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CH QAO 
Geografia 
Alexander Perrot 
 
Eixo 1 
Produção e Território 
• Há tempos, as indústrias vêm 
conquistando o seu espaço no Brasil, 
tornando-se um dos elementos mais 
básicos de uma determinada região. 
Trazendo consigo, sempre uma 
característica marcante, a MUDANÇA. 
1.1 - O ESPAÇO INDUSTRIAL NO BRASIL 
• Seguindo uma tendência mundial, o Brasil vem 
passando por um processo de descentralização 
industrial, chamada por alguns autores de 
desindustrialização, que vem ocorrendo intra - 
regionalmente e também entre as regiões desde 
1970. 
DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DAS INDÚSTRIAS 
• A desconcentração industrial entre as regiões 
vem determinando o crescimento de cidades-
médias dotadas de boa infra-estrutura e com 
centros formadores de mão-de-obra qualificada, 
geralmente universidades. 
• Além disso, percebe-se um movimento de 
indústrias tradicionais, de uso intensivo de 
mão-de-obra, como a de calçados e vestuários 
para o Nordeste, atraídas sobretudo, pela mão-
de-obra extremamente barata. 
• A distribuição espacial da indústria brasileira, com 
acentuada concentração em SÃO PAULO, foi 
determinada pelo processo histórico, já que no 
momento do início da efetiva industrialização, o 
estado tinha, devido à cafeicultura, os principais 
fatores para instalação das indústrias a saber: 
 
- capital, 
- mercado consumidor, 
- mão-de-obra e 
- transportes. 
CONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL 
SUDESTE 
• O Sudeste, é a região que possui a maior concentração industrial 
do país entre São Paulo, Rio e Belo Horizonte (considerados como 
o centro cultural do país). 
 
• RJ (indústrias de refino de petróleo, estaleiros, indústria de material 
de transporte, tecelagem, metalurgia, papel, têxtil, vestuário, 
alimentos, etc.) 
 
• MG (com passado ligado à mineração, assumiu importância no 
setor metalúrgico após a 2º Guerra Mundial e passou a produzir 
principalmente aço, ferro-gusa e cimento para as principais fábricas 
do Sudeste). 
 
• BELO HORIZONTE (centro industrial diversificado, com indústrias 
que vão desde o extrativismo ao setor automobilístico). 
 
 
ATIVIDADES ECONÔMICAS E INDUSTRIAIS 
NAS 5 REGIÕES DO BRASIL 
 
• ESPÍRITO SANTO 
 (menos industrializado do Sudeste com centros especializados em 
Aracruz, Ibiraçu e Cachoeiro de Itapemirim). 
 
• VITÓRIA 
 (atividades econômicas relacionadas à sua situação portuária e 
industriais ligadas à usina siderúrgica de Tubarão). 
 
SUL 
• A industrialização do Sul, tem muita vinculação com a produção 
agrária que visa o abastecimento do mercado interno e as 
exportações. 
 
• Abriga diversos focos de novos investimentos industriais em 
consequência das perdas da região SUDESTE. 
 
• Aumento expressivo do emprego industrial somente na região SUL 
em consequência da modernização industrial na região SUDESTE. 
• A industrialização de São Paulo implicou na incorporação 
do espaço do Sul como fonte de matéria-prima. 
 
• Com as transformações espaciais ocasionadas pela 
expansão da soja, o Sul passou a ter investimentos 
estrangeiros em indústrias de implementos agrícolas. 
 
• Passaram a exportar seus produtos tradicionais como 
calçados e produtos alimentares, para o exterior. 
 
• A indústria passou a se diversificar para produzir bens 
intermediários para as indústrias de São Paulo. Nesse 
sentido, o sul passou a complementar a produção do 
Sudeste. Daí considerarmos o Sul como sub-região do 
Centro-Sul. 
 
 CENTRO-SUL (integração) 
 
• Os investimentos repelidos pela Metrópoles são atraídos pelas cidades 
médias servidas por adequadas infraestruturas de transporte e 
comunicações. 
 
 A estratégia das Montadoras 
• A descentralização na produção de automóveis começou de fato na 
década de 1990, com investimentos dirigidos para o interior de SP, MG, 
RJ (centro), PR e RS (sul). 
 
• A estratégia das Montadoras tem o objetivo de reduzir os custos de 
produção, tirando a força dos sindicatos e fugindo do 
congestionamento das regiões metropolitanas. 
 
 
 NORDESTE 
 
• A industrialização dessa região vem se modificando, modernizando, 
mas sofre a concorrência com as indústrias do Centro-Sul, 
principalmente de São Paulo, que utilizam um maquinário 
tecnologicamente mais sofisticado. 
 
• A agroindústria açucareira é uma das mais importantes, visando 
sobretudo a exportação do açúcar e do álcool. 
 
• As indústrias continuam a tendência de intensificar a produção 
ligada à agricultura (alimentos, têxteis, bebidas) e as novas 
indústrias metalúrgicas, químicas, mecânicas e outras. 
 
 
• A exploração petrolífera no Recôncavo Baiano trouxe para a região 
indústrias ligadas à produção, refino e utilização de derivados do 
petróleo. 
 
• Essa nova indústria , de alta tecnologia e capital intenso, não 
absorve a mão-de-obra que passa a subempregar-se na área de 
serviços ou fica desempregada. 
 
• As indústrias estão concentradas nas mãos de poucos empresários 
e os salários pagos são muito baixos, acarretando o 
empobrecimento da população operária. 
 
• O sistema industrial do Nordeste, concentrado na Zona da Mata, 
tem pouca integração interna. Encontra-se somente em alguns 
pontos dispersos e concentra-se sobretudo nas regiões 
metropolitanas: Recife, Salvador e Fortaleza . 
CONCLUSÃO 
• Uma indústria em uma certa região, pode ser benéfica tanto quanto 
prejudicial, pois ao mesmo tempo que contribui para o crescimento, 
ela pode estar executando a massificação da cultura de um povo. 
• Muitas vezes, o prejuízo natural causado por um acidente 
ambiental, tendo como protagonista uma indústria, pode não ser 
revisto nunca mais, matando ecossistemas inteiros... um prejuízo 
sem recuperação. 
• Uma indústria, também pode contribuir fortemente para o 
desenvolvimento da população, gerando inúmeros empregos 
diretos e indiretos. 
• Será que hoje em dia a humanidade conseguiria viver sem 
comodidade e tecnologia? Sem um celular ou um computador, ou 
mesmo uma televisão ou um rádio? 
• E se não existisse o carro? Ou mesmo você não pudesse nem 
sonhar em ir de ônibus para o trabalho, tivesse que ir de carro de 
boi? Enfim, o mundo não seria o mesmo, sem seus produtos 
industrializados! 
 
 
1.2 – DINÂMICAS TERRITORIAIS DA 
ECONOMIA AGRÍCULA NO BRASIL 
•Plantations: grandes latifúndios; monocultura; concentração de renda; concentração 
de terras. 
•Modelo agroexportador: modalidade de agricultura voltada para a exportação. 
 
•Tráfico negreiro: como a produção agrícola precisava de muita mão-de-obra e a caça 
e escravização dos índios não era um bom negócio para a metrópole, a solução 
encontrada foi o tráfico de africanos que seriam escravizados aqui. 
 
•A rota do café: decadência no rendimento das minas > café começa a ser plantado no 
Vale do Paraíba (Entre São Paulo e Rio de Janeiro) > desloca-se o eixo da economia 
para o sudeste > cultivo do café em latifúndios e nas terras roxas (solo de origem 
vulcânica) no oeste paulista e no Paraná > com a abolição da escravatura, a mão-de-
obra passa a ser assalariada e composta por imigrantes europeus. A cafeicultura foi 
responsável por investimentos feitos nos centros urbanos como serviços públicos de 
iluminação, expansão da infraestrutura de transporte. Mas, acima de tudo, a expansão 
cafeeira, que tinha que ir sempre em busca de novas terras, resultou no desmatamento 
de extensas áreas que antes eram cobertas pela mata atlântica. 
 
•Ilhas econômicas: regiões separadas geograficamente (longe uma da outra, sem 
relação de compra e venda ou de transações) que se desenvolvem muito rapidamente,expandindo níveis de crescimento (cultivo de cana no Nordeste e cultivo de café no 
Sudeste). 
ECONOMIA URBANO-INDUSTRIAL 
 
•Surgimento de pequenas fábricas no Brasil (principalmente têxteis) > capital gerado pela 
cafeicultura havia sido aplicado em obras de infraestrutura urbana > crescimento da 
população urbana pela crise do café > chegada dos imigrantes, ou seja, de mão-de-obra 
relativamente qualificada > formação de uma parcela da população pronta para o 
consumo > mercado interno. 
 
•Países europeus em crise por causa da 1º Guerra Mundial > Brasil passa a exportar 
seus produtos (principalmente alimentos e matéria-prima) > estimulação da 
industrialização. Mas ainda não tínhamos mercado consumidor nacional, já que ele 
estava concentrado no sudeste e as outras regiões estavam em um desenvolvimento 
lento ou estagnado. 
 
•2ª Guerra Mundial > instalação das multinacionais/transnacionais no Brasil. 
 
A industrialização provocou mudanças sociais e espaciais no Brasil, entre elas: 
•O comércio ampliou-se, aos poucos, até constituir um mercado nacional. 
•Aumentou-se a infraestrutura de transporte, energia e comunicações, o que causou a 
maior interação entre as regiões do país. 
•A população das cidades aumentou e as industrias se desenvolveram nas cidades, já 
que ofereciam concentração de mão-de-obra, capital, infraestrutura e comércio. 
1.3 – QUESTÃO AGRÁRIA e 
EXPANSÃO DO AGRONEGÓCIO 
AGRONEGÓCIO: Atividade alavanca exportações do Brasil 
O agronegócio é formado por um conjunto de atividades interdependentes que têm em seu centro a 
agropecuária. Num dos pólos dessas atividades estão os fornecedores de máquinas, equipamentos e 
insumos agrícolas e, no outro, as atividades de processamento industrial, de distribuição e serviços. 
Dessa forma, estão articulados três setores de atividade econômica: primário (agropecuária e 
extração vegetal), secundário (indústria) e terciário (distribuição e comercialização). 
 
