lugar. A UFRJ figura no grupo colocado entre a 501a. e a 600a. posição. A mudança de endereço, no entanto, deflagrou controvérsia fratricida numa rede social. Suzana estaria “capitulando”, apontou-lhe o dedo Rober- to Lent, da mesma universidade fluminense. Folha de S. Paulo, Cotidiano, 9/5/16, p. 4. 13.03. (FPP – PR) – O sentido das palavras empregadas em um texto depende, em grande medida, do contexto em que aparecem. No texto em questão, o emprego de “capitulando” revela que o colega da cientista a) vê com bons olhos a transferência da pesquisadora pela posição internacional da UFRJ. b) opõe-se à transferência da cientista pela pesquisa desen- volvida por ela. c) deflagrou uma polêmica sem que o neurocientista Miguel Nicolelis saiba. d) reprovou a ação da cientista devido a não extensão da condição ao outros colegas. e) considera que a cientista se rendeu à condição oferecida para pesquisa. Instrução: Texto para a próxima questão. Uma pessoa verdadeiramente forte A gente costuma ouvir que uma pessoa é forte, que tem gênio forte, quando ela reage com gran- de violência em situações que a desagradam. Ou seja, a pessoa de temperamento forte só está bem e calma quando tudo acontece exatamente de acordo com a vontade dela. Nos outros casos, sua reação é explosiva e o estouro costuma provocar o medo nas pessoas que a cercam. As pessoas que não toleram frustrações, dores e contrariedades são as fracas e não as fortes. Fa- zem muito barulho, gritam, fazem escândalos e ameaçam bater. São barulhentas e não fortes. O forte é aquele que ousa e se aventura em situações novas, porque tem a convicção íntima de que, se fracassar, terá forças interiores para se recuperar. Ninguém pode ter certeza de que seu empre- endimento – sentimental, profissional, social – será bem-sucedido. Temos medo da novidade jus- tamente por causa disso. O fraco não ousará, pois a simples ideia do fracasso já lhe provoca uma dor insuportável. O forte ousará porque tem a sen- sação íntima de que é capaz de aguentar o revés. O forte é aquele que monta no cavalo porque sabe que, se cair, terá forças para se levantar. O fraco encontrará uma desculpa – em geral, acu- sando uma outra pessoa – para não montar no cavalo. Fará gestos e pose de corajoso, mas, na verdade, é exatamente o contrário. Buscará tantas certezas prévias de que não irá cair do cavalo que, caso chegue a tê-las, o cavalo já terá ido embora há muito tempo. O forte é o que parece ser o fra- co: é quieto, discreto, não grita e é o ousado. Faz o que ninguém esperava que ele fizesse. GIKOVATE, F. Disponível em: <http://flaviogikovate.com.br/uma-pessoa- verdadeiramenteforte/# more-540>. Acesso em: 01 out. 2016. 13.04. (UEMG) – A relação entre a tese do texto e os argu- mentos apresentados pelo autor para sustentar seu ponto de vista é caracterizada pela a) contraposição entre os significados de força e fraqueza. b) valorização do fracasso e das frustrações da vida. c) distinção entre a ousadia e o medo da novidade. d) depreciação de indivíduos considerados fortes. Aperfeiçoamento Instrução: Leia o texto abaixo para responder às questões 13.05 a 13.07. De currais e caricaturas [...] Nada mais coerente, portanto, do que criar- mos um movimento em busca de indenização, certo? Errado. O exemplo anterior [sobre a per- seguição aos alemães no Brasil no período da Se- gunda Guerra] serve apenas para mostrar que as coisas não são tão simples quanto parecem. Nos anos 1940, os japoneses que viviam no Brasil so- freram ainda mais que os alemães. O mesmo pode ser dito de judeus, árabes, po- loneses e italianos. Não foram apenas os índios e os negros que padeceram nas garras de um Estado imaturo e elitizado como o nosso, ainda que tenham padecido numa escala maior e mais documentada. Se procurarmos nos livros certos, Aula 13 7Português 4C descobriremos que todos os grupos étnicos, reli- giosos e sexuais teriam direito a alguma forma de reparação. Pois é aí que reside o problema. Se você acredita que desencavar rancores contribui para o amadurecimento do país, está guiando por uma contramão arriscada, da qual é sempre difícil retornar. Em vez de resolverem as demandas das quais se originaram, as iniciativas de reparação histórica e as admoestações politica- mente corretas que as acompanham têm o poder de complicar ainda mais a situação. Normalmente transformam-se em bandeiras de políticos irres- ponsáveis que querem ver o circo pegar fogo para se dar bem nas urnas. As consequências são evi- dentes: mais do que polarizada, a sociedade bra- sileira está “guetificada”, e não apenas por razões étnicas ou político-partidárias. Das igrejas que lutam contra a descriminali- zação do aborto aos coletivos feministas sediados em universidades, das ações dos grupos LGBT às bancadas conservadoras que cunharam a expres- são “heterofobia”, parece que todo mundo quer vestir a capa do Supercidadão e sair voando para salvar o planeta. De repente começamos a nos ver como membros de clãs que sentem a obrigação de erigir totens para impor nossa verdade à vizi- nhança. Quem discorda é “ignorante” e por isso merece a fogueira. Nunca é demais lembrar que a ascensão dos movimentos de autoafirmação mi- noritária foi uma das maiores vitórias do nosso tempo, mas – muita calma nessa hora – a radica- lização de palavras de ordem e o resgate forçado de ressentimentos transformaram essa conquistanuma faca de dois gumes. Vivemos num período tão complexo que tal- vez seja impossível encontrar alguém que possa se definir sem ressalvas. Diante da confusão, apelar para o estereótipo tornou-se a saída mais cômoda. De todas as caricaturas que passaram a simboli- zar as mazelas da humanidade, o Homem Branco Ocidental parece ser a mais recorrente, como se todos os homens brancos, sem exceção, fossem racistas, machistas e homofóbicos. Se você per- tence a esse grupo, já deve ter sido silenciado em algum debate por aí. Não importa sua opinião, se é a favor ou contra, pois já foi tachado como o machista do grupo e ponto-final. Em compensa- ção, a caricatura que se costuma desenhar como resposta também não deixa de ser injusta: a femi- nista furibunda que pensa pouco e grita muito é outro dos estereótipos que criamos para empo- brecer o debate. Ninguém gosta de receber lições de moral por aquilo que é. Por isso, antes de leis arbitrárias ela- boradas por “iluminados” e impostas a uma po- pulação que ainda não teve tempo de digerir pre- conceitos ancestrais, precisamos é de educação igualitária e multicultural para todos. Conhecer a cultura daqueles que consideramos diferentes é a melhor maneira de nos aceitarmos coletivamente, e não apenas de nos “tolerarmos”. A “guetificação” não é boa para ninguém. Se insistirmos nisso, aca- baremos voltando aos currais de arame farpado. TENFEN, Maicon. Revista Veja. Edição 2499, de 12 de outubro de 2016. p. 62-63. Fragmento adaptado. 13.05. (ACAFE – SC) – Sobre o texto, é correto afirmar: a) O resgate dos ressentimentos históricos é um totem dos crimes étnico-religiosos do passado, entre os quais o machismo, o racismo e a homofobia. b) As leis que visam ao combate da descriminalização dos preconceitos não garantem uma educação totalitária para todas as minorias. c) Com fins eleitoreiros, políticos irresponsáveis apropriam- -se das iniciativas de reparação histórica e das admoesta- ções politicamente corretas que as acompanham. d) As caricaturas servem para representar os estereótipos da sociedade complexa em que vivemos, apesar da intolerância religiosa. 