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AULA 11 RECURSOS EM ESPÉCIE RSE e AGRAVO EM EXECUÇÃO

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1 
 
 
RECURSOS EM ESPÉCIE 
Aula 11 – RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
AGRAVO EM EXECUÇÃO PENAL 
 
 
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
Art. 581 do CPP ou art. 294, parágrafo único, do CTB 
As hipóteses de cabimento do recurso em sentido estrito são taxativas e concentram-se, na maior 
parte, nos incisos do art. 581 do CPP. 
Além desse, no entanto, outros dispositivos preveem o recurso em questão: o art. 294, parágrafo 
único, do CTB, o art. 6.º, parágrafo único, da Lei 1.508/1951 e o art. 2.º, III, do Dec.-lei 201/1967. 
Por outro lado, uma série de hipóteses constantes do art. 581 do CPP hoje não mais desafiam 
recurso em sentido estrito. Isso porque são decisões que atualmente competem ao juiz das 
execuções e, dessa forma, de acordo com o art. 197 da LEP (Lei de Execução Penal – Lei 7.210/1984), 
são combatidas por meio de agravo em execução. 
São, portanto, decisões previstas no art. 581 do CPP que não mais comportam recurso em sentido: 
a) que conceder, negar ou revogar sursis (art. 581, XI, do CPP); 
b) que conceder, negar ou revogar livramento condicional (art. 581, XII, do CPP); 
c) que decidir sobre a unificação das penas (art. 581, XVII, do CPP); 
d) que decretar medida de segurança depois de transitar a sentença em julgado (art. 581, XIX, do 
CPP); 
e) que impuser medida de segurança por transgressão de outra (art. 581, XX, do CPP); 
 
2 
 
f) que mantiver ou substituir a medida de segurança nos casos do art. 774 (art. 581, XXI, do CPP); 
g) que revogar medida de segurança (art. 581, XXII, do CPP); 
h) que deixar de revogar medida de segurança, nos casos em que a lei permita (art. 581, XXIII, do 
CPP); 
i) que converter a multa em detenção ou em prisão simples (art. 581, XXIV, do CPP), embora esta 
possibilidade não exista mais no Código Penal. 
Quanto ao inc. XI, que trata da decisão que conceder, negar ou revogar o sursis, as possibilidades 
são as seguintes: 
a) sursis concedido ou negado na sentença: a decisão comporta recurso de apelação; 
b) sursis concedido, negado ou revogado pelo juiz das execuções: a decisão comporta agravo em 
execução. 
Isso posto, trataremos a seguir das decisões que comportam o recurso em sentido estrito. 
 
a) Decisão que rejeitar a denúncia ou queixa (art. 581, I, do CPP) 
Havendo, por qualquer razão, rejeição da denúncia ou queixa, nos termos do art. 395 do CPP (falta 
de condição da ação ou pressuposto recursal) cabe à acusação interpor recurso em sentido estrito, 
buscando o seu recebimento. 
Vale observar que a lei penal não distingue rejeição (expressão utilizada pelo art. 395 supracitado) 
e não recebimento (expressão utilizada pelo art. 581 do CPP em estudo), motivo pelo qual a maioria 
da doutrina e da jurisprudência repudia tal distinção, admitindo recurso em sentido estrito tanto 
em uma como em outra hipótese. 
E se o juiz recebe a denúncia ou queixa, mas alterando já a classificação do crime contida 
inicialmente? Prevalece que tal decisão equivale à rejeição e, portanto, comporta recurso em 
sentido estrito. 
Também cabe recurso em sentido estrito da decisão que rejeita o aditamento da denúncia. 
Vale observar que no rito sumaríssimo da decisão que rejeitar a denúncia ou queixa cabe apelação 
– art. 82 § 1º Lei 9.099/95. 
 
3 
 
Em regra, da decisão que recebe a denúncia ou a queixa (decisão interlocutória simples) não cabe 
qualquer recurso, podendo, no entanto, ser impetrado habeas corpus. 
 
b) Decisão que concluir pela incompetência do juízo (art. 581, II, do CPP) 
As regras de competência vêm consignadas nos arts. 69 e ss. do CPP. 
Resumidamente, para a verificação da competência do órgão jurisdicional para o julgamento de 
determinada causa devem ser observados quatro critério: 
– competência de justiça; 
– competência em razão da pessoa; 
– competência por foro; 
– competência de juízo. 
O desrespeito aos critérios mencionados dá origem à situação de incompetência, que pode ser 
absoluta ou relativa. 
A competência de justiça, em razão da pessoa e a competência material do júri são absolutas. 
Já a competência de foro e a de juízo, quando fixadas pela prevenção ou distribuição, são relativas. 
De acordo com a regra insculpida no art. 109 do CPP, se em qualquer fase do processo o juiz 
reconhecer motivo que o torne incompetente, deverá declará-lo nos autos, haja ou não alegação 
da parte, remetendo o feito ao juiz competente. 
A decisão de incompetência, portanto, pode ser tomada de ofício (sem provocação) ou ser resultado 
de exceção de incompetência oposta pela parte. 
O presente dispositivo cuida apenas da situação em que o juiz se declara incompetente de ofício, 
sendo que a hipótese de oposição de exceção de incompetência está contemplada pelo art. 110. 
De decisão que conclui pela competência do juízo não há recurso previsto. Caso a parte entenda ser 
incompetente o juízo, cabe alegá-lo em exceção de incompetência, habeas corpus ou mesmo em 
apelação, de acordo com o momento processual. 
 