O agronegócio no Brasil 
O agronegócio agrupa as atividades econômicas que mais cresceram no início do século 21 no 
Brasil. Em 2004, empregava a terça parte da população economicamente ativa (PEA) e contribuiu 
com 43% das exportações totais do país (US$ 39 bilhões, um recorde, com crescimento de 27% 
sobre as exportações de 2003) 34% do PÌB (Produto Interno Bruto). 
Mas deve-se ressaltar que nessas cifras estão incluídas, além da produção agrícola, a extração 
vegetal (madeira), os insumos e equipamentos (como sementes, fertilizantes, defensivos, tratores e 
máquinas agrícolas em geral) como também o processamento industrial, transporte e 
comercialização, como pode ser verificado no esquema. 
A safra brasileira de grãos bate sucessivos recordes a cada ano, a pecuária tem a maior fatia do 
mercado internacional, o suco de laranja tomou conta de quase todo o planeta (cerca de 80% do 
suco comercializado em todo o mundo). Acrescenta-se ainda a liderança de outros produtos como a 
carne de frango, o açúcar, o café, o tabaco, etc. Em relação ao conjunto de atividades que formam o 
agronegócio, a maior parte do valor do PIB é agregado nas atividades de industrialização e 
distribuição, restando apenas 30% para a agropecuária. 
PROBLEMAS DE LOGÍSTICA 
 
Apesar dos recordes sucessivos da safra brasileira na última década e da modernização 
do sistema produtivo, os sistemas de transporte e de armazenamento constituem 
graves entraves ao desenvolvimento contínuo, pontos frágeis que comprometem um 
melhor desempenho e a expansão do agronegócio no Brasil. Em outras palavras, o 
caminho da fazenda até o porto de exportação num país de grande dimensão territorial 
como o Brasil é muito longo, necessitando de silos para estocagem dos produtos e um 
bom sistema de transporte. 
 
A performance conquistada pela produção agropecuária em particular e pelo agronegócio 
em geral esbarra em um sistema de transporte baseado em estradas de rodagem em 
péssimo estado de conservação e portos mal aparelhados para atender a crescente 
demanda das exportações brasileiras. 
 
O transporte ferroviário é insuficiente, as hidrovias além da baixa extensão são 
subaproveitadas e, apesar do extenso litoral do país, a navegação de cabotagem não 
ocupa lugar de destaque. Mais que isso, não existe um planejamento adequado para 
melhor integração dos diferentes meios de transporte. Tudo isso compromete o custo 
final do produto, coloca em risco a competitividade e impede que muitos negócios 
sejam cumpridos nos prazos estipulados em contrato. 
MODERNIZAÇÃO DO SUBDESENVOLVIMENTO 
 
É necessária uma ponderação final a respeito do triunfalismo frequentemente alardeado 
ao agronegócio no Brasil. Os resultados econômicos surpreendentes da modernização 
do campo, através do agronegócio, reforçaram ainda mais a vulnerabilidade econômica 
que caracteriza um país exportador de produtos agrícolas ou de baixo valor agregado. 
É crescente a participação das corporações multinacionais nas atividades mais 
lucrativas, como também é significativo o número de trabalhadores rurais contratados, 
pelas grandes empresas agropecuárias, apenas em épocas de plantio e de colheita. 
Do outro lado desta estrutura moderna, vive um número expressivo de pequenos 
produtores rurais, marginalizados das políticas governamentais de crédito e apoio 
técnico à produção. Assim mesmo, apesar de todas as limitações e dificuldades, as 
pequenas e médias propriedades respondem pela maior parte do abastecimento do 
mercado interno brasileiro e pela maior parte dos empregos existentes no meio rural. De 
acordo com o 2º. Plano Nacional de Reforma Agrária, a agricultura familiar responde por 
37,8% da produção, mas consome apenas 25,3% do crédito, enquanto a patronal, que 
responde por 61% da produção, consome 73,8% do crédito. 
Poderiam, ainda, ser acrescentados os impactos ambientais do modelo de expansão 
agrária, que aceleram o desmatamento com a ocupação indiscriminada do solo e 
estimulam a concentração fundiária. O agronegócio já destruiu quase metade da região 
do cerrado brasileiro, onde existem mais de 400 espécies endêmicas de arbustos e uma 
diversidade de animais ameaçados de extinção. 
A expansão da soja no Mato Grosso tem sido responsável pelo desmatamento recorde 
da floresta amazônica. Os impactos ambientais também estão associados à ampliação 
da exportação de madeira. Produtos derivados e móveis contribuem em média com 10% 
das exportações do setor. 
1.4 – REDES, COMÉRCIO E TERRITÓRIO 
RESUMO 
A revolução dos sistemas técnicos e a sua função transformadora do espaço no 
período atual podem ser plenamente caracterizadas pela presença de diferentes tipos 
de redes geográficas que dinamizam os sistemas produtivos e redefinem em escala 
global o uso do território, conferindo novas possibilidades aos fluxos materiais 
(objetos, mercadorias, pessoas) e imateriais (dados, informação, comunicação) ainda 
que isto ocorra de forma bastante diferenciada nos lugares. Como os diferentes tipos 
de redes e de sistemas de transporte não ocorrem de forma homogênea no território 
e não atendem aos interesses de todos os agentes, as funções de articulação das 
ações e de otimização do trabalho desempenhadas pelas redes geográficas tornam-
se restritas e limitadas, sobretudo para aqueles lugares e ações que aparecem como 
sendo residuais (sem importância) aos interesses do sistema político-econômico 
hegemônico. O texto enfatiza justamente este caráter de dualidade das redes 
(integração/fragmentação), considerações que são feitas a partir da natureza atual 
dos sistemas de transportes. As lógicas corporativas de instalação e uso das redes no 
sistema de transporte brasileiro exemplificam este problema e aparecem como ponto 
de partidapara repensarmos novas estratégias políticas para o uso das redes e para 
a organização do território. 
 
Palavras-chave: Redes. Infra-estruturas. Sistemas de transporte. Território brasileiro. 
REDES e SISTEMAS DE TRANSPORTE (suas implicações) 
 
 Recentemente, o território brasileiro conheceu um processo de 
avanço na integração a partir da instalação de um novo conjunto de 
infra-estruturas de transporte que servem aos grandes grupos 
econômicos estrangeiros e nacionais que produzem commodities 
(especialmente as do chamado agronegócio). 
 
 Como uma parte considerável das exportações é constituída 
de produtos muito volumosos e de baixo valor agregado, a produção 
destinada ao mercado externo é exigente de sistemas de transporte 
baratos que garantam a competitividade do que é produzido. 
Eixo 2 
Meio Ambiente e Território 
 Diante da complexidade da questão ambiental brasileira, faz-se 
necessário para sua análise, fazer referencia ao processo histórico de 
formação e desenvolvimento do Brasil. 
 Quando o homem se fixou no território, aconteceu a primeira 
grande transformação do espaço, com o inicio da agricultura e 
domesticação de animais: era a revolução do Neolítico. 
 A segunda grande transformação do espaço se deu com a 
Revolução Capitalista, abrangendo a Revolução Francesa, a Revolução 
Industrial e o Liberalismo. Começou na Europa, por volta do século XVIII, 
uma grande modificação na forma de produção de mercadorias, instituindo 
uma nova maneira dos homens se relacionarem consigo mesmos e com o 
meio ambiente, trazendo reflexos negativos para o equilíbrio ambiental e 
instituindo o uso predatório dos recursos naturais. 
2.1 – MEIO AMBIENTE e URBANIZAÇÃO: 
Questões e problemas 
 A partir de então, verificou-se um fenômeno mundial de 
urbanização e industrialização e surgiram as cidades, como uma forma 
de organização sócio-espacial complexa, visando atender quatro 
necessidades fundamentais do homem moderno: habitar, trabalhar, circular 
e recrear. 
 No Brasil, percebe-se que desde a sua colonização, o modelo de 
desenvolvimento instituído foi sempre no sentido de explorar ao máximo 
os recursos naturais na crença de uma natureza inesgotável, com 
desprezo pela biodiversidade e introdução de espécies exóticas para 
monocultura. 
 Os ciclos econômicos do Brasil nos mostram claramente esta 
racionalidade colonial exploratória que ainda marca hoje nosso modelo de 
desenvolvimento: Pau-brasil, cana-de-açúcar, ouro, café, gado, algodão, 
eucalipto e soja. 
 
 
 O processo de industrialização e urbanização acelerados pelo 
qual o país passou no começo do século XX e esta forma predatória, 
culturalmente instituída, de lidar com os recursos naturais têm causado 
desigualdades sociais, urbanização desordenada, perda da qualidade 
de vida e a criação de ambientes degradados, incompatível com a 
continuidades da vida no planeta. 
 
 Com o crescimento urbano acelerado, percebe-se o surgimento de 
uma série de problemas sócio-ambientais. O crescimento da cidade exige a 
retirada de boa parte da vegetação natural, o solo passa por um processo de 
impermeabilização, havendo significativa modificação no ciclo hidrológico. 
 
 A cidade é também o local de produção de bens e serviços, desta 
forma fica clara a necessidade de utilização ilimitada dos recursos naturais 
para a produção de mercadorias que garantam o funcionamento do sistema 
capitalista, gerando acumulação de riquezas. 
 
 Este processo produtivo, além de degradar o meio ambiente com a 
extração dos recursos naturais, acaba lançando seus dejetos no ambiente, 
na crença da capacidade também ilimitada de auto-depuração e auto-
renovação do meio ambiente. 
 Tais atitudes têm como consequência o aumento continuo da 
degradação, com a poluição do ar, das águas e do solo como nunca se 
imaginou na história da Terra. 
 