13.06. (ACAFE – SC) – Assinale a alternativa que melhor resume o texto. a) As demandas de reparação histórica estão na raiz de todos os males das sociedades modernas, por duas razões: de um lado colocam-se as igrejas e os políticos, que elaboram leis arbitrárias; de outro, as minorias, que querem impor, na base do grito e do patrulhamento ideológico, o resgate de seus ressentimentos. Todavia, ambos erram porque não consideram a possibilidade da educação igualitária e multicultural. b) De uma forma ou de outra, todos pertencemos a um clã político, religioso, étnico-racial ou sexual. A partir desse lugar, construímos estereótipos que sustentam nossos pontos de vista, para o bem ou para o mal. Quem discorda merece a morte. O melhor exemplo dessa guetização é o movimento feminista, que luta contra o aborto. c) O crescimento dos movimentos de autoafirmação das minorias é responsável pela concepção político-partidária de que todos os grupos étnicos, religiosos e sexuais têm direito a alguma forma de reparação. Nesse contexto, ser um Homem Branco Ocidental representa um pecado original, que precisa ser combatido, pois não existem outros meios de eliminar os preconceitos. d) Os movimentos de reparação histórica e as exigências do politicamente correto estão nos levando a um processo inteiramente novo – a guetificação. Quem discorda so- fre patrulhamento, é silenciado. Embora a ascensão e a autoafirmação das minorias seja uma grande conquista atual, a radicalização em favor da reparação histórica não é o melhor caminho. O que precisamos é de educação igualitária e multicultural. 8 Extensivo Terceirão 13.07. (ACAFE – SC) – Assinale a pergunta que pode ser corretamente respondida com base no texto. a) Por que “as iniciativas de reparação histórica e as admoes- tações politicamente corretas que as acompanham têm o poder de complicar ainda mais a situação”? b) Quais são as iniciativas político-partidárias que impedem a polarização da sociedade brasileira? c) É possível identificar, no período em que vivemos, os totens que merecem ser queimados na fogueira da discórdia? d) Em que região do Brasil, as ações de resgate dos ressen- timentos étnico-raciais e sexuais estão mais salientes? Instrução: Texto para as questões 13.08 a 13.10. Mentiras fazem com que o cérebro se adapte à desonestidade com o tempo Estudo diz que a reação emocional negativa de atos desonestos diminui conforme a frequência Os seres humanos, ou pelo menos a maioria deles, contam com mecanismos biológicos que di- ficultam os comportamentos desonestos. Quando mentimos, experimentamos vários tipos de excita- ção emocional que fazem com que nos sintamos mal. Essas reações podem ser medidas e são a base dos detectores de mentiras. Alguns pesquisadores demonstraram até que é possível derrubar com fár- macos as barreiras fisiológicas contra a transgres- são. Em uma experiência com estudantes, foi ob- servado que quando tomavam um medicamento simpaticolítico, que bloqueia os sinais associados com o comportamento desonesto, tinham o dobro de probabilidade de enganar outra pessoa durante um exame do que aqueles que tomaram placebo. Um bom número de análises mostrou que a resposta a um estímulo que provoca uma emoção enfraquece com o tempo. A repulsa que pode pro- vocar a violência ou a ilusão da paixão perde inten- sidade quando são experimentadas muitas vezes. Um grupo de pesquisadores da University College London comprovou que isso também ocorre com as sensações associadas a burlar as normas morais, um fenômeno que poderia explicar como se pode chegar a cometer atos desonestos graves a partir de outros que, a princípio, parecem irrelevantes. Em um artigo publicado na revista Nature, os autores colocaram à prova os participantes de vá- rios experimentos que tinham a oportunidade de mentir para obter benefícios pessoais à custa de outros. Os voluntários, 80 pessoas entre 18 e 65 anos, deviam estimar, junto a um companheiro que não viam, a quantidade de dinheiro conti- da em um recipiente. Foram apresentadas várias situações. Na primeira, os indivíduos deviam se aproximar ao máximo do valor real para que os dois se beneficiassem. Em outras fases do jogo, passar da quantia ou ficar aquém dela era algo que beneficiaria o participante às custas de seu companheiro, ou que beneficiaria o companheiro às custas do participante ou ainda que beneficia- ria um dos dois sem prejuízo para o outro. Com este jogo, os cientistas observaram que as peque- nas desonestidades para obter um ganho às custas do parceiro aumentavam progressivamente. Além disso, parte dos participantes teve sua atividade cerebral medida através de ressonância magnética funcional. Assim, foi observado que a resposta da amídala, uma região do cérebro na qual se processam as reações emocionais, era mais intensa na primeira vez que os participantes enganavam seus companheiros. Essa reação, no entanto, ia se atenuando nas fases posteriores do jogo, e os autores eram capazes de prever o nível de desonestidade de um indivíduo a partir da re- dução da atividade na amídala na prova anterior. “Em conjunto, nossos resultados revelam um mecanismo biológico por trás da escalada de desonestidade”, apontam os autores do estudo. “Os resultados mostram os possíveis perigos de cometer pequenos atos desonestos, perigos que se observam com frequência em âmbitos que vão desde a política aos negócios ou à força da lei”. Por fim, eles concluem que esse conhecimento sobre o funcionamento dessa ladeira escorregadia da desonestidade pode ajudar a melhorar as polí- ticas para evitar a corrupção. Texto adaptado de: <http://brasil.elpais.com/brasil/2016/10/24/ ciencia/1477320874_626628.html>. Acesso em: 25 out. 2016. 13.08. (UFJF – MG) – Com relação aos resultados a que o estudochegou, pode-se afirmar que a) a desonestidade está mais presente entre aqueles que atuam na política. b) a desonestidade pode ser medida por sistemas bioquí- micos complexos. c) os testes que medem a capacidade de mentir provocam atitudes desonestas. d) os testes que visam estudar práticas desonestas contri- buem para evitar corrupção. e) os gestos desonestos levam as pessoas a aceitar progres- sivamente a corrupção. 13.09. (UFJF – MG) – Segundo o texto acima, é correto afirmar que, na experiência apresentada na revista Nature, os participantes do estudo a) mentiam mais cada vez que tomavam placebo. b) mostraram-se progressivamente mais desonestos. c) foram, preferencialmente, políticos e empresários. d) sentiam-se mal a cada situação em que precisavam burlar as regras. e) utilizaram medicamentos farmacológicos para se sub- meterem à pesquisa. Aula 13 9Português 4C 13.10. (UFJF – MG) – Qual das opções a seguir tem relação mais direta com o título do texto? a) “Quando mentimos, experimentamos vários tipos de ex- citação emocional que fazem com que nos sintamos mal.” b) “Os voluntários, 80 pessoas entre 18 e 65 anos, deviam estimar, junto a um companheiro que não viam, a quan- tidade de dinheiro contida em um recipiente.” c) “Em conjunto, nossos resultados revelam um mecanismo biológico por trás da escalada de desonestidade.” d) “Com este jogo, os cientistas observaram que as peque- nas desonestidades para obter um ganho às custas do parceiro aumentavam progressivamente.” e) “Por fim, eles concluem que esse conhecimento sobre o funcionamento dessa ladeira escorregadia da desones- tidade pode ajudar a melhorar as políticas para evitar a corrupção.” Aprofundamento 13.11. (UFJF – MG) – Releia: Além disso, parte dos participantes teve sua atividade cerebral medida através de ressonância magnética funcional. Assim, foi observado que a resposta da amí- dala, uma região do cérebro na qual se processam as reações emocionais, era mais intensa na pri- meira vez que os participantes enganavam seus companheiros. Os termos em destaque, nos trechos acima, estabelecem relação de: a) complementação e de conclusão de raciocínio. b) continuidade e de inversão de raciocínio. c) conclusão e de adição de informação. d) complementação e de causalidade. e) causalidade e de conclusão. Instrução: Texto para a próxima questão. ESTILO DE VIDA. Disponível em: <http://molotovpropaganda. com.br/wp-content>. Acesso em: 9 jul. 2016. 