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PRÁTICAS COMERCIAIS

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PRÁTICAS COMERCIAIS
INTRODUÇÃO
O presente trabalho falaremos sobre um assunto de muita importância para o Direito Do Consumidor, as Práticas Comercias, das quais traz no Código do Consumidor em seu Capitulo V, que como subtemas, as práticas abusivas e cobrança de dívidas. Esta, um assunto que se relaciona muito com a dignidade do consumidor, quando o fornecedor deve sempre se ater à não infringir e nunca expor o consumidor a qualquer tipo de constrangimento ou até mesmo a nenhuma ameaça, uma vez acontecendo, arcará o fornecedor com indenizações por danos morais. Aquela, são condutas que fazem acentuar o desequilíbrio já existente entre o fornecedor e consumidor em uma relação de consumo. Na intenção de explicitar ainda melhor nosso trabalho trago o seguinte Acórdão: Processo: 2014031271989APC – (0026811 – 31.2014.8.07.0003 – Res.65 CNJ)- Registro do Acórdão Número: 954883 – Data do Julgamento: 13/07/2016 – Órgão Julgador: 4ª Turma Cível – Relator: ROMEU GONZAGA NEIVA – Data da Intimação ou Publicação: Publicado no DJE: 27/07/2016. Pág.: 271/279 – TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS.
 Aqui o nosso Acórdão, que tratar sobre o nosso assunto em questão:
“Poder Judiciário da União Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios
Órgão : 4ª TURMA CÍVEL
Classe : APELAÇÃO
N. Processo 20140310271989APC (0026811-31.2014.8.07.0003)
Apelante(s) : SAGA SA SOCIEDADE ANONIMA GOIAS DE AUTOMOVEL
Apelado(s) : DELCIMAR NUNES DANIEL
Relator : Desembargador ROMEU GONZAGA NEIVA
Acórdão N. : 954883
E M E N TA:
DIREITO DO CONSUMIDOR. COMPRA E FINANCIAMENTO DE VEÍCULO. SERVIÇO DE DESPACHANTE. EMPLACAMENTO. VENDA CASADA. AUSÊNCIA DE INFORMAÇÃO CLARA. DEVOLUÇÃO EM DOBRO.
I - Taxa de despachante e emplacamento. Conquanto seja dever do consumidor que adquire veículo o pagamento das taxas de licenciamento e emplacamento, o vendedor não deve impor a utilização dos seus serviços de despachante, caracterizando, tal prática, venda casada (art. 39, inciso I do CDC), uma vez que não restou demonstrado que o consumidor foi claramente informado de que se tratava de uma opção.
II - Sem demonstração de que a cobrança decorreu de engano justificável, é devida a devolução em dobro, na forma do art. 42 do CDC.
III - Recurso conhecido e desprovido. Unânime.
A C Ó R D Ã O
 Acordam os Senhores Desembargadores da 4ª TURMA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, ROMEU GONZAGA NEIVA - Relator, FERNANDO HABIBE - 1º Vogal, ARNOLDO CAMANHO - 2º Vogal, sob a presidência do Senhor Desembargador ROMEU GONZAGA NEIVA, em proferir a seguinte decisão: NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, UNÂNIME, de acordo com a ata do julgamento e notas taquigráficas.
 Brasília (DF), 13 de Julho de 2016.
 Documento Assinado Eletronicamente
 ROMEU GONZAGA NEIVA
 Relator
R E L A T Ó R I O
Trata-se de apelação interposta pela SAGA AS SOCIEDADE ANONIMA GOIAS DE AUTOMOVEL (requerida) contra a sentença de fls. 80/83 que, nos autos da Ação de Repetição de Indébito c/c Danos Morais, julgou parcialmente procedente o pedido, para condenar a Apelante à devolução, em dobro, do valor de R$ 790,00 (setecentos e noventa reais), acrescidos de correção monetária, desde o desembolso, e juros de mora de 1% (um por cento) ao mês, a partir da citação. Julgou ainda improcedente o pedido de indenização moral, assumido que, no caso, existiriam apenas pequenos aborrecimentos.
