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Aula 05 (8)

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Aula 05 
Direito Penal -AGU (2015) 
ADVOGADO DA UNIÃO 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Renan Araujo - Aula 05 
AULA 05: EFEITOS DA CONDENAÇÃO E 
REABILITAÇÃO. PENA DE MULTA. AÇÃO PENAL 
NO CP. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. 
SUMARIO PAGINA 
Apresentação da aula e sumário 01 
1 - Aspectos Gerais da Teoria da Pena 02 
li - Penas em Espécie: A pena de MULTA 06 
Ili - Efeitos da Condenação e reabilitação 11 
IV - Da Ação Penal no Códiao Penal 23 
V - Extinção da punibilidade 34 
Questões para praticar 53 
Questões comentadas 61 
Gabarito 80 
Olá, meus amigos concurseiros! 
Hoje é dia de sairmos da "Teoria Geral do Delito" e entrarmos 
na "Teoria Geral da Pena". 
Veremos, conforme prevê o edital, a pena de multa, os efeitos da 
condenação e da reabilitação, bem como a ação penal no CP. Além disso, 
estudaremos as formas de extinção da punibilidade. 
Bons estudos! 
Prof. Renan Araujo 
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Direito Penal -AGU (2015) 
ADVOGADO DA UNIÃO 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Renan Araujo - Aula 05 
I - ASEPECTOS GERAIS DA TEORIA DA PENA 
Se a conduta incriminada pelo tipo penal incriminador é um preceito 
primário, a pena (sanção penal) a ele cominada (prevista) é o que se 
pode chamar de preceito secundário. 
A pena possui como pressuposto de sua aplicação a 
culpabilidade do agente (para parte da Doutrina, a culpabilidade é 
pressuposto de aplicação da pena, para outra parte, embora também o 
seja, é parte integrante do conceito analítico de crime). Já as medidas 
de segurança não possuem a culpabil idade como pressuposto de sua 
aplicação (até porque o agente não é plenamente imputável, não 
possuindo, portanto, culpabi lidade), mas sim a pericu/osidade. Isto é 
importante! 
A pena pode ser conceituada como a resposta que a sociedade dá 
ao indivíduo que transgride a ordem jurídico-penal estabelecida, e 
consiste na privação ou restrição de um bem jurídico do condenado 
(liberdade, patrimônio, etc.), de forma a castigá-lo e reeducá-lo. 
Alguns princípios norteiam a Teoria Geral da Pena: 
a) Reserva legal ou legalidade estrita - Somente a Lei (em sentido 
estrito) pode cominar penas: "Nulla poena sine lege". Está previsto no 
art. 5°, XXXIX da Constituição e art. 1 ° do CP; 
b) Anterioridade - A Lei que prevê a pena para a conduta deve ser 
anterior à prática do crime: "Nu/la poena sine praevia /ege". Também 
está previsto no art. 5°, XXXIX da Constituição e art. 1 ° do CP, sendo, 
juntamente com o princípio da reserva legal, subprincípios do princípio da 
LEGALIDADE; 
c) Intranscendência da pena - A pena deve ser cumprida somente pelo 
condenado, não podendo, em caso de morte deste, ser transferida aos 
seus familiares, sa lvo a obrigação de reparar o dano e o perdimento de 
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Direito Penal ʹ AGU (2015) 
ADVOGADO DA UNIÃO 
Teoria e exercícios comentados 
Prof. Renan Araujo ʹ Aula 05 
 
 
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bens, que podem ser cobrados dos sucessores até o limite do patrimônio 
transferido pelo condenado falecido. CUIDADO: A pena de multa, 
embora patrimonial, não pode ser cobrada dos sucessores! 
d) Inevitabilidade ou inderrogabilidade da pena ± Presentes os 
requisitos para a condenação, a pena não pode deixar de ser imposta e 
cumprida. É mitigado, atualmente, por institutos como o sursis, o 
livramento condicional, etc.; 
e) Princípio da humanidade ou humanização das penas ± A pena 
não pode desrespeitar os direitos fundamentais do indivíduo, violando sua 
integridade física ou moral, e também não pode ser de índole cruel, 
desumano ou degradante (art. 5°, XLIX e XLVII da Constituição); 
f) Princípio da proporcionalidade ± A sanção aplicada pelo Estado deve 
ser proporcional à gravidade da infração cometida e também deve ser 
suficiente para promover a punição ao infrator e sua reeducação social; 
g) Princípio da individualização da pena ± A pena deve ser aplicada 
de maneira individualizada para cada infrator em cada caso específico. 
Essa individualização se dá em três fases distintas: a) cominação: O 
legislador deve prever um raio de atuação para o Juiz aplicar a pena no 
caso concreto, estabelecendo penas mínimas e máximas, de forma que o 
Juiz possa aplicar a quantidade de pena que achar conveniente no caso 
concreto; b) aplicação: Saindo da esfera legislativa, passamos à esfera 
judicial, segunda etapa, que consiste na efetiva aplicação individualizada 
da pena, que será imposta conforme as circunstâncias do crime e os 
antecedentes do réu, de acordo com a margem estabelecida pelo 
legislador; c) Na terceira e última fase temos a aplicação deste 
princípio da na execução da pena (esfera administrativa), de forma 
que o cumprimento da pena, progressão de regime, concessão de 
benefícios devem ser analisados no caso concreto, e não abstratamente, 
pois entende-VH� TXH� ³FDGD� FDVR� p� XP� FDVR´�� H� QmR� FDEH� DR� OHJLVODGRU�
retirar do Juiz a possibilidade de analisá-lo e proceder da forma que 
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melhor atenda aos anseios da sociedade. Está previsto no art. 5°, XLVI da 
Constituição da República. 
Quanto à finalidade da pena, três teorias surgiram: 
 
a) Teoria absoluta e sua finalidade retributiva ± Pune-se o 
agente simplesmente porque ele cometeu uma transgressão à ordem 
estabelecida e deve ser castigado por isso. Não há nenhuma finalidade 
educacional de reinserção do indivíduo à vida social. A pena é mero 
instrumento para a realização da vingança estatal; 
b) Teoria relativa e sua finalidade preventiva ± Pune-se o 
agente não para castigá-lo, mas para prevenir a prática de novos crimes. 
Essa prevenção pode ser: 
b1) Prevenção Geral ± Busca controlar a violência social, de forma 
a despertar na sociedade o desejo de se manter conforme o Direito. Pode 
ser negativa, quando busca criar um sentimento de medo perante a Lei 
penal, ou positiva, quando simplesmente se busca reafirmar a vigência da 
Lei penal; 
b2) Prevenção especial ± Não se destina à sociedade, mas ao 
infrator, de forma a prevenir a prática da reincidência. Também pode ser 
negativa, quando busca intimidar o condenado, de forma a que ele não 
cometa novos delitos por medo, ou positiva, quando a preocupação está 
voltada à ressocialização do condenado (Infelizmente, não há uma 
preocupação com isto na prática); 
c) Teoria Mista (unificadora ou eclética ou unitária) e sua 
dupla finalidade ± Aqui, entende-se que a pena deve servir como 
castigo (punição) ao infrator, mas também como medida de prevenção, 
tanto em relação à sociedade quanto ao próprio infrator (prevenção geral 
e especial). Foi a adotada pelo art. 59 do CP, que diz: 
Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta 
social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e 
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consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, 
estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e 
prevenção do crime: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Quanto à cominação, as penas podem ser cominadas: 
 
a) Isoladamente ± A Lei prevê a aplicabilidade de apenas uma 
espécie de pena. Exemplo: art. 121 do CP ± Pena dereclusão; 
b) Cumulativamente ± A Lei prevê a aplicabilidade conjunta de 
duas espécies de penas. Exemplo: art. 155 do CP ± Pena de reclusão e 
multa; 
c) Alternativamente ± A Lei comina, alternativamente, duas 
espécies de pena. Exemplo: art. 331 do CP: Detenção ou multa; 
 
