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�� Capítulo I CARACTERÍSTICAS CONSTRUTIVAS DAS MÁQUINAS SÍNCRONAS 1. INTRODUÇÃO As máquinas síncronas constituem uma das famílias de máquinas elétricas mais importantes. Os geradores síncronos produzem a maior parte da energia elétrica consumida no mundo. Os motores síncronos por sua vez são muito utilizados, tanto pela característica de possuírem uma velocidade constante em função da frequência, como pela característica, também comum aos dois modos de funcionamento, do seu fator de potência ser regulável. Da mesma maneira que as máquinas de corrente contínua, o fluxo magnético ou excitação das máquinas síncronas é produzido por uma corrente contínua. Porém, para as máquinas síncronas, a estrutura dos pólos (formado pelo enrolamento de campo ou indutor) se encontra geralmente na parte mais interna da máquina que é girante – chamada de rotor. A parte mais externa que é estática – chamada de estator – consiste na armadura (formada pelo enrolamento induzido). Um esquema de uma máquina construída de pólos girantes é mostrado na figura 1.1. ENROLAMENTOS AMORTECEDORES BOBINA DE CAMPO RANHURAS DOS ENROLAMENTOS DA ARMADURA CORRENTE DE EXCITAÇÃO DO CAMPO CAMPO MAGNÉTICO INDUTOR PEÇA POLAR ESCOVAS E ANÉIS DESLISANTES Figura 1.1 – Esquema básico de uma máquina síncrona de seis pólos �� Segundo o vocabulário eletrotécnico internacional, “uma máquina síncrona é uma máquina de corrente alternada na qual a frequência da tensão induzida e a velocidade possuem uma relação constante”. A sua velocidade de rotação (n) é por esse motivo designada a velocidade síncrona e é dada por: f 60 n [rpm] p × = (01) onde f é a frequência (em Hz) e p o número de pares de pólos. A tabela 1.1, a seguir, fornece velocidade síncrona em rpm (n) de uma máquina (motor ou gerador) de acordo com o número de pólos (2p) e a frequência (f). Tabela 4.1 – Velocidade-síncrona obtida para uma dada frequência e números de pólos. Frequência (f) Número de pólos (2p) 2 4 6 10 16 30 25 Hz 1500 rpm 750 rpm 500 rpm 300 rpm 187,5 rpm 100 rpm 50 Hz 3000 rpm 1500 rpm 1000 rpm 600 rpm 375 rpm 200 rpm 60 Hz 3600 rpm 1800 rpm 1200 rpm 720 rpm 450 rpm 240 rpm O presente capítulo tem por objetivo apresentar as características construtivas das máquinas síncronas, destacando suas partes mecânicas e elétricas. 2. PARTES CONSTITUINTES DE UMA MÁQUINA SÍNCRONA O induzido da máquina síncrona, normalmente no estator, é idêntico ao da máquina assíncrona, conforme mostrado nas figuras 1.2 e 1.3, e, portanto, é constituído por um enrolamento distribuído, normalmente trifásico e com um ou mais pares de pólos. Figura 1.2 – Enrolamento estatórico de uma máquina síncrona �� N S -c a -b c b -a -a -b -c a b c Induzido ou armadura com enrolamento trifásico situado no estator Indutor ou campo com enrolamento de CC no rotor Conexão em Y da armadura Figura 1.3 – Diagrama esquemático da máquina síncrona de 2 pólos e conexão Y O indutor, usualmente no rotor, é constituído por um enrolamento monofásico alimentado por corrente contínua, também designado enrolamento de campo ou de excitação, embora se assista a um progressivo uso de ímãs permanentes em substituição desse enrolamento, nas unidades de menor potência. Normalmente o rotor apresenta-se sob duas formas possíveis, originando duas famílias de máquinas, conforme ilustrado na figura 1.4: (a) Máquinas síncronas de rotor de pólos lisos ou de rotor cilíndrico (figuras 1.4 e 1.5); (b) Máquinas síncronas de rotor de pólos salientes (figuras 1.4 e 1.6). Estas duas famílias de máquinas síncronas são mais detalhadas nas duas seções seguintes. 3. MÁQUINAS SÍNCRONAS DE PÓLOS LISOS São aquelas empregadas nos denominados turbo-alternadores ou turbo- geradores (ver ilustração na figura 1.5) e nos turbo-motores. Neste caso o enrolamento rotórico é distribuído. Constroem-se, deste modo, máquinas que rodam a velocidades elevadas uma vez que não se ultrapassa com este tipo de enrolamento o total de 4 pólos. São compostas de peças com grande resistência mecânica, normalmente rotores maciços em aço. As restrições mecânicas impõem o limite de 1250 mm para o diâmetro a 3000 rpm (em 50 Hz), o que provoca a forma alongada para este tipo de máquina (como mostra a figura 1.5). �� As unidades de potência superior a 125 MVA rodam em hidrogênio para reduzir perdas por ventilação e aumentar a potência específica. As potências máximas ultrapassam os 1200 MVA a 3000 rpm e os 1650 MVA a 1500 rpm (valores de 1982 na frequência de 50 Hz). Figura 1.4 – Tipos de rotores: A – de pólos lisos, B – de pólos salientes Figura 1.5 – Turbo-gerador mostrando seu rotor cilíndrico em detalhe �� 4. MÁQUINAS SÍNCRONAS DE PÓLOS SALIENTES Neste tipo de máquina o enrolamento do rotor é constituído por bobinas concentradas em torno das cabeças polares e esta forma de construção é possível para todas as velocidades de rotação síncrona e toda a gama de potências. O número mínimo de pólos é, no entanto, geralmente fixado em 4, conforme ilustra a figura 1.6, já a figura 1.1 mostra uma configuração com 6 pólos. Este tipo de máquina é usado, por exemplo, em centrais hidroelétricas, acoplado a turbinas Francis ou Kaplan, devido à velocidade ser reduzida, segundo a natureza da queda. Por esse motivo, são máquinas com muitos pólos o que as leva a serem maiores em diâmetro do que em profundidade. A figura 1.7 representa o estator de um gerador de 500 MVA, 15 kV de uma usina hidroelétrica. Notar a sua forma larga e pouco profunda. -a' -b' -c' a b c Conexão em Y da armadura Máquina síncrona de pólos salientes (armadura com enrolamento trifásico) N S NS b -a c -b a' -c' b' -a' c' -b' a -c a' -a b' -b c' -c Figura 1.6 – Máquina síncrona trifásica de pólos salientes (4 pólos) Figura 1.7 – Estator de um gerador de usina hidroelétrica �� O uso de pólos salientes é a forma mais comum para motores, sobretudo para os que rodam a velocidades inferiores a 1200 rpm (60 Hz). 5. O ENROLAMENTO AMORTECEDOR DA MÁQUINA SÍNCRONA Na maior parte das máquinas síncronas existe ainda um terceiro enrolamento colocado no rotor, semelhante ao enrolamento em gaiola das máquinas assíncronas ou de indução. Este enrolamento destina-se a amortecer oscilações de torque mecânico que provoquem quebras de sincronismo, e até mesmo a saída de serviço da máquina (seja operando como motor, seja como gerador). Em maior ou menor escala o efeito do enrolamento amortecedor sempre se fará presente na operação da máquina. Em outras palavras, isto significa que, mesmo que o projeto da máquina não inclua barras condutoras colocadas na superfície do rotor e curto-circuitadas entre si, o próprio efeito da massa de ferro na cabeça do rotor terá um efeito correspondente (em menor escala) de amortecimento. A conexão utilizada para o enrolamento amortecedor é muito semelhante a gaiola de um motor de indução. Neste caso tem-se o que se denomina enrolamento amortecedor conectado. Quando; entretanto, as barras condutoras não são interconectadas tem-se o conhecido enrolamento amortecedor do tipo “barras isoladas”, ilustrado na figura 1.8, cuja principal desvantagem com relação ao outro é que a resistência elétrica oferecida é maior. Figura 1.8 – Pólo saliente mostrando as barras do enrolamento amortecedor �� Fora do sincronismo circularão correntes neste enrolamento, à frequência de escorregamento que, pela lei de Lenz, criam torque com sentido opostoà variação, de velocidade que tende a retornar a máquina à situação de sincronismo. Este enrolamento amortecedor possibilita ainda a partida (como motor de indução) de uma máquina síncrona funcionando como motor, que de outra maneira não possui torque de arranque. A figura 1.9 ilustra uma máquina síncrona de dois pólos com três enrolamentos: � um enrolamento trifásico na armadura (bobinas das fases a, b e c), � um enrolamento de campo (bobina F) no rotor, � um enrolamento amortecedor no rotor (identificado pelas bobinas D e Q com eixos, respectivamente, nos eixos d e q). Figura 1.9 – Esquema da máquina síncrona trifásica com todos enrolamentos � 6. SISTEMAS DE EXCITAÇÃO DA MÁQUINA SÍNCRONA Como citado a máquina síncrona possui normalmente o enrolamento induzido (ou de armadura) no estator, sendo um enrolamento normalmente polifásico, onde circulam correntes alternadas. O enrolamento de excitação (ou indutor) está no rotor e deve ser alimentado por corrente contínua. A potência CC requerida para a excitação aproxima-se de 1% da potência nominal de uma máquina síncrona. Ao longo dos anos os sistemas de excitação têm evoluído tomando várias formas e, conforme a fonte de potência (excitatriz) utilizada, estes podem ser classificados em três tipos: (i) Sistemas de excitação CC (“DC excitation systems”); (ii) Sistemas de excitação CA (“AC excitation systems”); (iii) Sistemas de excitação estáticos (“Static excitation systems”). As potências elétricas requeridas pelos dois primeiros sistemas de excitação são derivadas de máquinas girantes, sendo usado o gerador CC com comutador (e escovas) para tipo (i), e o gerador CA com retificador para tipo (ii). Já os sistemas de excitação do tipo (iii) são estáticos ou estacionários e, por não empregar máquinas rotativas, representam configurações mais modernas e atrativas. Todos estes tipos serão tratados mais detalhadamente a seguir. Para facilitar a compreensão, todo o material apresentado a seguir irá referir apenas aos sistemas de excitação CC, que utilizam geradores CC, denominados de “excitatrizes”, como fontes de potência da excitação e fornecem corrente para o enrolamento de rotor (campo) da máquina síncrona principal através de anéis deslizantes e escovas. A excitatriz principal1 pode ser acionada por um motor ou o próprio eixo do gerador síncrono, podendo ser auto-excitada ou excitada separadamente. Neste último caso, o campo da excitatriz é suprido por uma excitatriz piloto2 compreendendo um gerador de imã permanente (PMSG – “Permanent Magnet Synchronous Generator”). ����������������������������������������� 1 Excitatriz principal = a fonte de toda ou parte da corrente de campo para a excitação de uma máquina elétrica, excluindo uma outra excitatriz. 