Buscar

Contrarrazões de Apelação Amarantes

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Marcelo Michel Portella Janaína Leite Portella
OAB/RS Nº 30.852 OAB/RS Nº 42.649
___________________________________________________________________________________________
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE SOLEDADE– RS.
 			Processo nº 036/1.11.0003461-6
ANTONIO PAULO DUTRA DO AMARANTE e IVONE TEREZINHA DO AMARANTE, ambos já qualificados, vem, por meio de seus advogados infra constituídos, perante Vossa Excelência, apresentar contrarrazões ao Recurso de Apelação interposto por BELA REGINA DUTRA ANTUNES e outros, já qualificados, pelos fatos e fundamentos que passa a expor:
Atenta, a Apelada ao teor da Nota de Expediente nº 349/2018, vêm, tempestivamente, sendo feriados os dias 12 de outubro – sexta-feira, apresentar Contrarrazões ao Recurso de Apelação interposto por BELA REGINA DUTRA ANTUNES e outros, requerendo seu recebimento e acolhimento das razões para julgar improvido o recurso.
		 	DIANTE DO EXPOSTO, requer, após cumpridas as formalidades legais, sejam os autos remetidos à apreciação do Egrégio Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul.
 			Termos em que aguarda deferimento.
 Passo Fundo - RS, 17 de outubro de 2018.
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
	PROCESSO n°. 036/1.11.0003461-6
APELANTE: BELA REGINA DUTRA ANTUNES E OUTROS
Adv.: Defensor Público
APELADADA: ANTONIO PAULO DUTRA DO AMARANTE e IVONE TEREZINHA DO AMARANTE
Adv.: Marcelo Michel Portella OAB/RS 30.852
Janaina Leite Portella OAB/RS 42.649
ORIGEM: 1º Vara Cível da Comarca de Soledade- RS
CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO
Colenda Câmara
Eméritos Julgadores
	I – DA DECISÃO RECORRIDA:
	 A decisão recorrida refere-se a nominada ação anulatória de escritura pública de cessão e transferência de direitos possessórios ajuizada pelos Apelantes, onde alegam em suma que detêm direitos possessórios em relação à área de terras de 237.319,17m2, que lhes foram transferidos por herança, aduzem os corréus ora Apelados ANTONIO e IVONE também detêm direitos possessórios sobre a área, alegam que esses corréus cederam esses direitos aos corréus DIRCEO e ELOISA sem sua anuência, afirmam ainda, que os direitos cedidos excedem aos titularizados pelos cedentes, pelo que sustentam a nulidade da cessão, por força do disposto nos artigos 166 e 171 do Código Civil, postulando a declaração de nulidade do negócio celebrado entre os corréus ora Apelados.
A decisão recorrida, julgou extinto o feito, por ilegitimidade ativa, com fundamento no inciso VI do artigo 485 do Código de Processo Civil de 2015, sinalizando em seu relatório todos os autores cederam os pretensos direitos possessórios que afirmam titularizar em relação à área de 237.319,17m2 ao terceiro Juliano Correa Brusco, conforme se infere da escritura pública nº 292606709 (fls. 31-33), assim não detendo os autores legitimidade para sustentar a pretensa nulidade da escritura pública de cessão de direitos possessórios celebrada entre os corréus, tombada sob o nº 29458609, considerando se houve, por meio desse negócio, cessão de área superior àquela a que fariam jus, na ótica dos coautores, os corréus Antonio Paulo Dutra Do Amarante e Ivone Teresinha Do Amarante, somente Juliano é que detém legitimidade para opor-se ao negócio.
	Restando demonstrada breve síntese do julgamento da lide, passa-se a impugnar as razões de recurso de apelação apresentadas pela parte Apelante; bem como, apresentar as contrarrazões, a serem conhecidas e ensejarem o improvimento do recurso interposto.
	II – DA SÍNTESE DO RECURSO DE APELAÇÃO:
	A parte Apelante cinge-se em reiterar alegações já trazidas aos autos, aduz que a carência de ação por ilegitimidade passiva não merece prosperar, alegam os autores ora Apelantes são herdeiros legítimos de João Dutra Martins, ostentando, desse modo, a condição de sucessores por atos “causa mortis” , podendo reivindicar os bens deixados pelo falecido, assim como discutir qualquer relação jurídica que diga respeito ao espólio, citam como fundamento disposições do artigo 1791 do Código Civil.
	Alegam ao contrário do aludido pelo Ilustríssimo Magistrado em prolação de sentença, os direitos possessórios cedidos pelos Apelantes ao terceiro Juliano Correa Brusco não representam a totalidade da área que lhes é cabível por direito, e por tanto não tendo ocorrido a transferência da integralidade da área ao terceiro, subsiste legitimidade a qualquer dos herdeiros reivindicar a propriedade e/ou a posse da área remanescente, termos nos quais pleiteiam a nulidade do julgado “a quo”, no intuito de que seja o ônus probandi devidamente devolvido.
	No mérito o Recurso de Apelação oferecido pela parte Apelante resume-se em reiterar alegações já trazidas aos autos pelos mesmos em manifestações anteriores, alegando assistem razão pois a área de 58.450m² cedidas pelos Apelados Antonio e Ivone estaria inserida dentro do todo maior de 237.319.19m² pertencente ao espolio e, por consequência, a totalidade dos herdeiros, e não em área distinta, baseando alegações no laudo acostado fls. 131.