13.12. (EBMSP – BA) – A campanha institucional sugere ações cotidianas que melhoram a qualidade de vida das pessoas. Na estruturação do texto, identifica-se o uso a) dos dois-pontos, com o objetivo de introduzir uma expli- cação para que o locutário saiba qual o principal objetivo da publicidade em foco. b) do modo imperativo, para convencer o leitor a, sempre que necessário, utilizar os serviços da instituição respon- sável pela divulgação da conduta indicada. c) de um recurso linguístico e gráfico para destacar o benefí- cio da intensidade de certas características humanas, caso já se adote o estilo de vida sinalizado pelo interlocutor. d) da forma verbal “Seja”, que introduz atributos próprios do gênero feminino, e cujo sujeito implícito também aparece relacionado com a figura que ilustra a peça publicitária. e) da ambiguidade gerada por “Cultive”, que, nesse contexto, possibilita que a ação expressa se efetue tanto no sentido conotativo quanto no denotativo. Instrução: Texto para a próxima questão. As páginas reproduzidas a seguir fazem parte de publicação do Instituto A gente transforma. Seus componentes apresen- tam-se assim: “Nós somos um movimento que nasceu a partir de um impulso, uma inquietação e entendimento da necessidade de valorização do ser humano e seus saberes legítimos ances- trais, como ferramenta de transformação e liberdade.” Usam o design como ferramenta para expor a alma brasileira, a partir do mergulho na cultura dos povos que formam o nosso país. Observe com cuidado o conjunto abaixo reproduzido. Ancestralidade Quando o antigo bogoió foi encontrado na casa de dona Chica, em 2012, as artesãs perce- beram que o futuro estava no passado. Ou me- lhor, que o futuro estava no conhecimento, na ancestralidade, na cultura, na fé e na resistência representada pelo artesanato. O artesanato tem o espírito da resistência e da rebeldia. Não há peças iguais em Várzea Queimada. Elas carregam a per- sonalidade de seus autores. O antigo e o novo se misturam na Toca das Possibilidades. Aqui, não há limites para a criatividade. (Instituto A gente transforma: Várzea Queimada. p. 8, 9 e 15) 10 Extensivo Terceirão 13.13. (PUCCAMP – SP) – Sobre o que se tem no texto, afirma-se com correção: a) Palavras de sentido oposto, que normalmente se exclui- riam, estão combinadas, para reforçar a expressão, em as artesãs perceberam que o futuro estava no passado. b) A expressão Ou melhor introduz uma retificação, visto que a palavra futuro, usada na frase anterior, não foi empregada em seu sentido próprio. c) As formas verbais empregadas para expressar as ações, em foi encontrado e perceberam, impedem que essas sejam entendidas como concomitantes. d) Se, em lugar do verbo “haver”, em Não há peças iguais em Várzea Queimada, tivesse sido empregado “existir”, este verbo deveria também ser usado no singular, para que fosse mantida a correção gramatical. e) No contexto em que a palavra Aqui foi empregada, ela deve ser entendida como reportando aos centros produ- tores de artesanato no Brasil. Instrução: Texto para a próxima questão. O texto abaixo consta como prefácio da 2a. edição do romance Janelas Fechadas, do maranhense Josué Montello, publicado pela primeira vez em 1941. Foi escrito por Tristão de Athayde (Alceu Amoroso Lima), que compõe uma crítica na qual desenvolve ideias originais, como uma aproximação entre Benzinho, protagonista do romance de Montello, e Capitu. Uma Capitu Nordestina Cada novo livro de Josué Montello é um acon- tecimento em nossas letras. Sua fecundidade lite- rária, aliás [...], nunca se fez com sacrifício de seu esmero na expressão verbal. Pelo contrário, esse esmero atingiu seu alto grau de perfeição com Aleluia, mas de forma alguma se esgotou na sua busca de concisão, outra meta constante em sua estilística pessoal. Ainda agora, o que o levou a reeditar esse quase primeiro livro de sua “matu- ridade literária”, como ele próprio assinalou, foi a preocupação estritamente estilística e não es- trutural, junto ao cuidado de preservar o tipo de sua personagem central, a jovem Benzinho, e o ambiente maranhense de todos os seus romances. Aliás, se a paisagem maranhense desse ro- mance nada tem a ver com a rude paisagem ti- picamente nordestina dos romances de um José Lins do Rego ou de um José Américo, o caráter da jovem Maria de Lourdes Silva, apelidada Ben- zinho desde a infância, nada tem a ver com o tipo genuíno das jovens nordestinas, como aliás dos homens da região, onde a firmeza de caráter é a expressão mais representativa do temperamento nordestino, pela supremacia dos valores morais sobre os valores eróticos e sobretudo hedonísti- cos. Sendo esse romance dos seus vinte anos uma tentativa quase subconsciente de reação antirro- mântica, não é de espantar que essa adolescente dos subúrbios de São Luís, o bairro do Anil, se pareça mais com a sofisticada carioca Capitu do que com qualquer das Inocências, ou Moreninhas do romantismo de sua época. Benzinho, pela mão feiticeira de seu criador li- terário, que, aliás, colheu o modelo na vida real, passa ao longo do romance sem que o autor se aprofunde em qualquer análise psicológica da pas- sagem de uma condição de vítima inocente à de uma representante típica, embora inconsciente, de um fenômeno sociológico, o da ascensão social, que, ao contrário do tipo habitual da mulher nor- destina, coloca inteiramente de lado as razões do coração ou da sensualidade para se dirigirexclusi- vamente pela razão. E pelo raciocínio rigorosamen- te interesseiro de promoção social ou de influência exterior. Quando, pela primeira vez, se entrega a um quase desconhecido, é levada exclusivamente por uma frase eventual de sua mãe, que lhe con- fidenciara a vontade de ter um neto. Pela segunda vez, o que a levou a fazer o mesmo foi simplesmen- te a ambição de casar com um vizinho rico. Em ambos os casos, absoluta ausência de sen- timento passional e, no fundo, preocupações de tipo masculino mais que feminino. Não é a pre- ocupação feminista de emancipação de seu sexo, mas a passividade em face de um desejo materno e o impulso masculino de ambição social. Aliás, na criação da personagem central dessa jovem Capitu nordestina, tocava Josué Montello em um fenômeno típico das sociedades modernas: a confusão ou o desencontro entre os sexos, em sua respectiva natureza biológica e psicológica. Já Aris- tóteles verificava haver homens de alma feminina e vice-versa. Assim como não há, entre as várias ida- des do ser humano, limites claros e positivos, assim também não existe, entre os sexos, uma psicologia respectivamente incompatível. O que é preciso é não confundir o desencontro de psicologias com a confusão, ou antes, a inversão das psicologias. Uma coisa é um homem de alma feminina e outra um homem efeminado. Naqueles, o que vemos é o predomínio de certas qualidades, que normalmen- te distinguem a alma feminina, sem que, entretan- to, essa troca perturbe seus valores máximos. Introdução. ATHAYDE, Tristão de. In: MONTELLO, Josué. Romances e novelas. v. 1. p. 109-111. 