A parte Autora ajuizou a ação para reaver, em dobro, o valor que pagou pela taxa de despachante para emplacamento do veículo que comprara no estabelecimento do Apelante/requerida, alegando tratar-se de venda casada, procedimento ilegal perante o Código de Defesa do Consumidor.
Inconformada com a r. sentença, a Apelante requer sua modificação, afirmando que o serviço de despachante é facultativo, aderindo apenas os consumidores que venham a desejar. Alega ter avisado o Autor da cobrança e facultatividade do serviço, mas que esse preferiu pagar pelo serviço, não havendo qualquer ilegalidade em sua conduta. Preparo às fls. 115/116.
Contrarrazões às fls. 119/124.
 É o relatório.
V O T O S
O Senhor Desembargador ROMEU GONZAGA NEIVA – Relator
 Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do
 recurso.
Cuida-se de apelação contra a sentença que julgou parcialmente procedente o pedido, para condenar a Apelante à devolução, em dobro, do valor de R$ 790,00 (setecentos e noventa reais), pagos pelo serviço de despachante na compra de um veículo na concessionária da requerida. Inconformada com a r. sentença, a Apelante requer sua modificação, afirmando que o serviço de despachante é facultativo, aderindo apenas os consumidores que o queiram.
Alega ainda, ter avisado o Autor da cobrança e facultatividade do serviço, mas que esse preferiu pagar pelo serviço, não havendo qualquer ilegalidade em sua conduta.
Verifica-se que não assiste razão à Apelante. O Contrato de Compra e Venda de Veículo (fl. 61) firmado pelas partes, não contém qualquer ressalva ou destaque, que de forma clara e objetiva, alerte os consumidores para a facultatividade na contratação dos serviços de despachante. O fato de referida taxa vir exposta em conjunto com a garantia estendia e as travas elétricas também não fazem prova de que o consumidor tenha sido alertado para a opção de contratar o serviço de despachante. Aliás, o contrato deixa dúvidas quanto a existir opção de adquirir o veículo sem as travas ou a garantia estendida.
Importa salientar, que referido alerta sequer consta da lista existente no contrato onde se lê: "PREZADO CLIENTE, FAVOR LER COM ATENÇÃO OS ITENS ABAIXO".
Se houvesse real intenção da Apelante em alertar seus clientes de que a contratação dos serviços de despachante seria opcional, certamente, esse seria o local adequado do contrato para fazê-lo.
Em suma, a Apelante não logrou êxito em comprovar que tenha alertado o consumidor para a opção de adquirir o veículo sem ter que contratar o serviço de despachante para o
emplacamento, deixando de responder ao ônus de provar os fatos impeditivos ou modificativos do direito alegado pelo Autor. Ademais, como demonstra o contrato para formalizar a negociação, trata-se de prática corrente adotada pela Apelante para todas as negociações e, sem demonstração de que a cobrança decorreu de engano justificável, é devida a devolução em dobro, na forma do art. 42 do CDC.
Nesse sentido, foi proferido os seguintes arestos, in verbis:
"ADMINISTRATIVO. CONSUMIDOR. AÇÃO ANULATÓRIA DE ATO ADMINISTRATIVO. TAXA DE DESPACHANTE. EMPLACAMENTO. VENDA CASADA. ALEGAÇÃO DE VÍCIO NO PROCESSO ADMINISTRATIVO. VIOLAÇÃO AO DEVIDO PROCESSO LEGAL. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA. REDUÇÃO DO VALOR DA MULTA. I N A P L I C A B I L I D A D E . R A Z O A B I L I D A D E . PROPORCIONALIDADE. SENTENÇA MANTIDA. 1. Taxa de despachante e emplacamento. Conquanto seja dever do consumidor que adquire veículo o pagamento das taxas de licenciamento e emplacamento, o vendedor não deve impor a utilização dos seus serviços de despachante, caracterizando, tal prática, venda casada (art. 39, inciso I do CDC), uma vez que não restou demonstrado que o consumidor foi informado de que se tratava de uma opção . (...) 5. Recurso de apelação conhecido e improvido." (Acórdão n.936796, 20140111657382APC, Relator: GISLENE PINHEIRO, Revisor: J.J. COSTA CARVALHO, 2ª Turma Cível, Data de Julgamento: 20/04/2016, Publicado no DJE:
28/04/2016. Pág.: 174).
