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FICHAMENTO SOBRE OS TEXTOS: A RECONVERSÃO DO SOCIAL A METROPÓLE BRASILEIRA NAS POLÍTICAS PÚBLICAS SETORIAIS PANORAMA DAS POLÍTICAS DE REDUÇÃO DAS DESIGUALDADES REGIONAIS NO BRASIL O ESTADO DA POLÍTICA E DO PLANEJAMENTO REGIONAL RECENTE

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÀ-UFOPA
PROGRAMA DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS E DESENVOLVIMENTO REGIONAL
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SOCIEDADE - ICS
GESTÃO PÚBLICA
GLENA RAIRA FERREIRA LISBOA
FICHAMENTO SOBRE OS TEXTOS: A RECONVERSÃO DO SOCIAL
 A METROPÓLE BRASILEIRA NAS POLÍTICAS PÚBLICAS SETORIAIS
PANORAMA DAS POLÍTICAS DE REDUÇÃO DAS DESIGUALDADES REGIONAIS NO BRASIL
O ESTADO DA POLÍTICA E DO PLANEJAMENTO REGIONAL RECENTE
SANTARÉM-PARÁ
2014
A RECONVERSÃO DO SOCIAL: dilemas da redistribuição no tratamento focalizado
A política social é uma dimensão necessária da democracia nas sociedades modernas e está estreitamente ligada aos valores da equidade que fundam a legitimidade política e a concepção que as sociedades e os governos tem do seu projeto político e de seu destino.
Assim, a nebulosidade das polêmicas e análises relativas às políticas sociais guardam estreita relação com a construção da política num sentindo mais amplo e expressa clivagens ideológicas que orientam as alternativas e opções de diferentes atores diante do projeto político e de desenvolvimento nacionais, no confronto com as perspectivas do neoliberalismo econômico que entende ‘’mercado’’ como o melhor regulador das relações sociais.
A ideia central que norteia a presente análise é a de que as mudanças que orientam o conjunto das políticas sociais atualmente objetivam, por um lado, reduzir os efeitos adversos do ajuste estrutural (têm, portanto, caráter compensatório)e, por outro, se implantarem à margem da institucionalidade vigente no campo da proteção social.
O CONTEXTO CONTEPORÂNEO
A Natureza do ‘’Social’’ na Modernidade: a ‘’Desmercantilização’’ Parcial da Força de Trabalho
No âmbito institucional, passou-se de um regime baseado na responsabilidade individual e fundado no direito civil para um regime baseado na responsabilidade individual e fundado no direito civil para um regime de solidariedade individual e fundado no direito civil para um regime de solidariedade assentado num contrato social e fundado na noção de direito social(Ewald,1986),através de um conjunto de leis relacionadas às condições do trabalho e à proteção aos trabalhadores que perderam a capacidade do uso da força de trabalho reconvertendo uma noção de responsabilidade, antes restrita ao âmbito individual, para uma noção objetiva de proteção social.	
A perspectiva neoliberal, no entanto, parte do suposto de que é impossível a preservação das regras que orientam a política social no marco da concepção do Estado de Bem-Estar Social, dada a crise fiscal, a excessiva intervenção do estado no mercado e os possíveis estímulos negativos que os dispositivos institucionais geram no âmbito do comportamento dos indivíduos, alimentando, supostamente, comportamentos morais indesejáveis, como ‘’possível parasitismo dos trabalhadores às custas dos esforços da coletividades ou uso clientelístico nas transações’’.
Ciclos de Tratamento do Conflito Social no Brasil
A retomada da questão da pobreza como prioridade da agenda política no Brasil, no final da década de 90, emerge no curso de um processo conflitivo de mudanças, no qual se se distinguem três movimentos e conjunturas distintas nas relações entre estado e sociedade, que expressam movimentos de hegemonia e contra hegemonia entre atores multilaterais e atores nacionais e locais, determinados limites e desafios ao Estado Nacional e à ação pública, especialmente quanto ao tratamento da questão social.
