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Ética e bem estar animal

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Mackeila Goulart
Ética e Bem Estar Animal
03
Sumário
CApítulo 1 – Disciplina Ética e Bem-Estar Animal ..................................................................... 05
1.1 princípios gerais de bem-estar animal ................................................................................... 05
1.2 princípios gerais de bem-estar animal ................................................................................... 08
1.3 Avaliação do bem-estar Animal: métodos diretos e indiretos ........................................... 13
1.4 Interação Humano-Animal: natureza e valores associados ................................................ 17
05
1 Introdução
Discutiremos, na unidade 1, os princípios gerais de bem-estar animal. o termo bem-estar, 
apesar do senso comum, pode suscitar diferentes significados e interpretações. Nesse sentido, o 
conhecimento correto da terminologia, bem como de suas aplicações no contexto da avaliação 
de bem-estar animal, é fundamental na formação do profissional em Medicina Veterinária.
Por exemplo, hipoteticamente, imagine que um pesquisador, interessado em avaliar o bem-estar 
dos estudantes, fez a seguinte pergunta a cada um dos seus alunos: Como você está se sentindo 
neste exato momento? Adicionalmente, o docente ofertou as seguintes alternativas de resposta, 
dentro de uma escala de bem-estar: A) Péssimo; B) Mal; C) Razoável; D) Bem; E) Excelente.
Vamos nos apronfundar, ainda mais, em Bem estar animal?
1.1 princípios gerais de bem-estar animal
1.1.1 Definição e bases conceituais
A análise do questionário revelou que 25% dos estudantes sentiam-se mal, 25% excelente e 
50% bem, o que permitiu concluir que a maioria dos estudantes entrevistados apresentou um 
bom escore de bem-estar.
Imediatamente a seguir, o professor realizou uma segunda rodada da sua pesquisa. Contudo, 
nesta etapa, foi solicitado aos estudantes que assinalassem a alternativa da escala de bem-
estar mais apropriada para cada uma das perguntas contidas na tabela de Avaliação do 
bem-estar dos estudantes, ilustrada abaixo (Tabela 1):
tabela 1 – Avaliação do bem-estar dos estudantes.
Capítulo 1Disciplina Ética e 
Bem-Estar Animal
06
Gestão de pessoas
Laureate International Universities
Na segunda rodada, o escore de bem-estar geral do questionário revelou que 5% dos 
estudantes sentiam-se péssimos, 20% mal, 55% razoável, 15% bem e apenas 5% excelente, o 
que permitiu concluir que a maioria dos estudantes entrevistados apresentou um escore razoável 
de bem-estar, o que muda completamente o perfil de bem-estar da população avaliada. 
Como foi afirmado anteriormente, o termo bem-estar, apesar do senso comum, pode suscitar 
diferentes significados e interpretações, o que pode ser demostrado pela pesquisa hipotética 
de bem-estar feita pelo professor.
Nota-se que, na primeira fase da pesquisa, a qualidade da pergunta é genérica e, 
consequentemente, suscita respostas subjetivas. Por sua vez, na segunda fase da pesquisa, a 
especificidade das perguntas auxiliou na compreensão dos fatores que influenciam o grau de 
bem-estar dos estudantes, funcionando, portanto, como indicadores de bem-estar. portanto, 
embora os estudantes pudessem descrever como se sentiam de forma geral (primeira fase 
da pesquisa), percebe-se que o bem-estar é resultado de uma combinação de fatores 
influenciadores independentes. Apesar do fato de sentir frio ou calor não ter associação com 
sentir fome, os dois fatores (apesar de independentes) em conjunto influenciam na qualidade 
de vida.
Pelo exposto acima, os indicadores são os parâmetros utilizados para a avaliação do bem-
estar e, portanto, devem ser definidos criteriosamente. Consequentemente, surgem as seguintes 
perguntas: Quais são os indicadores do bem-estar aplicados aos animais? Podem ser os mesmos 
utilizados na avaliação de seres humanos? Qual é o conceito de bem-estar animal?
Para abordar tais questões, seguem abaixo os pontos de vista de alguns autores de relevância 
sobre o conceito de bem-estar animal.
Appleby e Hughes (1997) argumentam que os possíveis conceitos de bem-estar animal refletem 
diferentes pontos de vista de pesquisadores sobre o que constitui uma boa ou satisfatória 
qualidade de vida dos animais. Por exemplo, o conceito baseado nos sentimentos está 
relacionado à visão geral de que o tratamento ao qual os animais são submetidos não deve 
gerar desconforto ou descontentamento. por outro lado, o conceito baseado no funcionamento 
biológico assume que os animais devem ser saudáveis e prósperos. Este conceito proporciona 
uma grande diversidade de indicadores de bem-estar precário como, por exemplo, alta 
incidência de doenças e injúrias. Por fim, o terceiro conceito está baseado na visão de que 
os animais devem viver de acordo com a sua natureza inerente, ou naturalidade. Em outras 
palavras, assume que os animais deveriam expressar todo o seu repertório de comportamentos.
Animais doentes com muita frequência apresentam dificuldade de enfrentar seu meio ambiente 
de maneira bem-sucedida, ou falham em tal tentativa, de modo que seu grau de bem-estar é 
mais baixo que o de um animal saudável em outras condições comparáveis. Adicionalmente, 
pode ser que o animal tenha consciência das consequências de uma doença, sendo que a 
desordem prejudicial de moléculas, células e funções, que ocorre em resposta a agentes de 
danos ou privações, pode levar a sentimentos de dor e desconforto. Por fim, o comportamento 
alterado é geralmente a primeira indicação de doença e, de fato, o comportamento animal e 
o diagnóstico veterinário estão fortemente associados (BROOM e FRASER, 2010). 
