Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CH QAO Geografia Alexander Perrot Eixo 1 Produção e Território • Há tempos, as indústrias vêm conquistando o seu espaço no Brasil, tornando-se um dos elementos mais básicos de uma determinada região. Trazendo consigo, sempre uma característica marcante, a MUDANÇA. 1.1 - O ESPAÇO INDUSTRIAL NO BRASIL • Seguindo uma tendência mundial, o Brasil vem passando por um processo de descentralização industrial, chamada por alguns autores de desindustrialização, que vem ocorrendo intra - regionalmente e também entre as regiões desde 1970. DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DAS INDÚSTRIAS • A desconcentração industrial entre as regiões vem determinando o crescimento de cidades- médias dotadas de boa infra-estrutura e com centros formadores de mão-de-obra qualificada, geralmente universidades. • Além disso, percebe-se um movimento de indústrias tradicionais, de uso intensivo de mão-de-obra, como a de calçados e vestuários para o Nordeste, atraídas sobretudo, pela mão- de-obra extremamente barata. • A distribuição espacial da indústria brasileira, com acentuada concentração em SÃO PAULO, foi determinada pelo processo histórico, já que no momento do início da efetiva industrialização, o estado tinha, devido à cafeicultura, os principais fatores para instalação das indústrias a saber: - capital, - mercado consumidor, - mão-de-obra e - transportes. CONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL SUDESTE • O Sudeste, é a região que possui a maior concentração industrial do país entre São Paulo, Rio e Belo Horizonte (considerados como o centro cultural do país). • RJ (indústrias de refino de petróleo, estaleiros, indústria de material de transporte, tecelagem, metalurgia, papel, têxtil, vestuário, alimentos, etc.) • MG (com passado ligado à mineração, assumiu importância no setor metalúrgico após a 2º Guerra Mundial e passou a produzir principalmente aço, ferro-gusa e cimento para as principais fábricas do Sudeste). • BELO HORIZONTE (centro industrial diversificado, com indústrias que vão desde o extrativismo ao setor automobilístico). ATIVIDADES ECONÔMICAS E INDUSTRIAIS NAS 5 REGIÕES DO BRASIL • ESPÍRITO SANTO (menos industrializado do Sudeste com centros especializados em Aracruz, Ibiraçu e Cachoeiro de Itapemirim). • VITÓRIA (atividades econômicas relacionadas à sua situação portuária e industriais ligadas à usina siderúrgica de Tubarão). SUL • A industrialização do Sul, tem muita vinculação com a produção agrária que visa o abastecimento do mercado interno e as exportações. • Abriga diversos focos de novos investimentos industriais em consequência das perdas da região SUDESTE. • Aumento expressivo do emprego industrial somente na região SUL em consequência da modernização industrial na região SUDESTE. • A industrialização de São Paulo implicou na incorporação do espaço do Sul como fonte de matéria-prima. • Com as transformações espaciais ocasionadas pela expansão da soja, o Sul passou a ter investimentos estrangeiros em indústrias de implementos agrícolas. • Passaram a exportar seus produtos tradicionais como calçados e produtos alimentares, para o exterior. • A indústria passou a se diversificar para produzir bens intermediários para as indústrias de São Paulo. Nesse sentido, o sul passou a complementar a produção do Sudeste. Daí considerarmos o Sul como sub-região do Centro-Sul. CENTRO-SUL (integração) • Os investimentos repelidos pela Metrópoles são atraídos pelas cidades médias servidas por adequadas infraestruturas de transporte e comunicações. A estratégia das Montadoras • A descentralização na produção de automóveis começou de fato na década de 1990, com investimentos dirigidos para o interior de SP, MG, RJ (centro), PR e RS (sul). • A estratégia das Montadoras tem o objetivo de reduzir os custos de produção, tirando a força dos sindicatos e fugindo do congestionamento das regiões metropolitanas. NORDESTE • A industrialização dessa região vem se modificando, modernizando, mas sofre a concorrência com as indústrias do Centro-Sul, principalmente de São Paulo, que utilizam um maquinário tecnologicamente mais sofisticado. • A agroindústria açucareira é uma das mais importantes, visando sobretudo a exportação do açúcar e do álcool. • As indústrias continuam a tendência de intensificar a produção ligada à agricultura (alimentos, têxteis, bebidas) e as novas indústrias metalúrgicas, químicas, mecânicas e outras. • A exploração petrolífera no Recôncavo Baiano trouxe para a região indústrias ligadas à produção, refino e utilização de derivados do petróleo. • Essa nova indústria , de alta tecnologia e capital intenso, não absorve a mão-de-obra que passa a subempregar-se na área de serviços ou fica desempregada. • As indústrias estão concentradas nas mãos de poucos empresários e os salários pagos são muito baixos, acarretando o empobrecimento da população operária. • O sistema industrial do Nordeste, concentrado na Zona da Mata, tem pouca integração interna. Encontra-se somente em alguns pontos dispersos e concentra-se sobretudo nas regiões metropolitanas: Recife, Salvador e Fortaleza . CONCLUSÃO • Uma indústria em uma certa região, pode ser benéfica tanto quanto prejudicial, pois ao mesmo tempo que contribui para o crescimento, ela pode estar executando a massificação da cultura de um povo. • Muitas vezes, o prejuízo natural causado por um acidente ambiental, tendo como protagonista uma indústria, pode não ser revisto nunca mais, matando ecossistemas inteiros... um prejuízo sem recuperação. • Uma indústria, também pode contribuir fortemente para o desenvolvimento da população, gerando inúmeros empregos diretos e indiretos. • Será que hoje em dia a humanidade conseguiria viver sem comodidade e tecnologia? Sem um celular ou um computador, ou mesmo uma televisão ou um rádio? • E se não existisse o carro? Ou mesmo você não pudesse nem sonhar em ir de ônibus para o trabalho, tivesse que ir de carro de boi? Enfim, o mundo não seria o mesmo, sem seus produtos industrializados! 1.2 – DINÂMICAS TERRITORIAIS DA ECONOMIA AGRÍCULA NO BRASIL •Plantations: grandes latifúndios; monocultura; concentração de renda; concentração de terras. •Modelo agroexportador: modalidade de agricultura voltada para a exportação. •Tráfico negreiro: como a produção agrícola precisava de muita mão-de-obra e a caça e escravização dos índios não era um bom negócio para a metrópole, a solução encontrada foi o tráfico de africanos que seriam escravizados aqui. •A rota do café: decadência no rendimento das minas > café começa a ser plantado no Vale do Paraíba (Entre São Paulo e Rio de Janeiro) > desloca-se o eixo da economia para o sudeste > cultivo do café em latifúndios e nas terras roxas (solo de origem vulcânica) no oeste paulista e no Paraná > com a abolição da escravatura, a mão-de- obra passa a ser assalariada e composta por imigrantes europeus. A cafeicultura foi responsável por investimentos feitos nos centros urbanos como serviços públicos de iluminação, expansão da infraestrutura de transporte. Mas, acima de tudo, a expansão cafeeira, que tinha que ir sempre em busca de novas terras, resultou no desmatamento de extensas áreas que antes eram cobertas pela mata atlântica. •Ilhas econômicas: regiões separadas geograficamente (longe uma da outra, sem relação de compra e venda ou de transações) que se desenvolvem muito rapidamente,expandindo níveis de crescimento (cultivo de cana no Nordeste e cultivo de café no Sudeste). ECONOMIA URBANO-INDUSTRIAL •Surgimento de pequenas fábricas no Brasil (principalmente têxteis) > capital gerado pela cafeicultura havia sido aplicado em obras de infraestrutura urbana > crescimento da população urbana pela crise do café > chegada dos imigrantes, ou seja, de mão-de-obra relativamente qualificada > formação de uma parcela da população pronta para o consumo > mercado interno. •Países europeus em crise por causa da 1º Guerra Mundial > Brasil passa a exportar seus produtos (principalmente alimentos e matéria-prima) > estimulação da industrialização. Mas ainda não tínhamos mercado consumidor nacional, já que ele estava concentrado no sudeste e as outras regiões estavam em um desenvolvimento lento ou estagnado. •2ª Guerra Mundial > instalação das multinacionais/transnacionais no Brasil. A industrialização provocou mudanças sociais e espaciais no Brasil, entre elas: •O comércio ampliou-se, aos poucos, até constituir um mercado nacional. •Aumentou-se a infraestrutura de transporte, energia e comunicações, o que causou a maior interação entre as regiões do país. •A população das cidades aumentou e as industrias se desenvolveram nas cidades, já que ofereciam concentração de mão-de-obra, capital, infraestrutura e comércio. 