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O Direito Administrativo é um ramo independente e autônomo do Direito Público

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O Direito Administrativo é um ramo independente e autônomo do Direito Público. O Estado apresenta três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário. A Administração Pública atua nas 3 funções. No Judiciário, a administração pública serve de atividade de apoio. No Executivo, atua direta e imediatamente no interesse coletivo.
A Administração Pública é uma figura que envolve a função atípica dos três poderes. A finalidade administrativa, portanto, é satisfazer o interesse público. Já a finalidade do Estado é satisfazer o bem comum.
Aspecto Subjetivo: nesse aspecto, podemos compreender as pessoas jurídicas em duas modalidades de administração:
Administração Direta: a qual compreende o conjunto dos órgãos públicos;
Administração Indireta: a qual compreende as entidades (autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e empresas públicas) criadas para a prestação de um serviço específico.
Aspecto Objetivo: esse aspecto corresponde ao exercício de função; ou seja, o ato de fazer algo em nome de alguém. A Licitação (Lei 8.666/93), por exemplo, tem por finalidade selecionar a proposta mais vantajosa para a administração pública. O Decreto Lei de Desapropriação tem por finalidade transferir a propriedade do particular para o patrimônio público, para cumprir a atividade pública ou interesse social.
O interesse público é aquilo que a lei determina e estabelece. Para falar de função, primeiro deve-se examinar o interesse público. Sendo assim, a Função Administrativa é o dever do administrador público em concretizar o interesse público, previsto em lei.
O Regime Jurídico de Direito Público é composto por prerrogativas e sujeições, às quais se submete a Administração Pública, para a consecução do interesse público; diferentemente da iniciativa privada.
Sendo assim, os Princípios que convivem no sistema normativo ganham força no Direito Administrativo – no que conhecemos por neoconstitucionalismo (grande carga principiológica). Os princípios regentes da administração pública são os princípios constitucionais que estão no art. 33, caput da CF/88.
PRINCÍPIOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO
Princípio da Legalidade: A atuação da administração se dá conforme o nosso ordenamento jurídico. Nesta legalidade estrita, há uma sutileza a se destacar: não se aplica, aqui, o conceito de que tudo o que não está juridicamente proibido está juridicamente permitido. Assim, temos a concepção de que, hoje em dia, considera-se que a administração pública pode fazer tudo o que estiver em conformidade com o ordenamento jurídico.
Três situações que configuram exceção a este princípio: Medida Provisoria, Estado de Sitio e Estado de Defesa.
Princípio da Impessoalidade: o agente tem que sempre visar atingir o interesse público/social, e não o interesse privado/pessoal. Há, portanto, uma visão obrigatoriamente macro, focada na espécie e não no gênero.
Impessoalidade é a qualidade de quem não é especial. Do ponto de vista jurídico, concretiza a igualdade na medida em que a administração pública não pode privilegiar nem prejudicar quem quer que seja. Esta ausência de prejuízo e privilégio é uma concepção do princípio. A atividade da administração pública é uma qualidade daquilo que não é pessoal, ou seja, a administração deve tratar a todos com igualdade, sem privilégios ou vantagens.
Outra concepção é que a administração pública “não tem rosto”, ou seja, não importa quem fez, a execução do ato é da administração.
Princípio da Moralidade: não se trata da moralidade comum. Trata-se, aqui, da chamada moralidade administrativa, a qual está voltada a condutas honestas e desonestas. O administrador deve agir honestamente com a intenção de cumprir a lei no escopo em que ela foi concebida.
Princípio da Publicidade: Tal princípio se refere a tornar público, dar conhecimento dos atos praticados pela administração pública para efeito de controle. Se a atividade é perseguir o interesse público, a melhor maneira de controle é através da publicidade.
Não deve ser confundido com a publicação dos atos. O princípio da publicidade é mais amplo: tornar transparente a atividade administrativa, dando acesso a toda população sobre seus atos. A finalidade, portanto, é a de tornar possível o acompanhamento e a fiscalização pela sociedade, pela cidadania exercida.
Também, além desse conceito supra-analisado, diz respeito a conceder eficácia à determinados atos administrativos, como, por exemplo, o contrato disposto pela lei de licitação, que só é eficaz depois de ser publicado.