"DIREITO DO CONSUMIDOR. COMPRA E FINANCIAMENTO DE VEÍCULO. CLÁUSULA ABUSIVA. VENDA CASADA. DEVOLUÇÃO EM DOBRO. 1- Acórdão elaborado de conformidade com o dispositivo no art. 46 da Lei 9.099/1995, e b arts. 12, inciso IX, 98 e 99 do Regimento Interno das Turmas Recursais. Recursopróprio, regular e tempestivo. 2- Taxa de despachante e emplacamento. Conquanto seja dever do consumidor que adquire veículo o pagamento das taxas de licenciamento e emplacamento, o vendedor não deve impor a utilização dos seus serviços de despachante, caracterizando, tal prática, venda casada (art. 39, inciso I do CDC), uma vez que não restou demonstrado que o consumidor foi informado de que se tratava de uma opção. 
Precedentes na Turma (Acórdão n. 606617, 20120910089920ACJ, Relator JOSÉ GUILHERME DE SOUZA, 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal, julgado em 17/07/2012, DJ 02/08/2012 p. 279) 3- Sem demonstração de que a cobrança decorreu de engano justificável, é devida a devolução em dobro, na forma do art. 42 do CDC. Precedentes na Turma (Acórdão n. 627388, 20120110657397ACJ, Relator ISABEL PINTO, 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal, julgado em 09/10/2012, DJ 18/10/2012 p. 257). Correta, pois, a sentença ao condenar o fornecedor ao pagamento da diferença entre a tarifa do DETRAN-DF e o que foi recebido do consumidor, pelo que deve ser confirmada pelos seus próprios fundamentos. 4- Recurso conhecido, mas não provido. Custas processuais e honorários advocatícios, no valor de R$ 500,00, pelo recorrente, sem observância dos limites do art. 55 da Lei 9.099/1995, em face do que dispõe o art. 20, § 4º. do CPC." (Acórdão n.637416, 20120410055755ACJ, Relator: AISTON HENRIQUE DE SOUSA, 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal, Data de Julgamento: 13/11/2012, Publicado no DJE: 28/11/2012. Pág.: 247).
CONSUMIDOR. COMPRA E VENDA DE VEÍCULO. EMPLACAMENTO OFERECIDO PELO RECORRENTE COMO CORTESIA. COBRANÇA DE TAXA DE SERVIÇO DE DESPACHANTE. PRÁTICA ABUSIVA. DESPESA COM PAGAMENTO DE TERCEIRO. AUSÊNCIA DE INFORMAÇÃO ADEQUADA E CLARA SOBRE O SERVIÇO OFERECIDO (ARTIGO 6º, III, CDC). CUSTOS OPERACIONAIS PRÓPRIOS DA ATIVIDADE DA CONCESSIONÁRIA. COBRANÇA INDEVIDA. DEVER DE RESTITUIÇÃO EM DOBRO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA. - O recorrente deverá arcar com o pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios, que fixo no patamar de 10% (dez por cento) do valor da condenação. (Acórdão n.606617, 20120910089920ACJ, Relator: JOSÉ GUILHERME , 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Distrito Federal, Data de Julgamento: 17/07/2012, Publicado no
DJE: 02/08/2012. Pág.: 279).
 Ante o exposto NEGO PROVIMENTO ao recurso, para 
 Indene a r. sentença.
 É como voto.
