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Prof.: Deborah Alves Horta 1 INSTITUTO FEDERAL FLUMINENSE – Campus Itaperuna INSTRUMENTAÇÃO E CONTROLE A instrumentação é o ramo da engenharia que trata do projeto, fabricação, especificação, montagem, operação e manutenção dos instrumentos de medição e controle de variáveis em processos industriais. Em qualquer fase do processo, desde a fase de obtenção de matéria prima até a obtenção do produto final, tudo que se relacione a medidas e padrões é responsabilidade do profissional da área de instrumentação e controle, que deve garantir que tudo esteja de acordo com as normas específicas de segurança e qualidade (ISO 9000). Os instrumentos de medição e controle permitem, portanto, monitorar as variáveis de processo de forma a mantê- las constantes, objetivando a melhoria da qualidade, o aumento da produtividade e a garantia da segurança. O uso adequado dos instrumentos com o adequado controle das variáveis permite, ainda, menor desperdício e consequentemente maior lucro. Um processo, em geral, consiste de uma sequência de atividades que permitem a obtenção de um produto por meio da transformação de uma matéria-prima. Ao final de um processo, além do produto, são gerados resíduos e efluentes, que podem passar por outros processos, tais como: reciclagem, tratamento ou descarte. Os processos industriais podem ser divididos em: processos contínuos e descontínuos. Em processos contínuos a entrada de matéria prima, o processamento/reação e a saída de produto ocorrem de forma ininterrupta. O aquecimento de água pelo chuveiro é o exemplo mais simples. Em processos descontínuos a operação ocorre em etapas separadas, isto é, o fornecimento do produto final ocorre em quantidades discretas (determinadas). Um exemplo típico de processo descontínuo ou Processo Batelada, como é conhecido, é a produção de iogurte, que envolve três etapas: adição de leite, fermento lácteo e polpa; etapa de fermentação e saída do iogurte (em quantidades limitadas). 1 - TERMINOLOGIA Os instrumentos de controle empregados na indústria tem terminologia própria. Os termos definem as características de medida e controle dos diversos instrumentos: indicadores, registradores, controladores, transmissores. Prof.: Deborah Alves Horta 2 A terminologia empregada é unificada entre fabricantes, usuários e organismos direta ou indiretamente ligados à instrumentação industrial. – VARIÁVEL DE PROCESSO (PV) É uma condição do processo que pode alterar a produção de alguma forma, ou seja, é a variável que se deseja controlar em um processo. Por exemplo: temperatura, pressão, vazão, nível, entre outras. – SETPOINT (SP) É o valor que se deseja manter para a variável de processo. Isto significa que se, em determinado processo, precisamos manter a temperatura em um valor específico, 30ºC, por exemplo, esse será o setpoint daquela variável naquele processo. – RANGE (faixa de medida) Conjunto de valores da variável que estão entre os limites superior e inferior da capacidade de medida do instrumento. É expressa por meio dos valores extremos. Ex: 100 ~ 500 m³; 0 ~ 20 psi. – SPAN (alcance) É a diferença algébrica entre o valor superior e inferior da faixa de medição do instrumento. Ex: se o instrumento tem um range de 50 ~ 100 mmca, seu alcance será de 50 mmca. – EXATIDÃO Está relacionada ao grau de concordância entre a medida efetuada e o valor de referência. – PRECISÃO Determinada por meio de processos estatísticos. São realizadas várias medições e calculada a média aritmética dessas. A precisão exprime o afastamento entre as medidas e a média. Um instrumento preciso não é necessariamente exato. – ESCALA É o intervalo de valores que um instrumento pode medir, normalmente vai de zero a um valor máximo, denominado calibre ou valor de plena escala. As escalas podem ter divisões homogêneas (figura 1) ou heterogêneas (figura 2). No primeiro caso, as divisões são uniformes, isto é, mantem a mesma distância entre Prof.: Deborah Alves Horta 3 uma marcação e outra do início ao fim; já no segundo caso, as divisões são mais concentradas nos extremos e mais afastadas no centro. Figura 1 Figura 2 – OFFSET É a diferença entre o valor medido da variável de processo e o setpoint, pode ser positiva ou negativa. Se tivermos uma variável de processo, por exemplo, temperatura no valor de 150ºC e um setpoint no valor de 250ºC, teremos um offset (erro) de + 100ºC. O objetivo ao se realizar o controle de uma variável de processo é minimizar ou eliminar o erro. – ERROS Matematicamente, existem três designações: 1. Erro absoluto (δX): É a diferença algébrica, em módulo, entre o valor medido (Vm) e o valor de referência (Vr). Assim, pode dizer que: Vm – δX < Vr < Vm + δX 2. Erro relativo (ε): É a relação entre o erro absoluto (δX) e o valor de referência (Xr). Matematicamente é expresso por: ε = δX/Xr. 3. Erro percentual (ε %): É o erro relativo expresso em porcentagem. Ou seja, ε % = ε.100. Fontes de Erros 1. Erros grosseiros: ocorrem por falta de atenção do profissional ou engano na anotação dos resultados. Para evita-los é necessário que se trabalhe com muita atenção e, se necessário, deve-se repetir os trabalhos. 2. Erros sistemáticos: são relacionados a deficiências no material ou na avaliação do operador e são classificados em: Prof.: Deborah Alves Horta 4 a) erros de construção e ajuste: erro na graduação da escala durante a fabricação do instrumento; erro de ajuste entre eixos e pinos, por exemplo; b) erros de leitura: são ocasionados pela posição de observação do operador (erro de paralaxe) e podem ser evitados com o uso de espelhos ou de mais operadores para realizar a leitura; c) erros devido às condições externas: podem resultar de variações de temperatura, presença de umidade ou campos elétricos, por exemplo. 2 – CLASSIFICAÇÃO DOS INSTRUMENTOS Os instrumentos são classificados de acordo com o tipo, o modo de exibição dos valores ou a grandeza que vão medir. 