13.14. (UECE) – A partir dos anos 20, com os estudos de- senvolvidos por Bakhtin e seu grupo, a língua passou a ser vista como um fenômeno social e os enunciados passaram a ser considerados como uma grande rede responsiva: cada enunciado responde a enunciado anterior e, ao mesmo tempo, espera resposta de um outro enunciado posterior. Há outros discursos dialógicos mais ou menos explícitos no texto Uma Capitu nordestina. O leitor atento pode identificá- -los com certa facilidade. Dentre os exemplos apresentados a seguir, assinale o que NÃO pode ser classificado como dialógico. Aula 13 11Português 4C a) O poeta ecoa a voz do crítico sobre a “confusão ou o desencontro entre os sexos, em sua respectiva natureza biológica e psicológica”. b) O crítico ecoa a voz de Aristóteles, o grande filósofo da antiguidade grega. c) A atitude discursiva entre Benzinho, o crítico e os roman- ces de Josué Montello. d) A voz de Tristão de Athayde, que analisa o livro de Josué Montello, representa um dos metadiscursos da crítica especializada. Todo discurso crítico é metalinguístico, o que implica diálogo. Instrução: Texto para a próxima questão. Parece quase impossível existir algo tão com- plexo como o cérebro humano. Um neurocientis- ta dedica anos de estudo apenas para se familiari- zar com as principais regiões deste órgão, e não é para menos – são bilhões de células e trilhões de conexões. Por trás da fascinante estrutura neural, encontram-se funções bastante simples em seu objetivo. O cérebro existe para que possamos per- ceber o mundo e saber como reagir. É comum tra- tarmos a consciência como uma atividade passiva, mas não é bem assim – consciência requer metas, expectativas, capacidade de filtrar informações. Se a mente lhe parece um espaço ativo, preen- chido com mais coisas do que costuma aparecer em uma massa de circuitos, então você está certo ou certa. Você é a expressão física de uma história de desenvolvimento social muito maior do que ima- ginou. Seu cérebro é uma delicada entidade num constante frenesi de produção de conhecimento. A riqueza de suas vias reflete a riqueza de nossa vida. Adaptado de Como o cérebro funciona, de John McCrone 13.15. (MACK – SP) – Assinale a alternativa correta. a) A função expressiva evidencia-se como predominante no texto, marcada inclusive pelo uso reiterado da primeira pessoa. b) O texto está elaborado em torno da função referencial, uma vez que a transmissão objetiva de um conteúdo é o interesse principal do autor. c) Como todo texto científico, a exposição que se faz sobre o cérebro humano é estruturada em torno do uso pre- dominante da função fática. d) O destaque que se dá, no texto, para o uso expressivo da língua e seus recursos conotativos permite evidenciar a função poética como predominante. e) A utilização de outros tipos de linguagem, além da verbal, permite que se reconheça no texto como predominante uma função argumentativa. Instrução: Texto para a próxima questão. De ficção e realidade: diálogo possível – Literatura é fuga do real, cara! Veja o Brasil que temos: propina, tráfico de influência, dela- ções, politicalha, trapaças... – Quem disse que a Literatura não tem os pés fincados na realidade? Para o momento brasileiro, valem os versos: “Começa o mundo enfim pela ig- norância,/ e tem qualquer dos bens por natureza”. – Que bens? A rifa das licitações? O propinoduto? – É isso mesmo, cara! Diferente do fantasma ro- mântico, parece que o dinheiro virou uma “febre que nunca descansa,/ O delírio que te há de matar!...”. – O que nós temos é uma safra de corruptos e corrompidos. – Verdade! Sujeito assim safado mereceria “ser das gentes o espectro execrado”. O tal “Ouro branco! Ouro preto! Ouro podre” corrompeu muito político. “De cada ribeirão trepidante e de cada recosto/ de montanha, o metal rolou na cas- calhada/ Para o fausto d’El-Rei”. Que vergonha! – É! Mas, certamente, esse não é o “Ouro na- tivo que na ganga impura/ A bruta mina entre os cascalhos vela...”. – Sei lá! O que mais nos reserva a Lava-Jato? – Veja só, cara! Ouvindo os noticiários, tenho a impressão que o assalto do vampiro tem mais equidade: “– Cê vem com a gente. É uma loja. Nós rou- bamos e dividimos o dinheiro. Em partes iguais”. – Então, ainda há o que cantar neste país? – Claro! Vai o legado das Olimpíadas e das Para- limpíadas: “Entre o laboratório de erros/ e o labirin- to de surpresas,/ canta o conhecimento do limite,/ a madura experiência a brotar da rota esperança”. 13.16. (UNIOESTE – PR) – Com base na leitura do texto, assinale a alternativa INCORRETA. a) O tom paródico do texto ironiza a corrupção presente na atual política brasileira. b) O texto ampara-se na relação existente entre literatura e realidade. c) O “assalto do vampiro”, no texto, faz referência ao conto “O grande assalto”. d) O “assalto do vampiro” remete ao escritor Dalton Trevisan, alcunhado, literariamente, de “O vampiro de Curitiba”. e) De acordo com os versos finais de Manuel Bandeira, o “laboratório de erros” da política impede “a rota esperança”. 12 Extensivo Terceirão 13.17. (PUCPR) – Considere o excerto a seguir. É um hábito humano – muito humano – cul- par e punir os mensageiros pelo conteúdo odioso da mensagem de que são portadores – nesse caso, das enigmáticas, inescrutáveis, assustadoras e corretamente abominadas forças globais que sus- peitamos (com boas razões) serem responsáveis pelo perturbador e humilhante sentido de incer- teza existencial que devasta e destrói nossa con- fiança, ao mesmo tempo que solapa nossas ambi- ções, nossos sonhos e planos de vida. E embora quase nada possamos fazer para controlar as es- quivas e remotas forças da globalização, podemos pelo menos desviar a raiva que nos provocaram e continuam a provocar, e despejar nossa ira, alter- nadamente, sobre seus produtos, ao nosso lado e ao nosso alcance. Isso, claro, não vai chegar nem perto das raízes do problema, mas pode aliviar, ao menos por algum tempo, a humilhação pro- vocada por nossa impotência e incapacidade de resistir à debilitante precariedade de nosso lugar no mundo. BAUMAN, Z. Estranhos à nossa porta. Trad.: Carlos Alberto Medeiros. Rio de Janeiro: Zahar, 2017, p. 21-22. O autor do texto apresenta o hábito que os humanos têm de culpar e punir o mensageiro por causa do conteúdo da mensagemque conduzem. Para tanto, fundamenta seu ponto de vista a) nos mecanismos de apagamento das consequências das ações globais. b) na percepção do panorama gerado pelas forças da glo- balização. c) na precariedade de nosso lugar no mundo diante da crueza de nossa ira. d) no exemplo de como lidamos com os produtos da glo- balização. e) na humilhação provocada por nossa impotência diante das incertezas. Instrução: Leia o texto de Tales Ab’Sáber para responder à questão 13.18. Há em Berlim uma casa que nunca fecha. Aquela noite que não termina jamais pode de fato começar a qualquer momento do dia, às sete da manhã ou ainda às dez. Lá todos os tempos se es- tendem e noite e dia se transformam em outra coi- sa. Naquela imensa boate que pretende expandir o seu plano de existência, seu tempo infinito, sobre a vida e a cidade, construída em uma antiga fábrica – uma antiga usina de energia nazista –, todo tipo de figura da noite se encontra, em uma festa fan- tástica alucinada que deseja não terminar jamais. À