Do ponto de vista governamental, no entanto, o debate restringe-se tecnicamente às ‘’escolhas públicas eficientes’’ em face da restrição dos gastos sociais. Isto significa desenvolver uma inteligência estratégica que intervenha na política social nos limites dos ajustes econômicos, o que na prática implica contrapor as políticas de assistência, o que se contrapõem ao sentido mais amplo da justiça redistributiva e de responsabilidade pública.
Uma Transição Complexa: as Contradições entre Inclusão Política e Exclusão Social
Este processo de transição contém um paradoxo da sociedade brasileira no contexto atual, caracterizado por uma inversão entre o regime político democrático conquistado, que tende a incluir politicamente e ampliar a cidadania, e a dinâmica de uma economia dessocializada, que historicamente produziu as maiores taxas de desigualdades socioeconômicas e hoje levou massivamente à exclusão, negando a cidadania pela destituição dos direitos sociais mínimos num quadro recessivo e de desemprego crescente.
Essa ambivalência entre inclusão e exclusão, em como suas contradições, funda um dos principais dilemas da governabilidade no Brasil, país com uma das mais elevadas taxas de desigualdades: manter a ordem jurídica e política baseada no principio da igualdade básica entre cidadãos, num contexto de ampliação dos direitos políticos, abalados pelas inúmeras desregulações dos direitos sociais, redefinição de compromissos pactuados e aprofundamento das desigualdades no acesso à distribuição de riqueza e aos bens públicos.
DE UM PROJETO CONSTITUCIONAL INCLUSIVO PARA UMA ASSISTÊNCIA MITIGADORA.
A Reversão da Perspectiva Constitucional do Estado Social Inclusiva
No eixo de encaminhamento desse dilema, observa-se a reconversão do tratamento da questão social no Brasil, de uma dimensão de política de inclusão social universalizada e de proteção, voltada para a produção de justiça social, para centrar-se sobre seus efeitos, ou seja, em programas mitigadores, setorializados e focalizados de pobreza.
Ou seja, no contexto atual, desloca-se o centro da política social de uma dimensão de redistribuição da riqueza para o tratamento compensatório dos seus efeitos. Como analisa Lautier (1999), desvinculando a pobreza dos seus determinantes estruturais, separam-se os indivíduos submetidos a essa condição dos seus lugares no sistema produtivo.
Esta transição tem levado alguns analistas e entenderem a situação que se aprofunda na segunda metade dos anos 90 como mais uma “década perdida’’, mas problemática que o contexto da década de 80,que,apesar da crise inflacionaria ,expressou ganhos políticos no aperfeiçoamento democrático e na construção de um projeto de transformação social e política para o país.
Uma Circularidade sem Saída: a Natureza das Políticas Sociais Focalizadas
A reorientação da política social centrada no combate à pobreza aparece, então, neste contexto, com o objetivo de reduzir os efeitos adversos dos ajustes estruturais e da reestruturação produtiva, institucionalizando-se à margem do campo da proteção social. Esta mudança se faz através do paradigma da focalização da política social no encaminhamento da questão do combate à pobreza e à desigualdade.
Do ponto de vista de uma percepção positiva dessas políticas, alguns agentes reconhecem a contribuição que alguns desses programas podem exercer no aumento do impacto sobre os beneficiados; outros reconhecem uma relação mais favorável do custo-benefício desses programas; outros, ainda observam como a identificação do problema e a adequação de soluções diferenciais, ajustadas ao perfil dos beneficiados, são mais eficazes. Outros reconhecem a importância desses programas apenas em circunstâncias emergenciais e recessivas, ou, ainda, quando acompanhados por políticas de vocação universal. Finalmente, algumas identificam um impacto dos programas na melhoria do consumo da população beneficiada, num quadro de profunda miséria e indigências, aliviando as condições de reprodução mínima dessas populações.
A Reconversão dos Sentidos da Solidariedade Institucional e o Aprofundamento das Fraturas Sociais
O caráter fragmentado da incorporação de diferentes segmentos das classes trabalhadoras ao sistema (baseado na atribuição do direito social, restrito à camada assalariada) gerou uma conversão perversa de benefícios-obrigações dos segurados em supostos privilégios. Hoje, o que é dever de proteção do Estado reconverte supostamente os segurados em indivíduos-perversos-imorais ao sistema, atribuindo-lhes então a responsabilidadepela miséria dos outros.