1.3 – QUESTÃO AGRÁRIA e EXPANSÃO DO AGRONEGÓCIO AGRONEGÓCIO: Atividade alavanca exportações do Brasil O agronegócio é formado por um conjunto de atividades interdependentes que têm em seu centro a agropecuária. Num dos pólos dessas atividades estão os fornecedores de máquinas, equipamentos e insumos agrícolas e, no outro, as atividades de processamento industrial, de distribuição e serviços. Dessa forma, estão articulados três setores de atividade econômica: primário (agropecuária e extração vegetal), secundário (indústria) e terciário (distribuição e comercialização). O agronegócio no Brasil O agronegócio agrupa as atividades econômicas que mais cresceram no início do século 21 no Brasil. Em 2004, empregava a terça parte da população economicamente ativa (PEA) e contribuiu com 43% das exportações totais do país (US$ 39 bilhões, um recorde, com crescimento de 27% sobre as exportações de 2003) 34% do PÌB (Produto Interno Bruto). Mas deve-se ressaltar que nessas cifras estão incluídas, além da produção agrícola, a extração vegetal (madeira), os insumos e equipamentos (como sementes, fertilizantes, defensivos, tratores e máquinas agrícolas em geral) como também o processamento industrial, transporte e comercialização, como pode ser verificado no esquema. A safra brasileira de grãos bate sucessivos recordes a cada ano, a pecuária tem a maior fatia do mercado internacional, o suco de laranja tomou conta de quase todo o planeta (cerca de 80% do suco comercializado em todo o mundo). Acrescenta-se ainda a liderança de outros produtos como a carne de frango, o açúcar, o café, o tabaco, etc. Em relação ao conjunto de atividades que formam o agronegócio, a maior parte do valor do PIB é agregado nas atividades de industrialização e distribuição, restando apenas 30% para a agropecuária. PROBLEMAS DE LOGÍSTICA Apesar dos recordes sucessivos da safra brasileira na última década e da modernização do sistema produtivo, os sistemas de transporte e de armazenamento constituem graves entraves ao desenvolvimento contínuo, pontos frágeis que comprometem um melhor desempenho e a expansão do agronegócio no Brasil. Em outras palavras, o caminho da fazenda até o porto de exportação num país de grande dimensão territorial como o Brasil é muito longo, necessitando de silos para estocagem dos produtos e um bom sistema de transporte. A performance conquistada pela produção agropecuária em particular e pelo agronegócio em geral esbarra em um sistema de transporte baseado em estradas de rodagem em péssimo estado de conservação e portos mal aparelhados para atender a crescente demanda das exportações brasileiras. O transporte ferroviário é insuficiente, as hidrovias além da baixa extensão são subaproveitadas e, apesar do extenso litoral do país, a navegação de cabotagem não ocupa lugar de destaque. Mais que isso, não existe um planejamento adequado para melhor integração dos diferentes meios de transporte. Tudo isso compromete o custo final do produto, coloca em risco a competitividade e impede que muitos negócios sejam cumpridos nos prazos estipulados em contrato. MODERNIZAÇÃO DO SUBDESENVOLVIMENTO É necessária uma ponderação final a respeito do triunfalismo frequentemente alardeado ao agronegócio no Brasil. Os resultados econômicos surpreendentes da modernização do campo, através do agronegócio, reforçaram ainda mais a vulnerabilidade econômica que caracteriza um país exportador de produtos agrícolas ou de baixo valor agregado. É crescente a participação das corporações multinacionais nas atividades mais lucrativas, como também é significativo o número de trabalhadores rurais contratados, pelas grandes empresas agropecuárias, apenas em épocas de plantio e de colheita. Do outro lado desta estrutura moderna, vive um número expressivo de pequenos produtores rurais, marginalizados das políticas governamentais de crédito e apoio técnico à produção. Assim mesmo, apesar de todas as limitações e dificuldades, as pequenas e médias propriedades respondem pela maior parte do abastecimento do mercado interno brasileiro e pela maior parte dos empregos existentes no meio rural. De acordo com o 2º. Plano Nacional de Reforma Agrária, a agricultura familiar responde por 37,8% da produção, mas consome apenas 25,3% do crédito, enquanto a patronal, que responde por 61% da produção, consome 73,8% do crédito. Poderiam, ainda, ser acrescentados os impactos ambientais do modelo de expansão agrária, que aceleram o desmatamento com a ocupação indiscriminada do solo e estimulam a concentração fundiária. O agronegócio já destruiu quase metade da região do cerrado brasileiro, onde existem mais de 400 espécies endêmicas de arbustos e uma diversidade de animais ameaçados de extinção. A expansão da soja no Mato Grosso tem sido responsável pelo desmatamento recorde da floresta amazônica. Os impactos ambientais também estão associados à ampliação da exportação de madeira. Produtos derivados e móveis contribuem em média com 10% das exportações do setor. 1.4 – REDES, COMÉRCIO E TERRITÓRIO RESUMO A revolução dos sistemas técnicos e a sua função transformadora do espaço no período atual podem ser plenamente caracterizadas pela presença de diferentes tipos de redes geográficas que dinamizam os sistemas produtivos e redefinem em escala global o uso do território, conferindo novas possibilidades aos fluxos materiais (objetos, mercadorias, pessoas) e imateriais (dados, informação, comunicação) ainda que isto ocorra de forma bastante diferenciada nos lugares. Como os diferentes tipos de redes e de sistemas de transporte não ocorrem de forma homogênea no território e não atendem aos interesses de todos os agentes, as funções de articulação das ações e de otimização do trabalho desempenhadas pelas redes geográficas tornam- se restritas e limitadas, sobretudo para aqueles lugares e ações que aparecem como sendo residuais (sem importância) aos interesses do sistema político-econômico hegemônico. O texto enfatiza justamente este caráter de dualidade das redes (integração/fragmentação), considerações que são feitas a partir da natureza atual dos sistemas de transportes. As lógicas corporativas de instalação e uso das redes no sistema de transporte brasileiro exemplificam este problema e aparecem como ponto de partidapara repensarmos novas estratégias políticas para o uso das redes e para a organização do território. Palavras-chave: Redes. Infra-estruturas. Sistemas de transporte. Território brasileiro. REDES e SISTEMAS DE TRANSPORTE (suas implicações) Recentemente, o território brasileiro conheceu um processo de avanço na integração a partir da instalação de um novo conjunto de infra-estruturas de transporte que servem aos grandes grupos econômicos estrangeiros e nacionais que produzem commodities (especialmente as do chamado agronegócio). Como uma parte considerável das exportações é constituída de produtos muito volumosos e de baixo valor agregado, a produção destinada ao mercado externo é exigente de sistemas de transporte baratos que garantam a competitividade do que é produzido. Eixo 2 Meio Ambiente e Território Diante da complexidade da questão ambiental brasileira, faz-se necessário para sua análise, fazer referencia ao processo histórico de formação e desenvolvimento do Brasil. Quando o homem se fixou no território, aconteceu a primeira grande transformação do espaço, com o inicio da agricultura e domesticação de animais: era a revolução do Neolítico. A segunda grande transformação do espaço se deu com a Revolução Capitalista, abrangendo a Revolução Francesa, a Revolução Industrial e o Liberalismo. Começou na Europa, por volta do século XVIII, uma grande modificação na forma de produção de mercadorias, instituindo uma nova maneira dos homens se relacionarem consigo mesmos e com o meio ambiente, trazendo reflexos negativos para o equilíbrio ambiental e instituindo o uso predatório dos recursos naturais. 2.1 – MEIO AMBIENTE e URBANIZAÇÃO: Questões e problemas A partir de então, verificou-se um fenômeno mundial de urbanização e industrialização e surgiram as cidades, como uma forma de organização sócio-espacial complexa, visando atender quatro necessidades fundamentais do homem moderno: habitar, trabalhar, circular e recrear. No Brasil, percebe-se que desde a sua colonização, o modelo de desenvolvimento instituído foi sempre no sentido de explorar ao máximo os recursos naturais na crença de uma natureza inesgotável, com desprezo pela biodiversidade e introdução de espécies exóticas para monocultura. Os ciclos econômicos do Brasil nos mostram claramente esta racionalidade colonial exploratória que ainda marca hoje nosso modelo de desenvolvimento: Pau-brasil, cana-de-açúcar, ouro, café, gado, algodão, eucalipto e soja. O processo de industrialização e urbanização acelerados pelo qual o país passou no começo do século XX e esta forma predatória, culturalmente instituída, de lidar com os recursos naturais têm causado desigualdades sociais, urbanização desordenada, perda da qualidade de vida e a criação de ambientes degradados, incompatível com a continuidades da vida no planeta. Com o crescimento urbano acelerado, percebe-se o surgimento de uma série de problemas sócio-ambientais. O crescimento da cidade exige a retirada de boa parte da vegetação natural, o solo passa por um processo de impermeabilização, havendo significativa modificação no ciclo hidrológico. A cidade é também o local de produção de bens e serviços, desta forma fica clara a necessidade de utilização ilimitada dos recursos naturais para a produção de mercadorias que garantam o funcionamento do sistema capitalista, gerando acumulação de riquezas. Este processo produtivo, além de degradar o meio ambiente com a extração dos recursos naturais, acaba lançando seus dejetos no ambiente, na crença da capacidade também ilimitada de auto-depuração e auto- renovação do meio ambiente. Tais atitudes têm como consequência o aumento continuo da degradação, com a poluição do ar, das águas e do solo como nunca se imaginou na história da Terra. A urbanização também traz outros problemas