 A urbanização também traz outros problemas como a canalização 
dos rios, aumento do escoamento superficial, erosão do solo, assoreamento 
dos rios, enchentes, ocupação de áreas de risco e formação de um micro-
clima urbano com ilhas de calor, mecanização e utilização de produtos 
químicos na agricultura. 
 
 
 Percebe-se ainda que a forma de organização da sociedade 
industrial capitalista é excludente e geradora de desigualdades sociais e 
injustiça ambiental, onde os mais atingidos por desastres ambientais e que 
acabam suportando uma carga maior dos efeitos indesejáveis advindos do 
desenvolvimento econômico, são realmente as pessoas que menos ou 
nenhum beneficio tiram dele. 
 O processo de globalização passou a atingir todos os cantos do 
mundo interligando países e instituindo um processo de produção, de relação 
de trabalho e de dominação sócio-cultural característicos do século XXI. 
 
 Assim, a terceira grande transformação pode ser atribuída à 
revolução tecnológica que estamos vivendo, com tecnologias cada vez mais 
complexas e elaboradas para a acerada utilização dos recursos naturais e 
produção de bens e serviços, aumento populacional, desemprego, exclusão 
social, biotecnologia, utilização crescente de matéria e energia, insustentáveis 
níveis de consumo e produção e formação de uma sociedade baseada na 
informação. 
 
 Assim, surgiu, por volta da década de 70, uma preocupação mundial 
com os problemas causados pela industrialização, urbanização e uso ilimitado 
da tecnologia. Com isso houve um crescimento no número e na qualidade de 
pesquisas e legislações ambientais no Brasil, mas que pouco efeito prático foi 
percebido. 
 
 O capital continua dominando, as leis de mercado regem as relações 
sociais, a desigualdade é crescente e o uso da natureza para a produção de 
mercadorias continua degradando enormemente os ecossistemas. 
 
 Surge então o conceito de desenvolvimento sustentável, como 
uma estratégia de conciliar o crescimento econômico com a conservação dos 
recursos. Esta teoria porém, vem de encontro a uma lógica insustentável, 
pois o capitalismo induz a uma produção ilimitada, baseada na geração de 
riquezas sem, no entanto, pensar nas necessidades das gerações futuras. 
 
 Percebe-se, então, que esse conceito vem mais para sustentar um 
sistema insustentável, sob o jargão da democracia e da sustentabilidade, do 
que no sentido de questionar o capitalismo, que no fundo é a origem e a 
causa da relação estabelecida entre homem e natureza de forma 
degradadora. 
 Percebe-se, portanto, a necessidade de modificar as relações 
homem/natureza, as formas de produção e as relações de trabalho para que 
se torne possível atingir um desenvolvimento realmente sustentável. 
Acreditando que isso não é possível, pelo menos no atual momento da 
história, algumas medidas devem ser tomadas para diminuir os impactos do 
homem na natureza e as desastrosas respostas da natureza a estes 
impactos. 
 
 Na sociedade urbana-industrial atual, faz-se fundamental um estado 
mais atuante, que regulamente os projetos desenvolvimentistas e cobre 
posturas ambientalmente corretas. O planejamento do uso do solo, planos 
diretores e uma legislação urbanística eficaz e que realmente tenha 
aplicabilidade são fundamentais. 
 Faz-se necessário também, a integração entre políticas 
ambientais e de desenvolvimento para que haja um maior controle do uso 
dos recursos de forma a possibilitar sua utilização mais racional. Educação 
ambiental e patrimonial também são formas imprescindíveis de preparar 
crianças e jovens para um futuro mais harmônico nas relações sócio-
ambientais. 
 Por fim, vale ressaltar que é de extrema importância a criação de 
um número cada vez maior de unidades de conservação, nas suas diversascategorias, para garantir que os ecossistemas mais significativos e 
exemplares das mais diversas espécies sejam preservados. 
 Assim, pretende-se não apenas questionar o modelo de 
desenvolvimento instituído no Brasil desde a sua colonização, com vistas à 
exploração dos recursos, mas ir além e pensar nas consequências desse 
processo e em formas de reverter ou minimizar os efeitos advindos da 
urbanização e industrialização, construindo novas estratégias de reprodução 
dos processos produtivos e novos sentidos que mobilizem e reorganizem a 
sociedade. 
2.2 – IMPACTOS DA AGROPECUÁRIA 
NA DINÂMICA AMBIENTAL 
 As atividades agrícolas provocam impactos sobre o ambiente, tais como 
desmatamentos e expansão da fronteira agrícola, queimadas em pastagens e florestas, 
poluição por dejetos animais e agrotóxicos, erosão e degradação de solos e 
contaminação das águas. E as consequências desses impactos seriam extinções de 
espécies e populações, diminuição da diversidade biológica, perda de variedades, entre 
outros. 
 Uma das principais ameaças ao meio ambiente não é a expansão da fronteira 
agrícola, mas a tendência a monocultura, ao uso de agrotóxicos e a consequente extinção 
de sistemas tradicionais de cultivo. Sabe-se que as áreas que são submetidas ao cultivo 
ou pastoreio intensivo por longos períodos se degradam rapidamente devido às práticas 
que empregam o fogo na abertura de áreas, desta forma, ocorre a perda dos agregados 
de matéria orgânica e argila. 
 As causas dos impactos da agricultura sobre o ambiente têm origem na 
demanda de mercado, e suas consequências implicam em custos ambientais e ecológicos 
de difícil mensuração. Para que se promova o desenvolvimento de uma agricultura 
sustentável é necessário conscientizar o agricultor sobre a conservação do ambiente, 
além de oferecer-lhe os meios e métodos para alcançar esse desenvolvimento 
sustentável. 
 Com o desenvolvimento e o crescimento mundial o panorama industrial-
tecnológico tornou-se intensivo no uso de energia e matérias-primas, devido a maior 
produção e consumo agrícola e industrial, causando o aumento das emissões de gases 
capazes de provocar alterações climáticas e destruição da camada de ozônio, dentre 
outras consequências. 
 
 A partir disso, a comunidade internacional passou a levar em consideração a 
necessidade de substituição das fontes de combustível de origem fóssil pelas fontes 
renováveis de origem de biomassa. O cultivo de matérias-primas e a produção 
industrial de biodiesel têm um grande potencial em sua cadeia produtiva, pois gera 
investimentos, emprego e renda no setor agrícola. 
 Os biocombustíveis surgem como uma alternativa para o cumprimento das 
expectativas exigidas dentro da ótica do desenvolvimento sustentável. Entretanto, 
dadas as agressões provocadas pela expansão da atividade agrícola, as políticas 
públicas precisam ser voltadas para um padrão de produção sustentável de 
biocombustíveis em toda sua amplitude, seja, ambiental, econômica, e 
principalmente social. 
 O setor canavieiro sempre foi algo que gerou grande preocupação entre os 
ambientalistas, pois o cultivo da cana-de-açúcar carrega o ônus de ser extremamente 
degradador do solo, poluidor do ar e da água, causador de grande impacto ambiental. 
 Segundo o Guia Biodiesel - SEBRAE (2007) com o crescimento constante da 
fronteira rural e práticas não conservacionistas, 28% de terras agricultáveis brasileiras se 
encontram totalmente degradadas e improdutivas. Esta dinâmica do mercado de 
exportação agrícola é considerada como causadora de impacto ambiental, a floresta 
Amazônica no Brasil teve sua área desmatada em aproximadamente 653mil km2 no ano 
de 2003, que corresponde a 16,3%. 
 
 Este fenômeno é impulsionado pela alta rentabilidade da agroindústria, 
pecuária e extração de madeira. Além de queimadas para agricultura que emitem três 
vezes mais de CO2 na atmosfera que a queima dos combustíveis fósseis. 
 
 Além disso, percebe-se que com a ampliação do cultivo de biocombustíveis 
muitas vezes são esquecidos os efeitos devastadores no desgaste do solo e, as 
derrubadas de florestas que agridem todo o ecossistema e, em muitas nações, a 
substituição de práticas da agricultura para a bioenergia em substituição da agricultura 
para a alimentação. Como consequência há um aumento no preço de produtos 
alimentícios e redução do acesso da população mais pobre ao atendimento das 
exigências básicas nutricionais. 
 O crescimento da população mundial provoca um aumento na demanda 
externa e interna dos países e um incremento relativo na renda per capta, alterando o 
padrão de consumo no setor primário. 
 Para a preservação e a conservação do bem de uso comum da 
humanidade, o meio ambiente, faz-se necessário o uso de políticas protecionistas 
através dos instrumentos ambientais cabíveis, tais como, instrumentos de comando 
e controle (ou regulação direta), instrumentos econômicos (ou de mercado) e 
instrumentos de comunicação (ou persuasão). 
 
 O objetivo é tentar reduzir a agressão ao planeta. 
 Tais políticas de preservação não podem ser adotadas isoladamente por 
blocos econômicos, países, governos e pessoas, mas uma integração conjunta de 
todos os cidadãos do mundo. 
 Com a intensificação das exportações agrícolas em todo o mundo, a 
reformulação na política de crédito, a criação de novas formas de financiamento 
para o setor agrícola, investimentos em infraestrutura, tecnologia e pesquisa 
geraram crescimento do setor agroexportador brasileiro e mundial. 
2.3 – ENERGIA e MEIO AMBIENTE: 
Impactos socioambientais das diversas matrizes 
RESUMO 
 
 O Brasil tem o maior potencial hidrelétrico do mundo, metade do 
qual ainda por aproveitar. Entretanto, essa imensa reserva – barata e 
ambientalmente segura – está sendo cada vez menos utilizada, passando o 
abastecimento a depender cada vez mais de fontes térmicas, caras e 
poluentes. 
 O esforço feito a partir de 1995 para abrir o setor elétrico ao 
investimento privado, no geral bem sucedido, sofreu significativa solução de 
continuidade entre 2003 e 2006, função do processo relativamente longo de 
revisão do modelo setorial empreendido pelo Governo. 
 Na retomada, contudo, ficou evidente que as estratégias dos 
variados setores contrários à solução hidrelétrica conseguiram, na prática, 
estabelecer um “veto branco”, se não às usinas, ao menos à construção de 
reservatórios, aos quais foram impostas severas restrições. 
 