Princípio da Eficiência: tal princípio determina que a administração pública deve agir de modo rápido, com poucos gastos, com qualidade, competência técnica, produzindo resultados satisfatórios. Em outras palavras, consiste no melhor emprego dos recursos públicos, com qualidade e rapidez para satisfazer o interesse público; gerir com eficiência – mais que isso, com eficácia –, produzindo resultados reais e concretos no atendimento das demandas.
PRINCÍPIOS INFORMADORES DA ATIVIDADE ADMINISTRATIVA
Dois grandes pilares: Supremacia do Interesse Público e Indisponibilidade do Interesse Público: determina que o interesse do coletivo sempre se prepondere ao individual. A autoridade administrativa não pode decidir se executa ou não a sua obrigação para com o interesse público.
Presunção de Legitimidade dos Atos: deriva diretamente do principio da Legalidade. Em razão disso, os atos praticados pela administração nascem com a presunção de legalidade ou veracidade. Todo ato administrativo surge com essa presunção.
Tal presunção é relativa/iuris tantum; portanto, aceita contestação. Enquanto o ato administrativo não for contestado, ele mantém tal presunção de verdade; tal presunção apenas se relativiza quando alguém faz alguma impugnação (pela via administrativa: direito de petição art. 5º inciso 34 da CF – ou judicial: a impugnação pode ser exercida na via mandamental ou via ordinária).
Não há obrigação de se esgotar a via administrativa para poder discutir qualquer questão de legalidade junto ao judiciário; o único caso que a CF determina isso é o direito desportivo – apenas.
Princípio da Autotulela: poder/dever da administração pública em rever os próprios atos, anulando os ilegais e revogando os inconvenientes e inoportunos:
Ambos os atos podem ser colocados ao judiciário! O judiciário não declara a revogação de um ato, compete apenas à administração. Porém um ato de revogação pode ser verificado pelo Judiciário a fim de se analisar a legalidade deste mesmo ato.
Principio da Motivação: determina que os atos da administração pública devem apresentar os condicionantes de fato e de direito que autorizam ou determinam a atividade ou pratica do ato (em outras palavras, devem ser motivados), e esta é uma formalidade que se justifica para permitir o controle; sob pena de ilegalidade (cabe, portanto, anulação deste) – em suma, tal princípio determina que a administração pública indique os fatos e os direitos que consubstanciaram a sua decisão.
Motivação é diferente de Motivo: a motivação é o veiculo do motivo. Motivo (fato/circunstância) ≠ Motivação (exposição escrita do motivo).
Principio da Razoabilidade/Proporcionalidade: determina que os meios utilizados pela administração pública devem ser proporcionais aos fins que ela almeja. Os atos devem ser proporcionais e razoáveis ao que foi feito.
A razoabilidade significa ter bom senso e equilíbrio, o bom senso será utilizado ou a aplicado com proporcionalidade que significa que os meios empregados pela administração pública devem ser proporcionais à finalidade almejada.
Deve haver um equilíbrio entre os direitos e os deveres. Ex: o rodízio de carros não é diário e sim revezado, em razão do principio da razoabilidade e proporcionalidade. Sua finalidade é para preservar o meio ambiente, a fim de proteger o interesse público (frente ao direito privado).
Devido Processo Legal: O princípio do devido processo legal é garantia constitucional (art. 5º, L da CF/88).
Aspecto Adjetivo – o administrado tem direito ao contraditórioe a ampla defesa.
Aspecto Substantivo (não cai na prova) – discute-se o texto da Lei; o texto da lei provoca uma desigualdade; desigualdade na Lei (e não perante a lei – o qual é tratado no principio da isonomia).
Principio da Autoexecutoriedade: determina que a Administração Pública não precisa se socorrer ao judiciário para executar os próprios atos. Ex.: vigilância sanitária que entra em um restaurante e encontra ratos na cozinha; para lacrar tal estabelecimento, a própria administração pública pode executar tal ato, sem ter que buscar o judiciário antes.
Nem todo ato tem autoexecutividade: a Lei que define a autoexecutoriedade de determinado ato.
SUPREMACIA E INDISPONIBILIDADE DO INTERESSE PÚBLICO
Supremacia do Interesse Público: Coloca a administração em um patamar superior. O interesse público esta presente tanto no momento da elaboração da lei quanto na sua execução: direito privado (interesses individuais) e direito público (interesse público).
Indisponibilidade do Interesse Público: Não está à livre disposição; a autoridade competente de administração pública não pode renunciar ao exercício das competências à ela outorgadas.
CONTINUIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO
Passou a ser um princípio muito controverso na atualidade. Em função do nosso interesse público ser supremo e indisponível, o serviço público é atividade administrativa de caráter serviente. É um dever do Estado. Em decorrência de tal dever, a CF determina que para que os servidores públicos possam dispor do direito de greve, é necessária uma lei própria (em decorrência do principio da continuidade).
O Serviço Público não se interrompe. A exceção (Lei 8987, 6º, § 3º - lei federal que regula a concessão e a permissão) não caracteriza descontinuidade da prestação do serviço público, e se dá em três casos:
Emergência: como, por exemplo, um apagão (interrupção do serviço para evitar maiores danos);
Curso prévio: como, por exemplo, parada para reorganizar a prestação de serviço por determinado tempo;
Inadimplemento: Entre 90 e 95, quando os contratos foram celebrados entre Estado e concessionárias (por conta e risco, mediante tarifa, prestando serviços públicos), houve o inadimplemento, do ponto de vista jurídico, e não foi concedido o contraditório e a ampla defesa. Neste momento, as concessionárias discutiram a incidência do CDC (privado ou público?).
Em decorrência deste caso de Inadimplemento, ocorre que, de acordo com outra corrente doutrinária, mesmo numa situação de inadimplemento, o serviço público não pode ser interrompido.
Na doutrina, há duas posições divergentes, alem da divergência jurisprudencial. Isso após a Lei 8.987 que regula a concessão e a permissão de serviço público. Antes da lei a regra era: serviço público não pode ser interrompido.
Exemplo: deixar de pagar conta de luz (contrato com concessionária de energia) = interrupção do serviço público. Se pleiteada uma liminar ao judiciário, tendo em vista a impossibilidade em pagar a conta pelo fato de uma pessoa estar adoentada, pelo principio da continuidade do serviço público, a liminar será concedida (principio da dignidade da pessoa humana prevalece perante os direitos da concessionária).
Servidor público – greve MI 670, 708, 718.
Contratos – art. 78, XV – não gozam da exceção do contrato não cumprido. No direito privado, não pagou, para de se executar. No contrato de direito público, essa regra não pode ser aplicada. Após 90 dias, a parte se deixar de receber do Estado, está autorizada a interromper. Essa é uma exceção e autorização da lei, não é regra.
PODERES DO DIREITO ADMINISTRATIVO
Poder Instrumental: a Administração Pública, para atender à sua finalidade – que é a de satisfazer o interesse público –, é dotada de poderes administrativos, conferidos pelo ordenamento jurídico, caracterizando-se como instrumentos para a realização de suas atividades públicas.
Tais poderes – que são instrumentais – diferem dos poderes políticos, que são estruturais, ou seja, inerentes à estrutura do Estado. Os poderes administrativos, portanto, consistem em uma autorização para a Administração Pública cumprir com os deveres impostos para a satisfação do interesse público.
Esse poder/dever administrativo deve ser exercido em prol do interesse público, e são irrenunciáveis.
Poder Hierárquico: o poder hierárquico é o que capacita a Administração Pública a distribuir as funções de seus órgãos,
caracterizando uma relação de subordinação entre esses últimos, bem como entre agentes e servidores do quadro de pessoal.
Trata-se de poder relacionado à desconcentração, que é a distribuição de competências dentro de uma mesma pessoa jurídica, visando a descongestionar as atribuições centralizadas em uma só pessoa.
Do exercício dessa atribuição, decorrem as competências de dar ordens, de fiscalizar, de rever, de delegar e de avocar:
Dar Ordens: determina-se ao subordinado o ato a ser praticado ou a conduta a ser observada;
Fiscalizar: mantém-se sob vigilância os atos e o comportamento dos subalternos, visando enquadrá-los nos limites da legislação a ser obedecida;
Rever: apreciam-se os atos e a conduta dos subordinados, para garanti-los, se conformes com a lei e o mérito, ou para desfazê-los, quando não atendam aos requisitos de conveniência e oportunidade e de legalidade.
: as competências recebidas são atribuídas a outrem, geralmente um subordinado, com o objetivo de assegurar maior rapidez e eficiência às decisões, colocando-se, desse modo, na proximidade dos fatos o agente competente para dar o necessário atendimento. O delegado não age em nome do delegante; atua no exercício da competência recebida.