Segundo Fraser (2012), diferentes pontos de vista, baseados em princípios sobre o que é 
mais importante ou mais desejável para os animais, formam a base das diferentes definições 
de bem-estar animal propostas pela ciência do bem-estar animal. Ou seja, alguns cientistas 
estudam as taxas de sobrevivência, reprodução e doenças. outros realizam estudos sobre 
o desempenho ou comportamento natural. Por sua vez, existem aqueles que se dedicam a 
compreender as experiências afetivas dos animais. Sendo assim, conclusões sobre o bem-
estar animal frequentemente envolvem certo nível de equilíbrio entre esses diferentes tipos de 
evidência, e a questão de como obtê-lo constitui um dos problemas mais recentes nesta área. 
07
A análise dos argumentos apresentados pelos autores acima nos permite identificar um 
determinado padrão de conceitos recorrente, ou seja, aqueles relacionados a fatores que 
afetam o bem-estar físico, desencadeando doenças ou lesões, adicionalmente os fatores 
associados com os sentimentos e a percepção da dor, e, por fim, aqueles relacionados ao 
comportamento natural, ou seja, a naturalidade dos animais.
Se por um lado existem divergências de pontos de vista dos pesquisadores da qualidade de 
vida dos animais sobre as três concepções de bem-estar animal, o produto dos respectivos 
trabalhos científicos contribui para gerar informações mais completas que podem ajudar na 
formação de um consenso (APPLEBY e HUGHES, 1997). 
Nota-se que o consenso sobre os fatores que influenciam na qualidade de vida implica em uma 
definição de bem-estar animal abrangente, ou seja, que envolva a interação de três dimensões 
que compõem o todo: bem-estar físico, mental e comportamental (naturalidade) (Figura 1).
Figura 1– Dimensões que compõem o bem-estar animal.
Adotaremos neste curso a definição de BROOM (1986), segundo a qual o bem-estar de um 
indivíduo é seu estado em relação às suas tentativas de adaptar-se ao seu ambiente. 
De acordo com Broom e Molento (2004), a base do conceito de bem-estar diz respeito a 
quão bem um indivíduo está passando por determinada fase de sua vida. Por exemplo, se em 
dado momento um indivíduo não enfrenta problemas, este indivíduo encontra-se provavelmentecom bons sentimentos, fatos que seriam indicados na análise de parâmetros fisiológicos, do 
estado mental e do comportamento. por outro lado, outro indivíduo pode passar por problemas 
cuja magnitude ele não consiga enfrentar e, por fim, um terceiro indivíduo pode sobrepujar 
problemas com dificuldade utilizando uma gama de mecanismos de adaptação. Em resumo, 
enfrentar com sucesso implica em ter controle da estabilidade mental e corporal. 
Adicionalmente, o conceito associa o estado de um indivíduo a uma escala, variando de muito 
bom a muito ruim, tratando-se, portanto de um estado mensurável.
Por fim, o conceito de bem-estar também deve permitir uma pronta relação com outros conceitos, 
tais como: necessidades, liberdades, felicidade, adaptação, controle, capacidade de previsão, 
sentimentos, sofrimento, dor, ansiedade, medo, tédio, estresse e saúde (BROOM e MOLENTO, 2004). 
08
Gestão de pessoas
Laureate International Universities
Nos próximos tópicos, esses conceitos serão abordados em maior profundidade.
NÃO DEIXE DE VER...
Não deixe de visitar o site da Proteção Animal Mundial, uma organização que trabalha no 
mundo inteiro para pôr fim ao sofrimento desnecessário dos animais, inspirando pessoas a 
mudar definitivamente suas vidas. No site estão disponíveis atualidades, matérias informati-
vas e campanhas de promoção do bem-estar de diversas espécies de animais. Acesse o site: 
https://www.worldanimalprotection.org.br/ 
1.2 princípios gerais de bem-estar animal
Conforme já foi discutido, o bem-estar animal é afetado por muitos fatores e, portanto, é 
fundamental a identificação e a compreensão da natureza dos animais, bem como de que 
maneira o bem-estar deles pode ser mensurado.
De acordo com o Conselho de Bem-Estar de Animais de Produção do Reino Unido (FAWC, 2009), 
os animais são seres sencientes mantidos pelos seres humanos para diversas finalidades e, em troca, 
deve-se prover o atendimento das suas necessidades. As obrigações incluem não causar certos 
danos graves aos animais, assim como, ao decidir sobre as ações futuras, empenhar-se no equilíbrio 
entre o custo-benefício das ações para os seres humanos, animais afetados e outros animais.
Sendo assim, considerando-se as disposições que devem ser adotadas por aqueles que mantêm 
animais, com o propósito de se evitar sofrimento desnecessário e de promover o bem-estar, o 
FAWC acredita que o bem-estar de um animal é influenciado e pode ser avaliado com base 
nas cinco liberdades, ou seja: (FAWC, 2009).
• Livre de fome e de sede: Livre acesso à água fresca e dieta que garanta a saúde e vigor 
físico pleno; 
• Livre de dor, lesões e doenças: Prevenção ou rápido diagnóstico e tratamento;
• Livre de desconforto: Ambiente apropriado, inclusive abrigo e área de descanso confortáveis; 
• Livre de medo e estresse: Condições e tratamento que evitem o sofrimento mental;
• Livre para expressar comportamento natural: Espaço suficiente, instalações apropriadas e 
companhia da própria espécie.
As cinco liberdades fornecem uma lista conveniente dos aspectos considerados importantes 
para todos os animais. 
Um exemplo de aplicação do conceito das cinco liberdades é o protocolo de avaliação de 
bem-estar do projeto da União Europeia conhecido como Welfare Quality©. O projeto tem como 
objetivo produzir métodos de avaliação do bem-estar de criações de bovinos, suínos e aves. 