4 
 
Cabe observar que, no rito especial do júri, da decisão que desclassifica a infração para outro crime 
não doloso contra a vida, a maioria da doutrina entende que cabe recurso em sentido estrito com 
fundamento neste dispositivo. 
c) Decisão que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição (art. 581, III, do CPP) 
Segundo o disposto no art. 95 do CPP, poderão ser opostas exceções de suspeição, incompetência 
de juízo, litispendência, ilegitimidade de parte e coisa julgada: 
– suspeição: nos casos previstos no art. 254 do CPP. Ressalte-se que além da suspeição do juiz pode 
ser oposta exceção de suspeição dos membros do Ministério Público, peritos, intérpretes, 
serventuários ou funcionários da justiça, e ainda dos jurados, no Tribunal do Júri. 
Atenção: em qualquer caso da decisão que acolhe a exceção de suspeição não cabe qualquer 
recurso. É ressalva expressa do inciso em comento; 
– incompetência: as hipóteses de incompetência já foram tratadas no tópico precedente. Cabe 
apenas ressaltar que se a incompetência for declarada de ofício, o recurso deve ter como 
fundamento o inciso anterior (inc. II). Mas, se a parte opuser exceção de incompetência e o juiz, 
acolhendo a exceção, declarar-se incompetente, o fundamento correto é o inciso em estudo (inc. 
III); 
– litispendência: refere-se à pendência de outro processo, com as mesmas partes, causa de pedir e 
pedido. Entende a doutrina que, na seara penal, basta para caracterizar litispendência que o réu 
esteja sendo processado pelo mesmo fato; 
– ilegitimidade de parte: refere-se à ilegitimidade ad causam ou ad processum. Em qualquer caso, 
oposta e julgada procedente a exceção, cabe recurso em sentido estrito; 
– coisa julgada: refere-se à existência de decisão anterior, já transitada em julgado, em processo em 
que o mesmo réu foi julgado pelo mesmo fato. 
Nos casos supra, se o juiz julgar procedente a exceção oposta pelo réu, poderá o autor da ação 
interpor recurso em sentido estrito. Ressalve-se que não há recurso da decisão que julga procedente 
a exceção de suspeição. 
Da decisão que rejeita qualquer das exceções também não cabe qualquer recurso. É possível, no 
entanto, à defesa, alegar a matéria em habeas corpus ou ainda em apelação, conforme o momento 
processual. 
 
 
5 
 
d) Decisão que pronunciar o réu (art. 581, IV, do CPP) 
A sentença de pronúncia tem lugar sempre que o juiz se convencer da existência do crime e de 
indícios suficientes de sua autoria. Sendo acolhida a acusação, o réu será levado a julgamento pelo 
Tribunal do Júri. 
Quando, por outro lado, o juiz não se convencer da existência de crime e de indícios de autoria 
deverá proferir sentença de impronúncia, que desafia, no entanto recurso de apelação,bem como 
a sentença de absolvição sumária (art. 416 do CPP). 
 
e) Decisão que conceder, negar, arbitrar, cassar, julgar inidônea a fiança ou, ainda, que julgá-la 
quebrada ou perdido o seu valor, que indeferir requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, 
que relaxar a prisão em flagrante ou que conceder liberdade provisória (art. 581, V e VII, do CP) 
Os incs. V e VII serão abordados conjuntamente, posto que ambos dizem respeito a decisões 
relativas às prisões processuais e à liberdade provisória. 
Dividiremos o estudo em quatro tópicos: 
fiança; 
liberdade provisória sem fiança; 
prisão preventiva; 
 prisão em flagrante; 
Cumpre destacar que a acusação terá interesse de recorrer da decisão que conceder ou arbitrar a 
fiança. 
Já a defesa recorrerá da decisão que negá-la, arbitrá-la em valor excessivamente elevado, julgá-la 
inidônea, quebrada ou perdida. 
Observe-se que, nas hipóteses de interesse da defesa, embora o recurso expressamente previsto 
para o caso seja o recurso em sentido estrito, é adequada também a impetração de habeas corpus, 
uma vez que, em todas elas há arbitrário prejuízo à liberdade de locomoção. A seguir, vejamos cada 
uma das hipóteses: 
e.1) Casos relacionados à fiança serão recorríveis em sentido estrito as seguintes decisões: 
 
6 
 
– que conceder fiança (desde que seja concedida pelo juiz e não pela autoridade policial). A 
autoridade policial pode conceder liberdade provisória no caso de crime apenado com detenção. Se 
o fizer, a decisão é irrecorrível. Já se o crime for apenado com reclusão, apenas ao juiz cabe a 
concessão da liberdade provisória com arbitramento de fiança. É dessa decisão que cabe recurso 
em sentido estrito. 
– que arbitrar fiança (desde que seja arbitrada pelo juiz e não pela autoridade policial). Tendo sido 
concedida a fiança, é possível às partes se insurgirem contra o valor arbitrado: a acusação por 
considerá-lo injustificadamente reduzido, e a defesa por julgá-lo demasiadamente elevado. 
Se a fiança for arbitrada pela autoridade policial, o que é possível para os crimes apenados com 
detenção, da decisão não cabe qualquer recurso. 
Se, no entanto, o delegado de polícia arbitrá-la em valor tão elevado que inviabilize o seu 
pagamento e, portanto, obrigue o agente a ser mantido na prisão, é possível a impetração 
de habeas corpus (com fundamento no art. 648, V, do CPP, pois arbitrá-la de forma a impossibilitar 
o seu pagamento equivale a negá-la). 
Já quando a fiança for fixada pelo juiz, contra a decisão é interponível o recurso em sentido estrito. 
E se juiz fixá-la em valor demasiadamente alto? Nesse caso, pode a defesa optar entre o recurso 
em sentido estrito e o habeas corpus. 
– que negar fiança (desde que seja negada pelo juiz e não pela autoridade policial). Vale aqui a 
mesma observação já feita no parágrafo anterior. Se a liberdade provisória for negada pela 
autoridade policial não há recurso cabível, podendo o prejudicado impetrar habeas corpus, com 
base no art. 648, V, do CPP (Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal) em face do injusto 
constrangimento à sua liberdade de locomoção. Se, por outro lado, o juiz negar ao preso o direito à 
liberdade provisória com arbitramento de fiança, aí sim o caso é de interposição de recurso em 
sentido estrito. 
– que cassar a fiança. Conforme os arts. 338 e 339 do CPP, a fiança poderá ser cassada pelo juiz 
quando tiver sido concedida em situação que não a comporta, ou quando, em virtude da nova 
classificação do delito, for reconhecida a existência de crime inafiançável. 
– que julgar inidônea a fiança. A fiança será julgada inidônea quando a autoridade tomar, por 
engano, fiança insuficiente; quando houver depreciação material ou perecimento dos bens 
hipotecados ou caucionados ou ainda quando for inovada a classificação do delito. Em todos esses 
casos será exigido reforço da fiança, e dessa decisão cabe o recurso em sentido estrito. 
– que julgar quebrada a fiança. A concessão da fiança gera para o afiançado a obrigação de 
comparecer perante a autoridade todas as vezes que for intimado. Caso deixe de fazê-lo, 
 