luz da vida tecno avançada, as ideias tradi- cionais de dia e de noite se revelam mais frágeis, bem mais insólitas do que a vida cotidiana sob o regime da produção nos leva a crer. Para alguns, o mundo do dia se tornará definitivamente vazio e apenas a noite excitada e veloz vai concentrar em si o valor do que é vivo. Naquela boate, como em muitas outras, tudo se encerra apenas quando o efeito prolongado e siste- mático da droga se encerra. Como uma pausa para respirar, às vezes tendo passado muitos dias entre uma jornada de diversão e sua suspensão momen- tânea. Para muitos, apenas pelo tempo mínimo da reposição das forças até a próxima jornada, exte- nuante, sem fim, pela política imaginária da noite. E, ainda mais. Para outros tantos, o próprio efeito da droga sob a pulsação infinita da música eletrônica, experiência programática e enfeitiça- da, não deveria se encerrar jamais: estes estariam destinados ao projeto de dissolução na pulsação sem eu da música tecno, seja a dissolução do espí- rito, em uma infantilização sem fim para os emba- tes materiais da vida, seja a dissolução do corpo, ambos igualmente reais. De fato, após uma noite de vida tecno, é forte a experiência radical de vazio que se torna o espírito do dia. A energia foi imensamente gasta à noite. Foi devastada, tornando o dia vazio de objeto, porém vivo. Vivo no vazio, muito bem articulado à busca pelo excedente absoluto de mais tarde, à noite. A música do tempo infinito, 2012. Adaptado. 13.18. (FAMERP – SP) – “Para alguns, o mundo do dia se tornará definitivamente vazio e apenas a noite excitada e veloz vai concentrar em si o valor do que é vivo.” (2o. parágrafo) Considerado em seu contexto, o trecho sugere que a) as ruas perto da boate ficam vazias durante as noites porque todos estão dentro da casa. b) os conceitos de dia e de noite, ligados ao mundo natural, podem ser relativizados pelas construções humanas, como a boate. c) é possível distinguir dia e noite, mesmo num ambiente fechado como a boate. d) há frequentadores da boate que consideram que tudo o que é externo à casa não tem qualquer valor. e) algumas pessoas preferem entrar na boate apenas duran- te a noite, ainda que a casa fique aberta o tempo todo. Aula 13 13Português 4C Desafio Instrução: Texto para a próxima questão. O Supremo Tribunal Federal deu, na semana passada, importante contribuição para o aprimoramento das medidas provisórias no Brasil. Ao analisar um caso específico, decidiu que, a partir de agora, o Congresso não poderá mais embutir nesse instrumento legislativo artigos que nada tenham a ver com o tema original da norma. A prática era conhecida e recorrente, mas nem por isso menos absurda. Seus apelidos indicam o quanto tinha de bizarro. Na versão mais fraca, “jabutis” – que só conseguem subir na árvore com a ajuda de alguém. Na menos contida, “contrabando legislativo”. Folha de S. Paulo. Editorial, 19 out. 2015. (excerto). 13.19. (USF – SP) – Com base na leitura do texto e nos indícios oferecidos pelo vocabulário empregado, explique a que se referem os “jabutis” ou o “contrabando legislativo”. Instrução: Texto para a próxima questão. Nosso manifesto Produzimos os eventos que a gente gostaria de ir. Geramos o conteúdo que a gente gostaria de consumir. Construímos os lugares que a gente gostaria de frequentar. Criamos os produtos que a gente gostaria de comprar. Investimos nos negócios que a gente gostaria de participar. Aproximamos as pessoas com quem a gente gostaria de conviver. Conectamos as marcas que a gente gostaria de trabalhar. Simples assim. Meca Journal, n. 12, julho.2017 13.20. (FGV – RJ) – Para obter ênfase na mensagem, o redator desse texto emprega, de modo reiterado, um determinado recurso expressivo. Identifique-o e justifique. 14 Extensivo Terceirão Produção de textos Proposta 01 (FCR – PR) – Leia o trecho a seguir, de crônica de Antonio Prata publicada no Jornal Folha de São Paulo em 18/08/19: Majipack em Paramaribo A capital do Suriname é Paramaribo. A mitocôndria é a organela celular responsável pela respiração. Me- tonímia é a parte pelo todo. A área do círculo é Pi r². Os fenícios eram grandes navegadores. Eis aí algumas coisas que aprendi durante os 11 anos cumpridos (e compridos) em regime semiaberto, das sete e quinze da madrugada à uma e meia da tarde, nos cafundós da década de 90. Não, tô fazendo piada às custas da realidade: estudar não foi uma condenação, frequentei ótimos colégios e sou grato aos professores por me ensinarem o que é uma célula, um poema, por me ajudarem a compreender o que está à minha volta, a 3.000 km ou 3.000 anos de mim. Uma vez, largado na areia, comecei a especular com uns amigos sobre a distância da ilha à nossa frente. Como a praia era um semicírculo, sabíamos a sua extensão por conta do meu aplicativo de corrida e a ilha estava bem entre as duas pontas, no centro do círculo, usamos os conhecimentos de Pitágoras para calcular a distância. Naquele dia me senti extremamente grato às minhas professoras de geometria. (E ainda mais grato ao Pitágoras, que chegou àquelas conclusões sem professoras de geometria nem o sistema de GPS). Embora deva muito à escola, tenho algumas críticas à grade curricular. Parece-me questionável que o nú- mero atômico do tungstênio seja mais importante do que saber trocar um pneu e, por mais que eu concorde que é bacana ter uma noção básica do sistema de vassalagem na alta Idade Média, não valeria a pena incluir no currículo algumas lições sobre como lidar com um pé na bunda? Sugestão para um dia letivo no primeiro colegial. Literatura: modernismo. Culinária: arroz branco. Ma- temática: logaritmo. Sobrevivência urbana: troca de pneus em carros Ford (com ênfase no cadeado em caso de estepe externo). História: feudalismo. Comunicação interpessoal: os cunhados e as festas de fim de ano. Tenho pensado nestes assuntos há uma semana, desde que tive, pelas ondas do rádio, uma das maiores revelações dos meus 41 anos sobre a terra. O responsável pela iluminação chama-se Rusty Marcellini. Apesar deste nome de mágico em desenho animado, Rusty é um simpático erudito da culinária e o que ele me ensi- nou despretensiosamente, no meio da tarde, numa entrada na CBN, é que se guardarmos o rolo de Majipack na geladeira fica bem mais fácil de desenrolar. (Atenção, sonoplastia: gongo). Eu guardei o rolo de PVC na geladeira. Horas depois, ele se soltou quase como papel higiênico. Não escondeu sua ponta, não rasgou, não se comportou como aquele durex gigante possuído por um exu sarcás- tico cujo maior prazer é acabar com a paciência e a felicidade de inocentes seres humanos que só queriam guardar meia maçã pra mais tarde. Redija um texto de opinião (tipo argumentativo), avaliando as críticas e a proposta de diversificação do currículo de Antonio Prata no texto-base. Seu texto deverá: • contextualizar o tema; • identificar aspectos positivos e aspectos negativos do currículoescolar em sua relação com as demandas do cotidiano; • apresentar um posicionamento fundamentado, em diálogo com as críticas do autor; • apresentar os elementos formais e discursivos característicos de um texto argumentativo; • ter no mínimo 12 e no máximo 15 linhas. Aula 13 15Português 4C Proposta 02 (EPCAR – MG) – Com base no seu conhecimento de mundo, escreva um texto dissertativo-argumentativo, em prosa, sobre o seguinte questionamento: Como a cultura de rua pode ser utilizada para melhorar a vida na sociedade? Orientações: • A redação deverá conter no mínimo 100 (cem) palavras, considerando-se palavras todas aquelas pertencentes às classes gramaticais da Língua Portuguesa. • Recomenda-se que a redação seja escrita em letra cursiva legível. Caso seja utilizada letra de forma (caixa alta), as letras maiúsculas deverão receber o devido realce. • Utilize caneta de tinta preta ou azul. • Dê um título a sua redação. 