O protocolo de avaliação de bem-estar animal Welfare Quality©, que utiliza um conjunto de 
princípios de bem-estar fundamentado em quatro dos cinco critérios de bem-estar das cinco 
liberdades, está apresentado na Tabela 2. (FAWC, 2009)
09
Tabela 2 – Protocolo de avaliação de bem-estar animal Welfare Quality©.
Adaptado de (FAWC, 2009).
As cinco liberdades fornecem uma lista conveniente dos aspectos considerados importantes 
para todos os animais, conforme ilustrado na Figura 2.
Figura 2 – As cinco liberdades e a qualidade de vida animal: princípio e parâmetros de 
avaliação do bem-estar animal (adaptado de WSPA, 2004).
10
Gestão de pessoas
Laureate International Universities
Nota-se que um animal pode estar sujeito a diferentes níveis de bem-estar para cada uma 
das cinco liberdades, isto é, alguns dos aspectos podem ser bons, enquanto outros podem 
ser pobres. O lado “pobre” do espectro significa que a necessidade específica não foi 
satisfeita, e o oposto é verdadeiro, ou seja, o lado “bom” indica que a necessidade (ou 
liberdade) foi satisfeita. 
Por fim, é importante reforçar que, eventualmente, animais que apresentem o mesmo escore 
geral de bem-estar podem estar sujeitos a níveis distintos de bem-estar em cada uma das cinco 
liberdades, ou seja, os fatores podem atuar de forma independente.
1.2.1 liberdade da morte
Como visto anteriormente, o conceito das cinco liberdades está associado à qualidade de vida 
dos animais e, consequentemente, pode parecer estranho incluir o termo liberdade da morte, 
que não faz parte da lista.
É natural e esperado ao ser humano o combate ao bem-estar pobre (aspecto qualitativo) 
assim como à redução do tempo de vida (aspecto quantitativo). Contudo, a decisão sobre a 
qualidade e a quantidade de vida dos animais está vinculada a questões éticas.
Adicionalmente, práticas como a eutanásia e o abate de animais fazem parte do exercício da 
profissão, sendo que as normativas para a execução das mesmas são apresentadas no Código 
de Ética do Médico Veterinário.
A seguir, são destacados artigos do Código de Ética do Médico Veterinário que compõem o 
Manual de Legislação do Sistema do Conselho Federal e Regional de Medicina Veterinária 
(CFMV/CRMVs) relacionados às práticas de eutanásia e abate de animais (CFMV, 2016):
• Art. 4º: É um princípio fundamental do exercício da profissional do Médico Veterinário usar 
procedimentos humanitários preservando o bem-estar animal evitando sofrimento e dor;
• Art. 6º - XIII: É dever realizar a eutanásia nos casos devidamente justificados, observando 
princípios básicos de saúde pública, legislação de proteção aos animais e normas do CFMV;
• Art. 8º - XX: É vedado praticar ou permitir que se pratiquem atos de crueldade para com os 
animais nas atividades de produção, pesquisa, esportivas, culturais, artísticas, ou de qualquer 
outra natureza a realização de procedimentos chamados de eutanásia e abate de animais; 
• Art. 9º- VII: O Médico Veterinário será responsabilizado por praticar qualquer ato 
profissional sem consentimento formal do cliente, salvo em caso de iminente risco de morte 
ou de incapacidade permanente do paciente.
Embora a morte não esteja incluída na lista das cinco liberdades, a forma da morte é relevante, 
pois uma morte não humanitária comprometeria muitas das liberdades. 
É necessário, por exemplo, que os médicos veterinários reflitam sobre a forma como se pratica a 
eutanásia (destaque para os artigos 4 e 9 do Código de Ética do Médico Veterinário). Dilemas 
éticos podem surgir em decorrência da preocupação humana com a prorrogação do tempo de 
vida, que, em alguns casos, afetam o bem-estar de um indivíduo. Seres vivos que, na natureza, 
não teriam condições de sobrevivência, podem ser mantidos vivos por tutores zelosos, apesar 
do sofrimento e da baixa qualidade de vida do animal.
11
Por sua vez, reflexões sobre a prática do abate de animais de produção são igualmente 
relevantes. Eventualmente, podem surgir situações práticas nas quais a aplicação dos artigos 
de número 4 e 8 do Código de Ética do Médico Veterinário, que consideram o emprego de 
métodos alternativos eficientes na prevenção do sofrimento e da dor (manejo humanitário), 
possam entrar em conflito com interesses econômicos. 
o tema abate humanitário será discutido em mais detalhes na Unidade 4, mais especificamente no 
tópico que discute o abate de animais de produção e os mecanismos de insensibilização imediata.
1.2.2Hierarquia das necessidades
Uma vez apresentado o conceito das cinco liberdades, faz-se necessário discutir se todas as 
liberdades têm o mesmo peso ou relevância e, para tanto, será apresentado o conceito de 
necessidade.
De acordo com Broom e Johnson (1993), a necessidade pode ser definida como um requerimento 
que é fundamental na biologia do animal para a obtenção de um recurso em particular ou 
para responder a um dado estímulo corporal ou ambiental. 
Adicionalmente, se uma necessidade não for atendida, haverá um efeito na fisiologia ou 
no comportamento. 
Por fim, a observação de um efeito fisiológico que possa ser relacionado à ausência de 
determinado recurso é uma indicação da falta de cuidado humano.
De acordo com o Conselho de Bem-Estar de Animais de Produção do Reino Unido (FAWC, 
2009), uma vez que animais podem ser mantidos por seres humanos, em troca, os seres humanos 
devem prover o atendimento das suas necessidades.
Não por acaso, a análise dos conceitos ligados às três dimensões que integram o bem-estar animal, 
o conceito das cinco liberdades e o conceito de necessidade revela a integração dos mesmos:
• As necessidades fisiológicas dos animais são aquelas que mantêm um animal saudável e apto. 