2 Excitatriz piloto = a fonte de toda ou parte da corrente de campo para a excitação de outra excitatriz. � Os primeiros sistemas de excitação eram deste tipo (CC), possuindo ampla aplicação desde 1920 até 1960 quando foram superados pelas excitatrizes CA. Ainda existem sistemas de excitação deste tipo em serviço, conforme mostra a figura 1.10, o qual representa um esquema ilustrativo de um sistema com excitatriz principal (gerador CC) no mesmo eixo (atualmente em desuso) e também a excitatriz piloto. Figura 1.10 – Gerador síncrono com sua excitatriz CC no próprio eixo 7. O REGULADOR AUTOMÁTICO DE TENSÃO Este curso pretende abordar o regulador automático de tensão ou AVR (do inglês “automatic voltage regulator”) apenas de forma sucinta. Do ponto de vista do sistema de potência, a principal função de um AVR é controlar a tensão terminal (vt)da máquina síncrona (gerador) pelo ajuste de sua excitação (corrente de campo IF ou tensão de campo vF), conforme mostra a figura 1.11. O AVR deve acompanhar a tensão do gerador durante todo o tempo e em qualquer condição de carga agindo no sentido de manter esta tensão dentro de limites pré-definidos. Em consequência disso, pode-se dizer que o AVR também controla a potência reativa gerada e o fator de potência da máquina desde que estes fatores são dependentes do nível de excitação do gerador. A ação do AVR não somente fornece um perfil de tensão constante durante a operação em regime permanente, como também auxilia a minimizar as oscilações de tensão durante períodos transitórios, melhorando desta forma a estabilidade global do sistema. Entretanto, é importante enfatizar que um bom projeto de AVR associado a ajustes adequados de seus controles são fatores imprescindíveis para alcançar estes melhoramentos. ��� Usualmente é preferível que um sistema de controle seja um sistema de ação contínua e proporcional, isto é, o sistema de controle está sempre presente e exerce um esforço proporcional ao erro do sistema. A maioria dos sistemas de controle de excitação comumente em uso é desse tipo. Dentre estes, pode-se citar o sistema de excitação CC do tipo “boost-buck”, mostrado simplificadamente na figura 1.11. GERADOR CA EXITATRIZ CC campo armadura Vt T.P. & RETIFICADOR COMPARADOR AMPLIFICADORAMPLIFICADOR reostato campo da exitatriz λE �R� � � �F �F � � Ve Vdc Vref R Figura 1.11 – Configuração de um sistema de controle da excitação do tipo “boost- buck” de um gerador síncrono com excitatriz CC A figura 1.12 ilustra o diagrama de blocos do sistema de controle de excitação da figura 1.11, sendo identificados os seguintes parâmetros: KA, τA – ganho e constante de tempo, respectivamente, do amplificador; KE, τE – ganho e constante de tempo, respectivamente, da excitatriz CC; KG, τG – ganho e constante de tempo, respectivamente, do gerador síncrono; KR, τR – ganho e constante de tempo, respectivamente, do retificador; SE, – função de saturação magnética da excitatriz CC; VRmin, VRmax – limites mínimo e máximo, respectivamente, do regulador. �� ���� � ��� � ����τ���� ���� � � �� � ��������� �� ��τ���� �� ��τ���� � � � ������������ ���� �����!�"�����"#!�$��� �� ��τ���� �� ����$��� �� �%& �' �$ � �� Figura 1.12 – Diagrama de blocos do sistema de controle da excitação do tipo “boost-buck” da figura 1.11 incluindo a modelagem do gerador ��� Capítulo II CARACTERÍSTICAS OPERATIVAS DAS MÁQUINAS SÍNCRONAS 1. INTRODUÇÃO Este capítulo tem por objetivo introduzir os princípios de operação das máquinas síncronas a partir dos quais será construída toda a conceituação necessária ao entendimento dos fenômenos físicos envolvendo tais equipamentos, seja de forma isolada, seja no contexto de um sistema elétrico. Para isto, este é iniciado apresentando as equações fundamentais que regem o funcionamento das máquinas rotativas e, em especial, dos geradores síncronos. Em seguida, são abordados os dois ensaios básicos usualmente realizados para extrair as características operativas destas máquinas, ou seja, o ensaio a vazio e o ensaio em curto-circuito. 2. FORÇA ELETROMOTRIZ INDUZIDA EM UM ENROLAMENTO DE CORRENTE ALTERNADA A força eletromotriz (fem ou e) induzida em um circuito fechado é expressa pela lei de Faraday, equação (01), como a taxa de variação do fluxo magnético (Φ) enlaçado pelo circuito. O sinal menos da fórmula (01) indica que esta fem tende a opor pelos seus efeitos a causa que a criou (lei de Lenz). d e [V] dt Φ = − (01) A figura 2.1 indica uma espira fixa no espaço e que é cortada por um fluxo Φ e que gira com velocidade angular ω. O fluxo (Φ) que corta a espira será nulo quando seu eixo estiver na direção vertical e este fluxo será máximo (Φ = φ) quando seu eixo estiver na horizontal.Quando o eixo do fluxo se mover da posição horizontal de 1/4 de ciclo, então Φ variará de um valor Φ = + φ para um valor Φ = 0. Após 1/4 de ciclo, o fluxo variará de Φ = 0 para Φ = - φ. Em outras palavras, durante o intervalo de 1/2 ciclo, o fluxo sofrerá uma variação ∆Φ = - 2φ. Se a velocidade do eixo do campo (do fluxo) é n [rpm] ou n/60 [rps], a duração do meio ciclo mecânico é de ∆t = 30/n [seg]. Nestas condições poder-se-ia definir uma fem média (Emed) como sendo: ��� med 2 nE 4 [V] t 30 / n 60 ∆Φ φ = − = = φ ∆ (02) Eixo do fluxo magnético N S Eixo da bobina a a' θ ω Eixo (móvel) do fluxo magnético Eixo (fixo) da bobina ω θ Bobina estacionária a a' Figura 2.1 – Espira fixa cortada por fluxo constante que gira com velocidade ω Na expressão (02) é importante observar que, para o caso do fluxo com apenas um pólo norte e um pólo sul, 1/2 ciclo de rotação mecânica (ou 180º mecânicos) coincide com 1/2 ciclo elétrico. Deve-se salientar para o fato que 360º elétricos corresponderia a situação em que a bobina seria cortada por um fluxo em condições semelhantes àquela que teria ocorrido em 0º. A equação (02) presume a existência de apenas um pólo norte e um pólo sul, ou seja, máquina de dois pólos ou um par de pólos (p = 1). Além disto, a bobina na qual é produzida a fem é constituída de uma única espira (N = 1). Se a bobina é formada de N espiras conectadas em série, e, localizadas de forma tão concentrada que possam ser consideradas como sendo cortadas pelo mesmo fluxo Φ, então a expressão (02) deverá ser multiplicada por N. Se, além disto, a máquina possuir um número de pares de pólos maior que 1, por exemplo, p = 2, 3, ... , 10, ... , então, a variação de fluxo ∆Φ = 2φ ocorrerá também em 1/2 ciclo elétrico, porém este 1/2 ciclo elétrico não corresponderá a 1/2 ciclo mecânico. Nesse caso, onde p > 1, tem-se que a relação entre o ciclo elétrico e o ciclo mecânico é dada por: (ângulo elétrico) = p × (ângulo mecânico) ��� Assim sendo, na expressão (02), para que seja completado 1/2 ciclo elétrico, haveria necessidade de: 30/ n t [s] p ∆ = (03) Que substituído em (02): med n nE N N 4 p (4 p)N [V] t 60 60 ∆Φ � � = = φ = φ� �∆ � � (04) Esta é, portanto, a expressão da fem média induzida em uma bobina de N espiras, cortada por um fluxo produzido por um rotor de p pares de pólos. Admitindo-se que o fluxo que corta a espira da figura 2.1 tem uma distribuição senoidal, então a fem induzida será da mesma forma. No desenvolvimento a seguir, será determinada a amplitude e o valor eficaz desta fem. Tomando: cos tΦ = φ ω (05) onde ω = velocidade angular elétrica do eixo do fluxo magnético Substituindo em (01), tem-se a fem de uma espira dada por: maxe sen t E sen t= ωφ ω = ω (06) De onde se constata que a fem está atrasada do fluxo magnético por um ângulo igual a 90º. De (06) tem-se que o valor máximo de tensão induzida na espira é: maxE = ωφ (07) E sua frequência é: f 2 ω = pi (08) ��� De onde: maxE 2 f= pi φ O valor eficaz da tensão induzida será: maxEE 4,44f [V] 2 = = φ (09) Se o enrolamento do induzido é considerado em sua forma mais real, então deverão ser introduzidos os chamados fatores de enrolamento (ke) e de distribuição (kd), que são números inferiores a unidade. Nestas condições para um enrolamento de N espiras, a fem induzida será: bobina e dE k k N E= (10) Conforme