 	Alegam que de acordo com o laudo pericial acostado fls. 129, a área destinada a cada herdeiro assoma a 19.776,597m², entretanto, de acordo com a escritura publica de fl.30, os Apelados Antonio Paulo e Ivone, cederam a Dirceu e Eloisa área de terras no montante de 58.450m², ou seja, área cedida suplanta, em muito, ao quinhão hereditário que poderiam dispor, aduzem ainda que com base na escritura observa-se que além de ceder área maior, não foram respeitadas as formalidades exigidas para transferência onerosa de direitos possessórios ao lavrar-se o instrumento em epigrafe, precipuamente, no tocante a falta de anuência dos demais possuidores da propriedade, citam a previsão do artigo 1793 do CC, aduzindo vedada a cessão por um dos herdeiros de seu direito hereditário em relação a qualquer bem da herança considerado singularmente, executando-se a precedência de autorização judicial, enquanto estiver pendente a indivisibilidade, embora exista a possibilidade de dispensa da autorização judicial nos casos de manifestação expressa dos demais herdeiros quanto a sua anuência em relação a cessão do bem, afirmam estes requisitos comprovadamente não foram atendidos pelos Apelados.
Por fim, requerem a reforma da sentença, para o indeferimento dos pedidos da Apelada.
	Esta é a breve síntese do Recurso de Apelação apresentado pelos Apelantes, de modo que, passa-se abaixo a apresentar as razões de fato e direito que levaram a parte Apelada a oferecerem contrarrazões, impondo-se o não provimento do recurso interposto.
	III – DAS CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO:
	No que se refere a alegação de ilegitimidade passiva da Apelante CAPASEMU, a mesma já fora julgada improcedente, decisão está que deve prosperar, pois como já referido a responsabilidade das prestadoras de serviços na área médica, como já decidido pelos tribunais, é de natureza objetiva, pois oferece serviços médicos e odontológicos aos associados em suas dependências, respondendo solidariamente com o profissional pela prestação do serviço independente de culpa, bastando a comprovação do agir e seu nexo de causalidade com a lesão sofrida.
 	A apresentação de Contrato de Prestação de serviços firmado entre a Apelante e a COOPERPASSO, não exime sua responsabilidade solidariamente com o prestador de serviço, salientando-se que mesmo supostamente sendo a relação entre CAPASEMU e a COOPERPASS de regime terceirizado, o mesmo não ocorre entre a CAPASEMU e seus assistidos, pelo que não há que se falar em ilegitimidade passiva da Apelante CAPASSEMU.
 	No mérito a alegação de que a Apelada não comprovou, a existência do nexo causal entre os atendimentos realizados pelo dentista Rogério e a fratura do dente nº 11, não procede, pois conforme consta nos autos e comprovado pela ficha anexada (fl. 20), fora realizado tratamento
de canal do dente elemento 11 realizado pelo dentista Rogério, decorrido algum tempo da realização do tratamento de canal dos dentes citados, a Apelada voltou a sentir fortes dores no dente “11” (dente da frente, como identificado na inicial, fls. 2), procurando novamente atendimento odontológico e sendo atendida pelo dentista Leandro, qual indicou que era responsabilidade do Réu Rogério que já havia iniciado o tratamento. 
 	A Autora ora Apelada procurou por diversas vezes atendimento de emergência em razão das fortes dores que sentia no elemento 11, sendo que em nenhuma das vezes os médicos que lhe atenderam chegaram a realizar algum procedimento no dente doente, pois a mesma estava em tratamento junto a Apelante, com o dentista Rogério.
 	A Apelante afirma que da análise do prontuário da Apelada pode-se observar que existe grande diferença entre a realidade fática e a história narrada na inicial, porém a mesma não se desincumbe de comprovar referida alegação. 	Aduz a Apelante que a Apelada não permaneceu em tratamento de canal do dente (elemento nº 11) durante um ano, alega que referida situação não condiz com a realidade, afirma que resta comprovado documentalmente que a Apelada iniciou tratamento no dia 24/08/2006 e concluiu no dia 15/02/2017, aduz que neste período a Apelada faltou a consultas marcadas diversas vezes, bem como que a mesma recebeu tratamento por outro profissionais em diversos outros dentes.
 	Afirma que após o termino do tratamento do dente/ elemento nº 11 a Apelada continuou sendo atendida por outros profissionais, tratando diversos outros dentes, sem qualquer registro ou queixa sobre o elemento 11, em seguida enfatizou que apenas no dia 09/10/2007 houve queixa da Apelada sobre o elemento 11, no qual fora constatada fratura, oito meses após tratamento de canal.
	Nesse sentido, esclarecesse que a Apelante momento algum fez provas de datas de início e termino do tratamento da Apelada, pelo que refere fazer prova documental, porém não indica a prova produzida, onde a mesma encontra- se nos autos, ainda com relação a atendimentos com outros profissionais já fora esclarecido que em decorrência da negligencia do Dentista Rogério a mesma viu- se obrigada a procurar outros profissionais, salientando- se porem que quando permaneceu em tratamento com referido profissional, nenhum procedimento com profissional diverso fora realizado no dente identificado como elemento 11, que continuava em tratamento com o Dr. Rogério, sendo que este atendia a Autora, realizava procedimentos e aplicava curativos.
 	Esclarecesse ainda, qualquer mediano sabe que a realização de tratamento odontológico é muito delicada, e que sequelas de um tratamento deficiente podem aparecer de imediato, bem como na maioria das vezes, decorrido algum tempo da realização do mesmo, como ocorreu com a Apelada.