Por exemplo, a oferta de alimentos e água, de abrigo, de atendimento médico restaurador e 
preventivo, além da utilização de analgésicos e anestésicos, quando necessários, são necessidades 
relacionadas à primeira, segunda e terceira liberdades (FAWC, 2009).
• As necessidades mentais (quarta liberdade) estão relacionadas aos sentimentos. O sofrimento 
é um sentimento subjetivo negativo desagradável que deve ser reconhecido e prevenido sempre 
que possível. Entretanto, apesar de existirem muitas formas de se medir ferimentos, doenças e 
tentativas fisiológicas e comportamentais de adaptação ao ambiente, poucos estudos relatam 
informações sobre os sentimentos dos animais (BROOM e MOLENTO, 2004).
• As necessidades comportamentais (quinta liberdade) são mais complexas e difíceis de medir, 
com efeitos menos consistentes na produtividade, se não atendidas. Elas são tão importantes quanto 
as necessidades fisiológicas em assegurar o bem-estar e também podem contribuir para a aptidão. 
Sua identificação também é mais difícil. Comportamentos positivos são importantes indicadores 
de bem-estar e só ocorrem quando as necessidades fisiológicas foram atendidas e o benefício 
potencial à aptidão do animal é alto. por outro lado, alguns comportamentos são instintivos e não 
aprendidos e, caso os recursos que atendam a estas necessidades não sejam ofertados, os animais 
podem apresentar comportamentos anormais (estereotipados) (FAWC, 2009).
12
Gestão de pessoas
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O suprimento das necessidades é relevante em discussões sobre bem-estar, visto que as 
necessidades definirão quais recursos devem ser fornecidos aos animais, dentre eles alimentos, 
água, conforto, prevenção de doenças infecciosas e enriquecimento ambiental. Contudo, algumas 
necessidades podem ser mais importantes que outras. Por exemplo, a oferta escassa de alimentos 
resulta em desnutrição em um prazo curto de tempo. Por outro lado, a oferta de piso desconfortável 
pode elevar o índice de manqueira em vacas de leite, o que, porém, a longo prazo, pode ser 
considerado de menor prioridade na hierarquia das necessidades dos animais.
De acordo com Hurnik e Lehman (1985), as necessidades de um animal podem ser classificadas 
de acordo com sua importância relativa, como detalhado a seguir:
• Necessidades para manutenção da vida: devem ser supridas para garantir a sobrevivência;
• Necessidades para manutenção da saúde: incluem a prevenção de doenças e de ferimentos;
• Necessidades para manutenção do conforto: contribuem para a qualidade de vida.
Obs.: O escore geral de bem-estar do animal permanecerá pobre a não ser que todas essas 
necessidades sejam supridas.
Por sua vez, o conceito da hierarquia das necessidades animais remete, de certa forma, à 
hierarquia de necessidades de Maslow, ou pirâmide de Maslow (Figura 3).
Figura 3 – Pirâmide de Maslow, ilustrando a teoria da hierarquia das necessidades. 
Adaptado de poston, 2009.
A teoria de Abraham Maslow foi fruto dos estudos e observação de macacos. Durante as 
observações, o pesquisador notou que os macacos demonstraram um padrão de comportamento 
direcionado ao atendimento das necessidades de forma hierárquica, ou seja, priorizando 
as necessidades fisiológicas, seguido da necessidade de segurança. O suprimento ou não das 
necessidades anteriores exercia um forte impacto no comportamento dos animais (POSTON, 2009). 
1.2.3 Conflitos entre as cinco liberdades
As cinco liberdades são estados ideais, extremamente difíceis de atingir, uma vez que algumas 
liberdades são naturalmente conflitantes com outras. Por exemplo, a liberdade de doenças está 
relacionada à realização da vacinação que, por sua vez, implica na adoção de métodos de 
contenção dos animais, induzindo, consequentemente, o sentimento de medo e o estresse.
13
Por outro lado, a dor e as lesões em animais podem surgir em diversas circunstâncias, dentre 
elas, em decorrência da realização de procedimentos cirúrgicos. O problema associado à dor 
é exacerbado em função da pobre capacidade de se avaliar a magnitude ou o grau de dor 
experimentado pelos animais (FLECKNELL, P. A.; MOLONY, 1997).
De maneira geral, todos os sistemas de produção alteram ou restringem o comportamento 
normal dos animais. A alteração se justifica tendo em vista a qualidade (o tipo de desafio 
ambiental) e a quantidade de estímulos (ou até mesmo a sua ausência) em sistemas de criação. 
Privar os animais da oportunidade de explorar ou de buscar desafios ambientais pode ser 
estressante. O desafio ambiental é parte integrante do desenvolvimento comportamental e do 
bem-estar; a sua ausência induz à apatia e ao tédio (WEMELSFELDER e BIRKE, 1997).
Adicionalmente, animais mantidos em condições de confinamento que os privem de exercer 
determinados padrões comportamentos, que seriam normalmente utilizados na tentativa de 
alcançar objetivos funcionais, podem desenvolver alterações comportamentais conhecidas como 
estereotipias (PETHERICK e RUSHEN, J., 1997).
1.2.4 Conclusões gerais sobre as cinco liberdades
As cinco liberdades representam os aspectos gerais que influenciam o bem-estar animal, primordiais 
em estudos de avaliação do bem-estar animal, apesar de não especificar os indicadores que 
devem compor determinada avaliação. Por sua vez, apesar de não definirem um padrão mínimo 
daquilo que deve ser ofertado, em função dos possíveis conflitos entre as liberdades, as cinco 
liberdades constituem um bom ponto de partida para a avaliação do bem-estar.
PARA SABER MAIS...