mostrado pela equação (03), para o caso de uma máquina com p > 1, o ângulo elétrico varia p vezes mais rapidamente que o ângulo mecânico, então: mecpω = ω De (11) sabendo-se que mec 2 n / 60ω = pi , então: n2 f p2 60 pi = pi (11) De onde: n pnf p 60 60 = = [Hz] (12) Sendo: f = frequência elétrica em Hz; p = número de pares de pólos; n = rotação do eixo do rotor em rpm. ��� Exemplo: Uma bobina com 5 espiras em série e devidamente concentradas é cortada por um fluxo de valor φ = 0,03 T (ou φ = 3 × 106 maxwells) por pólo e de distribuição senoidal. Sabendo-se que a máquina possui 3 pares de pólos e que o rotor gira a 1200 rpm, pede-se: • a fem média induzida, • o valor máximo da fem induzida, • o valor eficaz da fem, • a frequência da fem. Solução: Dados: N = 5, p = 3, n = 1200 rpm, φ = 0,03 T De (04): Emed = 4×0,03×3×5×1200/60 = 36 volts De (12): f = (3 × 1200) / 60 = 60 Hz De (07) e (08): Emax = 5 × 2pi × 60 × 0,03 = 56,6 volts De (09): maxEE 40 volts 2 = = É conveniente lembrar que a expressões (06), (09) e (11) foram deduzidas com base em uma máquina monofásica. Embora não se entre em maiores detalhes neste ponto, para o caso do alternador trifásico ter-se-ia para o lugar de (06): a max b max c max e E sen t e E sen( t 2 /3) e E sen( t 2 /3) = ω = ω − pi = ω + pi (13) 3. CARACTERÍSTICA A VAZIO Denomina-se “característica a vazio”, ou “característica de circuito aberto”, ou simplesmente “CCA”, à curva obtida relacionando, em um sistema cartesiano, a fem (E) e a corrente de campo ou de excitação (iex). A característica a vazio é, pois, a relação: exE f (i )= (14) A representação da equação (14) assume a forma indicada pelas curvas 1 ou 2 da figura 2.2, tendo inicialmente um aspecto linear enquanto a saturação não se manifestar. Continuando a aumentar iex, constata-se uma inclinação da característica, indicando a operação em uma região saturada. A região normal de operação da máquina situa-se pouco acima do ponto onde a saturação é iniciada. ��� Conforme ilustrado na figura 2.2, tem-se que para uma mesma fem (E); necessita-se para as máquinas de pólos lisos uma corrente de excitação maior que para aquelas de pólos salientes ( ex1 ex2i i> ). Isto se deve a diferença de relutância dos circuitos magnéticos para as duas máquinas, pois devido às altas velocidades das primeiras, tem-se, por exigências mecânicas, um maior entreferro. Figura 2.2 – Características a vazio Outro ponto que diferencia as duas máquinas é o problema da saturação, que se manifesta mais acentuadamente para as máquinas de pólos salientes. Como pode ser observado na figura 2.2, a característica E = f(iex) nada mais é do que a curva de magnetização do alternador. A parte retilínea caracteriza a linha do entreferro (ar), daí a proporcionalidade entre fem e corrente. Somente para as correntes de excitação maiores é que se faz notar o efeito da saturação. Notas: (a) Para o caso de máquinas trifásicas, a característica é construída por fase . (b) Durante o ensaio para o levantamento da característica, a velocidade deverá ser mantida constante e igual a nominal, caso contrário, a fem deverá sofrer correção indicada abaixo. Para verificar o motivo desta observação, veja na equação (04) a influência da velocidade no valor da fem. 1 1 2 2 nE E n = (15) ��� onde: n1 = velocidade nominal do rotor em rpm; n2 = velocidade do rotor durante a execução do ensaio em rpm; E1 = fem induzida para a rotação n1; E2 = fem induzida para a rotação n2. 4. CARACTERÍSTICA EM CURTO-CIRCUITO (CCC) Denomina-se “característica em curto-circuito” ou, simplesmente, “CCC”, a curva correspondente à representação de: cc exI f (i )= (16) Para a realização deste ensaio, estabelece-se um curto-circuito nos terminais do estator, e, aumenta-se gradativamente o valor da corrente de excitação. É fácil imaginar que estando a máquina na condição de curto-circuito, urna pequenafem induzida poderia originar uma grande corrente. Assim sendo, o ensaio é iniciado com iex = 0 e aumentando lentamente o seu valor até que a corrente que circula pelo estator assuma valores permissíveis pela máquina. Considerando, pois, que a máquina opera, durante o teste, com baixos valores de corrente de excitação (sem entrar na região de saturação magnética), o aspecto da característica a ser obtida será semelhante ao ilustrado na figura 2.3. Figura 2.3 – Característica em curto-circuito � � Deve-se ressaltar que a característica cc exI f (i )= é normalmente construída por fase do alternador. Consequentemente, se o alternador estiver conectado em delta (∆), a corrente, se medida na linha, deverá ser dividida por 3 . De modo a definir algumas características, largamente utilizada para as máquinas síncronas, seja a figura 2.4. Figura 2.4 – Características a vazio e em curto-circuito Na figura 2.4, tem-se: icc - é o valor da corrente de excitação que produz a corrente nominal nos enrolamentos da armadura ou estator em curto-circuito. in - é o valor da corrente de excitação que produz no alternador a vazio, uma fem numericamente igual a sua tensão nominal. Iccn - é o valor da corrente de armadura estando a mesma curto-circuitada, quando no seu campo circular uma corrente de excitação igual a in. 4.1. Relação de Curto-Circuito A relação de curto-circuito é definida como: n cc i rcc i = (17) � � Desprezando-se o efeito da saturação tem-se que n nE E′ = e, a relação de curto-circuito torna-se: n n cc cc cc n s n n s base s i kV 1 1 1 1 rcc [pu] i kE E / V X I / V X / Z X = = = = = = (18) onde sX é a reatância síncrona da máquina em pu Assim, para a máquina não saturada a relação de curto-circuito expressa (em pu) o inverso da reatância da máquina. Quando da consideração do efeito da saturação este valor de "rcc" deverá ser multiplicado pela relação das correntes de excitação ( n ni / i′ ), obtidas da característica a vazio, para a tensão nominal sobre as características a vazio saturada e não saturada, respectivamente. Notas: (a) Para turbo-geradores de pólos lisos tem-se que rcc situa-se normalmente entre 0,5 e 1,0. Já para as máquinas síncronas de pólos salientes a relação de curto-circuito está normalmente compreendida entre 0,8 e 2,0. (b) Máquinas síncronas com baixos valores para "rcc" (ou altas impedâncias) podem apresentar grandes flutuações de tensão com as variações de carga, são menos estáveis quando da operação em paralelo e possuem uma menor corrente de curto-circuito. Não obstante os custos destes tipos de máquinas síncronas serem menores, prefere-se mais comumente a utilização de máquinas que apresentem um valor de "rcc" maior. 4.2. Influência da Frequência na Característica em Curto-Circuito Em qualquer máquina, cada fase do alternador pode ser encarada como um enrolamento no qual é induzida uma fem E. Aplicando-se carga em seus terminais, por motivos a serem analisados posteriormente, têm-se quedas de tensões internas, as quais podem ser representadas por uma impedância ZS. Considerando a queda de tensão interna para a máquina operando em carga, a tensão nos terminais passa a ser V. Assim conforme será visto para alternadores trabalhando e fornecendo uma certa tensão e corrente, tem-se o circuito equivalente simplificado, indicado na figura 2.5. ��� E R V a jXs � Zcarga Figura 2.5 – Circuito equivalente por fase Do circuito equivalente da figura 2.5 obtém-se a expressão: sE V Z I= +� � � � (19) Onde: E� = fem gerada; V� = tensão nos bornes ou terminais da máquina; sZ� = impedância da fase; I� = corrente na fase considerada. Na condição de curto-circuito tem-se: V = 0, ccE E=� � , ccI I=� � , obtendo-se: cc s ccE Z I=� � � (20) Sabe-se que s a sZ R jX= +� . Porém, os alternadores normalmente possuem s aX R>> . Assim: s s s sZ jX ou Z X≈ ≈� Substituindo em (20), tem-se para as magnitudes das grandezas envolvidas: cc s cc s ccE X I 2 f L I= = pi (21) De (09): ccE 4,44f= φ (22) ��� Substituindo (22) em (21) e lembrando-se da proporcionalidade existente entre o fluxo e a corrente de excitação (para baixos índices de saturação) então: cc exI kI= (23) De onde se conclui que, dentro de certos limites, a corrente independe da frequência. Embora esta afirmativa seja correta, recomenda-se, para realização do teste em curto-circuito, acionar o alternador a velocidade síncrona, de forma a evitar a influência do efeito pelicular. A independência entre a corrente de curto e a velocidade é mostrada na figura 2.6. Observa-se que para velocidades pequenas (frequências mais baixas) a resistência Ra é apreciável. Já para velocidades muito altas (frequências elevadas), existe uma dependência entre ccI e a rotação da máquina, que se baseia na fórmula (24) abaixo. 