No plano da cidadania, esta individualização das responsabilidades gera uma inversão no biônimo clássico entre direitos e obrigações que organiza a relação entre Estado e cidadãos. A responsabilidade dos indivíduos não criaria necessariamente direitos construídos e pactuados na esfera da vida coletiva, o que contribui para a ruptura dos vínculos contratuais de um Estado democrático, gerando tensões de governabilidade e resistências cívicas.
O ACIRRAMENTO DO CONFLITO DISTRIBUITIVO NA BASE
A Segmentação da Assistência: a ‘’Exclusão “da Exclusão”.
Esses mecanismos operativos da nova política social geram segmentação e seletividade crescentes entre os genericamente considerados ‘’pobres’’, ‘’os mais pobres entre os pobres’ ’sedimentando um universo de ‘’excluídos’’ da proteção social.
Além dos efeitos que esta segmentação e distorção de sentidos geram no âmbito da construção de uma nação, do ponto de vista das relações entre os cidadãos e o Estado de direitos cria-se, enfim, uma nova estratificação na relação desses com o Estado democrático, tendo em vista as possibilidades da ‘’inclusão’ ’com a seguinte configuração:
-os cidadãos protegidos;
-os protegidos da assistência garantida pela LOA;
-os atendidos por programas estruturantes, como a Reforma Agrária, mas dependentes de opções orçamentárias;
Ademais, a relação entre as metas do atendimento focalizado sobre a demanda potencial são muito restritas, além de contingenciadas pela garantia de verbas. As metas previstas para 2004, em relação à cobertura da Bolsa Família, por exemplo, corresponderá apenas a 9% da população potencialmente demandante de assistência de 2001.
A TECNIFICAÇÃO DA POLÍTICA
Avaliação da Racionalidade instrumental da Gestão da Pobreza como Escolha Pública eficiente.
Esta tese coloca o dilema da questão social no âmbito da escolha pública eficiente. Segundo essa perspectiva, os recursos governamentais destinados à política social são suficientes, restando apenas serem bem focalizados ou administrados. Theodoro e Delgado (2003) esclarecem que essa ideia acaba por embutir uma solução ‘barata’ para a questão social sobretudo pela redução do esforço associado’’
O problema é que as ações focalizadas constituem-se em programas e em acompanhamentos e avaliações, e não em direitos ou em políticas, sendo constantemente afetadas segundo critérios de contingenciamento financeiro ou demandas políticas.
A Tese da Transferência de Renda como Base de Acesso à cidadania: o Consumidor Tutelado
Sem desconhecer o efeito do alívio que esses programas de transferência de renda possam ter sobre as famílias vulnerabilidades e desempregadas, a monetarização da assistência tem implicações políticas importantes.
Assim se o tratamento das políticas voltadas para a transferência de renda, por um lado, possibilita algum acesso ao consumo e,portanto,alguma condição de reprodução e inserção social, por outro, reconverte do ponto de vista político ‘’o assistido’’ em cidadãos-consumidores tutelados dos sistemas de assistência social, elevando o ato da compra a ato cívico.
As Políticas de Proximidade no Enfrentamento da Pobreza
Na base desse paradigma das políticas de proximidade encontra-se um diagnostico da nova questão social que identifica o processo de vulnerabilidade social, entendida pela conjugação entre precarização do trabalho e fragilidade dos suportes relacionais (Catel, 1995) e a ideia de que as redes de solidariedades primárias tem se constituído em capital social importante nas condições de inserção social de camadas populares.
Estes argumentos levam a concluir que as teses relativas ao empreendedorismo e ao enfrentamento da pobreza via mercado, estimulados através de estratégias de capacitação desses sujeitos historicamente submetidos às condições estruturais de pobreza.
CONCLUSÃO
Cria-se assim, uma ‘’circularidade do social’’, um fechamento sobre si mesmo, incapaz de mediar à articulação entre os diferentes níveis da estrutura social: o econômico, o social e o político, ou seja, na construção dos vínculos estruturais.