Você sabia que o Conselho de Bem-Estar de Animais de Produção do Reino Unido 
fornece apoio científico independente e aconselhamentos sobre aspectos legais em 
prol do incremento dos padrões de bem-estar animal? Para saber mais, visite o site: 
https://www.gov.uk/government/groups/farm-animal-welfare-committee-fawc 
1.3 Avaliação do bem-estar Animal: métodos 
diretos e indiretos
Até aqui, concluímos que as cinco liberdades representam os aspectos gerais que influenciam no 
bem-estar animal, apesar de não especificar os indicadores que devem compor determinada 
avaliação. Tendo como base a definição de que o bem-estar animal de um indivíduo é seu estado 
em relação às suas tentativas de se adaptar ao seu ambiente (BRooM, 1986), uma forma de 
colocar em prática o conceito é avaliar o grau de dificuldade que um animal demonstra na sua 
interação com o ambiente. 
Quanto maior for o nível de desafios ambientais, maior será a intensidade de utilização de 
ferramentas de que os animais dispõem para se adaptar às inadequações. Considerando-se 
que tais ferramentas, na sua grande maioria, têm um caráterfisiológico ou comportamental, 
alterações da fisiologia e/ou do comportamento de um animal podem ser indicativas de 
comprometimento de seu bem-estar. Sendo assim, tais alterações podem ser medidas de forma 
objetiva e constituem uma importante estrutura de avaliação do BEA (MOLENTO, 2005).
14
Gestão de pessoas
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De maneira complementar, segundo Broom e Molento (2004), para que o bem-estar possa ser 
comparado de forma objetiva, é necessária a caracterização de indicadores de bem-estar 
para a utilização em medições científicas precisas, em documentos legais e em declarações 
e discussões públicas. Além disto, a avaliação do bem-estar deve ser realizada de forma 
completamente separada de considerações éticas. Uma vez terminada a avaliação, esta provê 
as informações necessárias para que decisões éticas possam ser tomadas sobre dada situação.
Neste contexto, a seguir serão discutidos os métodos, os indicadores e exemplos de parâmetros 
utilizados para a avaliação do bem-estar animal.
Didaticamente, o bem-estar animal pode ser avaliado pelos métodos indireto ou direto 
(Figura 4). (WSPA, 2004)
Figura 4 – Fluxograma de avaliação de bem-estar animal (Adaptado de WSPA, 2004).
o método indireto está associado aos chamados dados do sistema, isto é, à avaliação dos 
recursos de criação que são providos aos animais. As cinco liberdades incluem muitos dados 
do sistema, revelando importantes indicadores de recursos que influenciam o bem-estar dos 
animais (FAWC, 2009).
• Livre de fome e de sede: livre acesso à água fresca e dieta que garanta a saúde e vigor 
físico pleno; 
• Livre de dor, lesões e doenças: prevenção ou rápido diagnóstico e tratamento;
• Livre de desconforto: ambiente apropriado, inclusive abrigo e área de descanso confortáveis; 
• Livre de medo e estresse: condições e tratamento que evitem o sofrimento mental;
• Livre para expressar comportamento natural: espaço suficiente, instalações apropriadas e 
companhia da própria espécie.
De maneira geral, os indicadores de recursos são agrupados em três categorias:
• Ambiente: relacionada à infraestrutura do sistema de criação (instalações, etc.);
• Tratador: associada aos recursos humanos (capacitação, etc.);
• Animal: vinculada às especificidades dos animais (manejo nutricional, etc.).
15
Ambiente: O ambiente físico no qual os animais vivem, além de ser crítico para o bem-estar, 
é influenciado em maior ou menor grau por seres humanos, incluindo nesta lista os animais 
selvagens (APPLEBY e WARAN, 1997). Por exemplo, em bovinos confinados, a permanência dos 
animais em locais onde o piso é molhado, escorregadio, inclinado ou perigoso (cantos vivos) 
pode levar a dificuldades em se deitar e levantar, assim como pode resultar em ferimentos 
de membros, problemas de casco e necrose na ponta da cauda, entre outros. A claudicação, 
o maior problema de bem-estar em vacas confinadas, está associada à qualidade do piso 
(escorregadio) e à sua drenagem (BROOM e FRASER, 2010).
Tratador: Mudanças na qualidade da relação entre os animais e as pessoas podem influenciar 
substancialmente na produtividade e no bem-estar dos animais, sendo que importantes 
alterações no sentido da melhoria dessas relações podem ser obtidas por meio de programas 
de treinamento ou outras formas de extensão. A maioria dos estudos publicados confirma o 
modelo de retroalimentação positiva de atitudes e comportamentos humanos e comportamento 
dos animais (Figura 5). Basicamente, as atitudes determinam os comportamentos dependentes 
da vontade da pessoa. Portanto, se o manejador tiver atitudes negativas em relação aos 
animais, elas naturalmente serão demonstradas por meio de comportamentos negativos, o que, 
por sua vez, tornará mais difícil o manejo, pois os animais tentarão escapar e evitar esse 
manejador, o que reforçará a sua atitude original, fechando-se um circuito de retroalimentação 
(HONORATO et al., 2012).
Figura 5 – Modelo de interação humano-animal (HONORATO et al.; 2012).
Animal: O manejo agrega um conjunto de práticas associadas ao suprimento das necessidades 
nutricionais e ao controle, prevenção e tratamento de doenças, entre outros. Adicionalmente, 
o manejo deve ser planejado e executado tendo em vista as necessidades específicas de 
cada espécie animal, visto que um manejo inadequado gera impactos no bem-estar animal. 
Por exemplo, no sistema de produção de suínos, as fêmeas prenhes podem ser alojadas 
individualmente ou em grupos, sendo a última obrigatória por determinação da União Europeia 
desde 2013. Grun e colaboradores (2013), ao avaliarem a influência do tipo de alojamento 
sobre a imunidade e os níveis de cortisol das fêmeas alojadas individualmente ou em grupo 
durante a gestação, descobriram uma redução no número de linfócitos T e um aumento na 
concentração plasmática de cortisol, indicando estresse nas fêmeas mantidas isoladas.