2 2 2 2 2 cc cc ss ss a s a sI E / Z onde Z R X R L= = + = + ω (24) Pequenas velocidades n [ �( �] � cc Figura 2.6 – Independência entre a corrente de curto-circuito e a velocidade (ou frequência) da máquina ��� Anotações ��� Capítulo III MÁQUINA SÍNCRONA EM CARGA 1. INTRODUÇÃO Neste capítulo são incluídos vários conceitos decorrentes da operação da máquina síncrona suprindo uma carga. Neste sentido, primeiramente são apresentados os fundamentos teóricos sobre a reação de armadura, a excitação do campo, a impedância síncrona e a reatância de dispersão. Os efeitos da saturação magnética são então apontados. Em seguida, a teoria das duas reações de Blondel é introduzida para as máquinas de pólos salientes a qual mostra que a reatância síncrona da armadura dessas máquinas varia com a relutância, havendo a necessidade de introduzir a reatância síncrona de eixo direto e a reatância síncrona de eixo em quadratura. 2. REAÇÃO DA ARMADURA EM UMA MÁQUINA SÍNCRONA MONOFÁSICA Entende-se por reação da armadura, o efeito magnético das correntes da armadura ou estator na excitação efetiva da máquina. A força magnetomotriz (fmm) de reação da armadura para uma máquina monofásica é indicada na figura 3.1. Figura 3.1 – Reação da armadura para máquinas monofásicas. ��� Conforme analisado no capítulo II, a força eletromotriz (fem = e) induzida será: max maxe E sen t E sen= ω = θ A bobina sendo conectada a um circuito externo ocasionará uma corrente dada por: max maxi I sen( t ) I sen( )= ω − ψ = θ − ψ onde ψ é o ângulo de fase interno, que leva em consideração não apenas a impedância no circuito externo mas também a impedância interna do enrolamento. Nota-se que a fem e atingirá seu máximo valor quando θ = 90º, ou seja, quando o eixo magnético do rotor coincidir com a linha da bobina. Para uma corrente indutiva, a linha p-q, deslocada de um ângulo ψ do eixo magnético, será coincidente com a linha da bobina quando i = Imax. A corrente i resultará em uma fmm ao longo do eixo da bobina. Esta fmm será também senoidal (fmm = Ni) e dada por: maxf F sen( t )= ω − ψ (01) onde max maxF NI= (02) Se a fmm for decomposta em f1 e f2 conforme ilustrado na figura 3.1, tem-se: 1 maxf f cos( ) F sen( t )cos( t )= θ − ψ = ω − ψ ω − ψ 1 max 1f F sen2( t ) 2 = ω − ψ (03) 2 maxf fsen( ) F sen( t )sen( t )= θ − ψ = ω − ψ ω − ψ 2 2 max max 1f F sen ( t ) F [1 cos2( t )] 2 = ω − ψ = − ω − ψ (04) Os valores médios de f1 e f2 são: médio 2 1 1 0 1f f d( t) 0 2 pi = ω = pi� (05) médio 2 2 2 max max 2 0 1 1 1f f d( t) F NI F 2 2 2 pi = ω = = = pi � (06) ��� Nota: A integral de qualquer termo senoidal de frequência dupla ao longo de um ciclo elétrico completo é sempre nula. Dos resultados acima conclui-se que o efeito magnético da corrente é de produzir uma fmm f2 de valor médio 1/2 N Imax, agindo em quadratura com a linha pq. Figura 3.2 – Fmm de reação da armadura para máquinas monofásicas Da geometria da figura, o valor médio de f2 (ou F2) forma um ângulo com a linha normal ao eixo do rotor ou eixo magnético. É importante lembrar que ψ é constante, pois depende apenas das impedâncias do estator e carga. É conveniente separar F2 em duas outras componentes, conforme ilustrado na figura 3.3, isto é: 2F cosψ – componente do eixo q, tendendo a distorcer a fmm resultante; 2F senψ – componente do eixo d, tendendo a alterar a magnitude da fmm resultante. Quanto a esta componente pode-se ainda considerar dois efeitos, dependendo da natureza de ψ. Se ψ for capacitivo, haverá um reforço da fmm do campo e caso ψ seja indutivo, o efeito será o contrário, ou seja, de desmagnetização do campo. ��� N S Eixo q Eixo do rotor Eixo d F ψ sen2 $2 F cos ψ 2 ψ Figura 3.3 – Decomposição de F2 nos eixos d e q Notas: • Para os geradores síncronos (alternadores), o efeito da reação de armadura ocorre como acima, isto é, provoca um efeito desmagnetizante para ângulos indutivos e um efeito magnetizante para capacitivos. • Para os motores síncronos operando com o mesmo sentido de rotação, a corrente no estator tem sentido contrário. Assim sendo, o sentido da fmm é oposto e ter-se-á um efeito magnetizante para ângulos indutivos e um efeito desmagnetizante para capacitivos. 3. REAÇÃO DA ARMADURA EM UMA MÁQUINA SÍNCRONA TRIFÁSICA O efeito da reação da armadura para a máquina trifásica pode ser obtido combinando-se as fmm das fases, separadamente. A figura 3.4 ilustra esta situação. Na figura 3.4 tem-se: a maxf F sen( t )= ω − ψ b maxf F sen( t 2 /3)= ω − ψ − pi c maxf F sen( t 2 /3)= ω − ψ + pi ��� Figura 3.4 – Reação da armadura para uma máquina trifásica Considerando, pois, a decomposição das fmms fa, fb e fc sobre o eixo pq e sobre o eixo perpendicular a este, tem-se as componentes f1 e f2 dadas, respectivamente, por: 1 a b cf f cos( ) f cos{ [2 /3 ( )]} f cos{ [2 /3 ( )]}= θ − ψ − pi − pi − θ − ψ − pi − pi + θ − ψ 1 a b cf f cos( ) f cos[( ) 2 /3] f cos[( ) 2 /3]= θ − ψ + θ − ψ − pi + θ − ψ + pi [ ]max1 NIf sen2( ) sen2[( ) 2 /3] sen2[( ) 2 / 32= θ − ψ + θ − ψ − pi + θ − ψ + pi 1f 0= (07) e 2 a b cf f sen( ) f sen{ [2 / 3 ( )]} f sen{ [2 /3 ( )]}= θ − ψ − pi − pi − θ − ψ + pi − pi + θ − ψ 2 a b cf f sen( ) f sen[( ) 2 /3] f sen[( ) 2 /3]= θ − ψ + θ − ψ − pi + θ − ψ + pi [ ]{ }max2 NIf 3 cos2( ) cos2[( ) 2 /3] cos2[( ) 2 / 3]2= − θ − ψ + θ − ψ − pi + θ − ψ + pi max 2 2 3NIf F 2 = = (08) Das equações (07) e (08) conclui-se que a reação da armadura é, portanto, vista como possuindo valor constante (= 1,5 NImax), ou seja, não é do tipo pulsante. Além disso, sua posição é fixa com relação aos pólos e, portanto, gira com a mesma velocidade que eles, ou seja, à velocidade síncrona. � � A fmm f2 pode ainda ser decomposta em duas outras componentes, semelhante ao que foi realizado no item anterior para a máquina monofásica. Estas componentes são ilustradas na figura 3.5. N S ψ Eixo em quadratura F ψ se n 2 Eixo direto $��)�*+,-./�2 max F cos ψ 2 Figura 3.5 – Decomposição da reação da armadura nos eixos d e q 4. EXCITAÇÃO RESULTANTE PARA A MÁQUINA SÍNCRONA DE PÓLOS LISOS Nas máquinas síncronas de pólos lisos (rotor cilíndrico), como a relutância é virtualmente independente da posição do rotor, o fluxo produzido pela reação da armadura é também independente do ângulo entre o eixo do rotor (magnético) e o eixo do estator. As fmms criadas pelo campo e pela reação da armadura são girantes. A primeira (do campo) tem esta característica devido ao movimento de rotação dos pólos, enquanto que a fmm de reação da armadura, tem o seu movimento de acordo com os princípios físicos discutidos anteriormente. Considerando, pois, que as duas fmms giram à mesma velocidade (síncrona), as causas do movimento serão ignoradas a partir deste ponto e as fmms serão tratadas da mesma forma, desde que, o rotor esteja girando na velocidade síncrona. Estes fatos permitem a representação das grandezas acima por um diagrama fasorial, visto que para um observador estacionário as fmms aparentam variar periodicamente no tempo. Na figura 3.6 a reação da armadura é representada por um fasor aF� e a fmm do campo corresponde ao fasor fF� . O ângulo entre os dois fasores pode ser encontrado baseando-se no fato de que quando ψ = 0 tem-se aF� em quadratura com fF� . Para outro valor de ψ, o ângulo entre as fmms é / 2ψ + pi . Para um gerador, ψ será positivo quando a corrente for indutiva (e ψ será negativo quando a corrente for capacitiva). Já para um motor, o contrário se verifica. � � ψ F0F� F (campo)� Eixo d Eixo q (reação da armadura) (F = f = F )0 -- Figura 3.6 – Fmm resultante Da figura 3.6, tem-se: 2 2 2 r f a f aF F F 2F F sen= + − ψ Considerando um gerador operando com corrente de armadura (Ia) constante, a fmm Fa será, portanto, constante se o efeito de saturação não for considerado. Além disso, Fa estará em fase com Ia. 5. DIAGRAMA FASORIAL PARA A MÁQUINA SÍNCRONA DE PÓLOS LISOS Com o propósito de traçar o diagrama fasorial deve-se assumir todas as grandezas variando senoidalmente com a mesma frequência. Caso necessário, os efeitos dos harmônicos podem ser tratados separadamente. Iniciando o traçado a partir da tensão terminal (V� ) e admitindo a corrente de armadura ( aI I=� � ) atrasada de um ângulo cφ , onde cφ é o ângulo da carga e não deve ser confundido com ψ, tem-se o diagrama da figura 3.7. A soma das tensões: terminal (V� ), queda na resistência própria da bobina do estator ( a aR I� ) e queda de tensão na correspondente reatância ( a ajX I� ), fornece a fem gerada por fase (E′� ). Na figura 3.7 a fmm resultante deve estar em quadratura e adiantada da fem gerada E′� . Desprezando qualquer defasamento devido ao efeito da histerese, a fmm rF� estará em fase com o correspondente fluxo. Desde que a fmm de reação da armadura ( aF� ) está em fase com aI� , então a fmm devido ao campo ( fF� ) pode ser facilmente obtida pela diferença entre rF� e aF� , pois r f aF F F= +� � � . Na condição a vazio aI 0=� e, portanto, aF 0=� . Neste caso r fF F=� � e o fluxo é aumentado, aproximando-se de fF� . A fem gerada é então a fem a vazio E� que estará em quadratura com o fluxo de campo. ��� O ângulo medido entre a fem a vazio ( E� ) e a tensão terminal (V� ) é denominado ângulo de potência da máquina sendo normalmente representado pela letra grega δ. 1����0φ & δ E' E � F F F � 0 � �0 0 ����0 0 �����0 F0 0 Eixo d Eixo q Figura 3.7 – Diagrama fasorial para a máquina síncrona de pólos lisos 6. IMPEDÂNCIA SÍNCRONA Para uma dada fmm resultante rF� a magnitude da fem gerada por fase (E′� ) é: e d r e d r m rE 4,44k k f N 4,44k k F f N / M F′ = Φ = ℜ = onde r r mF /Φ = ℜ e d m 4,44k