Avocar: chama-se para si funções atribuídas a outrem que lhe é subordinado.
Há de se ressaltar que, de nada vale atribuir o poder hierárquico à autoridade maior, sem também delegar-lhe o poder de punir os servidores que descumpram seus deveres legais. Daí a razão de ser conferido o Poder Disciplinar:
Poder Disciplinar: o poder disciplinar é o poder que a administração tem de apurar e punir infrações. Trata-se, portanto, de poder conferido à Administração Pública, com o intuito de responsabilizar aqueles que cometem faltas em detrimento do interesse público, visando, dessa forma, à proteção da efetiva realização do interesse público.
A Lei 8.112/90 trata do estatuto do servidor público no âmbito federal. Em seu artigo 127 define e estabelece os tipos de penalidade: advertência, suspensão, demissão, cassação de aposentadoria, destituição de cargo em comissão e destituição de função comissionada. São penalidades para aqueles que cometeram as infrações disciplinares.
A Lei 8.666/93, a lei de licitações, trata daqueles que estão sujeitos à disciplina administrativa, estabelecendo – também –, em seu artigo 87, diversas penalidades, dentre elas: advertência, multa, suspensão temporária do direito, declaração de inidoneidade para licitar ou contratar (impede a empresa de participar de licitações).
O poder disciplinar confere à administração pública a competência para punir infrações funcionais de seus servidores e daqueles que se sujeitam à disciplina administrativa. Assim, configurado o ilícito, há o dever de apuração e, se for o caso, da aplicação da consequente sanção. Tal poder encontra limites na obrigação de abertura de processo administrativo (instâncias cíveis e criminais apenas se necessário), atendimento ao devido processo legal (contemplando, obviamente, o contraditório e a ampla defesa), obrigação de decisão motivada e com atendimento ao princípio da razoabilidade/proporcionalidade. A administração está obrigada a apurar; isso decorre da indisponibilidade do interesse público.
Poder Normativo: Originariamente o poder normativo pertence ao poder legislativo (pode originário). Porém, a CF, em seu art. 84, IV, confere ao presidente da república a competência para editar regulamentos, pelo princípio da simetria constitucional. Este poder também é estendido ao chefe do executivo do estado, e ao chefe do executivo do município (pelo que chamamos depoder derivado).
O poder normativo regulamentar derivado se materializa, normalmente, na expedição de decretos (por exemplo; há outros atos, exemplificados mais adiante). Estes decretos não podem existir sem que exista uma lei que o preceda. O regulamento se presta a regulamentar aquilo que a lei estabelece. Este poder normativo regulamentar tem um limite claro que é o limite de ser antecedido por uma lei.
O poder normativo não autoriza criação, modificação ou extinção de direitos: ele os irá regulamentar; presta-se a explicitar aquilo que a lei trouxe e deseja.
Em outras palavras, é a atribuição de competência conferida ao chefe do executivo, art. 84, IV, CF (pelo princípio da simetria aos chefes do executivo estadual e municipal), para regulamentar a lei mediante a expedição de decreto e/ou outros atos, tais como portarias, resoluções, ordens de serviço, entre outros.
Helly Lopes Meireles: “Faculdade implícita no poder de chefia da administração pública para suprir omissões legislativas. Não é ausência de lei, mas sim ausência de se explicar a lei”.
Celso Antônio Bandeira de Melo: “ato inferior, subordinado e dependente de lei”.
Observação: De acordo com o art. 84, VI, ‘a’ e ‘b’, estamos diante da única possibilidade do chamado decreto autônomo, isto significa que, em regra, o poder regulamentar é ato inferior e dependente de lei. Unânime na nossa doutrina é a não existência de decreto autônomo.
Poder de Policia: É a competência da administração que tem por objetivo condicionar direitos e liberdades, objetivando o bem estar coletivo e tem acento na supremacia do Estado perante bens, direitos e atividades, visando o interesse público.
De acordo com o art. 78 da CTN (Código Tributário Nacional), o Poder de Polícia é a atividade da Administração Pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão do interesse público.
Este poder tem caráter preventivo e repressivo:
Preventivo: a Administração condiciona, regra algum tipo de atividade, como por exemplo, o regramento para fogos de artifício, balões, etc.