Por sua vez, o método direto está relacionado aos efeitos, ou seja, à avaliação das consequências 
das características do sistema sobre o animal. os indicadores de efeitos são agrupados em três 
categorias (BROOM e MOLENTO, 2004):
• Fisiológicos: associados à mensuração de indicadores fisiológicos (dosagens de cortisol, etc.);
• Comportamentais: vinculados à avaliação de alterações de comportamento (estereotipias, etc.);
16
Gestão de pessoas
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• Epidemiológicos: relacionados aos registros epidemiológicos e de produtividade (incidência 
de vacas com mastite, etc.).
Fisiológico: Alguns sinais de bem-estar precário são evidenciados por mensurações fisiológicas, 
dentre elas, o aumento da frequência cardiorrespiratória, da atividade adrenal (produção de 
cortisol), ou a diminuição da resposta imunológica, em função de desafio. Tais sinais podem 
indicar que o bem-estar está mais reduzido que em indivíduos que não mostrem tais alterações.
Comportamental: Por sua vez, a mensurações do comportamento têm igualmente grande 
valor na avaliação do bem-estar. Um indivíduo que se encontra impossibilitado de adotar uma 
postura preferida de repouso será considerado como tendo um bem-estar mais pobre que 
outro cuja situação permite a adoção da postura preferida. Comportamentos anormais, tais 
como estereotipias, automutilação, canibalismo ou comportamento excessivamente agressivo 
são indicativos de que os indivíduos se encontram em condições de baixo grau de bem-estar.
Índices epidemiológicos: Por fim, a existência de doenças, ferimentos, dificuldades de 
movimento e anormalidades de crescimento são todos indicativos de baixo grau de bem-estar. 
Se dois sistemas de criação forem comparados em um experimento e a incidência de qualquer 
um dos itens mencionados for significativamente maior em um deles, o bem-estar dos animais 
será pior neste sistema.
1.3.1 Padrões e escore de bem-estar animal
Segundo Grandin (2010), diversas normas e padrões de bem-estar animal são muito vagas e 
subjetivas. Consequentemente, pode haver margem ampla de intepretação, o que naturalmente 
não é desejado. Isso se deve à utilização de palavras vagas, dentre elas: adequado, apropriado 
e suficiente. 
A pesquisadora defende a utilização de padrões de avaliação animal baseados nos efeitos, 
ou seja, nos padrões de desempenho, assim como o emprego de escore, ou seja, de uma escala 
de pontuação (em números absolutos ou em porcentagem), igualmente desejável em função 
da facilidade em implementar e da efetividade. A Figura 6 ilustra o escore de avaliação de 
queimaduras na face plantar de frangos de corte.
Figura 6 – Escore de avaliação de queimaduras na face plantar de frangos de corte (GRANDIN, 2010).
Sistemas de pontuação são interessantes quando, por exemplo, deseja-se estabelecer planos 
de melhorias ou quando se deseja comparar o sistema de criação em diferentes propriedades. 
17
Um exemplo de sistemade avaliação é o Índice de Necessidades dos Animais (Animal Needs 
Index – ANI), no qual são exigidos, no mínimo, 21 pontos pelas associações de certificação 
orgânica em algumas regiões (BARTUSSEK et al., 2000).
Contudo, deve-se ter em mente que, mesmo diante da obtenção de padrões mínimos, resultados 
ruins podem estar disfarçados por um índice geral excelente. Quando o objetivo é melhorar 
condições, um parâmetro só não é suficiente para identificar as áreas problemáticas. 
Por fim, vale a pena destacar a importância das normas de bem-estar no contexto do comércio 
internacional de proteína animal. Desde 2004, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) 
desenvolve padrões de bem-estar animal, como por exemplo, o Código de Saúde Animal 
Terrestre, que na sétima sessão apresenta recomendações e normas relacionadas ao transporte 
e abate de animais de produção. 
Os padrões de bem-estar animal da OIE são os únicos padrões globais com base científica 
sobre o bem-estar animal de relevância para o comércio internacional, influenciando as práticas 
adotadas pela organização Mundial do Comércio (oMC). (oIE, 2011)
Neste contexto, de acordo com Molento (2005), uma característica interessante do mercado 
interno europeu é a preferência, por consumidores cientes e sensíveis, por padrões aumentados 
de bem-estar dos animais de produção no que diz respeito a toda a cadeia produtiva. 
Vale destacar que a demanda por bem-estar animal não é muito responsiva a preços, isto é, a 
elasticidade de preço da demanda é numericamente baixa. A lógica deste raciocínio é que a 
preferência por produtos associados um maior grau de bem-estar animal baseia-se em questões éticas. 
As preferências por produtos certificados para BEA tendem a ser demonstradas mais amplamente 
pelas sociedades como resultado de educação, de conhecimento de conceitos básicos de BEA e 
da evolução normal de percepções e valores que acontecem quando as preocupações de uma 
geração são substituídas por aquelas da geração seguinte (MOLENTO, 2005).
PARA SABER MAIS...
Você conhece o questionário de avaliação C-BARQ? O C-BARQ (Canine Behavioral Assessment and 
Research Questionnaire) foi projetado pelo Centro de Interação Animal e Sociedade da Universi-
dade da Pensilvânia, Estados Unidos para fornecer a tutores de cães e profissionais relacionados 
uma ferramenta de avaliação padronizada do comportamento e temperamento canino. para re-
alizar a avaliação do seu cão, basta acessar o site: http://vetapps.vet.upenn.edu/cbarq/index.cfm
1.4 Interação Humano-Animal: natureza e 
valores associados
Ao longo da história da humanidade, animais têm desempenhado papéis importantes na 
vida humana e vice-versa. Durante a era da cultura nômade, caçador-coletora, animais eram 
percebidos como presa e predador. Contudo, quando o processo de domesticação se iniciou, 
a relação humano-animal passou a manifestar um caráter simbiótico, na qual o ser humano 
ofertava alimento e proteção contra predadores em troca de produtos de origem animal 
(alimento e pele). Atualmente, os animais desempenham uma grande variedade de papéis que, 
do ponto de vista do bem-estar animal, podem ser classificados em (WAIBLINGER, 2009):
18
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• Animais silvestres;
• Animais de utilidade;
• Animais de companhia.