7 
 
injustificadamente, será considerada quebrada a fiança. O mesmo acontecerá se mudar de 
residência, sem prévia autorização da autoridade competente, quando não for alguém admitido a 
prestar fiança, nos casos em que a lei a autoriza, ausentar-se por mais de oito dias de sua residência 
sem comunicar à autoridade o lugar em que será encontrado, ou, ainda, se, na vigência da fiança, 
praticar outra infração penal. O quebramento da fiança só pode ser decretado pela autoridade 
judiciária, e contra tal decisão cabe recurso em sentido estrito. 
– que julgar perdida a fiança. O valor da fiança será perdido, na sua totalidade, se, condenado, o réu 
não se apresentar à prisão. 
e.2) Casos relacionado à liberdade provisória sem fiança: no que se refere à liberdade provisória 
sem fiança, caberá recurso em sentido estrito da decisão que conceder liberdade provisória sem 
fiança. O Código de Processo Penal não estabelece quais são os crimes afiançáveis, apenas os 
inafiançáveis nos arts. 323 e 324 do CPP. Observe-se que se a liberdade provisória sem fiança for 
negada não cabe recurso em sentido estrito, por falta de previsão legal, e sim habeas corpus. 
e.3) Casos relacionados à prisão em flagrante: É cabível recurso em sentido estrito da decisão 
que relaxar a prisão em flagrante. 
Caso o pedido de relaxamento de prisão em flagrante seja negado, não é possível a interposição de 
recurso em sentido estrito, por falta de previsão, cabendo a impetração de habeas corpus. 
e.4) Casos relacionados à prisão preventiva: É cabível recurso em sentido estrito da decisão 
que indeferir requerimento de decretação da preventiva ou da que revogar a preventiva já 
decretada. 
Da decisão que deferir o requerimento, vale dizer, que efetivamente decretar a prisão preventiva, 
não cabe recurso em sentido estrito por falta de expressa previsão legal. Também não cabe recurso 
da decisão que indeferir o pedido de revogação da prisão. Nos dois casos, no entanto, é possível a 
impetração de habeas corpus. 
f) Decisão que julgar extinta a punibilidade ou indeferir o pedido de extinção da punibilidade (art. 
581, VIII e IX, do CPP) 
Ambos os incisos serão abordados conjuntamente, posto que versam sobre a mesma matéria, qual 
seja, a extinção da punibilidade. 
As causas de extinção da punibilidade estão, em sua maioria, previstas no art. 107 do CP e podem 
sobrevir tanto durante o processo de conhecimento quanto durante a execução da pena. 
 
8 
 
Está claro que só caberá recurso em sentido estrito se a decisão relativa à extinção da punibilidade 
for proferida durante o processo de conhecimento, pelo juiz da causa, pois caso o seja durante o 
processo de execução o recurso cabível é o agravo em execução. 
Tanto da decisão que indefere o pedido de extinção da punibilidade quanto da que declara extinta 
a punibilidade cabe o recurso em sentido estrito. 
No entanto, há duas exceções: a primeira, quando, na sentença, o juiz ao mesmo tempo repudia o 
argumento de extinção da punibilidade e condena o réu. Nesse caso, há uma sentença condenatória 
da qual cabe recurso de apelação, por força do art. 593, § 4.º, do CPP. 
Ou então, na fase logo após o oferecimento, pelo réu, da resposta à acusação, o juiz, acolhendo a 
tese de extinção da punibilidade, absolve sumariamente o acusado (art. 397 do CPP). Aqui houve 
uma sentença de absolvição, que comporta, portanto, apelação (embora tal entendimento não seja 
pacífico). 
 
g) Decisão que conceder ou negar habeas corpus (art. 581, X, do CPP) 
Da concessão de habeas corpus o juiz deve, obrigatoriamente, recorrer de ofício, o que não impede,no entanto, o recurso voluntário, que pode ser tanto do Ministério Público quanto do ofendido ou 
seu representante legal (nos crimes de ação penal privada). Quando, por outro lado, o magistrado 
denegar a ordem de habeas corpus, cabe recurso em sentido estrito a ser interposto pelo paciente, 
sempre por meio de advogado. 
Sempre que a decisão do HC seja proferida por juízo de primeiro grau, pois se for proferida pelo 
Tribunal o recurso correto é o Recurso Ordinário Constitucional. 
 
h) Decisão que anular a instrução criminal, no todo ou em parte (art. 581, XIII, do CPP) 
É cabível a interposição de recurso em sentido estrito da decisão que anular o processo da instrução 
criminal, no todo ou em parte. A nulidade pode ter sido declarada de ofício ou a requerimento de 
qualquer das partes. 
Caso o juiz indefira o pedido de anulação do processo não é cabível o recurso em questão. Nessa 
hipótese pode o acusado impetrar ordem de habeas corpus, com fundamento no art. 648, VI, ou, 
ainda, pode a parte prejudicada arguir a nulidade em recurso de apelação. 
 