k f NM = ℜ e: ek = fator de enrolamento; dk = fator de distribuição; rΦ = fluxo magnético resultante; f = frequência;N = número de espiras; mℜ = relutância do circuito magnético (assumida constante no momento); M = fator de proporcionalidade entre as magnitudes de E′� e rF� . ��� Na forma fasoria1: rE jM F′ = −� � (09) De forma semelhante a fem a vazio será dada por: fE jM F= −� � (10) Do diagrama fasoria1 da figura 3.7, tem-se: r f aF F F= +� � � (11) Multiplicando ambos os lados por jM− : r f ajM F jM F jM F− = − −� � � (12) Substituindo (09) e (10) em (12): a aE E jM F E jM NI′ = − = −� � � � � (13) Porém: a a a aE V R I jX I′ = + +� � � � (14) Substituindo (14) em (13), tem-se: a a aE V [R j(X MN)]I= + + +� � � (15) A grandeza MN tem, portanto, a dimensão de uma reatância. Uma vez que a mesma representa a queda de tensão (por Ampére) devido à reação de armadura, ela é chamada REATÂNCIA DA REAÇÃO DA ARMADURA. Esta reatância não representa, de fato, uma queda de tensão em qualquer parte dos enrolamentos da máquina. Também, esta reatância não é constante, pois a relutância magnética mℜ é afetada pela saturação. Chamando: raMN X= A reatância total será: s a raX X X= + (16) ��� Esta reatância ( sX ) é chamada de REATÂNCIA SÍNCRONA da máquina. E a correspondente IMPEDÂNCIA SÍNCRONA ( sZ� ), mostrada na figura 3.8, é, então, expressa por: s a s sZ R jX Z= + = ∠γ� (17) E R V a jXs Zs � Figura 3.8 – Circuito equivalente do gerador destacando a impedância síncrona O termo impedância síncrona é possivelmente uma denominação infeliz e várias críticas são feitas contra esta nomenclatura. O grande problema consiste na tentativa de combinar uma reatância real ( aX ) com o efeito magnético das correntes de armadura. Existem de fato, diferenças substanciais entre a "reatância de reação da armadura" e a reatância de dispersão. O fluxo de dispersão tem um circuito magnético principalmente definido por ar e a correspondente reatância de dispersão tem consequentemente um valor aproximadamente constante. A reatância devido a reação da armadura, por outro lado, apresenta problemas de saturação e irá variar com tal efeito. Apesar das dificuldades, o termo "impedância síncrona" é largamente empregado, e grande parte da literatura trata das máquinas síncronas nestas bases. O valor de Zs pode ser obtido com base nas características a vazio em curto- circuito (ver capítulo II). Nas condições de curto-circuito toda fem E é absorvida na impedância síncrona da máquina, isto é: cc sE I Z= ��� Portanto, para uma mesma corrente de campo, a relação entre a fem e a corrente de curto-circuito é a impedância síncrona da máquina, conforme relacionada a seguir: s cc EZ I = (18) A relação E/Icc = Zs = impedância síncrona, está representada na figura 3.9. E, � , Z i�� && � E= f(i )�� � = f(i )��&& 2 = f(i )��� Figura 3.9 – Impedância síncrona Para baixos valores da corrente de excitação Zs é constante, pois E varia linearmente com iexc. Este valor origina a impedância síncrona não-saturada ou linear, e quando nada mais for especificado, este é o valor a ser tomado para Zs. Os demais valores são chamados valores saturados de impedância síncrona. A tabela I mostra a faixa típica de valores da resistência, reatância de dispersão e da reatância síncrona das máquinas síncronas de pólos lisos. Tabela I – Valores típicos para Ra, Xa e Xs (em pu na própria base da máquina) Nome do Parâmetro Máquinas Pequenas (dezenas de kVA) Máquinas Grandes (dezenas de MVA) Resistência da armadura (Ra) 0,02 – 0,05 0,005 – 0,020 Reatância de dispersão da armadura (Xa) 0,05 – 0,08 0,10 – 0,20 Reatância síncrona da armadura (Xs) 0,5 – 0,8 1,0 – 2,0 ��� 7. EFEITO DA SATURAÇÃO PARA A MÁQUINA SÍNCRONA DE PÓLOS LISOS Uma vez que a saturação está sempre presente na operação de uma máquina elétrica, deve-se obter, sempre que possível os valores das reatâncias síncronas já corrigidas por este efeito. É bastante razoável obter a informação sobre o estado de saturação através da característica a vazio da máquina. A prática usual é admitir que a saturação é definida por um fator “ sk ”, dado pela razão entre a corrente de campo necessária para produzir a tensão de operação na característica a vazio, pela corrente de campo necessária para produzir a mesma tensão na linha do entreferro. A figura 3.10(a) ilustra a característica a vazio para o cálculo deste fator, o qual pode ser expresso por: s 0bk 0a = A queda de tensão reativa devido a fmm de reação da armadura será a arI X , quando da ausência da saturação. A mesma queda de tensão será dada por a ar sI X / k incluindo o efeito de saturação. Os correspondentes valores da reatância devido a reação da armadura serão, portanto, arX e ar sX / k . Se a reatância síncrona não saturada é s a arX X X= + , então a reatância síncrona saturada será: ar s a s a a s s X X XX X X k k − = + = + (19) a b 1 2 1 2 Linha do entreferro Linha efetiva do entreferro E3 V E i�� Caracteristica a vazio 1,0 1,5 Ks E Ek 0 Figura 3.10 – Efeito da saturação na máquina síncrona ��� Na figura 3.10(a) indica-se a chamada "linha efetiva do entreferro". Esta terminologia está relacionada ao fato que a característica linear está associada ao estado atual de funcionamento da máquina. Naturalmente a linha efetiva do entreferro será alterada para diferentes valores de V. Da figura 3.10 é evidente que o fator de saturação pode também ser dado por: s inclinação da linha do entreferro k inclinação da linha efetiva do entreferro = A figura 3.10(b) mostra que o fator de saturação ks é igual a 1,0 enquanto a saturação da máquina não é considerada. A partir daí, este fator cresce tendendo a se estabilizar a medida que o efeito de saturação magnética vai aumentando. 8. DIAGRAMA FASORIAL PARA A MÁQUINA SÍNCRONA DE PÓLOS SALIENTES - TEORIA DAS DUAS REAÇÕES (BLONDEL) Conforme mostrado anteriormente a fmm total pode ser dividida em duas componentes, a saber: • uma componente ao longo do eixo polar ou eixo direto (eixo d); • uma outra componente perpendicular a de eixo direto, ou seja, ao longo do eixo em quadratura (eixo q). Na máquina de pólos salientes as relutâncias dos circuitos magnéticos destes eixos são substancialmente diferentes. A relutância do circuito magnético de eixo direto deve-se ao núcleo e dentes do estator, ao entreferro, ao pólo e ao núcleo do rotor. Isto corresponde aproximadamente a mesma situação magnética encontrada em máquinas de pólos lisos. Para o circuito magnético do eixo q, entretanto, a relutância é quase que totalmente concentrada no grande "entreferro" do espaço interpolar. Desta forma deve-se esperar que a relutância magnética do eixo d apresentará propriedades de saturação semelhantes àquelas para as máquinas de pólos lisos. Já para o eixo q, os efeitos de saturação serão bem menos significantes. A idéia de usar as duas componentes de fmm agindo sobre circuitos de diferentes relutâncias deve-se a Blondel, e a teoria é denominada: "Teoria das duas reações". Embora não seja estritamente correto dizer que os fluxos nos dois eixos existem sem interferir um no outro, esta consideração demonstrou fornecer resultados bastante precisos. ��� Na figura 3.11, a decomposição de Fa sobre os dois eixos dá: d a q a F F sen F F cos = ψ = ψ (20) N S ψ Fq Fa Fd Eixo d Eixo q Figura 3.11 – Rotor de pólos salientes com os eixos direto e em quadratura Tendo-seem vista que a fmm de reação da armadura (Fa) é produzida pela corrente da armadura (Ia), poder-se-ia associar às fmms de eixos d e q (Fd e Fq) duas correntes, Id e Iq, que nada mais seria que as componentes de Ia sobre os eixos d e q, conforme ilustrado no diagrama fasorial da figura 3.12. ψ q φ a �d E jX �% % & R �0 % jX �4 4 E' V R �0 4 jX �0 % jX �0 4 jX � �0*% . % jX � �0*4. 