O Senhor Desembargador FERNANDO HABIBE – Vogal
 Com o relator.
O Senhor Desembargador ARNOLDO CAMANHO – Vogal
 Com o relator.
D E C I S Ã O
 NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO, UNÂNIME
 Vamos á considerações sobre a prática comercial, a pratica abusiva, de nome Venda Casada, discriminada no artigo 39, I do Código do Consumidor, e no discorrer do nosso Acórdão.
PRÁTICAS COMERCIAIS
 Podemos conceituar Práticas Comerciais como: 
“[...] são os procedimentos, mecanismos, métodos e técnicas utilizados pelos fornecedores para, mesmo indiretamente, fomentar, manter, desenvolver e garantir a circulação de produtos e serviços até o destinatário final” (BENJAMIM, 1998 apud EFING ANTONIO CARLOS, 2004, pág. 183 e 184).
 Em nosso ordenamento fala-se em práticas comerciais no capítulo V do Código do Direito do Consumidor, que começa pelo artigo 29 ao 35, explicitando cada uma e suas sanções. Quando é praticado qualquer tipo de abuso em relação ao direito ou até mesmo ao direito do consumidor, hoje em dia ainda acontece muito, em relação a isso foi criada o que podemos chamar de a teoria do abuso de direito. 
 No próprio Código Civil/2002, no artigo 187 versa sobre o titular de um direito que comete ato ilícito, que o exerce com o poder exagerado, e excedendo em seu fim nos limites econômico ou social, atinge a boa-fé e os bons costumes. Para o autor:
“Como se percebe, a norma compara o abuso de direito ao ilícito puro, ao colocar o art. 187 ao lado do art. 186, dando tratamento equivalente a ambos para os fins de gerar o dever de reparar. Além da consequente imputação para a reparação dos prejuízos suportados, o abuso de direito tem o condão de acarretar a nulidade dos atos e negócios
Correspondentes” (TARTUCE, FLAVIO & NEVES, DANIEL, 2014, pág. 291).
 Logo entendemos que, a teoria do abuso de direito, nada mais é do que o fato de usar um poder, um direito, exacerbadamente, contrariando o direito de fato, a boa-fé, a moral, os bons costumes e afligindo a situação econômica e social da norma. (VENOSA, 2003, p. 603 e 604).
PRATICAS ABUSIVAS
 Já a partir do artigo 39 do mesmo diploma legal, temos as chamadas práticas abusivas, que podemos conceituar, segundo o mesmo autor supracitado; como comportamentos que abusam da boa-fé e da situação econômica inferior do consumidor com a tentativa de o fornecedor agravar o desiquilíbrio da relação jurídica. (BENJAMIM, 1998 apud EFING ANTONIO CARLOS, 2004, pág. 258).
 O Código do Consumidor parte do pressuposto de que o consumidor é sempre a parte fraca de uma relação de consumo, mas, basta ser desvantajoso para ele para que se considere abusivo e conduza à invalidade da avença, assim traz em seu art. 6º. Desde os primórdios, o consumidor sempre sofreu com essas práticas abusivas, fossem elas em contratos de consumo ou nas práticas comerciais. 
 Por consequência disso, o Código do Consumidor veio com a coibição de toda e qualquer forma de prática comercial ou contratual que possa ser considerada abusiva. (BOLZAM, 2014, pág. 180).