Repressivo: trás em si um poder de coerção de sanção. Exemplo: a administração pode fechar um estabelecimento comercial, pois não atendeu as exigências sanitárias; cassar licença para construção, o alvará, etc. Em função de seu caráter repressivo, pode aplicar sanções.
Tal poder não pode ser delegado ao particular, admitindo-se tão somente a execução de atos precedentes ou posteriores (atos materiais) ao exercício do poder de polícia. Em suma, essa delegação é limitada aos atos de execução. Um exemplo é a CET contratando uma empresa para guinchar veículos estacionados em local proibido. Outros exemplos: Ato de Execução Precedente – radar nas ruas, empresa para instalar e operar o radar; Ato de Execução Posterior – obra que foi embargada, alvará que foi descumprido, se não tiver pessoal suficiente para o ato de demolição, a administração pública transfere para uma empresa particular o ato material de demolir a obra.
A Competência para o Poder de Polícia Administrativo é de quem tem competência para legislar sobre o assunto/regulamentar sobre a matéria. Dessa forma, os assuntos de interesse nacional são de competência da União Federal; os de interesse estadual, dos Estados; e os de interesse local, dos Municípios. Isso configura a competência exclusiva.
Entretanto, há alguns assuntos de interesse das três esferas estatais – como, por exemplo, os assuntos atinentes à segurança e salubridade pública. Para esses, ocorrerá a Competência Concorrente entre a União, Estados e Municípios, podendo cada qual legislar e exercer o policiamento administrativo no âmbito de sua competência territorial.
Há uma diferença entre o Poder de Polícia Judiciário e Poder de Polícia Administrativo. O Poder de Polícia Judiciário visa repreender os ilícitos tipificados no Código Penal. Já o Poder de Polícia Administrativo é atividade exercida no âmbito administrativo, sobre direitos assegurados pelo nosso ordenamento jurídico, mas que são limitados em prol do interesse público. O objeto deste poder são atividades licitas, mas que, por determinado motivo, são contrarias ao interesse público.
Dessa forma, as sanções aplicadas pela Administração Pública independem de ação judicial; por outro lado, as penas criminais somente podem ser sentenciadas pelo Poder Judiciário. Outra distinção entre ambas é o fato de a polícia administrativa se difundir por toda a Administração Pública, enquanto que as demais são privativas de determinados órgãos.
De maneira geral, o objeto do policiamento administrativo se configura nos bens, direitos e atividades, as quais sejam contrarias à sua finalidade: o interesse público.
Tal poder possui três atributos:
Discricionariedade: a administração tem a habilidade de definir o exercício do poder; livre escolha da oportunidade e conveniência de aplicar as sanções ou meios para atingir o fim, que é a proteção do interesse público.
Auto-Executoriedade: faculdade da administração decidir e executar o policiamento administrativo sem a intervenção – sem se socorrer – do Judiciário.
Coercibilidade: imposição coercitiva das medidas (sanções) adotadas.
Ato Administrativo: Ato de Direito Privado: o conteúdo do ato não é regido pelo direito administrativo, mesmo que sua motivação tenha sido pela administração. Ex.: locação de um prédio para instalar-se uma repartição pública. Ato Material: são fatos administrativos, como a pavimentação de uma rua, por exemplo. Ato Político ou de Governo: são aqueles praticados com fundamento direto na CF, no exercício de função estritamente política. Ex.: iniciativa, sanção e veto de lei pelo Executivo.
Ato Simples: resulta da manifestação de vontade de um único órgão.
Ato Complexo: resulta da manifestação de mais de um órgão – ou seja, mais de uma manifestação – para a formação do ato final. Aqui há uma conjugação de vontades.
Ato Composto: resulta da manifestação de um órgão, da qual depende da verificação por parte de outro órgão. Note que aqui há apenas uma manifestação, sendo que esta deve passar pela verificação – não confundir com aprovação – de outro órgão, a qual não é vinculada à decisão/aprovação do ato.
Ato a Formação: quem pratica o ato é a administração pública.
Autorização: ato unilateral, discricionário (não é vinculado, ou seja, o administrador possui discricionariedade para deliberar – juízo de conveniência e oportunidade) e precário, que autoriza a pratica de uma atividade ou a utilização de determinado bem. Obs.: precariedade = elemento norteador; o particular não tem direito a eventuais indenizações.