2.1 – Quanto ao tipo a) Instrumentos indicadores Instrumento que nos fornece uma indicação visual da situação das variáveis no processo, isto é, apresenta o valor da medida no instante em que está sendo feita, perdendo-se esse valor no instante seguinte. São instrumentos que nas indicamos valores momentâneos das quantidades elétricas tais como tensão; corrente; potência e etc. Um indicador pode-se apresentar na forma analógica ou digital. b) Instrumentos registradores Apresentam o valor da medida no instante em que está sendo feita e registra-o de modo que não o perdemos. São instrumentos que registram em papel graduado (traçam gráficos) com os valores medidos. c) Instrumentos controladores São instrumentos que, baseados num setpoint, enviam sinais a elementos finais decontrole com o objetivo de fazer com que a variável se iguale ou se aproxime do valor desejado. d) Instrumentos transmissores São instrumentos que sentem a variável do processo através de elementos primários e enviam sinais padronizados para outros instrumentos, como controladores e registradores. Prof.: Deborah Alves Horta 5 2.2 – Quanto ao modo de exibição dos valores a) Analógicos Efetuam a medição através do deslocamento de um ponteiro sobre uma escala graduada. Do ponto de vista construtivo possuem uma componente mecânica cujas características funcionais afetam diretamente a exatidão da medida. De uma forma sucinta, as principais limitações resultantes do princípio de funcionamento dos instrumentos analógicos são basicamente as seguintes: - Tempo de leitura elevado; - O funcionamento fora das condições de temperatura, pressão e umidade aconselhadas pelo fabricante afetam significativamente a sua exatidão; - A utilização de ponteiros e escalas graduadas conduz a erros de leitura (paralaxe); - São afetados por campos eletromagnéticos de origem externa; - Exigem uma calibração periódica devido aos desajustes mecânicos associados à própria utilização dos instrumentos e a elevada sensibilidade em relação às condições ambientais. b) Digitais Indicam diretamente, em um visor, o valor da grandeza através de vários algarismos ou dígitos. Com a emergência do desenvolvimento tecnológico e com a introdução do conversor analógico-digital na área da instrumentação, os sinais de características geralmente analógicas são convertidos e processados digitalmente, o que conduziu a uma maior exatidão e confiabilidade dos instrumentos. As principais diferenças entre um instrumento analógico e digital centram-se na existência de um conversor analógico-digital e na utilização de um visor numérico em lugar de um ponteiro e uma escala. A ausência do ponteiro minimiza os erros de leitura do utilizador e permite obter resoluções superiores. As principais características dos instrumentos digitais são, basicamente, a sua menor sensibilidade a perturbações exteriores, maior resolução e capacidade de representação da medida de forma numérica. Genericamente, os instrumentos digitais minimizam as necessidades de componentes mecânicos na sua concepção, podendo ainda ter capacidade de ajuste e controlo remoto. Outra característica inerente a estes instrumentos consiste na possibilidade de se construir equipamentos portáteis. 2.3 - Quanto à grandeza A medição de uma variável de processo é feita com base em princípios físicos ou químicos e nas modificações que sofrem as matérias quando sujeitas às alterações impostas por esta variável. Prof.: Deborah Alves Horta 6 a) Pressão Antes de conhecer os instrumentos de medição e controle de pressão, vamos rever alguns conceitos fundamentais. Definimos pressão „P‟ como a ação de uma força „F‟ sobre uma unidade de área „A‟ (figura a seguir). A unidade de pressão oficialmente adotada pelo Sistema Internacional de Unidades (SI) é o Newton por metro quadrado (N/m²), denominada Pascal (Pa). Por exemplo, se uma pessoa de 70Kg está em pé sobre uma plataforma de madeira de 1 m², exercerá uma pressão (considerando a força igualmente distribuída e adotando g = 9,8 m/s²) de: A pressão medida a partir do vácuo ou zero absoluto é denominada pressão absoluta, e sempre terá valores iguais ou superiores a zero. A pressão exercida pela camada de ar (atmosfera) sobre a superfície da Terra é denominada pressão atmosférica e diminui de valor com o aumento da altitude. A pressão atmosférica em determinado local de interesse pode ser medida por um instrumento denominado barômetro, sendo, por isso, também denominada pressão barométrica. A diferença entre a pressão atmosférica local e a pressão medida é denominada pressão manométrica e é medida por instrumentos denominados manômetros. A diferença de magnitude entre duas pressões quaisquer é chamada pressão diferencial. Portanto, a pressão manométrica pode ser considerada uma pressão diferencial, que toma como referência a pressão atmosférica. - Teorema de Stevin Esse teorema relaciona, por meio da equação manométrica, as pressões estáticas exercidas por um fluido em repouso com a altura deste fluido em um determinado reservatório. Segundo Stevin “a diferença de pressão entre dois pontos de um fluido em repouso é igual ao produto do peso específico do fluido (γ) pela diferença de altura (∆h) entre esses dois pontos”. Observe a imagem a seguir. ∆P = ∆h . γ Prof.: Deborah Alves Horta 7 - Medidores e Transmissores de pressão Os medidores de pressão, de um modo geral, são compostos de um elemento de recepção, um elemento de transferência e um elemento indicador. Quando incorporados a conversores, os medidores (simplesmente denominados indicadores) recebem o nome de transmissores de pressão. As três partes de um medidor de pressão são: O elemento de recepção, que recebe a pressão a ser medida e a transforma em deslocamento ou força (exemplo: bourdon, fole, diafragma). O elemento de transferência, que amplia o deslocamento ou a força do elemento de recepção ou transforma o mesmo em um sinal de transmissão