como a canalização dos rios, aumento do escoamento superficial, erosão do solo, assoreamento dos rios, enchentes, ocupação de áreas de risco e formação de um micro- clima urbano com ilhas de calor, mecanização e utilização de produtos químicos na agricultura. Percebe-se ainda que a forma de organização da sociedade industrial capitalista é excludente e geradora de desigualdades sociais e injustiça ambiental, onde os mais atingidos por desastres ambientais e que acabam suportando uma carga maior dos efeitos indesejáveis advindos do desenvolvimento econômico, são realmente as pessoas que menos ou nenhum beneficio tiram dele. O processo de globalização passou a atingir todos os cantos do mundo interligando países e instituindo um processo de produção, de relação de trabalho e de dominação sócio-cultural característicos do século XXI. Assim, a terceira grande transformação pode ser atribuída à revolução tecnológica que estamos vivendo, com tecnologias cada vez mais complexas e elaboradas para a acerada utilização dos recursos naturais e produção de bens e serviços, aumento populacional, desemprego, exclusão social, biotecnologia, utilização crescente de matéria e energia, insustentáveis níveis de consumo e produção e formação de uma sociedade baseada na informação. Assim, surgiu, por volta da década de 70, uma preocupação mundial com os problemas causados pela industrialização, urbanização e uso ilimitado da tecnologia. Com isso houve um crescimento no número e na qualidade de pesquisas e legislações ambientais no Brasil, mas que pouco efeito prático foi percebido. O capital continua dominando, as leis de mercado regem as relações sociais, a desigualdade é crescente e o uso da natureza para a produção de mercadorias continua degradando enormemente os ecossistemas. Surge então o conceito de desenvolvimento sustentável, como uma estratégia de conciliar o crescimento econômico com a conservação dos recursos. Esta teoria porém, vem de encontro a uma lógica insustentável, pois o capitalismo induz a uma produção ilimitada, baseada na geração de riquezas sem, no entanto, pensar nas necessidades das gerações futuras. Percebe-se, então, que esse conceito vem mais para sustentar um sistema insustentável, sob o jargão da democracia e da sustentabilidade, do que no sentido de questionar o capitalismo, que no fundo é a origem e a causa da relação estabelecida entre homem e natureza de forma degradadora. Percebe-se, portanto, a necessidade de modificar as relações homem/natureza, as formas de produção e as relações de trabalho para que se torne possível atingir um desenvolvimento realmente sustentável. Acreditando que isso não é possível, pelo menos no atual momento da história, algumas medidas devem ser tomadas para diminuir os impactos do homem na natureza e as desastrosas respostas da natureza a estes impactos. Na sociedade urbana-industrial atual, faz-se fundamental um estado mais atuante, que regulamente os projetos desenvolvimentistas e cobre posturas ambientalmente corretas. O planejamento do uso do solo, planos diretores e uma legislação urbanística eficaz e que realmente tenha aplicabilidade são fundamentais. Faz-se necessário também, a integração entre políticas ambientais e de desenvolvimento para que haja um maior controle do uso dos recursos de forma a possibilitar sua utilização mais racional. Educação ambiental e patrimonial também são formas imprescindíveis de preparar crianças e jovens para um futuro mais harmônico nas relações sócio- ambientais. Por fim, vale ressaltar que é de extrema importância a criação de um número cada vez maior de unidades de conservação, nas suas diversascategorias, para garantir que os ecossistemas mais significativos e exemplares das mais diversas espécies sejam preservados. Assim, pretende-se não apenas questionar o modelo de desenvolvimento instituído no Brasil desde a sua colonização, com vistas à exploração dos recursos, mas ir além e pensar nas consequências desse processo e em formas de reverter ou minimizar os efeitos advindos da urbanização e industrialização, construindo novas estratégias de reprodução dos processos produtivos e novos sentidos que mobilizem e reorganizem a sociedade. 2.2 – IMPACTOS DA AGROPECUÁRIA NA DINÂMICA AMBIENTAL As atividades agrícolas provocam impactos sobre o ambiente, tais como desmatamentos e expansão da fronteira agrícola, queimadas em pastagens e florestas, poluição por dejetos animais e agrotóxicos, erosão e degradação de solos e contaminação das águas. E as consequências desses impactos seriam extinções de espécies e populações, diminuição da diversidade biológica, perda de variedades, entre outros. Uma das principais ameaças ao meio ambiente não é a expansão da fronteira agrícola, mas a tendência a monocultura, ao uso de agrotóxicos e a consequente extinção de sistemas tradicionais de cultivo. Sabe-se que as áreas que são submetidas ao cultivo ou pastoreio intensivo por longos períodos se degradam rapidamente devido às práticas que empregam o fogo na abertura de áreas, desta forma, ocorre a perda dos agregados de matéria orgânica e argila. As causas dos impactos da agricultura sobre o ambiente têm origem na demanda de mercado, e suas consequências implicam em custos ambientais e ecológicos de difícil mensuração. Para que se promova o desenvolvimento de uma agricultura sustentável é necessário conscientizar o agricultor sobre a conservação do ambiente, além de oferecer-lhe os meios e métodos para alcançar esse desenvolvimento sustentável. Com o desenvolvimento e o crescimento mundial o panorama industrial- tecnológico tornou-se intensivo no uso de energia e matérias-primas, devido a maior produção e consumo agrícola e industrial, causando o aumento das emissões de gases capazes de provocar alterações climáticas e destruição da camada de ozônio, dentre outras consequências. A partir disso, a comunidade internacional passou a levar em consideração a necessidade de substituição das fontes de combustível de origem fóssil pelas fontes renováveis de origem de biomassa. O cultivo de matérias-primas e a produção industrial de biodiesel têm um grande potencial em sua cadeia produtiva, pois gera investimentos, emprego e renda no setor agrícola. Os biocombustíveis surgem como uma alternativa para o cumprimento das expectativas exigidas dentro da ótica do desenvolvimento sustentável. Entretanto, dadas as agressões provocadas pela expansão da atividade agrícola, as políticas públicas precisam ser voltadas para um padrão de produção sustentável de biocombustíveis em toda sua amplitude, seja, ambiental, econômica, e principalmente social. O setor canavieiro sempre foi algo que gerou grande preocupação entre os ambientalistas, pois o cultivo da cana-de-açúcar carrega o ônus de ser extremamente degradador do solo, poluidor do ar e da água, causador de grande impacto ambiental. Segundo o Guia Biodiesel - SEBRAE (2007) com o crescimento constante da fronteira rural e práticas não conservacionistas, 28% de terras agricultáveis brasileiras se encontram totalmente degradadas e improdutivas. Esta dinâmica do mercado de exportação agrícola é considerada como causadora de impacto ambiental, a floresta Amazônica no Brasil teve sua área desmatada em aproximadamente 653mil km2 no ano de 2003, que corresponde a 16,3%. Este fenômeno é impulsionado pela alta rentabilidade da agroindústria, pecuária e extração de madeira. Além de queimadas para agricultura que emitem três vezes mais de CO2 na atmosfera que a queima dos combustíveis fósseis. Além disso, percebe-se que com a ampliação do cultivo de biocombustíveis muitas vezes são esquecidos os efeitos devastadores no desgaste do solo e, as derrubadas de florestas que agridem todo o ecossistema e, em muitas nações, a substituição de práticas da agricultura para a bioenergia em substituição da agricultura para a alimentação. Como consequência há um aumento no preço de produtos alimentícios e redução do acesso da população mais pobre ao atendimento das exigências básicas nutricionais. O crescimento da população mundial provoca um aumento na demanda externa e interna dos países e um incremento relativo na renda per capta, alterando o padrão de consumo no setor primário. Para a preservação e a conservação do bem de uso comum da humanidade, o meio ambiente, faz-se necessário o uso de políticas protecionistas através dos instrumentos ambientais cabíveis, tais como, instrumentos de comando e controle (ou regulação direta), instrumentos econômicos (ou de mercado) e instrumentos de comunicação (ou persuasão). O objetivo é tentar reduzir a agressão ao planeta. Tais políticas de preservação não podem ser adotadas isoladamente por blocos econômicos, países, governos e pessoas, mas uma integração conjunta de todos os cidadãos do mundo. Com a intensificação das exportações agrícolas em todo o mundo, a reformulação na política de crédito, a criação de novas formas de financiamento para o setor agrícola, investimentos em infraestrutura, tecnologia e pesquisa geraram crescimento do setor agroexportador brasileiro e mundial. 