Permissão: ato unilateral, discricionário e precário, pelo qual se possibilita a execução de um serviço, atividade ou a utilização de bem público. PS.: a Autorização é de uso próprio, como, por exemplo, a permissão de usar uma passagem em estrada que somente vai dar em propriedade particular. A Permissão também é de uso próprio, mas acarreta reflexos para outrem, como, por exemplo, a permissão de ter uma barraca no mercado municipal.
Licença: ato unilateral, vinculado, que faculta o exercício de uma atividade, desde que preenchidos todos os requisitos definidos em lei. Como é vinculado, se preenchidos todos os requisitos em lei, o administrador é obrigado a conceder a licença.
Homologação: ato unilateral, vinculado e de controle, que acontece “a posteriori” e reconhece a legalidade de determinado procedimento.
Cassação: se opera quando o particular descumpre os requisitos para usufruir daquele ato de que foi beneficiado. Ex.: cassa-se a carteira de habilitação se o usuário contrair mais pontos que o limite.
Contraposição: quando o conteúdo do segundo ato se contrapõe ao conteúdo do primeiro ato.
Caducidade: ocorre quando sobrevier uma norma que torna inadmissível determinada situação, a qual era antes permitida.
Teoria da Convalidação: é restaurar a legalidade de um ato – o qual deveria ser anulado – por meio da pratica de outro ato posterior. Seria, em outraspalavras, “consertar o vicio do qual geraria anulação”.
Atos cuja nulidade dizer respeito ao objeto ou a matéria não poderão ser convalidados. Poderão ser convalidados apenas os atos cuja nulidade dizer respeito a competência, formalidade ou procedimento.
Aspectos Subjetivos e Objetivos da Administração Pública:
Aspectos subjetivos: a Administração Pública, sob seu aspecto subjetivo, é vista pelas pessoas jurídicas, órgãos e agentes públicos.
Em relação à pessoa jurídica, ela poder ser de administração direta e indireta.
A administração indireta são autarquias e outras empresas de direito privado, as quais integram a administração. A administração direta é aquela que agrega toda a estrutura governamental; são os municípios, estados e União, bem como seus órgãos ligados como Secretaria do Estado, Ministérios, etc.
Em relação aos Órgãos, esses são centros de competência desprovidos de personalidade jurídica. As pessoas físicas que executam as atividades são os agentes públicos. Sem adentrar muito no tema, são os políticos e outros agentes que atuam na administração.Aspecto objetivo: Em relação ao aspecto objetivo a Administração Pública esta ligada ao exercício de função. Numa análise objetiva, o interesse público é aquilo que a lei vai estabelecer e definir. A função administrativa é o dever do administrador público de concretizar as finalidades previstas em lei, ou seja, é o dever de concretizar o interesse público.
Um exemplo é pela Lei 8.666/93 que é a lei de licitação. Qual o motivo da obrigatoriedade de licitar? A lei diz que pela licitação se seleciona a proposta mais vantajosa para a administração pública. Na mesma linha, a finalidade do decreto lei de desapropriação é transferir a propriedade do particular para o patrimônio público.
Administração Indireta: se da na descentralização; que é a criação de pessoas jurídicas que fazem parte da administração pública.
Autarquia: pessoa jurídica de direito público criada por lei com especialidade de fim e autonomia administrativa e financeira. Somente se organiza como pessoa jurídica e passa a existir com a publicação da lei de sua criação. Como é de autonomia própria, é vinculada ao objetivo/finalidade de sua criação. Como é de regime jurídico de direito público, possui imunidade tributária e prerrogativas processuais (tais como prazos em dobro, por exemplo). Os bens que a integram são bens públicos. A responsabilidade é objetiva (art. 37, p. 6º CF).
Sociedade de Economia Mista: pessoa jurídica de direito privado, constituída na forma de S/A, com especialidades de fins e autorizada por lei. Para que se constitua, precisa de uma autorização legislativa (lei que autorize, diferentemente de autarquia, que necessita de lei que a crie). Seu capital social é majoritariamente público: 50% mais 1 das ações devem pertencer ao estado. Regime jurídico misto/hibrido, ou seja, tanto público quanto privado. É obrigada a licitar. Faz-se concurso público para o ingresso do profissional, o qual, passando, recebe a condição de empregado em sua CTPS, passando a responder à CLT. Seus bens são privados, porem estes recebem blindagem (não podendo ser penhorados, por exemplo) se estiverem destinados à prestação de serviço público. A responsabilidade é objetiva (art. 37, p. 6º CF).
