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Habeas corpus preventivo

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3. DO HABEAS CORPUS PREVENTIVO
Existem dois tipos de habeas corpus: o preventivo e o repressivo, aquele é impetrado quando tem uma mera ameaça de constrangimento a liberdade, que não existe ainda um ato concreto constrangedor e a corte suprema vem concedendo esse direito, pois com razão, uma vez que é um direito constitucional.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [omissis] 
LXVIII - conceder-se-á "habeas-corpus" sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder; [omissis] (VADEMECUM, 2018).
Haverá o chamado Habeas Corpus preventivo quando a ordem concedida tiver por escopo assegurar que a ilegalidade ameaçada não chegue a se consumar. Isto é, para aqueles casos em que haverá julgamento de quem possui bons antecedentes e para réus primários; haja vista que, na hipótese de condenação, o réu não deverá ser preso, devendo ser assegurado a ele o direito a recorrer em liberdade.
Em relação ao HC preventivo Tourinho Filho afirma que “pode ser impetrado quando houver ameaça à liberdade de locomoção”, verdade afirmar que esse entendimento é dominante na Doutrina.
Ademais, é “pleiteado quando alguém se encontrar em estado de ameaça a sua liberdade por motivo de abuso de poder ou ilegalidade. Nesta segunda hipótese do texto constitucional o pedido terá a função de revogar a ordem de prisão já existente (risco iminente) ou a de trancar o inquérito policial ou ainda a ação penal em curso, resultando tal pedido em um salvo-conduto – Salvo conduto, do latim Salvus (salvo) e condutcus (conduzido), dá-se, gramaticalmente, o sentido de conduzido a salvo.” (Habeas corpus: Garantia Constitucional da liberdade. Lucas Silveira Martins e Rayana Vichieti Rezende).
HABEAS CORPUS PREVENTIVO
ANA LUIZA DO NASCIMENTO PAULO, brasileira, solteira, advogada, residente e domiciliado à Rua Rezende, Uberlândia, vem impetrar ORDEM DE HABEAS CORPUS, nos termos do Art. 647 do CPP c/c Art. 5°, inc. LXIX c/c Art. 60, §4, inc. IV, todos da Constituição Federal, em nome do paciente JOÃO DA SILVA, brasileiro, casado, caminhoneiro, residente à Rua Tiradentes, bairro Inconfidência, também nesta capital, tendo como Autoridade Coatora o Exmo. Sr. Juiz de Direito do II Tribunal do Júri da comarca de Belo Horizonte/MG, pelos fatos e fundamentos a seguir:
1 – Dos Fatos
Conforme consta da documentação inclusa, o paciente será julgado pelo XXXXXXXXXXX da comarca de Belo Horizonte no dia 29 de maio de 2018 pela suposta prática do delito previsto no artigo 56 da Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 (Lei de Crimes Ambientais). Logo, estará sujeito, em caso de eventual condenação, a penas que variam de 1 (um) a 4 (quatro) anos de reclusão. 
Ademais, salienta-se que o paciente respondeu a toda instrução criminal em liberdade, não tendo causado qualquer embaraço ao trâmite processual. 
2 – Do Direito
O art. 5°, inc. LXVIII da Constituição Federal estabelece que será concedido habeas corpus sempre que alguém se achar ameaçado de sofrer coação ilegal em seu direito de locomoção. 
Portanto, pode-se dizer que a ordem de habeas corpus será expedida desde que presentes dois requisitos: uma ameaça de coação ao direito de locomoção; a ilegalidade dessa ameaça. Faz-se necessária uma análise separada de cada um desses requisitos, como forma de demonstrar sua presença no caso do concreto. 
2.1 – Ameaça de coação ao direito de locomoção
A demonstração da ameaça de coação ao direito de locomoção do paciente não encontra maiores dificuldades. Afinal, conforme pode se observar a partir da decisão inclusa, o paciente será julgado pelo egrégia turma no dia 29 de maio de 2018 pela suposta prática do delito previsto no artigo 56 do Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998 (Lei de Crimes Ambientais). Logo, existe a concreta possibilidade de que haja a prolação de um decreto condenatório. Consequentemente, presente está a ameaça de coação ao direito de locomoção do paciente.