9 
 
- Polastri - entende, que como não há previsão legal de recurso para aquela decisão que determina 
o desentranhamento de uma prova ilícita, e que tal ato jurisdicional está anulando uma parte da 
instrução criminal, também seria cabível Recurso em Sentido Estrito. 
 
i) Decisão que incluir ou excluir jurado da lista geral (art. 581, XIV, do CPP) 
Cabe recurso em sentido estrito da decisão que alterar a lista de jurados. A lista geral de jurados 
será publicada em outubro de cada ano e poderá ser alterada de ofício ou mediante reclamação de 
qualquer do povo ao juiz presidente até o dia 10 de novembro, data de sua publicação definitiva. 
Controvérsia: 
Da decisão que incluir ou excluir jurado da lista geral, caberá recurso em sentido estrito, 
determinando o art. 586 § único, que o prazo para a impugnação – neste caso – será de 20 dias, 
contado da data da publicação definitiva da lista de jurados. 
Em face dessa possibilidade de reclamação – art. 426 § 1º CPP - instituída pela Lei 11.689/2008, 
parte considerável da doutrina vem entendendo que não cabe mais o recurso em sentido estrito 
nessa hipótese (por todos, Fernando Capez, Curso de Processo Penal, 19.ª ed, São Paulo: Saraiva, 
2012, p. 792). 
 
j) Decisão que denegar a apelação ou julgá-la deserta (art. 581, XV, do CPP) 
A denegação da apelação refere-se à ausência dos requisitos de admissibilidade recursal, que são, 
basicamente: 
– tempestividade: deve-se verificar se a apelação foi proposta dentro do quinquídio legal. Caso 
contrário, deverá ser denegada por intempestividade; 
– adequação: deve-se verificar se a apelação era o recurso adequado para combater a decisão, 
lembrando que, de acordo com o princípio da fungibilidade recursal (art. 579 do CPP), a parte não 
será prejudicada pela interposição de um recurso por outro, salvo no caso de comprovada má-fé. 
Entende ainda a jurisprudência que, para ser admitido o recurso incorreto, é imprescindível que o 
prazo do recurso adequado tenha sido observado; 
– legitimidade: deverá ser verificado se a parte recorrente tem legitimidade e interesse para tanto. 
 
10 
 
Será também cabível o recurso em sentido estrito da decisão que julgar deserta a apelação, o que 
ocorre quando o recorrente deixa de pagar o preparo. Observe-se que a necessidade de preparo 
varia entre os Estados da federação. No Estado de São Paulo, segundo a Lei Estadual 11.608/2003, 
só se exige preparo para recorrer no caso de apelação da acusação nas ações privadas, e, ainda 
assim, exclusivamente para a apelação do querelante. 
OBS.: 
Até a entrada em vigor da Lei 11.719/2008, era pressuposto de admissibilidade da apelação o 
recolhimento do réu à prisão, salvo se fosse primário e de bons antecedentes. 
Além disso, o art. 595 previa a hipótese de deserção da apelação quando o réu fugia após haver 
apelado. A jurisprudência, entretanto, já vinha afastando o texto da Lei, para pôr em relevo o 
princípio constitucional do duplo grau de jurisdição, que não pode ser limitado pela exigência da 
perda da liberdade, entendimento consolidado na Súmula 347 do STJ. 
A supracitada lei, pondo-se de acordo com a jurisprudência, revogou o art. 594, que elevava o 
recolhimento à prisão à categoria de pressuposto recursal. 
De modo que, mesmo sendo legítima a prisão, não pode o juiz negar-se a receber a apelação sob o 
argumento de que o condenado está foragido. 
Pela mesma razão também não podia mais subsistir a decretação de deserção quando o réu foge 
após haver apelado. 
Por fim a lei 12.403/2011 terminou por revogar expressamente o artigo 595 do CPP, eliminando por 
completo a possibilidade de deserção pela fuga. 
 
k) Decisão que ordenar a suspensão do processo por questão prejudicial (art. 581, XVI, do CPP) 
As questões prejudiciais são tratadas nos arts. 92 e 93 do CPP. 
O primeiro cuida das prejudiciais obrigatórias: se a decisão sobre a existência da infração depender 
da solução de controvérsia sobre o estado civil das pessoas, o curso da ação penal ficará suspenso 
até que no juízo cível seja a controvérsia dirimida por sentença passada em julgado. 
O segundo trata de prejudicial facultativa: se o reconhecimento da existência da infração penal 
depender de decisão sobre questão diversa da prevista no artigo anterior, da competência do juízo 
cível, e nesse houver sido proposta ação para resolvê-la, o juiz criminal poderá, desde que essa 
 