A dissociação entre políticas sociais aplicáveis a todos e políticas sociais focalizadas dificulta os objetivos cumulativos de combater a pobreza, construir cidadãos eliminar a exclusão (Fleury, 1998), restringindo a cidadania a uma dimensão parcial do atendimento e do consumo assegurada pelo estatuto de uma cidadania cívica e segmentando a condição de inserção e a relação desigual dos cidadãos.
2-A METROPÓLE BRASILEIRA NAS POLÍTICAS PÚBLICAS SETORIAIS
INTRODUÇÃO
No inicio do governo Lula (2003-2010),diversos acadêmicos, funcionários públicos, militantes de movimentos sociais e cidadãos foram convocados a contribuir para a formulação das políticas, e depois, para instituí-las e implementá-las.
As aglomerações e conturbações são formas urbanas que expressam a contradição entre as cidades enquanto entes físicos e socioeconômicos e enquanto estruturas político-administrativas. Podem ser entendidas como um processo devorador de cidades, segundo Flávio Villaça (1998),e criam novos problemas e desafios para o planejamento urbano e regional. Nelas se explicitam, ainda, as diversas escalas da cidade como suporte e produto da acumulação de capital; e como lugar da articulação das diversas lutas políticas e sociais.
HABITAÇÃO
A Política Nacional de Habitação (PNH) foi instituída em 2004 e apresentada em um caderno do Ministério das Cidades (MCidades) como parte de um conjunto de publicações referente à Política Nacional de Desenvolvimento Urbano, elaboradas pelo governo com objetivo de promover o debate sobre as políticas e propostas formuladas e alimentar a Conferencia Nacional das Cidades, prevista para novembro de 2005. O ministério havia sido proposto no Projeto Moradia, um documento produzido no Instituto Cidadania (2000) quando o presidente era ainda candidato.
O plano baseou-se em estudos contratados anteriormente pelo governo com insumos à política habitacional: o déficit habitacional, elaborado pela Fundação João Pinheiro (FJP, 2005);sobre assentamentos precários, elaborado pelo Centro de Estudos da Metrópole(CEM) do Centro Brasileiro da Analise e Planejamento-CEBRAP(Brasil,2007b); e sobre as estimativas acerca da demanda futura para novas moradias, elaborado pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional(CDPLAR)da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)e publicado pelo MCidades(Cedeplar,UFMG e Brasil, 2007).
Do ponto de vista do atendimento ao déficit habitacional, a dinâmica introduzia pelo MCMV acirra desigualdade entre municípios conturbados. As RMs apresentam assimetrias e diversidade de situações entre seus municípios. Têm sido recorrente a ‘’ exportação ‘’de déficit habitacional dos municípios mais ricos e com preço de terra mais elevado – e que em geral são polos concentradores de empregos e de arrecadação – para os municípios mais pobres e com preço de terra inferior – que reforçam seu caráter de cidades dormitório. Deste modo, uma hipótese a ser investigada por meio de pesquisa do levantamento de dados primários e secundários é se os investimentos do MCMV, dada sua racionalidade de localização guiada pelo preço da terra, aumentam ao invés de reduzir as desigualdades internas às metrópoles. Com isto, municípios com menor arrecadação per capita e que crescem em ritmo mais acelerado que os demais acabariam tendo que realizar, com poucas condições para tanto, novos investimentos em infraestrutura, saúde, educação e transportes. Os problemas causados ou agravados pela periferização dos empreendimentos residências terão impactos em áreas como transporte, mobilidade urbana, saneamento e resíduos sólidos. Este exemplo evidencia algumas das interconexões entre as politicas setoriais.
Além disso, o foco do programa MCMV na produção de empreendimentos imobiliários novos – em vez da reabilitação e adaptação de edificações subutilizadas, abundantes nos grandes centros metropolitanos – alternativamente à opção pela locação social como mecanismo de provisãohabitacional – contribuem para o esvaziamento da preocupação com o incentivo à ocupação de áreas centrais, mais bem providas de serviços e equipamentos urbanos. Isto evidencia a incongruência entre as diretrizes da política habitacional, que postulam um modelo de cidade compacta, e seus instrumentos, que parecem não fornecer meios adequados à sua viabilização.