 Quanto às espécies, as penas podem ser: 
 
a) Privativas de liberdade ± Retiram do condenado o direito à 
liberdade de locomoção, por determinado período (é vedada pena de 
caráter perpétuo, art. 5°, XLVII, b da Constituição). Máximo de 30 anos 
para crimes (art. 75 do CP) e de 05 anos para contravenções penais (art. 
10 da Lei de Contravenções Penais); 
b) Restritivas de direitos ± Em substituição à pena privativa de 
liberdade, limitam (restringem) o exercício de algum direito do 
condenado. Estão previstas no art. 43 do CP e em alguns dispositivos da 
Legislação Especial; 
c) Pena de multa ± Recai sobre o patrimônio financeiro do 
condenado; 
d) Restritiva de liberdade ± Restringem, mas não retiram o direito 
de locomoção do condenado. Na verdade, trata-se de uma espécie de 
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pena restritiva de direitos. Exemplo : Proibir o marido de se aproximar da 
casa da ex-esposa no caso de violência doméstica; 
e} Penas corporais - Trata-se de castigos aplicados ao corpo do 
indivíduo. É espécie de pena vedada pela Constitu ição Federa l (art. 5°, 
XLVII, e) . 
O CP previu, em seu art. 32, as penas privativas de liberdade , 
restritivas de direitos e multa. 
Este quadro esquemático vai ajudar na compreensão de vocês: 
r PENAS 
'- ~ 
1 
1 1 1 
MULTA r RESTRITIVA r PRIVATIVA 
DE DE 
DIREITOS LIBERDADE 
'- '- ~ 
1 1 
1 1 1 1 1 1 1 1 
PRESTAÇÃO PERDA DE r PRESTAÇÃO r lNTERDI_ÇÃO r UMITAÇÃO r RECLUSÃO r DETENÇÃO r PRISÃO 
P ECUNIÁRIA BENS E DE TEHPORARIA DE FINAL SIMPLES 
VALORES SERVIÇOS À DE DIREITOS DE SEMANA (SOMENTE 
COMUNIDA NO CASO DE 
DE CONTRAVEN 
ÇÃO PENAL} 
'- '- '- '- '- ~ '-
II - PENAS EM ESPÊCIE: A PENA DE MULTA 
A pena de multa pode ser conceituada como a pena (sanção pena l) 
consistente no pagamento de determinada quant ia em dinheiro e 
destinada ao Fundo Penitenciário Naciona l. Nos termos do art. 49, e seus 
§§, do CP: 
Art. 49 - A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da 
quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 
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~ 
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10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa. (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 1 o - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a 
um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem 
superior a 5 ( cinco) vezes esse salário. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices 
de correção monetária. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
O critério util izado para a fixação da pena de multa é o do dia-
multa. O valor do "dia-multa" será arbitrado pelo Juiz, em montante que 
varie entre l/30 (um trigésimo) e 5 vezes o valor do maior salário 
mínimo vigente À ÉPOCA DO FATO! 
Perceba, caro aluno, que a aplicação da pena de multa obedece a 
um sistema BIFÁSICO, no qual o Juiz: 
a) Primeiro fixa a quantidade de dias-multa. 
b) Depois, fixa o valor de cada dia multa. 
O produto da multiplicação do número de dias multa pelo 
valor de cada dia multa será o montante total da condenação. 
EXEMPLO: Imagine que um réu é condenado ao pagamento de 10 dias-
multa, considerando-se cada dia multa como 1/30 do maior salário 
mínimo vigente (exemplificativamente, R$ 600,00). Assim, 1/30 de R$ 
600,00 igual a R$ 20,00. Desta forma, o valor total da condenação será 
de 10 (quantidade de dias-multa ) x R$ 20,00 (va lor do dia-multa) . Logo, 
a pena de multa será fixada em R$ 200,00 (Duzentos reais). 
Este critério possibi lita o exercício do princípio da 
individualização da pena, pois confere ao Juiz uma amplitude enorme 
na fixação do va lor da pena de multa. 
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A Doutrina entende que: 
 A quantidade de dias-multa é calculada com base no fato 
criminoso e na personalidade do agente (circunstâncias do 
art. 59 do CP). 
 O valor de cada dia-multa é fixado com base na situação 
econômica do infrator. 
 
O art. 60 do CP prevê que a pena de multa deve ser fixada levando-
se em conta a situação econômica do réu, entretanto, essa fixação com 
base na situação econômica do réu se refere à fixação do valor do dia-
multa. Além disso, seu § 1° permite a majoração da pena de multa 
em até três vezes, caso mesmo sendo aplicada ao máximo, o Juiz 
considere que ela ainda é insuficiente. 
Art. 60 - Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à 
situação econômica do réu. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 1º - A multa pode ser aumentada até o triplo, se o juiz considerar que, em 
virtude da situação econômica do réu, é ineficaz, embora aplicada no 
máximo. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Ressalto a vocês que esse sistema de aplicação da pena de multa é 
genérico, ou subsidiário. Assim, nada impede que a Legislação 
Especial, e até mesmo o CP, prevejam situações especiais nas 
quais o critério para a aplicação da pena de multa seja outro. 
O pagamento da pena de multa deve se dar em até 10 dias a contar 
do trânsito em julgado da sentença, podendo o Juiz, considerando as 
circunstâncias e a requerimento do condenado, permitir o parcelamento 
do seu pagamento (art. 50 do CP). 
O CP permite, ainda, que a pena de multa seja descontada 
diretamente na remuneração do condenado, salvo na hipótese de ter sido 
aplicada cumulativamente com a pena privativa de liberdade (§ 1° do art. 
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50 do CP), E NÃO PODE INCIDIR SOBRE RECURSOS QUE SEJAM 
INDISPENSÁVEIS AO SUSTENTO DO INFRATOR E DE SUA FAMÍLIA 
(§ 2° do art. 50 do CP). 
Conforme já havia adiantado a vocês, não cumprida 
espontaneamente a pena de multa, não pode haver conversão em 
pena privativa de liberdade, muito menos reconversão (porque nunca 
houve conversão). Nesse caso, a multa será considerada como dívida de 
valor e executada pelo procedimento de cobrança da dívida ativa da 
Fazenda Pública (Execução Fiscal) . Nos termos do art. 51 do CP: 
Art. 51 - Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será 
considerada dívida de valor, aplicando-se-lhes as normas da legislação 
relativa à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às 
causas interruptivas e suspensivas da prescrição. (Redação dada pela Lei nº 9.268, 
de 1°.4.1996) 
A Doutrina e a JurisP.rudência entendem, em razão disso, que 
embora o não cumprimento da pena de multa não possa gerar a 
conversão em pena privativa de liberdade, isto não lhe retira seu caráter 
de pena. Assim, aplicada pena de multa e sobrevindo a morte do 
infratorl estará extinta a unibilidad , nos termos do art. 107, I do 
CP, já que não se pode estender os efeitos da pena aos sucessores do 
infrator, por força do art. 5°, XLV da Constituição, que ressalvou 
apenas a obrigação de reparar o dano e o perdimento de bens. 
Esta é a posição majoritária (esmagadora), emboraexistam alguns 
julgados no STJ entendendo que a multa, nesse caso, passou a ter 
caráter extrapenal (ultraminoritário esse entendimento). 
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Não confundam a pena de multa que estudamos (pena autônoma, que 
pode ser aplicada cumulativamente ou isoladamente da pena privativa de 
liberdade) com a pena de multa substitutiva ou vicariante. Esta 
última é uma espécie de pena alternativa, que pode ser aplicada em 
substituição às penas privativas de liberdade em determinados casos. 
Está prevista no art. 60, § 2° do CP: § 2º - A pena privativa de liberdade 
aplicada, não superior a 6 (seis) meses, pode ser substituída pela de multa, observados 
os critérios dos incisos II e III do art. 44 deste Código.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
A Doutrina e a Jurisprudência entendem que, mesmo nesse caso 
(NO QUAL ESTAMOS DIANTE DE UMA PENA SUBSTITUTIVA), não há 
possibilidade de conversão em pena privativa de liberdade, pois 
entendem que a conversão só pode ocorrer nas hipóteses previstas no 
art. 44, § 4° do CP, que trata das penas restritivas de direitos, não 
incluindo, portanto, a pena de multa. 
 