2.3 – ENERGIA e MEIO AMBIENTE: Impactos socioambientais das diversas matrizes RESUMO O Brasil tem o maior potencial hidrelétrico do mundo, metade do qual ainda por aproveitar. Entretanto, essa imensa reserva – barata e ambientalmente segura – está sendo cada vez menos utilizada, passando o abastecimento a depender cada vez mais de fontes térmicas, caras e poluentes. O esforço feito a partir de 1995 para abrir o setor elétrico ao investimento privado, no geral bem sucedido, sofreu significativa solução de continuidade entre 2003 e 2006, função do processo relativamente longo de revisão do modelo setorial empreendido pelo Governo. Na retomada, contudo, ficou evidente que as estratégias dos variados setores contrários à solução hidrelétrica conseguiram, na prática, estabelecer um “veto branco”, se não às usinas, ao menos à construção de reservatórios, aos quais foram impostas severas restrições. Com isso, perde o País qualidade e eficiência em seu sistema de geração de energia elétrica; perdem as atividades econômicas ribeirinhas por não ver regularizados o fluxo dos rios; perdem os consumidores, que estão pagando mais pela energia; e perde o meio ambiente, em função da crescente dependência da termeletricidade. Urge discutir esse virtual “veto branco” feito às hidrelétricas e aos seus reservatórios, registrando em corpo normativo apropriado as definições por fim alcançadas, após percorridos os caminhos regulares de tomada de decisão no âmbito do Estado. DOS VELHOS AOS NOVOS PARADIGMAS ENERGÉTICOS Para uma possível mudança paradigmática, que substitua as velhas matrizes energéticas, é necessário um amplo esforço mundial para a efetivação de novas formas de produção e consumo energético. Segundo Altvater, o uso de fontes de energias fósseis se coaduna com um sistema de imposição autoritária, causador de conflitos mundiais e do efeito estufa, além de ameaçar o surgimento, nas próximas décadas, do fenômeno dos refugiados ambientais. Por meio de uma análise histórica, da relação entre energia e comunicação, Jeremy Rifkin assinala as distintas transformações na relação da sociedade capitalista industrial com as matrizes energéticas. No século XIX, com o barateamento da impressão, o letramento dostrabalhadores forneceu-lhes ―habilidades para lidar com as complexidades das demandas energéticas da época – o carvão, o vapor‖. No século XX, foi a vez do telefone contribuir na gestão e controle da chamada segunda revolução industrial, marcada pela era do petróleo e a do automóvel. Para os dias atuais, com a Internet, urge uma nova revolução, ou seja, a terceira revolução industrial. ―A internet aparece como tecnologia de comunicação revolucionária, porque é distributiva e colaborativa, enquanto a impressão, a TV, o rádio eram centralizadas‖. No entendimento do professor argentino Walter Pengue, diretor do Programa de Atualização em Economia Ecológica, ―a humanidade deverá começar a pensar seriamente seu modelo de consumo. Nestes tempos, não tem triunfado nem o capitalismo nem o comunismo. O principal ganhador é o consumismo, a ameaça mais grave sobre os recursos naturais da terra‖. Na América Latina, por exemplo, o ―desenvolvimento regional deveria ser a premissa dos governos‖, ao invés de só pensarem ―nos mercados de exportação, que são pão para hoje e muita fome para amanhã‖. Destaque-se que em nosso continente, a matriz energética encontra-se na raiz de muitas tensões sociais envolvendo os governos progressistas e os de direita. Nessa busca desenfreada por novas fontes de energia, segundo o pesquisador Marcelo Firpo Porto, há uma discriminação sofrida pelos ―povos tradicionais, sejam eles indígenas, quilombolas, pescadores, geraizeiros e outros tantos, desprezados em seu modo de viver em estreita relação com os ecossistemas locais quando da instalação de empreendimentos como hidrelétricas, mineração ou expansão do agronegócio‖. Ainda, segundo Porto, ―os movimentos por justiça ambiental vem se constituindo num importante exemplo de resistência, através de ações em redes que articulam lutas locais e globais, frente aos efeitos nefastos de um capitalismo globalizado, o qual utiliza sua crescente liberdade locacional de investimentos entre regiões e planetas para inibir a construção de parâmetros sociais, ambientais, sanitários e culturais direcionadores do desenvolvimento econômico e tecnológico‖. A grande questão está em como e quantos estão interessados em virar esse jogo. 2.4 – DINÂMICA DA NATUREZA NO ESPAÇO BRASILEIRO A problematização da sobrevivência global, que resultou numa reelaboração das relações natureza-sociedade surgiu como resposta ao caráter destrutivo do desenvolvimento do pós-guerra e salienta as condições crescentes de deterioração geral do planeta. Está relacionado com a constatação da alteração dos maiores componentes da biosfera devido à intensidade da exploração humana dos recursos naturais, principalmente durante a segunda metade do século XX. Até a década de 70, os problemas ambientais eram percebidos pelo sistema internacional como assuntos de menor importância, marginais aos interesses nacionais e à política internacional. Com a emergência de problemas ambientais que atravessaram visivelmente as fronteiras nacionais e que, portanto, convertiam-se em ameaças para regiões inteiras do globo, tais como a diminuição da camada de ozônio, o aumento da temperatura global, a diminuição da disponibilidade de recursos naturais, etc., os assuntos ambientais começam a colonizar a escala global. O novo status global dos assuntos ambientais se refletiu na organização da primeira reunião global na cúpula da Terra, a Rio 92, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Desde então, explicitou-se o interesse oficial e popular nas questões do Meio Ambiente e suas relações com as políticas econômicas, tanto nacionais quanto internacionais. Este evento acabou por delinear o discurso sobre as relações entre desenvolvimento e meio ambiente numa escala global, consolidando definitivamente esta escala como eixo das questões ambientais daí em diante. Disseminou-se a necessidade de procurar ferramentas efetivas para gerir as questões ambientais, pois em última instância tratava-se de gerir ou manejar os limites biofísicos do crescimento e do desenvolvimento. + Apostila CMSM HOTSPOTS São áreas que conjugam duas características: grande biodiversidade e alto grau de ameaça de destruição, por diferentes agressões e ocupações do espaço. O Brasil possui atualmente dois hotspots: Mata Atlântica e o Cerrado Eixo 3 Espaço Urbano Brasileiro 3.1 – DINÂMICA POPULACIONAL e URBANIZAÇÃO 3.2 – REGIÕES METROPOLITANAS Resumo O processo de metropolização ocorre a partir da polarização de uma região em torno de uma grande cidade, em dimensões físicas e, sobretudo, populacional, caracterizando-se pela alta densidade demográfica, alta taxa de urbanização, ao redor da qual se forma um núcleo metropolitano. Esse fenômeno tem gerado problemáticas ambientais, morfológicas, políticas e socioeconômicas; necessitando se pensar, de maneira abrangente e inter- relacionada, sobretudo, quanto às perspectivas da gestão e da sustentabilidade. Essas reflexões, que perpassam diversas instâncias de trabalho, tiveram como motivo impulsionador a inquietação diante de questões comuns a diferentes localidades, ultrapassando limites territoriais e assumindo abrangência regional, num processo de formação de novos agrupamentos de municípios no Brasil e, também, em Pernambuco. REGIÃO Refere-se a uma área contínua com características de homogeneidade relacionadas ao domínio de um determinado aspecto, seja ele, natural ou construído, econômico ou político. Esse aspecto personaliza e diferencia uma região das demais. Dessa maneira, citamos a região amazônica, domínio do clima e da mata equatorial; a região da uva e do vinho gaúcho, marcada pela serra e pela produção da vinicultura; assim como, a Região Metropolitana do Recife, formada pela capital pernambucana e mais 13 municípios sob sua direta influência. METRÓPOLE Termo que remonta aos gregos, referindo-se a uma cidade mãe (área urbana de um ou mais municípios) que exerce forte influência sobre o seu entorno, polarizando em si complexidade funcional e dimensões físicas que a destacam numa rede de cidades e no cenário regional. Na sua origem latina, o termo refere-se à capital ou à principal cidade de uma província, de um estado ou de uma região. Uma aglomeração urbana se forma quando duas ou mais cidades passam a atuar como um „minisistema urbano‟ em escala local, ou seja, seus vínculos se tornam muitíssimo fortes (...). Se uma das cidades que formam uma aglomeração urbana crescer e se destacar demais, apresentando-se como uma cidade grande e com uma área de influência econômica, pelo menos, regional, então não se está mais diante de uma simples aglomeração, mas de uma metrópole 1. URBANIZAÇÃO E METROPOLIZAÇÃO O Processo de urbanização teve início paralelamente à constituição da sociedade humana e seu estabelecimento em determinados espaços físicos. Esse processo tem continuidade até hoje, com a atual emergência de um estilo de vida urbano, disseminando-se por vastas áreas, com o crescimento vegetativo e com a passagem de, cada vez maiores, contingentes populacionais do campo para as cidades. As cidades são constituídas pela sede do poder administrativo do município e também caracterizadas pelas altas densidades demográfica e construtiva, assim como pelo predomínio da população economicamente ativa, empregada em atividades dos setores: secundário (indústrias) e terciário (comércio e serviços). A partir de 2007, a população mundial passou a ser urbana com mais de 50% da humanidade vivendo nas cidades. No Brasil, essa passagem já ocorreu faz