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O NASF e a Prática da Psicologia


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Universidade Estácio de Sá
Disciplina: Psicologia da Família
O NASF e a Prática da Psicologia
2018.2
Nos anos 70 os serviços de saúde no Brasil eram regidos basicamente pela medicina liberal e previdenciária, pautados no modelo médico-sanitarista, (Mendes, 1996; Paim, 2009). O acesso à saúde estava restrito à população mais abastarda ou trabalhadores. Nesse cenário, reinavam as relações clientelistas, restando à grande massa da população, não contribuinte, a caridade exercida pelo filantropismo (Mendes, 1996). 
De acordo com Paim, Almeida Filho (1998) a entrada do Psicólogo na saúde pública se deu por meio da consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS), no Brasil, este sistema agregou a importância da equipe multiprofissional, a inserção de diferentes profissionais no campo da saúde, valorizando assim as diversas áreas de trabalho no campo da saúde coletiva. E essa equipe é relevante na proposta que o SUS tem priorizado que é a atenção a saúde primária. 
O Sistema Único de Saúde (SUS) foi regimentado pela Lei Orgânica de Saúde nº 8.080, de 19 de setembro de 1990 (1990a), e a Lei Orgânica de Saúde nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990 (1990b), sendo definido como “uma nova formulação política e organizacional para o reordenamento dos serviços e ações em saúde (...)” (Ministério da Saúde, 1990, p. 03). 
Os princípios organizativos do SUS compreendem a regionalização e hierarquização, que dividem os serviços de saúde em níveis de complexidade, primário, secundário e terciário, possibilitando o acesso da população a todas as modalidades de assistência, de modo regional e hierárquico.
É diante dessa proposta que o Ministério da Saúde criou o NASF. O MS assegura que a Estratégia de Saúde da Família (ESF) se revela como ferramenta fundamental para reorientação do modelo assistencial, caracterizada pelo primeiro contato da população com o serviço de saúde (BRASIL, 2008). Com o objetivo de ampliar e complementar as ações da ESF, foi instituído o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) pela Portaria nº 154, de 24 de janeiro de 2008. Sua implantação se configura como um passo importante para consolidação da ESF, visto que o NASF enfatiza um trabalho interdisciplinar mediante o apoio matricial, cujo principal objetivo é possibilitar a corresponsabilização e a integralidade do cuidado na atenção básica (NASCIMENTO; OLIVEIRA, 2010).
Destaca-se o fato de que a Portaria sugere a inserção de um profissional de saúde mental em cada equipe do NASF, podendo este ser um psiquiatra, terapeuta ocupacional ou psicólogo (BRASIL, 2008).  Embora possam escolher entre três categorias profissionais, os gestores municipais têm contratado prioritariamente psicólogos como profissionais de referência na saúde mental (Ministério da Saúde, 2010a).
Dentre as políticas de saúde do SUS, o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) é considerado uma política que privilegia os campos de prática do profissional de psicologia. A atuação da Psicologia no NASF se pauta no apoio, na orientação e no suporte às demandas da ESF. Importa salientar que o NASF não possui uma estrutura física própria por ser um programa que atua complementando as atividades da Atenção Básica. Por isso, suas ações são desenvolvidas no espaço físico das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e também na área de abrangência das equipes Saúde da Família (SF). 
As ações do NASF são desenvolvidas por uma equipe multiprofissional, composta por profissionais de diferentes áreas ou especialidades, de maneira integrada e apoiando os integrantes da Estratégia Saúde da Família (ESF).
O lugar da Psicologia no âmbito da atenção básica à saúde, mais especificamente no Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), é devido as condições crônicas de saúde, que aumentaram consideravelmente nas comunidades em vulnerabilidade psicossocial, por haver uma situação social ainda marcada pela exclusão de grande parcela da população do acesso às condições mínimas de vida, tais como, alimentação, moradia, educação e trabalho dignos. Tal quadro produziu uma precarização das condições de vida e saúde e consequentemente gerou uma grande demanda de ações voltadas para a melhoria das mesmas. 
O Nasf é composto de nove áreas estratégicas, que representam os diversos capítulos da presente publicação. São elas: saúde da criança/do adolescente e do jovem; saúde mental; reabilitação/saúde integral da pessoa idosa; alimentação e nutrição; serviço social; saúde da mulher; assistência farmacêutica; atividade física/práticas corporais; práticas integrativas e complementares.
De acordo com o Ministério da Saúde, os profissionais de saúde mental que atuam no NASF devem desenvolver as seguintes ações: realizar atividades clínicas pertinentes a sua responsabilidade profissional e priorizar abordagens coletivas; apoiar a ESF na abordagem dos casos com demandas em saúde mental; negociar com a ESF os casos que necessitem de uma intervenção conjunta; evitar práticas de "medicalização" de situações comuns à vida cotidiana; promover ações que visem à difusão de uma cultura de atenção antimanicomial, diminuindo o estigma e a exclusão em relação à loucura; mobilizar recursos comunitários para construir espaços de reabilitação psicossocial na comunidade; articular ações intersetoriais; e ampliar o vínculo com as famílias, assumindo-as como parceiras no cuidado (BRASIL, 2009).
Outra atribuição relevante da Psicologia no NASF diz respeito à conscientização das equipes da atenção básica sobre a importância do acolhimento humanizado. Diversas pesquisas reiteram a importância da humanização nos serviços de saúde para garantir um atendimento de qualidade, pois, segundo os usuários, a atenção, a escuta e o diálogo são aspectos fundamentais do cuidado para se estabelecer vínculo e adesão à proposta do projeto terapêutico de forma ativa (BOSI; MERCADO-MARTINEZ, 2010).
O modo de atuação do psicólogo no nível primário da atenção é apontado por Zurba (2011) como ineficaz, do ponto de vista de um trabalho contínuo, considerando o elevado número de equipes de Saúde da Família (SF) a serem atendidas pelo psicólogo da equipe NASF, o que finda por torná-lo um profissional de referência. Nessa condição, o psicólogo se distancia cada vez mais da possibilidade de inserção efetiva nas equipes mínimas de saúde.
A Psicologia vem conquistando cada vez mais novos espaços de atuação, neste contexto, é sabido que o campo da saúde pública tem se mostrado como promissor nicho de trabalho para os profissionais da psicologia, porém é necessário que o Psicólogo alcance um lugar para além de um reprodutor técnico, sobretudo no NASF, com o intuito de potencializar sua atuação na nova configuração da saúde, realizando contínua reflexão sobre o modo atual, pois compreendermos o papel da psicologia, enquanto ciência e profissão, está para além da simples reprodução de saberes e fazeres.
Referências:
Oliveira, I. F. D., Amorim, K. M. D. O., Paiva, R. D. A., Oliveira, K. S. A. D., Nascimento, M. N. C. D., & Araújo, R. L. (2017). A atuação do psicólogo nos NASF: desafios e perspectivas na atenção básica. Temas em Psicologia, 25(1), 291-304.
Leite, D. C., Andrade, A. B., & Bosi, M. L. M. (2013). A inserção da Psicologia nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família. Physis: revista de saúde coletiva, 23, 1167-1187.
Perrella, A. C. (2015). A experiência da Psicologia no NASF: capturas, embates e invenções. Gerais: Revista Interinstitucional de Psicologia, 8(2), 443-452.
de Oliveira Pena, L., & Viana, E. D. S. M. (2017). PAPEL DE ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO NA EQUIPE SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF). ANAIS SIMPAC, 7(1).
Ministério da Saúde. (2010). Cadernos de Atenção Básica. Diretrizes do NASF–Núcleo de Apoio à Saúde da Família.