Empresa Pública: pessoa jurídica de direito privado, autorizada por lei, constituída sobre qualquer forma em direito admitida, cujo capital é integralmente público. Suas características são as mesmas que a empresa de economia mista, as diferenças estão no fato de que na empresa pública o capital social é inteiramente público, e que a empresa pública não necessita ser uma S/A, como na de economia mista.
Fundação Pública: no ato de sua formação, pode escolher se será de direito público ou privado.
Processo Administrativo: conjunto de atos coordenados para a obtenção de decisão sobre uma controvérsia no âmbito judicial ou administrativo; já o procedimento é o modo de realização do processo, ou seja, o rito processual.
Princípios do Processo Administrativo:
Devido Processo Legal: pode ser analisado sob dois aspectos: o adjetivo e o substantivo.
O aspecto adjetivo, também chamado em sentido processual ou formal, refere-se à garantia de um processo democrático, com a aplicação dos princípios do contraditório e ampla defesa, do juiz natural e da não admissão de provas obtidas por meios ilícitos.
O aspecto substantivo, também chamado em sentido material ou substancial, refere-se ao direito de decisões justas. É o reconhecimento da aplicação pelo juiz dos princípios da razoabilidade e proporcionalidade. (“substantive due process of law”).
Gratuidade: significa a não onerosidade do processo administrativo (exceto casos em que haja ressalva em lei).
Oficialidade: assegura a possibilidade de a própria Administração instaurar processo administrativo; bem como, produzir as provas necessárias à sua instrução.
Formalismo Moderado: não significa a ausência de forma, mas a não sujeição a normas tão rígidas como as que norteiam o processo judicial; salvo quando a lei expressamente exigir o atendimento de formas determinadas e rigorosas.
Verdade Material: permite a administração utilizar qualquer prova licita de que tenha conhecimento.
Motivação: Principio da Motivação; a ausência de motivação gera a nulidade do ato.
Celeridade Processual: razoável duração do processo; celeridade de tramitação.
Fases do Processo Administrativo:
De Instauração: pode decorrer da provocação da pessoa interessada, que representará junto à Administração; ou de ofício pela própria Administração em determinados casos.
De Instrução: é a fase em que a Administração busca produzir provas por todos os meios lícitos e admitidos em direito.
Decisória: é a fase final do processo, demarcada pela decisão da autoridade administrativa competente, devidamente acompanhada de sua motivação.
Tipos de Processos: de Gestão (ex.: licitações, concursos públicos, etc.), de Outorga (ex.: licenciamento ambiental, registro de marcas e patentes, etc.), de Controle (ex.: prestação de contas, lançamento tributário, consulta fiscal, etc.) e Punitivos (internos – imposição de sanções disciplinares; e externos – apuração de infrações).
PAD – Processo Administrativo Disciplinar: este processo tem por finalidade apurar as faltas disciplinares dos administradores públicos. Suas fases são: a Instauração (é a propositura do processo e inicia-se com a publicação do ato que constituir a comissão), o Inquérito Administrativo (que compreende a instrução, a defesa e o relatório) e por fim o Julgamento (que é a decisão proferida pela autoridade competente). O acompanhamento de advogado em todas as fases do processo é obrigatória (Sumula 343 do STJ). Se houver fato novo ou inadequação da penalidade, ao seu fim cabe a Revisao do Processo, a qual devera ser julgada no prazo de 20 dias. Não há “reformatio in pejus”.
Processo Sumario: É o meio utilizado pela Administração para a “elucidação preliminar” de determinados fatos ou aplicação de penalidades disciplinares menores ou comprovadas na sua flagrância, como a sindicância e a verdade sabida:
Sindicância Administrativa – É o procedimento mais simples cabível nos casos de aplicação das penalidades de advertência e suspensão de até 30 dias.
Também se admite a utilização da sindicância como procedimento prévio investigativo, mas neste caso se dispensa o contraditório e a ampla defesa.
O prazo para conclusão da sindicância é de 30 dias podendo ser prorrogado por mais 30 dias e dela poderá resultar: o arquivamento do processo, a aplicação de penalidades de advertência ou suspensão até 30 dias ou a instauração de processo administrativo disciplinar.
Verdade Sabida: seria o fato incontestável, que não admite ampla defesa ou contraditório. Embora exista na maioria dos estatutos, não é admitido por nossa CF.

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