16 Extensivo Terceirão Proposta 03 (PUCPR) – Considere os textos 1, 2 e 3 apresentados a seguir como motivadores para a sua produção de texto dissertativo- -argumentativo. Texto 1 Medicina do futuro: as tendências para a saúde Portal Telemedicina – 15/07/2019 A Inteligência Artificial (IA) é uma parte da ciência da computação que desenvolve dispositivos e estru- turas capazes de simular algumas características humanas. Notadamente relacionada à inteligência, esses protótipos são capazes de executar funções cognitivas tais como mensurar, executar, tomar decisões e resol- ver problemas. Isso é feito por redes neurais artificiais para o aprendizado das máquinas (machine learning). Os computadores de hoje são capazes de armazenar e processar um enorme repertório de dados. Com o desenvolvimento da Inteligência Artificial, eles agora também têm habilidade de aprender continuamente a partir das informações que analisam: cruzam dados e determinam as melhores respostas em inúmeros casos. Em exames transmitidos via telemedicina é possível usar o aprendizado das máquinas para fazer a triagem e colocar as urgências em primeiro lugar da fila de análise, e pela leitura que já fez de outros exames, o com- putador auxilia na emissão de laudos mais precisos. Disponível em: < http://portaltelemedicina.com.br/blog/medicina-do-futuro-tendencias-para-area-da-saude/>. Acesso em: 05/08/2019. Texto 2 Tecnologia acessível impulsiona surgimento de produtos inovadores — e também dos perigosos Jornal Gazeta do Povo – 11/08/2019 As mesmas técnicas e componentes que geram dispositivos inteligentes úteis e benéficos à humanidade, podem criar armas perigosas. Lidar com essa dicotomia é um grande desafio. [...] Às vezes, novos sistemas de inteligência artificial também exibem comportamentos estranhos e inespera- dos, porque a maneira como eles aprendem, a partir de grandes quantidades de dados, ainda não é comple- tamente entendida. Isso os torna vulneráveis à manipulação; a visão algorítmica do computador de hoje, por exemplo, pode ser enganada para ver coisas que não existem. “Isso pode se tornar um problema porque esses sistemas vêm sendo amplamente implantados. A comu- nidade precisa estar à frente dessa questão”, explica Miles Brundage, pesquisador do Instituto Futuro da Humanidade, da Universidade de Oxford. Disponível em: <https://www.gazetadopovo.com.br/economia/nova-economia/tecnologia-acessivel-impulsiona-surgimento-de- produtos-inovadores--etambem-dos-perigosos-cqn0h5nljg1h0kg968h97i101/>. Acesso em: 10/08/2019. (Texto adaptado). Aula 13 17Português 4C Texto 3 Inteligência Artificial e Medicina Revista Brasileira de Educação Médica Ao mesmo tempo em que se discutem problemas na relação médico-paciente e a deficiência do exame clínico na atenção médica, que torna o diagnóstico clínico mais dependente de exames complementares, enfatiza-se cada vez mais a importância do computador em medicina e na saúde pública. Isto se dá seja pela adoção de sistemas de apoio à decisão clínica, seja pelo uso integrado de novas tecnologias, incluindo as tecnologias vestíveis/corporais (wearable devices), seja pelo armazenamento de grandes volumes de dados de saúde de pacientes e da população. A capacidade de armazenamento e processamento de dados aumentou exponencialmente ao longo dos recentes anos, criando o conceito de big data. A Inteligência Artificial processa esses dados por meio de al- goritmos, que tendem a se aperfeiçoar pelo seu próprio funcionamento (self learning) e a propor hipóteses diagnósticas cada vez mais precisas. Sistemas computadorizados de apoio à decisão clínica, processando dados de pacientes, têm indicado diagnósticos com elevado nível de acurácia. Mas se o computador fornece o know-what, caberá ao médico discutir o problema de saúde e suas pos- síveis soluções com o paciente, indicando o know-why do seu caso. Isto requer uma contínua preocupação com a qualidade da educação médica, enfatizando o conhecimento da fisiopatologia dos processos orgânicos e o desenvolvimento das habilidades de ouvir, examinar e orientar um paciente e, consequentemente, propor um diagnóstico e um tratamento de seu problema de saúde, acompanhando sua evolução. LOBO, Luiz Carlos. Inteligência Artificial e Medicina. Rev. bras. educ. med. [online]. 2017, vol.41, n.2, pp.185- 193. ISSN 01005502. http://dx.doi.org/10.1590/1981-52712015v41n2esp. (Texto adaptado). Tome como referência os textos motivadores lidos, bem como os conhecimentos construídos ao longo da sua formação como estudante e cidadão, e escreva um texto dissertativo-argumentativo, de modo a refletir sobre o seguinte tema: Medicina e Inteligência Artificial: avanços e desafios Ao elaborar o seu texto, você deve: • respeitar a proposta de produção de texto dissertativo-argumentativo; • posicionar-se quanto à temática, apresentando, no mínimo, dois argumentos para sustentar seu ponto de vista; – elaborar uma conclusão; Sua redação será anulada se você: • reproduzir partes dos textos da coletânea sem finalidade discursiva; • fugir ao recorte temático ou não escrever um texto dissertativo-argumentativo; – apresentar letra ilegível, impropérios, desenhos ou qualquer forma de identificação no texto. 18 Extensivo Terceirão Gabarito 13.01. b 13.02. c 13.03. e 13.04. a 13.05. c 13.06. d 13.07. a 13.08. e 13.09. b 13.10. c 13.11. a 13.12. c 13.13. a 13.14. c 13.15. b 13.16. e 13.17. d 13.18. d 13.19. O vocabulário empregado no texto se deve ao caráter sorrateiro (no caso dos “jabutis”) e até mesmo ilegal e antide- mocrático (daí a expressão “contrabando legislativo”) da inclusão de artigos nada condizentes com o tema principal das medidas provisórias. 13.20 O recurso expressivo usado de maneira reiterada é o da repetição, como se veri- fica as palavras “a gente”, “gostaria”, verbos na primeira pessoa do plural do pretéri- to perfeito e as estruturas frasais. Todos os períodos têm uma mesma estrutura: uma oração principal e uma adjetiva. 19Português 4C Redação no ENEM Apesar de o Exame Nacional acontecer tradicional- mente nos meses finais do ano, geralmente em outubro ou novembro, aproveitemos que já estamos nestas últimas aulas trabalhando o texto dissertativo-argu- mentativo para conhecermos a forma como esse gênero textual é cobrado no maior exame nacional. Assim, vista com bastante antecedência, será possível, aos interes- sados nessa prova, praticar a redação de acordo com as suas respectivas regras. Naturalmente, esta aula tem como base as orienta- ções divulgadas pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), órgão estatal que coordena o Exame. Tipo de texto O programa do Exame esclarece que será cobrado o texto dissertativo-argumentativo, a modalidade textual que estamos estudando nestas seis últimas aulas. Como já sabemos, trata-se de uma redação em que se pede posicionamento e argumentação a respeito de um tema proposto. O tema será de ordem social, científica, cultural ou política. Sendo assim, asformas de organização argumen- tativa estudadas nas aulas de 10 a 14 servem também como estratégia de estruturação textual nessa prova. Porém, é preciso ressaltar que, um fator, que é opcional na composição dissertativa, no ENEM é