anos, atingindo hoje uma taxade urbanização superior a 80%. O processo de metropolização ocorre a partir da polarização de uma região em torno de uma grande cidade em dimensões físicas e, sobretudo, populacional, caracterizando-se pela alta densidade demográfica e alta taxa de urbanização. Essa grande cidade, também chamada de metrópole, constitui um núcleo, ao redor do qual há várias outras cidades sob sua direta influência, mantendo forte relação de interdependência econômica e notório movimento pendular de sua população. A metropolização é um fenômeno relativamente recente na história da urbanização. Ela teve início a partir da Revolução Industrial, na Inglaterra, no século XIX. E foi nesse país que houve a sua primeira identificação, seguida pela iniciativa mais antiga de instituir uma Região Metropolitana em torno de Londres. Seguiram a idéia de reconhecer institucionalmente esse fenômeno, os administradores de Tókio, Cidade do México, Buenos Aires, Toronto, Montreal, Los Angeles, Barcelona e, hoje, muitas outras. O processo de conurbação é a formação de uma cidade, no sentido geográfico, sobretudo físico, a partir da fusão das áreas urbanas de vários municípios limítrofes, constituindo uma macha urbana única e contínua com grandes dimensões, ultrapassando os limites político-administrativos de cada uma das localidades integrantes. A combinação dos processos de urbanização, de metropolização e de conurbação deu origem às regiões metropolitanas, enquanto fenômeno físico e socioeconômico, reconhecido pelos teóricos, assim como pela população. Esse fato pode vir a ser institucionalizado pelo poder público, visando à gestão de problemas comuns a mais de um município. Apesar da aparente fácil apreensão desses processos, dificilmente encontramos um enunciado que encerre todas as suas nuances conceituais. Segundo BRAGA & CARVALHO (2004, p.08): Uma região metropolitana é um aglomerado urbano composto por vários municípios administrativamente autônomos, mas integrados física e funcionalmente, formando uma mancha urbana praticamente contínua (...). O conceito de região metropolitana deve ir além da mera definição legal. Para Santos (1998), o fenômeno da metropolização corresponde à macrourbanização e apenas as aglomerações urbanas com mais de um milhão de habitantes deveriam merecer tal denominação Município de Jaboatão dos Guararapes, espacialmente conurbado e funcionalmente integrado à Região Metropolitana do Recife. 2. REGIÕES METROPOLITANAS NO BRASIL No Brasil, o processo de metropolização evidenciou-se, sobretudo, a partir de meados do século XX, destacadamente em São Paulo e Rio de Janeiro e, nos anos seguintes, em várias outras localidades. A primeira iniciativa brasileira de institucionalização foi a do governo gaúcho, que estabeleceu a Região Metropolitana de Porto Alegre, em 1968, formada por 13 municípios. Em 1973, foram instituídas, pela Lei Federal N° 14, oito regiões metropolitanas: Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, São Paulo e Porto Alegre. Posteriormente, em 1974, foi instituída a Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Hoje, temos cerca de 30 Regiões Metropolitanas localizadas em todas as regiões do País (20 delas são formadas em torno de capitais estaduais e outras 10, no interior dos estados) e 03 Regiões Integradas de Desenvolvimento (RIDE), que incluem municípios aglomerados pertencentes a mais de uma Unidade da Federação. Esses números têm sofrido contínuas alterações, devido à institucionalização de novas regiões, como também, casos de desinstitucionalização, como o ocorrido no Estado de Santa Catarina. A Constituição Federal, em 1988, em seu artigo 25, passou aos Estados a competência de poder criar regiões metropolitanas. Uma vez que cada Unidade da Federação estabelece os seus próprios critérios referenciais para instituir uma Região Metropolitana. Criou-se assim, a possibilidade de distorções e grandes diferenças, quantitativa e qualitativamente, entre regiões, havendo casos de não atendimento aos principais conceitos definidores do que seja Região Metropolitana. 3.3 – PROCESSO DE URBANIZAÇÃO BRASILEIRO 3.4 – DESIGUALDADES e SEGREGAÇÃO SÓCIO-ESPACIAL Eixo 4 Região e Regionalização 4.1 – EVOLUÇÃO e ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO NO BRASIL PRIMÁRIO-EXPORTADOR A economia colonial aqui referida não se restringe apenas à do período em que o Brasil foi colônia de Portugal, ou seja, até 1822, ano de nossa independência política formal, mas prolonga-se até praticamente 1860-1870. Por quê? Segundo o professor João Manuel Cardoso de Melo, em seu livro O capitalismo tardio, o que caracterizava a economia colonial eram as relações escravagistas de produção que o Brasil manteve até 1888, quando foi promulgada a Lei Áurea. Por esse critério a economia colonial estendeu-se até quase o final do século XIX, mais precisamente quando as relações sociais de trabalho ou de produção no Brasil tornaram-se assalariadas, substituindo, assim, as escravagistas. Estávamos então em plena fase de expansão da cafeicultura no Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. Foi nesse período que ocorreu de fato o nascimento do capitalismo no Brasil e a passagem da economia colonial para a economia exportadora capitalista ou primário-exportadora capitalista. A diferença entre as duas economias está nas relações de produção: uma baseava-se no trabalho escravo, enquanto a outra, no trabalho assalariado. Ambas, contudo, apoiavam-se na produção de bens primários (matérias-primas vegetais e animais, por exemplo) em grande parte voltada à exportação, sendo, portanto, economias extrovertidas, direcionadas ao atendimento das necessidades e interesses de outras nações. As relações entre metrópole e colônia, no século XIX, não podiam mais ter por base o trabalho escravo na colônia. Este tornou-se um obstáculo para o desenvolvimento do capitalismo industrial que, em plena expansão nos ―países centrais‖, para ampliar-se, necessitava da mercantilização da força de trabalho, ou seja, que as relações de trabalho se tornassem assalariadas. Mas quais as razões que explicariam essa necessidade? Uma delas é que, por não ser remunerado, o trabalhador escravizado não comprava bens, enquanto, tornando-se assalariado, poderia fazê-lo. A existência da escravidão limitava a circulação mercantil ou a implantação das práticas capitalistas de mercado nos espaços ou economias coloniais, como o Brasil. Além disso, o capitalismo industrial já dependia, no século XIX, da economia de escala, ou seja, da produção de bens em grande quantidade, para reduzir os custos de produção e obter bons lucros. Compreende-se, a partir disso, por que as relações escravagistas de produção foram duramente combatidas pelo grande capital industrial, principalmente o inglês, no decorrer do século XIX, pois a Inglaterra já havia efetuado a Primeira e a Segunda Revoluções Industriais e possuia uma influência significativa na política econômica externa de Portugal. A importância do estudo dos ciclos econômicos do Brasil até aproximadamente 1930 ajuda a compreender melhor as características atuais da organização de nossos espaços geográficos, de que forma seus diversos aspectos geográficos – paisagens, espaços urbanos, estrutura e organização espacial dos transportes e realidades sociais distintas, entre outros – foram, em grande parte, condicionados pelos processos histórico-econômicos pelos quais passou o país e como este se situou na conjuntura econômica mundial. OS PRODUTOS PRINCIPAIS E ACESSÓRIOS DA PRODUÇÃO ESPACIAL Na evolução econômica do Brasil, pelo menos até 1930, sempre existiu o domínio econômico de certos produtos, que receberam as maioresatenções e incentivos da parte da Coroa portuguesa, da burguesia comercial, da aristocracia rural luso- brasileira, dos governos imperiais e dos governos da República Velha (1889 – 1930). Os produtos principais foram os que lideraram as exportações e constituíram a base da economia colonial e da economia exportadora capitalista, predominando ora um, ora outro. Foi o caso, por exemplo, da cana-de-açúcar, nos séculos XVI e XVII, no Nordeste do Brasil, na denominada Zona da Mata; dos metais e pedras preciosas (ouro, prata, esmeralda, diamante etc.), no período áureo da mineração, principalmente em Minas Gerais, no século XVIII; e do café, no Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo e Minas Gerais, nos séculos XIX e XX, mas este último produto já em outra fase do capitalismo - a monopolista. As economias colonial e exportadora capitalista ou primário-exportadora produziram, além dos produtos principais, outros artigos: madeiras e drogas do sertão, principalmente na Amazônia; tabaco, sobretudo no Recôncavo Baiano; gado bovino, no Agreste e no Sertão nordestino e no sul do Brasil; algodão, no Maranhão e em trechos do Sertão nordestino; borracha e castanha-do-pará, na Amazônia; cacau, no sul da Bahia e na Amazônia; e produtos alimentares ou de subsistência (milho, arroz, feijão, mandioca etc.), nas diversas áreas de povoamento. Os produtos citados, que podem ser chamados de produtos secundários ou acessórios, tiveram também sua importância na economia colonial e na fase da economia exportadora capitalista, pois exerceram papel significativo no processo de povoamento luso-brasileiro e estrangeiro do Brasil e, consequentemente no processo de produção e organização de espaços