 Com isso, perde o País qualidade e eficiência em seu sistema 
de geração de energia elétrica; perdem as atividades econômicas 
ribeirinhas por não ver regularizados o fluxo dos rios; perdem os 
consumidores, que estão pagando mais pela energia; e perde o meio 
ambiente, em função da crescente dependência da termeletricidade. 
 Urge discutir esse virtual “veto branco” feito às hidrelétricas e 
aos seus reservatórios, registrando em corpo normativo apropriado as 
definições por fim alcançadas, após percorridos os caminhos regulares 
de tomada de decisão no âmbito do Estado. 
DOS VELHOS AOS NOVOS PARADIGMAS ENERGÉTICOS 
 
 Para uma possível mudança paradigmática, que substitua as 
velhas matrizes energéticas, é necessário um amplo esforço mundial 
para a efetivação de novas formas de produção e consumo energético. 
Segundo Altvater, o uso de fontes de energias fósseis se coaduna com 
um sistema de imposição autoritária, causador de conflitos mundiais e 
do efeito estufa, além de ameaçar o surgimento, nas próximas décadas, 
do fenômeno dos refugiados ambientais. 
 
 Por meio de uma análise histórica, da relação entre energia e 
comunicação, Jeremy Rifkin assinala as distintas transformações na relação da 
sociedade capitalista industrial com as matrizes energéticas. 
 
 No século XIX, com o barateamento da impressão, o letramento dostrabalhadores forneceu-lhes ―habilidades para lidar com as complexidades das 
demandas energéticas da época – o carvão, o vapor‖. No século XX, foi a vez 
do telefone contribuir na gestão e controle da chamada segunda revolução 
industrial, marcada pela era do petróleo e a do automóvel. Para os dias atuais, 
com a Internet, urge uma nova revolução, ou seja, a terceira revolução 
industrial. ―A internet aparece como tecnologia de comunicação revolucionária, 
porque é distributiva e colaborativa, enquanto a impressão, a TV, o rádio eram 
centralizadas‖. 
 No entendimento do professor argentino Walter Pengue, diretor do 
Programa de Atualização em Economia Ecológica, ―a humanidade deverá 
começar a pensar seriamente seu modelo de consumo. Nestes tempos, não 
tem triunfado nem o capitalismo nem o comunismo. O principal ganhador é o 
consumismo, a ameaça mais grave sobre os recursos naturais da terra‖. 
 Na América Latina, por exemplo, o ―desenvolvimento regional deveria 
ser a premissa dos governos‖, ao invés de só pensarem ―nos mercados de 
exportação, que são pão para hoje e muita fome para amanhã‖. Destaque-se 
que em nosso continente, a matriz energética encontra-se na raiz de muitas 
tensões sociais envolvendo os governos progressistas e os de direita. 
 
 Nessa busca desenfreada por novas fontes de energia, segundo o 
pesquisador Marcelo Firpo Porto, há uma discriminação sofrida pelos ―povos 
tradicionais, sejam eles indígenas, quilombolas, pescadores, geraizeiros e 
outros tantos, desprezados em seu modo de viver em estreita relação com os 
ecossistemas locais quando da instalação de empreendimentos como 
hidrelétricas, mineração ou expansão do agronegócio‖. 
 Ainda, segundo Porto, ―os movimentos por justiça ambiental vem se 
constituindo num importante exemplo de resistência, através de ações em 
redes que articulam lutas locais e globais, frente aos efeitos nefastos de um 
capitalismo globalizado, o qual utiliza sua crescente liberdade locacional de 
investimentos entre regiões e planetas para inibir a construção de parâmetros 
sociais, ambientais, sanitários e culturais direcionadores do desenvolvimento 
econômico e tecnológico‖. 
 A grande questão está em como e quantos estão interessados em 
virar esse jogo. 
2.4 – DINÂMICA DA NATUREZA 
 NO ESPAÇO BRASILEIRO 
 A problematização da sobrevivência global, que resultou numa 
reelaboração das relações natureza-sociedade surgiu como resposta ao 
caráter destrutivo do desenvolvimento do pós-guerra e salienta as 
condições crescentes de deterioração geral do planeta. 
 Está relacionado com a constatação da alteração dos maiores 
componentes da biosfera devido à intensidade da exploração humana dos 
recursos naturais, principalmente durante a segunda metade do século XX. 
 Até a década de 70, os problemas ambientais eram percebidos 
pelo sistema internacional como assuntos de menor importância, marginais 
aos interesses nacionais e à política internacional. 
 Com a emergência de problemas ambientais que atravessaram 
visivelmente as fronteiras nacionais e que, portanto, convertiam-se em 
ameaças para regiões inteiras do globo, tais como a diminuição da camada 
de ozônio, o aumento da temperatura global, a diminuição da 
disponibilidade de recursos naturais, etc., os assuntos ambientais começam 
a colonizar a escala global. 
 O novo status global dos assuntos ambientais se refletiu na 
organização da primeira reunião global na cúpula da Terra, a Rio 92, a 
Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento. 
 Desde então, explicitou-se o interesse oficial e popular nas 
questões do Meio Ambiente e suas relações com as políticas econômicas, 
tanto nacionais quanto internacionais. 
 Este evento acabou por delinear o discurso sobre as relações 
entre desenvolvimento e meio ambiente numa escala global, 
consolidando definitivamente esta escala como eixo das questões 
ambientais daí em diante. 
 Disseminou-se a necessidade de procurar ferramentas efetivas 
para gerir as questões ambientais, pois em última instância tratava-se de 
gerir ou manejar os limites biofísicos do crescimento e do 
desenvolvimento. 
+ Apostila CMSM 
HOTSPOTS 
São áreas que conjugam 
duas características: 
grande biodiversidade e 
alto grau de ameaça de destruição, 
por diferentes agressões e 
ocupações do espaço. 
O Brasil possui atualmente dois hotspots: 
Mata Atlântica e o Cerrado 
Eixo 3 
Espaço Urbano Brasileiro 
3.1 – DINÂMICA POPULACIONAL e 
URBANIZAÇÃO 
3.2 – REGIÕES METROPOLITANAS 
 
Resumo 
 
 O processo de metropolização ocorre a partir da polarização de uma região 
em torno de uma grande cidade, em dimensões físicas e, sobretudo, populacional, 
caracterizando-se pela alta densidade demográfica, alta taxa de urbanização, ao redor 
da qual se forma um núcleo metropolitano. 
 Esse fenômeno tem gerado problemáticas ambientais, morfológicas, 
políticas e socioeconômicas; necessitando se pensar, de maneira abrangente e inter-
relacionada, sobretudo, quanto às perspectivas da gestão e da sustentabilidade. 
 Essas reflexões, que perpassam diversas instâncias de trabalho, tiveram 
como motivo impulsionador a inquietação diante de questões comuns a diferentes 
localidades, ultrapassando limites territoriais e assumindo abrangência regional, num 
processo de formação de novos agrupamentos de municípios no Brasil e, também, em 
Pernambuco. 
 
REGIÃO 
Refere-se a uma área contínua com características de homogeneidade relacionadas ao 
domínio de um determinado aspecto, seja ele, natural ou construído, econômico ou 
político. Esse aspecto personaliza e diferencia uma região das demais. Dessa maneira, 
citamos a região amazônica, domínio do clima e da mata equatorial; a região da uva e 
do vinho gaúcho, marcada pela serra e pela produção da vinicultura; assim como, a 
Região Metropolitana do Recife, formada pela capital pernambucana e mais 13 
municípios sob sua direta influência. 
METRÓPOLE 
Termo que remonta aos gregos, referindo-se a uma cidade mãe (área urbana de um ou 
mais municípios) que exerce forte influência sobre o seu entorno, polarizando em si 
complexidade funcional e dimensões físicas que a destacam numa rede de cidades e 
no cenário regional. Na sua origem latina, o termo refere-se à capital ou à principal 
cidade de uma província, de um estado ou de uma região. 
 