Por fim, o art. 52 do CP prevê que, sobrevindo doença mental ao 
condenado, ficará suspensa a pena de multa: 
Art. 52 - É suspensa a execução da pena de multa, se sobrevém ao 
condenado doença mental. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
Vocês, entretanto, não podem confundir a MULTA com a pena 
de prestação pecuniária. Trata-se de uma modalidade de pena 
restritiva de direitos, e difere da multa em diversos aspectos. Vejamos: 
 
DIFERENÇAS ENTRE PRESTAÇÃO PECUNIÁRIA E MULTA 
a) Destinação - A pena de prestação pecuniária é destinada à vítima, 
seus dependentes ou entidade pública ou privada (com destinação 
social); A multa, por sua vez, é destinada ao Fundo Penitenciário 
Nacional; 
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b) Quantidade - A prestação pecuniária é fixada entre 01 e 360 
salários mínimos, enquanto a pena de mu lta é fixada entre 10 e 360 
dias-multa (veremos mais sobre isso quando analisarmos a pena de 
multa); 
c) Consequências do não-cumprimento - Não cumprida a pena de 
prestação pecuniária, haverá a reconversão obrigatória. Não cumprida a 
pena de multa, deverá ser executada como dívida de valor 
III - EFEITOS DA CONDENAÇÃO 
A sentença penal condenatória possui efeitos penais e 
extra penais. 
Os efeitos penais são aqueles que produzem efeitos na esfera penal 
(óbvio, não?). Os efeitos penais podem ser primários ou 
secundários. 
B.1) Efeitos da sentença penal condenatória 
A sentença penal condenatória possui efeitos penais e 
extra penais. 
Os efeitos penais são aqueles que produzem efeitos na esfera penal 
(óbvio, não?). Os efeitos penais podem ser primários ou 
secundários. 
O efeito penal primário é a PENA, ou seja, a impos1çao de 
pena criminal, eis que este é o objetivo básico e principal da 
condenação. 
Os efeitos penais podem ser, ainda, secundários. São efeitos penais 
secundários aqueles que, embora produzam efeitos na esfera jurídico-
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PENAL do indivíduo condenado, esses efeitos refletem em OUTRA 
RELAÇÃO JURÍDICO-PENAL. 
EXEMPLO: Reincidência. A sentença penal condenatória possui como 
efeito penal SECUNDÁRIO, gerar reincidência (e todas as suas 
consequências) caso o condenado seja novamente condenado dentro de 
um prazo previsto em lei. Trata-se de um efeito que, sem dúvida, atinge 
a esfera penal do indivíduo, mas NÃO NO PROCESSO EM QUE FOI 
PROFERIDA A SENTENÇA, mas em outro processo. 
 
Outro efeito penal secundário é a inscrição do nome do réu no rol dos 
culpados (após o trânsito em julgado, sempre). 
Os efeitos extrapenais, por sua vez, são assim chamados por 
afetarem diversas outras áreas do Direito (civil, administrativo, etc.). Por 
sua vez, dividem-se em genéricos e específicos. 
Os efeitos genéricos são aqueles que incidem sobre toda e qualquer 
condenação, estando previstos no art. 91 do CP, sendo apenas dois: 
Obrigação de reparar o dano e confisco: 
Art. 91 - São efeitos da condenação: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime; (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II - a perda em favor da União, ressalvado o direito do lesado ou de terceiro 
de boa-fé: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
a) dos instrumentos do crime, desde que consistam em coisas cujo fabrico, 
alienação, uso, porte ou detenção constitua fato ilícito; 
b) do produto do crime ou de qualquer bem ou valor que constitua proveito 
auferido pelo agente com a prática do fato criminoso. 
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Os efeitos genéricos são automáticos, ou seja, independem de 
ser expressamente declarados pelo Juiz na sentença. 
EXEMPLO: Se o Juiz condena alguém por roubo, o dever de reparar o 
dano causado ocorrerá independentemente de constar na sentença esse 
efeito, pois é decorrência natural e automática da sentença. 
 
Já os efeitos específicos são aqueles que recaem apenas sobre 
condenações relativas a determinados crimes, e não a todos os 
crimes em geral. Estão previstos no art. 92 do CP, sendo: 
Art. 92 - São também efeitos da condenação:(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: (Redação dada pela Lei nº 
9.268, de 1º.4.1996) 
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a 
um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para 
com a Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 
(quatro) anos nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
II - a incapacidade para o exercício do pátrio poder, tutela ou curatela, nos 
crimes dolosos, sujeitos à pena de reclusão, cometidos contra filho, tutelado 
ou curatelado; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a 
prática de crime doloso. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Tais efeitos, por sua vez, NÃO SÃO AUTOMÁTICOS, devendo 
constar na sentença condenatória, sob pena de não ocorrerem. Isto está 
previsto no § único do art. 92 do CP: 
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Parágrafo único - Os efeitos de que trata este artigo não são automáticos, 
devendo ser motivadamente declarados na sentença. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
Assim, resumidamente: 
EFEITOS DA CONDENAÇÃO 
GERAIS ESPECÍFICOS 
x Obrigação de reparar 
o dano 
x Perda em favor da 
União dos 
instrumentos do 
crime(se seu porte 
for ilícito) e dos 
produtos ou proveitos 
do crime. 
x São AUTOMÁTICOS 
x Perda de cargo, função pública ou 
mandato eletivo (a)nos crimes 
praticados com abuso de poder ou 
violação de dever para com a 
Administração Pública ± pena igual ou 
superior a 01 ano; b) Nos demais 
casos ± pena superior a 04 anos. 
x Incapacidade para o exercício do 
pátrio poder, tutela ou curatela, nos 
crimes dolosos, sujeitos à pena de 
reclusão, cometidos contra filho, 
tutelado ou curatelado. 
x Inabilitação para dirigir veículo, 
quando utilizado como meio para a 
prática de crime doloso. 
x Não são automáticos. 
 
1) Efeitos genéricos 
Obrigação de reparar o dano 
Embora as esferas cível e criminal sejam independentes, a 
sentença criminal condenatória possui o condão de fazer coisa 
julgada na seara cível, tornando certa e indiscutível (naquela 
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esfera) o dever de reparar o dano. Porém, o valor poderá ser discutido na 
esfera cível. 
A ocorrência de abolitio criminis ou anistia, embora seja fato que 
gere a rescisão da sentença condenatória, extinguindo-se a punibilidade, 
NÃO ALTERA OS REFLEXOS CIVIS DA CONDENAÇÃO. Nos termos do 
art. 2° do CP: 
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de 
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais 
da sentença condenatória. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
Essa obrigação de reparar o dano pode, inclusive, ser cobrada 
dos herdeiros do falecido1, até o limite do patrimônio a eles 
transferido, por força do art. 5°, XLV da Constituição. 
 
Confisco 
O confisco é a perda de bens de natureza ilícita em favor da 
União. O confisco recai apenas sobre os instrumentos e sobre o produto 
do crime. 
O instrumento do crime (instrumenta sceleris) é aquilo de que se 
valeu o agente para praticar o delito. Só poderão ser confiscados se se 
tratarem de coisas cuja, fabricação, alienação, uso, porte ou detenção 
constitua fato ilícito. Assim, um carro utilizado para a prática de um 
homicídio doloso por atropelamento não pode ser confiscado, por ao ser 
objeto de natureza ilícita. Entretanto, uma arma de fogo sem registro, 
com a numeração raspada e cujo possuidor não possua autorização para 
tal, deverá ser objeto de confisco. 
O produto do crime (producta sceleris) é a vantagem direta 
auferida pelo infrator em decorrência da prática do crime. 
 
1 Não confundir com a MULTA, que é PENA, e não pode ser cobrada dos herdeiros, nem mesmo se o falecido 
tiver deixado patrimônio. Com a morte do condenado, extingue-se a punibilidade da PENA de MULTA. 
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O proveito do crime, por sua vez, é a vantagem indireta obtida 
pelo agente através da especificação do produto do crime 
(transformação do ouro roubado em joia), da alienação do produto do 
crime (dinheiro decorrente da venda do produto do crime) ou preço do 
crime (crime encomendado, por exemplo). 
O confisco do produto ou do proveito do crime em prol da União 
possui natureza subsidiária, pois, em regra, o produto ou proveito crime 
será restituído à vítima, sendo efetuado em prol da União apenas no caso 
de ser desconhecida a vítima ou não ser reclamado seu valor. 
 