 O CDC busca a harmonização das relações de consumo, quando assim garante o equilíbrio entre as partes desiguais. Quando o CDC controla as práticas abusivas no mercado de consumo, passa a vedar as más condutas dos fornecedores, assim ajudando aos órgãos de proteção e defesa do consumidor a catalogar qualquer outra prática que o fornecedor venha repetir, e assim não exercer novamente a prática abusiva então já vedada. Dentro do direito do consumidor se fala em proteção genérica contra toda e qualquer forma de práticas abusivas, isso é descrito e muito bem explícito no artigo 6º, IV, do CDC:
“[...] artigo 6º; 
IV – a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços;”
 No roo dos incisos que o artigo 39, exemplificativamente, traz inúmeras hipóteses de práticas comerciais abusivas, das quais lesionam e ameaçam a dignidade dos consumidores. Dentre elas vamos nos ater aqui mais especificamente, ao inciso I que explana sobre o que chamamos de Venda Casada:
“I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;”
 Dar-se também o nome de ‘Venda Casada’, que em outras palavras é; quando você adquire um produto e obriga-se a adquirir um outro produto, que possivelmente você não adquiriria se vendido fosse separadamente, assim diz Bolzan (2014), “É a denominada venda casada pela doutrina e jurisprudência, na qual o fornecedor está proibido de vincular a aquisição de um produto a outro ou a contratação de mais de um serviço ou, ainda, a aquisição de um produto, desde que contrate certo serviço. [...]” (pág. 377). 
 Podemos exemplificar bem a venda casada, um exemplo bem parecido com o do nosso Acórdão, temos o acondicionamento de venda casada entre produto e serviço, aqui se uma concessionária só vende o veículo se o comprador contratar juntamente os serviços de seguro do veículo, ou seja, se ao realizar a compra contratar outra empresa, imposta pela concessionária, o serviço de seguro do bem adquirido. Ainfração da prática abusiva é nítida, já que, são dois bens que também são oferecidos individualmente, podendo assim o consumidor pesquisar o melhor preço e condições a que lhe convier. 
 Não nos esqueçamos que, não é só no CDC que traz sobre as proibições das práticas abusivas, no seu artigo 39, há também no Decreto nº 2.181/90, em uma lista exemplificativa, chamada de práticas infrativas que devem ser consideradas abusivas, com efeito de repreensão aos abuso de direito, que venham a ser cometidos por fornecedores de serviço ou produtos. 
 Logo, em acordo com o artigo 56 do CDC, aplica-se sanção administrativa, pelos prejuízos causados, e busca-se indenização em relação aos consumidores, também em acordo com o mesmo diploma legal no artigo 61, há sanções criminais com multas e detenções que variam de acordo com a prática abusiva provocada. Apenas a título de informação aqui, vem a bailar o artigo 66, que descreve:
“Art. 66 – Fazer afirmação falsa ou enganosa, ou omitir informação relevante sobre a natureza, característica, qualidade, segurança, desempenho, durabilidade, preço ou garantia de produtos ou serviços: Pena - Detenção de três meses a um ano e multa. § 1º Incorrerá nas mesmas penas quem patrocinar a oferta. § 2º Se o crime é culposo: Pena - Detenção de um a seis meses ou multa”
 Considero um dos principais princípios do CDC, o dever de informação, o que faz com que o fornecedor seja obrigado a prestar claramente as questões pertinentes aos produtos. diretamente das práticas abusivas e enganosas ao consumidor, as quais podem ser por omissão ou comissão. 
CONCLUSÃO:
 Diante desses esclarecimentos, concluímos que, como bem colocado no Acórdão o Relator Sr. Desembargador Romeu Gonzaga Neiva, foi muito feliz em sua decisão, uma vez que, observou muito bem o Código do Consumidor, em se tratando de coibição da chamada venda casada. Ele se valeu do artigo 39, I que deixa claro o que venha a ser a venda casada e por que de sua coibição. 
 Assim como também em relação a devolução em dobro, como direciona o § único do artigo 42 do CDC, pelo pagamento do serviço não solicitado o emplacamento e a taxa de serviços de despachante, quando esclareceu que no contrato não citou em nenhum momento sobre a facultatividade dos serviços citados, deixando de cumprir também o artigo 66, que descreve sobre entre outras tipificações a informação, ou seja, a omissão, ou até a falta de informação é considerado um abuso para o consumidor, e isso ocorreu, como dito anteriormente, não consta no contrato a lista em referência a “Prezado Cliente, favor ler com atenção os itens abaixo”. Assim na inocorrência de não responder ao ônus da prova em relação aos fatos impeditivos dos direitos alegados pelo apelado sr. Delcimar Nunes Daniel, como lhe é de fato o dever, pois no artigo 6º, VIII do CDC que protege o consumidor neste aspecto. 