 	A Apelante alega que a constatação da fratura ocorreu em 09/10/2007, e que já no dia seguinte a Apelada procurou outro profissional, sem sequer iniciar outro procedimento com as demandadas, afirma que a CAPASEMU somente teve conhecimento da situação com a citação da presente demanda, afirma assim que a Apelada tenta se aproveitar da situação para se beneficiar com uma possível indenização, alega que a Apelada tratava diversos dente com outros profissionais, faltava as consultas, demonstrava falta de cuidado para com sua saúde bucal, que a mesma poderia ter realizado tratamento no consultório odontológico da demandada.
	Nessa senda, evidente sem fundamento as alegações da Apelante, sendo claro que após tratamento deficiente por um profissional na gravidade dos danos ocasionados a Apelada, que qualquer pessoa iria de imediato procurar outro profissional, além do que nas vezes em que procurou atendimento junto as Demandadas recebeu apenas curativos.
 	No que se refere as alegações de que a Apelada tratava diversos dente com outros profissionais, faltava as consultas, demonstrava falta de cuidado para com sua saúde bucal, que a mesma poderia ter realizado tratamento no consultório odontológico da demandada, primeiramente já restou esclarecido que não se trata aqui de discutir tratamento de outros dentes, mas sim que dente fraturado elemento 11 fora tratado pelo Dr. Rogério vindo a ocasionar danos a Apelada, no que se refere a alegadas faltas frisa- se que a Apelada somente deixou de comparecer a consultas em decorrência de imprevistos, porém logo remarcando as mesmas, da alegação de que a Apelada não mantinha bons cuidados com sua higiene bucal, salienta- se que a Apelada havia consultado pela última vez a seis meses quando procurou o atendimento do dentista demandado, sendo ela modelo e necessitando de um cuidado especial com sua imagem e saúde bucal, demonstrado quando a mesma se submeteu ao procedimento de clareamento pelo fato de ter o dente escurecido pelo tratamento do dentista, esclarecesse mesmo que a Apelada estivesse em tratamento com relação a outros dentes não justifica na perda de seu dente.	
 	A acusação de que a Apelada tentou se beneficiar da situação a que foi submetida com uma possível indenização, é caluniosa e infundada, a mesma apenas busca a reparação pelos danos sofridos; destaca-se, que é evidente o transtorno causado a Apelada; bem como, que ainda atualmente sofre com os danos ocasionados em seu dente elemento 11, visto que a mesma acabou por perder seu dente natural, tendo que utilizar de elementos artificiais para substituição do referido, em decorrência da falta de cautela, técnica e cuidado do profissional. Outrossim, todos os recibos de gastos com tratamentos foram juntados nos autos, não sendo cabível levantar tal acusação.
A Apelante afirma que a Apelada faz alegações desprovidas de fundamento de conteúdo fático e probatório, aduz que a mesma simplesmente prestou- se angariar junto a profissional particular um esboço de tratamento que não possui sequer um raio-x, laudo técnico, ou elemento de prova, afirma que o prontuário feito pela Dra. Elisa profissional que atendeu a Apelada, não informa qualquer conteúdo técnico que auxilie no deslinde do feito.
Em seguida afirma que o tratamento realizado na Apelada fora meramente estético, afirmando que o tratamento ministrado pelo profissional demandado foi bem executado, restando evidenciada a diligencia e a qualidade do profissional.
 Caros julgadores, a Apelante teve toda instrução probatória para pleitear provas que neste momento alega não apresentadas, porém não o fez, agindo momentaneamente de má-fé, ao fazer tais alegações, evidente que do parecer da Dra. Elisa Zanella restou evidenciada deficiência no tratamento realizado no dente da Apelada.
Destaca- se ainda, Eméritos Julgadores se o tratamento ministrado pelo profissional demandado tivesse sido bem executado, de forma diligente como alega a Apelante, a Apelada não teria perdido seu dente natural, e assim obrigada a substitui-lo por elemento artificial.
Alega a Apelada que a própria profissional que atendeu a Apelada afirma que não há como afirmar o por que da fratura, distorcendo o depoimento da testemunha Dra. Elisa, que afirmou o dente elemento 11 já tinha sofrido tratamento de canal, salienta- se realizado pelo Dr. Rogério, devia ter histórico de caries, o que procede tendo a Apelada buscado ajuda profissional para tratamento das mesmas, já tinha sofrido clareamento interno, esclarecesse realizado pelo Dr. Rogério, assim em nada tais afirmações eximem as Demandadas ora Apelante dos danos ocasionados a Apelada, apenas vem a corroborar com a demonstração de ineficiência do tratamento realizado pelo profissional Rogério que já havia realizado diversos tratamentos e acabou por ocasionar dano ainda maior a Apelada.
A Apelante afirma não ter havido qualquer falha na prestação de serviços das Demandadas, que houve fratura coronária no dente da Apelada, que não tem qualquer relação com o tratamento de canal realizado pelo demandado dr. Rogério, afirmação está desprovida de fundamentos, que em nada condiz com os fatos e provas trazidos nos autos, pois restou evidenciado
que houve um enfraquecimento do dente em razão dos procedimentos a que foi submetido, ressaltando que procedimentos odontológicos são procedimentos delicados, que devem ser realizados com cuidado e cautela pelo profissional dentista, assim a fratura coronária foi evidentemente consequência de tratamento deficiente a qual fora submetida a Apelada.