Uma aglomeração urbana se forma quando duas ou mais cidades passam a atuar como 
um „minisistema urbano‟ em escala local, ou seja, seus vínculos se tornam muitíssimo 
fortes (...). Se uma das cidades que formam uma aglomeração urbana crescer e se 
destacar demais, apresentando-se como uma cidade grande e com uma área de 
influência econômica, pelo menos, regional, então não se está mais diante de uma 
simples aglomeração, mas de uma metrópole 
1. URBANIZAÇÃO E METROPOLIZAÇÃO 
 
 O Processo de urbanização teve início paralelamente à constituição da 
sociedade humana e seu estabelecimento em determinados espaços físicos. Esse 
processo tem continuidade até hoje, com a atual emergência de um estilo de vida 
urbano, disseminando-se por vastas áreas, com o crescimento vegetativo e com a 
passagem de, cada vez maiores, contingentes populacionais do campo para as 
cidades. 
 As cidades são constituídas pela sede do poder administrativo do município 
e também caracterizadas pelas altas densidades demográfica e construtiva, assim 
como pelo predomínio da população economicamente ativa, empregada em 
atividades dos setores: secundário (indústrias) e terciário (comércio e serviços). 
 A partir de 2007, a população mundial passou a ser urbana com mais de 
50% da humanidade vivendo nas cidades. No Brasil, essa passagem já ocorreu faz 
anos, atingindo hoje uma taxade urbanização superior a 80%. 
 O processo de metropolização ocorre a partir da polarização de uma região 
em torno de uma grande cidade em dimensões físicas e, sobretudo, populacional, 
caracterizando-se pela alta densidade demográfica e alta taxa de urbanização. 
 Essa grande cidade, também chamada de metrópole, constitui um núcleo, 
ao redor do qual há várias outras cidades sob sua direta influência, mantendo forte 
relação de interdependência econômica e notório movimento pendular de sua 
população. 
 A metropolização é um fenômeno relativamente recente na história da 
urbanização. Ela teve início a partir da Revolução Industrial, na Inglaterra, no século 
XIX. E foi nesse país que houve a sua primeira identificação, seguida pela iniciativa 
mais antiga de instituir uma Região Metropolitana em torno de Londres. Seguiram a 
idéia de reconhecer institucionalmente esse fenômeno, os administradores de Tókio, 
Cidade do México, Buenos Aires, Toronto, Montreal, Los Angeles, Barcelona e, hoje, 
muitas outras. 
 O processo de conurbação é a formação de uma cidade, no sentido 
geográfico, sobretudo físico, a partir da fusão das áreas urbanas de vários municípios 
limítrofes, constituindo uma macha urbana única e contínua com grandes 
dimensões, ultrapassando os limites político-administrativos de cada uma das 
localidades integrantes. 
 A combinação dos processos de urbanização, de metropolização e de 
conurbação deu origem às regiões metropolitanas, enquanto fenômeno físico e 
socioeconômico, reconhecido pelos teóricos, assim como pela população. Esse fato 
pode vir a ser institucionalizado pelo poder público, visando à gestão de problemas 
comuns a mais de um município. Apesar da aparente fácil apreensão desses 
processos, dificilmente encontramos um enunciado que encerre todas as suas 
nuances conceituais. 
Segundo BRAGA & CARVALHO (2004, p.08): 
 Uma região metropolitana é um aglomerado urbano composto por vários 
municípios administrativamente autônomos, mas integrados física e funcionalmente, 
formando uma mancha urbana praticamente contínua (...). O conceito de região 
metropolitana deve ir além da mera definição legal. Para Santos (1998), o fenômeno 
da metropolização corresponde à macrourbanização e apenas as aglomerações 
urbanas com mais de um milhão de habitantes deveriam merecer tal denominação 
Município de Jaboatão dos Guararapes, 
espacialmente conurbado e 
funcionalmente integrado 
 à Região Metropolitana do Recife. 
2. REGIÕES METROPOLITANAS NO BRASIL 
 No Brasil, o processo de metropolização evidenciou-se, sobretudo, a partir 
de meados do século XX, destacadamente em São Paulo e Rio de Janeiro e, nos anos 
seguintes, em várias outras localidades. A primeira iniciativa brasileira de 
institucionalização foi a do governo gaúcho, que estabeleceu a Região Metropolitana 
de Porto Alegre, em 1968, formada por 13 municípios. Em 1973, foram instituídas, 
pela Lei Federal N° 14, oito regiões metropolitanas: Belém, Fortaleza, Recife, 
Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, São Paulo e Porto Alegre. Posteriormente, em 
1974, foi instituída a Região Metropolitana do Rio de Janeiro. 
 Hoje, temos cerca de 30 Regiões Metropolitanas localizadas em todas as 
regiões do País (20 delas são formadas em torno de capitais estaduais e outras 10, no 
interior dos estados) e 03 Regiões Integradas de Desenvolvimento (RIDE), que 
incluem municípios aglomerados pertencentes a mais de uma Unidade da Federação. 
 Esses números têm sofrido contínuas alterações, devido à 
institucionalização de novas regiões, como também, casos de desinstitucionalização, 
como o ocorrido no Estado de Santa Catarina. 
 A Constituição Federal, em 1988, em seu artigo 25, passou aos Estados a 
competência de poder criar regiões metropolitanas. Uma vez que cada Unidade da 
Federação estabelece os seus próprios critérios referenciais para instituir uma Região 
Metropolitana. Criou-se assim, a possibilidade de distorções e grandes diferenças, 
quantitativa e qualitativamente, entre regiões, havendo casos de não atendimento 
aos principais conceitos definidores do que seja Região Metropolitana. 
3.3 – PROCESSO DE URBANIZAÇÃO BRASILEIRO 
3.4 – DESIGUALDADES 
e SEGREGAÇÃO SÓCIO-ESPACIAL 
Eixo 4 
Região e Regionalização 
4.1 – EVOLUÇÃO e ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO 
NO BRASIL PRIMÁRIO-EXPORTADOR 
 A economia colonial aqui referida não se restringe apenas à do período em que 
o Brasil foi colônia de Portugal, ou seja, até 1822, ano de nossa independência política 
formal, mas prolonga-se até praticamente 1860-1870. Por quê? 
 
 Segundo o professor João Manuel Cardoso de Melo, em seu livro O capitalismo 
tardio, o que caracterizava a economia colonial eram as relações escravagistas de 
produção que o Brasil manteve até 1888, quando foi promulgada a Lei Áurea. 
 
 Por esse critério a economia colonial estendeu-se até quase o final do século 
XIX, mais precisamente quando as relações sociais de trabalho ou de produção no Brasil 
tornaram-se assalariadas, substituindo, assim, as escravagistas. Estávamos então em 
plena fase de expansão da cafeicultura no Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. Foi 
nesse período que ocorreu de fato o nascimento do capitalismo no Brasil e a passagem 
da economia colonial para a economia exportadora capitalista ou primário-exportadora 
capitalista. 
 
 A diferença entre as duas economias está nas relações de produção: uma 
baseava-se no trabalho escravo, enquanto a outra, no trabalho assalariado. Ambas, 
contudo, apoiavam-se na produção de bens primários (matérias-primas vegetais e animais, 
por exemplo) em grande parte voltada à exportação, sendo, portanto, economias 
extrovertidas, direcionadas ao atendimento das necessidades e interesses de outras 
nações. 
 As relações entre metrópole e colônia, no século XIX, não podiam mais ter por 
base o trabalho escravo na colônia. Este tornou-se um obstáculo para o 
desenvolvimento do capitalismo industrial que, em plena expansão nos ―países 
centrais‖, para ampliar-se, necessitava da mercantilização da força de trabalho, ou 
seja, que as relações de trabalho se tornassem assalariadas. Mas quais as razões que 
explicariam essa necessidade? 
 Uma delas é que, por não ser remunerado, o trabalhador escravizado não 
comprava bens, enquanto, tornando-se assalariado, poderia fazê-lo. A existência da 
escravidão limitava a circulação mercantil ou a implantação das práticas capitalistas de 
mercado nos espaços ou economias coloniais, como o Brasil. Além disso, o capitalismo 
industrial já dependia, no século XIX, da economia de escala, ou seja, da produção de 
bens em grande quantidade, para reduzir os custos de produção e obter bons lucros. 
 Compreende-se, a partir disso, por que as relações escravagistas de 
produção foram duramente combatidas pelo grande capital industrial, principalmente o 
inglês, no decorrer do século XIX, pois a Inglaterra já havia efetuado a 
Primeira e a Segunda Revoluções Industriais e possuia uma influência significativa na 
política econômica externa de Portugal. 
 A importância do estudo dos ciclos econômicos do Brasil até 
aproximadamente 1930 ajuda a compreender melhor as características atuais da 
organização de nossos espaços geográficos, de que forma seus diversos aspectos 
geográficos – paisagens, espaços urbanos, estrutura e organização espacial dos 
transportes e realidades sociais distintas, entre outros – foram, em grande parte, 
condicionados pelos processos histórico-econômicos pelos quais passou o país e como 
este se situou na conjuntura econômica mundial. 
OS PRODUTOS PRINCIPAIS E ACESSÓRIOS DA PRODUÇÃO ESPACIAL 
 
 Na evolução econômica do Brasil, pelo menos até 1930, sempre existiu o 
domínio econômico de certos produtos, que receberam as maioresatenções e incentivos 
da parte da Coroa portuguesa, da burguesia comercial, da aristocracia rural luso-
brasileira, dos governos imperiais e dos governos da República Velha (1889 – 1930). 
 
 Os produtos principais foram os que lideraram as exportações e 
constituíram a base da economia colonial e da economia exportadora capitalista, 
predominando ora um, ora outro. Foi o caso, por exemplo, da cana-de-açúcar, nos 
séculos XVI e XVII, no Nordeste do Brasil, na denominada Zona da Mata; dos metais e 
pedras preciosas (ouro, prata, esmeralda, diamante etc.), no período áureo da 
mineração, principalmente em Minas Gerais, no século XVIII; e do café, no Rio de 
Janeiro, Espírito Santo, São Paulo e Minas Gerais, nos séculos XIX e XX, mas este 
último produto já em outra fase do capitalismo - a monopolista. 
 
 As economias colonial e exportadora capitalista ou primário-exportadora 
produziram, além dos produtos principais, outros artigos: madeiras e drogas do sertão, 
principalmente na Amazônia; tabaco, sobretudo no Recôncavo Baiano; gado bovino, no 
Agreste e no Sertão nordestino e no sul do Brasil; algodão, no Maranhão e em trechos do 
Sertão nordestino; borracha e castanha-do-pará, na Amazônia; cacau, no sul da Bahia e 
na Amazônia; e produtos alimentares ou de subsistência (milho, arroz, feijão, mandioca 
etc.), nas diversas áreas de povoamento. 
 Os produtos citados, que podem ser chamados de produtos secundários ou 
acessórios, tiveram também sua importância na economia colonial e na fase da economia 
exportadora capitalista, pois exerceram papel significativo no processo de povoamento 
luso-brasileiro e estrangeiro do Brasil e, consequentemente no processo de produção e 
organização de espaços geográficos. 
 