elétrica ou pneumática, enviada ao elemento de indicação (exemplo: links mecânicos, relé piloto, amplificadores operacionais). E o elemento de indicação, que recebe o sinal do elemento de transferência e indica ou registra a pressão medida por meio de ponteiros ou displays. Os instrumentos indicadores de pressão mais comuns são os manômetros. Os manômetros podem ser de dois tipos: medição direta (manômetros de líquido) ou medição indireta (manômetros elásticos). Os manômetros de líquido tem seu funcionamento baseado na pressão exercida por uma coluna de líquido, com densidade e altura conhecidas. A princípio, qualquer líquido com baixa viscosidade, e não volátil nas condições de medição, pode ser utilizado como líquido de enchimento. Entretanto, na prática, são usados água (γ = 1 gf/cm²), álcool (γ = 0,8 gf/cm²) ou mercúrio (γ = 13,6 gf/cm²). O líquido a ser utilizado é definido em função de seu peso específico (γ), já que isso influencia diretamente na altura final da coluna de líquido. Manômetros de líquido são encontrados em três diferentes configurações: 1) Tubo em “U”; 2) Tubo inclinado; 3) Tubo vertical. Constituídos por um tubo de vidro em formato de “U” e uma escala graduada, os manômetros do tipo “U” são os mais simples. Observe as imagens abaixo. No tipo (a), o zero da escala está no mesmo plano horizontal formado na superfície do líquido quando a pressão dos dois lados é a mesma. Neste caso, se um dos lados sofre um acréscimo de pressão, a super fície do líquido desce, elevando o nível no lado de baixa pressão. A leitura é feita, somando-se a quantidade deslocada a par tir do zero nos lados de alta e baixa pressão. No tipo (b), o ajuste de zero é feito em relação ao lado de alta pressão. Neste tipo, há necessidade de se ajustar a escala a cada mudança de pressão.No tipo (c) a leitura é feita a par tir do ponto mínimo da superfície do líquido no lado de alta pressão, subtraída do ponto máximo do lado de baixa pressão. Prof.: Deborah Alves Horta 8 Outra configuração possível para manômetros de líquido é com a coluna de líquido inclinada, como mostra a imagem a seguir. Utilizado para medições de baixas pressões, essa configuração permite melhor resolução na escala e, por isso, maior precisão na leitura. Considerando „α‟ o ângulo de inclinação, e as áreas de cada ramo („a‟ e „A‟), teremos as pressões aplicadas (P1 e P2), onde P1 > P2. Como a quantidade deslocada, em volume, é a mesma e os ramos apresentam áreas diferentes, temos que considera-las no cálculo final. Há, ainda, a possibilidade da seguinte configuração: Nesse caso, o ramo menor é vertical, no entanto, o princípio de funcionamento é o mesmo dos anteriores, ou seja, baseado no volume de líquido deslocado quando se aplica uma pressão no ramo maior. P1 – P2 = γ . (h1 + h2) Manômetros elásticos podem se apresentar em duas principais configurações, em função do elemento elástico utilizado: 1) manômetros de Bourdon; 2) manômetros tipo fole. Esses instrumentos funcionam com base na Lei de Hooke que estabelece que “o módulo da força aplicada em um corpo é proporcional à deformação desse corpo”. Nesse caso deve-se observar o limite de elasticidade de cada elemento, já que, caso esse limite seja ultrapassado, o elemento pode não retornar à sua forma original e o manômetro perde sua funcionalidade. Ou seja, ao se especificar um manômetro para utilização em um sistema é importante saber qual a pressão máxima de trabalho desse sistema para que se possa escolher o melhor instrumento para medição. Quando aplicados a sistemas com fluidos corrosivos, radiativos, tóxicos, incrustantes ou muito viscosos é aconselhável a utilização de um selo diafragma com enchimento. Para fluidos muito quentes, deve-se usar um sifão acoplado ao manômetro, o que possibilitará a redução da temperatura do fluido antes que ele entre em contato com o elemento de recepção de pressão do manômetro. Os sifões podem ser apresentar nos seguintes formatos: P1 – P2 = γ . 1 ( 𝑎 A + senα) Prof.: Deborah Alves Horta 9 Manômetros de Bourdon possuem, em seu interior, um tubo curvado que se deforma quando sofre um aumento de pressão. Através de engrenagens, mola e braços, o movimento é transmitido ao ponteiro. A configuração mais comum é a do tubo em forma de “C”, como mostra a imagem à direita. No entanto, outras duas configurações são possíveis, em função do formato do elemento elástico, como mostra a imagem à esquerda. Manômetros tipo fole são compostos por um cilindro metálico corrugado ou sanfonado. Quando uma pressão é aplicada no interior do fole, provoca sua distensão e o consequente deslocamento do ponteiro ligado à haste. O deslocamento é proporcional à pressão aplicada à parte interna do fole. Observe as imagens abaixo: Como a resistência à pressão é limitada, manômetros de fole são usados para medições de baixas pressões. Não são indicados para líquidos muito viscosos, que contenham resíduos sólidos ou que possam se solidificar. Outras configurações também são possíveis, porém não aplicadas com tanta frequência, como os manômetros tipo campânulas, por exemplo, que são usados para medição de tiragem em caldeiras. Os transmissores de pressão são elementos que sentem a pressão (sensores) e geram um sinal padronizado (eletrônico ou pneumático) que é transmitido aos indicadores e controladores. Prof.: Deborah Alves Horta 10 Alguns cuidados devem ser tomados durante a instalação dos transmissores, em função do fluido cuja pressão será medida. Para gases, por exemplo, deve-se observar a posição de instalação do transmissor, que deve ser instalado na parte superior da tubulação, uma vez que linhas de gases podem gerar condensado e afetar o correto funcionamento do transmissor. No caso de líquidos, a instalação deve ser feita na parte inferior da tubulação, para que seja evitada a interferência de possíveis gases no processo de transmissão do sinal. Em linhas de vapor, a precaução deve ser com relação à