2) Efeitos específicos 
Perda do cargo, função pública ou mandato eletivo 
Está previsto no art. 92, I do CP: 
Art. 92 - São também efeitos da condenação:(Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
I - a perda de cargo, função pública ou mandato eletivo: (Redação dada pela 
Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
a) quando aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a 
um ano, nos crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para 
com a Administração Pública; (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
b) quando for aplicada pena privativa de liberdade por tempo superior a 4 
(quatro) anos nos demais casos. (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
Como já disse a vocês, estes não são efeitos automáticos, 
devendo estar expressos na sentença. 
EXEMPLO: se um funcionário público é condenado à pena privativa de 
liberdade de 03 anos, pelo crime de peculato, a perda do cargo público 
não decorre automaticamente da sentença condenatória, devendo o 
Juiz se manifestar expressamente neste sentido. 
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Na primeira hipótese (alínea a), o agente comete o crime contra a 
administração pública, valendo-se da sua condição de funcionário público 
(crime funcional) . Nesse caso, a perda de cargo, função pública ou 
mandato eletivo ocorrerá se for aplicada pena privativa de liberdade igual 
ou superior a um ano. 
Na segunda hipótese, trata-se de perda de cargo, função pública ou 
mandato eletivo em razão da prática de qualquer crime, desde que a 
pena privativa de liberdade por tempo superior a quatro anos. 
CUIDADO! A pena deve ser superior a quatro anos, e não DE QUATRO 
ANOS. 
Incapacidade para exercício do pátrio poder, tutela ou 
cu rateia 
Trata-se de mais um efeito específico da condenação, pois só 
poderá ocorrer na hipótese de prática de crime doloso sujeito à pena 
de reclusão, praticado contra filho, tutelado ou curatelado. 
Assim, além da necessidade de expressa previsão na sentença 
condenatória, outros três são os requisitos para a ocorrência desse efeito: 
• O crime deve ser doloso 
• Deve ser apenado com reclusão 
• Deve ter sido praticado contra filho, tutelado ou curatelado 
A sua apl icação, obviamente, não é obrigatória, pois, como vimos, 
trata-se de um efeito não-automático da condenação, devendo estar 
expressamente consignada na sentença a ocorrência deste efeito . 
A perda do pátrio poder, tutela ou curatela se dá de duas formas 
diferentes : 
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.. Em relação à vítima do delito - Em caráter permanente 
(nunca mais o infrator poderá ter o pátrio poder em relação 
àquela pessoa); 
.. Em relação a outros filhos, tutelados ou curatelados -
Em caráter provisório. Ocorrendo a reabilitação, poderá o 
infrator restabelecer o pátrio poder, a tutela ou curatela em 
relação aos demais filhos, tutelados ou curatelados. 
EXEMPLO: Imagine um caso de estupro, no qual o pai estupra a fi lha 
menor de idade. Condenado, o pai perderá o poder famil iar (pátrio 
poder) em relação a todos os filhos. No entanto, se posteriormente ele se 
reabilitar, poderá recuperar o poder fami liar em relação aos demais 
fi lhos, mas nunca mais poderá recuperar este poder em relação à vítima 
do crime (Pode parecer mentira, mas é verdade ® ). 
Inabilitação para dirigir veículo 
O art. 92, III do CP diz o seguinte: 
Art. 92 - São também efeitos da condenação: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
( ... ) 
III - a inabilitação para dirigir veículo, quando utilizado como meio para a 
prática de crime doloso. (Redaç.ão dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Portanto, são dois os requisitos: 
.. Trate-se de crime doloso; 
.. O veículo tenha sido usado como meio para a prática 
do crime 
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Por "meio" deve-se entender "meio direto", aquele que produz 
efetivamente o resu ltado delituoso. 
EXEMPLO: Se Andressa mata Bruno, atropelando-o com seu Honda 
Civic, o veícu lo foi utilizado como meio do crime. No entanto, se 
Andressa pega seu Honda Civic e se dirige até a casa de Bruno, 
esperando-o chegar do trabalho e, quando o vê, o esfaqueia por trás, o 
veículo não foi uti lizado como meio para a prática do crime, mas como 
meio de transporte. 
Temos, abaixo, um quadro esquemático para melhor compreensão 
do assunto. 
QUADRO ESQUEMÁTICO 
/ 
' EFEITOS DA 
CONDENAÇÃO 
'- ./ 
1 
1 1 
/ PENAIS 
..,, 
/ EXTRAPENAIS' 
' 
,) 
' 
1 1 
1 1 1 1 
/ PRIMÁRIOS ' /' SECUNDÁRIOS ' /' GENÉRICOS ' /' ESPECÍFICOS ' 
(AUTOMÁTICOS) (NÃO-
AUTOMÁTICOS) 
'- '- '- '-
3} REABILITAÇÃO 
A reabi litação é o instituto que visa à reinserção socia l do condenado, 
através do sigilo referente às suas anotações criminais, bem como a 
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suspensão condicional de determinados efeitos secundários da 
condenação, de natureza extrapena l. 
Nos termos do art. 93 e seu § único do CP: 
Art. 93 - A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em sentença 
definitiva, assegurando ao condenado o sigilo dos registros sobre o seu 
processo e condenação. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Parágrafo único - A reabilitação poderá, também, atingir os efeitos da 
condenação, previstos no art. 92 deste Código, vedada reintegração na 
situação anterior, nos casos dos incisos 1 e li do mesmo artigo. (Redação 
dada pela Lei nº 7. 209, de 11. 7.1984) 
-.CUIDADO! Não se trata de causa de extinção da punibi lidade! 
A) Sigilo das condenações 
O primeiro dos objetivos da reabilitação é promover o sigilo referente 
às anotações cr iminais do reabilitado. 
Em regra, cumprida ou extinta a pena, naturalmente são retiradas da 
folha de antecedentes criminais do acusado, somente podendo ser 
acessadas por QUALQUER AUTORIDADE JUDICIÁRIA, pelo membro 
do MP ou por autor idade policial (Delegado de Polícia). 
No entanto, o sigilo promovido pela reabilitação é bem mais 
amplo, pois somente pode ser quebrado mediante requisição do 
JUIZ CRIMINAL (e não de qualquer Juiz !) . 
B) Efeitos secundários extrapenais da condenação 
Com relação a esta fina lidade, a reabi litação promove a suspensão 
dos efeitos extrapenais secundários da condenação. Assim, por exemplo, 
se o condenado perdeu o poder fami liar em re lação aos fi lhos, em razão 
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de ter cometido crime doloso punido com reclusão contra qualquer filho 
(art. 92, II do CP), se for REABILITADO, poderá recuperar o poder 
familiar em relação AOS DEMAIS FILHOS QUE NÃO SOFRERAM O 
CRIME, pois o poder familiar em relação ao filho que sofreu o crime 
NUNCA MAIS SERÁ RECUPERADO (art. 93, § único do CP). 
 
C) Pressupostos e requisitos para a Reabilitação 
 
O pressuposto é apenas um: Que haja sentença condenatória 
transitada em julgado, independentemente de qual pena foi aplicada 
(privativa de liberdade, multa, etc.). 
Os requisitos são diversos. O art. 94 nos traz tais requisitos. 
Vejamos: 
Art. 94 - A reabilitação poderá ser requerida, decorridos 2 (dois) anos do dia 
em que for extinta, de qualquer modo, a pena ou terminar sua execução, 
computando-se o período de prova da suspensão e o do livramento 
condicional, se não sobrevier revogação, desde que o condenado: (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - tenha tido domicílio no País no prazo acima referido; (Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II - tenha dado, durante esse tempo, demonstração efetiva e constante de 
bom comportamento público e privado; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
III - tenha ressarcido o dano causado pelo crime ou demonstre a absoluta 
impossibilidade de o fazer, até o dia do pedido, ou exiba documento que 
comprove a renúncia da vítima ou novação da dívida. (Redação dada pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
x Requisitos objetivos ± a) A extinção da pena (Pelo 
cumprimento ou por outra forma) deve ter se dado há mais de 
dois anos; b) Deve o condenado ter reparado o dano, ou 
provar que não pode fazê-lo ou que a vítima renunciou a este 
direito; 
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x Requisitos subjetivos ± a) Domicílio no país ± O condenado 
deve ter residido no Brasil no período de dois anos após a 
extinção da pena; b) Bom comportamento público e privado ± 
O condenado deve ter apresentado, neste período de dois 
anos, um bom comportamento social. 
 
CUIDADO! O pedido de reabilitação é PRIVATIVO DO CONDENADO, 
não se estendendo aos sucessores. Assim, se o condenado faleceu sem 
requerer a habilitação, nada poderá ser feito pelos sucessores. 
 
 
Caso a reabilitação tenha sido negada, nada impede que o 
condenado a requeira novamente, a qualquer tempo, desde que traga 
fatos novos à apreciação do Juiz. É o que a Doutrina chama de caráter 
REBUS SIC STANTIBUS. Nos termos do art. 94, § único do CP: 
Parágrafo único - Negada a reabilitação, poderá ser requerida, a qualquer 
tempo, desde que o pedido seja instruído com novos elementos 
comprobatórios dos requisitos necessários. (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) 
 
A reabilitação pode ser revogada, ainda, caso o reabilitado seja 
condenado, COMO REINCIDENTE, por decisão IRRECORRÍVEL, à 
pena que NÃO SEJA DE MULTA. 
Assim, três são os requisitos para a revogação: 
x Condenação posterior 
x À pena que não seja de multa 
x Desde que o condenado seja reincidente 
 
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Assim, se já tiver ocorrido o período DEPURADOR (período de cinco 
anos que provoca a decadência da reincidência), o reabilitado pode ser 
condenado que não será revogada a reabilitação concedida, pois não será 
condenado como reincidente. 
IV - DA AÇÃO PENAL NO CÓDIGO PENAL 
Quando alguém pratica um fato criminoso, surge para o Estado o 
poder-dever de punir o infrator. Esse poder-dever, esse direito, é 
chamado de ius puniendi. 
Entretanto, o Estado, para que exerça val idamente e legitimamente o 
seu ius puniendi, deve fazê- lo mediante a utilização de um mecanismo 
que possibilite a busca pela verdade material (não meramente a verdade 
formal), mas que ao mesmo tempo respeite os direitos e garantias 
fundamentais do indivíduo. Esse mecanismo é chamado de Processo 
Penal. 
Mas, professor, onde entra a Ação Penal nisso? A ação penal é, 
nada mais nada menos, que o ato inicial desse mecanismo todo chamado 
processo penal. 
A) Espécies de Ação Penal 
A ação penal pode ser pública incondicionada, condicionada, ou 
privada. Nos termos do art. 100 do Código Penal: 
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara 
privativa do ofendido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 1 o - A ação pública é promovida pelo Ministério Público, dependendo, 
quando a lei o exige, de representaçãodo ofendido ou de requisição do 
Ministro da Justiça. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
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§ 2º - A ação de iniciativa privada é promovida mediante queixa do ofendido 
ou de quem tenha qualidade para representá-lo. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
§ 30 - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação 
pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal. (Redação 
dada pela Lei nº 7. 209, de 11. 7.1984) 
A regra é a de que a ação penal seja pública , nos termos do 
caput do art. 100 do CP, só sendo privada quando a lei expressamente 
assim disser. 
Conforme o esquemático, para facilitar a compreensão de vocês: 
AÇÃO PENAL 
PÚBLICA 
INCONDICIONADA CONDICIONADA 
PRIVADA 
EXCLUSIVA PERSONALÍSSIMA 
REPRESENTAÇÃO DO 
OFENDIDO 
REQUISIÇÃO DO MINISTRO 
DA JUSTIÇA 
SUBSIDIÁRIA DA 
PÚBLICA 
Assim pode se resumir, graficamente, as espécies de ação penal 
previstas no Código Penal e no Código de Processo Penal - CPP. A 
Doutrina cita, ainda, a ação penal popular, prevista na Lei 1.079/50, mas 
essa espécie é polêmica e não possui previsão nem no CP, nem no CPP, 
motivo pelo qual, não será objeto do nosso estudo. 
Vamos estudar, agora, cada uma das seis espécies de ação penal: 
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A) Ação penal pública incondicionada 
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É a regra no ordenamento processual pena l brasileiro . Sua 
titularidade pertence ao Ministério Público, de forma privativa, nos termos 
do art. 129, 1 da Constituição da República . Além disso, rÓl!_rio § l O 
'do art. 100 do C estabelece ser do MP a atribuição para o ajuizamento 
da ação penal pública. 
O .art. 101 do CP traz uma regra inócua, desnecessária, mas que 
vocês devem saber: 
Art. 101 - Quando a lei considera como elemento ou circunstâncias do tipo 
legal fatos que, por si mesmos, constituem crimes, cabe ação pública em 
relação àquele, desde que, em relação a qualquer destes, se deva proceder 
por iniciativa do Ministério Público. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
Trata-se da ação penal no crime complexo, que é o crime 
formado pela junção de dois outros tipos penas. Exemplo: Roubo = furto 
+ lesão corporal ou ameaça. Assim, se um dos crimes for de ação penal 
pública incondicionada, ainda que o outro não o seja, caberá ação penal 
pública. 
B) Ação penal pública condicionada (à representação do 
ofendido e à requisição do Ministro da Justiça) 
Tratam-se de duas hipóteses pertencentes à mesma categoria de 
ação penal, a ação penal pública condicionada . 
Aplica-se a esta espécie de ação pena l tudo o que foi dito a respeito 
da ação pena l pública, havendo, no entanto, alguns pontos especiais . 
Aqui, para que o MP (titu lar da ação penal) possa exercer 
legitimamente o seu direito de ajuizar a ação pena l públ ica, deverá estar 
presente uma condição de procedibilidade, que é a representação do 
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ofendido ou a requisição do Ministro da Justiça, a depender do caso . 
Frise-se que, em regra, a ação penal é pública e incondicionada . 
, omente será condicionada se a lei ex ressarnente dis user nest 
Para facilitar o estudo de vocês, elaborei os seguintes quadros com 
as peculiaridades da ação penal públ ica condicionada, tanto no caso de 
condicionamento à representação do ofendido quanto no caso de 
requisição do Ministro da Justiça : 
AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REPRESENTAÇÃO DO OFENDIDO 
).>- Trata-se de condição imprescindível, nos termos do art. 24 do CPP; 
).>- É representação admite mas 
(cuidado! Costumam colocar em provas 
de concurso que a retratação pode ocorrer até o recebimento da 
denúncia. Isto está errado! É uma pegadinha! No vocabulário 
internetês, "É uma cilada, Bino!" - risos). Isso está no . rt. 102 do 
CP e 25 do CPP; 
).>- Caso ajuizada a ação penal sem a representação, esta nulidade 
processual pode ser sanada posteriormente, caso a vítima a 
apresente em Juízo (desde que realizada dentro do prazo de 
seis meses que a vítima possui para representar. nos termos 
do art. 38 do CPP); 
).>- Não se exige forma específica para a representação, bastando que 
seja escrita e descreva claramente a intenção de ver o infrator ser 
processado. A jurisprudência admite que o simples registro de 
ocorrência em sede policial, desde que conste informação de 
que a vítima pretende ver o infrator punido, PODE ser 
considerada como representação; 
).>- A representação não pode ser dividida quanto aos autores do fato . 
Ou se representa em face de todos eles, ou não há representação, 
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pois esta não se refere propriamente aos agentes que praticaram o 
delito, mas ao fato . Quando a vítima representa, está manifestando 
seu desejo em ver o fato ser objeto de ação pena l para que sejam 
punidos os responsáveis . Entretanto, embora não possa haver 
fracionamento da representação, isso não impede que o MP 
denuncie apenas um ou alguns dos infratores, pois um dos 
princípios da ação penal pública é a divisibilidade, lembram-
se? 
)- A legitimidade para oferecer a representação é do ofendido, se 
maior de 18 anos e capaz (art. 34 do CP). Embora o disposit ivo 
legal estabeleça que se o ofendido tiver mais de 18 e menos de 21 
anos tanto ele quanto seu representante legal possam apresentar a 
representação, este artigo perdeu o sentido com o advento do 
Novo Código Civil em 2002, que estabeleceu a maioridade 
civil em 18 anos. 
)- Se ofendido fa lecer, aplica-se a ordem de legitimação prevista no 
art. 24, § 1 ° do CPP: § lo No caso de morte do ofendido ou quando 
declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao 
cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. (Parágrafo único renumerado pela 
Lei nº 8.699, de 27.8.1993). É importante lembrar que essa ordem 
deve ser observada. Assim, havendo cônjuge, e este resolvendo 
não representar, não poderá o pai do falecido representar. A 
Doutrina equipara o companheiro ao cônjuge; 
O prazo para representação está no rt. 38 do CPP e também no 
art. 103 do CP.: Art. 38. Salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu 
representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer 
dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do 
crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da 
denúncia ( ... )Art. 103 - Salvo disposição expressa em contrário, o ofendido decai do 
direito de queixa ou de representação se não o exerce dentro do prazo de 6 (seis) 
meses, contado do dia em que veio a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do § 
30 do art. 100 deste Código, do dia em que se esgota o prazo para oferecimento da 
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denúncia. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
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)- Se o ofendido for menor de idade, o prazo, para ele, só começa a 
flu ir quando este completar 18 anos; 
)- Se a vítima vier a fa lecer, o prazo começa a correr para os 
legitimados (cônjuge, ascendente, etc.) quando tomarem 
conhecimento do fato ou de sua autoria(art. 38, § único do CPP); 
)- A representação pode ser oferecida perante o MP, a autoridade 
pol icia l ou mesmo perante o Juiz; 
Já quanto à ação penal públ ica condicionada à requisição do Ministro 
da Justiça: 
AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À REQUISIÇÃO DO MINISTRO DA 
JUSTIÇA 
)- Trata-se de crimes nos quais existe um juízo político acerca da 
conveniência em vê-los apurados ou não. São poucas as hipóteses, 
citando, como exemplo, o crime cometido contra a honra do 
Presidente da Repúbl ica (art. 141, I , c/c art. 145, § único, do CP); 
)- Diferentemente do que ocorre com a representação, não há razo 
ecadencial para o oferecimento da requisi~ão, podendo esta 
ocorrer enquanto não estiver extinta a punibilidade do crime; 
)- 'A maioria da Doutrina entende gue não 
dessa re uisição, ao contrário do que ocorre com a 
representação do ofendido, por não haver previsão lega l e por se 
tratar a requisição, de um ato administrativo; 
)- O destinatário da requisição é o MP, que não está vincu lado à 
requisição, podendo deixar de ajuizar a ação penal; 
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C) Ação penal privada exclusiva 
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É a moda lidade de ação pena l privada clássica . É aquela na qual a 
Lei entende que a vontade do ofendido em ver ou não o crime 
apurado e o infrator processado são superiores ao interesse 
público em apurar o fato . 
O prazo para ajuizamento da ação penal (queixa) é decadencial de 
seis meses, e começa a fluir da data em que o ofendido tomou ciência de 
quem foi o autor do delito. Isto está previsto no art. 103 do CP e no art. 
38 do CPP. 
O STF e o STJ entendem que se a gueixa foi ajuizada dentro 
do Rrazo legal mas perante juízo incompetente, mesmo assim 
terá sido interromP-ido o P-razo decadencial, ROis o ofendido não 
ficou inerte. 
O ofendido pode ainda, renunciar ao direito de ajuizar a ação 
(queixa), e se o fizer somente a um dos infratores, a todos se estenderá, 
por força do art. 49 do CPP: 
Art. 49. A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos 
autores do crime, a todos se estenderá. 
Frise-se que esta renúncia pode ser expressa ou tácita . Nos 
termos do art. 104 e seu§ único, do CP: 
Art. 104 - O direito de queixa não pode ser exercido quando renunciado 
expressa ou tacitamente. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Parágrafo único - Importa renúncia tácita ao direito de queixa a prática de 
ato incompatível com a vontade de exercê-lo; não a implica, todavia, o fato 
de receber o ofendido a indenização do dano causado pelo crime. (Redação 
dada pela Lei nº 7. 209, de 11. 7.1984) 
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'A renúncia só ode ocorrer antes do ajuizamento da demanda 
e P.Ode ser exRressa ou tácita. ~ ós o a"uizamento da demanda o 
CPP: 
oderá ocorrer é o erdão do ofendid . Nos termos do art. 51 do 
Art. 51. O perdão concedido a um dos querelados aproveitará a todos, sem 
que produza, todavia, efeito em relação ao que o recusar. 
A utilização do termo querelado denota que só pode ocorrer o 
perdão depois de ajuizada a queixa, pois só após este momento há 
querelante (ofendido) e querelado (autor do crime). 
Além disso, o .art. 105 do CP fala em "obstar o prosseguimento da 
ação penal" . Daí se conclui que esta deve ter sido ajuizada: 
Art. 105 - O perdão do ofendido, nos crimes em que somente se procede 
mediante queixa, obsta ao prosseguimento da ação. (Redação dada pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984) 
O perdão, à semelhança do que ocorre com a renúncia ao direito de 
queixa, também pode ser expresso ou tácito. No primeiro caso, é 
simples, decorre de manifestação expressa do querelante no sentido de 
que perdoa o infrator. No segundo caso, decorre da prática de algum ato 
incompatível com a intenção de processar o infrator (ex.: Casar-se com o 
infrator). Nos termos do art. 106 e seu § 1 ° do CP.: 
Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tácito: (Redação 
dada pela Lei nº 7. 209, de 11. 7.1984) 
( ... ) 
§ 1 o - Perdão tácito é o que resulta da prática de ato incompatível com a 
vontade de prosseguir na ação. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
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O perdão do ofendido deve também deve seguir às seguintes 
regras: 
x Deve ser oferecido, no máximo, até o trânsito em julgado 
da sentença condenatória; 
x Se concedido a um dos querelados, a todos se estende; 
x Se um dos ofendidos o conceder, isto não prejudica o direito 
dos demais ofendidos; 
x Só produz efeitos em relação ao querelado que o aceitar (trata-
se, portanto, de ato bilateral: oferecimento + aceitação) 
 
Estas regras estão previstas no art. 106, I, II e III, e seu § 2° do CP: 
Art. 106 - O perdão, no processo ou fora dele, expresso ou tácito: (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - se concedido a qualquer dos querelados, a todos aproveita; (Redação 
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
II - se concedido por um dos ofendidos, não prejudica o direito dos outros; 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
III - se o querelado o recusa, não produz efeito. (Redação dada pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
(...) 
§ 2º - Não é admissível o perdão depois que passa em julgado a sentença 
condenatória. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
 
D) Ação penal privada subsidiária da pública 
Trata-se de hipótese na qual a ação penal é, na verdade, pública, ou 
seja, o seu titular é o MP. No entanto, em razão da inércia do MP em 
oferecer a denúncia no prazo legal (em regra, 15 dias se réu solto, ou 
05 dias se réu preso), a lei confere ao ofendido o direito de ajuizar 
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uma ação penal privada (queixa) que substitui a ação penal 
pública . Esta previsão está contida no art. 29 do CPP: 
Art. 29. Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não 
for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa, 
repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do 
processo, fornecer elementos de prova, interpor recurso e, a todo tempo, no 
caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. 
Há previsão, ainda, no art. 100, §3º do CP: 
Art. 100 - A ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara 
privativa do ofendido. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
( ... ) 
§ 30 - A ação de iniciativa privada pode intentar-se nos crimes de ação 
pública, se o Ministério Público não oferece denúncia no prazo legal. (Redação 
dada pela Lei nº 7. 209, de 11. 7.1984) 
CUIDADO! O STJ entende que se o MP ajuíza a ação penal somente 
em face de alguns dos acusados, e silencia a respeito dos outros, 
não há possibilidade de manejo da ação penal privada subsidiária 
da pública . 
Por fim, não é admissível o perdão do ofendido na ação penal privada 
subsidiária da pública, pois se trata de ação originariamente pública, na 
qual só se admit iu o manejo da ação privada em razão de uma 
circunstância temporal. Tanto é assim ue o art. 105 do CP. 
estabelece ue: 
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Art. 105 - O perdão do ofendido, nos crimes em que somente se procede 
mediante queixa, obsta ao prosseguimento da ação. 
Ora, se o artigo fala em "crimes em que somente se procede 
mediante gueixa", exclui desta lista a ação penal privada subsidiária da 
pública. 
Na verdade, nenhum dos institutos exclusivos da ação penal 
privada são admitidos na ação penal privada subsidiária da 
pública (renúncia, perdão, perempção, etc.), pois aqui temos uma 
verdadeira ação penal pública, cuja titularidade foi conferida 
excepcionalmente ao ofendido. 
E) Ação penal personalíssima 
Trata-se de modalidade de ação penal privada exclusiva, cuja única 
diferença é que, nesta hipótese, somente o ofendido (mais ninguém, 
em hi ótese nenhuma!) poderá ajuizar ação. Assim, se o ofendido 
fa lecer, nada mais haverá a ser feito, estando extinta a punibilidade, pois 
a legitimidade não se estende aos sucessores, como acontece nos demais 
crimes de ação privada. 
Além disso, se o ofendido é menor, o seu representante não pode 
ajuizar a demanda. Assim, deve o ofendido aguardar a maioridade para 
ajuizar a ação penal privada. 
A única hipótese ainda existente no nosso ordenamento é o crime 
previsto no art. 236 do CP: 
Art. 236 - Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro 
contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior: 
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. 
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Parágrafo único - A ação penal depende de queixa do contraente 
enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a 
sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento. 
V - PUNIBILIDADE E SUA EXTINÇÃO 
Quando alguém comete um fato definido como crime, surge para o 
Estado o poder-dever de punir. Esse direito de punir chama-se ius 
puniendi. 
Em regra, todo fato típico, ilícito e praticado por agente culpável, é 
punível. No entanto, o exercício do ius puniendi encontra limitações de 
diversas ordens, sendo a principal delas a limitação temporal (prescrição). 
Desta forma, o Estado deve exercer o ius puniendi da maneira 
prevista na lei (através do manejo da Ação Penal no processo penal), bem 
como deve fazê-lo no prazo legal . 
Para o nosso estudo interessam mais as hipóteses de extinção da 
punibil idade. Vamos analisá- las então! 
O art. 107 do CP prevê que: 
Art. 107 - Extingue-se a punibilidade: (Redação dada pela Lei nº 7.209, 
de 11.7.1984) 
I - pela morte do agente; 
li - pela anistia, graça ou indulto; 
Ili - pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como criminoso; 
IV - pela prescrição, decadência ou perempção; 
V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão aceito, nos crimes de 
ação privada; 
VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a admite; 
IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei. 
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O primeiro caso é bem simples. Falecendo o agente, extingue-se a 
punibilidade do crime, pois, como vimos, no Direito Penal vigora o 
princípio da intranscendência da pena, ou seja, a pena não pode 
passar da pessoa do criminoso. Assim, com a morte deste, cessa o 
direito de punir do Estado. 
A anistia, a graça e o indulto são modalidades muito parecidas de 
extinção da punibilidade. Entretanto, não se confundem. 
A anistia exclui o P.róP.rio crime, ou seja, o Estado determina que 
as condutas praticadas (já praticadas, ou seja, fatos consumados) pelos 
agentes não sejam consideradas crimes. A anistia pode ser concedida 
pelo Poder Legislativo, e pode ser conferida a qualquer momento 
(inclusive após a sentença penal condenatória transitada em julgado). 
EXEMPLO: Determinados policiais militares resolvem fazer greve por 
melhores salários, condições de trabalho, etc. Na greve, fazem piquetes, 
acabam coagindo colegas, etc. Tais pessoas estarão praticando crime. 
Contudo, posteriormente, o Poder Legislativo verifica que são pessoas 
boas, que agiram no impulso, compelidas pela precária situação da 
Corporação e, portanto, decide ANISTIÁ-LOS, ou seja, o Poder Público irá 
"esquecer" que tais crimes foram praticados (aqueles crimes praticados 
naquelas circunstâncias, ou seja, somente aqueles ali mesmo!). 
Alguns autores diferenciam a anistia em anistia própria e anistia 
imprópria. A anistia própria seria aquela concedida ANTES da 
condenação e anistia imprópria seria aquela concedida APÓS a 
condenação. 
Pode, ainda, ser: 
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x Irrestrita ou restrita ± Será irrestrita quando se dirigir a 
todos os agentes. Será restrita quando exigir do agente 
determinada qualidade específica (ser primário, por exemplo). 
x Incondicionada ou condicionada ± Será incondicionada 
quando não impuser nenhuma condição. Será condicionada 
quando impuser uma condição para sua validade (Como, por 
exemplo, a reparação do dano causado). 
x Comum ou especial ± A primeira é destinada a crimes 
comuns, e a segunda é destinada a crimes políticos. 
Já a Graça e o indulto são bem mais semelhantes entre si, pois 
não excluem o FATO criminoso em si, mas apenas extinguem a 
punibilidade em relação a determinados agentes (podem ser 
todos), e só podem ser concedidos pelo Presidente da República. 
EXEMPLO: Imaginemos que, no exemplo da greve dos policiais militares, 
o Presidente da República assinasse um Decreto concedendo indulto a 
150 dos 300 policiais militares envolvidos. Percebam que o fato criminoso 
QmR�IRL�³HVTXHFLGR´�SHOR�(VWDGR��+RXYH�DSHQDV�D�H[WLQomR�GD�SXQLELOLGDGH�
em relação a alguns infratores. Assim, a ANISTIA atinge o FATO (e 
por via reflexa, a punibilidade). A graça e o indulto atingem 
DIRETAMENTE A PUNIBILIDADE. 
 
A Graça é conferida de maneira individual, e o indulto é conferido 
coletivamente (a um grupo que se encontre na mesma situação). 
A anistia só pode ser causa de extinção total da punibilidade (pois, 
como disse, exclui o próprio crime). Já a Graça e o indulto podem ser 
parciais. 
Pode ser extinta a punibilidade, também, pelo fenômeno da abolitio 
criminis, nos termos do art. 107, III do CP. Como vimos, a abolitio 
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criminis ocorre quando surge lei nova que deixa de considerar o 
fato como crime. 
CUIDADO! Não confundam abolitio criminis com anistia. A abolitio 
criminis não se dirige a um fato criminoso específico, já praticado, A 
abolitio criminis simplesmente faz desaparecer a própria figura típica 
prevista na Lei, ou seja, a conduta incriminada (o tipo penal) deixa de 
existir. 
 
Pode ocorrer, ainda, de o ofendido, nos crimes de ação penal 
privada, renunciar ao direito de oferecer queixa, ou conceder o 
perdão ao acusado. Nesses casos, também estará extinta a 
punibilidade. 
A renúncia ao direito de queixa ocorre quando, dentro do prazo de 
seis meses de que dispõe o ofendido para oferecê-la, este renuncia ao 
direito, de maneira expressa ou tácita. A renúncia tácita ocorre quando o 
ofendido pratica algum ato incompatível coma intenção de 
processar o agente (quando, por exemplo, convida o infrator pra ser 
seu padrinho de casamento). 
O perdão, por sua vez, é muito semelhante à renúncia, com a 
ressalva de que o perdão só pode ser concedido quando já ajuizada 
a ação penal privada, e que o simples oferecimento do perdão, por si 
só, não gera a extinção da punibilidade, devendo o agente aceitar o 
perdão. 
Ocorrendo a renúncia ao direito de queixa, ou o perdão do 
ofendido, e sendo este último aceito pelo querelado (autor do fato), 
estará extinta a punibilidade. 
Em determinados crimes o Estado confere o perdão ao infrator, por 
entender que a aplicação da pena não é necessária. É o chamado 
³SHUGmR� MXGLFLDO´. É o que ocorre, por exemplo, no caso de homicídio 
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culposo no qual o infrator tenha perdido alguém querido (Lembram-se do 
caso Herbert Viana?) . Essa hipótese está prevista no art. 121, § 5° do CP: 
§ 50 - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a 
pena, se as conseqüências da infração atingirem o próprio agente de forma 
tão grave que a sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei nº 
6.416, de 24.5.1977) 
Então, nesse caso, ocorrendo o perdão judicia l, também estará 
extinta a punibilidade. Além disso, o art. 120 do CP diz que se houver o 
perdão judicia l, esta sentença que concede o perdão judicial não é 
considerada para fins de reincidência (apesar de ser uma sentença 
condenatória). 
~t"º"' atento! 
PERDÃO DO RENÚNCIA PERDÃO JUDICIAL 
OFENDIDO 
Concedido pela Concedida pela Concedido pelo 
VÍTIMA VÍTIMA Estado (Juiz) 
Somente nos crimes Somente nos crimes Somente nos casos 
de ação penal de ação penal previstos em Lei 
privada privada 
Depois de ajuizada a Antes do Na sentença 
ação penal ajuizamento da ação 
penal 
Precisa ser aceito Não precisa ser Não precisa ser 
pelo infrator aceito pelo infrator aceito pelo infrator 
Nos termos do inciso VI do art. 107, a retratação do agente 
também é hipótese de extinção da punibilidade, nos casos em gue 
a lei a admite. Acontece isto, por exemplo, nos crimes de calúnia ou 
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difamação, nos quais a lei admite a retratação como causa de extinção da 
punibilidade, se realizada antes da sentença. Nos termos do art. 143 do 
CP: 
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da 
calúnia ou da difamação, fica isento de pena. 
 
Há, também, a extinção da punibilidade pela decadência ou pela 
perempção. A decadência ocorre quando a vítima deixa de ajuizar a 
ação penal dentro do prazo, ou quando deixa de oferecer a 
representação dentro do prazo (nos casos de crimes de ação penal 
privada e de ação penal pública condicionada à representação, 
respectivamente). O prazo é de seis meses a contar da data em que a 
vítima passa a saber quem foi o autor do fato. 
A perempção, por sua vez, é a extinção da ação penal privada 
SHOR� ³GHVOHL[R´� GD� YtWLPD (quando deixa de dar seguimento à ação, 
deixa de comparecer a alguma ato processual a que estava obrigado, 
etc.). Está prevista no art. 60 do CPP: 
Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-
se-á perempta a ação penal: 
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do 
processo durante 30 dias seguidos; 
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não 
comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 
(sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o 
disposto no art. 36; 
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a 
qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o 
pedido de condenação nas alegações finais; 
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar 
sucessor. 
 
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Por fim, temos a clássica e mais comum hipótese de extinção da 
punibilidade: a PRESCRIÇÃO. A prescrição é a perda do poder de exercer 
um direito em razão da inércia do seu titular. Ou seja, é o famoso 
³FDPDUmR�TXH�GRUPH�D�RQGD�OHYD´� 
A prescrição pode ser dividida basicamente em duas espécies: 
Prescrição da pretensão punitiva e prescrição da pretensão 
executória. 
A primeira pode ocorrer quando ainda não há sentença penal 
condenatória transitada em julgado, e a segunda pode ocorrer 
somente depois de já haver sentença penal condenatória 
transitada em julgado. Vamos estudá-las em tópicos separados. 
 