geográficos. Quando um desses produtos, principais ou acessórios, se desenvolvia num certo lugar, este se transformava em área de atração populacional, em ―pólo‖ ou ―ilha‖ econômica. Pessoas de outras regiões do Brasil, de Portugal e de outros países para lá migravam em busca de trabalho e riquezas, participando assim da produção dos espaços geográficos no território brasileiro. Mesmo os africanos e indígenas escravizados eram levados para servir como mão-de-obra, dentro do chamado processo de migrações forçadas. Sob o comando do capital comercial, formaram-se, ao longo de nossa história, um conjunto de economias regionais ou de espaços geográficos regionais. Muitos deles articulavam-se predominantemente com o exterior; outros ligavam-se entre si e alguns ficavam fechados em si mesmos. Produziu-se, assim, tomando-se o território brasileiro como um todo, um espaço organizado em ―coágulos‖, ou seja, em ―!ilhas‖ e ―arquipélagos‖ econômicos. O sistema produtivo implantado no Brasil – principalmente no período da economia colonial, dando origem ao processo inicial de produção dos espaços geográficos – tinha a função de promover a acumulação primitiva do capital para a metrópole, capital este apropriado pela Coroa portuguesa e pelos comerciantes. Isso promoveu, desde o início da colonização, uma relação espacial de exploração econômica, entre o espaço subordinante (metrópoles ou ―países centrais‖) e os espaços subordinados (colônias ou ―países periféricos‖). Quando, por alguma razão, ocorria o declínio ou decadência econômica de uma área de atração populacional ou de um certo espaço geográfico em construção – como, por exemplo, o do nordeste, com a queda da produção açucareira, devida à concorrência das Antilhas, e o das Minas Gerais, com o esgotamento do ouro de aluvião, nos séculos XVII e XVIII, respectivamente -, estes se transformavam em áreas ou espaços geográficos de repulsão de população. Com a regressão da atividade econômica ao grau de produção de subsistência, a articulação com o exterior decrescia, pois não havia mais excedentes significativos para as trocas comerciais. Esses espaços, que no quadro da divisão internacional da produção dependiam substancialmente do exterior, fechavam-se quase completamente sobre si mesmos, ocasionando a redução do ritmo de seu processo de produção e organização espacial. Concluímos, portanto, que a produção dos espaços geográficos no Brasil, durante o período da economia colonial e de parte da economia exportadora capitalista (século XIX e início do XX), teve por base a formação de sucessivas áreas de atração e repulsão de população. Essa dinâmica obedeceu à lógica do capitalismo comercial e, depois, à do capitalismo industrial ou monopolista, ambos dependentes das vicissitudes e instabilidades da economia dos ―países centrais‖. Foi, desse modo, um processo de produção e organização espacial comandado pelo exterior, e não pelas necessidades internas das distintas regiões brasileiras. Observando o mapa da organização do espaço do Brasil na atualidade, é possível perceber as diferenças regionais derivadas do processo histórico que marcou a produção espacial em nosso país. TIPOLOGIA DOS ESPAÇOS GEOGRÁFICOS PRODUZIDOS NA ECONOMIA COLONIAL Podemos reconhecer três tipos de espaço geográfico produzidos no Brasil, durante o período da economia colonial: a) espaços voltados para o exterior ou espaços extrovertidos; b) espaços voltados para fora do seu próprio espaço e articulados com os voltados para o exterior; c) espaços voltados para si próprios. De acordo com o estudo, todos eles mantinham uma ―tênue articulação entre si, em função das relações (dominantes) escravistas de produção, da concentração de renda, da reduzida divisão social do trabalho e do limitado mercado interno‖. Vejamos algumas características básicas de cada um deles. Espaços voltados para o exterior ou espaços extrovertidos. Estes seriam os espaços geográficos produzidos em função do mercado externo e dele dependentes. 4.2 – MODERNIZAÇÃO ECONÔMICA e DESENVOLVIMENTO REGIONAL A crise de 1929, ao provocar generalizada recessão econômica no mundo capitalista, colocou às claras o problema das desigualdades regionais na maioria dos países industrializados, as quais vinham se formando desde o século anterior, mas não eram explicitadas. A tomada de consciência dessas desigualdades e a mudança na concepção do papel do Estado, com a revolução keynesiana e o avanço das técnicas e práticas de planejamento, promoveram a criação de políticas de redução das desigualdades regionais e de reordenamento do território em vários países, com a criação de instituições específicas para a implementação dessas políticas. O caso mais claro foi o dos Estados Unidos, com a criação do TVA (Tennesse Vale Authority), em 1933, como parte do New Deal. O TVA introduziu uma nova sistemática de planejamento com o intuito de promover o desenvolvimento da região, composta de seis Estados. Os objetivos eram amplos e generalizados: obras para controle de cheias; construção de usinas hidroelétricas; desenvolvimento da navegação; transporte rodoviário; expansão e modernização da agricultura, inclusive programas de irrigação; crescimento e modernização da indústria; desenvolvimento urbano e dos serviços. A generalização das políticas regionais nos países centrais foi assimilada pelos países periféricos. Na América Latina, a maioria dos países criou programas específicos de desenvolvimento regional, a exemplo dos programas de fronteira e de bacias, no México; da região de Guayana, na Venezuela; do Cuyo e da Patagônia, na Argentina. Segundo levantamento realizado por Sthor (1972), à época foram listados 73 planos ou programas de desenvolvimento regional nos países latino-americanos. No conjunto dessas políticas, cabe destaque às políticas brasileiras para o Nordeste e para a Amazônia. A preocupação com o problema regionalno Brasil esteve presente desde o século XIX, embora não tivesse essa denominação, em função das consequências sociais das secas, no Nordeste, e da necessidade de controle do território da Amazônia, como retratam as várias comissões e tentativas de políticas realizadas desde aquele século. Para o caso nordestino, como decorrência das secas, em 1877 foi criada a Comissão Imperial, encarregada de analisar o problema e propor soluções. Aquela comissão sugeriu o desenvolvimento dos transportes, a construção de barragens e a transposição do rio São Francisco. As ações foram, no entanto, limitadas e lentas, enquanto se aprofundava o problema social da região. Estima-se que, como consequência das secas e dos problemas sociais, tenham morrido entre 100 e 200 mil pessoas nas últimas décadas do século XIX. Estima-se também que, entre o final do século XIX e início do século XX, aproximadamente 500 mil pessoas tenham se transferido ou foram transferidas para a região amazônica, na expectativa das oportunidades de trabalho vinculadas à exploração da borracha, que emergia como novo produto de exportação (Furtado, 2001; Cano, 1977 e 1985). Em 1904, foram criadas comissões para analisar o problema das secas no Ceará e no Rio Grande do Norte e, no mesmo ano, criada a Inspetoria de Obras Contra as Secas (IOCS), transformada em Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (IFOCS), em 1906, e em Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), em 1945. Em 1920, havia sido criada a Caixa Especial de Obras de Irrigação de Terras Cultiváveis no Nordeste do Brasil, com 2% do orçamento da União. Em 1923, a Constituição Federal fixou em 4% do orçamento federal para o controle das secas. Em 1945, seguindo a experiência do TVA, foi criada a Companhia Hidroelétrica do São Francisco. A nova Constituição Federal, aprovada em 1946, estabeleceu vinculações orçamentárias específicas para o desenvolvimento das regiões Nordeste e amazônica. Por essa razão, foi criada a Comissão de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf), em 1948. Em 1951, seria instituído o Banco do Nordeste do Brasil (BNB). No que se refere à Amazônia, em 1912, foi criada a Superintendência de Defesa da Borracha, preocupada com a concorrência asiática, transformada em Instituto Internacional da Hileia Amazônica, em 1945; em Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA), em 1953; e em Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam), em 1966. Em 1942, no bojo dos acordos de Washington, foi criado o Banco de Crédito da Borracha, transformado em Banco de Crédito da Amazônia, em 1957, e em Banco da Amazônia S.A. (Basa), em 1966. Em 1967, seria criada a Suframa. A generalização da política regional levou à criação de superintendências para as demais regiões do País, a saber: Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Região da Fronteira Sudoeste do País (SPVERFSP), em 1961, transformada em Sudesul, em 1967; a Comissão de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Codeco), em 1961, transformada em Sudeco, em 1967. Conclui-se que o Brasil foi pioneiro na busca de instrumentos e ações para alavancar o desenvolvimento do Nordeste e da Amazônia. A primeira, pelas graves crises sociais e pela força regionalista de sua elite. A segunda, pela preocupação com o controle político do vasto território amazônico. As críticas a essas instituições, a alegada existência de corrupção e as mudanças na concepção e no papel do Estado, durante a era neoliberal, levaram ao esvaziamento e posterior fechamento da maioria delas. Foram mantidos a Suframa, o BNB e o Basa. A Sudene foi transformada em Adene e, posteriormente, recriada a Sudene. Movimento semelhante ocorreu com a Sudam, transformada em ADA e novamente recriada. A Sudeco foi extinta e recriada. Nos último 50 anos, as chamadas economias em desenvolvimento alcançaram níveis expressivos de industrialização e urbanização. Após a década de 1950, ocorreu no Brasil o processo de internacionalização da economia. Durante a década de 1970, ocorreu o ―milagre econômico brasileiro‖, que elevou o país à posição de 8ª economia mundial no ano de 1973. A partir da década de 1980, ocorreu o esgotamento da capacidade do Estado em promover o desenvolvimento industrial – fim do Estado empresário (adoção de medidas neoliberais). A partir da década de 1990, iniciou uma acelerada abertura econômica, com privatização de empresas estatais. 