 Quando um desses produtos, principais ou acessórios, se desenvolvia num 
certo lugar, este se transformava em área de atração populacional, em ―pólo‖ ou ―ilha‖ 
econômica. Pessoas de outras regiões do Brasil, de Portugal e de outros países para lá 
migravam em busca de trabalho e riquezas, participando assim da produção dos espaços 
geográficos no território brasileiro. Mesmo os africanos e indígenas escravizados eram 
levados para servir como mão-de-obra, dentro do chamado processo de migrações 
forçadas. 
 Sob o comando do capital comercial, formaram-se, ao longo de nossa história, 
um conjunto de economias regionais ou de espaços geográficos regionais. Muitos deles 
articulavam-se predominantemente com o exterior; outros ligavam-se entre si e alguns 
ficavam fechados em si mesmos. Produziu-se, assim, tomando-se o território brasileiro 
como um todo, um espaço organizado em ―coágulos‖, ou seja, em ―!ilhas‖ e 
―arquipélagos‖ econômicos. 
 
 O sistema produtivo implantado no Brasil – principalmente no período da 
economia colonial, dando origem ao processo inicial de produção dos espaços 
geográficos – tinha a função de promover a acumulação primitiva do capital para a 
metrópole, capital este apropriado pela Coroa portuguesa e pelos comerciantes. Isso 
promoveu, desde o início da colonização, uma relação espacial de exploração 
econômica, entre o espaço subordinante (metrópoles ou ―países centrais‖) e os espaços 
subordinados (colônias ou ―países periféricos‖). 
 Quando, por alguma razão, ocorria o declínio ou decadência econômica de uma 
área de atração populacional ou de um certo espaço geográfico em construção – como, 
por exemplo, o do nordeste, com a queda da produção açucareira, devida à concorrência 
das Antilhas, e o das Minas Gerais, com o esgotamento do ouro de aluvião, nos séculos 
XVII e XVIII, respectivamente -, estes se transformavam em áreas ou espaços 
geográficos de repulsão de população. Com a regressão da atividade econômica ao grau 
de produção de subsistência, a articulação com o exterior decrescia, pois não havia mais 
excedentes significativos para as trocas comerciais. Esses espaços, que no quadro da 
divisão internacional da produção dependiam substancialmente do exterior, fechavam-se 
quase completamente sobre si mesmos, ocasionando a redução do ritmo de seu processo 
de produção e organização espacial. 
 
 Concluímos, portanto, que a produção dos espaços geográficos no Brasil, 
durante o período da economia colonial e de parte da economia exportadora capitalista 
(século XIX e início do XX), teve por base a formação de sucessivas áreas de atração e 
repulsão de população. Essa dinâmica obedeceu à lógica do capitalismo comercial e, 
depois, à do capitalismo industrial ou monopolista, ambos dependentes das vicissitudes e 
instabilidades da economia dos ―países centrais‖. Foi, desse modo, um processo de 
produção e organização espacial comandado pelo exterior, e não pelas necessidades 
internas das distintas regiões brasileiras. Observando o mapa da organização do espaço 
do Brasil na atualidade, é possível perceber as diferenças regionais derivadas do 
processo histórico que marcou a produção espacial em nosso país. 
TIPOLOGIA DOS ESPAÇOS GEOGRÁFICOS 
PRODUZIDOS NA ECONOMIA COLONIAL 
 
 
 Podemos reconhecer três tipos de espaço geográfico produzidos no Brasil, 
durante o período da economia colonial: 
 
 a) espaços voltados para o exterior ou espaços extrovertidos; 
 b) espaços voltados para fora do seu próprio espaço e articulados com os 
 voltados para o exterior; 
 c) espaços voltados para si próprios. 
 
 De acordo com o estudo, todos eles mantinham uma ―tênue articulação entre si, 
em função das relações (dominantes) escravistas de produção, da concentração de 
renda, da reduzida divisão social do trabalho e do limitado mercado interno‖. 
Vejamos algumas características básicas de cada um deles. 
 
 Espaços voltados para o exterior ou espaços extrovertidos. 
 Estes seriam os espaços geográficos produzidos em função do mercado 
externo e dele dependentes. 
4.2 – MODERNIZAÇÃO ECONÔMICA e 
DESENVOLVIMENTO REGIONAL 
 A crise de 1929, ao provocar generalizada recessão econômica no mundo 
capitalista, colocou às claras o problema das desigualdades regionais na maioria dos 
países industrializados, as quais vinham se formando desde o século anterior, mas 
não eram explicitadas. 
 A tomada de consciência dessas desigualdades e a mudança na concepção 
do papel do Estado, com a revolução keynesiana e o avanço das técnicas e práticas de 
planejamento, promoveram a criação de políticas de redução das desigualdades 
regionais e de reordenamento do território em vários países, com a criação de 
instituições específicas para a implementação dessas políticas. 
 O caso mais claro foi o dos Estados Unidos, com a criação do TVA (Tennesse 
Vale Authority), em 1933, como parte do New Deal. O TVA introduziu uma nova 
sistemática de planejamento com o intuito de promover o desenvolvimento da 
região, composta de seis Estados. Os objetivos eram amplos e generalizados: obras 
para controle de cheias; construção de usinas hidroelétricas; desenvolvimento da 
navegação; transporte rodoviário; expansão e modernização da agricultura, inclusive 
programas de irrigação; crescimento e modernização da indústria; desenvolvimento 
urbano e dos serviços. 
 A generalização das políticas regionais nos países centrais foi assimilada 
pelos países periféricos. Na América Latina, a maioria dos países criou programas 
específicos de desenvolvimento regional, a exemplo dos programas de fronteira e 
de bacias, no México; da região de Guayana, na Venezuela; do Cuyo e da 
Patagônia, na Argentina. Segundo levantamento realizado por Sthor (1972), à 
época foram listados 73 planos ou programas de desenvolvimento regional nos 
países latino-americanos. No conjunto dessas políticas, cabe destaque às políticas 
brasileiras para o Nordeste e para a Amazônia. 
 A preocupação com o problema regionalno Brasil esteve presente desde o século XIX, 
embora não tivesse essa denominação, em função das consequências sociais das secas, no 
Nordeste, e da necessidade de controle do território da Amazônia, como retratam as várias 
comissões e tentativas de políticas realizadas desde aquele século. 
Para o caso nordestino, como decorrência das secas, em 1877 foi criada a Comissão Imperial, 
encarregada de analisar o problema e propor soluções. Aquela comissão sugeriu o 
desenvolvimento dos transportes, a construção de barragens e a transposição do rio São 
Francisco. As ações foram, no entanto, limitadas e lentas, enquanto se aprofundava o problema 
social da região. Estima-se que, como consequência das secas e dos problemas sociais, tenham 
morrido entre 100 e 200 mil pessoas nas últimas décadas do século XIX. Estima-se também que, 
entre o final do século XIX e início do século XX, aproximadamente 500 mil pessoas tenham se 
transferido ou foram transferidas para a região amazônica, na expectativa das oportunidades de 
trabalho vinculadas à exploração da borracha, que emergia como novo produto de exportação 
(Furtado, 2001; Cano, 1977 e 1985). Em 1904, foram criadas comissões para analisar o problema 
das secas no Ceará e no Rio Grande do Norte e, no mesmo ano, criada a Inspetoria de Obras 
Contra as Secas (IOCS), transformada em Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (IFOCS), em 
1906, e em Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), em 1945. Em 1920, havia 
sido criada a Caixa Especial de Obras de Irrigação de Terras Cultiváveis no Nordeste do Brasil, com 
2% do orçamento da União. Em 1923, a Constituição Federal fixou em 4% do orçamento federal 
para o controle das secas. Em 1945, seguindo a experiência do TVA, foi criada a Companhia 
Hidroelétrica do São Francisco. A nova Constituição Federal, aprovada em 1946, estabeleceu 
vinculações orçamentárias específicas para o desenvolvimento das regiões Nordeste e amazônica. 
 Por essa razão, foi criada a Comissão de Desenvolvimento do Vale do São Francisco 
(Codevasf), em 1948. Em 1951, seria instituído o Banco do Nordeste do Brasil (BNB). 
 No que se refere à Amazônia, em 1912, foi criada a Superintendência de Defesa da 
Borracha, preocupada com a concorrência asiática, transformada em Instituto Internacional da 
Hileia Amazônica, em 1945; em Superintendência do Plano de Valorização Econômica da 
Amazônia (SPVEA), em 1953; e em Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia 
(Sudam), em 1966. Em 1942, no bojo dos acordos de Washington, foi criado o Banco de 
Crédito da Borracha, transformado em Banco de Crédito da Amazônia, em 1957, e em Banco 
da Amazônia S.A. (Basa), em 1966. Em 1967, seria criada a Suframa. 
 A generalização da política regional levou à criação de superintendências para as 
demais regiões do País, a saber: Superintendência do Plano de Valorização Econômica da 
Região da Fronteira Sudoeste do País (SPVERFSP), em 1961, transformada em Sudesul, em 
1967; a Comissão de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Codeco), em 1961, transformada em 
Sudeco, em 1967. 
 
 Conclui-se que o Brasil foi pioneiro na busca de instrumentos e ações para 
alavancar o desenvolvimento do Nordeste e da Amazônia. A primeira, pelas graves crises 
sociais e pela força regionalista de sua elite. A segunda, pela preocupação com o controle 
político do vasto território amazônico. As críticas a essas instituições, a alegada existência de 
corrupção e as mudanças na concepção e no papel do Estado, durante a era neoliberal, 
levaram ao esvaziamento e posterior fechamento da maioria delas. Foram mantidos a 
Suframa, o BNB e o Basa. A Sudene foi transformada em Adene e, posteriormente, recriada a 
Sudene. Movimento semelhante ocorreu com a Sudam, transformada em ADA e novamente 
recriada. A Sudeco foi extinta e recriada. 
 Nos último 50 anos, as chamadas economias em desenvolvimento alcançaram 
níveis expressivos de industrialização e urbanização. 
 