 	Ainda impugna os recibos trazidos nos autos, impugna o recibo de folha 22 sob alegação que não consta o nome da Apelada, e que a data diverge das alegações iniciais, de que a Apelada procurou a profissional no dia 19/10/2007, esclarecesse que nome constante do recibo é de seu convivente (normal que entre conviventes acha esse tipo de auxílio financeiro), convivência esta que comprova- se sendo a Apelada dependente do mesmo por isso credenciada a CAPASEMU, sendo o mesmo agente de transito, no que se refere as datas distintas as mesmas se justificam na medida que a Apelada ao procurar a profissional Elisa não encontrava- se preparada financeiramente para tamanho gasto, razão pela qual pediu alguns dias de prazo para efetuar o pagamento, assim tendo o feito através de seu cônjuge na data de 19/10/2007, com relação aos valores é comum ter se gastos extraordinários no tratamento tão delicado, como o de aplicação de núcleo estética, esclarecendo- se que constou da inicial valor estimado a R$830,00, ou seja valor médio para referido tratamento, momento algum dito que fora valor X do tratamento da Apelada, tendo ainda valor aumentado diante do parcelamento na realização do pagamento, com relação ao preenchimento do recibo, não se verifica necessidade de preenchimento do mesmo com maiores informações sobre tratamento, razão pela qual fora realizado laudo distinto detalhado, pelo que não se justificam as impugnações da ora Apelante.
Com relação ao recibo de fl.99, também não merece prosperar impugnação apresentada pela Apelante, pois em momento algum tendo a Apelada agido de má-fé apenas tendo juntado referido recibo após momento em que comunicou ao juízo danos ocasionados ao dente elemento 17 também tratado junto as Demandadas, como já salientado, sabendo- se que tratamentos odontológicos deficientes podem vir a ocasionar problemas a longo prazo.
Cumpre reiterar que tratamentos odontológicos são procedimentos delicados, que podem ocasionar sequelas de imediato e/ou decorridos médio ou longos períodos, salienta- se ainda que como pode se verificar fl.3 dos autos, constante da inicial a ora Apelante refere expressamente ao tratamento do dente elemento 11 e o 17, porém realizado requerimento em primeiro momento de reparação de dano ocasionado apenas ao dente elemento 11 em razão do dente elemento 17, até referida data não estar causando dores e incômodos a Apelante, o que veio a ocorrer em momento posterior a propositura da presente demanda.
Pode- se verificar da ficha de atendimento constante dos autos fl. 20 que a ora Apelante estava realizando tratamento dos referidos dentes 11,17 e 21 dentre outros, tendo o 11 sido o primeiro a causar incômodos e de forma mais grave, o 17 fora o segundo, apresentando- se recibo de gastos a serem indenizados pelos Apelados fl.99 no valor de R$380,00(trezentos e oitenta reais) e posteriormente o dente elemento 21 veio ocasionar incômodos a Apelante, juntado recibo de gastos com seu tratamento fl.111, no valor de R$200,00(duzentos reais).
Assim, não merece prosperar a alegação da Apelante de que a Apelada não demonstrou conduta ilícita das Demandadas, sob alegação de que restou claro que o tratamento se deu de forma correta, de que não restou comprovado nexo causal entre o tratamento recebido e fratura coronária do dente 11, nem a culpa das Demandadas, e que a mesma não comprovou dano moral, não tendo referidas alegações qualquer fundamento, com demonstrado nos autos e nos termos acima, não merecendo procedência a Apelação apresentada pela mesma.
Esclarecesse mais um vez que o nexo causal entre o tratamento recebido e a fratura coronária do dente 11, resta claramente demonstrado, tendo a Apelada buscado tratamento junto as Demandadas, recebido tratamento ineficaz, tratamento de canal deficiente, pelo que incorreu no escurecimento do dente, posterior realização negligente de clareamento interno que ocasionou o enfraquecimento do dente elemento 11, levando a fratura coronária, assim demonstrado evidente conduta ilícita e culpa das Demandadas responsáveis pelo tratamento prestado a Apelada pelo profissional Dr. Rogério que veio a ocasionar danos a mesma, ainda no que se refere ao Dano moral o mesmo já restou comprovado nos autos, e pode ser verificado por si só pelo abalo da perda de um dente natural, agravado por tratar- se de um dentre frontal, tornando ainda mais difícil a realização do sonho da Apelada de ter uma carreira de sucesso como modelo.
Desta forma, requer- se o improvimento total da Apelação apresentada pela Apelante sendo a mesma desprovida de fundamentos, apenas uma tentativa da Apelante de distorcer os fatos já comprovados.
Da alegação de falta de Cuidados da Apelada com seus dentes
A Apelante afirma que resta evidenciado a negligencia e o descaso da Apelada com os seus dentes, alega que a Apelada somente procurou o consultório odontológico das Demandadas porque sentia dor, que a mesma registrou que sentia dor ao frio, descrito pela mesma como sintoma de cárie, e que a Apelada necessitou de tratamento em diversos dentes.
Nesse sentido, esclarecesse que a Apelada buscou atendimento junto ao consultório odontológico justo preocupando- se com sua saúde bucal, buscando ajuda profissional para cuidados com seus dentes, ainda a afirmação de que sentia dor ao frio não significa sinal de carie pois muitas pessoas tem sensibilidade nos dentes e assim sentem dores ao frio, ainda mesmo que a Apelada apresenta- se caries isso não demonstra maus cuidados com sua higiene bucal, já que as mesmas são ocasionadas por diversas causas e podem se desenvolverem até mesmo em pacientes com frequência ao dentista, comuns casos de caries internas, que só se mostram quando já bem desenvolvidas.