11 
 
questão seja de difícil solução e não verse sobre direito cuja prova a lei civil limite, suspender o curso 
do processo. 
Da decisão que determinar a suspensão cabe o recurso em sentido estrito. 
Há entendimento doutrinário sustentando também ser possível a interposição do mencionado 
recurso quando for determinada a suspensão do processo por outra razão, como, por exemplo, para 
o cumprimento de carta rogatória e quando o réu, citado por edital, não apresenta resposta à 
acusação. 
l) Decisão do incidente de falsidade (art. 581, XVIII, do CP) 
O incidente de falsidade encontra-se disciplinado nos art. 145 e ss. do CPP e será instaurado sempre 
que qualquer das partes arguir, por escrito, a falsidade de documento constante dos autos. 
 O juiz, então, mandará autuar em apartado a impugnação, ouvirá a parte contrária em 48 horas; 
assinará o prazo de três dias, sucessivamente, para as partes provarem as suas alegações; ordenará 
as diligências que julgar necessárias e, por fim, decidirá pela procedência ou não do pedido. 
Julgado procedente ou improcedente o pedido, caberá recurso em sentido estrito. 
Caso seja reconhecida a falsidade, após transitada em julgado a decisão será o documento 
desentranhado dos autos e remetido, com o processo incidente, ao Ministério Público. 
Observe-se que da decisão final nos demais processos incidentes (por exemplo, o pedido de 
restituição de coisas apreendidas, pedido de sequestro ou especialização de hipoteca legal) não 
cabe recurso em sentido estrito, por falta de expressa previsão legal. 
m) Decisão que suspender cautelarmente a permissão ou habilitação para dirigir ou proibição de 
sua obtenção ou indeferir o requerimento para suspensão (art. 294, parágrafo único, da Lei 
9.503/1997 – Código de Trânsito Brasileiro) 
O dispositivo em epígrafe estabelece que, em qualquer fase da investigação criminal ou da ação 
penal, o juiz pode decretar a suspensão cautelar da permissão ou habilitação para dirigir veículo 
automotor ou a proibição de sua obtenção. A medida, entretanto, deve ser tomada apenas em caso 
de comprovada necessidade para garantia da ordem pública. Deve ainda o magistrado 
obrigatoriamente motivar sua decisão, aludindo, no caso concreto, aos elementos que tornamnecessária a providência, nos moldes preconizados pela lei. Caso contrário, é possível a interposição 
de recurso em sentido estrito. Também será interponível o recurso em apreço quando o magistrado 
indeferir o requerimento do Ministério Público para suspensão. 
 
12 
 
n) Decisão de arquivamento da representação (art. 6.º, parágrafo único, da Lei 1.508/1951 – que 
regula as contravenções relativas a “jogo do bicho” e jogo sobre corrida de cavalo fora do 
hipódromo) 
Reza o dispositivo supra que, quando qualquer do povo provocar a iniciativa do Ministério Público, 
a representação (na verdade é mera notitia criminis) será enviada ao Promotor Público e, se for 
arquivada, cabe ao seu autor oferecer recurso em sentido estrito. 
o) Despacho concessivo ou denegatório de prisão preventiva ou afastamento do cargo (art. 2.º, 
III, do Dec.-lei 201/1967 – que dispõe sobre os crimes de responsabilidade de prefeitos e 
vereadores) 
Nos crimes previstos no diploma legal em epígrafe, o juiz, ao receber a denúncia, manifestar-se-á, 
obrigatória e motivadamente, sobre a prisão preventiva do acusado (no caso dos crimes de 
apropriação ou desvio de bens ou rendas públicas e no de utilização indevida de bens, rendas ou 
serviços públicos) e, em todos os casos, sobre o afastamento do exercício do cargo durante a 
instrução criminal. Dessas decisões caberá recurso em sentido estrito. 
 
Competência 
A regra é que o recurso em sentido estrito seja interposto perante o juízo de primeiro grau que 
proferiu a decisão recorrida. 
Recebido o recurso serão intimados, sucessivamente, recorrente e recorrido para apresentarem 
razões ou contrarrazões. Nada obsta, entretanto, que o recorrente ofereça suas razões já no 
momento da interposição. 
Quanto à necessidade de intimação do réu para apresentar contrarrazões do recurso em sentido 
estrito interposto contra a decisão que rejeita a denúncia ou a queixa, havia forte controvérsia na 
jurisprudência. 
Isto porque se defendia o entendimento de que, não havendo ainda relação processual 
regularmente instaurada (uma vez que não havia sido recebida a inicial), é descabida a manifestação 
daquele que sequer é parte do processo. 
No entanto, a Súmula 707 do STF pacificou a questão instituindo que: “constitui nulidade a falta de 
intimação do denunciado para oferecer contrarrazões ao recurso interposto da rejeição da 
denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo”. 
 
13 
 
Como ocorre na apelação, as razões e contrarrazões do recurso em sentido estrito, embora juntadas 
em primeira instância, devem ser já dirigidas ao Tribunal competente para conhecer e julgar o 
recurso. 
No entanto, ao contrário do que acontece com o recurso de apelação, aqui não há possibilidade de 
juntarem-se as razões recursais diretamente em segunda instância. Isso porque o juiz de primeiro 
grau tem a oportunidade de retratar-se, ou seja, o juiz pode tanto manter quanto reformar o 
despacho recorrido. 
De fato, é o juízo de retratação a nota distintiva e específica do recurso em sentido estrito. 
Se o juiz mantiver sua decisão, só então deve remeter os autos à superior instância para que seja 
novamente apreciado o mérito do recurso. 
Se reformá-la, por outro lado, pode, com isso, causar prejuízo à parte contrária. Nesse caso, se a 
nova decisão comportar também recurso em sentido estrito cabe à parte prejudicada recorrer por 
simples petição que subirá independentemente de novos arrazoados. 
Sintetizando, o quadro é o seguinte: 
INTERPOSIÇÃO endereçada ao juiz da Vara Criminal – juízo de retratação. 
RAZÕES 
a) dirigidas ao tribunal ad quem; 
b) anexas à interposição, endereçadas ao juiz a quo; 
c) anexas à petição de juntada, endereçadas ao juiz a quo. 
CONTRARRAZÕES 
a) dirigidas ao tribunal ad quem; 
b) anexas à petição de juntada, endereçadas ao juiz a quo. 
O recurso da decisão que incluir jurado na lista geral ou dela o excluir será interposto perante o juiz 
que promoveu a inclusão ou exclusão e as razões endereçadas ao Desembargador Presidente do 
Tribunal de Justiça. 
 