obrigatório: a elaboração de propostas de intervenção para o proble- ma proposto no tema. Dessa forma, o planejamento da redação terá que considerar os seguintes itens: TEMA TESE ARGUMENTOS PROPOSTA DE INTERVENÇÃO As cinco competências A redação será avaliada com base em cinco grandes critérios. Cada um deles compõe até 200 pontos, que, somados, podem atingir a nota máxima da prova (1000 pontos). COMPETÊNCIA 1 Demonstrar domínio da norma padrão da língua escrita. COMPETÊNCIA 2 Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento, para desenvolver o tema dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo. COMPETÊNCIA 3 Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista. COMPETÊNCIA 4 Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação. COMPETÊNCIA 5 Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos. Competência 1 Demonstrar domínio da norma padrão da língua escrita O primeiro critério irá avaliar o domínio da norma padrão da Língua Portuguesa. Naturalmente, espera-se, na redação, que os inscritos nesse exame se expressem por meio de uma linguagem formal, de acordo com as prescrições gramaticais. Dessa maneira, além do cuidado com a construção de frases e períodos bem estruturados, é necessário também atenção para que não se cometam desvios gramaticais, tais como: Dissertação: modelo ENEM Aula 14 Português 1B4C 20 Extensivo Terceirão • Convenções da escrita: acentuação, ortografia, separação silábica, uso do hífen e uso de letras maiúsculas e minúsculas. • Gramaticais: concordância verbal e nominal, flexão de nomes e verbos, pontuação, regência verbal e nominal e colocação pronominal. • Escolha de registro: adequação à modalidade for- mal, isto é, ausência de uso de registro informal e/ou de marcas de oralidade. • Escolha vocabular: emprego de vocabulário preciso, o que significa que as palavras selecionadas são usa- das em seu sentido correto e apropriadas para o texto. Competência 2 Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento, para desenvolver o tema dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo O segundo critério avalia a capacidade de escrita de acordo com as convenções gerais do texto disserta- tivo-argumentativo. De forma especial, a forma como a redação se mantém dentro do tema proposto, bem como a afirmação de posicionamento a respeito do tema. Por isso, é importante que a redação não fuja do tema, nem total, nem parcialmente. Assim como se deve evitar que o texto tenha caráter mais informativo que argumentativo. De acordo com as instruções do INEP, são funda- mentais algumas orientações para que esse critério seja atendido plenamente: • Leia com atenção a proposta da redação e os textos motivadores, para compreender bem o que está sendo solicitado. • Evite ficar preso às ideias desenvolvidas nos textos motivadores, porque foram apresentadas apenas para despertar uma reflexão sobre o tema. • Não copie trechos dos textos motivadores. Lembre-se de que eles foram apresentados apenas para desper- tar seus conhecimentos sobre o tema. Além disso, a recorrência de cópia é avaliada negativamente e fará com que seu texto tenha uma pontuação mais baixa. • Reflita sobre o tema proposto para definir qual será o foco da discussão, isto é, para decidir como abor- dá-lo, qual será o ponto de vista adotado e como defendê-lo. • Utilize informações de várias áreas do conhecimento, demonstrando que você está atualizado em relação ao que acontece no mundo. Essas informações devem ser usadas de modo produtivo no seu texto, evidenciando que elas servem a um propósito muito bem definido: ajudá-lo a validar seu ponto de vista. Isso significa que essas informações devem estar articuladas à discussão desenvolvida em sua reda- ção. Informações soltas no texto, por mais variadas e interessantes, perdem sua relevância quando não associadas à defesa do ponto de vista desenvolvido em seu texto. • Mantenha-se dentro dos limites do tema proposto, tomando cuidado para não se afastar do seu foco. Esse é um dos principais problemas identificados nas redações. Nesse caso, duas situações podem ocorrer: fuga total ou tangenciamento ao tema. Competência 3 Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista O terceiro aspecto da avaliação irá verificar a qua- lidade argumentativa do texto. Em especial, a seleção dos argumentos e a coerência deles em relação à tese defendida. Para esta competência, observe as seguintes recomendações do INEP: • Reúna todas as ideias que lhe ocorrerem sobre o tema e depois selecione as que forem pertinentes para a defesa do seu ponto de vista, procurando organizá-las em uma estrutura coerente para usá-las no desenvolvimento do seu texto. • Verifique se informações, fatos, opiniões e argumen- tos selecionados são pertinentes para a defesa do seu ponto de vista. • Na organização das ideias selecionadas para serem abordadas em seu texto, procure definir uma ordem que possibilite ao leitor acompanhar o seu raciocínio facilmente, o que significa que a progressão textual deve ser fluente e articulada com o projeto do texto. • Examine, com atenção, a introdução e a conclusão para ver se há coerência entre o início e o fim e ob- serve se o desenvolvimento de seu texto apresenta argumentos que convergem para o ponto de vista que você está defendendo. Competência 4 Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísti- cos necessários para a construção da argumentação Este critério consiste na avaliação do encadeamento das ideias presentes no texto. Mais que uma enumeração de argumentos, é fundamental que a redação apresente uma linha de raciocínio de forma a demonstrar que, no Aula 14 21Português 4C texto, há uma relação lógica entre as frases e parágrafos. Essa relação se chama coesão textual. Assim, torna-se fundamental o domínio de recursos linguísticos que estabelecem relações lógicas: preposi- ções, conjunções, advérbios e locuções adverbiais; subs- tituição de palavras já utilizadas no texto por pronomes pessoais, possessivos e demonstrativos, advérbios que indicam localização. Competência 5 Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos Na redação do ENEM, é obrigatória apresentação de uma proposta de intervenção para o problema colocado no tema da questão. Assim, a dissertação argumentativa não se limita apenas à defesa de um posicionamento. Além disso, é necessário propor soluções, concretas e exequíveis, que possam melhorar o quadro problemáti- co discutido ao longo da escrita. Lembre-se de que essa proposta jamais deve ferir valores ligados à cidadania, liberdade, solidariedade e diversidade cultural, sob pena de a redação correr o risco de ser anulada por desrespei- tar tal critério. Fatores que podem anular uma redação De acordo com as recomendações do INEP, uma redação poderá receber nota ZERO, caso cometa as seguintes falhas: • fuga total ao tema; • não obediência à estrutura dissertativo-argumenta- tiva; • extensão de até sete linhas; • cópia integral de texto(s) motivador(es) da proposta de redação e/ou de textos motivadores apresenta- dos no caderno de questões; • impropérios, desenhos e outras formas propositais de anulação; • parte deliberadamente desconectada do tema proposto; • assinatura, nome, apelido ou rubrica fora do local devidamente designado para a assinatura do parti- cipante; •texto integralmente em língua estrangeira; • folha de redação em branco, mesmo que haja texto escrito na folha de rascunho. Análise de redação (ENEM 