Com relação a alegação de que a Apelada não sentia dores porque supostamente agendou consultas e não compareceu, a mesma não se justifica pois como á referido a Apelada não compareceu a consultas em decorrência de eventuais imprevistos, remarcando as consultas e tendo sim realizado extenso tratamento junto as Demandadas, já comprovado, pelo que em nada acrescentam datas de ausências da Apelada citadas pela Apelante, aduz que se a Apelada realmente estivesse com dor de dente, não teria faltado ao dentista, porém não cita que a Apelada compareceu a mais de vinte consultas como pode se observar do prontuário constante dos autos fl.20.
Novamente aduz que entre o término do tratamento de canal e a constatação da fratura coronária, passaram- se oito meses, afirma que muita coisa pode acontecer após esse período, e a ocorrência de fratura num dente que já sofreu cáries e com longo tratamento não é improvável, questiona se a Apelada tomou devidas precauções e cuidados com os dentes tratados.
Nesse sentido, novamente enfatiza- se que sendo os tratamentos odontológicos muito delicados e complexos, os mesmos podem ocasionar efeitos que se demonstrem a curto, médio e longo prazo, no caso oito meses deveria ser considerado no máximo um efeito a médio prazo já que quando se busca um tratamento busca- se uma solução para longo prazo, que não lhe cause mais preocupações, nem dores, nem danos, assim em nada procedem as suposições feitas pela Apelante.
A Apelante afirma que após constatação da fratura coronária a Apelada buscou outra profissional, aduz que a mesma simplesmente prestou-se angariar junto a profissional particular um esboço de tratamento que não possui sequer um raio-x, laudo técnico, ou elemento de prova, afirma que o prontuário feito pela Dra. Elisa profissional que atendeu a Apelada, não informa qualquer conteúdo técnico que auxilie no deslinde do feito.
Como já referido a Apelante teve toda instrução probatória para pleitear provas que
neste momento alega não apresentadas, porém não o fez, agindo momentaneamente de má-fé, ao fazer tais alegações, evidente que do parecer da Dra. Elisa Zanella restou evidenciada deficiência no tratamento realizado no dente da Apelada, ainda que evidente que qualquer paciente submetido a tratamento que venha lhe ocasionar tamanho dano irá buscar atendimento de outro profissional.
Nos termos acima expostos não se justifica afirmações sarcásticas da Apelante de que a Apelada era negligente com seus dentes, não podendo se imaginar uma profissional, que se diz modelo, ter tamanho descaso com sua saúde bucal, afirmações e suposições estas sem fundamento.
Assim, não se justifica a alegação de culpa exclusiva da vítima, bem como de rompimento de nexo causal por alegada culpa exclusiva da vitima, pleiteando impossibilidade de condenação a indenização por danos morais, alegando em seguida que a parte Autora não sofreu nenhum tipo de constrangimento que ensejasse dor, sofrimento, tristeza, humilhação, conforme dispositivos que garantem a dignidade da pessoa humana afirmando que no máximo um mero dissabor em todas as pessoas que vivem em sociedade estão sujeitas. Cabe impugnar referidas alegações, não havendo qualquer possibilidade de configuração de culpa exclusiva da vítima, pois mesmo que a Apelada tenha negligenciado com seus dentes ocasionando cáries, a busca da mesma por assistência profissional, demonstra sua preocupação com sua saúde bucal, tendo os danos ocasionados a mesma sido causados pelo tratamento deficiente, negligencia prestado a mesma no consultório odontológico das Demandadas.
No que se refere ao dano moral, e a alegação de que a parte Autora não sofreu nenhum tipo de constrangimento que ensejasse dor, sofrimento, tristeza, humilhação, conforme dispositivos que garantem a dignidade da pessoa humana afirmando que no máximo um mero dissabor em todas as pessoas que vivem em sociedade estão sujeitas, são repudiáveis tais alegações, sendo evidente que a perda de um dente natural ocasionaria abalo a qualquer pessoa, evidente que um tratamento odontológico deficiente ocasionou dores a Apelada, tendo restado demonstrado nos autor, em especial através da prova testemunhal produzida que a Apelada ficou muito abalada emocionalmente, sentindo- se humilhada e constrangida obrigada a ficar alguns dias sem um dente da frente, com vergonha de falar e sair de casa, situação de abalo que apenas se agrava, sendo no decorrer do presente processo acusada de negligencia em sua higiene bucal, inúmeras vezes em tom sarcástico questionada sua escolha profissional e sua possibilidade de sucesso em referida carreira, questionada sob sua capacidade, ferindo seu direito a dignidade humana, previsto no artigo 1º, III da Constituição Federal, que desde já resta pré-questionado.
Desta forma, não encontra êxito a Apelante ao tentar eximir- se da responsabilidade de indenizar a Apelada pelos danos sofridos pela mesma, decorrentes de tratamento odontológico sem sucesso, prestado a mesma no consultório odontológico das Demandadas de forma deficiente e negligente.