4 Eixo q Eixo d R �0 0 jX � 0 0 jX � �0 0 � � Figura 3.12 – Diagrama fasorial – teoria das duas reações ��� A reatância Xa foi mantida a mesma tanto para o eixo d como para o eixo q. A razão disto é a similaridade dos circuitos magnéticos de dispersão para as bobinas de eixo d e q. Já o efeito de reação da armadura possuirá circuitos de diferentes relutâncias e daí a substituição de Xra por Xra(d) e Xra(q) que são, respectivamente, responsáveis pelas componentes de reação de armadura de eixo d e q. Conforme ilustrado no diagrama fasorial da figura 3.12, têm-se as seguintes reatâncias: a ra(d) dX X X+ = (reatância síncrona de eixo direto) (21) a ra(q) qX X X+ = (reatância síncrona de eixo em quadratura) (22) E para as correntes: a d qI I I= +� � � (23) Assim sendo, com base no diagrama fasorial da figura 3.12 pode-se escrever: a a d d q qE V R I jX I jX I= + + +� � � � � (24) A partir de (24) pode-se traçar o diagrama fasorial simplificado da figura 3.13 o qual é satisfatório para a grande maioria dos cálculos. ψ q φ a �d E jX �% % & jX �4 4 V Eixo q Eixo d � � R �0 0 Figura 3.13 – Diagrama fasoria1 simplificado � � Algumas relações bastante úteis entre as tensões podem ser determinadas a partir da figura 3.14. Nesta figura, os fasores de tensão correspondem às linhas cheias, de forma que, por construção: d dac X I= q qcd X I= Figura 3.14 – Diagrama fasoria1 – relações importantes Do ponto "a" é traçada uma linha "agf" perpendicular ao fasor aI� , cortando "od" em "g" e "cd" produzindo o ponto "f". De "g" é traçada "gb" paralela a "dc". Esta construção resulta em que os triângulos "abg" e "OBA" são semelhantes. Assim: a q Iag OA bg BA I = = (25) Além disso: q qbg cd X I= = (26) Substituindo (26) cm (25): a q q q IOA ag bg X I BA I = = � q aag X I= (27) � � De forma similar: d d d q q q q q I I Iab OB ab bg X I bg BA I I I = = � = = � q dab X I= (28) Assim sendo: d q dbc ac ab (X X )I= − = − (29) Considerando a similaridade entre os triângulos "abg" e "acf", tem-se: d d q a q d X Iaf ac ac af ag X I ag ab ab X I = � = = � d aaf X I= (30) e d d q q q d X Icf ac ac cf bg X I bg ab ab X I = � = = � d qcf X I= (31) O fasor d aaf X I= representa a queda de tensão na reatância síncrona obtida em uma máquina de pólos lisos de reatância s dX X= . Portanto, pode-se concluir da figura 3.14 que o vetor Of representa o fasor da tensão a vazio da máquina síncrona de pólos lisos (EPL), expresso por: PL a a d aOf E V R I jX I= = + + ��� � � � � (32) Comparando com o vetor Od que representa o fasor da tensão a vazio da máquina síncrona de pólos salientes (EPS), equação (24), reescrita abaixo. PS a a d d q qOd E V R I jX I jX I= = + + + ���� � � � � � (33) Conforme indicado na figura 3.14, não existe muita diferença entre as magnitudes dos fasores PSE� e PLE� , entretanto, existe entre estes dois fasores uma diferença de ângulo de fase bastante acentuada. Esta última característica, como se verá posteriormente, produz um efeito vantajoso nas características de potências das máquinas de pólos salientes. Nota: Para obter as correntes Id e Iq é necessário conhecer primeiro a posição do eixo q que é indicada pelo ângulo δ. Este é o ângulo de fase do fasor auxiliar qE Og= ���� � , situado no eixo q, que é obtido pela equação: q q a a q aE E V R I jX I= ∠δ = + +� � � � (34) ��� Da figura 3.14 pode determinar as correntes dos eixos q e d, fazendo: q a a c q qI I cos I cos( ) I I= ψ = δ + φ � = ∠δ� (35a) o d a a c d dI I sen I sen( ) I I 90= ψ = δ + φ � = ∠δ −� (35b) Pode-se também empregar o módulo de qE Og= ���� � para obter o módulo da tensão a vazio da máquina síncrona de pólos salientes E Od= ���� � , fazendo: q d q dE E (X X )I= + − (36) Se desejar o fasor é só escrever E E= ∠δ� . ANOTAÇÕES ��� Capítulo IV COLOCAÇÃO DE GERADORES SÍNCRONOS EM PARALELO 1. INTRODUÇÃO O estudo do paralelismo de geradores síncronos ou, mais popularmente, de alternadores é de suma importância para a operação de usinas e subestações interligadas de qualquer sistema elétrico. Como vantagens de agrupamento em paralelo dos alternadores citam-se: a) A carga total pode ser dividida em várias máquinas, de menor porte, quc são mais economicamente construídas e transportadas. b) O uso de unidades de reserva é mais cômodo e econômico pois poucas unidades podem funcionar como reserva para um grande número de máquinas. Ocorrendo defeito em uma máquina, esta é imediatamente substituída e encaminhada para a necessária manutenção. A ocorrência de defeitos simultâneos em mais de uma máquina é de probabilidade bem reduzida. c) Todas as máquinas podem operar sempre próximas da plena carga, condição em que geralmente dão o máximo rendimento. Se a carga for reduzida, algumas unidades serão desligadas e as restantes continuarão operando com rendimento levado. A geração de energia fica, pois, mais econômica. d) O sistema trabalha com alta confiabilidade, pois é afastada qualquer hipótese da carga deixar de receber alimentação. O agrupamento em paralelo de alternadores proporciona uma distribuição de carga, de qualquer maneira, entre as máquinas, de tal modo que a corrente total da carga é igual a soma vetorial das correntes de cada unidade geradora. Neste capítulo serão consideradas apenas as condições de paralelismo para operação a vazio. Posteriormente serão estudados os problemas da operação em paralelo com carga. ��� 2. CONDIÇÕES PARA O ESTABELECIMENTO DO PARALELISMO Quando um alternador é acoplado a um barramento (sem carga), isto deve ser feito sem que haja corrente de circulação entre as máquinas. Esta corrente de circulação, que não seria utilizada pela carga, produziria apenas sobre-aquecimento nas máquinas. Para que esta condição seja atingida, a fem produzida em cada máquina deve ser sempre igual e oposta a tensão do barramento. A figura 4.1 a seguir indica a citada malha interna, formada entre os alternadores. Pelo exposto, para que a corrente de circulação seja nula, a fem resultante para a malha (indicada por linhas tracejadas) deve ser nula. V e e G1 G2 Figura 4.1 – Malha interna formada por alternadores em paralelo Na figura 4.1, para cada malha fechada por dois alternadores, as fems estão em oposição, resultando em uma tensão resultante nula. Diz-se, então, que a tensão no barramento v é sempre igual e de sentido contrário às fems induzidas nos alternadores. Se isto não ocorrer, haverá uma corrente de circulação devido a tensão resultante. Note que esta tensão resultante ficará aplicada num circuito de impedância muito baixa (barramento e induzido das máquinas), resultando em uma corrente muito intensa, que pode danificar as máquinas, ou se houver proteção, a corrente poderá mesmocausar a sua atuação. Como será visto oportunamente, existe uma certa diferença entre os valores de e e v que é eliminada pelo próprio sistema das máquinas geradoras. Se, entretanto, a diferença entre e e v superar esta faixa, o sistema não consegue, por si só, manter estável o funcionamento em paralelo. É importante notar que e e v são valores alternados no tempo, isto é, para cada instante apresentam valores diferentes. Portanto, para efetuar o paralelo deve- se ter em qualquer instante os valores (instantâneos) da tensão no barramento e da fem induzida iguais e de sentidos opostos, ou, bem próximos desta condição. ��� A seguir são apresentadas todas as condições para que duas tensões alternadas tenham seus valores instantâneos sempre iguais. 2.1. Mesma forma de onda Evidentemente, a lei segundo a qual, cada tensão varia com o tempo, deve ser a mesma, para que elas possam ter valores instantâneos sempre iguais. Esta condição é necessária, mas não suficiente. É importante notar que as distorções na onda da tensão gerada, causadas por efeito do circuito magnético da máquina, na maioria dos casos, não é suficiente para impedir a operação estável de duas ou mais máquinas conectadas em paralelo. 2.2. Mesmo valor eficaz Considere dois alternadores gerando tensões senoidais. Sabe-se que estas tensões variam desde um máximo positivo até um valor igual, porém negativo, num certo período de tempo. Portanto, para que estas tensões possam ser sempre iguais, elas devem possuir o mesmo valor de pico, ou, devem ter mesmo valor eficaz. A figura 4.2 ilustra que foi exposto. E E eR e1 e2 e t 2max 1max Figura 4.2 – As duas fems vistas em termos da malha interna (uma em oposição a outra) Na figura 4.3, sendo as leituras dos voltímetros diferentes, ter-se-ia 1max 2maxE E≠ , havendo daí, para cada instante, uma fem resultante. ��� e1 e2 V V V G1 G2 Figura 4.3 – Verificação da condição eR nula 2.3. Mesma frequência O tempo gasto por cada onda, para completar um ciclo, deve ser o mesmo. Se isto não ocorrer, nunca será possível sobrepor uma onda à outra, de maneira que todos os seus pontos coincidam (vide figura 4.4). Isto faz com que os sistemas interligados diretamente, trabalhem com a mesma frequência, sendo este valor normalizado, no Brasil, em 60 Hz. 60HZ 50HZ t e Figura 4.4 – Influência da diferença de frequências ��� 2.4. Mesmo defasamento angular Se as condições anteriores forem todas satisfeitas, porém uma onda estiver defasada da outra, haverá uma fem resultante. Este efeito pode ser facilmente compreendido por inspeção da figura 4.5, onde se tem duas ondas que obedecem as condições anteriores, entretanto, com um defasamento diferente daquele necessário para que, em qualquer tempo, tenha-se eR = 0. A condição atual para ser atendida, requer uma diferença de fase de 0º (ondas vistas pela carga) ou uma diferença de fase de 180º (para ondas vistas em termos da malha interna). E eR e1 e2 e t max Emax Figura 4.5 – Ondas de fem defasadas de ângulo diferente de 180º (valores de tensão vistos em temos da malha interna) Da figura 4.5 pode-se traçar o correspondente diagrama fasorial ilustrado na figura 4.6. Figura 4.6 – Fem resultante caso a condição de oposição não seja satisfeita A condição ideal seria então aquela para a qual, nos diversos tempos, eR = 0. Esta condição é representada pelo diagrama fasorial da figura 4.7. Figura 4.7 – Condição de oposição de fases ��� Se as duas ondas estão defasadas uma da outra, e, se ambas tem a mesma frequência, a velocidade relativa entre os seus fasores, ou, entre as duas ondas, será nula. Com o propósito de colocá-las na posição ideal de paralelismo, o recurso prático usado é o de se deslocar uma das ondas, com velocidade relativa com respeito a outra. Isto seria conseguido por um pequeno aumento ou diminuição da rotação de uma das máquinas. Este processo é denominado "SINCRONIZAÇÃO DOS ALTERNADORES". 