Na maioria das vezes, diferentes espécies ocupam diferentes grupos de relacionamento; porém 
algumas espécies podem aparecer em todos os três grupos, como, por exemplo, os cães de 
companhia, cães de guarda ou de pastoreio e cães selvagens (YOUNG, 1985). 
Em algumas situações, existe uma coincidência entre as prioridades dos seres humanos e a 
manutenção de um grau aceitável de bem-estar para os animais. Por outro lado, situações 
de prioridades conflitantes são frequentes, como, por exemplo, na obtenção de produtos de 
origem animal ao mínimo custo possível, em detrimento da manutenção de um padrão de bem-
estar aceitável para os animais utilizados na pecuária (MOLENTO, 2005).
A seguir, serão detalhadas as características e os fatores que interferem na qualidade da 
interação humano-animal.
1.4.1 Animais silvestres (WSPA, 2004)
Os animais silvestres são aqueles que vivem mais distantes do homem. Contudo, é possível a 
interação com eles de diversas maneiras (Figura 7).
Figura 7 – Interação humano-animal: animais silvestres (WAP, 2018).
Em todas as culturas, animais selvagens estão relacionados ao folclore, mitos e diversão. 
Histórias e imagens de animais selvagens aparecem nas artes, nas tradições orais, em 
livros, filmes e na televisão. 
por sua vez, os animais selvagens podem ser alvo de caça de subsistência ou esportiva, ou 
serem considerados pragas, uma vez que disputam recursos (alimentos) com os humanos, 
além de poderem transmitir doenças. Finalmente, muitas espécies de animais selvagens 
são criadas em sistemas de produção, como fonte de alimentos ou mesmo como animais 
de companhia.
tendo em vista a diversidade de possibilidades de interação entre humanos e animais 
selvagens, o posicionamento a respeito do status moral, ou seja, das obrigações e motivações 
para a promoção do bem-estar desta categoria de animais, é bastante complexo.
19
1.4.2 Animais de utilidade (WSPA, 2004)
Estão incluídos na categoria de animais de utilidade os animais de produção (bovinos, ovinos, 
suínos, aves, etc.), os animais de experimentação (ratos, cobaias, primatas, etc.), animais de 
trabalho (cavalos, mulas, camelos, bois de tração, cães de caça, de pastoreio, de guarda, 
terapeutas, de salvamento e farejadores, etc.) e animais de esporte (cavalos, cães de corrida, 
etc.) (Figura 8).
Figura 8 – Interação humano-animal: animais de utilidade (WAP, 2018).
Em algumas situações, existe uma coincidência entre as prioridades dos seres humanos e a 
manutenção de um grau aceitável de bem-estar para os animais. Entretanto, existem também 
situações de prioridades conflitantes; por exemplo, a obtenção de produtos de origem animal 
ao mínimo custo possível e a manutenção de um determinado padrão de bem-estar para os 
animais utilizados na pecuária (MOLENTO, 2005).
O animal de trabalho tem valor instrumental, ou seja, valor extrínseco, o que significa que o seu 
status moral depende do seu efeito sobre os humanos.
Animais de trabalho são frequentemente vistos em termos de sua utilidade para o homem, ou seja, 
seres humanos têm obrigações indiretas com os animais de utilidade. Consequentemente, a motivação 
para a promoção do bem-estar desta categoria está muito associada à relação custo-benefício.
1.4.3 Animais de companhia (WSPA, 2004)
Animais de companhia são aqueles mantidos em ambientes domésticos, geralmente com o 
propósito de fazer companhia ou desempenhar papéis sociais e emocionais (Figura 9).
Figura 9 – Interação humano-animal: animais de companhia (WAP, 2018).
20
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As espécies comumente mantidas como animais de estimação ou companhia em muitos países 
são cães, gatos, coelhos, pássaros, peixes, entre outros. Algumas delas passaram por muitos 
anos de seleção e domesticação para se adaptar ao cativeiro, enquanto outras foram tiradas 
da vida selvagem recentemente. 
Animais socialmente interativos como gatos e cães oferecem uma forte sensação de 
companheirismo aos seus proprietários. O comportamento afetuoso, a ligação ao proprietário 
e a alegria podem ser particularmente importantes para pessoas isoladas, solitárias e idosas. 
Em função do que foi exposto acima, não surpreende o fato de o animal de companhia ter 
status moral elevado, ou seja, ter valor intrínseco. Portanto, diferente do que foi descrito para 
os animais de utilidade, os seres humanos têm obrigações diretas com os animais de companhia. 
Consequentemente, a motivação para a promoção do bem-estar desta categoria é elevada.
Pesquisassobre o relacionamento humano-animal e, particularmente, sobre os efeitos que 
animais de companhia podem exercer sobre a saúde e o desenvolvimento sociopsicológico das 
pessoas têm aumentado nos últimos anos. Neste contexto, estão inseridas duas modalidades 
relacionadas à promoção da saúde e qualidade de vida de seres humanos: a atividade e a 
terapia assistida por animais, cujas características serão apresentadas a seguir.