4.3 – REGIONALIZAÇÃO e PLANEJAMENTO TERRITORIAL Durante as últimas décadas, o Governo Brasileiro tenta encontrar a melhor forma para regionalizar o país, utilizando diferentes metodologias para tal. No entanto, dois formatos são utilizados com maior frequência: 1) Regionalização político-administrativa (tradicional do IBGE), enfocando critérios humanos como formação étnica e a distribuição territorial da população; 2) Regionalização geoeconômica, tratando dos aspectos econômicos agregados aos estados. REGIONALIZAÇÃO TRADICIONAL O território brasileiro fica subdividido em cinco macro regiões heterogêneas: •Clima: Equatorial úmido, com elevado índice pluviométrico. •Vegetação: floresta equatorial amazônica •Relevo: Baixo, formado por planícies. •Hidrografia: Bacia hidrográfica Amazônica. •População: Pouca, formada por brancos, índios e mamelucos, porém em Belém a população cafuza migrante oriunda do Norte maranhense é bem comum. Clima: Tropical úmido (Zona da Mata),[4] Tropical semi-árido (Agreste/Sertão)[5][6] e Tropical de transição (Meio Norte).[7] •Vegetação: Mata Atlântica (Zona da Mata), Caatinga (Agreste/Sertão) e Mata dos Cocais (Meio Norte). •Relevo: Formado por planícies (Zona da Mata) e planalto (Agreste/Sertão). •Hidrografia: Bacia Hidrográfica do São Francisco. •População: Grande, formada por brancos (principalmente em Fortaleza, João Pessoa e sertão setentrional), negros (principalmente em Salvador e Recife), índios (principalmente no Sertão), cafuzos (principalmente em São Luís) e mamelucos (o elemento etnico mais basico presente em toda a região, mas principalmente na zona semi-árida, Agreste, Fortaleza, Natal, João Pessoa, sul de Maranhão e Piauí, centro-oeste da Bahia, etc). REGIÃO NORDESTE REGIÃO NORTE •Clima: Tropical semi-úmido (tropical típico), com duas estações bem definidas em relação aos índices pluviométricos (Primavera/Verão - período chuvoso e Outono/Inverno - período seco). •Vegetação: Cerrado, que sofre drásticamente com as atividades agropecuárias, onde destacamos a pecuária extensiva e a sojicultura; Além das Matas Ciliais ou Matas Galerias. •Relevo: Planalto Central, formado por chapadas e a Planície do Pantanal. •Hidrografia: Bacia Hidrográfica do Paraguai e Araguaia (Tocantis - Araguaia) •População: Modesta população formada por brancos (principalmente no centro-oeste da região descendentes de migrantes do norte do RS, oeste de SC e oeste do PR), índios (principalmente no norte do MT) e mamelucos (a etnia mais comum da região e praticamente a única até meados de 1960) com baixa densidade demográfica, porém após a construção de Brasília, muitos elementos mineiros de origem africana (geralmente mulatos e cafuzos) migraram para a sua parte mais oriental entre o nordeste do MS e o leste/sudeste de GO e DF. REGIÃO CENTRO-OESTE •Clima: Tropical de altitude e tropical úmido. •Vegetação: Floresta tropical ou Mata Atlântica, radicalmente devastada pela ação antrópica. •Relevo: Planície costeira ou litorânea, onde encontramos uma estrutura particular chamada de Mar de Morros; Além do chamadoPlanalto Atlântico, composto basicamente por serras. •Hidrografia: Região rica em nascentes, onde destacamos a nascente do Rio São Francisco, na chamada Serra da Canastra (Minas Gerais), além da formação inicial da Bacia do Paraná e de bacias secundárias como o Tietê, Paraíba do Sul, entre outros. •População: Gigantesca população, agregando mais de 40% da população brasileira, formada por todos os grupos étnicos e suas miscigenações, porém não de modo homogêneo - a população branca da região se concentra no interior do ES e no interior de SP, enquanto a população negra se concentra no centro de minas, baixada fluminense, zona norte do Rio, parte da zona oeste. Os mamelucos são mais comuns no interior de SP e ES, os cafuzos no interior de MG, os mulatos na capital do RJ e os nativos foram praticamente dizimados, boa parte tupinambás, mas restando uma população kaigang e guarani. REGIÃO SUDESTE •Clima: Temperado sub-tropical (com duas estações bem definidas, apresentando verões quentes e invernos frios e secos). •Vegetação: Mata dos Pinhais ou Araucárias (estado do Paraná) e os Pampas. •Relevo: Formado por zonas baixas próximas ao litorial e planalto arenito basáltico (planalto meridional) •Hidrografia: Médio e baixo cursos da Bacia do Paraná, Bacia do Paraguai e Bacia do Uruguai. •População: Formada basicamente por brancos de origem europeia não ibérica, como italianos, germânicos e eslavos. Não observamos a integração entre diferentes grupos étnicos, explicando assim a formação homogênea da Região, com fortes traços europeus, porém existem minorias africanizadas no sudeste do RS (região de Pelotas), divisa litorânea entre PR e SC, Paranaguá, etc. O panorama da região neste sentido foi o que mais se alterou drasticamente na sua historia populacional; entre 1775 e 1825 mais da metade da população do PR e RS eram de origem africana, mas do século XVI a 1775 era amerindia e mameluca; SC por exemplo era etnicamente açoriana na parte central do seu litoral, africanizada na divisa costeira com o PR (só que mais recentemente via migrações) e praticamente amerindia pura no seu interior meio-oestino até finais do século XIX e início do século XX quando imigrantes alemães colonizaram a parte mais a nordeste do seu centro e os italianos a sua costa meridional; gaúchos e descendentes ocuparam o oeste bem depois e na parte mais ocidental do centro existe uma população de transição, que originalmente era amerindia e mameluca. No interior do PR o elemento eslavonico é o mais forte, mas com a migração de italianos étnicos do norte gaucho os etno- padanicos do RS setentrional passaram a ser a maioria dentre os euro-descendentes do estado; no RS o elemento norte-italiano é mais comum na sua parte serrana centro-ocidental, enquanto o alemão é mais comum na parte oriental da serra. O elemento mameluco é fortíssimo na região oeste do RS, de onde surgiu o gaúcho original, filho do espanhol/iberico com a nativa guarani. REGIÃO SUL. DIVISÃO GEOECONÔMICA DO BRASIL Em 1967, o geógrafo Pedro Pinchas Geiger propôs a divisão regional do Brasil em três regiões geoeconômicas ou complexos regionais. Essa divisão tem por base as características histórico-econômicas do Brasil, ou seja, os aspectos da economia e da formação histórica e regional. •Região geoeconômica Amazônia •Região geoeconômica Centro-Sul •Região geoeconômica Nordeste 4.4 – REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA, REDES e NOVAS PROPOSTAS DE REGIONALIZAÇÃO ―As regiões atuais não correspondem mais ao recorte adequado para políticas públicas‖, afirma Clélio Campolina Diniz, o pesquisador do Cedeplar que coordena o Módulo 3, e um dos principais pesquisadores do País nesse assunto. Ele explica a intenção que presidiu a nova definição de regiões: melhor distribuir a população, as atividades econômicas, a rede de cidades, a infra-estrutura do território e assim reduzir desigualdades econômicas e sociais. Mas como? Primeiro, seis grandes áreas Uma nova regionalização é necessária para subsidiar o governo na tomada de decisão sobre os investimentos públicos que fará. Um dos pressupostos dos envolvidos no estudo é de que, por meio desses investimentos, o poder público pode intervir para fomentar o desenvolvimento regional, por meio de ações que têm como um de seus efeitos induzir o investimento privado. A partir de dados socioeconômicos, principalmente, o estudo propõe inicialmente uma divisão do território brasileiro em seis grandes áreas, que servem para caracterizar as grandes diferenças e semelhanças nacionais, em termos de pobreza e de riqueza e de dinamismo, que organizam grandes vetores estratégicos de desenvolvimento. As seis grandes áreas compreendem: a) a área do bioma amazônico, cujo desenvolvimento deve se harmonizar com a preservação e conservação da floresta; b) a costa norte-nordestina, área que vai de Belém até o Sul da Bahia, ―região de ocupação antiga e densa, organizada, mas com menor nível de desenvolvimento econômico e social‖, nas palavras do coordenador do Módulo 3 do projeto; c) o litoral do Sudeste e a região Sul, incluindo por inteiro os estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além de parte do estado de Minas Gerais, área também de ocupação mais densa, mais urbanizada e mais desenvolvida; d) a área de cerrados ocidentais: inclui o Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul e partes do estado de Goiás. As características que