temperatura do vapor, que pode danificar o elemento de recepção do transmissor, nesse caso, recomenda-se o uso de uma selagem que evite o contato direto do vapor com o transmissor. É importante observar, nesse caso, que o líquido pode gerar uma pressão hidrostática e alterar o valor de pressão transmitido, deve-se, então, zerar o transmissor com o pote de selagem cheio. Os controladores, como o próprio nome sugere, são responsáveis por realizar o controle da variável, nesse caso pressão, de forma a mantê- la dentro dos limites máximo e mínimo permitidos ao sistema. Portanto, são instrumentos que recebem o sinal dos transmissores e o enviam a uma válvula de controle. Existem, ainda, os pressostatos, elementos que funcionam como elementos de proteção do sistema, isto é, atuam, em casos de sobrepressão ou subpressão, interrompendo o fluxo do fluido até que se possa realizar um procedimento de manutenção de forma a estabilizar o valor de pressão de trabalho definido para o sistema. Pode-se dizer, então, que os pressostatos são chaves acionadas por pressão cujo objetivo é acionar ou interromper o contato elétrico, atuando como dispositivo de alarme ou de segurança. Para alarmes de sobrepressão utilizam-se chaves normalmente fechadas, ou seja, que ao atingirem o valor máximo permitido se abrem, interrompendo o circuito. Em casos de subpressão ocorre o inverso, isto é, são utilizadas chaves normalmente abertas que devem ser fechadas quando o valor de pressão de trabalho atinge o mínimo determinado para o funcionamento do circuito. b) Temperatura Todas as substâncias são constituídas de moléculas, que estão em contínuo movimento. Quanto mais rápido o movimento das moléculas mais “quente” se apresenta o corpo e quanto mais lento esse movimento mais “frio” se apresenta esse corpo, logo, a temperatura de um corpo está relacionada ao grau de agitação das moléculas desse corpo. Nos diversos segmentos industriais, sejam eles: químico, petroquímico, siderúrgico, cerâmico, farmacêutico, vidreiro, alimentício, papel e celulose, hidrelétrico, nuclear, entre outros, a monitoração da variável temperatura é fundamental para a obtenção do produto final especificado. Usualmente termometria significa “Medição de Temperatura”, entretanto, eventualmente o termo Pirometria é também aplicado com o mesmo significado. Porém, baseando-se na etimologia das palavras, podemos definir: * Pirometria: Medição de altas temperaturas, na faixa em que os efeitos de radiação térmica passam a se manifestar. * Criometria: Medição de baixas temperaturas, ou seja, próximas ao zero absoluto de temperatura. Prof.: Deborah Alves Horta11 * Termometria: Termo mais abrangente que incluiria tanto a Pirometria quanto a Criometria. Os termômetros são os instrumentos mais utilizados para medição e indicação da temperatura. Estão disponíveis, no mercado, diversos modelos de instrumentos para medição de temperatura, tais como: termômetros de dilatação volumétrica de líquidos ou gases, termômetros de dilatação linear de sólidos ou bimetálicos, termopares, termorresistências e instrumentos de medição por radiação. Os termômetros de dilatação volumétrica incluem os termômetros utilizados na medicina para verificar a temperatura corporal dos pacientes, além dos termômetros usados em laboratórios químicos, por exemplo. Podem ser de vidro ou metálicos e tem seu princípio de funcionamento com base na dilatação volumétrica dos fluidos quando sofrem um acréscimo em sua temperatura. As imagens abaixo representam, respectivamente, um termômetro de recipiente de vidro e um de recipiente metálico. Os termômetros de recipientes metálicos podem ser de diferentes formatos, como mostram as imagens a seguir. Prof.: Deborah Alves Horta 12 Nos termômetros de recipiente metálico as dimensões do bulbo podem variar de acordo com o tipo de fluido utilizado e com a sensibilidade desejada. A tabela seguinte mostra os tipos de líquido utilizados e as faixas de temperatura correspondentes. Já no caso dos gases, os mais utilizados são Hélio (He), Nitrogênio (N2), Hidrogênio (H2) e Dióxido de Carbono (CO2). Os termômetros bimetálicos são formados por duas lâminas metálicas sobrepostas, com coeficientes de dilatação diferentes. Se alteramos a temperatura do conjunto as lâminas sofrem uma deformação e se curvam. O encurvamento é proporcional à temperatura, como mostram as imagens abaixo. Podem ser usados para medições entre -50º e 800ºC. Os termopares são elementos sensores de temperatura largamente empregados na indústria, principalmente por oferecerem robustez, baixo custo e operação em uma grande faixa de temperaturas. Estes sensores baseiam-se no efeito termoelétrico, descoberto por Thomas Seebeck em 1821, que é a criação de uma diferença de potencial quando quaisquer dois metais são unidos em um ponto de contato e submetidos a um gradiente de temperatura. O par de condutores de ligas distintas é soldado numa das extremidades, chamada junta quente ou junta de medição, a qual fica colocada no ponto onde desejamos medir ou controlar a temperatura e a outra extremidade, chamada junta fria ou junta de referência, ligada ao instrumento (indicador, registrador, controlador, etc.). A diferença de temperatura entre estas extremidades gera uma tensão chamada FEM (Força Eletromotriz). A magnitude da FEM pode ser medida com um milivoltímetro e corresponde à diferença de temperatura entre as juntas quente e fria, portanto, quanto maior a diferença de temperatura entre as juntas maior a FEM gerada. È importante destacar que se o termopar e o milivoltímetro estiverem à mesma temperatura o instrumento indicador mostrará resultado nulo, mas se houver diferença de temperatura entre os dois elementos uma pequena FEM será gerada e a temperatura será indicada pelo instrumento. Embora o efeito termoelétrico apareça quando se une quaisquer metais diferentes, existem certas combinações de metais e ligas que fornecem resultados