Legitimidade 
Somente poderá interpor recurso em sentido estrito a parte prejudicada pela decisão recorrida. 
 
14 
 
Assim, determinadas decisões são recorríveis somente pela acusação, outras apenas pela defesa, 
outras ainda das quais tanto defesa quanto acusação podem recorrer e, por fim, há casos 
expressamente definidos em que o assistente da acusação também pode interpor recurso em 
sentido estrito. 
Assistente de Acusação - cabem duas observações: à maneira do que acontece com o recurso de 
apelação, o assistente pode recorrer em sentido estrito mesmo quando ainda não tenha se 
habilitado no processo. 
Ademais, o recurso do assistente é sempre de caráter supletivo, ou seja, só pode ser interposto se 
o Ministério Público não tiver recorrido. Caso contrário, cabe ao assistente apenas arrazoar o 
recurso ministerial. 
 
Prazo 
O prazo para a interposição do recurso em sentido estrito é, em regra, de cinco dias. As exceções 
são: 
a) o recurso da decisão que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir, cujo prazo é de 20 dias; 
b) recurso interposto supletivamente pelo assistente da acusação: prazo de 15 dias a contar do final 
do prazo do Ministério Público. 
Quanto ao termo inicial do prazo e sua contagem, vale a regra geral do art. 798 do CPP: inicia-se o 
prazo na data da audiência, se a decisão for aí proferida e a parte estiver presente; na data em que 
a parte manifestar nos autos ciência inequívoca da decisão ou na data da intimação. 
Conta-se excluindo o dia do começo e incluindo o do final. Reza ainda a Súmula 310 do STF que se 
a intimação tiver lugar na sexta-feira o prazo terá início na segunda-feira imediata, salvo se não 
houver expediente, caso em que começará no primeiro dia útil que se seguir. 
As razões podem ser oferecidas dentro do prazo máximo de dois dias. É majoritário na doutrina e 
na jurisprudência o entendimento de que é imprescindível a intimação do recorrente para 
apresentar razões, correndo a partir daí o prazo assinado pela lei. Em seguida, deverá ser intimado 
o recorrido para, em igual prazo, apresentar suas contrarrazões. 
 
 
 
15 
 
Teses e requerimentos 
Na interposição deve-se requerer: 
a) o recebimento e processamento do recurso; 
b) o juízo de retratação nos termos do art. 589 do CPP e caso o magistrado entenda que deve manter 
da decisão; 
 c) a remessa do recurso ao tribunal de justiça ou tribunal regional federal. 
 
AGRAVO EM EXECUÇÃO 
Art. 197 da Lei 7.210/1984 
Na sistemática do direito brasileiro, a partir da reforma realizada em 1984, separou-se, no âmbito 
do processo penal, a ação de conhecimento da ação de execução. 
A Ação de Conhecimento vai da denúncia até o trânsito em julgado da sentença definitiva. Corre, 
em primeira instância, perante uma das varas criminais e junto ao Tribunais, submetendo-se, em 
regra, às normas estabelecidas no Código de Processo Penal e legislação extravagante. 
O processo de execução, por sua vez, inicia-se a partir do trânsito em julgado da sentença penal 
condenatória e vai até o fim do cumprimento da pena. Corre, em primeira instância, perante uma 
vara de execução e submete-se aos preceitos insculpidos na Lei de Execução Penal (Lei 7.210/1984). 
 
O legislador, ao promover a separação do processo de execução, criou também um novo recurso 
no processo penal, cabível especificamente nas decisões proferidas pelo juiz da execução. É o que 
consta expressamente do art. 197 da Lei 7.210/1984: “Das decisões proferidas pelo juiz [da 
execução, portanto] caberá agravo”. 
 
Ao contrário do que acontece com o recurso em sentido estrito, não prevê a leium rol taxativo das 
decisões que desafiam o agravo. 
 
16 
 
Toda e qualquer decisão proferida pelo juiz da execução enseja a interposição do recurso em 
questão. Portanto, basta que a decisão emane do juiz da execução e que o agravo seja interposto 
tempestivamente. 
 Assim, a título meramente ilustrativo e exemplificativo, arrolaremos a seguir uma série de decisões 
que, por serem de competência do juiz da execução (conforme o disposto no art. 66 da Lei de 
Execução), ensejam o recurso de agravo em execução. 
É muito importante que o candidato não cometa alguns equívocos comuns: 
– decisão do juiz da execução é passível de agravo em execução, não RESE; 
– o prazo para o agravo em execução é de 5 dias (Súmula 700 do STF). 
 
a) Decisão que aplicar ou deixar de aplicar lei posterior mais favorável 
A possibilidade da novatio legis in mellius está prevista no art. 2.º, parágrafo único, do CP e beneficia 
até mesmo o réu condenado por sentença já transitada em julgado. O pedido de aplicação de lei 
nova mais benéfica, depois do trânsito em julgado da sentença condenatória, deve ser feito, em 
regra, por petição ao juiz da execução e, se for negada, interpõe-se agravo, conforme o disposto na 
Súmula 611 do STF. 
b) Decisão que declarar ou deixar de declarar extinta a punibilidade 
Trata-se aqui, evidentemente, da hipótese de causa de extinção da punibilidade já na fase de 
execução. 
Das decisões sobre extinção da punibilidade proferidas durante o processo de conhecimento, como 
já se viu, cabe recurso em sentido estrito ou apelação, dependendo do caso. 
As causas de extinção da punibilidade que atingem o processo de execução são: morte do agente 
(art. 107, I, do CP); anistia, graça ou indulto (art. 107, II, do CP, sendo que as duas últimas só podem 
ocorrer na execução); abolitio criminis (art. 107, III, do CP); prescrição da pretensão executória (art. 
107, IV, do CP); o término de cumprimento da pena; o fim do prazo do sursis (art. 82 do CP) e do 
livramento condicional (art. 90 do CP) sem que tenha havido revogação. 
Em todos esses casos o pedido deve ser feito ao juiz da execução e, se este o negar, caberá recurso 
de agravo. 
 