2017) A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumen- tativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil, apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e re- lacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. Exemplo de redação Na antiga Esparta, crianças com deficiência eram assassinadas, pois não poderiam ser guerreiras, profissão mais valorizada na época. Na contempo- raneidade, tal barbárie não ocorre mais, porém há grandes dificuldades para garantir aos deficientes – em especial os surdos – o acesso à educação, de- vido ao preconceito ainda existente na sociedade e à falta de atenção do Estado à questão. Inicialmente, um entrave é a mentalidade re- trógrada de parte da população, que age como se os deficientes auditivos fossem incapazes de es- tudar e, posteriormente, exercer uma profissão. De fato, tal atitude se relaciona ao conceito de banalidade do mal, trazido pela socióloga Han- nah Arendt: quando uma atitude agressiva ocorre constantemente, as pessoas param de vê-la como errada. Um exemplo disso é a discriminação con- tra os surdos nas escolas e faculdades – seja por olhares maldosos ou pela falta de recursos para garantir seu aprendizado. Nessa situação, o medo do preconceito, que pode ser praticado mesmo pelos educadores, possivelmente leva à desistên- cia do estudo, mantendo o deficiente à margem dos seus direitos – fato que é tão grave e exclu- dente quanto os homicídios praticados em Espar- ta, apenas mais dissimulado. Outro desafio enfrentado pelos portadores de deficiência auditiva é a inobservância estatal, uma vez que o governo nem sempre cobra das institui- ções de ensino a existência de aulas especializadas para esse grupo – ministradas em Libras – além da avaliação do português escrito como segunda língua. De acordo com Habermas, incluir não é só trazer para perto, mas também respeitar e cres- cer junto com o outro. A frase do filósofo alemão mostra que, enquanto o Estado e a escola não ga- rantirem direitos iguais na educação dos surdos – com respeito por parte dos professores e cole- gas – tal minoria ainda estará sofrendo práticas discriminatórias. 22 Extensivo Terceirão Destarte, para que as pessoas com deficiência na audição consigam o acesso pleno ao sistema educacional, é preciso que o Ministério da Educação, em parceria com as instituições de ensino, promova cursos de Libras para os professores, por meio de oficinas de especialização à noite – horário livre para a maioria dos profis- sionais – de maneira a garantir que as escolas e universidades possam ter turmas para surdos, facilitando o acesso desse grupo ao estudo. Em adição, o Estado deve divulgar propagandas institucionais ratificando a importância do respeito aos deficientes auditivos, com postagens nas redes sociais, para que a discriminação dessa minoria seja reduzida, levando à maior inclusão. INEP. Redação no ENEM 2018: guia do participante. Testes Assimilação Instrução: Texto para a próxima questão. Vivemos num mundo confuso e confusamente percebido. De fato, se desejamos escapar à crença de que esse mundo assim apresentado é verda- deiro, e não queremos admitir a permanência de sua percepção enganosa, devemos considerar a existência de pelo menos três mundos num só. O primeiro seria o mundo tal como nos fazem vê- -lo: a globalização como fábula. O segundo seria o mundo tal como ele é: a globalização como per- versidade. E o terceiro, o mundo como ele pode ser: uma outra globalização. Este mundo globalizado, visto como fábula, constrói como verdade um certo número de fan- tasias. Fala-se, por exemplo, em aldeia global para fazer crer que a difusão instantânea de notícias re- almente informa as pessoas. 1A partir desse mito e do encurtamento das distâncias – para aqueles que realmente podem viajar – também se difunde a noção de tempo e espaço contraídos. É como se o mundo houvesse se tornado, para todos, ao al- cance da mão. Um mercado avassalador dito glo- bal é apresentado como capaz de homogeneizar o planeta quando, na verdade, as diferenças locais são aprofundadas. O mundo se torna menos uni- do, tornando também mais distante o sonho de uma cidadania de fato universal. Enquanto isso, o culto ao consumo é estimulado. Na verdade, para a maior parte da humani- dade, a globalização está se impondo como uma fábrica de perversidades. O desemprego crescente torna-se crônico. A pobreza aumenta e as classes médias perdem em qualidade de vida. O salário médio tende a baixar. A fome e o desabrigo se generalizam em todos os continentes. Novas en- fermidades se instalam e velhas doenças, suposta- mente extirpadas, fazem seu retorno triunfal. Todavia, podemos pensar na construção de um outro mundo, mediante uma globalização mais humana. As bases materiais do período atual são, entre outras, a unicidade da técnica, a con- vergência dos momentos e o conhecimento do planeta. É nessas bases técnicas que o grande ca- pital se apoia para construir a globalização per- versa de que falamos acima. Mas essas mesmas bases técnicas poderão servir a outros objetivos, se forem postas a serviço de outros fundamentos sociais e políticos. MILTON SANTOS Adaptado de Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2004. 14.01. (UERJ) – A partir desse mito e do encurtamento das distâncias – para aqueles que realmente podem viajar – tam- bém se difunde a noção de tempo e espaço contraídos. (ref. 1) O comentário introduzido entre travessões apresenta um ponto de vista do autor que se sustenta em um elemento subentendido. Esse elemento está associado à existência, na sociedade, de: a) valores familiares b) apelos publicitários c) diversidade cultural d) desigualdade econômica Instrução: Texto para a próxima questão. Violência à saúde Mauro Gomes Aranha de Lima Jornal do Cremesp, agosto de 2016 O aumento da violência contra médicos e en- fermeiros finalmente passou a ser encarado como questão de Estado. Graças às denúncias do Cre- mesp [Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo] e do Coren-SP [Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo], a Secretaria de Se- gurança Pública de São Paulo (SSP-SP) mantém agora um grupo de trabalho que se debruça na busca de soluções para o problema. Em recente reunião, o secretário adjunto da SSP-SP, Sérgio Sobrane, comprometeu-se a to- mar providências. A Secretaria de Saúde (SES-SP) também participou dos debates que culminaram Aula 14 23Português 4C com proposta do Cremesp e do Coren de um pro- tocolo para orientar profissionais da Saúde a lidar com situações em que o usuário/familiar se mos- tre agressivo ou ameaçador. Simultaneamente, a SSP-SP preparará um pi- loto de intervenção baseado em registros de ame- aças ou de truculência na Capital. Se bem sucedi- do, será multiplicado ao restante do Estado. São medidas oportunas e as levaremos em frente. Contudo, tal empenho não será o bastante. A violência emerge de raízes profundas: governos negligenciam a saúde dos cidadãos, motivo pelo qual a rede pública padece de graves problemas no acesso ou continuidade da atenção; hospitais sucateados e sob o contingenciamento de leitos e serviços; postos de saúde e Estratégia Saúde da Família com equipes incompletas para a efetiva- ção de metas integrativas biopsicossociais. O brasileiro é contribuinte assíduo e pontual, arca com uma das mais altas tributações do mun- do, e, em demandas por saúde, o que recebe é o caos e a indiferença. Resignam-se, muitos. Todavia, há os que não suportam a indignidade. Sentem-se humilhados.
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