Grátis
30 pág.

Pré-visualização | Página 4 de 7
que é muito interessante, pois constitui–se em um documento da operação. A favor da videolaparoscopia estão a redução do tempo de cirurgia, menos dias de internação, diminuição do risco de infecção, menor incidência de hérnia no local da incisão e a possibilidade de o paciente voltar às atividades normais em menos tempo (SBCBM, 2016). Essa técnica apresenta altas taxas de sucesso, promovendo em média uma redução de 40% a 45% do excesso de peso inicial. Entretanto essa intervenção é considerada pelo Ministério da Saúde uma medida extrema, devendo ser usada apenas quando todas as alternativas conservadoras forem esgotadas (SBCBM, 2016). A Portaria n° 424, de 19 de Março de 2013 do Ministério da Saúde, redefine as diretrizes para a organização da prevenção e do tratamento do sobrepeso e obesidade como linha de cuidado prioritária da Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas. De acordo com a portaria acima citada o tratamento cirúrgico é apenas parte do tratamento integral da obesidade, que é prioritariamente baseado na promoção da saúde e no cuidado clínico longitudinal. O tratamento cirúrgico é indicado apenas em alguns casos, tratando-se, portanto, apenas uma ação dentro de toda da linha de cuidado das pessoas com sobrepeso e obesidade (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016). Ainda segundo a referida portaria as indicações para cirurgia bariátrica são : - Indivíduos que apresentem IMC 50 Kg/m2. - Indivíduos que apresentem IMC 40 Kg/m², com ou sem comorbidades, sem sucesso no tratamento clínico longitudinal realizado, na Atenção Básica e/ou na Atenção Ambulatorial Especializada, por no mínimo dois anos e que tenham seguido protocolos clínicos; - Indivíduos com IMC > 35 kg/m2 e com comorbidades, tais como pessoas com alto risco cardiovascular, Diabetes Mellitus e/ou Hipertensão Arterial Sistêmica de difícil controle, apneia do sono, doenças articulares degenerativas, sem sucesso no tratamento clínico longitudinal realizado por no mínimo dois anos e que tenham seguido protocolos clínicos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016); Os limites clínicos devem ser respeitados de acordo a idade. Nos jovens entre 16 e 18 anos, poderá ser indicado o tratamento cirúrgico naqueles que apresentarem o escore-z maior que +4 na análise do IMC por idade, porém o tratamento cirúrgico não deve ser realizado antes da consolidação das epífises de crescimento. Assim sendo, a avaliação clínica do jovem necessita constar em prontuário e deve incluir: a análise da idade óssea e avaliação criteriosa 18 do risco-benefício, realizada por equipe multiprofissional com participação de dois profissionais médicos especialistas na área. Nos adultos com idade acima de 65 anos, deve ser realizada avaliação individual por equipe multiprofissional, considerando a avaliação criteriosa do risco benefício, risco cirúrgico, presença de comorbidades, expectativa de vida e benefícios do emagrecimento (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016) O indivíduo e seus responsáveis devem compreender todos os aspectos do tratamento e assumirem o compromisso com o segmento pós-operatório, que deve ser mantido por tempo a ser determinado pela equipe (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016). O paciente deverá assumir o compromisso consciente em participar de todas as etapas da programação, com avaliação pré-operatória rigorosa (psicológica, nutricional, clínica, cardiológica, endocrinológica, pulmonar, gastroenterológica e anestésica) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016). As contra indicações para cirurgia bariátrica são para: limitação intelectual significativa em pacientes sem suporte familiar adequado; quadro de transtorno psiquiátrico não controlado, incluindo uso de álcool ou drogas ilícitas; no entanto, quadros psiquiátricos graves sob controle não são contraindicativos obrigatórios à cirurgia; doença cardiopulmonar grave e descompensada que influenciem a relação risco-benefício; hipertensão portal, com varizes esofagogástricas; doenças imunológicas ou inflamatórias do trato digestivo superior que venham a predispor o indivíduo a sangramento digestivo ou outras condições de risco; síndrome de Cushing decorrente de hiperplasia na suprarrenal não tratada e tumores endócrinos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2016). 4.3 Avaliação Psicológica São diversas variáveis psicológicas que podem estar associadas à obesidade, tais como: baixa autoestima, insatisfação com a imagem corporal; isolamento social; sentimentos de culpa, de rejeição e/ou de exclusão social; baixo autocontrole comportamental; e sintomatologia depressiva ou ansiosa (TRAVADO et al., 2004; BEAN et al., 2008). A avaliação psicológica é etapa crítica não apenas para identificar possíveis contraindicações, mas, acima de tudo, para entender melhor a motivação do paciente, seu preparo e os fatores emocionais que podem impactar em sua adaptação à vida após a operação e às mudanças de estilo de vida associadas (SARWER, et al, 2009). Em uma tentativa de nortear o trabalho do psicólogo na referida área de atuação o CRP/08 PR, elaborou o documento AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NO CONTEXTO DA 19 CIRURGIA BARIÁTRICA (disponível em http://www.portal.crppr.org.br/download/256.pdf) - Orientações aos profissionais, elencando da seguinte forma os aspectos a serem considerados: Gerais Entendimento da obesidade como uma doença epidêmica, crônica, dispendiosa, multifatorial e com morbidades e mortalidade elevadas, conforme a OMS; Percepção da intervenção cirúrgica como uma das etapas do tratamento da obesidade; Conhecimento sobre os critérios de indicação para a cirurgia: índice de massa corpórea, co-morbidades, insucesso do paciente em tratamentos anteriores, apoio familiar e avaliação pré-operatória rigorosa; Existência de uma equipe interdisciplinar conhecedora das especificidades próprias da obesidade. Específicos Levantamento da história clínica do paciente: estilo de vida, hábitos, costumes, atividades, relacionamentos, pensamentos, sentimentos e comportamentos; Investigação sobre o início da obesidade, padrões familiares, maneiras de lidar com a doença, quantas e quais tentativas buscou para emagrecer, prejuízos causados pela obesidade em sua vida, casos de obesidade na família, auto-estima e imagem corporal, estado de humor, qualidade do sono, vida social e profissional, expectativas quanto ao procedimento cirúrgico; Verificação quanto à presença de compulsões, crises de ansiedade e fantasias acerca do emagrecimento, relação com o alimento e possibilidade de algum transtorno alimentar (compulsão alimentar periódica, anorexia, bulimia), níveis de stress, ansiedade e depressão do paciente; Observação da capacidade de manutenção do controle frente às situações de stress/tensão e de aspectos psicossociais que possam comprometer os resultados; Conhecimento de aspectos que podem inviabilizar o procedimento, cirúrgico: transtornos psicológicos mais graves como Transtorno Bipolar ou Esquizofrenia, Depressão (sem que esteja em tratamento), demais transtornos mentais e dependência química; Considerações sobre a percepção social diferenciada referente aos obesos de sexo masculino e feminino (discriminação e exigência social); Relação entre o comer e os fatores emocionais; Manutenção de conduta cautelosa e de encaminhamento para tratamento anterior à cirurgia quando necessário; Identificação de preditores de sucesso pós-operatório; Previsão e disponibilidade para realização de monitoramento da adaptação pós-operatória; Possibilidades de implementação de mudanças nos hábitos de vida permanentes: ajustes nos padrões alimentares, prática de exercícios físicos e demais necessários a cada caso; Importância