2.5. Mesma sequência de fases As quatro condições até agora estabelecidas, se forem integralmente obedecidas, torna possível a operação em paralelo de alternadores monofásicos. Quando, porém, da operação com máquinas trifásicas, existe um outro ponto a ser considerado que é o da sequência de fases. As figuras 8 e 9 mostram o caso. MÁQUINA 1 MÁQUINA 2 MÁQUINA 1 MÁQUINA 2 R S T R S T T R S T R S ω ω ω ω *0.�ωt = 0 *5.�ωt = 2pi/3 Figura 4.8 – Mesma sequência de fases (diagramas vistos pelo lado da carga) Quando se considera máquinas trifásicas, estuda-se se as condições são obedecidas por fase. Assim, supondo que em t = 0 estas condições foram verificadas, se as máquinas têm a mesma sequência de fases. Para um instante qualquer, o sistema de vetores anteriormente apresentados continuaria com os fasores correspondentes a uma mesma fase, paralelos entre si. Na figura 4.9 tem-se o caso de diferentes sequências de fases. Neste caso, para um instante qualquer, comparando os vetores entre si, conclui-se que não há paralelismo correspondente. MÁQUINA 1 MÁQUINA 2 MÁQUINA 1 MÁQUINA 2 R S T R S T S T R S T R ω ω ω ω *0.�ωt = 0 *5.�ωt = 2pi/3 Figura 4.9 – Sequência de fases opostas (diagramas vistos pelo lado da carga) ��� Para a determinação da sequência de fases pode-se empregar: - Sequencimetro - Motor de indução trifásico O sequencímetro é um instrumento de manuseio bastante simples, e, constituído basicamente de 3 bornes, onde serão conectados os terminais do sistema trifásico a ser identificado. Um sinal luminoso indica se o sistema tem a sequência RST ou a sequência RTS. Para a sua utilização, liga-se os terminais de uma das máquinas nos 3 bornes, e, identifica-se a sequência. Se o resultado for RST, as fases testadas recebem esta designação. A figura 4.10 esclarece a identificação. RST MÁQUINA 1 Figura 4.10 – Identificação dos terminais pelo sequencímetro Com relação à máquina 2, liga-se os seus terminais 1, 2 e 3 na mesma ordem anterior. Se o resultado for RST, verifica-se uma correspondência de bornes para as duas máquinas. Caso contrário para o 2o alternador deve-se ter os terminais marcados conforme tabelado a seguir: Sequência RST Sequência RTS Fase 1 – R Fase 1 – R Fase 2 – S Fase 2 – T Fase 3 – T Fase 3 – S Ligando-se os terminais de mesma letra entre si, estar-se-ia ligando dois sistemas com a mesma sequência de fases. A figura 4.11 auxilia a compreensão desta afirmativa. � � RST RST 3 21 3 21 MÁQUINA 2(a) (b) Figura 4.11 – Identificação dos bornes do 2o alternador se a máquina tem sequência de fases contrária ao do 1o No caso da figura 4.11(a) a convenção não coincide com a da 1a máquina (vide figura 4.10), pois a sequência é RTS e não RST. Para o caso 11(b),onde dois terminais foram permutados, já se tem a mesma sequência, portanto: Fase 1 – R Fase 2 – S Fase 3 – T A utilização de um motor de indução para a identificação da sequência de fases baseia-se no seu princípio de funcionamento o qual julga-se desnecessário comentar neste texto. 3. SINCRONIZAÇÃO DE GERADORES SÍNCRONOS Em termos práticos, geralmente, consegue-se satisfazer a todas as condições exceto aquela referente a frequências. Isto porque, mesmo nos aparelhos bem precisos, não se pode afirmar que duas máquinas tenham exatamente a mesma frequência. De forma a ilustrar o processo considere um barramento energizado com frequência de 60,0 Hz, ao qual se deseja conectar um alternador, cujascaracterísticas já estão ajustadas com as do sistema. Se, entretanto, ocorresse que a frequência real do alternador, fosse de 59,9 Hz, haveria uma diferença entre as fems e1 e e2, desprezível inicialmente, mas que iria aumentando com o tempo, chegando mesmo até um instante em que os valores seriam contrários. Assim, qualquer pequeno desvio da frequência de uma das máquinas, faz com que com o tempo, ela vá deslizando sobre a outra. A figura 4.12 a seguir ilustra este fato. � � e1 e2 e t Figura 4.12 – Fems com frequências diferentes Aproveitando a inevitável diferença entre as frequências, pode-se solucionar o problema de se ter duas ondas com defasamento angular diferente de zero. O processo é simples e baseia-se em se deixar propositalmente uma diferença entre f1 e f2, provocando deste modo uma velocidade relativa entre as duas ondas. Usando- se dispositivos que identificam o instante em que temos as duas posições, fecha-se então o paralelismo. Existem, pois, diversos métodos para a determinação do instante em que se pode estabelecer o paralelismo. Tais métodos aparentemente definem o ponto com exatidão, porém, devido a erros inevitáveis de medição, os instrumentos empregados para sincronização definirão, de fato, uma razão em torno do instante ideal. A análise dos diversos métodos usados na sincronização de alternadores será considerada para apenas uma fase, visto que, obedecida a mesma sequência de fases de uma máquina trifásica, ao se colocar uma das fases em sincronismo as outras também estarão. As figuras a seguir ilustram a sincronização de um sistema contendo duas máquinas trifásicas. ��� R S T R S ω T � ω - Figura 4.13 – Posição relativa dos fasores no instante t = O (diagramas vistos pelo lado da carga) Colocando os fasores correspondentes a uma mesma fase (exemplo R) em uma mesma origem, tem-se o diagrama da figura 4.14. R R ω - ω � Figura 4.14 – Posição relativa entre os fasores de tensão da fase R para t = 0 Se, por exemplo, ω1 > ω2 haverá uma velocidade relativa entre os fasores de modo que, decorrido um certo tempo, tem-se os dois fasores superpostos. Isto, em termos de uma malha interna, formada pelas duas fases do alternador, corresponderia a duas ondas com um defasamento de 180º entre si (situação ideal do paralelismo). Nestas condições, visto o defasamento de 120º sempre constante com relação as demais fases, o sistema passaria a ser representado pela figura 4.15 onde os alternadores trifásicos poderiam ser fechados em paralelo. ��� R S T ω � R S T ω - Figura 4.15 – Posição relativa dos fasores após um certo tempo t para o qual o sistema entra em sincronismo Dentre os métodos usados para a sincronização de alternadores trifásicos, citam-se: 3.1. Método do Sincronoscópio Este aparelho é análogo a motor de indução de rotor bobinado cujo estator é alimentado com a frequência do barramento e o rotor com a frequência do alternador. O indicador do instrumento gira, então, com velocidade proporcional a frequência resultante e no sentido devido a maior frequência. Pode-se, então, saber a hora exata do fechamento da chave (quando o indicador do sincronoscópio passa por zero), bem como se o alternador deve ser acelerado ou retardado para efetuar o paralelo. O mostrador de um sinc[onoscópio tem o aspecto apresentado na figura 4.16 a seguir. 0 9090 180 RETARDARACELERAR Figura 4.16 – O sincronoscópio Quando empregado em instalações de alta tensão, o sincronoscópio deve ser alimentado por transformadores de potencial de polaridade conhecida para que sua indicação seja correta. ��� 3.2. Método do “Fogo Girante” O processo consiste em dispor três lâmpadas, ligadas duas delas em fases trocadas (uma fase do barramento e uma fase diferente do alternador) e a terceira em fases iguais. A ligação é mostrada na figura 4.17, onde tem-se também as estrelas de tensões do alternador (índice 1) e do barramento (índice 2). ω - ω � R-R� S- S�T- T� L + L - L � L - L + L � GERADOR TRIFÁSICO T� S� R� T- S- R- BARRAMENTO TRIFÁSICO CHAVE TRIFÁSICA Figura 4.17 – Método do fogo girante Na posição mostrada na figura 4.17, as duas estrelas exatamente superpostas, ou seja, estão na condição ideal de fechamento da chave do paralelismo. Nestas condições, a lâmpada L1, está apagada, pois a tensão resultante em seus bornes é nula. Já as lâmpadas L2 e L3 ficam acesas, pois, serão submetidas a uma tensão entre fases. Assim, para se fechar a chave, deve-se ter L1 apagada e L2 e L3 acesas com igual intensidade. Suponha, agora, que a frequência do barramento esteja um pouco acima da frequência da máquina. A estrela R2S2T2 girará um pouco mais depressa que R1S1T1, havendo, pois, um movimento relativo entre elas dado pela diferença das frequências. Assim a fase R2 começará a se afastar da fase R1, enquanto T2 se aproximará de S1. A lâmpada L1 começa a se acender enquanto L3 começa a se apagar. As lâmpadas ficam então piscando (sempre que uma estiver apagada, as outras duas estarão acesas com igual intensidade), na sequência L1, L3 e L2. O método é chamado de fogo girante porque, alternadamente, uma das lâmpadas se acende com a máxima intensidade. Primeiro, acende ao máximo L1, depois L3 e depois L2, tendo-se a idéia da luz caminhar dum vértice ao outro do triângulo formado por L1, L3 e L2. ��� Se a frequência do barramento for, por outro lado, um pouco inferior a do alternador, as lâmpadas piscarão na sequência L1, L2 e L3, conforme se pode notar por um estudo análogo à situação anterior. Assim, o método do fogo girante fornece: 1) O momento exato do fechamento