3 SANEAMENTO BÁSICO 
A política Federal de Saneamento Ambiental foi também apresentada em um caderno produzido pelo Ministério das Cidades, em 2004 (Brasil, 2004a). O documento sintetiza as diretrizes que seriam propostas pelo governo na Conferência das Cidades de 2005 e que serviriam de base para a elaboração de um anteprojeto de lei estruturando a política setorial.
A nova lei previu, entre os instrumentos da política federal de saneamento básico, a elaboração de um plano nacional, que ficou conhecido como plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB). A lei foi regulamentada pelo Decreto n 7.217, de 21 de junho de 2010 (Brasil 2010a), que especificou diretrizes e conceitos, disciplinou aspectos do procedimento de elaboração do PLANSAB e dispôs sobre o conteúdo de um estudo a subsidiar a proposta do plano, entre outros aspectos.
Nos documentos oficiais publicados ao longo do processo de elaboração do PLANSAB, assim como foi observado no caso da Política Nacional de Habitação, podem-se identificar diversas referências ao fenômeno metropolitano. Os textos oferecem diversas leituras da dinâmica do processo de urbanização no país, exposições de desafios específicos para a gestão adequada dos serviços de saneamento nas RMs, previsões de diretrizes para a articulação entre os Entes Federativos nas etapas de planejamento, regulação e prestação destes serviços em áreas metropolitanas.
Quanto ao aspecto institucional, o documento aponta como desafio a montagem de estruturas de gestão supralocais no caso das chamadas funções públicas de interesse comum. Estabelece como diretrizes o estímulo à cooperação entre os Entes Federativos e o incentivo à criação, pelos estados, de legislação que promova a integração dos serviços. Afirma que a gestão metropolitana deve englobar mecanismos de representação municipal, dos níveis de governo estadual e federal, de entidades setoriais viáveis nesta escala territorial, do setor privado e, principalmente, dos cidadãos, moradores e usuários das cidades integrantes. Ressalva, contudo, que o modelo institucional a ser adotado deve emergir da cooperação entre os agentes, sem seguir um modelo unitário, de modo a ser dispor de um leque diversificado de arranjos possíveis, adotados conforme as especificidades de cada situação.
Contudo, considera precária a situação legal dos modelos de gestão cooperativa existentes à época, organizados com base em consórcios privados, e enfatiza a necessidade de se regulamentar os consórcios públicos previstos na Constituição Federal, que anda não haviam sido disciplinados por normas infraconstitucionais.
PANORAMA DAS POLÍTICAS DE REDUÇÃO DAS DESIGUALDADES REGIONAIS NO BRASIL 
No decorrer do século xx, o Brasil vivenciou um rápido processo de crescimento econômico, notadamente a partir da década de 1930. Esse crescimento foi mais acentuado em determinadas regiões do país do que em outras e, como consequência, as disparidades inter-regionais aumentaram. Nesse período de início do processo de industrialização brasileira, o crescimento econômico no país ocorreu com profundas desigualdades regionais, concentrando-se a atividade econômica nas regiões Sudeste e Sul, sobretudo no estado de São Paulo, em detrimento das demais.
Algumas regiões brasileiras caracterizam-se por possuírem no seu território uma diversidade de atividades econômicas que geram emprego e renda para a população. Notadamente, as regiões Sul e Sudeste são as que historicamente apresentam uma atividade econômica mais pujante, dividida nos setores primário, secundário e terciário da economia. A região Centro-Oeste, devido ao grande desenvolvimento do agronegócio nos últimos 30 anos, tem apresentado mais recentemente um crescimento econômico marcante, com impactos deste no agronegócio sobre outros setores da economia.
De acordo com Furtado (1959), o livre mercado tende a aumentar, e não a diminuir, as desigualdades regionais. Para ele, a reversão espontânea do processo de concentração regional de renda é praticamente impossível. Os desequilíbrios observados, no entanto, são passíveis de alteração com a implementação de políticas de desenvolvimento regional.