 
17 
 
c) Decisão que conceder ou negar unificação das penas 
Poderá haver unificação das penas em duas hipóteses: na prevista no art. 75 do CP (quando a soma 
das penas ultrapassar 30 anos) e na prevista nos arts. 70 e 71 do mesmo diploma (concurso formal 
de infrações e crime continuado). 
Na hipótese de concurso formal, determina a lei processual (art. 77 do CPP) que os vários crimes 
que o formam sejam, na fase de conhecimento, reunidos em um só processo, em virtude da 
continência por cumulação objetiva. 
Já o crime continuado, por uma ficção jurídica, é considerado uma unidade delitual, de modo que 
todos os eventos que compõe a cadeia de continuação delitiva devem ser objeto de um mesmo 
processo, firmando-se a competência, quando envolvidas duas ou mais jurisdições, pela prevenção 
(art. 71 do CPP). 
Se assim for feito, tanto no concurso formal próprio quanto no crime continuado, o juiz da causa, 
na sentença, irá desde logo dosar a pena por exasperação. Aplica-se a pena de um só dos crimes, 
se idênticas, ou da mais grave, e eleva-se de um sexto até dois terços, ou, no caso de crime 
continuado qualificado, eleva-se até o triplo. 
Mas o fato é que, nessas situações, se por qualquer razão forem instaurados processos distintos e 
que já tenham sentença, a unificação das penas (ou seja, o reconhecimento do concurso formal ou 
do crime continuado bem como a fixação da pena por exasperação) será feita pelo juiz das 
execuções (art. 82 do CPP). 
d) Decisão que conceder ou negar progressão ou regressão de regime 
A progressão de regime é corolário do princípio constitucional da individualização da pena (art. 5.º, 
XLVI, da CF/1988). 
Seus requisitos estão contidos no art. 112 da Lei de Execução Penal (cumprimento de ao menos 1/6 
da pena em regime anterior e bom comportamento carcerário) e também no art. 2.º, § 2.º, da Lei 
8.072/1990 (no caso de crimes hediondos ou equiparados exige-se o cumprimento de 2/5 da pena, 
para o criminoso primário, e 3/5, para o reincidente). 
Desta forma, tornou-se inaplicável a Súmula 698 do STF (“Não se estende aos demais crimes 
hediondos a admissibilidade de progressão no regime de execução da pena aplicada ao crime de 
tortura”), uma vez que atualmente todos os crimes hediondos ou equiparados admitem progressão 
de regime prisional. 
 
18 
 
O fato é que, antes mesmo da alteração legislativa que passou a permitir a progressão meritória aos 
crimes hediondos (Lei 11.464/2007), o próprio Supremo Tribunal Federal já havia declarado a 
inconstitucionalidade do regime integral fechado, em julgamento ocorrido em 23.02.2006 (HC 
82.959). Discutia-se, no entanto, se a decisão da Suprema Corte poderia ter efeitos erga omnes, 
posto que derivada de controle difuso de constitucionalidade. Com a entrada em vigor da lei 
11.464/2007, não há mais qualquer dúvida de que os condenados por crimes hediondos ou 
equiparados fazem jus à progressão de regime, desde que apresentem bom comportamento 
carcerário e cumpram a quantidade de pena fixada pelo legislador. 
Importa notar que a Lei 11.464/2007 constitui novatio legis in pejus e desta feita não retroage. Isso 
porque, antes da sua edição já era permitida, jurisprudencialmente, a progressão de regime e, na 
falta de qualquer previsão específica, aplicava-se o prazo do art. 112 da Lei de Execução Penal, qual 
seja, 1/6. Depois da Lei, passou a ser exigido o prazo de 2/5. Por isso consolidou-se o entendimento 
de que o prazo mais dilatado só se aplica aos crimes hediondos ou equiparados, praticados depois 
da edição da Lei. Para os crimes anteriores, continua vigorando o prazo de 1/6. 
É o teor da Súmula 471 do STJ. 
Ainda sobre o tema da progressão de regime, é interessante conhecer o teor de duas outras súmulas 
do STJ. 
A Súmula 491 consolidou o entendimento de que é inadmissível a progressão por saltos, ou seja, a 
passagem direta do regime fechado ao aberto. 
A Súmula 534 firmou posição de que a prática de falta grava interrompe a contagem do prazo para 
a progressão de regime. 
A regressão, por sua vez, encontra assento no art. 118 da Lei de Execução Penal e só pode ser 
determinada quando o condenado “praticar fato definido como crime doloso ou falta grave”, ou 
“sofrer condenação, por crime anterior, cuja pena, somada ao restante da pena em execução, torne 
incabível o regime”. 
Além disso, o condenado será transferido do regime aberto para outro mais rigoroso se frustrar os 
fins da execução ou não pagar a multa cumulativamente imposta. 
e) Decisão que conceder ou negar detração ou remição da pena 
A detração está prevista no art. 42 do CP e consiste no cômputo, na pena privativa de liberdade e 
na medida de segurança, do tempo de prisão provisória ou de internação. Já a remição tem previsão 
nos arts. 126 e ss. da Lei de Execução Penal e trata do abatimento de um dia de pena a cada três 
 