A concessão de salvo conduto ao acusado que aguarda julgamento, inclusive de recursos, além de encontrar vários precedentes nas cortes estaduais, também já foi reconhecido pelo Superior Tribunal de Justiça: 
“Ordem concedida para possibilitar a permanência do paciente em liberdade, até o julgamento dos embargos declaratórios tempestivamente interpostos, determinando expedição de salvo conduto em seu favor”. (HC 33880 / SP. 2004/0022550-0. Ministro Gilson Dipp. Data do Julgamento: 01/06/2004) (grifo nosso). 
2.2 – Ilegalidade da ameaça ao direito de locomoção
O artigo 594 do Código de Processo Penal dispõe que o acusado primário e de bons antecedentes poderá apelar em liberdade. Inclusive, o Superior Tribunal de Justiça já decidiu por diversas oportunidades que se trata de um direito subjetivo do acusado, e não uma mera faculdade do juiz, senão vejamos:
“A regra contida no art. 594 do CPP traduz direito subjetivo do acusado quando satisfaça seus requisitos, e não mera faculdade do juiz que tem a obrigatoriedade de pronunciar-se detida e fundamentadamente sobre as circunstâncias de primariedade e antecedentes”. (STJ. HC 32 / RJ. Rel. Min. Cid Flaquer Scartezzini). 
À vista disso, a possibilidade do acusado primário e não possuir antecedentes recorrer em liberdade se tornou a regra dentro do ordenamento jurídico brasileiro após a consagração constitucional do princípio da presunção de inocência (art. 5°, inc. LVII). Em outras palavras, apenas excepcionalmente é que se permite a prisão do acusado que aguarda o julgamento de recurso. 
Ressalte-se que o Supremo Tribunal Federal, há quase 30 anos, já consolidou o entendimento segundo o qual o direito do acusado de recorrer em liberdade também se aplica aos feitos de competência do Tribunal do Júri: 
“O benefício de apelar em liberdade, reconhecido a favor do réu primário e de bons antecedentes pelo art. 594 do Código de Processo Penal (redação da Lei n° 5.941/73) também se aplica às decisões proferidas pelo Tribunal do Júri”. (STF. RHC 53992 / PB. Min. Rodrigues Alckmin. Julgamento: 12/12/1975) 
Conjugando o art. 594 do CPP com o princípio constitucional da presunção de inocência, o Superior Tribunal de Justiça passou a decidir, em crimes de competência do júri, que o acusado possui o direito de aguardar em liberdade o julgamento de todos os recursos da esfera ordinária, desde que tenha respondido à instrução processual em liberdade, senão vejamos:
“O direito de recorrer em liberdade só vai até o término dos recursos ordinários, restando inviável o reconhecimento por todo o transcurso da causa. Ordem concedida em parte para que a Paciente possa responder em liberdade ao recurso de apelação”. (HC 34352 / RJ ; HABEAS CORPUS. 2004/0036767-5. Relator Ministro José Arnaldo da Fonseca) (grifo nosso)
A partir de tais argumentos e da análise da jurisprudência transcrita acima, pode-se concluir seguramente que o acusado primário e de bons antecedentes possui o direito de aguardar o julgamento de eventual recurso de apelação em liberdade. É claro que tal direito não possui caráter absoluto. Excepcionalmente, quando presentes as hipóteses do artigo 312 do Código de Processo Penal, e desde que justificadamente, permite-se a prisão do acusado que aguarda o julgamento de recurso de caráter ordinário. 
Também a hipótese de garantia da ordem pública não se aplica ao presente caso. A jurisprudência entende que a deve ser efetuada a prisão para garantia da ordem pública quando o acusado realiza ameaças à vítima ou a testemunhas, quando sua periculosidade ficou evidenciada nos autos, ou quando o delito teve uma grande repercussão. Entretanto, nenhuma dessas situações se verifica no caso concreto. Afinal, o paciente sempre se comportou de acordo com os ditames legais, não havendo nos autos qualquerindício de coação a testemunhas ou à vítima. Ainda, nada existe nos autos evidenciando ser o paciente ter periculosidade (conceito esse, inclusive, de caráter duvidoso e já afastado pela doutrina mais abalizada). Pelo contrário, o que se depreende dos autos é que o paciente é um cidadão primário e de bons antecedentes, com personalidade não voltada para o crime, mas para o trabalho. 
Cabe ressaltar, que a prisão deu-se em estado ilegalidade, haja vista que, não possuindo capacidade técnica para tanto, o agente de polícia afirmou que o produto transportado pelo paciente era de caráter tóxico prejudicial à saúde humana. Contudo, para tal alegação, é necessário que a substância seja submetida à análise pericial, o que não ocorreu. Logo, apresenta-se aqui, manifesto abuso de poder por parte do Estado coator.