Isso porque, sendo o Nordeste uma região de economia agrário-exportadora, mantinha superávits comerciais com o exterior, sendo que as divisas obtidas desses superávits eram usadas para financiar as importações de bens de capital da região Sudeste, industrializada. Isso porque o Nordeste representava um mercado consumidor cativo dos bens industrializados produzidos na região na região Sudeste, uma vez que as importações de bens de consumo vindas do exterior estavam restringidas por políticas comerciais federais protecionistas.
Contudo, a migração acaba fazendo com que, pela maior concorrência no mercado de trabalho, os salários nas regiões mais ricas cresçam em ritmo inferior ao do crescimento da produtividade nessas mesmas regiões, em relação ao do resto do país. Por essa razão, as regiões mais ricas acabam atraindo capital produtivo das regiões mais pobres do país, perpetuando assim a dualidade na estrutura econômica nacional.
Os demais planos diretores, em um total de quatro, até 1974, baseavam suas atuações, sobretudo, na implantação de infraestrutura. A região detinha uma precária rede de abastecimento de agua de esgotos, sem falar na total ausência de energia elétrica em grande parte dos municípios do Semiárido. Naquele período foram criadas as companhias regionais de eletrificação rural, de água e esgoto e de abastecimento do Recife, entre outras. Construiu-se, ainda, a Usina Siderúrgica da Bahia e investiu-se na melhoria da malha rodoviária e no aparelhamento dos portos.
Depois da derrota, em 1964, das forças sociais e políticas às quais deveu seu nascimento e seu auge, a Sudene prosseguiu em um êxito administrativo que, ironicamente, iria marcar mais fundo seu fracasso político. Na ditadura militar, a questão regional, enquanto tal deixou de existir e foi rebaixada a planos administrativos.
A centralização da elaboração e da execução do planejamento regional diretamente pela União contribuiu para a preponderância federal absoluta em matéria de planejamento, tornando os órgãos de desenvolvimento regionais meros repassadores de verbas federais e captadores de recursos por meio de incentivos fiscais.
3-A EVOLUÇÃO DA DESIGUALDADE REGIONAL NO BRASIL NOS ANOS RECENTES
 Conforme apresentado na seção anterior, a partir dos anos 1950, o governo federal começou a formular políticas de desenvolvimento regional explícitas na expectativa de promover um desenvolvimento brasileiro que acabasse todas as regiões do país, que fosse mais equitativo em termos regionais.
Essa crescente desigualdade fez que os estados das regiões menos desenvolvidas pressionassem o governo central a adotar políticas de desenvolvimento especificamente formuladas para diminuir a desigualdade regional. Do fim da década de 1950 até a atualidade, inúmeras políticas regionais foram formuladas e implementadas por órgãos do governo federal.
4-POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL E A PNDR
Após o relativo abandono das políticas de desenvolvimento regional nas décadas de 1980 e 1990-conforme mencionado na seção2-, em anos recentes, notadamente a partir de 2003, o debate sobre a necessidade de elaboração de políticas de desenvolvimento regional ressurgiu. Como consequência direta disso, novos programas de promoção do desenvolvimento regional ressurgiram. Como consequência direta disso, novos programas e promoção do desenvolvimento regional foram idealizados por vários ministérios e lançados pela Presidência da Republica.
No intuito de alcançar seus objetivos, a PNDR adota a caracterizaçãodas realidades regionais, conforme o mapa das microrregiões geográficas brasileiras definidas pelo IBGE. A política considera o cruzamento de duas variáveis:
Rendimento domiciliar médio por habitante, calculado a partir dos do Censo Demográfico 2000, elaborado pelo IBGE; e
Variação dos PIBs microrregionais entre 1990 e 1998, calculada com base nas estimativas dos PIBs municipais elaboradas pelo Ipea.
As microrregiões dinâmicas são as de padrão de baixa renda familiar e variação positiva e significativa do PIB em períodos recentes, ou seja, apresentam um maior dinamismo econômico. Estas se localizam predominantemente nas regiões Nordeste e Norte, com alguma ocorrência das microrregiões dinâmicas no Centro-Oeste e em numero reduzido nas regiões Sul e Sudeste.