19 
 
dias trabalhados. Caso o juiz decrete a perda do tempo remido (art. 127 da Lei de Execução Penal), 
também poderá a parte agravar da decisão (art. 197 da Lei de Execução Penal). 
f) Decisão que revogar o sursis 
Como já exposto, em regra o sursis será concedido ou negado no momento da sentença e, nesse 
caso, da decisão cabe apelação. A revogação do benefício, no entanto, é da competência do juiz da 
execução. Dessa decisão, portanto, cabe agravo. As hipóteses de revogação da suspensão 
condicional da pena estão previstas no art. 81, caput e § 1.º, do CP (revogação obrigatória e 
facultativa, respectivamente). Caso o condenado entenda não estarem presentesas causas que 
ensejam a revogação, deve interpor agravo em execução. 
g) Decisão que conceder, negar, revogar ou deixar de revogar livramento condicional 
O livramento condicional é disciplinado pelos arts. 83 e ss. do CP e 131 e ss. da Lei de Execução 
Penal. Preenchidos os requisitos estabelecidos no citado art. 83, impõe-se a concessão do 
livramento, que é direito subjetivo do condenado. No entanto, pode este ser revogado nas 
hipóteses dos arts. 86 e 87 do CP. Contra qualquer dessas decisões, necessariamente proferidas 
pelo juiz da execução, cabe o recurso de agravo (e não recurso em sentido estrito, como consta do 
art. 581, XII, do CPP). 
A respeito do tema merece destaque a Súmula 441 do STJ, segundo a qual a prática de falta grave 
não interrompe a contagem do prazo para o livramento condicional. 
Competência 
A Lei 7.210/1984, ao criar o agravo em execução, não estabeleceu qualquer rito para o 
processamento desse recurso. 
Destarte, séria controvérsia instaurou-se na doutrina, parte entendendo que o processamento 
deveria ser o mesmo do agravo de instrumento, parte defendendo que deveria ser o mesmo do 
recurso em sentido estrito. 
Esta última posição é a que prevalece, sendo acolhida de forma pacífica pela jurisprudência. 
Portanto, todos os comentários feitos no capítulo relativo ao recurso em sentido estrito aplicam-se 
de forma idêntica ao agravo. 
Resumindo: o agravo deve necessariamente ser interposto perante o juiz da execução, que proferiu 
a decisão recorrida. Após recebido o recurso deverão ser intimados agravante e agravado, tendo 
 
20 
 
cada qual o prazo de dois dias para apresentar suas razões e contrarrazões (embora o agravante 
possa apresentá-las já no ato da interposição). 
Assim como ocorre com o recurso em sentido estrito, no agravo, o juiz também pode reformar a 
sua própria decisão (juízo de retratação) e por isso não há a possibilidade de juntarem-se as razões 
diretamente em segunda instância. Se decidir mantê-la, apenas então deve remeter os autos ao 
tribunal competente. Caso se retrate e a nova decisão cause prejuízo a alguma das partes, cabe a 
ela recorrer por simples petição, independentemente do oferecimento de novas razões ou 
contrarrazões. 
É importante notar que, em sede de execução, ainda que se trate de crime de competência federal, 
caso o preso esteja cumprindo pena em presídio estadual, sua execução estará a cargo da vara das 
execuções criminais estaduais. 
 
Sintetizando, o quadro é o seguinte: 
INTERPOSIÇÃO endereçada ao juiz da execução – juízo de retratação 
RAZÕES 
a) dirigidas ao tribunal ad quem 
b) anexas à interposição, endereçada ao juiz a quo 
c) anexas à petição de juntada endereçada ao juiz a quo 
CONTRARRAZÕES 
a) dirigidas ao tribunal ad quem 
b) anexas à petição de juntada endereçada ao juiz a quo 
Legitimidade 
Podem interpor o agravo em execução o Ministério Público e o próprio condenado (por meio de 
advogado, evidentemente). 
Ainda que a ação de conhecimento tenha sido privada, como já visto, a execução inaugura nova 
relação jurídica e desta o querelante não faz parte; portanto, não tem legitimidade para pleitear 
nada perante o juiz da execução e muito menos para recorrer de suas decisões. 
Também não há, na execução, a figura do assistente da acusação. 
 
21 
 
Ainda, o Conselho Penitenciário, embora seja órgão da execução, não tem legitimidade recursal. 
Em suma: só podem agravar o Ministério Público e o condenado, desde que haja, evidentemente, 
interesse, ou seja, desde que a decisão cause prejuízo ao Estado ou ao sentenciado, 
respectivamente. 
Prazo 
Como já exposto, pacificou-se na jurisprudência o entendimento de que o agravo em execução deve 
seguir rito idêntico ao do recurso em sentido estrito. 
 Tanto é assim que o Supremo Tribunal Federal editou a Súmula 700, da qual consta que “é de cinco 
dias o prazo para interposição de agravo contra decisão do juiz da execução penal”, pondo fim a 
qualquer eventual controvérsia que se pudesse criar em face da omissão legislativa. Quanto às 
razões e contrarrazões, da mesma forma que acontece com o recurso em sentido estrito, têm as 
partes dois dias para apresentá-las. 
Teses e requerimentos 
Na interposição deve-se requerer: 
a) o recebimento e processamento do recurso; 
b) o juízo de retratação nos termos do art. 589 do CPP e caso o magistrado entenda que deve manter 
da decisão; 
 c) a remessa do recurso ao tribunal de justiça ou tribunal regional federal. 
Quanto às razões, o recurso de agravo em execução presta-se à reforma de decisões pontuais 
proferidas pelo juiz das execuções. 
A parte, portanto, irá sempre alegar o equívoco da decisão agravada, por contrariar princípio ou 
dispositivo de lei, e requerer a sua reforma, com a concessão do que havia sido antes negado ou 
revogação do que havia sido indevidamente determinado.

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