 Após a década de 1950, ocorreu no Brasil o processo de internacionalização da 
economia. 
 
 Durante a década de 1970, ocorreu o ―milagre econômico brasileiro‖, que 
elevou o país à posição de 8ª economia mundial no ano de 1973. 
 
 A partir da década de 1980, ocorreu o esgotamento da capacidade do Estado 
em promover o desenvolvimento industrial – fim do Estado empresário (adoção de 
medidas neoliberais). 
 
 A partir da década de 1990, iniciou uma acelerada abertura econômica, com 
privatização de empresas estatais. 
 
4.3 – REGIONALIZAÇÃO 
e PLANEJAMENTO TERRITORIAL 
 Durante as últimas décadas, o Governo Brasileiro tenta encontrar 
a melhor forma para regionalizar o país, utilizando diferentes metodologias 
para tal. 
 No entanto, dois formatos são utilizados com maior frequência: 
 1) Regionalização político-administrativa (tradicional do IBGE), 
enfocando critérios humanos como formação étnica e a distribuição 
territorial da população; 
 2) Regionalização geoeconômica, tratando dos aspectos 
econômicos agregados aos estados. 
 
 
 
 
REGIONALIZAÇÃO TRADICIONAL 
O território brasileiro fica subdividido em cinco macro regiões 
heterogêneas: 
•Clima: Equatorial úmido, com elevado índice pluviométrico. 
•Vegetação: floresta equatorial amazônica 
•Relevo: Baixo, formado por planícies. 
•Hidrografia: Bacia hidrográfica Amazônica. 
•População: Pouca, formada por brancos, índios e mamelucos, 
porém em Belém a população cafuza migrante oriunda do Norte 
maranhense é bem comum. 
Clima: Tropical úmido (Zona da Mata),[4] Tropical semi-árido (Agreste/Sertão)[5][6] e 
Tropical de transição (Meio Norte).[7] 
•Vegetação: Mata Atlântica (Zona da Mata), Caatinga (Agreste/Sertão) e Mata dos 
Cocais (Meio Norte). 
•Relevo: Formado por planícies (Zona da Mata) e planalto (Agreste/Sertão). 
•Hidrografia: Bacia Hidrográfica do São Francisco. 
•População: Grande, formada por brancos (principalmente em Fortaleza, João 
Pessoa e sertão setentrional), negros (principalmente em Salvador e Recife), índios 
(principalmente no Sertão), cafuzos (principalmente em São Luís) e mamelucos (o 
elemento etnico mais basico presente em toda a região, mas principalmente na 
zona semi-árida, Agreste, Fortaleza, Natal, João Pessoa, sul de Maranhão e Piauí, 
centro-oeste da Bahia, etc). 
REGIÃO NORDESTE 
REGIÃO NORTE 
•Clima: Tropical semi-úmido (tropical típico), com duas estações bem 
definidas em relação aos índices pluviométricos (Primavera/Verão - 
período chuvoso e Outono/Inverno - período seco). 
•Vegetação: Cerrado, que sofre drásticamente com as atividades 
agropecuárias, onde destacamos a pecuária extensiva e a sojicultura; 
Além das Matas Ciliais ou Matas Galerias. 
•Relevo: Planalto Central, formado por chapadas e a Planície do Pantanal. 
•Hidrografia: Bacia Hidrográfica do Paraguai e Araguaia (Tocantis - 
Araguaia) 
•População: Modesta população formada por brancos (principalmente 
no centro-oeste da região descendentes de migrantes do norte do RS, 
oeste de SC e oeste do PR), índios (principalmente no norte do MT) e 
mamelucos (a etnia mais comum da região e praticamente a única até 
meados de 1960) com baixa densidade demográfica, porém após a 
construção de Brasília, muitos elementos mineiros de origem africana 
(geralmente mulatos e cafuzos) migraram para a sua parte mais oriental 
entre o nordeste do MS e o leste/sudeste de GO e DF. 
REGIÃO CENTRO-OESTE 
•Clima: Tropical de altitude e tropical úmido. 
•Vegetação: Floresta tropical ou Mata Atlântica, radicalmente devastada pela ação 
antrópica. 
•Relevo: Planície costeira ou litorânea, onde encontramos uma estrutura particular 
chamada de Mar de Morros; Além do chamadoPlanalto Atlântico, composto 
basicamente por serras. 
•Hidrografia: Região rica em nascentes, onde destacamos a nascente do Rio São 
Francisco, na chamada Serra da Canastra (Minas Gerais), além da formação inicial 
da Bacia do Paraná e de bacias secundárias como o Tietê, Paraíba do Sul, entre 
outros. 
•População: Gigantesca população, agregando mais de 40% da população brasileira, 
formada por todos os grupos étnicos e suas miscigenações, porém não de modo 
homogêneo - a população branca da região se concentra no interior do ES e no interior 
de SP, enquanto a população negra se concentra no centro de minas, baixada 
fluminense, zona norte do Rio, parte da zona oeste. Os mamelucos são mais comuns 
no interior de SP e ES, os cafuzos no interior de MG, os mulatos na capital do RJ e 
os nativos foram praticamente dizimados, boa parte tupinambás, mas restando 
uma população kaigang e guarani. 
REGIÃO SUDESTE 
•Clima: Temperado sub-tropical (com duas estações bem definidas, apresentando verões quentes e 
invernos frios e secos). 
•Vegetação: Mata dos Pinhais ou Araucárias (estado do Paraná) e os Pampas. 
•Relevo: Formado por zonas baixas próximas ao litorial e planalto arenito basáltico (planalto meridional) 
•Hidrografia: Médio e baixo cursos da Bacia do Paraná, Bacia do Paraguai e Bacia do Uruguai. 
•População: Formada basicamente por brancos de origem europeia não ibérica, como italianos, 
germânicos e eslavos. Não observamos a integração entre diferentes grupos étnicos, explicando assim 
a formação homogênea da Região, com fortes traços europeus, porém existem minorias africanizadas 
no sudeste do RS (região de Pelotas), divisa litorânea entre PR e SC, Paranaguá, etc. O panorama da 
região neste sentido foi o que mais se alterou drasticamente na sua historia populacional; entre 1775 e 
1825 mais da metade da população do PR e RS eram de origem africana, mas do século XVI a 1775 era 
amerindia e mameluca; SC por exemplo era etnicamente açoriana na parte central do seu litoral, 
africanizada na divisa costeira com o PR (só que mais recentemente via migrações) e praticamente 
amerindia pura no seu interior meio-oestino até finais do século XIX e início do século XX quando 
imigrantes alemães colonizaram a parte mais a nordeste do seu centro e os italianos a sua costa 
meridional; gaúchos e descendentes ocuparam o oeste bem depois e na parte mais ocidental do centro 
existe uma população de transição, que originalmente era amerindia e mameluca. No interior do PR o 
elemento eslavonico é o mais forte, mas com a migração de italianos étnicos do norte gaucho os etno-
padanicos do RS setentrional passaram a ser a maioria dentre os euro-descendentes do estado; no RS 
o elemento norte-italiano é mais comum na sua parte serrana centro-ocidental, enquanto o alemão é 
mais comum na parte oriental da serra. O elemento mameluco é fortíssimo na região oeste do RS, de 
onde surgiu o gaúcho original, filho do espanhol/iberico com a nativa guarani. 
REGIÃO SUL. 
DIVISÃO GEOECONÔMICA DO BRASIL 
 
Em 1967, o geógrafo Pedro Pinchas Geiger propôs a divisão regional do Brasil em 
três regiões geoeconômicas ou complexos regionais. Essa divisão tem por base as 
características histórico-econômicas do Brasil, ou seja, os aspectos da economia e da 
formação histórica e regional. 
•Região geoeconômica Amazônia 
•Região geoeconômica Centro-Sul 
•Região geoeconômica Nordeste 
 
4.4 – REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA, REDES e 
NOVAS PROPOSTAS DE REGIONALIZAÇÃO 
 ―As regiões atuais não correspondem mais ao recorte adequado para 
políticas públicas‖, afirma Clélio Campolina Diniz, o pesquisador do Cedeplar 
que coordena o Módulo 3, e um dos principais pesquisadores do País nesse 
assunto. Ele explica a intenção que presidiu a nova definição de regiões: 
melhor distribuir a população, as atividades econômicas, a rede de cidades, a 
infra-estrutura do território e assim reduzir desigualdades econômicas e 
sociais. 
 
 
Mas como? Primeiro, seis grandes áreas 
 
 Uma nova regionalização é necessária para subsidiar o governo na 
tomada de decisão sobre os investimentos públicos que fará. Um dos 
pressupostos dos envolvidos no estudo é de que, por meio desses 
investimentos, o poder público pode intervir para fomentar o desenvolvimento 
regional, por meio de ações que têm como um de seus efeitos induzir o 
investimento privado. 
 A partir de dados socioeconômicos, principalmente, o estudo propõe 
inicialmente uma divisão do território brasileiro em seis grandes áreas, que 
servem para caracterizar as grandes diferenças e semelhanças nacionais, em 
termos de pobreza e de riqueza e de dinamismo, que organizam grandes 
vetores estratégicos de desenvolvimento. 
 