mais atrativos, sendo, Prof.: Deborah Alves Horta 13 inclusive, padronizadas em nível internacional. São padronizadas, também, diversas combinações de materiais, com as suas respectivas tabelas, indicados por letras. São eles: * Tipo K (Cromel/Alumel) - Cobrem temperaturas entre os -200º e os 1200 °C, tendo uma sensibilidade de aproximadamente 41µV/°C. * Tipo E (Cromel/Constantan) - utilizado para medições entre -270º e 1000ºC. Este termopar tem uma elevada sensibilidade (68 µV/°C) que o torna adequado para baixas temperaturas. * Tipo J (Ferro/Constantan) - indicado para medições de temperaturas entre -40º a 750 °C. * Tipo N (Nicrosil/Nisil) - devido ao baixo custo, elevada estabilidade e resistência à oxidação a altas temperaturas termopares tipo N são adequados para medições de temperaturas elevadas em substituição aos termopares que incorporam platina na sua constituição, e são, portanto, mais caros. * Tipo B (Platina/ Ródio-Platina) - aplicados à medições entre 300º e 1800ºC. * Tipo R (Platina/ Ródio-Platina) - de reduzida sensibilidade (10 µV/°C) e custo elevado, são usados para medir temperaturas entre -50º e 1768ºC. * Tipo T (Cobre/Constantan) - mais indicado para medições na gama dos -270º a 400 °C. Os tipos K, E e J são os mais utilizados na aviação. Os do tipo K são mais comuns em medições de temperaturas entre 1200 oF e 1700oF. Já os do tipo J são mais comuns em CHT‟s (cabeça de cilindros) por medirem temperaturas de modo mais preciso na faixa de 0 oF a 500 oF. Obs: o constantan é uma liga metálica composta por Cu, Ni, Mn e Fe; o cromel é uma liga de Cr e Ni e alumel é composto Al e Ni. A liga Nicrosil é formada por Ni, Cr e Si, já o Nisil é composto por Ni, Si e Mg. Em função das características de cada metal os termopares tem algumas restrições de uso, por isso, alguns fatores devem ser observados, tais como: termopares do tipo T sofrem oxidação do cobre quando submetidos a temperaturas superiores a 310ºC e os do tipo K são vulneráveis a danos quando na presença de gases como Sulfeto de Hidrogênio (H2S) e Dióxido de Enxofre (SO2), por exemplo. As termorresistências tem seu princípio de funcionamento baseado na variação da resistência ôhmica dos metais quando submetidos a uma alteração de temperatura. Elas aumentam a resistência com o aumento da temperatura. Seu elemento sensor consiste de uma resistência em forma de fio de platina de alta pureza, de níquel ou de cobre (menos usado), encapsulado num bulbo de cerâmica ou vidro. Os termorresistores são usados principalmente para medição de temperaturas até 630ºC em sistemas de refrigeração de alimentos e compostos químicos, fornos de fusão (produção de metais e ligas, destilação fracionada na produção de bebidas e derivados de petróleo), usinas nucleares e aquecedores e refrigeradores domésticos (fornos elétricos e microondas, freezers e geladeiras). As termorresistências de Platina (Pt) são usadas para medições entre -285º e 900ºC, as de Níquel (Ni) para temperaturas entre -150º e 300ºC e as de Cobre (Cu) para medições entre -200º e 120ºC. Prof.: Deborah Alves Horta 14 A termografia permite mapear um corpo ou uma região com o objetivo de distinguir áreas de diferentes temperaturas, sendo, portanto, uma técnica que permite a visualização artificial da luz dentro do espectro infravermelho. Os instrumentos de medição de temperatura por radiação funcionam, portanto, com base na detecção e comparação dos níveis de radiação infravermelha emitidos por um corpo (quando em temperaturas elevadas) com um espectro padrão. Podemos dizer, então, que uma câmera termográfica transforma uma radiação infravermelha invisível ao olho humano em uma imagem visível. Detecta a energia emitida por um objeto, modifica a frequência da energia recebida e produz uma imagem correspondente na faixa visível do espectroeletromagnético. Assim, a termografia é uma técnica de mapeamento sem contato direto com a superfície do objeto. É importante observar, que, para a formação de uma imagem devemos ter diferenças de temperatura, pois, se tivermos uma superfície com temperatura constante, não se formará nenhuma imagem. Conhecidos também como câmeras termográficas, termovisores ou pirômetros ópticos, esses instrumentos são amplamente utilizados para medições de temperaturas em fornos em siderurgias, na área militar e de esportes, por exemplo, além de aplicações no setor de armazenamento de alimentos, detecção de desequilíbrio e sobrecargas elétricas e meteorologia. Nos modelos de tecnologia mais avançada, é possível ver o espectro na tela do instrumento, bem como um gráfico com os níveis de radiação e temperaturas correspondentes. Existe, ainda, a possibilidade de conectar o aparelho a um computador para armazenamento ou impressão dos espectros e dados obtidos ou, até mesmo, a um sistema de controle para correção automática da variável no processo. Prof.: Deborah Alves Horta 15 c) Vazão A medição de vazão inclui no seu sentido mais amplo, a determinação da quantidade de líquidos ou gases que passa ou passou por determinado local em determinado espaço de tempo. A quantidade total movimentada pode ser medida em unidades de volume (L, mm3, cm3, m3, galões, pés cúbicos) ou em unidades de massa (g, Kg, toneladas, libras). A vazão instantânea é dada pela divisão de uma das unidades anteriores, por uma unidade de tempo (L/min, m3/hora, galões/min). No caso de gases e vapores, a vazão instantânea pode ser expressa, em Kg/h ou m3/h. Existem dois tipos de medidores de vazão, os medidores de quantidade e os medidores volumétricos. Medidores de quantidade são aqueles que, em qualquer instante, permitem saber que quantidade de fluxo passou, mas não a vazão do fluxo que está passando no momento. Exemplos: bombas de gasolina, hidrômetros, etc. Os medidores volumétricos ou do tipo pressão diferencial variável são aqueles que exprimem a vazão volumétrica por unidade de tempo. Os medidores do tipo pressão