No Centro-oeste, deve ser ressaltado, contudo, que proporcionalmente às regiões Sul e, principalmente, Sudeste, um maior número de microrregiões são classificadas como estagnadas ou dinâmicas. Ainda assim, existem, porções dos territórios estaduais, tanto no Sul quanto no Centro-Oeste.
5-OS PROGRAMAS DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL E A PNDR
Em anos recentes, novos programas de promoção do desenvolvimento regional foram idealizados por vários ministérios e lançados pela presidência da República. Na formulação desses programas, estava presente um dos principais objetivos do PPA 2004-2007: a redução das desigualdades regionais. Além da PNDR, o governo federal, por meio de vários ministérios, comanda outros programas que também possuem impactos sobre a questão do desenvolvimento regional, seja social, econômico, ambiental ou cultural.
O MDA promove, por exemplo, o programa Territórios da Cidadania – juntamente com um grupo interministerial - , que é um programa de desenvolvimento regional sustentável e garantia de direitos sociais voltado às regiões do país que mais precisam, com objetivo de levar o desenvolvimento econômico e universalizar os programas básicos de cidadania.
Entre os programas do MDA, dois são caracteristicamente de desenvolvimento regional, quais sejam os programas Conviver e Desenvolvimento Sustentável de Territórios Rurais – basicamente, essa rubrica orçamentária se confunde com os Territórios da Cidadania. 
Entretanto, a ação da Sudene na região não logrou o êxito desejado em termos de melhoria no desenvolvimento do Nordeste. Após 1964, com a ascensão do regime militar, os planos e os programas regionais receberam menor apoio do governo federal. Com o deslanche de acontecimentos no cenário internacional que desencadearam o agravamento do quadro macroeconômico brasileiro, as décadas de 1970 e 1980 viram esses planos e programas aos poucos caírem no ostracismo.
O ESTADO DA POLÍTICA E DO PLANEJAMENTO REGIONAL RECENTE
O esgotamento do planejamento público nacional, centralizado nos anos 1980, trouxe no seu bojo e falência do planejamento regional, pautado numa visão fundamentalmente macrorregional. Na década de 1990, as ações implementadas de liberação de economia, de redução de papel do Estado e de controle da inflação não favoreceram o planejamento público, em particular na esfera regional. Ao contrário, observou-se não uma adequação de ferramentas ao novo contexto mundial, mas o desmantelamento dos vários instrumentos disponíveis até então existentes.
 Hoje, podem-se considerar abordagens que se encontram em meio termo ou que ‘’conciliam’’ essas duas noções originais, ao se levar em conta a importância não da construção ou definição de análises estáticas da região, mas de contextos dinâmicos, de fluxos, que interagem entre locais ou áreas (CASTELLS, 1999). Assim, elementos de polaridade podem ser articulados com outros de identidade regional, constituindo uma composição de regiões dinâmicas. Isso se aplica, também ao considerado trade off entre processos aglomerativos e outros dispersivos ao se lidar com elementos associados a estruturas de mercados e de retornos crescentes (KRUGMAN, 1998).
Há no mundo hoje, uma postura inovadora na condução de políticas públicas que atribui papel central ao território na consecução de objetivos estratégicos, como aqueles listados acima. O território destaca-se não como mero palco das ações políticas, mas representa, em si mesmo, um elemento das relações sociais e econômicas globais. As tendências mundiais atuais reforçam a concepção de como o território influencia e organiza conjuntos de iniciativas de desenvolvimento.
Assim, o Brasil do futuro suporta dois pressupostos para a organização territorial: a construção de um país policêntrico e a definição de vetores de desenvolvimento territorial. A construção de um Brasil policêntrico abrange uma proposta de nova configuração do território, que remete às escolhas dos núcleos urbanos capazes de atrair forças sociais na direção de uma maior interiorização e equalização do desenvolvimento nacional.
O território é tudo aquilo que ele articula e gera econômica, social, ambiental e politicamente- é uma das chaves essenciais para que se possa organizar uma resposta eficaz ao problema da construção de uma estratégia social inclusiva e integradora de desenvolvimento, capaz de atender ao objetivo principal da estratégia proposta, que é a superação das desigualdades sociais e regionais.

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