As seis grandes áreas compreendem: 
 
a) a área do bioma amazônico, cujo desenvolvimento deve se harmonizar com 
a preservação e conservação da floresta; 
 
b) a costa norte-nordestina, área que vai de Belém até o Sul da Bahia, ―região 
de ocupação antiga e densa, organizada, mas com menor nível de 
desenvolvimento econômico e social‖, nas palavras do coordenador do Módulo 
3 do projeto; 
 
c) o litoral do Sudeste e a região Sul, incluindo por inteiro os estados do 
Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio 
Grande do Sul, além de parte do estado de Minas Gerais, área também de 
ocupação mais densa, mais urbanizada e mais desenvolvida; 
d) a área de cerrados ocidentais: inclui o Mato Grosso e o Mato Grosso do 
Sul e partes do estado de Goiás. As características que definem os 
cerrados ocidentais: território de fronteira dinâmica, que tem o mesmo 
padrão de urbanização do Centro-Sul. O professor Campolina explica: ―As 
cidades são semelhantes às cidades do Centro-Sul; estão vinculadas à 
fronteira agrícola com um certo nível de riqueza, de estrutura‖; 
 
e) a quinta grande área, os cerrados orientais, abrange parte do estado de 
Goiás, todo o estado de Tocantins e a região do cerrado da Bahia, do Piauí 
e do Maranhão. Esta área está se constituindo em nova fronteira, de 
acordo com o estudo, ainda que de padrão de desenvolvimento mais 
baixo, com menor dinamismo do que os cerrados ocidentais; 
 
f) a sexta área, uma das mais pobres do País, compreende partes 
expressivas da Caatinga e o Sertão nordestino. A área enfrenta um 
problema grave, conta Campolina: ―o bioma da caatinga, que é seco, não 
apresenta potencial econômico nem rede urbana. 
A MANEIRA PELA QUAL É POSSÍVEL INTERVIR 
 
 A experiência internacional e nacional, relatada por especialistas, mostra 
que cada uma dessas sub-regiões se organiza em torno de um centro urbano que a 
polariza. Se o poder público selecionar alguns desses centros, estrategicamente 
distribuídos, que tenham potencial de crescimento, poderá fortalecê-los, para reforçar 
a capacidade que já têm de serem centros de produção de bens e serviços – ou seja, 
de gerarem crescimento econômico e de se tornarem suportes para a região de seu 
entorno. 
 
 “Essa é uma das maneiras de frear o processo migratório para as 
megametrópoles”, lembra Campolina. Centros avaliados como prioritários – definição 
de prioridades é a razão de ser do PPA - , na escala macrorregional ou na escala sub-
regional, deveriam ser privilegiados com investimento público. “Há uma pauta de 
atividades que fortalece uma cidade”, esclarece Campolina. E dá exemplos: “Se quer 
fortalecer uma cidade média, deve-se abrir lá uma universidade”. Outros 
equipamentos que também fortalecem os centros urbanos: atendimento de saúde, 
lazer e infra-estrutura. “O sistema de infra-estrutura,em especial o de transporte, é 
decisivo”, diz o coordenador. “Para fortalecer uma cidade como pólo, tem que facilitar 
o acesso a ela”. Ele cita o caso de Paris, que ganhou, no século XVIII, um sistema de 
transporte radial, que, para ela, convergia. Depois, na década de 60, a França criou a 
rede de oito metrópoles de equilíbrio – das quais Lyon e Marselha são exemplos – 
para distribuir o crescimento por todo o país e frear o crescimento de Paris. 
Eixo 5 
Dinâmica Populacional Brasileira 
5.1 – MOVIMENTOS MIGRATÓRIOS 
 As migrações pelo território brasileiro estão associadas, como nota-se ao 
longo da história, a fatores econômicos, desde o tempo da colonização pelos 
europeus. 
 Quando terminou o ciclo da cana-de-açúcar na região Nordeste e teve o 
início do ciclo do ouro, em Minas Gerais, houve um enorme deslocamento de 
pessoas em direção ao novo centro econômico do país. 
 O Ciclo da Borracha atraiu grande quantidade de migrantes para região da 
Amazônia. Graças ao ciclo do café e, posteriormente, com o processo de 
industrialização, a região Sudeste se tornou o grande pólo de atração de migrantes, 
que saíam de sua região de origem em busca de empregos ou melhores salários. 
 Acentuou-se, então, o processo de êxodo rural (saída) migração do campo 
para a cidade, em larga escala. No meio rural, a miséria e a pobreza agravadas pela 
falta de infra-estrutura (educação, saúde etc.), pela concentração de terras nas mãos 
dos latifundiários e pela mecanização das atividades agrárias, fazem com que a 
grande população rural seja atraída pelas perspectivas de um emprego urbano, que 
melhore o seu padrão de vida. Além disso, o acesso a serviços e ao comércio nas 
áreas urbanas, tornou-se o principal fator de atração para as grandes cidades. 
 No entanto, o que ocorreu no Brasil entre os anos 1940 e 1990, foi que as 
cidades não apresentavam uma oferta de empregos compatível à procura, nem a 
economia urbana crescia na mesma velocidade em que a migração. 
 Em consequência crescia o desemprego e o sub-emprego no setor de 
serviços, com aumento do número de trabalhadores informais, vendedores 
ambulantes e trabalhadores que vivem de fazer "bicos". 
 Associado à falta de investimentos e ao reduzido planejamento do Estado 
na ampliação da infra-estrutura urbana, isto contribuiu para a formação de um 
cinturão marginal nas cidades, ou seja, o surgimento de novas favelas, palafitas e 
invasões urbanas. 
 Atualmente, nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, já se registra maior 
saída de população das metrópoles em direção às cidades médias do interior do que 
em direção à estas metrópoles, embora estas continuem tendo crescimento 
populacional total positivo. 
 A principal causa desse movimento é que estas metrópoles atualmente 
não apresentam taxas de crescimento econômico tão siginificativas, a infra-estrutura 
de transportes é geralmente problemática, acompanhando uma relativa 
precariedade no atendimento de praticamente todos os serviços públicos, com 
índices de desemprego e criminalidade mais elevados do que a média das demais 
cidades. 
 Já as cidades do interior do país, além de estar passando por um período 
de crescimento econômico, oferecem melhor qualidade de vida à população. 
 As migrações internas têm sido alvo de análise, não apenas como 
resultantes de eventuais desequilíbrios econômicos, sociais ou demográficos, mas, 
principalmente, como elementos da organização espacial de uma sociedade. 
 A migração pode ser definida como mobilidade espacial da população. 
Atualmente a maior parte das migrações não são mais inter-regionais, mas ocorrem 
dentro da mesma região. Além disso, alguns estados que tradicionamente 
apresentavam mais emigração tornaram-se regiões de imigração, como Pernambuco, 
Bahia, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. 
MOVIMENTOS POPULACIONAIS 
 
Monumento aos imigrantes italianos em Caxias do Sul, Rio Grande do Sul. 
 
No Brasil, a política migratória externa pode ser dividida em duas fases : a 
primeira, de estímulo à imigração, principalmente após a abolição da 
escravatura, em 1888, visando a substituição da mão-de-obra escrava na 
lavoura cafeeira;[26] a segunda, de controle à imigração, a partir de 1934, no 
governo Vargas, devido à crise econômica internacional da década de 1930. 
 O afluxo de imigrantes para o Brasil pode ser dividido em três períodos principais. 
 
 O primeiro período (de 1808 a 1850[carece de fontes?]) foi marcado pela chegada da 
família real, em 1808, o que ocasionou a vinda dos primeiros casais de imigrantes 
açorianos para serem proprietários de terras no país[carece de fontes?]. Devido ao receio do 
europeu de fixar-se num país de economia colonial e escravocrata, nesse período houve 
uma imigração muito pequena.[30] 
 O segundo período (de 1850 a 1930) foi marcado pela proibição do mercado de 
escravos. Foi a época mais importante para a nossa imigração, devido ao grande 
crescimento da atividade monocultora (café) e aos incentivos governamentais dados ao 
imigrante. Em 1888, com a abolição da escravidão, estimulou-se ainda mais o fluxo 
imigratório, tendo o Brasil recebido, nessa época, praticamente 80% dos imigrantes 
entrados no país.[31][32] 
 O terceiro período (de 1930 até os dias de hoje) é caracterizado por uma 
sensível redução na imigração, devido, inicialmente, à crise econômica de 1929, 
ocasionada pela quebra da bolsa de valores de Nova Iorque, com o consequente abalo da 
cafeicultura brasileira. Além disso, contribuiu também a crise política interna no país, 
decorrente da Revolução de 1930, e a criação de uma lei sobre imigração, através da 
Constituição de 1934. Essa lei restringia a entrada de imigrantes, estipulando que, 
anualmente não poderia entrar no país mais que 2% do total de imigrantes de cada 
nacionalidade entrados nos últimos 50 anos. Determinava ainda que 80% dos imigrantes 
deveriam dedicar-se à agricultura, além de estabelecer uma discutível e discriminatória 
"seleção ideológica", ou seja, conforme as ideias políticas que professava, o imigrante 
poderia ou não entrar no país. 
 O envolvimento da Europa na Segunda Guerra Mundial também reduziu a 
emigração, e a recuperação econômica daquele continente, após a guerra, levou os 
europeus a emigrarem para outros países do próprio continente. 
 Intensificaram-se, nesse período, as migrações internas. Mineiros[carece de fontes?] e 
nordestinos, principalmente, dirigiram-se para o centro-sul do país, em virtude de 
crescimento urbano e industrial. 
 O grande fluxo imigratório em direção ao Brasil foi efetuado no século XIX e 
início do século XX. Para se ter uma ideia do impacto imigratório nesse período, entre 
1870 e 1930, entraram no Brasil um número superior a cinco milhões de imigrantes. 
 
 Esses imigrantes foram divididos em dois grupos: uma parte foi enviada para o 
Sul do Brasil, onde se tornaram colonos trabalhando na agricultura. Todavia, a maior parte 
foi enviada para as fazendas de café do Sudeste. 
 Os colonos mandados para o Sul do país foram, majoritariamente, alemães (a 
partir de 1824, sobretudo da Renânia-Palatinado, Pomerânia, Hamburgo, Vestfália, etc) e 
italianos (a partir de 1875, sobretudo do Vêneto e da Lombardia). Ali foram estabelecidas 
diversas comunidade (colônias) de imigrantes que, ainda hoje, preservam os costumes do 
país de origem. 
 Para o Sudeste do país chegaram, majoritariamente, italianos (sobretudo do 
Vêneto, Campânia, Calábria e

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