Por conseguinte, ante ao exposto, conclui-se que o paciente JOÃO DA SILVA, primário e de bons antecedentes e não reincidente possui o direito de aguardar o julgamento de eventual recurso de apelação em liberdade. Dessa forma, o decreto imediato de custódia do paciente em virtude de condenação no julgamento pelo Tribunal do Júri estará eivado de patente ilegalidade. Portanto, nesta hipótese restará presente o requisito coação ilegal, que justifica, nos termos da Constituição Federal, a expedição de ordem de habeas corpus. 
Diante disso, restaria plenamente viabilizada a substituição da pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos, ou da suspensão condicional da pena. Além disso, na pior das hipóteses, o acusado teria de se submeter ao regime aberto ou semi-aberto, o que também lhe permitiria aguardar ao julgamento em liberdade, no termos da jurisprudência desse Egrégio Tribunal de Justiça:
"Habeas corpus – Lesões Corporais de natureza grave – condenação para cumprimento de pena em regime semi-aberto – interposição de recurso – pedido para aguardar o julgamento em liberdade – Ordem concedida”. (TJMG. Número do processo: 1.0000.00.245690-3. Rel. Des. Edelberto Santiago. Data do acórdão: 04/09/2001) 
3 – Da Concessão de Liminar
A concessão de liminar em sede de habeas corpus constitui medida de caráter excepcional dentro do ordenamento jurídico brasileiro. Os requisitos para a concessão de liminar são fornecidos pela doutrina: “como medida excepcional, a liminar em habeas corpus exige requisitos: o periculum in mora (a probabilidade de dano irreparável) e o fumus boni iuris (elementos da impetração que indiquem a existência de ilegalidade no constrangimento)”. (Julio Fabbrini Mirabete. Código de Processo Penal Anotado. Editora Atlas. São Paulo. 2001).
No presente caso, o periculum in mora se caracteriza pela proximidade da audiência de julgamento pelo Tribunal de Júri, de forma que o atraso na prestação jurisdicional pode culminar na inutilidade da prestação e na consequente coação ilegal da liberdade de locomoção do paciente. A fumaça do bom direito é comprovado pela decisão inclusa, que comprova a data marcada para o referido julgamento. 
4 – Do Pedido
Dessarte, requer-se:
- Seja concedida a ordem liminarmente, e, em sede de mérito, confirmada, com a consequente expedição de Salvo-Conduto, evitando a concretização da ameaça ao direito de locomoção do paciente. 
- Seja a Autoridade Coatora, indicada no preâmbulo deste, intimada para apresentar suas informações. 
- Seja intimado o Ilustre Representante do Ministério Público para que integre a presente lide.
Nestes termos, 
Pede Deferimento.
Belo Horizonte, 25 de maio de 2018.
____________________________________________
Assinatura - OAB - 12345
REFERÊNCIAS
Artigo Acadêmico. Habeas corpus: Garantia Constitucional da liberdade. Lucas Silveira Martins e Rayana Vichieti Rezende. Disponível em: < http://intertemas.toledoprudente.edu.br/revista/index.php/ETIC/article/viewFile/2330/1826>. 
Artigo Acadêmico. A Substitutividade do Habeas Corpus na Jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. Flávia Torres Frossard de Almeida. Disponível em: < http://repositorio.uniceub.br/bitstream/235/7820/1/51201360.pdf>
CONSTANTINO, Lucio Santoro de. Habeas Corpus: Liberatório, Preventivo e profilático. Livraria do advogado editora. 2001.
GOUVEIA, Joilson. Do cabimento do habeas corpus e do mandado de segurança nas prisões e detenções ilegais na Polícia Militar de Alagoas. Publicado em setembro de 1998. Disponível em:< https://jus.com.br/artigos/1594/do-cabimento-do-habeas-corpus-e-do-mandado-de-seguranca-nas-prisoes-e-detencoes-ilegais-na-policia-militar-de-alagoas>. Acesso em 21 de maio de 2018. 
LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado®. 20. ed. rev., atual. e ampl.. São Paulo. Saraiva, 2016.
MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 32. ed. rev. e atual. até a EC nº 91, de 18 de fevereiro de 2016. São Paulo: Atlas, 2016.
Petição Penal Habeas corpus preventivo. Disponível em: <http://www.igf.com.br/blog/modelos-de-documentos/Peticao/Penal/Habeas-corpus-preventivo-02>.

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