diferencial variável tem a função de aumentar a velocidade do fluido, reduzindo a área da seção, para haver uma queda de pressão. A vazão pode então, ser medida a partir desta queda. É claro que o diâmetro da tubulação e o percentual de restrição influenciam nessa redução de pressão. As figuras a seguir ilustram a variação de pressão na tubulação e na restrição. Os elementos mais usados para reduzir a vazão do fluido (fluxo) são: placas de orifício; tubo Venturi e tubo Pitot. O tubo Pitot mede a velocidade do fluido e, a partir daí, pode-se calcular a vazão deste fluido. Composto por duas câmaras de medição dispostas em sentidos contrários, onde a primeira mede a pressão total (estática + cinética) do fluido e a segunda mede apenas a pressão estática, o tubo Pitot permite calcular a diferença entre a pressão de entrada (P1) e de saída (P2), indicando a pressão cinética final (o que permite o cálculo da velocidade e, consequentemente da vazão do fluido). Costumam ser usados para gases ou fluidos limpos e de baixa viscosidade. A figura a seguir representa o processo, que pode ser resumido pela seguinte equação: P1 – P2 = Pe + Pc – Pe = Pc. Prof.: Deborah Alves Horta 16 O tubo Venturi consiste numa suave restrição da tubulação e pode ser usado para gases, líquidos altamente viscosos ou com sólidos em suspensão. Mede-se a pressão na parte de maior diâmetro da tubulação e na parte da restrição e o diferencial de pressão possibilita calcular a vazão. Observe o esquema abaixo. Já a medição com placa de orifício consiste em uma placa precisamente perfurada e instalada perpendicularmente ao eixo da tubulação, mas que em comparação com o tubo Venturi provoca alta perda de carga. O orifício pode assumir três formatos e posições, conforme figura a seguir. a) Orifício concêntrico: é utilizado para líquidos, gases e vapores que não contenham sólidos em suspensão. b) Orifício excêntrico: utilizado quando se tem fluido com sólidos em suspensão, que possam ser retirados e acumulados na fase da placa. Para tanto, o orifício está posicionado na parte inferior da placa. c) Orifício segmental: esta placa tem a abertura para passagem de fluido, disposta em forma de segmento de círculo. É destinada para fluidos com alta porcentagem de sólidos em suspensão. Os medidores de quantidade são aqueles em que o fluido, passando em quantidades sucessivas pelo mecanismo de medição faz com que o mesmo acione o mecanismo de indicação. Exemplos: tipo pistão rotativo oscilante, pistão alternativo, engrenagem, etc. d) Nível Nível é a medição da quantidade de material (líquido ou sólido) contido em um recipiente (reservatório). A medição pode ocorrer por meio de monitoramento contínuo ou Prof.: Deborah Alves Horta 17 discreto e possibilita o controle de consumo e/ou reposição do material, além de permitir a identificação de vazamentos ou interrupção do processo de fornecimento à linha produtiva, por exemplo. A medição de nível pode ser aplicada a sólidos ou líquidos e pode se dar de forma direta ou indireta. A medição direta toma como referência a posição do plano superior da substância medida e o elemento de medição tem contato direto com a substância. Neste tipo de medição, podem-se utilizar réguas ou gabaritos, visores de nível, bóias ou flutuadores. No processo de medição indireta o nível é medido em função de grandezas físicas como: pressão, empuxo, radiação e propriedades elétricas. Abaixo estão descritos alguns dos principais sistemas de medição de nível aplicados industrialmente. Medição direta Medição indireta Por visor de nível Por capacitância Por bóias e flutuadores (só para líquidos) Por pressão hidrostática (só para líquidos) Por réguas ou gabaritos (só para líquidos) Por empuxo (só para líquidos) Por pesagem Por ultrassom A medição direta por régua graduada ou gabaritos é feita pela imersão do instrumento no líquido e o valor corresponde ao comprimento da parte molhada pelo líquido. O exemplo mais comum é a verificação do nível de óleo em automóveis. A medição por visores de nível é feita com base no princípio de vasos comunicantes. A leitura é feita em um visor de vidro (como na figura a seguir), que pode ser graduado ou não. A medição com bóias ou flutuadores funciona com base na mudança de altura de uma bóia ligada a um contrapeso que se move sobre uma régua graduada externa ao recipiente (como mostra a figura abaixo). Geralmente a escala é invertida, isto é, ao invés de começar de baixo até a altura limite do líquido, começa de cima, já que a parte vazia está em cima e a parte de líquido em baixo. Prof.: Deborah Alves Horta 18 No processo de medição indireta por empuxo um elemento (flutuador), com densidade maior que a densidade do líquido, é conectado a uma barra de torção por uma mola (como mostra a figuraabaixo). Com a variação do nível do líquido o flutuador sobe ou desce, tracionando a mola, fazendo atuar a barra de torção, que por sua vez é ligada a um elemento indicador (analógico) ou transmissor (digital). “Todo corpo mergulhado em líquido sofre a ação de uma força vert ical, direcionada de baixo para cima, igual ao peso do volume de fluido deslocado”, esta força é chamada “empuxo”. O empuxo corresponde à força que o líquido exerce sobre o flutuador e se altera em função da densidade do líquido e pode ser calculado pela seguinte relação: E = V. δ, onde E = empuxo; V = volume deslocado e δ = densidade do líquido na temperatura ambiente. A medição por pressão hidrostática é baseada na pressão exercida pela coluna de líquido exercida sobre o fundo do recipiente, de acordo com o Teorema de Stevin: P = h . δ. Onde: P = Pressão em mmH2O; h = altura (nível) em mm da coluna de líquido e δ = densidade do líquido na temperatura ambiente. Esta técnica permite que a medição seja feita independente do formato do tanque, seja ele aberto ou pressurizado. A capacitância é uma grandeza elétrica que existe entre duas superfícies condutoras isoladas entre