da chave → quando L1 estiver apagada e as outras duas acesas com igual luminosidade; 2) A diferença de frequência entre barra e alternador → se as lâmpadas piscarem rapidamente, a diferença de frequência é grande, caso contrário, as frequências estão próximas; 3) Se a frequência do alternador está abaixo ou acima da frequência do barramento → No primeiro caso a máquina deve ser acelerada. No segundo esta dever ser retardada. A figura 4.18 indica a montagem do fogo girante. L1 L2 L3 DEVE SER RETARDADA DEVE SER ACELERADA Figura 4.18 – Montagem do conjunto "Fogo-Girante" Deve-se notar que, para a ligação do "fogo girante", as sequências de fases devem ser concordantes, o que pode ser verificado com um "sequencímetro". Também as lâmpadas devem ser previstas para suportar o dobro da tensão fase- neutro. Esta última afirmativa limita o uso direto do "fogo-girante" às máquinas pequenas. Nas grandes, deve-se usar o transformador de potencial, sendo, entretanto, preferido o uso de sincronoscopio. ��� Finalmente, cabe ressalvar que os princípios dos métodos de sincronização discutidos, embora possam ser diretamente usados em instalações reais, tiveram por objetivo dar uma ideia física dos processos de sincronização existentes. Porém, nos sistemas reais, encontram-se normalmente dispositivos automáticos de sincronização, cuja principal finalidade é evitar a operação humana direta. Nestes, equipamentos eletrônicos (células fotoelétricas, por exemplo) detectam e estabelecem o sincronismo nos instantes corretos. ANOTAÇÕES ��� Capítulo V DIVISÃO DE CARGA ENTRE GERADORES SÍNCRONOS OPERANDO EM PARALELO 1. INTRODUÇÃO No capítulo anterior, verificou-se que para se colocar um alternador em paralelo com um outro, ou com um barramento, devem ser obedecidas condiçõestais como: mesma fem, mesma sequência de fases, mesmo formato de ondas, etc. A figura 5.1 representa o caso de uma carga a ser alimentada por dois alternadores que deverão operar em paralelo. Considere inicialmente apenas a chave S1 fechada. Nesta situação, o alternador responsável pelo fornecimento de energia é o número 1, o qual, gerando uma fem E1, determina a tensão V do barramento. Deste modo, desejando-se colocar o segundo alternador em paralelo com o citado barramento, deve-se fazer com que a máquina gere uma fem E2 que relativamente a V, deverá obedecer a todas as condições impostas para o estabelecimento do paralelismo. �� �- � 6����"�/�� ����� � ���7�- %- ���7�� %� �� �- Figura 5.1 – Esquema básico de um sistema de geração com duas máquinas operando em paralelo alimentando uma carga Este capítulo pretende analisar a distribuição ou divisão de potências ativas e reativas entre máquinas síncronas operando em paralelo como na figura 5.1. ��� 2. POTÊNCIAS ATIVAS E REATIVAS DE GERADORES SÍNCRONOS Seja agora algumas considerações a respeito do diagrama fasorial de uma máquina síncrona operando como gerador e alimentando potências ativa e reativa a uma carga. Conforme analisado anteriormente, a equação de tensão para o alternador será: d aE V jX I R I= + +� � � � (01) A queda ôhmica da máquina (na resistência de armadura) é bastante pequena em relação a queda na reatância. Por este motivo é comum despreza-la e a expressão (01) transforma-se em (02) cujo diagrama fasorial é representado na figura 5.2: dE V jX I= +� � � (02) � � � � 6 � δ φ& φ&1���d Figura 5.2 – Diagrama fasorial para um alternador de pólos lisos Sabe-se que a potência ativa por fase entregue pela máquina é dada por: cP VIcos= φ (03) onde: V - tensão do barramento; I - corrente fornecida pela máquina; φc - defasamento entre V� e I� , determinado pela carga (ângulo do fator de potência). ��� Se a tensão V é considerada constante (como no caso dos terminais da máquina estarem ligados a um barramento infinito – ver próxima seção), então a potência ativa entregue pela máquina será proporcional ao produto cIcosφ . Por outro lado, da figura 5.2 pode-se escrever: d cBC X Icos Ecos= φ = δ (04) Como Xd é aproximadamente constante, então pode-se afirmar que dentro das condições postuladas: “Em uma certa escala, o segmento BC representa a potência ativa entregue por uma máquina.” Na verdade, se (04) é multiplicado pelo fator V/Xd o resultado é a potência ativa expressa agora em função do ângulo δ por: d EVP sen X = δ (05) Do mesmo modo, pode-se também verificar que: “O segmento AC em uma escala, corresponde a potência reativa entregue pelo alternador”. Veja as equações: cQ VIsen= φ (06) d cAC X Isen Esen V= φ = δ − (07) Se (07) é também multiplicado pelo fator V/Xd, o resultado é a potência reativa expressa por: 2 d d EV VQ cos X X = δ − (08) É conveniente observar que estas conclusões foram obtidas com base no diagrama fasorial da figura 5.2. Este diagrama está associado a um alternador fornecendo uma corrente indutiva. Assim sendo, fica estabelecida a convenção de fluxo de potência indicada na figura 5.3. � � P ( )+ → potência ativa fornecida (ao sistema elétrico) pela máquina síncrona (funcionamento como gerador); P ( )− → potência ativa absorvida (do sistema elétrico) pela máquina síncrona (funcionamento como motor); Q ( )+ → potência reativa fornecida (ao sistema elétrico) pela máquina síncrona; Q ( )− → potência reativa absorvida (do sistema elétrico) pela máquina síncrona. 0 MOTOR GERADOR Q(+)Q( ) P(+) P( ) Figura 5.3 – Convenção para os fluxos de potência Da figura 5.2, pode-se ainda constatar que, quanto maior o ângulo δ (ângulo entre V� e E� ) maior será a potência ativa entregue pela máquina, sendo pois este defasamento de suma importância no estudo da distribuição de potências. Este ângulo, conforme já referido no capítulo III, é denominado ângulo de potência da máquina. Com relação ao estudo da distribuição das potências ativa e reativa, existem dois métodos de análise. Estes métodos baseiam-se nos efeitos abaixo: (a) Corrente de Circulação (b) Ângulo de potência Devido a maior simplicidade e aproximação aos casos reais, neste trabalho considerar-se-á apenas os estudos com o ângulo de potência (δ). Todo o tratamento a ser desenvolvido compreenderá o caso de um alternador (ou de um motor síncrono) ligado a um barramento infinito. � � 3. O BARRAMENTO INFINITO Entende-se por barramento infinito: • Um sistema interligado tão grande que sua tensão e frequência permanecem constantes independente da potência entregue ou absorvida. • Um sistema isolado, onde para um melhor entendimento e simplificação supõe-se a existência de duas máquinas. A primeira, de grande porte, determinando as características do sistema (tensão, frequência) e, uma segunda de pequeno porte, que não seria capaz de alterar as condições estabelecidas pela primeira. A figura 5.4 ilustra assim o caso de um alternador que deverá operar conectado a um barramento infinito. 6����"�/����/$�/��� �)���/���/�� �)���/���/�� Figura 5.4 – Representação de um barramento infinito 4. O ÂNGULO DE POTÊNCIA (δδδδ) As potências de entrada e de saída das máquinas síncronas podem ser tratadas em termos do ângulo de potência (δ) mencionado em capítulos anteriores. Existem dois conjugados agindo sobre o rotor, a saber, o conjugado mecânico e o conjugado elétrico. O torque elétrico é devido ao fluxo no entreferro, o qual gira à velocidade síncrona. Este fluxo tenderá a alinhar o eixo do rotor (ou dos pólos) com a direção do campo girante. Supondo que o eixo do rotor está adiantado do campo girante, então o torque eletromagnético do rotor agirá em um sentido oposto ao de rotação. Para manter a velocidade síncrona, o conjugado mecânico deverá acionar o rotor, isto é, a máquina atua como gerador, convertendo energia mecânica em energia elétrica. De modo semelhante, se o eixo do rotor está atrás do ��� campo girante, o oposto se verifica, e, a máquina síncrona estará operando como motor. Conforme mostrado, o ângulo de potência (δ) é a diferença de fase (defasamento) entre E� e V� . Assim, de um modo geral, pode-se dizer que o ângulo entre V� e E� é a indicação que a máquina síncrona está desenvolvendo potência. Para o caso da operação como gerador a tensão E� deve estar adiantada de V e isto define um ângulo δ positivo. Para um motor, V� estará adiantada de E� e, portanto, resultará num ângulo δ negativo. 5. DISTRIBUIÇÃO DE POTÊNCIAS ATRAVÉS DA VARIAÇÃO DO ÂNGULO DE POTÊNCIA Estando um alternador operando em paralelo com um barramento infinito de tensão V, e fornecendo uma certa potência ativa (P) e reativa (Q), seu diagrama fasorial será conforme ilustrado na figura 5.5. � � � � 6 � δ φ& φ&1���d Figura 5.5 – Alternador conectado a um barramento infinito A potência ativa é proporcional a BC e a potência reativa a AC . Admitindo-se um aumento da corrente de excitação, tem-se que a fem assumiria um novo valor E E′ > , representado na figura 5.6. Como não se atuou na potência no eixo do alternador, o ângulo δ ficaria em princípio inalterado, entretanto, o fasor E′� corresponderia a um ponto para o qual B C BC′ ′ > . Isto equivale a dizer que a máquina está entregando mais potência ativa do que recebendo.
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