definem os cerrados ocidentais: território de fronteira dinâmica, que tem o mesmo padrão de urbanização do Centro-Sul. O professor Campolina explica: ―As cidades são semelhantes às cidades do Centro-Sul; estão vinculadas à fronteira agrícola com um certo nível de riqueza, de estrutura‖; e) a quinta grande área, os cerrados orientais, abrange parte do estado de Goiás, todo o estado de Tocantins e a região do cerrado da Bahia, do Piauí e do Maranhão. Esta área está se constituindo em nova fronteira, de acordo com o estudo, ainda que de padrão de desenvolvimento mais baixo, com menor dinamismo do que os cerrados ocidentais; f) a sexta área, uma das mais pobres do País, compreende partes expressivas da Caatinga e o Sertão nordestino. A área enfrenta um problema grave, conta Campolina: ―o bioma da caatinga, que é seco, não apresenta potencial econômico nem rede urbana. A MANEIRA PELA QUAL É POSSÍVEL INTERVIR A experiência internacional e nacional, relatada por especialistas, mostra que cada uma dessas sub-regiões se organiza em torno de um centro urbano que a polariza. Se o poder público selecionar alguns desses centros, estrategicamente distribuídos, que tenham potencial de crescimento, poderá fortalecê-los, para reforçar a capacidade que já têm de serem centros de produção de bens e serviços – ou seja, de gerarem crescimento econômico e de se tornarem suportes para a região de seu entorno. “Essa é uma das maneiras de frear o processo migratório para as megametrópoles”, lembra Campolina. Centros avaliados como prioritários – definição de prioridades é a razão de ser do PPA - , na escala macrorregional ou na escala sub- regional, deveriam ser privilegiados com investimento público. “Há uma pauta de atividades que fortalece uma cidade”, esclarece Campolina. E dá exemplos: “Se quer fortalecer uma cidade média, deve-se abrir lá uma universidade”. Outros equipamentos que também fortalecem os centros urbanos: atendimento de saúde, lazer e infra-estrutura. “O sistema de infra-estrutura,em especial o de transporte, é decisivo”, diz o coordenador. “Para fortalecer uma cidade como pólo, tem que facilitar o acesso a ela”. Ele cita o caso de Paris, que ganhou, no século XVIII, um sistema de transporte radial, que, para ela, convergia. Depois, na década de 60, a França criou a rede de oito metrópoles de equilíbrio – das quais Lyon e Marselha são exemplos – para distribuir o crescimento por todo o país e frear o crescimento de Paris. Eixo 5 Dinâmica Populacional Brasileira 5.1 – MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS As migrações pelo território brasileiro estão associadas, como nota-se ao longo da história, a fatores econômicos, desde o tempo da colonização pelos europeus. Quando terminou o ciclo da cana-de-açúcar na região Nordeste e teve o início do ciclo do ouro, em Minas Gerais, houve um enorme deslocamento de pessoas em direção ao novo centro econômico do país. O Ciclo da Borracha atraiu grande quantidade de migrantes para região da Amazônia. Graças ao ciclo do café e, posteriormente, com o processo de industrialização, a região Sudeste se tornou o grande pólo de atração de migrantes, que saíam de sua região de origem em busca de empregos ou melhores salários. Acentuou-se, então, o processo de êxodo rural (saída) migração do campo para a cidade, em larga escala. No meio rural, a miséria e a pobreza agravadas pela falta de infra-estrutura (educação, saúde etc.), pela concentração de terras nas mãos dos latifundiários e pela mecanização das atividades agrárias, fazem com que a grande população rural seja atraída pelas perspectivas de um emprego urbano, que melhore o seu padrão de vida. Além disso, o acesso a serviços e ao comércio nas áreas urbanas, tornou-se o principal fator de atração para as grandes cidades. No entanto, o que ocorreu no Brasil entre os anos 1940 e 1990, foi que as cidades não apresentavam uma oferta de empregos compatível à procura, nem a economia urbana crescia na mesma velocidade em que a migração. Em consequência crescia o desemprego e o sub-emprego no setor de serviços, com aumento do número de trabalhadores informais, vendedores ambulantes e trabalhadores que vivem de fazer "bicos". Associado à falta de investimentos e ao reduzido planejamento do Estado na ampliação da infra-estrutura urbana, isto contribuiu para a formação de um cinturão marginal nas cidades, ou seja, o surgimento de novas favelas, palafitas e invasões urbanas. Atualmente, nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, já se registra maior saída de população das metrópoles em direção às cidades médias do interior do que em direção à estas metrópoles, embora estas continuem tendo crescimento populacional total positivo. A principal causa desse movimento é que estas metrópoles atualmente não apresentam taxas de crescimento econômico tão siginificativas, a infra-estrutura de transportes é geralmente problemática, acompanhando uma relativa precariedade no atendimento de praticamente todos os serviços públicos, com índices de desemprego e criminalidade mais elevados do que a média das demais cidades. Já as cidades do interior do país, além de estar passando por um período de crescimento econômico, oferecem melhor qualidade de vida à população. As migrações internas têm sido alvo de análise, não apenas como resultantes de eventuais desequilíbrios econômicos, sociais ou demográficos, mas, principalmente, como elementos da organização espacial de uma sociedade. A migração pode ser definida como mobilidade espacial da população. Atualmente a maior parte das migrações não são mais inter-regionais, mas ocorrem dentro da mesma região. Além disso, alguns estados que tradicionamente apresentavam mais emigração tornaram-se regiões de imigração, como Pernambuco, Bahia, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. MOVIMENTOS POPULACIONAIS Monumento aos imigrantes italianos em Caxias do Sul, Rio Grande do Sul. No Brasil, a política migratória externa pode ser dividida em duas fases : a primeira, de estímulo à imigração, principalmente após a abolição da escravatura, em 1888, visando a substituição da mão-de-obra escrava na lavoura cafeeira;[26] a segunda, de controle à imigração, a partir de 1934, no governo Vargas, devido à crise econômica internacional da década de 1930. O afluxo de imigrantes para o Brasil pode ser dividido em três períodos principais. O primeiro período (de 1808 a 1850[carece de fontes?]) foi marcado pela chegada da família real, em 1808, o que ocasionou a vinda dos primeiros casais de imigrantes açorianos para serem proprietários de terras no país[carece de fontes?]. Devido ao receio do europeu de fixar-se num país de economia colonial e escravocrata, nesse período houve uma imigração muito pequena.[30] O segundo período (de 1850 a 1930) foi marcado pela proibição do mercado de escravos. Foi a época mais importante para a nossa imigração, devido ao grande crescimento da atividade monocultora (café) e aos incentivos governamentais dados ao imigrante. Em 1888, com a abolição da escravidão, estimulou-se ainda mais o fluxo imigratório, tendo o Brasil recebido, nessa época, praticamente 80% dos imigrantes entrados no país.[31][32] O terceiro período (de 1930 até os dias de hoje) é caracterizado por uma sensível redução na imigração, devido, inicialmente, à crise econômica de 1929, ocasionada pela quebra da bolsa de valores de Nova Iorque, com o consequente abalo da cafeicultura brasileira. Além disso, contribuiu também a crise política interna no país, decorrente da Revolução de 1930, e a criação de uma lei sobre imigração, através da Constituição de 1934. Essa lei restringia a entrada de imigrantes, estipulando que, anualmente não poderia entrar no país mais que 2% do total de imigrantes de cada nacionalidade entrados nos últimos 50 anos. Determinava ainda que 80% dos imigrantes deveriam dedicar-se à agricultura, além de estabelecer uma discutível e discriminatória "seleção ideológica", ou seja, conforme as ideias políticas que professava, o imigrante poderia ou não entrar no país. O envolvimento da Europa na Segunda Guerra Mundial também reduziu a emigração, e a recuperação econômica daquele continente, após a guerra, levou os europeus a emigrarem para outros países do próprio continente. Intensificaram-se, nesse período, as migrações internas. Mineiros[carece de fontes?] e nordestinos, principalmente, dirigiram-se para o centro-sul do país, em virtude de crescimento urbano e industrial. O grande fluxo imigratório em direção ao Brasil foi efetuado no século XIX e início do século XX. Para se ter uma ideia do impacto imigratório nesse período, entre 1870 e 1930, entraram no Brasil um número superior a cinco milhões de imigrantes. Esses imigrantes foram divididos em dois grupos: uma parte foi enviada para o Sul do Brasil, onde se tornaram colonos trabalhando na agricultura. Todavia, a maior parte foi enviada para as fazendas de café do Sudeste. Os colonos mandados para o Sul do país foram, majoritariamente, alemães (a partir de 1824, sobretudo da Renânia-Palatinado, Pomerânia, Hamburgo, Vestfália, etc) e italianos (a partir de 1875, sobretudo do Vêneto e da Lombardia). Ali foram estabelecidas diversas comunidade (colônias) de imigrantes que, ainda hoje, preservam os costumes do país de origem. Para o Sudeste do país chegaram, majoritariamente, italianos (sobretudo do Vêneto, Campânia, Calábria e
Compartilhar