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Resenha crítica do texto “Arquivos Pessoais são Arquivos”

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
INSTITUTO DE ARTES E COMUNICAÇÃO SOCIAL
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
ARQUIVOS PESSOAIS
DOCENTE: Renato de Mattos
DISCENTE: Paula Ribeiro da Igreja
Resenha crítica do texto “Arquivos Pessoais são Arquivos”
CAMARGO, Ana Maria de Almeida. Arquivos Pessoais são Arquivos. Revista do Arquivo Público Mineiro, Belo Horizonte, n.2, pp. 26-39, jul-dez. 2009. 
A autora tece ao longo do texto reflexões acerca da natureza arquivística dos arquivos pessoais, isto é, com seu texto Ana Maria de Almeida Camargo pretende elucidar sobre a abordagem da Arquivologia diante dos arquivos pessoais, visto que esses nem sempre possuem o mesmo tratamento dos demais documentos de arquivo. 
Os documentos de arquivo reconhecidos por sua função desempenhada, ou seja, como processo e produto das ações de indivíduos e instituições, são representações de ações. Por isso, é imprescindível respeitar o conjunto de documentos e trata-lo como os demais arquivos. Como defende Carmargo: 
A necessidade de preservar a integridade do fundo e o sistema de relações que os documentos mantêm entre si e com o todo; o respeito à proveniência; a primazia do contexto sobre o conteúdo (ou do valor probatório sobre o valor informativo), nas operações de arranjo e descrições; e a impermeabilidade do arquivo em face de seu uso secundário (CAMARGO, 2009, p. 28).
Dessa forma, a autora explica inicialmente o título de sua publicação, que comete um pleonasmo para advertir que os arquivos pessoais devem ser tratados como os demais arquivos.
O primeiro tópico do texto é intitulado “Arquivos pessoais”. Nele a expressão arquivos pessoais é analisada, isto é, os tipos de documentos são denominados dessa maneira. Além disso, é destacada a questão do prestígio do titular e da hierarquização no arquivo.
O segundo tópico chama-se “escolhas documentais”. Comprovando que determinados documentos são favorecidos em detrimento dos demais a autora cita os exemplos dos rascunhos e versões prévias de artistas e como um tipo de documento que não possui a mesma atenção são usados como exemplo os recortes.
A autora cita Anne Zink para defender a importância dos documentos que possuem um caráter autobiográfico, ou seja, documentos íntimos, como diários e correspondências. 
Além disso, a autora disserta sobre o descarte nos arquivos pessoais. A prática compromete a integridade do fundo que para manter seu caráter probatório deve apresentar os documentos relacionados às atividades que advém. 
O terceiro tópico é chamado “abordagens”. Nele Camargo versa sobre as abordagens de tratamento dos arquivos pessoais. É defendida a abordagem que garanta a organicidade do fundo, e forma que seu caráter probatório seja respeitado. Para isso os documentos devem ser vistos como parte de um conjunto, não como unitários.
O quarto tópico é intitulado “contexto e conteúdo”. Ao longo desse tópico Camargo argumenta sobre a necessidade da compreensão do contexto de produção dos documentos. 
As informações presentes nesses documentos podem ser alvos de diversas perspectivas de pesquisadores, no entanto para o arquivista possuem a função clara de sua razão de ser. Dessa forma, para que o caráter probatório seja mais uma vez assegurado é fundamental que seja feita a contextualização dos documentos.
O quinto e último tópico é chamado de “atributos funcionais”. Nele é trabalhada a ideia de que os arquivos pessoais são fruto de ações deliberadas e intencionais. 
A autenticidade de um documento é comprovada a partir da verificação da relação de proveniência. Essa propriedade não propõe a “veracidade se seu conteúdo” como é apontado pela autora. Esse atributo prevê que um documento foi criado somente para atender uma necessidade, ou seja, possui uma razão de ser, uma função preestabelecida que está livre de propósitos além dos determinados previamente por seu produtor. 
A autora revela ao longo do seu texto a presença dos princípios arquivísticos nos arquivos pessoais. Em um texto de leitura simples e didática, são utilizados exemplos e propostas as relações entre o tratamento dos arquivos pessoais e os demais arquivos os atributos da Arquivologia são revelados.
No inicio do texto Camargo explica o uso o pleonasmo do título de sua publicação. Os arquivos pessoais são arquivos e seus atributos arquivísticos se transparecem ao longo do texto. 
Dessa forma, é possível responder que os aspectos que determinam a natureza arquivística dos arquivos pessoais são sua essência probatória; a organicidade que deve ser respeitada para que o caráter probatório e sua funcionalidade sejam exercidos; a presença da proveniência, ou seja, o contexto de produção o documento, a atividade que origina o documento; assim como a autenticidade que garante que o documento seja criado com uma função específica, isto é, que não seja criado de forma arbitrária e intencional.
A autora demonstra de forma clara e precisa a presença desses princípios. Por mais que alguns deles sejam visualizados de forma mais nítida em arquivos institucionais foi possível perceber a presença desses atributos em arquivos pessoais.

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