Da profissão de modelo e do dano moral 
A Apelante firma que o fato de que a Apelada se afirmar modelo, é apenas criacionismo, que a mesma não demonstra trabalhos como modelo, que não há prova do exercício da profissão, que não há menção de desfile que a mesma tenha realizado, ou campanha publicitaria participou, afirmando que a Apelada jamais exerceu atividade com modelo, somente criou tal história para tentar justificar abalo moral, afirma que restou demonstrado que a Apelada não era modelo, e que fora referido que a mesma pretendia desempenhar profissão de modelo.
Nesse sentido, esclarecesse que não cabe a Apelante julgar sucesso profissional da Apelada, que sim estava no início de sua carreira como modelo, que pretendia sim desempenhar profissão de modelo, como vinha fazendo, buscando seu espaço nesta profissão tão difícil, sim momento da perda de seu dente estava por ingressar em curso para preparação de modelos visando se aperfeiçoar e abrir portas para seu sucesso profissional, porém restou impedida, sabendo- se que nesta profissão a estética é muito importante, não sendo viável a participação da mesma no curso sem um dos seus dentes mais aparente, assim indiscutível dano causado a Apelada., salientando-se ainda não cabe a Apelante julgar se a Apelada tinha ou não idade para desempenho das atividades como modelo, referidas insinuações, verdadeiras críticas mascaras agravam ainda mais o abalo a moral ocasionados a Apelada.
A Apelante distorce novamente informações prestadas pelas testemunhas, afirma que a Apelada não sofreu dano pois apesar de perder seu dente natural da frente, logo recebeu um dente provisório, que pelo que pode- se perceber da forma explicitada, entende a Apelante ser algo muito conveniente e corriqueiro, não levando em consideração que a preparação de um dente provisório não é momentânea e que no momento pode corresponder curto prazo como no caso, o que pretendeu dizer a testemunha, ainda, a permanência mesmo que por poucos dias com dente provisório por si só é desconfortável, geralmente os mesmos não tem boa aparência (feitos emergencialmente), ainda requerem inúmeros cuidados para permanência no local, restrições a comer alguns alimentos, dentre outros incômodos, que ao ponto de vista da Apelante parecem normais, simples mas evidentemente não são.
A Apelante faz referência a proibição de aumento de patrimônio a custa de outrem, de enriquecimento sem causa, nesse sentido, esclarecesse que valores pleiteados a título de indenização pela Apelada, não são pretensão de enriquecimento sem causa, mas sim de ressarcimento pelos danos ocasionados a mesma pelas Demandadas.
 	Resta inegável, diante das provas trazidas nos autos, bem como das respostas aos questionamentos e alegações da Apelante apresentadas acima, que a Apelada suportou inúmeros danos em decorrência de falha no tratamento que recebeu ao procurar consultório odontológico das Demandadas, como já referido, tendo sofrido imensurável abalo a sua moral com a perda de seu dente natural, sentindo- se humilhada e constrangida obrigada a ficar alguns dias sem um dente da frente, após com dente provisório, que possui aspecto bem diferente de um dente natural, com vergonha de falar e sair de casa, situação de abalo que apenas se agrava, sendo no decorrer do presente processo acusada de negligencia em sua higiene bucal, inúmeras vezes em tom sarcástico questionada sua escolha profissional e sua possibilidade de sucesso em referida carreira, reiteradas vezes colocada em dúvida sua capacidade.
 	Do pedido de diminuição do quantum indenizatório
 	A sentença proferida pelo ilustre juízo “a quo” fixou condenação das Demandadas ao pagamento de indenização pelos danos materiais no valor de R$ 1.032,00 (Um mil e trinta e dois reais), ao pagamento de indenização pelos morais no valor de R$ 4.000,00 (quatro mil reais), não havendo que se falar em diminuição do quantum indenizatório, visto que o mesmo demonstra- se inferior aos valores condenatórios fixados para casos semelhantes, devendo ainda ser elevado referido quantum.
Referindo- se ao quantum indenizatória em razão dos danos estéticos, bem como moral, colaciona- se decisão da Décima Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, visando demonstrar valor fixado a título indenizatório já é muito inferior ao devido, que estabeleceu entendimento fixando conjuntamente quantum indenizatório em razão de danos estéticos e morais, no valor de R$28.000,00(vinte oito mil reais), visando demonstrar referido entendimento colaciona- se ementa e parte do disposto, que compõe decisão mencionada:
Ementa: RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO ODONTOLÓGICO. COMPROVAÇÃO. DANO MATERIAL AFASTADO. DANO MORAL. 1. Paciente que, ao submeter-se à cirurgia para extração de dente siso, sofreu fratura na mandíbula devido ao emprego de força excessiva. Comprovação da desídia dos réus, os quais, mesmo diante dos riscos apresentados, consentiram na realização
da exodontia por acadêmicos inexperientes, mormente quando o quadro inspirava cuidado. 2. Dano moral caracterizado frente ao dano estético e ao abalo psicológico sofrido. Majoração do quantum frente às peculiaridades do caso concreto. 3. Dano material afastado frente a ausência de demonstração. Necessidade da comprovação, pois ditos danos não se sujeitam a presunções nem se caracterizam por mera hipótese, pois resultam da efetiva lesão aos bens ou interesses patrimoniais. 4. Recurso adesivo. Co-ré que, não apelando da sentença de parcial procedência, adere ao recurso da autora, pretendendo a improcedência da ação. Inadmissibilidade de tal procedimento. Recurso não conhecido. Improvimento do apelo do outro demandado. Provimento parcial da apelação da autora. (Apelação Cível Nº 70005569835, Décima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Lúcio Merg, Julgado em 11/09/2003)
Ainda, importante fazer constar a decisão proferida no julgado apresentado acima:
“(...)acolho o pedido de majoração de danos morais, o que faço diante das agruras sofridas pela autora, bem como da necessidade de tratamento fisioterápico.