si. O sistema de medição indireta por capacitância funciona com base no princípio de funcionamento dos capacitores cilíndricos, utilizando a variação da capacitância existente entre a haste do instrumento, o material e a parede do tanque. Nesta medição, existem duas possibilidades, ou o reservatório funciona como a superfície externa do capacitor (figura abaixo) ou placas internas são acrescentadas, caso o reservatório não seja de material condutor. Prof.: Deborah Alves Horta 19 O nível é medido pela capacitância medida que dependerá da altura da substância, que, por sua vez, funcionará como um dielétrico. Logo, a variação da capacitância estará diretamente relacionada ao nível da substância. O sistema de medição de nível por pesagem (figura abaixo) é um dos mais simples. Consiste uma célula de carga (recipiente de armazenamento) sobre uma plataforma de pesagem e a verificação do nível se dá em função do peso mostrado pelo indicador, já que quanto mais cheio o tanque, mais alto o nível da substância. A medição de nível por ultrassom (figura ao lado) consiste na medição do tempo de retorno da onda ultrassônica ao transdutor. A onda é emitida e, quando atinge a superfície da substância, retorna. Quanto maior o tempo de retorno, mais baixo o nível da substância. e) Grandezas elétricas (tensão e corrente) Quando uma carga elétrica pontual, com certa velocidade, é lançada em uma região onde existe um campo magnético, dependendo da orientação do vetor indução magnética, veremos que a carga fica sujeita a uma força magnética também chamada de força de Lorentz. Sendo assim, quando essa carga é lançada em um campo magnético ela pode assumir no Prof.: Deborah Alves Horta 20 interior do campo diversos tipos de movimento, conforme a direção e velocidade em relação ao campo magnético. Se colocarmos um fio condutor retilíneo imerso em um campo magnético veremos que esse fio também fica sujeito a uma força magnética. Essa força magnética que atua em um condutor percorrido por uma corrente elétrica é utilizada em uma grande variedade de aparelhos, como amperímetros, voltímetros e galvanômetros. Aparelhos elétricos que fazem uso desse princípio de funcionamento são, na verdade, medidores eletromagnéticos, como é o caso do galvanômetro (figura a seguir) e funcionam com base no efeito de rotação que os campos magnéticos provocam nas espiras, conduzindo corrente elétrica. O galvanômetro, quando usado para medir corrente elétrica em um circuito elétrico, deve ser conectado em série. Já para se medir tensão elétrica, o galvanômetro deve ser conectado em paralelo. f) Tensão, corrente, resistência Um multímetro ou multiteste é um aparelho destinado a medir e avaliar grandezas elétricas. Tem ampla utilização entre os técnicos em eletrônica e eletrotécnica devido a sua simplicidade de uso e portabilidade. Existem modelos com mostrador analógico (de ponteiro) e modelos com mostrador digital; como nas imagens abaixo. Prof.: Deborah Alves Horta 21 O mostrador analógico funciona com base no galvanômetro, instrumento composto basicamente por uma bobina elétrica montada em um anel em volta de um ímã. O ponteiro desloca-se sobre uma escala calibrada e indica o valor obtido. O valor deve ser lido na escala adequada à grandeza a ser medida: tensão, corrente, resistência, etc. O modelo com mostrador digital funciona convertendo a corrente elétrica em sinais digitais através de circuitos denominados conversores ana lógico-digitais. Esses circuitos comparam a corrente a medir com uma corrente interna gerada em incrementos fixos que vão sendo contados digitalmente até que se igualem e o resultado, então, é mostrado no display ou transferidos para um computador pessoal. Nos dois modelos, um sistema de chave mecânica ou eletrônica divide o sinal de entrada de maneira a adequar a escala e o tipo de medição. Utilizado na bancada de trabalho (laboratório) ou em serviços de campo, o multímetro incorpora diversos instrumentos de medidas elétricas em um mesmo aparelho, facilitando o trabalho. Diferentes fabricantes oferecem inúmeras variações de modelos que diferem na variedade de precisões, nível de segurança do instrumento, grandezas possíveis de serem medidas, resolução, etc. Há modelos destinados a uso doméstico (onde o risco de um acidente é menor) e modelos destinados a uso em ambiente industrial (que devido as maiores correntes de curto-circuito apresentam maior risco). g) Intensidade da corrente elétrica O amperímetro é um instrumento utilizado para fazer a medida da intensidade no fluxo da corrente elétrica que passa através da sessão transversal de um condutor. Amperímetros podem medir correntes contínuas ou alternadas. A unidade usada é o Ampère (A). Os amperímetros são construídos com escalas de diferentes alcances, tais que permitem medir desde microampères a vários ampères. Como a corrente elétrica passa através dos condutores e dispositivos ligados a eles, para aferir a corrente que passa por alguma região de algum circuito, deve-se colocar o amperímetro em série com esta, sendo necessário abrir o circuito no local da medida. O valor da resistência interna do amperímetro é um dos fatores importantes que está relacionado ao erro de medida do instrumento. A medida de corrente é feita intercalando-se o amperímetro em série com o circuito, como já foi dito. Portanto, o amperímetro ideal é aquele que possui resistência interna nula. Como isso é impossível, ao se fazer uma medida de corrente, introduz-se um erro devido à modificação causada no circuito pela resistência interna do amperímetro. Prof.: Deborah Alves Horta 22 h) Tensões O voltímetro é um aparelho que realiza medições de tensão elétrica em um circuito e exibe essas medições, geralmente,por meio de um ponteiro móvel ou um mostrador digital. Voltímetros podem medir tensões contínuas ou alternadas. A unidade de medida é o Volt (V). Assim como os amperímetros, os voltímetros podem ser encontrados com escalas de diferentes alcances para atender às diferentes necessidades. Para aferir a diferença de tensão entre dois pontos de um circuito, convém colocar o voltímetro em paralelo com a seção do circuito compreendida entre estes dois pontos. Por isso, para as medições serem precisas, é esperado que o voltímetro (figura a seguir) ofereça uma resistência muito grande, se comparada à do circuito. i) Potência elétrica O wattímetro é um instrumento que permite medir a potência elétrica fornecida ou dissipada por um elemento. O wattímetro implementa o produto das grandezas tensão e corrente eléctrica no elemento, razão pela qual a sua ligação ao circuito é feita simultaneamente em série e em paralelo. Assim, dois dos terminais são ligados em paralelo com o elemento, efetuando a medição da tensão, e os dois restantes são interpostos no caminho da corrente. Esse tipo de instrumento é apto a medir tanto potências produzidas por correntes alternadas quanto contínuas indicando o verdadeiro valor RMS (root mean square – valor eficaz), independente da forma de onda aplicada. Prof.: Deborah Alves Horta 23 j) Resistência elétrica Um ohmímetro é um instrumento de medida elétrica que mede a resistência elétrica, ou seja, a oposição à passagem da corrente elétrica. A unidade de medida é o ohm (Ω). A escala do ohmímetro é heterogênea e graduada em sentido inverso à dos amperímetros e voltímetros. A medição efetuada por um ohmímetro baseia-se na aplicação da Lei de Ohm: o ohmímetro injeta no elemento uma corrente pré-estabelecida, mede a tensão aos terminais e efetua o cálculo da resistência. No entanto, para que a medição seja correta, é necessário que o elemento a medir se encontre devidamente isolado de outros componentes do circuito. Deste modo evita-se que o circuito envolvente retire ou injete no elemento corrente distinta daquela aplicada pelo ohmímetro (figura a seguir). O isolamento elétrico pode ser obtido de duas maneiras distintas: desligando o componente em questão do resto do circuito, ou colocando pelo menos um dos seus terminais “no ar”. O ohmímetro também pode ser utilizado na identificação de caminhos em curto-circuito ou em circuito aberto. Nós em “curto-circuito” são identificados através da medição de uma resistência relativamente pequena ou nula entre os pontos inquiridos. A situação oposta (circuito aberto) corresponde à medição de resistências elevadíssimas. Antes de medir a resistência elétrica em um circuito elétrico, temos que definir o que, necessariamente, queremos medir já que podemos medir a resistência do condutor (elemento com alta condutividade elétrica) e do resistor (elemento com baixa condutividade elétrica). Dependendo da medida que estamos interessados em fazer, conectaremos o ohmímetro em série ou em paralelo. Quando o objetivo for medir a resistência do resistor, o ohmímetro será conectado em paralelo ao resistor. Mas se o objetivo é medir a resistência em um trecho do condutor, o ohmímetro será conectado em série com o mesmo. k) Medidor de fator de potência O fasímetro/cossifímetro é um instrumento que mede o valor do fator de potência de um circuito. O valor de fator de potência é expresso por meio do cosseno de um ângulo (ângulo de defasagem), portanto, o valor é adimensional. Prof.: Deborah Alves Horta 24 O fator de potência pode ser determinado por cálculo baseado na tensão, corrente e potência útil, ou senão diretamente por meio de um medidor de fator de potênc ia. Podem ser eletrodinâmicos ou ferrodinâmicos. Um fasímetro tem por finalidade a medição da defasagem entre a tensão e corrente de um determinado circuito com forma de onda senoidal. A indicação será indutiva quando a corrente estiver atrasada em relação à tensão e capacitiva quando a tensão estiver atrasada em relação a corrente. l) Frequência Para as medições em baixa frequência, é geralmente usado o frequencímetro de lâminas (instrumento de lâminas vibráteis). A unidade de medida é o Hz (hertz). O instrumento de lâminas vibráteis (figura abaixo) baseia o seu funcionamento nos efeitos de ressonância. Uma determinada quantidade de lâminas metálicas de diferentes frequências de ressonância é levada a vibrar, pela ação dos impulsos magnéticos provenientes de um eletroímã alimentado com frequência nominal da rede. Com isto, uma das lâminas vibrará com maior intensidade, é exatamente aquela cuja frequência é a mesma da frequência aplicada. Lâminas adjacentes também vibrarão, porém com menor intensidade. Frequencímetros digitais (figura a seguir) tem seu funcionamento baseado na contagem do sinal de entrada em ciclos por segundo. Prof.: Deborah Alves Horta 25 m) Osciloscópios O osciloscópio é um instrumento de medida que permite visualizar em tempo real a amplitude de uma tensão elétrica variável no tempo. É um instrumento de medida eletrônico que cria um gráfico bidimensional visível de uma ou mais diferenças de potencial. O eixo horizontal do ecrã (monitor) normalmente representa o tempo, tornando o instrumento útil para mostrar sinais periódicos. O eixo vertical comumente mostra a tensão. O monitor é constituído por um "ponto" que periodicamente "varre" a tela da esquerda para a direita construindo o gráfico. Os osciloscópios são dotados de uma ponta de prova por canal, cujos dois terminais devem ser ligados em paralelo com o elemento cuja tensão aos terminais se pretende medir. Os osciloscópios atualmente existentes no mercado dispõem de diversos canais de leitura simultânea, em geral dois ou quatro, podendo ser de tipo analógico ou digital. Os osciloscópios digitais são os de maior funcionalidade, permitindo designadamente somar e subtrair sinais entre canais, calcular valores médios, máximos e mínimos, determinar períodos e frequências de oscilação dos sinais medidos, suspender, memorizar e recuperar sinais, imprimir ou transferir para um computador o conteúdo do visor, etc.
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