1.4.4 Evolução da gestão de pessoas no Brasil
1.4.4.1 terapia assistida por animais (tAA)
A terapia assistida por animais (tAA) é uma técnica direcionada, individualizada e com critérios 
específicos na qual o animal é parte integral do processo de tratamento. A terapia é conduzida 
por profissionais da saúde devidamente habilitados, dentre eles psicólogos, médicos veterinários 
e fisioterapeutas, a fim de avaliar a indicação do método no paciente humano, bem como o tipo 
de animal a ser utilizado no programa de recuperação (HARt, 2001, p. 81)
Fosco e colaboradores (2009) conduziram um estudo com o objetivo de avaliar, por meio 
do questionário Inventário de Avaliação Pediátrica de Incapacidade (PEDI), os ganhos 
motores obtidos por crianças portadoras de paralisia cerebral (PC) submetidas à fisioterapia 
convencional (FC) associada à terapia assistida por animais (TAA) e daquelas submetidas 
exclusivamente a FC (Figura 10).
Figura 10 – Terapia assistida por animais com crianças portadoras de paralisia cerebral. A) Es-
tímulo ao desenvolvimento da coordenação motora e extensão de membros inferiores. B) Estímulo 
para engatinhar e adotar a posição de gato. Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, Brasil. 
Fonte: Pereira, C. A. D.
21
A análise dos resultados demonstrou melhora expressiva da criança submetida à associação 
terapêutica, em particular na dimensão habilidade funcional do PEDI, o que permite concluir 
que a TAA pode ser utilizada como opção terapêutica em crianças com PC, atribuindo-se 
tal resultado à importância do lúdico no desenvolvimento cognitivo e motor das crianças, em 
decorrência da interação homem-animal (Gráfico 1).
 
Gráfico 1– Notas de A e B na Dimensão I, Habilidade Funcional, do Inventário de Aval-
iação Pediátrica de Incapacidade (PEDI) nas áreas de Autocuidado, Mobilidade e Função 
Social, e a porcentagem de melhora em cada área de crianças com PC submetidas a dois 
protocolos terapêuticos: A) TAA e fisioterapia convencional; B) fisioterapia convencional. 
legenda: Av1: primeira avaliação, Av2: segunda avaliação e Av3: terceira avaliação.
1.4.4.2 Atividade assistida por animais (AAA)
A atividade assistida por animais (AAA) é definida como ações de recreação, distração e 
entretenimento em geral que têm a função de melhorar a qualidade de vida em qualquer 
indivíduo, sem um objetivo terapêutico direcionado e sem uma análise prévia do atendido 
(HARt, 2001). 
Os efeitos sociais da tutoria de animais de companhia são relevantes, uma vez que os animais 
também promovem os relacionamentos sociais entre humanos. Neste contexto, Pongelupe e 
colaboradores realizaram uma pesquisa com o objetivo de analisar a autopercepção dos 
efeitos da atividade assistida por animais (AAA) na qualidade de vida de integrantes do 
Grupo de Bem-Estar e Qualidade de Vida do Idoso da Universidade Anhembi Morumbi quanto 
às dimensões física, emocional e social (Figura 11).
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Figura 11– Atividade assistida por animais. Desfile de integrantes do Grupo de Bem-Estar 
e Qualidade de Vida do Idoso com cães fantasiados. Universidade Anhembi Morumbi, São 
Paulo, Brasil. Fonte: Pereira, C. A. D.
A análise dos resultados permitiu concluir que a percepção de melhora global nas dimensões 
avaliadas foi maior no grupo de AAA quando comparada ao controle, sendo que a maior 
diferença de porcentagem foi observada no quesito Social (18%), seguido pelo Emocional 
(16%) e por fim o Físico (6%), dados estes que permitem propor a AAA como uma ferramenta 
alternativa de promoção da qualidade de vida do idoso (Gráfico 2).
 
Gráfico 2 – Comparativo da percepção de melhora global nas dimensões física (rosa), 
emocional (roxa) e social (verde), expressa em porcentagem e relatada pelos integrantes 
do grupo AAA e grupo controle. São Paulo, 2007.
A partir de 1950, a demanda por trabalhadores já não era suprida apenas pelos imigrantes, 
mas também por migração interna dos campos para as cidades. A implantação de grandes 
fábricas nas regiões urbanas gerou muitos empregos e passou a demandar uma gestão mais 
técnica e profissionalizada, marcando o período tecnicista. Para isso, os departamentos de 
recursos humanos se estruturaram e adotaram o conceito de sistemas, compostos de subsistemas 
como recrutamento e seleção, treinamento, avaliação de desempenho, cargos e salários e 
higiene ocupacional.
23
NÃO DEIXE DE VER...
Assista ao filme Temple Grandin e se inspire nessa história ligada ao bem-estar animal. Baseado 
em uma história real, o filme conta a trajetória de sucesso de Temple Grandin, uma autista que 
se tornou professora de Ciência Animal da universidade do Estado do Colorado e especialista 
em manejo de bovinos, métodos de abate humanitário e bem-estar animal – uma referência 
mundial em história de vida e profissionalismo.
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Síntese
 • Na Unidade 1, foram discutidos os principais conceitos e aplicações da ciência do bem-
estar animal, com destaque para a visão integral de bem-estar animal (domínio físico, 
mental e naturalidade), o conceito das cinco liberdades e a hierarquia de necessidades, 
conceitos fundamentais para os métodos de avaliação da qualidade de vida dos animais.
 • Adicionalmente, foram discutidos os métodos, os indicadores e os parâmetros utilizados com 
o propósito de se realizar uma avaliação objetiva do bem-estar. 
 • Por fim, por meio da classificação dos tipos de interação humano-animal, pode-se 
perceber que a motivação dos seres humanos em garantir a qualidade de vida animal está 
relacionada ao status moral e valor associado ao tipo de relação definida pela ciência 
do bem-estar animal.
25
Referências
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	1.1 Princípios gerais de bem-estar animal
	1.4 Interação Humano-Animal: natureza e valores associados
	1.3 Avaliação do bem-estar Animal: métodos diretos e indiretos
	1.2 Princípios gerais de bem-estar animal

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