Destarte, dou provimento ao apelo da autora, a fim de majorar o quantum devido a título de danos morais para R$ 28.000,00 (vinte e oito mil reais). Outrossim, entendo que a verba honorária merece ser elevada para 20%, considerando o trabalho realizado, ex vi do §3º, art. 20 do CPC.” 
(Apelação Cível Nº 70005569835, Décima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Lúcio Merg, Julgado em 11/09/2003)
 Ainda, conforme entendimento dos tribunais o arbitramento da indenização em razão de danos morais o "quantum" deve ser fixado de tal forma que o valor não seja tão irrisório que sirva de desestímulo ao ofensor, nem tampouco exacerbado a ponto de implicar enriquecimento sem causa para a parte autora. 
Nesse sentido colaciona- se decisão do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, firmando entendimento de quantum mínimo de indenização a título de danos morais constantes das decisões atuais, em razão de erro médico odontológico, no valor R$ 8.000,00(oito mil reais), como segue:
Ementa: APELAÇÕES CÍVEIS. RESPONSABILIDADE CIVIL. ERRO ODONTOLÓGICO. IMPLANTES DENTÁRIOS. AÇÃO INDENIZATÓRIA POR ERRO DE PROFISSIONAL DA SAÚDE. PROCEDÊNCIA MANTIDA. MAJORAÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO. PRELIMINAR AFASTADA. Da preliminar de não conhecimento do recurso 1. A recorrente abordou no recurso questões de direito, demonstrando especificamente a sua inconformidade com a decisão, apontando os dispositivos legais que entendia aplicáveis ao caso em concreto, de sorte que há motivação recursal, nos termos do artigo 514, II, do Código de Processo Civil. Mérito dos recursos em exame 2. A responsabilidade civil do médico/dentista é subjetiva, necessitando a comprovação da culpa, de acordo com o que preceitua o art. 14, § 4º, CDC. 3. A obrigação assumida pelo profissional da área da saúde como o odontologista é de meio e não de resultado. O objeto da obrigação não é a cura do paciente, e sim o emprego do tratamento adequado de acordo com o estágio atual da ciência, de forma cuidadosa e consciente. 4. Evidenciada a concorrência de culpa concorrente da parte autora, na proporção determinada pela julgadora singular. Com efeito, a postulante adotou apenas os cuidados básicos com os dentes, como escovação e utilização do fio dental, mas deixou de usar enxaguante bucal e escova interdental como recomendado. 5. Este fato, a toda evidência, não concorre na mesma proporção que a atuação do demandado para o evento danoso, mormente quando a perícia não esclareceu diretamente esta culpa. 6. Assiste razão à autora ao imputar ao demandado parte da responsabilidade pelo evento danoso, na medida em que restou devidamente comprovado no feito que não foram realizados os exames indispensáveis ao tratamento adequado. A parte ré não agiu com o zelo e cuidado esperado, determinando a realização de todos os exames necessários para a elucidação do quadro clínico da postulante, a fim de empregar a técnica correta no procedimento efetuado e na recuperação desta. 7. O valor a ser arbitrado a título de indenização por dano moral deve levar em conta o princípio da proporcionalidade, bem como as condições do ofendido, a capacidade econômica do ofensor, a reprovabilidade da conduta ilícita praticada e, por fim, que o ressarcimento do dano não se transforme em ganho desmesurado, importando em enriquecimento ilícito. Quantum majorado para R$ 8.000,00 (oito mil reais). 8. Releva ponderar, ainda, que, quando da ocorrência de um dano material, duas subespécies de prejuízos exsurgem desta situação, os danos emergentes, ou seja, aquele efetivamente causado, decorrente da diminuição patrimonial sofrida pela vítima; e os lucros cessantes, o que esta deixou de ganhar em razão do ato ilícito. 9. Dano material formulado na inicial veio corroborado pelo devido suporte probatório, porquanto a parte autora demonstrou os gastos com o tratamento realizado, no montante de R$ 2.100,00. Assim, ponderada a culpa concorrente da postulante, resta mantido o valor qual seja, R$ 1.470,00 (mil quatrocentos e setenta reais). Afastada a preliminar suscitada, negado provimento ao recurso do demandado e dado parcial provimento ao apelo da autora. (Apelação Cível Nº 70049150071, Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge Luiz Lopes do Canto, Julgado em 29/08/2012)
 	
 		Ainda, nesse sentido colaciona- se quantum indenizatório por danos morais também decorrente de erro odontológico, no valor de R$ 20.000,00(vinte mil reais), como segue:
Ementa: APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAL. ALEGAÇÃO DE ERRO ODONTOLÓGICO. EXTRAÇÃO DE DENTE. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA DO DENTISTA. PROVA PERICIAL. PRESENÇA DE RESTOS RADICULARES. DEMORA NO DIAGNÓSTICO DO TRANSTORNO INFECCIOSO. DANO MORAL "IN RE IPSA". "QUANTUM" MANTIDO. TERMO INICIAL DA CORREÇÃO MONETÁRIA. DATA DO ARBITRAMENTO. PEDIDO EM CONTRARRAZÕES NÃO CONHECIDO. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ NÃO CONFIGURADA. Trata-se de recurso de apelação interposto contra a sentença de parcial procedência proferida nos autos desta ação de indenização por danos materiais e moral envolvendo defeito na prestação de tratamento odontológico. DEVER DE INDENIZAR - O Código de Defesa do Consumidor atribui responsabilidade civil subjetiva ao profissional dentista por fato do serviço, nos termos do §4º do art. 14. Assim, mostra-se imprescindível para a caracterização do dever de indenizar a efetiva comprovação da ocorrência do erromédico, no caso, falha no tratamento ortodôntico realizado. "In casu", após a extração de um dente, a parte autora enfrentou verdadeira "via crucis" na tentativa de superar as fortes dores, as dificuldades para falar e mastigar, além do mau hálito decorrente da infecção. O expert, que auxiliou o Juízo para a definição do melhor direito, ainda que destacando que o falecido dentista tenha dispensado tratamento ético à sua cliente, afirmou, categoricamente, que houve demora no diagnóstico e tratamento adequado do transtorno infeccioso originado pela presença de restos radiculares, o que revelou visível nos exames radiográficos inspecionados, evidenciada, assim, a responsabilidade do demandado pelo insucesso do tratamento preconizado à autora. Dano moral que se afigura "in re ipsa" e prescinde de maiores explanações. "QUANTUM" INDENIZATÓRIO - No arbitramento da indenização o "quantum" deve ser fixado de tal forma que o valor não seja tão irrisório que sirva de desestímulo ao ofensor, nem tampouco exacerbado a ponto de implicar enriquecimento sem causa para a parte autora. Sendo assim, a quantia arbitrada na sentença - R$ 20.000,00 (vinte mil reais) - mostra-se adequada às peculiaridades do caso concreto, merecendo ser mantida. Com o falecimento do obrigado, a sucessão responde pela indenização no limite da força da herança. TERMO INICIAL DA CORREÇÃO MONETÁRIA - A correção monetária deve contar da data do arbitramento da indenização, no
caso da sentença, nos termos da Súmula nº 362 do STJ. PEDIDO DE MAJORAÇÃO DE HONORÁRIOS FORMULADO EM CONTRARRAZÕES - Não se conhece do pedido formulado em contrarrazões, dirigido à majoração dos honorários advocatícios, uma vez que as contrarrazões não se constituem na via adequada para formular requerimento, mormente quando se trata de pretensão de modificação do julgado que desafia recurso de apela MÁ-FÉ - Em não configuradas quaisquer das hipóteses previstas no art. 17 do CPC, na há que se falar em multa por litigância de má-fé da parte ré. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA. PEDIDO DE MAJORAÇÃO DE HONORÁRIOS FORMULADO EM CONTRARRAZÕES NÃO CONHECIDO. PEDIDO DE CONDENAÇÃO DA PARTE RÉ POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ REJEITADO. (Apelação Cível Nº 70043500255, Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sylvio José Costa da Silva Tavares, Julgado em 21/05/2015)(grifo nosso)
 		Diante das decisões do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, busca- se demonstrar quantum indenizatório de danos morais mínimo fixado em razão de erro odontológico, verificando- se das decisões encontradas valor mínimo de R$8.000,00(oito mil reais), das demais decisões pode- se verificar quantum indenizatório superior ao referido valor de oito mil reais, diante da gravidade dos casos, tratando- se os tratamentos odontológicos de procedimentos delicados que afetam diretamente o bem- estar, a apresentação estética do paciente, ocasionam diversos incômodos quando executados de forma inadequada, assim afetando além diretamente a moral do paciente lesado.
 		Demonstrando- se assim que o valor fixado a título de indenização por danos morais, na sentença do douto juízo “a quo”, apresenta valor extremamente irrisório e inadequado aos danos causados a moral da Apelada, devendo ser majorado e não diminuído, observadas especificidades do caso em concreto, bem como parâmetros trazidos pelas decisões do Tribunal de Justiça.
	IV – DOS PEDIDOS:
 		DIANTE DO EXPOSTO, requer sejam recebidas e conhecidas as presentes Contrarrazões ao Recurso de Apelação, para que ao final não seja provido o Recurso de Apelação interposto pela Apelante CAPASEMU - Caixa de Prestação de Assistência e Serviços de Saúde dos Servidores Municipais de Passo Fundo, por ser medida de JUSTIÇA.
 		Requer seja mantido o benefício da Assistência Judiciária Gratuita deferido para a Apelada, visto que conforme documentos acostados não possui condições financeiras de arcar com as custas e despesas processuais sem prejuízo do seu sustento próprio. Fundamenta-se a possibilidade do deferimento da Assistência Judiciária Gratuita para a Recorrente com a Constituição Federal, artigo 5° LXXIV e com o artigo 98 e seguintes do Código de Processo Civil.
 		Por cautela, requer sejam declarados préquestionados todos os dispositivos legais e constitucionais violados, conforme as razões apresentadas, garantindo acesso a esfera Recursal Especial e Extraordinária, com especial referência ao artigo 1º, III e artigo 5º, V ambos da Constituição Federal, mais artigos 186 e 927 da Lei 10.406/2002, Código Civil Brasileiro.
Termos em que aguarda deferimento.
Passo Fundo – RS, 21 de Abril de 2017.
Escritório: Rua Uruguai, 1851 - Centro - CEP: 99.010-112 - Passo Fundo-RS
Fone/Fax: 0.XX.54.3045-6293 E-mail: portella-adv@via-rs.net

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais