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Ética no uso e manipulação de animais de estudo e pesquisa Experimentação com animais, o que é? A experimentação animal pode ser entendida como a prática de realizar intervenções em animais vivos ou recém-abatidos com a finalidade de beneficiar o conhecimento científico; Apesar de desenvolvido desde a Antiguidade, o procedimento fere a sensibilidade humana e desperta discussão entre a comunidade acadêmica e a sociedade protetora dos animais; Esse embate vai além do argumento ético e questiona a real eficiência desse método de ensino e pesquisa diante do presente avanço tecnológico-científico. Experimentação com animais A bioética na experimentação animal O que é a bioética ? BIOÉTICA, DO GREGO BIOS (VIDA) + ETHOS (ÉTICA), É A ÉTICA DA VIDA OU ÉTICA PRATICA; A bioética é um termo que rege as diferentes tentativas de se humanizar a abordagem científica, a prática dos profissionais de saúde e o respeito aos direitos humanos na economia, na política e na pesquisa social; Busca-se, na bioética, uma ética ecológica, onde todos os seres vivos sejam moralmente considerados, independentemente dos benefícios que podem gerar ao homem; A utilização abusiva dos animais em experimentação por muitos representantes da comunidade científica vem motivando discussões de caráter ético e científico; O objetivo da bioética aplicada na experimentação com animais busca soluções eticamente responsáveis e viáveis, que beneficiem os animais, os homens e o meio ambiente. Primeiras aplicações bioéticas na experimentação animal Em 1876, o “Cruelty to Animals Act” buscou doutrinar a pesquisa em animais, sem êxito; Em 1927 surgiu o primeiro documento sobre bioética, no qual o Dr. Fritz Jarh idealizou que “todos os seres vivos teriam direito ao respeito”; Em 1949, o Código de Nuremberg, primeiro documento internacional sobre ética em pesquisa envolvendo seres humanos, ressaltou que os experimentos em humanos deveriam ser baseados nos resultados de estudos prévios em animais; Russel e Burch4, em 1959, propuseram uma filosofia denominada “Princípio dos três R”: replacement, reduction e refinement: Replacement: trocar animais de desenvolvimento superior por formas de vida mais primitivas; Reduction: maior redução possível do número de animais a serem utilizados em um experimento; Refinement: redução do sofrimento dos animais Por que animais são usados em experimentos? Desde quando? ensino, pesquisa, e testes de produtos e remédios; 300 A.C. – ARISTOTELES (384 – 322 A.C.) E ERASISTRATO (304 – 258 A.C.); 100 D.C. – O CIENTISTA GREGO GALENO (129 – 199 D.C.); Indústria farmacêutica, cosmética, alimentícia, etc; Aplicação da bioética: Comitês de ética é um colegiado interdisciplinar e independente que deve existir nas instituições que realizam pesquisas envolvendo seres humanos e animas, visando contribuir para o desenvolvimento das pesquisas dentro dos padrões éticos, e garantir a dignidade dos envolvidos; As Comissões de ética no uso de Animais tornaram-se obrigatórias no Brasil apenas em 2008; no cenário mundial, a partir dos anos 70, ampliando-se nos anos 80; O foco de atuação destas comissões é o bem estar dos animais, bem como a minimização da dor e sofrimento; Qual o papel do veterinário ? presença de um Responsável Técnico (RT) que seja necessariamente um profissional com título de Médico Veterinário em cada biotério/instalação animal; O Médico Veterinário é o profissional que atua dentro de uma legislação fundamentada em critérios técnicos e éticos, o que vai ao encontro do que é preconizado pelo CONCEA; CONCEA E CFMV. Leis de proteção animal A preocupação com o bem-estar animal foi negligenciada por muitos anos. No século XIII, São Tomás de Aquino: animais não possuíam alma e deveriam receber o mesmo tratamento que objetos inanimados; Em 1916, do artigo 47 do Código Civil , depreende-se que animais eram considerados objetos de propriedade; Primeira lei de proteção animal no brasil: Decreto 24.645, de 1934, que proibiu os maus tratos aos animais; Histórico Além disso, a nossa Constituição Federal diz em seu Artigo 225, inciso VII: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: VII -proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. (...)” Em 1979 foi promulgada a Lei 6.638 , que trata das permissões e procedimentos para prática de experimentação animal em todo o território nacional, devendo ser registrados em órgão competente os biotérios e os centros de experiências e demonstrações com animais; foi a primeira a estabelecer normas para a prática didático-científica em animais, entretanto, a mesma ainda não abordava o princípio dos “3R”; Leis de proteção animal Mais tarde, O projeto de lei 3964/97, além de adotar o princípio dos ‘3r”, estabeleceu a criação da Comissão de Ética para o Uso de Animais (CEUA) e propôs a criação do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA), órgão normativo, credenciador, supervisor e controlador das atividades de pesquisa em animais. Dez anos depois, em 2008, a lei federal n° 11.794, conhecida como lei Arouca, regulamentou os CEUAs e criou o CONCEA. O decreto nº 6.899/2009 regulamentou a lei Arouca e criou o Cadastro das Instituições de Uso Científico de Animais (CIUCA). Leis de proteção animal O CONCEA determina as normas para o cuidado, as instalações dos centros de criação, o uso humanitário, além da busca de técnicas alternativas para a substituição do uso de animais. O não cumprimento dessas normas implica em penalidades, que variam entre advertências, multas e interdições; Além disso, a Lei nº 9605 1998, que norteia as sanções para crimes ambientais, nos diz em seu art. 32, : “Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.§ 2º A pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.” O que há de novo? PL 6799/2013: Aprovação de proposta que considera os animais não humanos como sujeitos de direitos despersonificados, e não como coisas; PLC 70/2014: proíbe uso de animais em pesquisas e testes para produção de cosméticos; Esse último texto não só proíbe testes de ingredientes e de produtos cosméticos em animais, como veda o comércio de produtos que tenham sido testados e incentiva técnicas alternativas para avaliar a segurança das formulações. precisamos mesmo utilizar os animais no estudo científico? Os contras: corrente abolicionista Argumentos contra os testes em animais os animais devem ter direitos legais assim como humanos; direito a não sofrer, à vida e a liberdade; Esses São direitos inatos e não dependem de outros; A corrente abolicionista aceita os animais não-humanos como seres com valor intrínseco; Alguns fatos Pelo menos 50 drogas no mercado causam câncer em animais de laboratório. Mas elas são permitidas porque é admitido que teste em animais não são relevantes; Mais de 90% dos resultados dos testes em animais são descartados por serem inaplicáveis aos homens; Crueldade: Para testar drogas e insumos para a indústria, bilhões de animais – principalmente roedores, cães, gatos e primatas – são trancados em laboratórios anualmente e submetidos a práticas dolorosas. Inserção de substâncias tóxicas em seus olhos, inalação forçadade fumaça e implantação de eletrodos em seu cérebro são apenas algumas destas práticas; Outros fatos Cerca 9% dos animais anestesiados, que deveriam recobrar a consciência, morrem; Um congresso de medicina na Alemanha concluiu que 6% das doenças fatais e 25% das doenças orgânicas são causadas por medicamentos. E Todos eles foram testados em animais; Para reflexão... é certo subjugar espécies animais, em detrimento de uma espécie que se considera superior? Os prós: corrente utilitarista Argumentos a favor dos testes A corrente utilitarista aceita que animais sejam utilizados por humanos, desde que de maneira responsável, com o menor sofrimento possível; os benefícios a outros (animais ou humanos) devem ser maiores que o sofrimento animal; O bem-estar da maioria deve ser considerado em detrimento do bem-estar animal; Alguns fatos Os testes com animais são submetidos a comitês de ética; Os testes com animais beneficiam também os próprios animais; Antes de testar o produto em humanos, é importante testá-los em animais; Ainda não há como substituir o animal em todos os testes. Sempre que existir um método alternativo com eficácia comprovada, ele deve ser substituído. A ciência tem o objetivo de reduzir e até abolir o uso de animais; a interrupção do uso de animais geraria prejuízos imediatos com repercussão nacional, como a falta de vacinas, inclusive a de febre amarela; Alguns fatos Em vacinas, A inoculação em camundongos atesta a qualidade dos antígenos antes que eles sejam aplicados nas pessoas; Caso as experiências com animais fossem proibidas, todos os esforços recentes para descobrir vacinas para a dengue, a AIDS, a malária, a leishmaniose seriam jogados literalmente no lixo; Pesquisas sobre células-tronco no campo da cardiologia, da neurologia, moléstias pulmonares e renais, e de terapias contra o câncer seriam interrompidas; A Lei Arouca estabelece, por exemplo, que só se deve utilizar animais de laboratório caso não haja outro meio de testar a hipótese da pesquisa e que a utilização dos modelos deve ser monitorada por comitês de ética; Para Reflexão Vários dos remédios que você compra na farmácia, tratamentos que fez durante a vida, doenças que foram prevenidas por vacinas que você tomou, só existem hoje por conta dos testes com animais. Cientistas não são sádicos, pense nisso. Novas tecnologias que podem amenizar o sofrimento animal Novas tecnologias TESTES IN VITRO; Uso de sistema IN VITRO; USO DE MODELOS MATEMATICOS OU COMPUTACIONAIS; Órgão e impressão 3D; FOTOTOXICIDADE; Human on a Chip. O que você pode fazer para ajudar a reduzir os testes na área cosmética ? Selos encontrados nas embalagens dos produtos que não realizam testes em animais PESQUISAS EM ANIMAIS: UMA REFLEXÃO BIOÉTICA: https://scielo.conicyt.cl/pdf/abioeth/v20n2/art12.pdf BIOÉTICA E AS COMISSÕES DE ÉTICA EM EXPERIMENTAÇÃO ANIMAL NO BRASIL, http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=2e2c080d5490760a Maus tratos a animais e as leis que os protegem: https://alestrazzi.jusbrasil.com.br/artigos/252646607/maus-tratos-a-animais-e-as-leis-que-os-protegem Utilização de animais em pesquisas: breve revisão da legislação no Brasil, http://www.scielo.br/pdf/bioet/v24n2/1983-8034-bioet-24-2-0217.pdf Revista superinteressante edição 395, novembro:208 , Matéria: Maus-tratos aos animais Vídeo do youtube: Testes em animais , um pouco além https://www.youtube.com/watch?v=eV02wOwMh1I Vídeo do youtube: Superinteressante: Por que (ainda) precisamos fazer testes científicos com animais?, https://www.youtube.com/watch?v=zmMHZxi-1-k http://www.pea.org.br/crueldade/testes/naotestam.htm http://blog.sabaoeglicerina.com.br/2018/04/fim-dos-testes-em-animais-por-pele-3d-em-testes-cosmeticos-logo-pode-virar-realidade/ Imagens: google Referências bibliográficas “A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo como seus animais são tratados.” Mahatma Gandhi Obrigada! ANDRESSA CLAUDIO CHELLY ENNY MAGNO YUMI