Baixe o app para aproveitar ainda mais
Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original
* * PRODUÇÃO DE TEXTOS PROF. GISELI SAMPAIO ARMADILHAS TEXTUAIS * * Armadilhas Ao escrever, deve-se evitar o que possa prejudicar a compreensão do texto. As armadilhas mais comuns que aparecem na produção de textos são: ambiguidade, cacofonia, eco, obscuridade, pleonasmo, redundância e prolixidade. * * Cacofonia Cacofonia (ou cacófato) consiste num som desagradável obtido pela união das sílabas finais de uma palavra com as iniciais de uma outra. Você notou a boca dela? Receberam cinco reais por cada peça. Estas ideias, como as concebo, são irrealizáveis. * * Eco O eco consiste na utilização de palavras terminadas pelo mesmo som. A decisão da eleição não causou comoção na população. O aluno repetente mente alegremente. * * Obscuridade Obscuridade significa "falta de clareza". Vários motivos podem determinar a obscuridade de um texto: períodos excessivamente longos; linguagem rebuscada; má pontuação; ausência de coerência e coesão. * * Pleonasmo Pleonasmo (ou redundância) consiste na repetição desnecessária de um conceito. Eles convivem juntos há mais de dez anos. A brisa matinal da manhã enchia-o de alegria. Ele teve uma hemorragia de sangue. * * Nem sempre o pleonasmo constituirá um defeito de redação. A linguagem literária e, atualmente, a linguagem publicitária utilizam-se do pleonasmo com fins estilísticos, procurando conferir originalidade às mensagens. Nesse caso, o pleonasmo não deve ser considerado um defeito, mas uma qualidade, como nos exemplos seguintes: "E rir meu riso e derramar meu pranto..." (Vinícius de Moraes) "A mim, ensinou-me tudo." (Fernando Pessoa) * * Prolixidade Ser prolixo é utilizar mais palavras do que o necessário para exprimir uma ideia. É alongar-se, é não ir direto ao assunto, é "encher linguiça". Prolixidade é o antônimo de concisão. Um texto prolixo é, em consequência, um texto enfadonho. Sempre que uma pessoa prolonga em demasia o discurso, os ouvintes tendem a não prestar mais atenção ao que ela está dizendo. * * O uso de expressões que só servem para prolongar o discurso, como "na minha modesta opinião", "eu acho que", tendem a não acrescentar nada à mensagem, tornando o texto prolixo. Além dos defeitos apontados, devem-se evitar também evitar frases feitas e chavões, como "inflação galopante", "vitória esmagadora", "caixinha de surpresas", "caloroso abraço", "silêncio sepulcral", "nos píncaros da glória" etc., pois empobrecem muito o texto. * * Um exemplo: Encontrar a mesma ideia vertida em expressões antigas mais claras, expressiva e elegantemente, tem-me acontecido inúmeras vezes na minha prática longa, aturada e contínua do escrever, depois de considerar necessária e insuprível uma locução nova por muito tempo. * * Redundância A redundância pode ser um recurso estilístico para estabelecer, por exemplo, a coesão no texto. Mas, há casos em que é necessário evitá-la; do contrário a linguagem pode se tornar deselegante, inadequada e monótona. * * Veja alguns casos em que a redundância pode constituir um problema textual. 1 – Palavras próximas e idênticas: O povo exige seus direitos, os direitos do povo devem ser respeitados. 2 – Repetições exageradas: O ministro apresentou sua proposta de trabalho, mas o ministro não foi claro em várias questões e o ministro não aceitou argumentações. Esse tipo de repetição pode não ser um defeito, quando usado com intenção especial, em textos humorísticos, publicitários, literários, etc., ou empregado com outro sentido. Exemplo: A mulher bem perfumada não usa qualquer perfume, seu perfume tem a fragrância do campo, seu perfume é Aromas Silvestres. Há dois modos de vida: a vida vivida e a vida imaginada. * * As repetições podem ser evitadas por meio da substituição da palavra por um termo equivalente, pela alteração na construção das ideias; ou pela omissão do vocábulo. Os professores exigiram o pagamento dos salários em atraso, mas o governo não os atendeu. * * Ambiguidade A ambiguidade decorre da polissemia e significa "duplicidade de sentido". Uma frase com duplo sentido é imprecisa, o que atenta contra a clareza, uma vez que pode levar o leitor a atribuir-lhe um sentido diferente daquele que o autor procurou lhe dar. Ocorre geralmente por má pontuação ou mau emprego de palavras ou expressões. Alguns exemplos de frases ambíguas: João ficou com Mariana em sua casa. Alice saiu com sua irmã. * * Nesses exemplos, a ambiguidade decorre do fato de o possessivo sua poder estar se referindo a mais de um elemento. Portanto, deve-se tomar muito cuidado no emprego desse pronome possessivo. A ambiguidade pode ser evitada com a substituição por dele(s) ou dela(s). * * A polissemia é corrente na linguagem jurídica; vale citar, a propósito, Washington de Barros Monteiro (Direito das obrigações, 1976, p. 4): "Muitas são, portanto, suas acepções utilizando-se o legislador ora de uma ora de outra; aliás, na linguagem jurídica, tornam-se frequentes essas polissemias”. * * A polissemia pode ocorrer em ambiguidade. Observe alguns exemplos: O réu foi conduzido sob vara. O ladrão foi assassinado no banco. * * Nem sempre, porém, a ambiguidade é uma armadilha, ela pode ser usada também como recurso estilístico. A linguagem literária, sobretudo a da poesia, explora muito a ambiguidade como recurso expressivo. Textos humorísticos ou irônicos se valem também da ambiguidade para alcançar o humor. Portanto, só se deve considerar a ambiguidade uma armadilha ou um defeito quando ela atenta contra a clareza. * * Exemplo * * O que você vê? Ambiguidade: (Dic. Hoaiss) obscuridade de sentido;hesitação entre duas ou mais possibilidades; dúvida, incerteza, indecisão A ambiguidade decorre da polissemia.
Compartilhar