A) Prescrição da pretensão punitiva 
Aqui o Estado ainda não aplicou (em caráter definitivo) uma sanção 
penal ao agente que praticou a conduta criminosa. 
Mas qual é o prazo de prescrição? O prazo prescricional varia de 
crime para crime, e é definido tendo por base a pena máxima 
estabelecida, em abstrato, para a conduta criminosa. Nos termos do art. 
109 do CP: 
Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o 
disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-se pelo máximo da pena 
privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-se: (Redação dada pela 
Lei nº 12.234, de 2010). 
I - em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze; 
II - em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não 
excede a doze; 
III - em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não 
excede a oito; 
IV - em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede 
a quatro; 
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V - em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo 
superior, não excede a dois; 
VI - em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano. 
(Redação dada pela Lei nº 12.234, de 2010). 
Prescrição das penas restritivas de direito 
Parágrafo único - Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos 
prazos previstos para as privativas de liberdade. (Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 1.1..7.1.984) 
Assim, no crime de homicídio simples, por exemplo, para o qual a lei 
estabelece pena máxima de 20 anos (art. 121 do CP), o prazo 
prescricional é de 20 anos, pois a pena máxima é superior a 12 
anos. O crime de furto simples, por exemplo, (art. 155 do CP) prescreve 
em oito anos, pois a pena máxima prevista é quatro anos. 
FIQUE 
atento! 
CUIDADO! O prazo de prescrição do crime não é igual à pena máxima a 
ele estabelecida, mas é calculado através de uma tabela que leva 
em consideração a pena máxima! 
Mas professor, quando começa a correr o prazo prescricional? 
Simples, meus caros. A resposta para esta pergunta está no art. 111 do 
CP: 
Art. 111 - A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, 
começa a correr: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
I - do dia em que o crime se consumou; (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 
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II - no caso de tentativa, do dia em que cessou a atividade criminosa; 
(Redação dada pelaLei nº 7.209, de 11.7.1984) 
III - nos crimes permanentes, do dia em que cessou a permanência; 
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
IV - nos de bigamia e nos de falsificação ou alteração de assentamento do 
registro civil, da data em que o fato se tornou conhecido. (Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
V - nos crimes contra a dignidade sexual de crianças e adolescentes, 
previstos neste Código ou em legislação especial, da data em que a vítima 
completar 18 (dezoito) anos, salvo se a esse tempo já houver sido proposta a 
ação penal. (Redação dada pela Lei nº 12.650, de 2012) 
Apenas um comentário em relação a este artigo: A regra, aqui, é de 
que o prazo prescricional comece a fluir no dia em que o crime se 
consuma. 
1 ')Q 
mais fundo 
CUIDADO! Lembrem-se de que o crime se considera praticado (tempo 
do crime) quando ocorre a conduta, e não a consumação. Assim: 
Tempo do crime - Momento da conduta 
Início do prazo prescricional - Momento da consumação 
Prestem atenção para não errarem isso, pois esta é uma pegadinha que 
pode derrubar vocês no concurso. 
EXEMPLO: Em 10.01.2010 José atira em Maria, querendo sua morte. 
Maria vai para o Hospita l e só vem a fa lecer em 15.04.2010. No caso em 
tela, o tempo do crime é o dia 10.01.2010 (data em que foi praticado o 
delito). O início do prazo prescriciona l, porém, terá como base o dia 
15.04.2010, eis que somente nesta data o delito se consumou . 
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Como nos crimes tentados não há propriamente consumação (pois 
não há resultado naturalístico esperado), o prazo prescricional começa 
a fluir da data em que cessa a atividade criminosa, mesmo critério 
utilizado para os crimes permanentes. 
Na hipótese de pena de multa, como calcular o prazo 
prescricional? Se a multa for prevista ou aplicada isoladamente, o 
prazo será de dois anos. Porém, se a multa for aplicada ou prevista 
cumulativamente com a pena de prisão (privativa de liberdade), o prazo 
de prescrição será o mesmo estabelecido para a pena privativa de 
liberdade. Isto é que se extrai do art. 114 do CP: 
Art. 114 - A prescrição da pena de multa ocorrerá: (Redação dada pela Lei nº 
9.268, de 1º.4.1996) 
I - em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada; 
(Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
II - no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de 
liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou 
cumulativamente aplicada. (Incluído pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 
 
A prescrição dD�SUHWHQVmR�SXQLWLYD�SRGH�VHU�D�³RUGLQiULD´��TXH�p�HVWD�
que vimos até agora (e utiliza a pena máxima prevista como base), mas 
WDPEpP�SRGH�VHU�D�³LQWHUFRUUHQWH´� 
A prescrição da pretensão punitiva em sua modalidade 
³LQWHUFRUUHQWH´ é aquela que ocorre DEPOIS da sentença penal 
condenatória, quando há trânsito em julgado para a ACUSAÇÃO, mas não 
para a defesa. 
Como assim? Imagine que José tenha sido condenado pelo crime de 
homicídio a 06 anos de reclusão. A acusação não recorre, por entender 
que a pena está num patamar razoável. A defesa, porém, recorre da 
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já que quando o Tribunal for apreciar o recurso de apelação não poderá 
prejudicar o réu (recorrente), pelo princípio da non reformatio in pejus. 
Bom, considerando o exemplo acima, como a defesa não pode ser 
prejudicada no julgamento de seu recurso, podemos chegar à conclusão 
de que o máximo de pena que José irá receber será 06 anos (a pena 
atual). A partir deste momento o prazo prescricional passa a ser calculado 
tendo como base esta pena aplicada (e não mais a pena máxima em 
abstrato). 
Vejam que há uma implicação prática: Neste caso, o prazo 
prescricional diminui consideravelmente: Antes, o prazo prescricional 
(ordinário) era de 12 anos (pois a pena máxima é de 20 anos). Agora, o 
prazo prescricional a ser considerado (intercorrente) será de 12 
anos (pois a pena aplicada é de 06 anos. Está entre 04 e 08, nos termos 
do art. 109, III do CP). 
Vejamos o art. 110, §1º do CP: 
Art. 110 (...) 
§ 1º A prescrição, depois da sentença condenatória com trânsito em julgado 
para a acusação ou depois de improvido seu recurso, regula-se pela pena 
aplicada, não podendo, em nenhuma hipótese, ter por termo inicial data 
anterior à da denúncia ou queixa. (Redação dada pela Lei nº 12.234, de 
2010). 
 
A prescrição intercorrente, por sua vez, pode ser: 
x Superveniente ± Quando ocorre entre o trânsito em julgado 
da sentença condenatória para a acusação e o trânsito em 
julgado da sentença condenatória em definitivo (tanto para a 
acusação quanto para defesa). 
x Retroativa ± Quando, uma vez tendo havido o trânsito em 
julgado para a acusação, se chega à conclusão de que, naquele 
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momento, houve a prescnçao da pretensão punitiva entre a 
data da denúncia (ou queixa) e a sentença condenatória . 
Vejamos o esquema : 
PRESCRIÇÃO 
PRTENSÀO PUNITIV PRETENSÃO EXECUTÓRIA 
ORDINÁ 
(COMU 
RIA 
M) 
-----i 
INTERCORRENTE 
C1lcul1da com bue n1 
pena máxima prevista em 
abstrato 
<;UPERVENIENTE RETROATIVA 
1 
Entre o tran5lto em J 
Julgado pilra il acus,1ção 
e o efetivo transito em 
julgado 
1 
Entre o recebimento d11 J 
denúncia (ou queixa) e a 
sentença condenatôrla. 
Cllcul1da com base n1 
pena aplicada. 
Esse é o sistema que vigora atualmente. Antes da Lei 12.234/10 
havia uma outra hipótese de prescrição retroativa, que era a que ocorria 
entre o fato criminoso e o recebimento da denúncia ou queixa. 
Atua lmente essa hipótese NÃO EXISTE MAI S. 
Isso significa que não há mais hipótese de ocorrer prescrição 
entre a data do fato e a data do recebimento da denúncia ou 
queixa? Não, não é isso que ocorreu . O que não pode mais ocorrer é a 
prescrição RETROATIVA (ou seja, aquela ca lculada com base na pena 
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aplicada) entre a data do fato e a data do recebimento da denúncia ou 
queixa. Nada impede, porém, que nesse lapso temporal ocorra a 
prescrição da pretensão punitiva ordinária (ou comum). 
CUIDADO! Tal previsão (vedação à prescrição retroativa tendo como 
marco inicial data anterior ao recebimento da denúncia ou queixa) é 
muito prejudicial ao réu, pois lhe retira uma possibilidade de ver sua 
punibilidade extinta. Desta forma, NÃO poderá retroagir para alcançar 
crimes praticados ANTES de sua entrada em vigora (Em 2010). Assim, 
aos crimes praticados ANTES da Lei 12.234/10, é possível 
aplicarmos a prescrição retroativa entre a data da consumação do delito 
e o recebimento da denúncia ou queixa. 
 
Vou utilizar um caso exemplificativo para que possamos esclarecer as 
diversas hipóteses de prescrição da pretensão punitiva: 
 
EXEMPLO: Marcelo pratica o crime

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