 Uma vez, que, no artigo 187 do CC/2002 refere-se sobre o abuso de direito, sendo a Saga SA SOCIEDADE ANÔNIMA GOIAS DE AUTOMÓVEL tomadora de direito, incorreu no abuso de direito pois o Apelado Sr. Delcimar Nunes Daniel, estava em situação de vulnerabilidade, ou seja, a parte mais fraca na contenda, e o CDC protege o consumidor em relação a isso, principalmente no que se refere ao artigo 6º sobre os direitos básicos do consumidor. 
 Podemos perfeitamente constatar que, ao fixar a quantidade de produtos ou dos serviços prestados, o fornecedor estará prejudicando sumariamente o consumidor, ficando claro então que, ao consumidor a disponibilidade de produtos e serviços lhe sejam permitidos sempre, na quantidade que desejar, já que, a limitação quantitativa poderá sim ocorrer, mas de forma comprovada a justa causa apresentada pelo fornecedor, mas sempre atrelada a exigências técnicas, ao uso e os bons costumes, ao contrário, estará ai o nosso Código do Consumidor para sempre em defesa operante e justa.
 Em relação aos esclarecimentos supracitado, corroboro com a corte, pelo indeferimento unânime da apelação.
Referencias:
BESSA & MOURA, Leonardo Roscoe e Walter José Faiad. Manual de direito do consumidor - coordenação de Juliana Pereira da Silva. -- 4. ed. Brasília: 2014, pág. 290.
BENJAMIN, Antônio Herman de Vasconcellos e, Código Brasileiro de Defesa do Consumidor – comentado pelos autores do anteprojeto – 5ª ed. – Rio de Janeiro: Forense, 1998, apud EFING, Antônio Carlos, Fundamentos do direito das relações de consumo – 2ª ed. – Curitiba: Juruá, 2004, (p. 183-184 e 258). Disponível na Biblioteca Municipal do Tatuapé no Estado de São Paulo.
Bolzan, Fabrício Direito do consumidor esquematizado® / Fabrício Bolzan. – 2. ed. – São Paulo: Saraiva, 2014, pág. 180 - Bibliografia. 1. Consumidores – Leis e legislação 2. Consumidores – Proteção I. Titulo.
BRASIL. LEI nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002. Institui sobre o Código Civil. Disponível em: www.planalto.gov.br/CCvil_03/Leis/2002/L10406compilada.htm Acesso em: outubro de 2018.
BRASIL. LEI Nº. 8.078 de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providencias. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8078.htm Acesso em: outubro de 2018.
FERRAZ, Sérgio Valadão. Práticas comerciais abusivas e sociedade de consumo. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIV, n. 93, out 2011. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10574>. Acesso em outubro de 2018.
Jurisprudência. Disponível em: https://pesquisajuris.tjdft.jus.br/IndexadorAcordaos-web/sistj Acesso em: outubro de 2018.
Tartuce, Flávio Manual de direito do consumidor: direito material e processual / Flávio Tartuce, Daniel Amorim Assumpção Neves. – 3. ed. – Rio de Janeiro: Forense: São Paulo: MÉTODO, 2014 pág. 291- Inclui bibliografia ISBN: 978-85-309-5458-11. Brasil. [Código de Defesa do Consumidor (1990)]. 2. Defesa do consumidor - Brasil. I. Neves, Daniel Amorim Assumpção. II. Título.
VENOSA, Sílvio Salvo. Direito civil. vol.1, 3º. São Paulo: Editora Atlas, 2003, pág. 603 e 604 Disponível em: FERREIRA, Walace. Abuso de direito – entre a teoria e a realidade. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 18, n. 3825, 21 dez. 2013. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/26208>. Acesso em: out. 2018.

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